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O que foi o Movimento Sanitário no 
Brasil?
O Movimento Sanitário foi um movimento social crucial na história do Brasil, fundamental para a 
construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele surgiu na década de 1970, impulsionado por diversos 
fatores, como a crescente insatisfação com o modelo de saúde vigente, marcado pela exclusão social, 
pela desigualdade e pela baixa qualidade dos serviços. A partir daí, um grupo de profissionais da saúde, 
intelectuais, ativistas e cidadãos engajados se uniu para defender uma nova concepção de saúde, 
centrada nos princípios da universalidade, integralidade e equidade. Este movimento representou uma 
das maiores mobilizações da sociedade civil durante o período da ditadura militar, reunindo não apenas 
profissionais da saúde, mas também estudantes, professores universitários, sindicatos e movimentos 
populares.
O Movimento Sanitário se caracterizou por uma forte crítica ao modelo médico-assistencial tradicional, 
que priorizava a cura de doenças em detrimento da prevenção e da promoção da saúde. Os ativistas do 
movimento defendiam a necessidade de uma abordagem mais ampla e integrada, que levasse em conta 
os determinantes sociais da saúde, como as condições de trabalho, a educação, a habitação e a 
alimentação. O movimento se mobilizou para pressionar o governo a implementar uma reforma sanitária 
que garantisse o acesso universal e gratuito à saúde para todos os cidadãos. Uma das principais críticas 
era direcionada ao Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que 
limitava o atendimento apenas aos trabalhadores com carteira assinada, excluindo grande parte da 
população brasileira do acesso aos serviços de saúde.
O Movimento Sanitário teve um papel fundamental na construção do SUS, inspirando e influenciando a 
elaboração da Constituição de 1988, que consagrou a saúde como um direito fundamental e definiu os 
princípios e diretrizes do sistema. A partir daí, o Brasil passou a ter um sistema de saúde público, 
universal, gratuito e de acesso igualitário para todos os cidadãos. O movimento contribuiu 
significativamente para a realização da histórica 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, que 
estabeleceu as bases para a criação do SUS e contou com a participação de mais de 4.000 delegados, 
representando diversos setores da sociedade.
Além da criação do SUS, o Movimento Sanitário deixou um importante legado para a saúde pública 
brasileira. Entre suas principais conquistas estão a descentralização dos serviços de saúde, com maior 
autonomia para estados e municípios; a criação dos Conselhos de Saúde, que garantem a participação 
da comunidade nas decisões sobre políticas de saúde; e o desenvolvimento de programas inovadores 
como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa Saúde da Família (PSF). O 
movimento também foi responsável por introduzir conceitos fundamentais como a determinação social 
da saúde e a importância da atenção primária, que até hoje orientam as políticas públicas de saúde no 
Brasil.
O impacto do Movimento Sanitário continua reverberando na atualidade, influenciando a formação de 
profissionais de saúde, a pesquisa científica e a formulação de políticas públicas. Seus princípios e 
valores seguem inspirando novas gerações de profissionais e ativistas comprometidos com a defesa e o 
aperfeiçoamento do SUS, demonstrando a importância histórica e a contemporaneidade deste 
movimento social que transformou profundamente a saúde pública brasileira.

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