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Como a poesia de Glauco Mattoso 
revolucionou a literatura brasileira 
através da transgressão?
Glauco Mattoso, um nome que ecoa na história da poesia brasileira como sinônimo de transgressão e 
ruptura com as normas tradicionais. Sua obra, marcada por uma linguagem crua e direta, desafiou os 
padrões literários estabelecidos, abrindo caminho para novas formas de expressão e questionamento. O 
pseudônimo escolhido pelo poeta, uma referência ao seu glaucoma, já demonstrava sua capacidade de 
transformar adversidades em arte.
Mattoso, nascido em 1940, foi um poeta que se rebelou contra o conformismo e a hipocrisia da 
sociedade. Ele mergulhou de cabeça no universo da linguagem, desconstruindo as estruturas 
gramaticais e explorando o poder subversivo das palavras. Seus poemas eram como explosões de 
emoção e raiva, desvendando a fragilidade humana e as contradições da existência. A perda gradual de 
sua visão, que culminou na cegueira total em 1995, tornou-se um elemento central em sua obra, 
transformando a adversidade em potência criativa.
Em seus versos, ele criticava o poder, a desigualdade social e a violência, utilizando um vocabulário 
contundente e imagens chocantes. A linguagem coloquial e a liberdade formal eram marcas registradas 
de sua poesia, que se afastava dos padrões acadêmicos e se aproximava da voz do povo, da linguagem 
das ruas e dos becos. Essa busca por autenticidade e por uma linguagem mais próxima da realidade 
social era uma característica marcante de sua obra.
Sua poesia é um grito de liberdade, uma revolta contra a ordem estabelecida, um chamado à 
consciência social. Em um contexto histórico marcado por regimes autoritários e censura, a 
transgressão de Mattoso se tornou um ato de resistência, uma forma de desafiar as normas e de lutar 
por uma sociedade mais justa e igualitária.
Em obras fundamentais como "Jornal Dobrável" (1977-1981) e "Manual do Pedólatra Amador" (1986), 
Mattoso explorou temas considerados tabus pela sociedade, como fetichismo, homossexualidade e 
sadomasoquismo. Sua abordagem direta e sem censura desses temas contribuiu para a quebra de 
paradigmas na literatura brasileira e abriu espaço para discussões mais amplas sobre sexualidade e 
identidade.
O legado de Glauco Mattoso na literatura brasileira vai além da transgressão pela transgressão. Sua 
influência pode ser observada em diversas gerações de poetas contemporâneos que, inspirados por 
sua coragem e originalidade, buscam romper com as convenções e explorar novos territórios literários. 
Seu trabalho com o soneto, por exemplo, demonstrou como formas tradicionais podem ser subvertidas 
e reinventadas, criando uma ponte entre o clássico e o contemporâneo.
A obra de Mattoso continua relevante e provocativa até hoje, inspirando novos artistas e escritores a 
questionar as normas estabelecidas e buscar suas próprias formas de expressão. Sua poesia não 
apenas revolucionou a literatura brasileira, mas também abriu caminhos para uma maior liberdade de 
expressão e aceitação da diversidade na arte e na sociedade.