Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

ENEM
Realismo
L0126 - (Enem)
Mal secreto
 
Se a cólera que espuma, a dor que mora 
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, 
Tudo o que punge, tudo o que devora 
O coração, no rosto se estampasse; 
 
Se se pudesse, o espírito que chora, 
Ver através da máscara da face, 
Quanta gente, talvez, que inveja agora 
Nos causa, então piedade nos causasse! 
 
Quanta gente que ri, talvez, consigo 
Guarda um atroz, recôndito inimigo, 
Como invisível chaga cancerosa! 
 
Quanta gente que ri, talvez existe, 
Cuja ventura única consiste 
Em parecer aos outros venturosa!
(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender
Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.)
 
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e
racionalidade na condução temá�ca, o soneto de
Raimundo Correia reflete sobre a forma como as
emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na
concepção do eu lírico, esse julgamento revela que
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o
indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento ín�mo torna-se mais ameno quando
compar�lhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças
neutraliza o sen�mento de inveja.
d) o ins�nto de solidariedade conduz o indivíduo a
apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angús�a em alegria é um ar��cio
nocivo ao convívio social.
L0120 - (Enem)
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem
não souber que ele possuía um caráter ferozmente
honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos
que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço
que era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que
�nham razão; mas a avareza é apenas a exageração de
uma virtude, e as virtudes devem ser como os
orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era
muito seco de maneiras, �nha inimigos que chegavam a
acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste
par�cular era o de mandar com frequência escravos ao
calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas,
além de que ele só mandava os perversos e os fujões,
ocorre que, tendo longamente contrabandeado em
escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco
mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se
pode honestamente atribuir à índole original de um
homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova
de que o Cotrim �nha sen�mentos pios encontrava-se no
seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando
morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho
eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão
de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas,
o que não se coaduna muito com a reputação da avareza;
verdade é que o bene�cio não caíra no chão: a
irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe �rar o
retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
 
Obra que inaugura o Realismo na literatura
brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensa
uma expressividade que caracterizaria o es�lo
machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu
cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas
refina a percepção irônica ao 
1@professorferretto @prof_ferretto
a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se
injus�çado na divisão da herança paterna. 
b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade,
com que Cotrim prendia e torturava os escravos. 
c) considerar os “sen�mentos pios” demonstrados pelo
personagem quando da perda da filha Sara. 
d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma
confraria e membro remido de várias irmandades. 
e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e
egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo. 
L0347 - (Enem PPL)
Conseguindo, porém, escapar à vigilância dos
interessados, e depois de cur�r uma noite, a mais escura
de sua vida, numa espécie de jaula com grades de ferro,
Amaro, que só temia regressar à “fazenda”, voltar ao seio
da escravidão, estremeceu diante de um rio muito largo e
muito calmo, onde havia barcos vogando em todos os
sen�dos, à vela, outros deitando fumaça, e lá cima,
beirando a água, um morro alto, em ponta, varando as
nuvens, como ele nunca �nha visto...
[...] todo o conjunto da paisagem comunicava-lhe uma
sensação tão forte de liberdade e vida, que até lhe vinha
vontade de chorar, mas chorar francamente,
abertamente, na presença dos outros, como se es�vesse
enlouquecendo... Aquele magnífico cenário gravara-se-
lhe na re�na para toda a existência; nunca mais o havia
de esquecer, oh! Nunca mais! Ele, o escravo, “o negro
fugido”, sen�a-se verdadeiramente homem, igual aos
outros homens, feliz de o ser, grande como a natureza,
em toda a pujança viril da sua mocidade, e �nha pena,
muita pena dos que ficavam na “fazenda” trabalhando,
sem ganhar dinheiro, desde a madrugadinha té... sabe
Deus!
CAMINHA, A. Bom Crioulo. São Paulo: Mar�n Claret,
2008.
 
A situação descrita no fragmento aproxima-o dos
padrões esté�cos do Naturalismo em função da
a) fragilidade emocional atribuída ao indivíduo oprimido.
b) influência da paisagem sobre a capacidade de
resiliência.
c) impossibilidade de superação dos traumas da
escravidão.
d) correlação de causalidade entre força �sica e origem
étnica.
e) condição moral do indivíduo vinculada aos papéis de
gênero.
L0350 - (Enem PPL)
Duas castas de considerações fez de si para consigo o
cauto Conselheiro. Primeiramente foi saltar-lhe ao nariz a
evidência de que ministro não visita empregado público,
ainda que in extremis, mesmo a uma braça, ou duas,
acima do chapéu do amanuense mais bisonho. Também
não visita escritor enfermo por ser escritor, e por estar
enfermo. Seriam trabalhos, ambos, a que não se daria
um ministro, nem sempre ocupado das cousas, altas ou
baixas, do Estado.
O tempo ministerial não se vai perdulariamente, não
se faz em farinhas. Os �tulares esquivam-se até a
suspirar, que os suspiros implicam o desperdício de
minutos se o suspiro é de minutos, além de permi�rem
ilações perigosas sobre a estabilidade do ministro,
quando não do próprio gabinete.
A segunda ponderação remeteu-o à certeza de que
terminantemente chegavam ao cabo seus dias; e de que
as esperanças eram aéreas, atado agora à cama até que o
encerrassem na urna, como um voto eleitoral frio.
MARANHÃO, Haroldo. Memorial do fim: a morte de
Machado de Assis. São Paulo: Marco Zero, 1991.
 
O texto relata o momento em que, no leito de morte,
Machado de Assis recebe a visita do Barão do Rio Branco,
ministro de Estado. Criando a cena, o narrador obtém
expressividade ao
a) representar com fidelidade os fatos históricos.
b) caracterizar a situação com profundidade dramá�ca.
c) explorar a sensibilidade dos personagens envolvidos.
d) assumir a perspec�va irônica e o es�lo narra�vo do
personagem.
e) recorrer a metáforas su�s e comparações de sen�do
filosófico.
L0353 - (Enem PPL)
A caolha
A caolha era uma mulher magra, alta, macilenta, peito
fundo, busto arqueado, braços compridos, delgados,
largos nos cotovelos, grossos nos pulsos; mãos grandes,
ossudas, estragadas pelo reuma�smo e pelo trabalho;
unhas grossas, chatas e cinzentas, cabelo crespo, de uma
cor indecisa entre o branco sujo e o louro grisalho, desse
cabelo cujo contato parece dever ser áspero e
espinhento; boca descaída, numa expressão de desprezo,
pescoço longo, engelhado, como o pescoço dos urubus;
dentes falhos e cariados. O seu aspecto infundia terror às
crianças e repulsão aos adultos; não tanto pela sua altura
e extraordinária magreza, mas porque a desgraçada �nha
um defeito horrível: haviam-lhe extraído o olho
esquerdo; a pálpebra descera mirrada, deixando,
contudo, junto ao lacrimal, uma �stula con�nuamente
porejante. Era essa pinta amarela sobre o fundo
2@professorferretto @prof_ferretto
denegrido da olheira, era essa des�lação incessante de
pus que a tomava repulsiva aos olhos de toda a gente.
ALMEIDA, J. L. In: COSTA, F. M. (org.). Os melhores contos
brasileiros de todos os tempos. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2009.
 
Que procedimento composicional o narrador u�liza para
caracterizar a aparência da personagem?
a) A descrição marcadapor adje�vações deprecia�vas.
b) A alternância dos tempos e modos verbais da
narra�va.
c) A adoção de um ponto de vista centrado no medo das
crianças.
d) A obje�vidade da correlação entre imperfeições �sicas
e morais.
e) A especificação da deformidade responsável pela
feição assustadora.
L0355 - (Enem PPL)
O Bom-Crioulo
Com efeito, Bom-Crioulo não era somente um homem
robusto, uma dessas organizações privilegiadas que
trazem no corpo a sobranceira resistência do bronze e
que esmagam com o peso dos músculos. [...]
A chibata não lhe fazia mossa; �nha costas de ferro
para resis�r como um hércules ao pulso do guardião
Agos�nho. Já nem se lembrava do número das vezes que
apanhara de chibata... [...]
Entretanto, já iam cinquenta chibatadas! Ninguém lhe
ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um
gesto qualquer de dor. Viam-se unicamente naquele
costão negro as marcas do junco, umas sobre as outras,
entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas
e latejantes, cortando a pele em todos os sen�dos. [...]
Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado,
alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada golpe.
– Cento e cinquenta!
Só então houve quem visse um ponto vermelho, uma
gota rubra deslizar no espinhaço negro do marinheiro e
logo este ponto vermelho se transformar numa fita de
sangue.
CAMINHA, A. O Bom-Crioulo. São Paulo: Mar�n CIaret,
2006.
 
A prosa naturalista incorpora concepções geradas pelo
cien�ficismo e pelo determinismo. No fragmento, a cena
de tortura a Bom-Crioulo reproduz essas concepções,
expressas pela,
a) exaltação da resistência inata para legi�mar a
exploração de uma etnia.
b) defesa do estoicismo individual como forma de
superação das adversidades.
c) concepção do ser humano como uma espécie
predadora e afeita à morbidez.
d) observação detalhada do corpo para a iden�ficação de
caracterís�cas de raça.
e) apologia à superioridade dos organismos saudáveis
para a sobrevivência da espécie.
L0364 - (Enem PPL)
– Não digo que seja uma mulher perdida, mas
recebeu uma educação muito livre, saracoteia sozinha
por toda a cidade e não tem podido, por conseguinte,
escapar à implacável maledicência dos fluminenses.
Demais, está habituada ao luxo, ao luxo da rua, que é o
mais caro; em casa arranjam-se ela e a �a sabe Deus
como. Não é mulher com quem a gente se case. Depois,
lembra-te que apenas começas e não tens ainda onde
cair morto. Enfim, és um homem: faze o que bem te
parecer.
Essas palavras, proferidas com uma franqueza por
tantos mo�vos autorizada, calaram no ânimo do
bacharel. In�mamente ele es�mava que o velho amigo
de seu pai o dissuadisse de requestar a moça, não pelas
consequências morais do casamento, mas pela obrigação,
que este lhe impunha, de sa�sfazer uma dívida de vinte
contos de réis, quando, apesar de todos os seus esforços,
não conseguira até então pôr de parte nem o terço
daquela quan�a.
AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2017.
 
O texto, publicado no fim do século XIX, traz à tona
representações sociais da sociedade brasileira da época.
Em consonância com a esté�ca realista, traços da visão
crí�ca do narrador manifestam-se na
a) caracterização pejora�va do comportamento da
mulher solteira. 
b) concepção irônica acerca dos valores morais inerentes
à vida conjugal. 
c) contraposição entre a idealização do amor e as
imposições do trabalho. 
d) expressão caricatural do casamento pelo viés do
sen�mentalismo burguês. 
e) sobreposição da preocupação financeira em relação
ao sen�mento amoroso. 
L0368 - (Enem PPL)
A
3@professorferretto @prof_ferretto
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de ouro e púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
 
Delineiam-se além da serrania
Os vér�ces de chamas aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia.
 
Um mundo de vapores no ar flutua...
Como uma informe nódoa avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua.
 
A natureza apá�ca esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso
em: 13 ago. 2017.
 
Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um
modelo par�cularmente ajustado à poesia parnasiana.
No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa
esté�ca
a) as metáforas inspiradas na visão da natureza. 
b) a ausência de emo�vidade pelo eu lírico. 
c) a retórica ornamental desvinculada da realidade. 
d) o uso da descrição como meio de expressividade. 
e) o vínculo a temas comuns à An�guidade Clássica. 
L0382 - (Enem PPL)
Quanto às mulheres de vida alegre, detestava-as;
�nha gasto muito dinheiro, precisava casar, mas casar
com uma menina ingênua e pobre, porque é nas classes
pobres que se encontra mais vergonha e menos
bandalheira. Ora, Maria do Carmo parecia-lhe uma
criatura simples, sem essa tendência fatal das mulheres
modernas para o adultério, uma menina que até chorava
na aula simplesmente por não ter respondido a uma
pergunta do professor! Uma rapariga assim era um caso
esporádico, uma verdadeira exceção no meio de uma
sociedade roída por quanto vício há no mundo. Ia
concluir o curso, e, quando voltasse ao Ceará, pensaria
seriamente no caso. A Maria do Carmo estava mesmo a
calhar: pobrezinha, mas inocente...
CAMINHA, A. A normalista. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 16 maio 2016.
 
Alinhado às concepções do Naturalismo, o fragmento do
romance de Adolfo Caminha, de 1893, iden�fica e
destaca nos personagens um(a)
a) compleição moral condicionada ao poder aquisi�vo.
b) temperamento inconstante incompa�vel com a vida
conjugal.
c) formação intelectual escassa relacionada a desvios de
conduta.
d) laço de dependência ao projeto de reeducação de
inspiração posi�vista.
e) sujeição a modelos representados por estra�ficações
sociais e de gênero.
L0390 - (Enem PPL)
Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus
livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna.
O que não admira, nem provavelmente consternará, é se
este outro livro não �ver os cem leitores de Stendhal,
nem cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez?
Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na
qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne,
ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe me� algumas
rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado.
Escrevia-a com a pena da galhofa e a �nta da melancolia,
e não é di�cil antever o que poderá sair desse conúbio.
Acresce que a gente grave achará no livro umas
aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola
não achará nele o seu romance usual; ei-lo aí fica privado
da es�ma dos graves e do amor dos frívolos, que são as
duas colunas máximas da opinião.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível
em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2015.
 
No fragmento transcrito da dedicatória “Ao leitor”,
em Memórias póstumas de Brás Cubas, o autor serve-se
da figura do narrador-defunto para
a) desqualificar o gênero romance, forma literária à qual
Machado de Assis pouco se dedicou.
b) ressaltar a inverossimilhança dos fatos narrados,
confrontados com a realidade da burguesia carioca do
século XIX.
c) cri�car a sociedade burguesa brasileira da época,
valendo-se do uso da terceira pessoa e do ponto de
vista distanciado.
d) sobrepor a “�nta da melancolia” ao aspecto
humorís�co, de modo a valorizar o tom sóbrio e a
temá�ca realista �picos do romance burguês
brasileiro.
e) fazer intromissões na narra�va, introduzindo pausas
no relato durante as quais estabelece com o leitor um
diálogo de tom sarcás�co e provoca�vo.
L0394 - (Enem PPL)
O voluntário
4@professorferretto @prof_ferretto
Quem não sabe o efeito produzido à beira do rio pela
no�cia da declaração da guerra entre o Brasil e o
Paraguai? Nas classes mais favorecidas da fortuna, nas
cidades principalmente, o entusiasmo foi grande e
duradouro. Mas entre o povo miúdo o medo do
recrutamento para voluntário da Pátria foitão intenso
que muitos tapuios se meteram pelas matas e pelas
cabeceiras dos rios, e ali viveram como animais bravios
sujeitos a toda a espécie de privações. [...] Coisa terrível
que era então o recrutamento! Esse meio violento de
preencher os quadros do exército era ao tempo da guerra
posto em prá�ca com barbaridade e �rania, indignas
dum povo que pretende foros de civilizado. Suplícios
tremendos eram infligidos aos que, fugindo a uma
obrigação não compreendida, ousavam preferir a paz do
trabalho e o sossego do lar à ventura de se deixarem
cortar em postas na defesa das estâncias rio-grandenses
e das aldeolas de Mato Grosso.
SOUZA, I. Contos amazônicos. Jundiaí: Cadernos do
Mundo Inteiro, 2018 (fragmento).
 
Para descrever o modo como indígenas e ribeirinhos
eram recrutados para lutarem como “voluntários da
Pátria”, o texto de Inglês de Souza
a) enfa�za a capacidade de resiliência dos tapuios.
b) põe em evidência a brutalidade do alistamento
compulsório.
c) rela�viza a prevalência da disputa bélica sobre a
natureza pacífica.
d) cri�ca a incompreensão da população acerca das
mo�vações do conflito.
L0443 - (Enem PPL)
O mulato
Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramá�ca do
Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de
francês e tocava modinhas sen�mentais ao violão e ao
piano. Não era estúpida; �nha a intuição perfeita da
virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser
mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha;
bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha
de contralto que fazia gosto de ouvir.
Uma só palavra boiava à super�cie dos seus
pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia,
transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia
todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava
todas as outras ideias.
– Mulato!
Esta só palavra explicava-lhe agora todos os
mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão
usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas
famílias a quem visitara; as re�cências dos que lhe
falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos
que, em sua presença, discu�am questões de raça e de
sangue.
AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Á�ca, 1996
(fragmento).
 
O texto de Aluísio Azevedo é representa�vo do
Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse
fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso
naturalista, pois
a) relaciona a posição social a padrões de
comportamento e à condição de raça.
b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que
eram no século XIX.
c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de
saberes entre homens e mulheres.
d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo �nha de
ascender socialmente.
e) cri�ca a educação oferecida às mulheres e os maus-
tratos dispensados aos negros.
L0403 - (Enem PPL)
– Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é...
filho de uma escrava. 
– Eu?
– O senhor é um homem de cor!... Infelizmente esta é
a verdade... Raimundo tornou-se lívido. Manoel
prosseguiu, no fim de um silêncio:
– Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei
Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher
sempre foi muito escrupulosa a esse respeito, e como ela
é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja
uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O
senhor porém não imagina o que é por cá a prevenção
contra os mulatos!... Nunca me perdoariam um tal
casamento; além do que, para realizá-lo, teria que
quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a
neta senão a um branco de lei, português ou
descendente direto de portugueses.
AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Escala, 2008.
 
Influenciada pelo ideário cien�ficista do Naturalismo, a
obra destaca o modo como o mulato era visto pela
sociedade de fins do século XIX. Nesse trecho, Manoel
traduz uma concepção em que a 
a) miscigenação racial desqualificava o indivíduo.
b) condição econômica anulada os conflitos raciais.
c) discriminação racial era condenada pela sociedade.
d) escravidão negava o direito da negra à maternidade.
e) união entre mes�ços era um risco à hegemonia dos
brancos.
5@professorferretto @prof_ferretto

Mais conteúdos dessa disciplina