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Lista - Realismo Naturalismo

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Teoria: Realismo/Naturalismo 
 
Profº Mari Neto 
 
 
Página 1 de 7 
1. (Enem 2014) Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem 
não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui 
injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. 
Reconheço que era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que tinham 
razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes 
devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era 
muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de 
bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar com 
frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; 
mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, 
tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo 
modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e 
não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é 
puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos 
pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando 
morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. 
Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão 
remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da 
avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que 
ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo. 
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 
1992. 
 
Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas 
de Brás Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo 
machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o 
narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao 
a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na 
divisão da herança paterna. 
b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade, com que Cotrim 
prendia e torturava os escravos. 
c) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem 
quando da perda da filha Sara. 
d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro 
remido de várias irmandades. 
e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, 
contemplado com um retrato a óleo. 
 
2. (Enem PPL 2014) O Jornal do Commércio deu um brado esta semana 
contra as casas que vendem drogas para curar a gente, acusando-as de as 
vender para outros fins menos humanos. Citou os envenenamentos que 
tem havido na cidade, mas esqueceu de dizer, ou não acentuou bem, que 
são produzidos por engano das pessoas que manipulam os remédios. Um 
pouco mais de cuidado, um pouco menos de distração ou de ignorância, 
evitarão males futuros. Mas todo ofício tem uma aprendizagem, e não há 
benefício humano que não custe mais ou menos duras agonias. Cães, 
coelhos e outros animais são vítimas de estudos que lhes não aproveitam, 
e sim aos homens; por que não serão alguns destes, vítimas do que há de 
aproveitar aos contemporâneos e vindouros? Há um argumento que desfaz 
em parte todos esses ataques às boticas; é que o homem é em si mesmo 
um laboratório. Que fundamento jurídico haverá para impedir que eu 
manipule e venda duas drogas perigosas? Se elas matarem, o prejudicado 
que exija de mim a indenização que entender; se não matarem, nem 
curarem, é um acidente e um bom acidente, porque a vida fica. 
ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1967 (fragmento). 
 
 
No gênero crônica, Machado de Assis legou inestimável contribuição para 
o conhecimento do contexto social de seu tempo e seus hábitos culturais. 
O fragmento destacado comprova que o escritor avalia o(a) 
a) manipulação inconsequente dos remédios pela população. 
b) uso de animais em testes com remédios desconhecidos. 
c) fato de as drogas manipuladas não terem eficácia garantida. 
d) hábito coletivo de experimentar drogas com objetivos terapêuticos. 
e) ausência de normas jurídicas para regulamentar a venda nas boticas. 
 
3. (Enem PPL 2011) O nascimento da crônica 
 
Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que 
calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, 
bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. 
Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazemse algumas 
conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se 
um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica. 
Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que 
apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de 
Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No 
paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do 
contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma 
capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia 
sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo 
ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias 
estão nas circunstâncias do primeiro homem. 
ASSIS, M. In: SANTOS, J .F. As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2007 (fragmento). 
 
 
Um dos traços fundamentais da vasta obra literária de Machado de Assis 
reside na preocupação com a expressão e com a técnica de composição. 
Em O nascimento da crônica, Machado permite ao leitor entrever um 
escritor ciente das características da crônica, como 
a) texto breve, diálogo com o leitor e registro pessoal de fatos do cotidiano. 
b) síntese de um assunto, linguagem denotativa, exposição sucinta. 
c) linguagem literária, narrativa curta e conflitos internos. 
d) texto ficcional curto, linguagem subjetiva e criação de tensões. 
e) priorização da informação, linguagem impessoal e resumo de um fato. 
 
4. (Enem 2005) Leia o texto e examine a ilustração: 
 
 ÓBITO DO AUTOR 
 
(....) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto 
de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro 
anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui 
acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que 
não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia - peneirava - uma 
chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um 
daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso 
que proferiu à beira de minha cova: -"Vós, que o conhecestes, meus 
senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a 
perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a 
humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras 
que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isto é a dor crua e má que 
lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor 
ao nosso ilustre finado." (....) 
(Adaptado. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Ilustrado por 
Cândido Portinari. Rio de Janeiro: Cem Bibliófilos do Brasil, 1943. p.1.) 
 
 
 
 
 
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Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. 
É correto afirmar que a ilustração do pintor 
a) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal. 
b) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis. 
c) distorce a cena descrita no romance. 
d) expressa um sentimento inadequado à situação. 
e) contraria o que descreve Machado de Assis. 
 
5. (Enem PPL 2018) Quanto às mulheres de vida alegre, detestava-as; 
tinha gasto muito dinheiro, precisava casar, mas casar com uma menina 
ingênua e pobre, porque é nas classes pobres que se encontra mais 
vergonha e menos bandalheira. Ora, Maria do Carmo parecia-lhe uma 
criatura simples, sem essa tendência fatal das mulheres modernas para o 
adultério, uma menina que até chorava na aula simplesmente por não terrespondido a uma pergunta do professor! Uma rapariga assim era um caso 
esporádico, uma verdadeira exceção no meio de uma sociedade roída por 
quanto vício há no mundo. Ia concluir o curso, e, quando voltasse ao Ceará, 
pensaria seriamente no caso. A Maria do Carmo estava mesmo a calhar: 
pobrezinha, mas inocente... 
CAMINHA, A. A normalista. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso 
em: 16 maio 2016. 
 
Alinhado às concepções do Naturalismo, o fragmento do romance de Adolfo 
Caminha, de 1893, identifica e destaca nos personagens um(a) 
a) compleição moral condicionada ao poder aquisitivo. 
b) temperamento inconstante incompatível com a vida conjugal. 
c) formação intelectual escassa relacionada a desvios de conduta. 
d) laço de dependência ao projeto de reeducação de inspiração positivista. 
e) sujeição a modelos representados por estratificações sociais e de 
gênero. 
 
6. (Enem PPL 2017) – Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é... 
filho de uma escrava. 
– Eu? 
– O senhor é um homem de cor!... Infelizmente esta é a verdade... 
Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim de um silêncio: 
– Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por 
tudo! A família de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a esse 
respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja 
uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor porém não 
imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!... Nunca me 
perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-lo, teria que 
quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a neta senão a um 
branco de lei, português ou descendente direto de portugueses! 
AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Escala, 2008. 
 
 
Influenciada pelo ideário cientificista do Naturalismo, a obra destaca o modo 
como o mulato era visto pela sociedade de fins do século XIX. Nesse trecho, 
Manoel traduz uma concepção em que a 
a) miscigenação racial desqualificava o indivíduo. 
b) condição econômica anulada os conflitos raciais. 
c) discriminação racial era condenada pela sociedade. 
d) escravidão negava o direito da negra à maternidade. 
e) união entre mestiços era um risco à hegemonia dos brancos. 
 
7. (Enem PPL 2014) O mulato 
 
 Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos 
Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas 
sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita 
da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. 
Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha 
de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir. 
 Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: 
“Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que 
escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as 
outras ideias. 
 – Mulato! 
 Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos 
escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava 
tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe 
falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua 
presença, discutiam questões de raça e de sangue. 
AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento). 
 
O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final 
do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso 
naturalista, pois 
a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de 
raça. 
b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século 
XIX. 
c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens 
e mulheres. 
d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender 
socialmente. 
e) critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados 
aos negros. 
 
8. (Enem PPL 2012) — É o diabo!... praguejava entre dentes o brutalhão, 
enquanto atravessava o corredor ao lado do Conselheiro, enfiando às 
pressas o seu inseparável sobretudo de casimira alvadia. — E o diabo! Esta 
menina já devia ter casado! 
— Disso sei eu... balbuciou o outro. — E não é por falta de esforços de 
minha parte; creia! 
— Diabo! Faz lástima que um organismo tão rico e tão bom para procriar, 
se sacrifique desse modo! Enfim — ainda não é tarde; mas, se ela não se 
casar quanto antes — hum... hum.. Não respondo pelo resto! 
— Então o Doutor acha que...? 
Lobão inflamou-se: Oh! o Conselheiro não podia imaginar o que eram 
aqueles temperamentozinhos impressionáveis!... eram terríveis, eram 
violentos, quando alguém tentava contrariá-los! Não pediam — exigiam — 
reclamavam! 
AZEVEDO, A. O homem. Belo Horizonte: UFMG. 2003 (fragmento). 
 
O romance O homem, de Aluísio Azevedo, insere-se no contexto do 
Naturalismo, marcado pela visão do cientificismo. No fragmento, essa 
concepção aplicada à mulher define-se por uma 
a) conivência com relação à rejeição feminina de assumir um casamento 
arranjado pelo pai. 
b) caracterização da personagem feminina como um estereótipo da mulher 
 
 
 
 
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sensual e misteriosa. 
c) convicção de que a mulher é um organismo frágil e condicionado por seu 
ciclo reprodutivo. 
d) submissão da personagem feminina a um processo que a infantiliza e 
limita intelectualmente. 
e) incapacidade de resistir às pressões socialmente impostas, 
representadas pelo pai e pelo médico. 
 
9. (Fuvest 2020) Texto 1 
 
Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, todos os seus 
atos, todos, fosse o mais simples, visavam um interesse pecuniário. Só 
tinha uma preocupação: aumentar os bens. Das suas hortas recolhia para 
si e para a companheira os piores legumes, aqueles que, por maus, 
ninguém compraria; as suas galinhas produziam muito e ele não comia um 
ovo, do que no entanto gostava imenso; vendia-os todos e contentava-se 
com os restos da comida dos trabalhadores. Aquilo já não era ambição, era 
uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular, de reduzir 
tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba 
sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas 
e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, de tamancos, sem meias, 
olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça, apoderando-
se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não podia apoderar-se logo 
com as unhas. 
Aluísio Azevedo, O Cortiço. 
Texto 2 
 
(...) Rubião é sócio do marido de Sofia, em uma casa de importação, à Rua 
da Alfândega, sob a firma Palha & Cia. Era o negócio que este ia propor-
lhe, naquela noite, em que achou o Dr. Camacho na casa de Botafogo. 
Apesar de fácil, Rubião recuou algum tempo. Pediam-lhe uns bons pares 
de contos de réis, não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação. 
Demais, os gastos particulares eram já grandes; o capital precisava do 
regime do bom juro e alguma poupança, a ver se recobrava as cores e as 
carnes primitivas. O regime que lhe indicavam não era claro; Rubião não 
podia compreender os algarismos do Palha, cálculos de lucros, tabelas de 
preço, direitos da alfândega, nada; mas, a linguagem falada supria a escrita. 
Palha dizia coisas extraordinárias, aconselhava o amigo que aproveitasse 
a ocasião para pôr o dinheiro a caminho, multiplicá-lo. 
Machado de Assis, Quincas Borba. 
 
a) Como o contraste entre os trechos “já não era ambição, era uma moléstia 
nervosa, uma loucura, um desespero de acumular” e “não entendia de 
comércio, não lhe tinha inclinação”, respectivamente sobre as personagens 
João Romão e Rubião, reflete distintas linhas estéticas na prosa brasileira 
do fim do século XIX? 
 
b) Referente ao enredo. 
 
10. (Fuvest 2019) Os trechos seguintes foram extraídos do texto “Casas 
de cômodos”, que consiste em um apanhado de impressões recolhidas pelo 
escritor Aluísio Azevedo. Leia-os para responder às questões. 
 
I. Há no Rio de Janeiro, entreos que não trabalham e conseguem sem base 
pecuniária fazer pecúlio e até enriquecer, um tipo digno de estudo – é o 
“dono de casa de cômodos”; mais curioso e mais completo no gênero que 
o “dono de casa de jogo”, pois este ao menos representa o capital da sua 
banca, suscetível de ir à glória, ao passo que o outro nenhum capital 
representa, nem arrisca, ficando, além de tudo, isento da pecha de mal 
procedido. 
Quase sempre forasteiro, exercia dantes um ofício na pátria que deixou 
para vir tentar fortuna no Brasil; mas, percebendo que aqui a especulação 
velhaca produz muito mais do que o trabalho honesto, tratou logo de 
esconder as ferramentas do ofício e de fariscar os meios de, sem nada 
fazer, fazer dinheiro. 
 
II. (...) há sempre uma quitandeira de quem o dono da casa de cômodos, 
começando por merecer a simpatia, acaba por conquistar a confiança e o 
amor. Juntam-se e, quando ela dá por si, está cozinhando e lavando para 
todos os hóspedes do eleito do seu coração, sem outros vencimentos além 
das carícias, que lhe dá o amado sócio. 
Assim chega a empresa ao seu completo desenvolvimento, e o dono da 
casa de pensão começa a ganhar em grosso, acumulando forte, sem 
trabalhar nunca, nem empregar capital próprio, até que um dia, farto de 
aturar o Brasil, passa com luvas o estabelecimento e retira-se para a pátria, 
deixando, naturalmente também com luvas, a preciosa quitandeira ao seu 
substituto. 
Aluísio Azevedo, Casas de cômodos. 
 
a) Que recurso da estética naturalista surge já no início das notas, feitas em 
razão do cotidiano nacional da época? Justifique. 
b) Referente ao enredo. 
 
11. (Unicamp 2018) Durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, 
ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, 
inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela 
floresta implacável que lhe crescia junto da casa (...). 
À noite e aos domingos ainda mais recrudescia o seu azedume, quando 
ele, recolhendo-se fatigado do serviço, deixava-se ficar estendido numa 
preguiçosa, junto à mesa da sala de jantar e ouvia, a contragosto, o 
grosseiro rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais 
cansados. Não podia chegar à janela sem receber no rosto aquele bafo, 
quente e sensual, que o embebedava com o seu fartum de bestas no coito. 
(Aluísio de Azevedo, O cortiço. 14. ed. São Paulo: Ática, 1983, p. 22.) 
 
Levando em conta o excerto, bem como o texto integral do romance, é 
correto afirmar que 
a) o grosseiro rumor, a sexualidade desregrada e a exalação forte que 
provinham do cortiço decorriam, segundo Miranda, do abandono daquela 
população pelo governo. 
b) os termos “grosseiro rumor”, “animais”, “bestas no coito”, que fazem 
referência aos moradores do cortiço, funcionam como metáforas da vida 
pulsante dos seus habitantes. 
c) o nivelamento sociológico na obra O Cortiço se dá não somente entre os 
moradores da habitação coletiva e o seu senhorio, mas também entre eles 
e o vizinho Miranda. 
d) a presença portuguesa, exemplificada nas personagens João Romão e 
Miranda, não é relevante para o desenvolvimento da narrativa nem para a 
compreensão do sentido da obra. 
 
 
12. (Unesp 2017) Leia o trecho do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo 
(1857-1913), publicado em 1890. 
 
E [Jerônimo] viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir 
de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, 
envolvendo-a na sua 1coma de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça 
melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, 
feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de 
mulher. 
 
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as 
2ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, 
como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a 
punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços 
estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso 
que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. 
 
[...] 
 
 
 
 
 
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Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico 
segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros 
que não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela 
voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante. 
 
[...] 
 
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele 
recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor 
vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das 
baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e 
esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o 
açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, 
que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, 
a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em 
torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras 
embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe 
cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota 
daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de 
cantáridas3 que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo 
ar numa fosforescência afrodisíaca. 
O cortiço, 2012. 
1coma: cabeleira. 
2ilharga: anca. 
3cantárida: besouro. 
 
Em que medida a descrição da personagem Rita Baiana afasta-se da 
descrição de Iracema? Exemplifique sua resposta com dois trechos 
retirados do texto de Aluísio Azevedo. 
 
Que traço da estética naturalista mostra-se mais visível na descrição de 
Rita Baiana? 
 
13. (Unicamp 2017) O romance Memórias póstumas de Brás Cubas é 
considerado um divisor de águas tanto na obra de Machado de Assis 
quanto na literatura brasileira do século XIX. Indique a alternativa em que 
todas as características mencionadas podem ser adequadamente 
atribuídas ao romance em questão. 
a) Rejeição dos valores românticos, narrativa linear e fluente de um defunto 
autor, visão pessimista em relação aos problemas sociais. 
b) Distanciamento do determinismo científico, cultivo do humor e digressões 
sobre banalidades, visão reformadora das mazelas sociais. 
c) Abandono das idealizações românticas, uso de técnicas pouco usuais de 
narrativa, sugestão implícita de contradições sociais. 
d) Crítica do realismo literário, narração iniciada com a morte do narrador-
personagem, tematização de conflitos sociais. 
 
14. (Upe-ssa 2 2017) Texto 1 
 
Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer 
a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente 
máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era 
uma criança, com fumos de homem, se um homem com ares de menino. 
Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas 
e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel 
nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo 
foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. 
O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, 
onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por 
compaixão, o transportou para os seus livros. 
Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina 
que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou 
levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou 
logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na 
intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou 
nada. A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a “linda 
Marcela”, como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os 
rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num 
dia de sinceridade, porquea opinião aceita é que nascera de um letrado de 
Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, 
quando ela tinha apenas doze anos. 
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis 
Texto 2 
 
Durante dois anos, o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, 
socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com 
aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta 
implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas 
raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, 
ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando 
tudo. Posto que lá na Rua do Hospício os seus negócios não corressem 
mal, custava-lhe a sofrer a escandalosa fortuna do vendeiro “aquele tipo! 
um miserável, um sujo, que não pusera nunca um paletó, e que vivia de 
cama e mesa com uma negra!” 
À noite e aos domingos, ainda mais recrudescia o seu azedume, quando 
ele, recolhendo-se fatigado do serviço, deixava-se ficar estendido numa 
preguiçosa, junto à mesa da sala de jantar, e ouvia, a contragosto, o 
grosseiro rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais 
cansados. Não podia chegar à janela sem receber no rosto aquele bafo, 
quente e sensual, que o embebedava com o seu fartum de bestas no coito. 
E depois, fechado no quarto de dormir, indiferente e habituado às torpezas 
carnais da mulher, isento já dos primitivos sobressaltos que lhe faziam, a 
ele, ferver o sangue e perder a tramontana, era ainda a prosperidade do 
vizinho o que lhe obsedava o espírito, enegrecendo-lhe a alma com um feio 
ressentimento de despeito. 
Tinha inveja do outro, daquele outro português que fizera fortuna, sem 
precisar roer nenhum chifre; daquele outro que, para ser mais rico três 
vezes do que ele, não teve de casar com a filha do patrão ou com a bastarda 
de algum fazendeiro freguês da casa! 
Mas então, ele Miranda, que se supunha a última expressão da ladinagem 
e da esperteza; ele, que, logo depois do seu casamento, respondendo para 
Portugal a um ex-colega que o felicitava, dissera que o Brasil era uma 
cavalgadura carregada de dinheiro, cujas rédeas um homem fino 
empolgava facilmente; ele, que se tinha na conta de invencível matreiro, 
não passava afinal de um pedaço de asno comparado com o seu vizinho! 
Pensara fazer-se senhor do Brasil e fizera-se escravo de uma brasileira 
mal-educada e sem escrúpulos de virtude! Imaginara-se talhado para 
grandes conquistas, e não passava de uma vítima ridícula e sofredora!... 
Sim! no fim de contas qual fora a sua África?... Enriquecera um pouco, é 
verdade, mas como? a que preço? hipotecando-se a um diabo, que lhe 
trouxera oitenta contos de réis, mas incalculáveis milhões de desgostos e 
vergonhas! Arranjara a vida, sim, mas teve de aturar eternamente uma 
mulher que ele odiava! E do que afinal lhe aproveitar tudo isso? Qual era 
afinal a sua grande existência? Do inferno da casa para o purgatório do 
trabalho e vice-versa! Invejável sorte, não havia dúvida! 
O Cortiço, de Aluízio de Azevedo 
 
Considerando as características temáticas e estilísticas dos textos 1 e 2, 
analise as proposições a seguir. 
 
I. O Texto 1 é um trecho de um importante romance de Machado de Assis, 
o qual destaca episódios da vida do próprio autor. 
II. No Texto 1, é possível perceber costumes do cotidiano burguês numa 
cidade do século XIX, levando o leitor a constatar, pela postura individual 
do protagonista, um segmento social dosado de humor nas suas próprias 
experiências. 
III. No Texto 2, é apresentado o comportamento decadente da sociedade 
burguesa da segunda metade do século XIX, em que prevalece o interesse 
individual. 
IV. As personagens de Aluísio Azevedo, em O Cortiço, são alicerçadas nas 
 
 
 
 
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ideias de Taine, presas ao ambiente e à hereditariedade, limitadas pelas 
questões sociais e pelo meio onde vivem suas experiências. 
 
Estão CORRETAS: 
a) I, II, III e IV. 
b) I, III e IV, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) II e IV, apenas. 
 
15. (Usf 2016) “Também conhecidos como escolas, correntes ou 
movimentos, os períodos literários correspondem a fases histórico-culturais 
em que determinados valores estéticos e ideológicos resultam na criação 
de obras mais ou menos próximas no estilo e na visão de mundo. 
Diferenciam-se do estilo de época por ter uma abrangência maior, 
englobando circunstâncias como as condições do meio, as influências 
filosóficas e políticas, etc.” 
(Gonzaga, Sergius, Curso de literatura brasileira. 2.ª ed. – Porto Alegre: Leitura 
XXI, 2007. p.12) 
 
A partir da segmentação da produção literária nacional, como descrita por 
Sergius Gonzaga no excerto acima, nos aspectos que se referem a 
contexto histórico, características, autores e obras, é correto afirmar que 
a) o Barroco surge do conflito entre Teocentrismo e Antropocentrismo e tem 
como resultado uma poética dicotômica e instável emocionalmente. Já a 
prosa barroca, expressa nos sermões do Padre Vieira, não reflete esse 
conflito à medida que registra as relações homem/entorno seguindo a ótica 
analítico-racional que deriva do pensamento calcado na razão. 
b) o Arcadismo apresenta o primado do sentimento em detrimento da razão. 
Autores como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga – este 
em especial na poesia lírica e épica – antecipam o sentimentalismo 
amoroso que encontrará seu ápice no Romantismo. A poesia dos autores 
citados vem impregnada, ainda, do forte senso de nação, de onde derivará 
a vertente nacionalista de nossa poesia do século XIX. 
c) o Romantismo brasileiro apresenta divisão temática tanto na prosa 
quanto na poesia. Nesta, a produção divide-se em três gerações: Indianista-
Nacionalista; Ultrarromântica-Byroniana-Mal do século e Social-Hugoana-
Condoreira. A prosa se organiza sob as temáticas indianista, histórica, 
regionalista e urbana, sendo que o autor que mais se destaca nesses 
segmentos é Joaquim Manuel de Macedo. 
d) o Realismo e o Naturalismo são contemporâneos. Embora derivados do 
mesmo contexto, algumas das obras sofreram as influências de correntes 
cientificistas – como Determinismo, Positivismo, Marxismo, a Psicanálise 
de Freud – e apresentam características muito particulares. No Realismo, 
há predomínio dos aspectos psicológicos sobre a ação, e o Naturalismo 
apresenta a animalização do homem. Destacam-se Dom Casmurro e O 
cortiço como grandes obras desses períodos. 
e) O Modernismo no Brasil, à maneira do Romantismo, é segmentado em 
três gerações, que se organizam cronologicamente, a partir de 1922, 
quando da Semana de Arte Moderna, até os dias de hoje, cuja produção 
retoma os princípios dos primeiros tempos modernistas. Destaca-se, na 
produção modernista, a obra de João Guimarães Rosa, Carlos Drummond 
de Andrade, Manuel Bandeira e Clarice Lispector, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Gabarito: 
 
Resposta da questão 1: 
 [B] 
 
Das mais nobres e raras marcas da linguagem machadiana é a sutileza, a 
ironia descrita por sugestões, em geral, atitudes condenáveis moralmente, 
mas descritas com polidez, ainda que sórdidas, como a de torturar 
escravos, martirizá-los enquanto os contrabandeava em navios, àquela 
época, prática já proibida. 
 
Resposta da questão 2: 
 [A] 
 
Machado de Assis, em sua crônica, acaba denunciando o despreparo de 
alguns funcionários de farmácia daquele tempo que manuseavam de forma 
inconsequente as substâncias, propiciando, muitas vezes, no 
envenenamento de algumas pessoas que acabavam comprando um 
suposto remédio. 
 
Resposta da questão 3: 
 [A] 
 
Em “O nascimento da crônica”, Machado apresenta-nos um locutor que 
revela ao leitor uma das características principais de uma crônica: registro 
de fato do cotidiano para, no caso, uma reflexão sobrea construção do texto 
literário. Assim, é correta a opção [A]. 
 
Resposta da questão 4: 
 [A] 
 
A ilustração de Portinari acrescenta detalhes ao texto narrativo-descritivo 
de Machado de Assis, que não se refere à paisagem, nem a outros 
pormenores, como caixão, covas ou roupa dos presentes ao enterro. 
 
Resposta da questão 5: 
 [E] 
 
No fragmento do romance “A normalista”, de Adolfo Caminha, o narrador 
estabelece uma diferença entre as mulheres “de vida alegre”, e as ingênuas 
e inocentes,” sem essa tendência fatal das mulheres modernas” que as 
tornava mais propensas ao adultério. Essa visão preconceituosa relegava 
umas para a diversão e outras para o matrimônio, o que revela o 
comportamento conservador e tradicional da sociedade fortalezense do 
século XIX. Desta forma, a obra segue a tendência dos romances 
naturalistas, projetando uma visão determinista ao definir a condição social 
das personagens que se deixam levar pelos acontecimentos, movidas pelos 
instintos e incapazes de modificar a própria existência. Assim, é correta a 
opção [E]. 
 
Resposta da questão 6: 
 [A] 
 
Segundo a escola naturalista, o indivíduo é mero produto da 
hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre 
o qual age. A fala de Manuel Pescada, tio e tutor de Raimundo, justifica a 
recusa em dar-lhe a mão de Ana Rosa pelo fato de a família e a sociedade 
recriminarem a união da filha com um descendente de raça negra: “O 
senhor, porém, não imagina o que é por cá a prevenção contra os 
mulatos!... Nunca me perdoariam um tal casamento..” Assim, é correta a 
opção [A]. 
 
Resposta da questão 7: 
 [A] 
 
O trecho mostra a inquietação da personagem Ana Rosa ao perceber as 
dificuldades que a paixão por Raimundo a fariam passar. Ela é descrita 
como filha da pequena burguesia, com certo grau de instrução e habilidades 
manuais desenvolvidas pelas moças da época. Com isso, começou a 
perceber o preconceito quase velado que a sociedade maranhense tinha 
com relação a sua paixão por Raimundo, simplesmente por ser mulato. 
 
Resposta da questão 8: 
 [C] 
 
O romance “Homem”, de Aluísio de Azevedo, tematiza, através do 
comportamento da personagem Magdá, as consequências da insatisfação 
sexual que pode levar ao desenvolvimento de comportamentos histéricos, 
segundo determinadas visões cientificistas. No fragmento, essa concepção 
aplicada à mulher define-se por uma convicção de que ela é um organismo 
frágil e condicionado por seu ciclo reprodutivo, como se afirma em [C]. 
 
Resposta da questão 9: 
 a) Aluísio Azevedo está vinculado ao movimento estético do Naturalismo 
que interpreta os contextos sociais e reações dos personagens a partir de 
uma visão cientificista e determinista. A frase “já não era ambição, era uma 
moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular” é ilustrativa 
dessa característica por associar o comportamento de João Romão a uma 
patologia que, no afã de enriquecer e obter status social, comete sucessivos 
atos imorais e antiéticos para consegui-lo. Machado de Assis adota 
procedimento distinto, através de recursos típicos do Realismo psicológico. 
Seus personagens circulam no contexto social marcados pela contradição 
entre aparência e essência, como Rubião que, apesar de não entender 
nada de comércio, mas sensível à vida fácil das elites e ao discurso de 
oportunistas, acaba por gastar toda a fortuna que herdara e enlouquece. 
 
b) João Romão, através dos mais escusos recursos e estratégias, 
consegue alcançar os seus objetivos, enriquecendo e tornando-se uma 
pessoa altamente respeitável na sociedade carioca. Rubião, herdeiro de 
uma fortuna considerável, acaba por ser vítima da sua ingenuidade e acaba 
pobre e louco. 
 
Resposta da questão 10: 
 a) No início do texto, a expressão “um tipo digno de estudo“ estabelece 
intertextualidade com o Cientificismo, concepção filosófica que afirma a 
superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão da 
realidade e do mundo. Ao analisar a sociedade da época, em que era 
comum o enriquecimento de indivíduos afetos à malandragem, em 
contraste com a exploração e privação de condições dignas a que era 
sujeito o trabalhador honesto, Aluísio Azevedo dá enfoque coletivo aos 
problemas sociais da pobreza, da exploração e da discriminação racial, 
como descritas em “Casa de cômodos”. 
 
b) O fator central que, na sociedade brasileira do século XIX, acentua o tom 
perverso do final do romance “O Cortiço” é a situação de escravidão de 
Bertoleza. Convencida de ter sida alforriada por João Romão, trabalhará de 
sol a sol como forma de gratidão ao seu benfeitor que, de forma perversa, 
envia carta anônima à polícia, informando o paradeiro da escrava fugida. 
Ao perceber o engano e para não ser conduzida pela polícia à sua antiga 
condição, Bertoleza comete suicídio, ao mesmo tempo que João Romão 
recebe homenagem pelo contributo em dinheiro que doou à causa 
abolicionista. 
 
Resposta da questão 11: 
 [B] 
 
Os termos “grosseiro rumor”, “animais” e “bestas no coito” revelam a 
zoomorfização das personagens do cortiço, guiadas pelos instintos, cuja 
vida pulsante é descrita no texto como “exuberância brutal de vida”. 
 
 
 
 
 
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Resposta da questão 12: 
 Enquanto Iracema é descrita de maneira bastante idealizada, Rita Baiana 
é apresentada como uma mulher extremamente sensual e também 
degradada. Os trechos: “os meneios da mestiça melhor se acentuavam, 
cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, 
toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher” e “só ela, só 
aquele demônio, tinha o mágico segredo daqueles movimentos de cobra 
amaldiçoada” mostram uma descrição pautada na comparação da mulher 
com cobras venenosas ou com a síntese entre pecado e paraíso, aludindo 
à sensualidade e degradação. 
A descrição deixa visível o traço determinista da estética naturalista. No 
último excerto apresentado, o narrador apresenta uma série de 
características de Rita que se relacionam com o meio de onde ela é: 
“Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que 
ele recebeu chegando aqui”. Ela é colocada, portanto, como síntese das 
impressões que o Brasil deu a Jacinto. 
 
Resposta da questão 13: 
 [C] 
 
A alternativa [C] é a única que possui todos os elementos corretos sobre o 
romance. Memórias póstumas de Brás Cubas de fato rompe com a tradição 
romântica. É considerado um marco do Realismo no Brasil por, entre outras 
coisas, narrar o romance entre Brás Cubas e Marcela de maneira cínica, já 
que o dinheiro desempenha um importante papel na conquista. Ao adotar 
como narrador um defunto autor – Brás Cubas –, o autor muitas vezes 
produz interferências na linearidade narrativa, sobretudo por meio de 
digressões. As contradições sociais são sugeridas, por exemplo, pelo 
casamento de aparências mantido por Virgília com Lobo Neves e pelas 
relações que o protagonista – membro da classe alta – mantém com outros 
personagens menos privilegiados social e economicamente. 
 
Resposta da questão 14: 
 [D] 
 
[I] Falsa. O narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas é o defunto-
autor, Brás Cubas, e não o autor, Machado de Assis. 
[II] Verdadeira. Brás Cubas representa a ociosidade da elite brasileira do 
século XIX. Ironicamente, mostra-se como um charmoso moço, porém 
seduzido pela “bela Marcela”, uma prostituta. 
[III] Verdadeira. Miranda representa a elite brasileira, o português que veio 
ao Brasil para enriquecer; no entanto, assume invejar seu vizinho, outro 
português, que enriqueceu sem precisar se casar com uma mulher adúltera 
para alcançar seus objetivos. 
[IV] Verdadeira. O Cortiço é um romance de tese apoiado no Determinismo: 
os indivíduos têm seu comportamento pré-determinado por elementos 
mesológicos (é o caso de Jerônimo, que se abrasileira ao conviver no 
cortiço com os brasileiros), genéticos (é o caso da sedutora Rita Baiana, 
brasileira) e sociais (a necessidade de enriquecer para atender a padrõesimpostos pela sociedade, como ocorre com Miranda e João Romão). 
 
Resposta da questão 15: 
 [D] 
 
A alternativa correta é a [D], pois tanto o Realismo quanto o Naturalismo se 
desenvolveram a partir da segunda metade do século XIX e foram 
influenciados sobremaneira pela profusão de teorias científicas da época.

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