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TEORIA E HISTÓRIA DATEORIA E HISTÓRIA DA
ARQUITETURA E URBANISMO –ARQUITETURA E URBANISMO –
ANTIGUIDADE AO SÉCULO XVIIIANTIGUIDADE AO SÉCULO XVIII
RENASCIMENTO ERENASCIMENTO E
ROCOCÓ – A LINGUAGEMROCOCÓ – A LINGUAGEM
CLÁSSICA NACLÁSSICA NA
ARQUITETURAARQUITETURA
Autor: Dra. Katia Maria de Souza
Revisor : José Adr iano Pere ira
IN IC IAR
introdução
Introdução
Nesta unidade, falaremos da importância que o Renascimento teve enquanto
um movimento cultural para as artes de modo geral e, em especial, para a
arquitetura. O estudo e a pesquisa do legado deixado pelos povos da
antiguidade clássica foram importantes para que os arquitetos do Renascimento
concebessem a sua própria arquitetura e elaborassem seus próprios escritos e
modelos, mas, principalmente, a atitude pela busca de conhecimento instaurou
uma nova relação do homem frente ao mundo moderno que se descortinava.
Tal postura foi fundamental para que as gerações seguintes de arquitetos e
artistas se sentissem livres para buscar novas interpretações para a arquitetura
de seu próprio tempo com suas próprias questões, como aconteceu com o
Maneirismo, responsável pela transição para o Barroco e sua consequente
passagem para o Rococó.
O Renascimento sempre é lembrado como o período da retomada dos valores
clássicos, mas ele é muito mais que isso. O Renascimento foi resultado de um
processo crescente de transformação cultural, social e religioso que já se
manifestava no �nal do Gótico e que se concretizou no início do século XV em
Florença.
As cidades deste período já tinham se tornado centros ativos de artesãos e
mercadores, núcleos urbanos densos com muitas casas, comércio e o�cinas.
A burguesia em ascensão foi aos poucos conquistando espaço nas cidades e
consolidando independência frente aos senhores feudais. Essa burguesia em
crescimento, especialmente a �orentina, identi�cava-se com os valores
racionalistas e naturalistas do classicismo, porque, como a burguesia greco-
romana, esses são os valores essenciais que derivam da economia baseada no
cálculo e na acumulação de capital.
Renascimento e oRenascimento e o
Clássico naClássico na
Arquitetura da EraArquitetura da Era
ModernaModerna
Esse olhar para si mesmo e para os seus interesses leva o homem a se
identi�car com o pensamento racional, lógico. Os mestres artesãos não apenas
tomaram como modelo os remanescentes da arte antiga, mas também
passaram a buscar na literatura e na �loso�a clássica o cabedal de
conhecimentos para atender às exigências da nova clientela.
Foi nesse momento que o mestre artesão do Gótico italiano passou a ser, no
Renascimento, um criador intelectual, transformando-se no artista moderno.
Anteriormente associados às corporações de ofício para poder exercer a sua
pro�ssão, agora ele se emancipa da corporação e alça o posto de criador,
deixando de ser visto como mero trabalhador manual; neste momento, ele é o
estudioso, o pesquisador e o artista.
O conhecimento da �loso�a, o domínio do fazer artístico dos antigos, o estudo e
o pensamento lógico e matemático são valores fundamentais para o
desenvolvimento da arte e arquitetura renascentista.
Na arquitetura, o nome de Filippo Brunelleschi desponta quando ele consegue
resolver o problema da construção da cúpula da igreja de Santa Maria del Fiore,
em Florença.
A resolução sobre a construção da cúpula de Santa Maria del Fiore, por
Brunelleschi, marca o �m do Gótico e o início do Renascimento.
Na exatidão geométrica das divisões da cúpula, já se identi�cam os princípios
matemáticos que passam a reger a arquitetura do Renascimento, enquanto seu
per�l ogival e o contraste entre os espigões brancos e os enchimentos de telhas
continuam características essencialmente góticas.
Porém, o que ressalta mais neste trabalho de Brunelleschi é o pensamento
projetual. Ele foi o primeiro trabalho em que o arquiteto pensou, calculou,
produziu um protótipo, estudou como levar os materiais até o alto da cúpula, ou
seja: pensou, estudou, projetou, planejou. Foi esse ato de conhecimento que
marcou o Renascimento e o próprio exercício pro�ssional de Brunelleschi.
Figura 3.1 - Cúpula da Igreja de Santa Maria Del Fiori - Felippo Brunelleschi -
1420-1434, Florença, Itália 
Fonte: Sailko / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem mostra a cúpula bem de perto, é possível ver duas das oito
faces que formam o tambor da cúpula, ou seja, a base. Também podemos visualizar
parte do telhado das naves da igreja e os gomos que formam a cúpula. Acima, há
um torreão de cor branca. Podemos ver o desenho geométrico formado por
retângulos de mármore branco e moldura em mármore verde que revestem a
fachada da igreja.
O objetivo de Brunelleschi era racionalizar o desenho arquitetônico, e
para tanto ele precisava do vocabulário padronizado e regular dos
antigos, baseado no círculo e no quadrado. O segredo de seus
edifícios, ele pensava, era a harmonia das proporções - as mesmas
relações de números inteiros simples que determinam a harmonia
musical, pois sucedem-se in�nitamente em todo o universo, e devem,
assim, ter uma origem divina. A teoria das proporções forneceu-lhe,
por assim, dizer, a sintaxe que regeu o uso de seu vocabulário
arquitetônico (JANSON, 2009, p. 194).
A partir desse momento, entre a primeira e a segunda década do século 15,
foram estabelecidas as bases da arquitetura do Renascimento, fundada no
estudo dos antigos e no projeto.
A geração seguinte vai elaborar ainda mais o estudo escrevendo seus próprios
tratados arquitetônicos. Os principais tratadistas da Itália são:
Antonio Averlino, dito Filareto – 1400 – 1465
Leon Battista Alberti – 1404 – 1472
Cesare Cesarino – 1476 – 1543
Sebastiano Serlio – 1475 -1553/55
saibamais
Saiba mais
“A grande realização de Brunelleschi foi ter
construído a cúpula em dois grandes cascos
separados (um dentro do outro)
engenhosamente ligados de forma a
reforçarem-se mutuamente. [...] Em vez de
utilizar rampas para o transporte dos materiais
de construção até a altura necessária, projetou
máquinas para os içarem. Todo o projeto
re�ete um espírito ousado e analítico, que
rejeitou sempre as soluções convencionais
quando outras melhores podiam ser
concebidas. É esta nova atitude que distingue
Brunelleschi dos mestres pedreiros -
arquitetos do Gótico, com os seus processos
consagrados por antigas práticas.”
Fonte: Janson (2001, p. 589).
Para conhecer mais sobre os processos
projetuais da renascença, consulte o link a
seguir:
ACESSAR
http://projedata.grupoprojetar.ufrn.br/dspace/handle/123456789/1254
O tratadista mais importante para o Renascimento foi Leon Battista Alberti,
primeiro arquiteto diletante. Dedicou-se aos estudos da arte e arquitetura e
também escreveu seu tratado De re aedi�catoria (“Sobre a arte de construir”),
seguindo o modelo de Vitrúvio. Os dez livros de Arquitetura , escrito por Vitrúvio,
é o tratado mais antigo a chegar íntegro à atualidade e, apesar de ser conhecido
na Idade Média, foram os humanistas do Renascimento que retomaram seus
princípios, tal como Alberti, que resgatou a tríade vitruviana Firmitas , Utilitas e
Venustas :
Firmitas – Solidez: trata dos aspectos técnicos (local, materiais e
fundações);
Utilitas – Utilidade/Comodidade: trata da função do edifício;
Venustas – Beleza: tem a ver com a beleza arquitetônica.
Porém, Alberti foi além de Vitrúvio. Seu tratado não era só para arquitetos, mas
para todo um círculo de patronos humanistas que desejavam um conjunto de
critérios para seus projetos. Ele partiu da tríade vitruviana para desenvolver
todo um conceito que trata da adequação do edifício e do ornamento, abordou
a apropriação de prédios públicos e privados, tudo baseado, por um lado, na
sua fé ilimitada na validade das proporções matemáticas, e, por outro, no fato
de que, para ele, a antiguidade clássica não é simplesmente o insuperável e
normativo, pois ele acreditava na possibilidade de se desenvolver mais a partir
da tradição dos antigos, a �m de produzir algomelhor ou maior do que eles.
Um bom exemplo é a solução adotada na fachada de S. Francesco, em Rimini.
Ele adapta o arco triunfal romano à arquitetura de uma igreja num claro resgate
das formas da antiguidade clássica.
A partir dos experimentos e escritos de Alberti, a arquitetura renascentista
reforça a métrica e as proporções clássicas, esmera-se em superar os antigos,
desenvolvendo palácios, edifícios públicos e igrejas que iam da planta em cruz
latina à planta centralizada. Esse modelo de planta representa o máximo do
pensamento clássico de proporção e controle da dimensão espacial.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
Figura 3.2 - Templo Malatestiano ou Igreja de S. Francisco, em Rimini, Itália,1450
Fonte: Sailko / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem mostra uma foto da fachada da igreja tirada bem de frente
para ela, em que é possível observar sua proporção clássica, três arcadas, sendo
uma centralizada, onde �ca a porta encimada por um frontão triangular; entre cada
arco, uma coluna da ordem jônica. À frente, há uma calçada em pedra aparelhada, e
o ângulo da foto foca na fachada, de forma a preencher todo o espaço.
(Atividade não pontuada) 
Brunelleschi é considerado por muitos historiadores o responsável por pensar a
arquitetura em termos de espaço. Sem dúvida, este conhecimento se deve ao seu
empenho em estudar os antigos e tomar as medidas exatas de cada monumento. A
perspectiva cientí�ca pode ter sido uma consequência de seu estudo em registrar no
papel os prédios antigos, revelando a questão do conhecimento e do pensamento
como condutores do fazer arquitetônico.
A respeito de Brunelleschi, podemos a�rmar:
I. Em seus projetos, ele elabora um traçado segundo precisos princípios cientí�cos,
atingindo, assim, plenamente os objetivos preconizados para a arquitetura gótica.
II. Concluiu a construção da igreja de Santa Maria del Fiore, cobrindo o espaço
reservado à cúpula, até então aberto, assentando o domo sobre o tambor octogonal.
III. O trabalho de Brunelleschi é pautado pela modulação, ênfase horizontal e
proporções delineadas, numa ordem perfeita e matemática.
IV. Para Brunelleschi, era importante racionalizar o desenho arquitetônico, pois
acreditava que o racionalismo manteria sua condição de mestre artesão.
É correto apenas o que se a�rma em:
a) I e II, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) I e IV, apenas.
O conceito de Maneirismo é muito empregado para tratar outras formas de arte
que marcam o século 16, porém, para a arquitetura, é muito difícil de�nir, mas
existe um consenso de que o anticlassicismo que tanto marca o Maneirismo já
aparece no período do Alto Renascimento nos trabalhos arquitetônicos de
Michelangelo, especialmente nas intervenções realizadas por ele no projeto da
Basílica de São Pedro do Vaticano.
O projeto original de Bramante para a nova Basílica de São Pedro do Vaticano
de�niu a concepção essencial do espaço centrado na área quadrada em torno
da cúpula. As alterações do próprio Bramante fazem parte dos capítulos da
história da arquitetura, mas as etapas mais decisivas resultaram das
intervenções de Michelangelo e de Maderno.
Bramante concebeu uma cruz grega atravessando a área quadrada que envolve
os quatro pilares da cúpula. Os braços da cruz se projetando para além dos
lados do quadrado eram interligados por muros que de�niam um perímetro
losangular. 
Maneirismo e oManeirismo e o
Anticlassicismo naAnticlassicismo na
ArquiteturaArquitetura
Michelangelo projetou e construiu os contornos dos três braços superiores da
cruz, fazendo os ângulos do quadrado avançarem para além dos lados do
losango concebido por Bramante. Isso modi�ca consideravelmente o desenho
da planta: da forma elementar e racional do Alto Renascimento para uma
recuperação maneirista do quadrifólio. 
Figura 3.3 - Planta do projeto de Donato Bramante para a Basílica de São Pedro,
1506 
Fonte: Malyszkz / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem mostra o desenho da planta concebida por Donato
Bramante de 1506. Mostra uma planta em cruz grega inscrita em um quadrado. Os
braços da cruz avançam um pouco em cada lado do quadrado, de forma
centralizada. No centro do quadrado, e portanto, da cruz, está marcado um círculo
que representa a projeção da cúpula e em cada aresta do quadrado maior se
formam mais quatro quadrados.
Figura 3.4 - Projeto de Michelangelo para a Basílica de São Pedro do Vaticano,
1547 
Fonte: Geralt Riv /  Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem ilustra o desenho da planta, que mostra uma planta de
cruz grega com o quadrado inscrito na cruz, arredondando os braços da cruz e
delimitando o acesso principal por uma série de degraus posicionados na parte sul
do desenho.
A cúpula projetada por Michelangelo, apesar de sua solidez e proporções
clássicas, já era maneirista nas soluções de fantasia decorativa das molduras
dos óculos, na alternância dos frontões sobre as janelas do tambor e na
exacerbação plástica das colunas geminadas entre elas. Estas colunas
continuam as linhas de força dos espigões, contribuindo para o efeito de
gravidade estática e a sensação de peso exercido pela cúpula sobre a igreja. 
Figura 3.5 - Cúpula de São Pedro do Vaticano - Michelangelo, 1547 
Fonte: Staselnik / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem apresenta uma foto bem aproximada da cúpula de São
Pedro do Vaticano, onde podemos observar os óculos em três �leiras verticais que
se sobrepõem até o lanternim, espécie do torreão em cima da cúpula. No tambor da
cúpula, podemos ver janelas altas encimadas por frontões que se alternam entre
circular e triangular.
A cúpula só seria concluída cerca de trinta anos passados da morte de seu autor
e seu maneirismo seria exacerbado pelas alterações de Domenico Fontana e de
Giacomo della Porta, que lhe conferiram um per�l apontado e alteado e um
decorativismo ainda maior, nos óculos e no lanternim.
Se equilíbrio e harmonia são as principais características da Alta
Renascença, o maneirismo é seu oposto: é a arte do desequilíbrio e
da dissonância - ora emocional a ponto de levar à distorção
(Tintoreto, El Greco), ora disciplinado a ponto de se autoanular
(Bronzino) (PEVSNER, 2015, p. 198).
As referências clássicas trazidas pelo Renascimento se mantiveram, mas agora
trabalhadas de uma outra forma, e o nome importante na disposição dos
elementos clássicos numa composição anticlássica foi Andrea Palladio (1508-
1580).
A arquitetura do Maneirismo, ao contrário, apresenta temas
ambivalentes e funções duplas. O mesmo edifício é um palácio e um
monastério, a mesma pilastra sustenta o entablamento e funciona
como moldura lateral de painel de parede. As duas funções são
indicadas claramente, transmitindo assim uma ambiguidade
deliberada que, em suma, signi�ca a antítese da simplicidade
renascentista (BURY, 2006, p. 65).
Andrea Palladio também escreveu seu tratado de arquitetura e, embora trate
dos mesmos elementos que encontramos em Vitrúvio e Alberti, ele elabora um
tratado mais objetivo e o coloca em prática criando um classicismo que, de tão
harmônico, acaba por desarmonizar o conjunto e se tornando anticlássico. 
A Villa Rotonda, ou Capra, representa exatamente essa dicotomia que marca a
arquitetura do maneirismo no seu representante maior, que foi Palladio. O
Figura 3.6 - Planta baixa da Villa Rotonda, Vicenza, Itália, 1567-1570 - Andrea
Palladio 
Fonte:  Antur / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem apresenta um desenho da planta baixa da Villa Rotonda,
que é formada por um quadrado que foi dividido em quatro partes e um círculo no
centro. Em cada lado do quadrado tem o desenho de um retângulo centralizado e
uma indicação de escadaria.
projeto é de uma casa de campo com tratamento de fachada em forma de
templo clássico, algo pouco usual para um projeto residencial, mas que Palladio
ousa e dispõe o vocabulário que conhecia e dominava. 
A escadaria colocada à frente de cada fachada, associada ao própriopórtico em
forma de templo, também chamado de template, imprime uma certa
austeridade clássica reforçada ainda pela cúpula centralizada. No entanto, o uso
de quatro fachadas idênticas que, ao mesmo tempo, representam o equilíbrio
clássico constitui por �m um desequilíbrio maneirista uma vez que desconstrói a
lógica clássica de fachada principal. 
Figura 3.7 - Fachada da Villa Rotonda, Vicenza, Itália, 1567-1570 - Andrea
PalladioFonte: Palladio / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem apresenta uma foto do prédio tirada em diagonal de
forma que dá para ver duas fachadas: uma à direita, com maior visibilidade, e a da
esquerda, mais de lado. Em ambas é possível ver o pórtico em forma de templo
grego com seis colunas da ordem jônica, entablamento e frontão triangular,
encimado por estátuas em cada vértice.
praticar
Vamos Praticar
Entendemos que tanto Leon Battista Alberti quanto Andrea Palladio foram nomes
importantes para a história e teoria da arquitetura. Ambos deixaram sua contribuição
não apenas com seus tratados, mas também com sua arquitetura.
Alberti é considerado um humanista por opção e dedicação. Estudou as artes e
arquitetura da Antiguidade e começou como um teórico para depois se colocar como
um arquiteto importante para o período, pondo em prática todo seu conhecimento.
Palladio também se dedicou aos estudos e escritos, continuando a tradição de Alberti,
e seus textos logo ganharam dimensões internacionais, fazendo com que assumisse
alguns projetos. Compartilhava a ideia de que a arquitetura deve ser regida pela razão
inspirada pelos antigos.
Observe as imagens a seguir. A primeira é a Igreja de Santo André, na cidade de
Mântua, Itália, de 1470, projeto de Leon Battista Alberti. A segunda imagem é a igreja
de São Jorge Maior, em Veneza, Itália, em 1565. Faça uma análise comparativa do
tratamento dado às fachadas por seus autores, relacionando-os aos movimentos a
que pertencem.
Igreja de Santo André, em Mântua, Itália - Leon Battista Alberti, 1470 
Fonte: Anna Zacchi / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem ilustra a foto da fachada da igreja, em que vemos um arco
central bem alto que compreende toda a fachada; ele cria um pórtico, ladeado por
�ancos marcados no pavimento térreo por uma porta de verga reta, um nicho em
arco no segundo pavimento e um janela em arco no terceiro pavimento. Acima, um
frontão triangular e um arco abobadado.
Igreja de São Jorge Maior, Veneza, Itália -  Andrea Palladio, 1565 
Fonte: Joergens.mi / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem ilustra a foto da fachada da igreja, em que vemos sua
porta centralizada enviada por um frontão em arco; de cada lado da porta está
disposto um par de colunas altas de capitel jônico. Entre cada coluna há um nicho
com esculturas; na sequência da última coluna de cada lado, um nicho de verga reta
encimado por frontão triangular e mais dois pares de pilastras adossadas.
O Barroco, enquanto estilo artístico, assume várias formas nos diferentes países
da Europa. Em geral, não se pode uni�car um estilo de época, visto que há, num
determinado período, diferentes interpretações do mesmo estilo, devido aos
grupos sociais artisticamente produtivos.
Sendo assim, no Barroco, vamos encontrar diferenças entre o Barroco Italiano, o
Francês e o desenvolvido nos países baixos.
O que, por �m, uni�ca o Barroco das diferentes regiões é justamente o seu
desenvolvimento cultural, o desenvolvimento da ciência natural e a nova
�loso�a baseada nesta ciência, que se expressa na produção artística da época,
o conhecimento de que a Terra faz parte de um universo muito maior,
interagindo uniformemente. O lugar da antiga concepção antropocêntrica do
mundo foi substituído pela concepção de continuidade in�nita, de inter-
relações, que abrangia o homem e continha o mundo em que este vivia.
O Barroco é um estilo sensual, emocional, movimentado. Na arquitetura, os
maiores exemplos do Barroco são as igrejas e os palácios. Para os arquitetos da
Arquitetura BarrocaArquitetura Barroca
– Projeto e– Projeto e
ExpansãoExpansão
época, o edifício deve ser concebido como uma grande escultura, o que fez com
que estes procurassem formas e traçados mais complexos.
A partir dessas ideias, as plantas variam, podendo ser elípticas, circulares e até
mesmo feitas a partir da interseção de �guras geométricas. Essa solução nas
plantas fez com que surgissem paredes onduladas, côncavas e convexas,
criando assim um conjunto de intenso movimento dentro das mais estáticas das
artes que é a arquitetura. Este movimento da fachada e, por conseguinte, do
interior, ou seja, o jogo de planos foi constantemente empregado nas obras de
Borromini e Bernini.
A emoção, o movimento e a teatralidade da arte barroca foram usados pela
igreja neste período de luta contra a propagação do protestantismo,
transformando as igrejas em exibições grandiosas, composições teatrais que
mostram o esplendor e a glória da fé católica que, dentro do ritual de
celebração da missa, transportam o indivíduo para um mundo diferente.
Nesse sentido, a cultura barroca buscaria outro método, ainda mais
e�caz, de controle das massas e que estaria, desta vez, diretamente
ligado às artes, à arquitetura, à urbanística, à cidade, à poesia,
literatura, música, ao teatro: um método baseado na ação de
conquista, de sedução, de convencimento dos súditos e dos �éis por
meio do apelo aos sentimentos, aos afetos, às emoções. As
manifestações estéticas passariam a servir como atraente
propaganda dos governos e da Igreja contrarreformista, dirigida ao
encantamento tanto dos doutos como da mais humilde e ignorante
massa populacional (BAETA, 2011, p. 97).
Deste modo, a arquitetura barroca é como a da igreja de São Carlo das Quatro
Fontes, construída em Roma no ano de 1638. O jogo das superfícies côncavas e
convexas faz com que a estrutura pareça elástica, distorcida e movimentada
como toda a arte barroca. 
Segundo Bruno Zevi (2009, p. 98), “com o Renascimento se lançam as bases do
pensamento moderno na construção, segundo o qual é o homem que dita leis
ao edifício e não o contrário”. Esse domínio sobre o conhecimento permitiu que
a arquitetura agora pudesse ser planejada de acordo com as intenções e
predisposições de arquitetos e clientes; desse modo, ainda segundo Zevi (2009,
p. 114), “o Barroco é liberação espacial, é libertação mental das regras dos
tratadistas, das convenções, da geometria elementar e da estaticidade, é
libertação da simetria e da antítese entre espaços interior e exterior”. 
Figura 3.8 - Igreja de São Carlo das Quatro Fontes, Francesco Borromini, Roma,
1638 
Fonte: Architas / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem ilustra a foto que mostra a fachada da igreja composta de
formas curvas em ondulação, preenchida por nichos com esculturas.
reflita
Re�ita
“Por essa sua vontade de libertação, o
Barroco assume um signi�cado
psicológico que transcende o da
arquitetura dos séculos XVII e XVIII, para
signi�car um estado de espírito de
liberdade, uma atitude criativa liberta de
preconceitos intelectuais e formais, que
é comum a mais de um momento da
história da arte; a prova disso é o fato
de se falar de Barroco helenístico, de
Barroco romano na época em que os
arquitetos do Baixo Império sentem
necessidade de colocar em crise a
solidez estática do espaço fechado de
Roma, e fala-se mesmo de Barroco
moderno quando a tendência da
arquitetura orgânica pronuncia sua
declaração de independência das
fórmulas e dos esquemas
funcionalistas.”
Fonte: Zevi (2009, p. 114).
O Barroco executa, en�m, uma arte que expressa o movimento, a ânsia de
novidade da sociedade, o amor pelo in�nito, pelos contrastes e pela audaciosa
mistura de todas as artes, e foi dramático, exuberante, teatral, apelando para o
instinto, para os sentidos, para a fantasia, o que tendia para o fascínio. É uma
arquitetura que conduz o observador, o usuário, para o seu interior e ali se
completa a persuasão, a sedução e o encantamento,tão importante,
especialmente, para a igreja, neste momento de conquista de novos territórios e
de atração de seus �éis. 
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
(Atividade não pontuada) 
Leia o trecho a seguir:
“E indubitavelmente o Barroco foi dramático. O adjetivo se aplica a todas as coisas nas
quais distinguimos o Barroco da arquitetura renascentista. [...] Os arquitetos do
Barroco abandonaram a simetria e o equilíbrio para experimentar novos e vigorosos
volumes.”
NUTTGENS, P. História da Arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. p. 204.
Diante do exposto, podemos a�rmar que:
I. O Barroco retomou os próprios princípios da arte da antiguidade greco-romana; e,
de acordo com essa nova tendência, uma obra só seria perfeitamente bela na medida
em que imitasse os artistas clássicos gregos.
II. Diante da Reforma Protestante, a Igreja Católica logo se organizou contra. E assim a
arte barroca serviu para revigorar seus princípios doutrinários.
III. O ideal humanista, a preocupação com o rigor cientí�co e a composição equilibrada
são as principais características da arte barroca.
IV. Na arquitetura barroca, os volumes se interceptam, criando um dinamismo intenso
e revelando uma integração entre interior e exterior.
É correto apenas o que se a�rma em:
a) I e II, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) I e IV, apenas.
O Rococó é o estilo artístico desenvolvido a partir da fusão entre o Barroco
Francês e o Italiano. Muitas vezes, o Rococó e o Barroco estiveram presentes ao
mesmo tempo, no mesmo país, na mesma obra, sendo que o Rococó procurava
ressaltar o belo, o agradável, o requintado, o desenvolto, sutilmente sensual;
enquanto o Barroco era mais imponente, sublime, grandiloquente.
O Rococó foi a arte da aristocracia liberal e da burguesia enriquecida que
começou a prevalecer sobre o poder centralizador do Estado, prevalecendo o
gosto e uma visão mais sensual.
Na arquitetura, o novo estilo se fez notar na decoração, que valorizava os
pormenores minuciosos, o uso de peças leves em oposição aos elementos
pesados do Barroco.
O resultado �nal do estilo inventado por Borromini teve lugar ao
norte dos Alpes, na Áustria e no sul da Alemanha. Nesses países,
devastados pela Guerra dos Trinta Anos, houve uma reduzida
atividade arquitetônica até o �nal do século XVII; o Barroco era um
estilo importado, praticado principalmente por artistas italianos que
O Rococó – AsO Rococó – As
Formas no EspaçoFormas no Espaço
visitavam esses países. Somente em 1690 é que os arquitetos nativos
passaram ao primeiro plano (JANSON, 2009, p. 282).
São justamente nestes países que encontramos os mais ricos e encantadores
dos espaços em estilo Rococó. Uma arte extremamente palaciana inventada na
França por volta de 1700 que se espalhou pelo mundo e se manifesta muito
mais na decoração de interiores do que propriamente na arquitetura.
Figura 3.9 - Palácio episcopal de Würzburg, Alemanha - Balthasar Neumann,
1719-1744 
Fonte: Andreas Faessler / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem apresenta a fotogra�a da sala Kaisersaal, que mostra seu
interior coberto por um piso com desenhos geométricos em mármore colorido,
paredes cobertas de nichos em arco com esculturas e colunas em mármore cor-de-
rosa. A sala tem forma oval coberta por um teto abobadado com molduras em
arabescos dourados.
Poucas inovações caracterizam a arquitetura religiosa Rococó comparando-a
com a barroca. Talvez um maior número de aberturas que proporcionam mais
luz natural enfatizem os delicados motivos ornamentais do Rococó destacados
em ouro sobre fundos brancos ou coloridos em tons pastéis.
Nos espaços mais privativos das cortes, em contraste com o Barroco, as
salas/quartos do Rococó eram menores, mais humanas em escala e desenhadas
de forma mais feminina; conforto, conveniência e o apelo emocional é o que se
destaca.
Novas salas eram acrescidas para funções especí�cas, incluindo quartos de
vestir, salas de convivência para grupos pequenos, salas de música etc. A ênfase
era na privacidade. Espaços para o público e o privado eram melhor de�nidos.
Gabinetes particulares tinham acesso a quartos secretos através de painéis
disfarçados nas paredes; geralmente, estes espaços eram usados para
reflita
Re�ita
“O Rococó deve a origem de seu nome
a rocaille, que signi�ca rochas e
conchas, para indicar as formas naturais
de suas ornamentações: formas de
folhas e galhos, formas do mar –
conchas, ondas, corais, algas, borbulhas
e espuma – pergaminhos, formatos em
C e S. Na França, ele permaneceu
delicado e elegante, proporcionando
salões deslumbrantes para atividades
modernas e íntimas da dança, da
música de câmara, da etiqueta, da
elaboração de cartas e da sedução. A
arquitetura que dava suporte à
decoração se tornou mais simples.”
Fonte: Nuttgens (2015, p. 216).
encontros privativos.
A França, depois da morte de Luiz XIV, desenvolveu uma arquitetura palaciana.
Entre os nobres e burgueses ricos do período que passaram a ocupar novas
áreas da cidade, construindo suas residências conhecidas como hôtels , seus
exteriores eram formados elementos simples de uma arquitetura clássica, mas
com interiores ricos, onde os arquitetos puderam experimentar composições
ousadas intercaladas muitas vezes por pinturas ilusionistas nos tetos.
Pisos de parquet eram comuns, assim como no Barroco, e os espaços públicos
internos e externos recebiam piso em mármores, pois eram mais duráveis.
Tapetes da Idade Média e os produzidos pelas novas fábricas Aubusson e
Savonnerie cobriam os ambientes. Portas, janelas e painéis frequentemente
corriam do chão ao teto.
Na escultura e na pintura, houve abandono dos temas grandiosos de
proporções majestosas em benefício de temas mais leves e agradáveis, de
pequenas dimensões e requintados, com cores suaves e etéreas. Foi neste
Figura 3.10 - Salão Oval Hotel de Soubise, Paris, França, 1732 
Fonte: Chatsam / Wikimedia Commons.
#PraCegoVer : a imagem apresenta uma foto do interior do salão oval que mostra a
decoração com paredes brancas cobertas por molduras douradas em formas curvas
e arabescos; ao centro das molduras se intercalam painéis espelhados.
período que a arte do mobiliário, tapeçarias, porcelanas e prata atingiu o seu
auge.
praticar
Vamos Praticar
“O Rococó foi um re�namento em miniatura do Barroco curvilíneo e ‘elástico’ de
Borromini e Guarini, e pôde, assim, fundir-se de modo muito feliz com a arquitetura
do Barroco Tardio austríaco e alemão. Na França, a maior parte dos exemplos do
estilo, como o Salon de La Princesse, no Hôtel de Soubise, de autoria de Germain
Bo�rand, são de escala reduzida e menos exuberante que os da Europa Central.”
Fonte: Janson (2009, p. 284).
Faça uma pesquisa sobre outros palácios e hôtels europeus que apresentem a
decoração em estilo Rococó. Cite o nome dos palácios, data e local.
indicações
Material
Complementar
FILME
Ligações perigosas
Ano : 1988
Comentário : O �lme é uma versão baseada em uma
peça francesa chamada Ligações perigosas, de Choderlos
de Loclos de 1782. Conta uma história de intrigas,
romances e seduções, e se passa na França do século
XVIII, período áureo do rococó francês. No �lme,
podemos observar os interiores palacianos cobertos por
sua decoração exuberante.
Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o trailer
disponível em:
TRA ILER
LIVRO
Arquitetura comentada
Editora : Ediouro
Autor : Carol Strickland
ISBN : 85-00-00894-6
Comentário : O livro conta a história da arquitetura com
análises dos períodos históricos e seus marcos mais
importantes, fazendo uma análise dos elementos
estruturais e compositivos da arquitetura em seus
diferentes momentos.
conclusão
Conclusão
A história da arquitetura não conseguiria se explicar se não fosse a contribuição
legada pelos seus teóricos, e, neste sentido, o Renascimento foi extremamente
importante, pois foi neste período que o homem tomou consciência de seu
papel no mundo e de comoele poderia usar todo o seu conhecimento para
pensar e planejar o mundo novo.
A arquitetura e os arquitetos do Renascimento foram os responsáveis pelo
resgate da arquitetura dos antigos, mas, acima de tudo, foram os responsáveis
por decodi�car este código e elaborar a sua própria teoria, o seu tratado.
Seu legado se perpetuou e contribuiu para novos momentos e, mesmo tendo
negado a métrica clássica renascentista, foi a partir dela que conseguiram criar
uma nova sintaxe como no Maneirismo e no Barroco.
Terminamos com o Rococó, que nada mais é do que uma reelaboração dos
elementos decorativos que já vinham sendo trabalhados no Barroco, só que
agora atendendo a propósitos mais mundanos, da vida comum.
referências
Referências
Bibliográ�cas
BAETA, R. Crise, persuasão e o universo cultural do Barroco. Cadernos de
Arquitetura e Urbanismo , Belo Horizonte, v. 18. n. 22, 2011. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquiteturaeurbanismo/article/view/P.2316-
1752.2011v18n22p90/3715 Acesso em: 31 jan. 2021.
BURY, J. Arquitetura e Arte no Brasil Colonial . Brasília: IPHAN / MONUMENTA,
2006. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/�les/johnbury.pdf . Acesso em: 2
fev. 2021.
JANSON, H. W. História geral da Arte : mundo antigo e a Idade Média. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.
JANSON, H. W. Iniciação à História da Arte . São Paulo: Martins Fontes, 2009.
NUTTGENS, P. História da Arquitetura . 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
PEVSNER, N. Panorama da arquitetura ocidental . São Paulo: Martins Fontes,
2015.
ZEVI, B. Saber ver a arquitetura . São Paulo: Martins Fontes, 2009.
http://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquiteturaeurbanismo/article/view/P.2316-1752.2011v18n22p90/3715
http://portal.iphan.gov.br/files/johnbury.pdf

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