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FUNDAMENTOS 
DA LÍNGUA 
PORTUGUESA 
Asafe Cortina
Noção de texto, tipologia 
textual e gênero textual
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir o que é texto, apresentando exemplos. 
 � Classificar os tipos textuais com base em suas características. 
 � Enumerar os gêneros textuais, relacionando suas funções no processo 
comunicativo.
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender sobre noção de texto, tipologia textual 
e gênero textual.
Primeiramente, diante de diferentes acepções, definiremos o que é o 
texto e entenderemos as formas como ele se manifesta. 
Em seguida, você vai estudar sobre as tipologias textuais e suas ca-
racterísticas, que enquadram os textos não só pelo conteúdo e tipo de 
linguagem que utilizam, mas também, e principalmente, pela forma e 
objetivo de cada um. 
Posteriormente, você irá aprender como a tipologia textual se difere 
do gênero textual e irá observar exemplos de gêneros textuais.
Finalmente, você verá exemplos de gêneros textuais classificados de 
acordo com suas tipologias textuais.
O que é texto? 
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, 
água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, 
sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, 
camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, ní-
queis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa 
de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, 
guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, 
cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco 
de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, 
quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. 
Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, 
bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, es-
boços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetor 
de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. 
Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, 
garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova 
de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo 
de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de 
anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e 
caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, 
cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. 
Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, 
talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona, livro. 
Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, 
camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, 
pia, água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, 
travesseiro (RAMOS, 1998). 
Você considera o segmento acima um texto? Se não, por que não? Se sim, 
por que sim? 
Afinal, o que é um texto?
Para muitos, texto é apenas uma junção de palavras. 
Para outros, texto é uma junção de palavras desde que haja sentido entre 
elas e que comuniquem uma mensagem.
Outros justificam que para ser texto deve existir mais de duas frases ou 
orações. 
Há, ainda, aqueles que consideram texto qualquer manifestação verbal, 
independentemente do seu tamanho. 
Alguns defendem que texto é somente uma produção escrita. 
Outros, que texto pode ser escrito ou oral. 
Repito, portanto, a pergunta: afinal, o que é um texto?
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual2
Podemos definir texto como uma manifestação linguística de tamanho 
variável (podendo ir desde uma palavra até uma composição mais extensa) 
que faça sentido e comunique uma mensagem em um determinado contexto. 
Em outras palavras, um texto não é apenas um amontoado de palavras. 
Para ser considerado texto, é preciso que a manifestação linguística (inde-
pendentemente de seu tamanho) carregue uma mensagem que faça sentido. 
Para ilustrar essa ideia, vamos considerar três situações diferentes:
1. Você está folheando uma revista e de dentro dela cai uma folha com
apenas a palavra “fogo”.
2. Você está em uma aula de tiro e o instrutor grita “fogo”.
3. Você está em uma floresta e alguém passa correndo e gritando “fogo”.
Em qual situação (ou em quais delas) a palavra “fogo” pode ser considerada 
texto? 
Nas situações 2 e 3. 
Embora na situação 1 tenhamos um exemplo de manifestação linguística 
escrita que, para muitos, poderia ser classificada como texto só por isso, ela 
não comunica nenhuma mensagem naquele contexto. Obviamente, um papel 
escrito “fogo” poderia exercer uma função comunicativa em outra situação, 
mas naquela, especificamente, não pode ser considerada texto por não fazer 
sentido. 
Já nas situações 2 e 3, a palavra “fogo” possui um sentido e carrega uma 
mensagem. No caso 2, a palavra usada é uma instrução para que os alunos 
da aula de tiro atirem. Já no caso 3, a palavra serve como um aviso de que em 
certo local da floresta começou um incêndio. 
Com base nesses exemplos, podemos tirar as seguintes conclusões:
� um texto não precisa ser apenas escrito, ele também pode ser oral;
� para ser considerado texto, a extensão da manifestação linguística é 
variável, pois uma palavra pode ser considerada um texto;
� texto não é qualquer palavra ou aglomerado de palavras aleatórias, ele 
precisa fazer sentido e comunicar uma mensagem.
� algumas vezes, a mesma manifestação linguística pode ser considerada 
como texto em um contexto e não ser considerada em outro.
3Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
Vamos retornar, agora, ao “Circuito Fechado”, apresentado como exemplo 
para abrir esta seção. Baseando-se nos preceitos acima, você diria que “Circuito 
Fechado” é um texto? 
Em um primeiro momento, a composição parece ser apenas um aglomerado 
de palavras. Parece não haver um sentido entre elas e temos a sensação de 
que, possivelmente, elas não transmitem mensagem alguma. Dessa forma, 
descreditamos a produção como texto. 
Contudo, e se eu lhe disser que todas as palavras apresentadas representam 
a descrição da rotina de um homem em ordem sequencial? Assim, observamos 
a produção como, de fato, um texto. Observe que ele começa com “Chinelos, 
vaso, descarga” e termina com “Coberta, cama, travesseiro”. Ao lermos os 
substantivos mantendo em mente o contexto situacional, conseguimos entender 
de forma bastante clara a mensagem que o texto tenta transmitir. Portanto, a 
produção deixa de ser apenas um aglomerado de palavras e se torna um texto.
O que aconteceria se todas as palavras do mesmo texto fossem apresentadas 
de uma forma diferente, de um modo totalmente aleatório? Será que ainda 
assim poderia ser considerado como texto? Muito possivelmente não, porque 
um texto não se caracteriza apenas pelo seu conteúdo de palavras, mas também 
pela sua estrutura e forma de organização. 
Existem diferentes formas de classificar um texto, além das tipologias e 
dos gêneros textuais. Eles podem ser classificados em: 
a) Texto oral versus texto escrito
Texto oral é aquele manifesto oralmente, sem que haja registro escrito. 
Texto escrito, por sua vez, é aquele que se manifesta de forma escrita. 
Alguns teóricos consideram texto somente a forma escrita, mas para a 
linguística, um texto pode ser uma manifestação oral, escrita ou visual.
b) Texto literário versus texto não literário
Texto literário é o tipo de texto que tem por objetivo emocionar ou engajar 
o leitor em uma determinada trama, como poemas, narrativas, contos etc. 
Textos não literários são considerados textos “verídicos”, pois têm por objetivo 
informar o leitor, tais como receitas, artigos de jornal, bula de remédio etc. 
Na Figura 1, podemos observarum trecho do livro A Moreninha, de Joa-
quim Manuel de Macedo, considerado um texto literário. Na Figura 2, temos 
o exemplo de uma notícia de jornal, considerado texto não literário. 
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual4
Figura 1. Texto literário: A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
Fonte: Macedo (2010?).
Figura 2. Texto não literário: artigo jornalístico.
Fonte: Correio Braziliense (2015). 
 
5Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
c) Texto verbal versus texto não verbal 
Embora, para muitas áreas da linguística, um texto é apenas aquele que 
contém palavras (texto verbal), algumas áreas consideram que existem ma-
nifestações linguísticas não verbais que podem ser consideradas texto: são 
os textos não verbais.
Texto não verbal é aquele que não possui palavras, apenas imagens, como 
placas de trânsito, tirinhas, charges etc., como no exemplo da Figura 3. 
Figura 3. Texto não verbal: tirinha da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa.
Fonte: Maurício de Sousa Produções (c2016).
Portanto, podemos concluir que para ser considerado um texto, é preciso 
que ele comunique uma mensagem em um determinado contexto. A dimensão 
de um texto é variável, podendo, algumas vezes, sequer conter palavras (como 
no caso dos textos não verbais). 
Por outro lado, quando um texto contém palavras, só pode ser considerado 
texto o tipo de manifestação linguística que faça sentido e que comunique 
algo, independente de ser composto de uma palavra ou de milhares. 
Além do conteúdo, textos respeitam estruturas e formas que os classificam 
de acordo com seus objetivos e com seus leitores, podendo ser classificados em 
diferentes tipologias textuais e diferentes gêneros que, embora se confundam 
algumas vezes, são duas ideias distintas, como veremos nas próximas seções. 
Tipologia textual 
Tipologia textual (tipos de texto) se refere às diferentes formas que um texto 
pode se apresentar. Elas se se caracterizam e diferenciam não só pelo con-
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual6
teúdo, mas também – e principalmente ─ por suas formas e objetivos. Cada 
tipo textual se apresenta de uma determinada maneira, seguindo regras de 
estruturas e apresentações que diferem um tipo do outro. Em outras palavras, 
a tipologia textual é responsável por apresentar modelos que delimitam tanto 
a estrutura quanto os aspectos linguísticos de um texto.
Muitas vezes, confunde-se tipologia textual com gênero textual, embora se tratem 
de conceitos diferentes. As tipologias textuais são os modelos estruturais para um 
texto que apresentam características linguísticas diferentes, já os gêneros textuais são 
os tipos diferentes de texto que cumprem funções comunicativas distintas, apresentam 
uma estrutura em comum e são facilmente identificáveis (como lista de compras, 
bula de remédio, carta, romance etc.). Podemos encontrar diferentes gêneros textuais 
dentro de cada tipologia textual. Trataremos dos gêneros textuais na próxima seção.
Existem diferentes tipos de texto que divergem de acordo com a finalidade 
e propósito de cada um, sendo que cada tipo apresenta distinções no que diz 
respeito à estrutura, linguagem, vocabulário, organização sintática, relações 
lógicas, interações com o leitor etc. 
As principais tipologias textuais são quatro, e cada uma delas possui ca-
racterísticas próprias.
Texto narrativo
O texto narrativo tem por objetivo contar um fato, acontecimento ou história 
por meio de um desencadeamento sequencial. Essa narrativa pode ser real 
ou fictícia. Dentre os componentes principais de um texto narrativo, estão:
 � Personagens: são entidades (pessoas, animais, objetos, sentimentos, 
ideias etc.) que “atuam” na história ou sobre quem a história é contata. 
Os personagens podem ser caracterizados de forma direta (contada 
pelo narrador ou por outros personagens durante o enredo) ou indireta 
(deduzidos com base em seus comportamentos e no que acontece durante 
a história). Eles podem ser principais, aqueles que são essenciais para 
7Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
a história, como os protagonistas ou antagonistas (que se opõem ao 
protagonista), ou secundários que colaboram para o enredo da história 
e apoiam (ou atrapalham) os personagens principais durante o desen-
volver da narrativa. 
 � Tempo: em uma narrativa, o tempo pode ser entendido como a época 
em que a narrativa ocorre (passado, presente, futuro) e também como 
o tempo em que a história se desencadeia: de forma cronológica, com 
flashbacks (voltando ao passado) etc. O tempo cronológico se refere 
à passagem natural do tempo, com os acontecimentos ocorrendo de 
forma sucessiva. O tempo psicológico diz respeito às lembranças e 
impressões dos personagens, sendo bastante subjetivos e influenciados 
pela personalidade e pelo estado de cada personagem. 
 � Espaço: se refere ao local onde acontece a narrativa, podendo ser físico 
(como em uma cidade, hospital etc.) ou psicológico (nos pensamentos 
ou lembranças de um personagem ou narrador, por exemplo).
 � Enredo: são os acontecimentos que se desencadeiam durante a história.
 � Narrador: é quem conta a história, podendo assumir diferentes pers-
pectivas de acordo com sua posição na narrativa. Podem ser:
 ■ Narrador onisciente e onipresente: o que conhece todos os detalhes 
de todas as partes da história, geralmente representado por uma 
narrativa em terceira pessoa (embora, algumas vezes, utilize-se de 
primeira pessoa e se confunda com um personagem). 
 ■ Narrador personagem: o que faz parte da história e conta o enredo 
em primeira pessoa. Geralmente, tem conhecimento limitado sobre os 
outros personagens e sobre o desencadeamento dos fatos e participa 
do enredo de modo a demonstrar suas impressões sobre o desenrolar 
da história (opiniões, emoções, sensações, etc.). 
 ■ Narrador observador: o tipo que conta uma história sem se envolver 
nela, mantendo-se imparcial e desconhecendo os detalhes de cada 
personagem e do enredo.
No que diz respeito à estrutura de um texto narrativo, eles geralmente são 
estruturados em:
 � Introdução: onde personagens são apresentados, o tempo é definido 
e o tipo de narrador é observado. Serve como uma abertura para a 
narrativa, de forma que o leitor possa se situar a respeito do que irá ler.
 � Desenvolvimento: onde o enredo se desenvolve.
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual8
 � Conclusão: finalização da narrativa, que pode apresentar um final 
conclusivo ou deixar a trama em aberto para futuras continuações ou 
para a imaginação do leitor. 
Observemos agora um exemplo de texto narrativo em fragmentos do pri-
meiro capítulo do livro Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel 
Antônio de Almeida. 
Capítulo I – Origem, nascimento e batizado
Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-
-se mutuamente, chamava-se nesse tempo — O canto dos meirinhos —; e bem lhe 
assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos 
dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje 
não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente 
temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável 
cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda 
era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores.
(...)
Entre os termos que formavam essa equação meirinhal pregada na esquina havia 
uma quantidade constante, era o Leonardo-Pataca. Chamavam assim a uma rotunda 
e gordíssima personagem de cabelos brancos e carão avermelhado, que era o decano 
da corporação, o mais antigo dos meirinhos que viviam nesse tempo. A velhice tinha-o 
tornado moleirão e pachorrento; com sua vagareza atrasava o negócio das partes; 
não o procuravam; e por isso jamais saía da esquina; passava ali os dias sentado na 
sua cadeira, com as pernas estendidas e o queixo apoiado sobreuma grossa bengala, 
que depois dos cinquenta era a sua infalível companhia.
Fonte: Almeida (2009?).
Nesses parágrafos, podemos perceber a definição de tempo (“Era no tempo 
do rei”), a definição de espaço (“O canto dos meirinhos”, “Rio de Janeiro”) e 
o tipo de narrador que iremos encontrar na história. Além desses elementos, 
o narrador também nos apresenta uma definição de “meirinho”, do qual ele 
continua discorrendo ao longo dos próximos parágrafos e que será fundamental 
para o entendimento da história. Adiante, o autor nos apresenta Leonardo-
-Pataca, que podemos identificar como um personagem da história que se 
desencadeará. 
9Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
Esse capítulo serve como introdução ao texto, definindo, para o leitor, os 
elementos constituintes do enredo necessários para que ele possa se situar. 
A tipologia de texto narrativo se constitui e se caracteriza por apresentar 
não só uma linguagem específica para se comunicar com o leitor, mas também 
uma estrutura padrão que a distingue das outras.
Entre os exemplos de textos narrativos, estão: romances, novelas, fábulas, 
depoimentos etc. 
Texto descritivo
O principal objetivo de um texto descritivo, como o nome já diz, é apresentar 
uma descrição de algo (seja uma pessoa, um objeto, um conceito etc.) de forma 
que o leitor possa formar uma imagem mental do que está sendo descrito e 
relacioná-la à realidade ou criar uma figura imaginária. 
A descrição pode ser feita em diferentes níveis e por meio de diferentes 
recortes, podendo ser mais objetiva ou mais subjetiva de acordo com os ob-
jetivos do texto e do escritor.
Embora a estrutura do texto descritivo seja similar à do texto narrativo 
(introdução, desenvolvimento e conclusão), os componentes dessa estrutura 
podem ser entendidos de forma um pouco distinta, de modo que a introdução 
sirva como uma identificação (ou apresentação) daquilo que será descrito e 
o desenvolvimento, a descrição em si. A conclusão, por sua vez, pode ser 
entendida não como um componente, mas como um processo. A conclusão 
ocorre quando o autor do texto está satisfeito com a descrição pretendida. 
Diferente do texto narrativo, o texto descritivo está isento de limitação 
temporal ou espacial. Ele se estrutura como uma descrição estática, indepen-
dente de uma cronologia ou de um espaço temporal específico. 
Geralmente, textos descritivos são cheios de substantivos, adjetivos e 
advérbios. Os verbos utilizados para esses textos geralmente são mais restritos 
do que os utilizados em narrativas, sendo, em sua maioria, verbos de estado 
(ser, estar, parecer etc.). 
A linguagem utilizada em textos descritivos se caracteriza por ser bastante 
rica, a fim de fornecer uma descrição detalhada, fazendo uso, portanto, de 
figuras de linguagem, comparações, enumerações etc. de forma que a lingua-
gem se torne dinâmica e interessante para o leitor. 
Existem diferentes tipos de descrições, de acordo com o objetivo de cada 
texto, podendo ser caracterizadas em:
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual10
 � Descrição objetiva: é o tipo de descrição precisa e exata do objeto a 
ser descrito, tentando eliminar ambiguidades e objetivando evocar na 
mente do leitor uma imagem mais próxima e verossímil da realidade. 
Utiliza linguagem clara e precisa, tentando tornar o texto verídico, e 
apoia-se na linguagem denotativa. 
 � Descrição subjetiva: é o tipo de descrição que leva em consideração 
um aspecto pessoal ao que está sendo descrito, de forma que não pre-
cise ser completamente verossímil e realístico, considerando emoções 
e sentimentos. A linguagem utilizada pode ser bastante simbólica e 
metafórica e se apoia na linguagem conotativa. 
 � Descrição sensorial: é o tipo de descrição que tem por objetivo provocar 
sensações no leitor, sejam elas auditivas, visuais, olfativas, táteis ou 
gustativas. 
Observe, a seguir, um exemplo de texto descritivo que tem por objetivo 
descrever uma cidade:
Wisconsin Dells – Estados Unidos 
Wisconsin Dells é uma cidade no estado de Wisconsin nos Estados Unidos com uma 
população aproximada de 2.500 habitantes, sendo vizinha de Lake Delton e Baraboo 
e a uma distância de apenas 45 minutos da capital de Wisconsin, Madison. 
A cidade tem uma área de 11,3 km², sendo que 10,7 km² são cobertos por terra e 
0,6 km² cobertos por água.
Dells é uma cidade bastante arborizada e com muitas reservas naturais.
É um lugar popular para férias das famílias americanas, sendo conhecida como 
a capital mundial dos parques aquáticos, uma vez que abriga os maiores parques 
aquáticos do mundo.
Embora a temperatura em Wisconsin Dells possa chegar a 30 graus abaixo de zero 
durante o inverno, os parques aquáticos continuam recebendo milhares de visitantes, 
por terem grandes partes fechadas e climatizadas. 
É uma cidade que oferece diversas experiências gastronômicas e várias opções 
de hotéis.
Além dos parques aquáticos, a cidade também oferece atividades como rafting, 
escalada e esqui. 
11Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
No texto acima, podemos observar que o autor teve por objetivo descrever 
a cidade Wisconsin Dells de forma que o leitor pudesse criar uma imagem 
mental a respeito do lugar e entender o que é possível encontrar lá. 
Exemplos de textos descritivos são: cardápios, classificados, folhetos tu-
rísticos, informações técnicas de produtos etc. 
Texto dissertativo (expositivo e argumentativo) 
Um texto dissertativo se caracteriza por ter como objetivo informar o leitor 
a respeito de um determinado assunto de forma rica, rigorosa e detalhada. 
Essa tipologia textual se divide em dois tipos: expositivo e argumentativo.
Dissertativo-expositivo: expõe conhecimentos, detalhes e ideias. Esse 
tipo de texto não tem por objetivo convencer o leitor, apenas relatar fatos 
sobre um determinado tema, servindo como transmissor de conhecimento 
e escrito de forma que tente evitar qualquer tipo de erro ou informação não 
verídica ou não confirmada. 
Textos dissertativos-expositivos devem ser elaborados de forma clara e 
organizada, de modo que possam ser entendidos por diversos leitores. 
Geralmente, textos expositivos trazem um grande número de informações 
relacionadas ao assunto sobre o qual dissertam, a menos que o autor tenha 
por objetivo fazer apenas um recorte específico. 
Nesse tipo de texto, encontramos definições, clarificações, características, 
comparações, enumerações e exemplos que abordam de maneira correta e 
eficaz o assunto a ser exposto. 
Observe, a seguir, um exemplo de texto dissertativo-expositivo, repre-
sentado por um fragmento de um texto enciclopédico sobre o Simbolismo.
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual12
O Simbolismo 
O Simbolismo surgiu na França, por volta de 1880, e de lá difundiu-se internacional-
mente, abrangendo vários ramos artísticos, principalmente a poesia. O período era 
de profundas modificações sociais e políticas, provocadas fundamentalmente pela 
expansão do capitalismo, na esteira da industrialização crescente, e que convergiram 
para, dentre outras consequências, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Na Europa 
haviam germinado ideias científico-filosóficas e materialistas que procuravam analisar 
racionalmente a realidade e assim apreender as novas transformações; essas ideias, 
principalmente as do positivismo, influenciaram movimentos literários como o Realismo 
e o Naturalismo, na prosa, e o Parnasianismo, na poesia.
No entanto, os triunfos materialistas e científicos não eram compartilhados ou aceitos 
por muitos estratos sociais, que haviam ficado ao largo da prosperidade burguesa 
característica da chamada “belle époque”; pelo contrário, esses grupos alertavam para 
o mal-estar espiritual trazido pelo capitalismo. Assim, como afirmou Alfredo Bosi 
(1936), “do âmago da inteligência europeia surge uma oposição vigorosa ao triunfo 
da coisa e do fato sobre o sujeito – aquele a quem o otimismo do século prometera o 
paraíso mas não dera senão umpurgatório de contrastes e frustrações”. A partir dessa 
oposição, no campo da poesia, formou-se o Simbolismo.
O movimento simbolista tomou corpo no Brasil na década de 1890, quando o país 
passava também por intensas e radicais transformações, ainda que diversas daquelas 
vivenciadas na Europa. O advento da República e a abolição da escravatura modificaram 
as estruturas políticas e econômicas que haviam sustentado a agrária e aristocrática 
sociedade brasileira do Império. Os primeiros anos do regime republicano, de grande 
instabilidade política, foram marcados pela entrada em massa de imigrantes no país, 
pela urbanização dos grandes centros – principalmente de São Paulo, que começou 
a crescer em ritmo acelerado –, e pelo incremento da indústria nacional.
(…)
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras (2015).
Repare que o texto acima não tem por objetivo convencer o leitor a respeito 
de nada, apenas abordar o assunto de forma extensiva, tentando explicitar o 
significado, o surgimento e outros detalhes que o autor considerou importante 
a respeito do Simbolismo. 
Como exemplo de textos dissertativos-expositivos, podemos citar: enciclo-
pédias, entradas de dicionários, textos informativos escolares etc. 
Dissertativo-argumentativo: tem por objetivo convencer e persuadir o 
leitor por meio de sua dissertação. Nesse tipo de texto, o autor utiliza não 
somente fatos, mas também suas crenças, opiniões, valores e ideias para tentar 
convencer o leitor de algo ou fazê-lo concordar com seus pressupostos e teses. 
13Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
Embora o texto dissertativo-argumentativo possa apresentar a opinião do 
autor, ele deve ser composto de forma clara e objetiva, com base em dados 
verídicos e concretos, tais como estatísticas, comparações, depoimentos etc. 
Um dos objetivos desse tipo de texto é despertar uma reflexão que leve o 
leitor a seguir uma linha de raciocínio e ser convencido pelo autor a respeito 
de sua lógica, hipóteses ou argumentos. 
Observe, a seguir, um exemplo de texto dissertativo-argumentativo no 
qual o autor tenta convencer os leitores a respeito de seu pensamento sobre 
a sociedade e seu futuro. O texto apresentado é composto de fragmentos do 
manifesto chamado “A Sociedade Industrial e seu Futuro”, escrito por Theodore 
Kaczynski, um terrorista americano conhecido como Unabomber que, nos 
anos 1990, exigiu que os jornais americanos divulgassem seu texto, garantindo, 
em troca, que os atentados realizados por ele cessariam no momento que seu 
manifesto fosse publicado.
A Sociedade Industrial e seu Futuro 
(Theodore Kaczynski) 
O processo de afirmação pessoal
33. Os seres humanos têm necessidade (provavelmente biológica) daquilo a que 
chamaremos o “processo de afirmação pessoal”. Embora esteja intimamente ligado à 
necessidade de poder (que é geralmente reconhecida), não é propriamente a mesma 
coisa. O processo de afirmação pessoal tem quatro elementos. Há três melhor definidos 
que chamamos ter um objetivo, esforçar-se para alcançá-lo e atingi-lo. (Todos precisam 
de ter objetivos que para serem atingidos requerem esforço, e precisam de conseguir 
atingir pelo menos alguns desses objetivos.) O quarto elemento é mais difícil de definir 
e pode não ser uma necessidade para toda a gente. Chamamos-lhe autonomia e será 
discutido mais à frente [...].
34. Considere-se o exemplo hipotético de alguém que passa a ter tudo o que quiser 
sem esforço. Embora tenha poder, essa pessoa há de ficar com problemas psicológicos 
graves. De início irá divertir-se muito, mas aos poucos sentir-se-á fortemente aborrecida 
e desmoralizada. Acabará até por ficar clinicamente deprimida. A História demonstra 
que as aristocracias desocupadas tenderam a tornar-se decadentes [...] por não terem a 
necessidade de aplicar-se em nada geralmente aborreciam-se, tornavam-se hedonistas 
e desmoralizadas, mesmo que detendo o poder. Isto mostra que o poder por si só não 
é suficiente. São necessário objetivos que orientem o exercício desse poder.
35. Todos têm objetivos; se não for para mais nada, pelo menos para satisfazer 
as necessidades vitais: comida, água, e roupas e abrigos de acordo com o clima. [...]
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual14
36. A não-realização de objetivos importantes resulta na morte se os objetivos forem 
necessidades vitais, e em frustração se a não-realização dos objetivos é compatível 
com a sobrevivência. A falha em realizar objetivos ao longo da vida resulta neste caso 
em derrotismo, fraca autoestima ou depressão.
37. Assim, para obviar problemas psicológicos graves, os seres humanos precisam 
de ter objetivos cuja realização exija empenhamento, e de terem uma certa taxa de 
sucesso nessa realização.
38. [...] Quando as pessoas não tenham de aplicar-se para satisfazerem as suas neces-
sidades vitais é frequente estabelecerem objetivos artificiais por si próprias. Em muitos 
casos acabam por esforçar-se com a mesma energia e envolvimento emocionais que 
teriam posto para a satisfação de necessidades vitais. [...]
39. Usamos o termo “atividade de substituição” para designar atividades orientadas 
por objetivos artificiais e que as pessoas estabelecem por si próprias meramente 
para terem uma razão para se esforçarem, ou seja, meramente pela “realização” que 
resulta de tentarem atingir esses objetivos. Eis uma maneira de identificar atividades 
de substituição. No caso de uma pessoa que devota muito tempo e energia para 
atingir um objetivo X, se em vez disso tivesse de orientar a maior parte do seu tempo 
e energia para a satisfação das suas necessidades biológicas, com o empenho dos 
seus recursos físicos e mentais de uma maneira variada e interessante, será que essa 
pessoa se sentiria gravemente carenciada por não atingir o objetivo X? Se se vir que a 
resposta é não, então o esforço dessa pessoa para realizar o objetivo X é uma atividade 
de substituição. [...] Por outro lado, a obtenção de sexo e amor (por exemplo) não é 
uma atividade de substituição, porque a maior parte das pessoas, mesmo que as suas 
existências fossem de resto satisfatórias, se sentiriam carenciadas se passassem por 
esta vida sem alguma vez terem tido uma relação desta natureza. 
Fonte: Dbio Uevora (2000?).
Podemos observar, com o texto acima, que embora possamos não concor-
dar com algumas ideias apresentadas pelo autor, sua composição textual é 
formada por definições, exemplos e comparações que além de dissertar sobre 
um determinado ponto, também servem como fundamentos e bases para as 
premissas que serão dispostas pelo ao longo do texto. 
Esse manifesto é um exemplo bastante claro de texto dissertativo-argu-
mentativo por trazer não apenas fatos, mas também a opinião do autor como 
uma tentativa de convencer o leitor sobre seu ponto de vista.
Entre os exemplos de textos dissertativo-argumentativos estão manifestos, 
textos introdutórios de abaixo-assinados, artigos de opinião, sermões etc. 
15Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
Texto explicativo (injuntivo e prescritivo) 
O texto explicativo é aquele que tem como principal objetivo instruir o leitor 
a respeito de algum processo ou procedimento. Esses textos se caracterizam 
por linguagens que instruam e incentivem a ação, direcionando o compor-
tamento do leitor. 
O tipo de linguagem empregada por esse tipo de texto é, geralmente, ob-
jetiva e clara, com um grande número de verbos no imperativo, no infinitivo 
ou no presente do indicativo. 
Embora muitas vezes possam ser entendidos como sinônimos, existe uma 
distinção entre texto explicativo-injuntivo e explicativo-prescritivo, que se 
diferem pelo grau de obrigação ao seguir as instruções dadas. Os textos 
explicativos-injuntivos informam, aconselham, ajudam e recomendam, de 
forma que o leitor tenha um certo grau de liberdade, e os textos explicativos-
-prescritivos exigem, demandam e obrigam, sem que o leitor tenha liberdade. 
Observe, a seguir, um texto que se caracteriza comoexplicativo-injuntivo.
Receita de Pão de Queijo 
Em uma panela, ferva a água e acrescente o leite, o óleo e o sal.
Adicione o polvilho, misture bem e comece a sovar a massa com o fogo desligado.
Quando a massa estiver morna, acrescente o queijo parmesão, os ovos e misture bem.
Unte as mãos e enrole bolinhas de 2 cm de diâmetro.
Disponha as bolinhas em uma assadeira untada com óleo, deixando um espaço 
entre elas.
Asse em forno médio (180º C), pré-aquecido, por cerca de 40 minutos.
Fonte: Oliveira (2017).
Nas instruções acima, observamos um tipo de texto que orienta o leitor a 
fazer pão de queijo. Os procedimentos dados servem como conselhos de qual 
a melhor maneira de proceder (de acordo com o autor) para que a receita seja 
bem-sucedida. Contudo, podemos observar que o texto dá um certo grau de 
liberdade para que o leitor tome ações diferentes do que é instruído (como 
ferver os ingredientes em uma leiteira em vez de uma panela ou fazer bolinhas 
de 3 cm em vez de 2 cm). 
Observe, agora, um exemplo de texto explicativo-prescritivo:
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual16
Modelo de contrato de compra e venda 
DAS OBRIGAÇÕES
Cláusula 1ª - O VENDEDOR se obriga a entregar ao COMPRADOR o 
Documento Único de Transferência (DUT), assinado e a este reconhe-
cido firma.
Cláusula 2ª - O VENDEDOR se responsabilizará pela entrega do auto-
móvel ao COMPRADOR, livre de qualquer ônus ou encargo.
Cláusula 3ª - O COMPRADOR se responsabilizará, após a assinatura deste 
instrumento, pelos impostos e taxas que incidirem sobre o automóvel.
Fonte: Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (2018).
No texto acima, que é um exemplo de contrato de compra e venda, pode-
mos observar que a linguagem é bastante objetiva e que o leitor (que seria o 
vendedor ou o comprador no caso do exemplo) não tem liberdade alguma de 
agir de forma diferente do que diz o texto.
Diferentemente do texto explicativo-injuntivo – que orienta e aconselha 
o leitor ─, o texto explicativo-prescritivo obriga o leitor a agir da forma 
determinada por ele.
Entre os exemplos de textos explicativos-injuntivos estão os manuais de 
instrução, os livros de autoajuda, as receitas culinárias etc. Como exemplos 
de textos explicativos-prescritivos, podemos mencionar contratos, leis de 
trânsito, edital de concursos etc. 
Uma tipologia textual não exclui outra. É possível encontrarmos composições de 
textos que apresentem mais de uma tipologia textual, como um texto descritivo no 
meio de um texto narrativo, por exemplo.
Observe que as tipologias textuais, além de utilizar linguagens diferentes, 
também apresentam estruturas distintas que devem ser seguidas e respeitadas 
17Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
para que um texto possa se enquadrar corretamente em um certo tipo, de 
acordo com seus objetivos.
Além das tipologias textuais, textos também podem se classificados de 
acordo com gêneros textuais, como veremos na próxima seção.
Gênero textual 
Agora que aprendemos sobre as diferentes tipologias textuais, podemos estudar 
os diferentes gêneros textuais. 
Gêneros textuais são textos que apresentam características distintas e que 
exercem funções comunicativas específicas; ou seja, esses textos se caracte-
rizam por compartilhar os mesmos traços entre textos do mesmo gênero, por 
apresentar traços distintos de outros gêneros e por cumprir objetivos diferentes. 
Pense, primeiramente, na diferença entre uma carta, um romance e uma 
lista de supermercado. A carta tem por objetivo conectar duas (ou mais) pessoas 
e transmitir informações, um romance tem por finalidade entreter um leitor 
e contar uma história; já a lista de supermercado se caracteriza por conter 
nomes de itens que devem ser comprados. 
Agora, pense no formato de apresentação de cada um desses textos. Você 
acharia muito estranho se recebesse uma “carta” com trezentas páginas, com 
uma capa e um sumário, certo? Mas não acharia estranho receber um romance 
com esse formato. 
E já pensou se você recebesse uma lista de compras antes de ir ao mercado 
e, chegando lá, abrisse e encontrasse no próximo texto?
Caríssimo filho, 
Peço-lhe, gentilmente, que não se esqueças de comprar farinha e ovo para que eu possa 
fazer o bolo de amanhã. Também é necessário que traga dois litros de leite, não só para o 
bolo, mas também para o consumo no café-da-manhã. 
Lembrei-me daquele dia em que comemos pipoca no cinema. Por esse motivo, senti a 
necessidade de lhe pedir que também comprasse milho para pipoca. 
...Atenciosamente, 
Sua mãe. 
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual18
Certamente essa não é a disposição que estamos acostumados a receber 
para uma lista de compras.
Os gêneros textuais, além de conteúdos que sejam propícios aos seus fins 
comunicativos, também são caracterizados pela forma de apresentação dos 
textos, que está altamente relacionados ao papel que cada texto deve cumprir. 
Um leitor que recebesse o texto acima como uma “lista de compras” certa-
mente perderia tempo no mercado lendo frases que não são necessárias para 
as compras e, ainda por cima, correria o risco de esquecer algum item por não 
estar facilmente indicado no corpo do texto. Um texto que deveria ter quatro 
palavras (farinha, ovo, leite, milho) foi disposto em setenta palavras de forma 
não usual para o seu objetivo.
Gêneros textuais devem levar em consideração todos os aspectos que 
proporcionem uma comunicação eficiente, como emissor, receptor, objetivo, 
canal, mensagem etc. 
Diferente das tipologias textuais, os gêneros textuais são de inúmeros 
tipos e surgem de acordo com as necessidades sociais distintas para cada 
ação comunicativa. 
Entre os exemplos de gêneros textuais estão: carta (pessoal e empresa-
rial), telefonema, notícia de jornal, artigo de revista, artigo de jornal, artigo 
acadêmico, piada, receita, bula de remédio, biografia, entrevista, romance, 
poesia, conto, monografia, aviso, lenda, fábula, lista de compras, ensaio, 
editorial, e-mail, abaixo-assinado, diário, currículo, entrada de dicionário, 
texto enciclopédico etc. 
Os exemplos mencionados acima servem apenas para ilustrar a grande 
variedade de gêneros textuais existentes. Como já foi dito, cada necessidade 
comunicativa pode abrir espaço para o surgimento de um gênero textual 
diferente. 
Observe, agora, três exemplos de textos:
19Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
Texto 1
PARACETAMOL 
Analgésico Antitérmico
Comprimidos 750 mg e Gotas 200 mg/ml
Uso adulto e pediátrico
Indicações:
Como analgésico e antipirético.
Contraindicações:
Não deve ser administrado a pacientes com conhecida hipersensibilidade ao 
paracetamol.
Posologia:
Adultos e crianças acima de 12 anos: TYLEPHEN 750 mg: 1 comprimido 3 a 4 vezes 
ao dia. Não exceder o total de 5 comprimidos, em doses fracionadas, num intervalo 
de 24 horas. 
Crianças: Gotas deve ser administrado na dose de 1 gota por kg de peso, até o limite 
de 35 gotas por dose. Essa administração pode ser repetida 4 a 5 vezes ao dia, com 
intervalos de 4 a 6 horas, não devendo ultrapassar 5 administrações nas 24 horas.
Fonte: Bulas Med (2018).
Texto 2
Domingo, 14 de junho de 1942 
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas. Pudera! Era dia do meu aniversário. 
É claro que eu não tinha permissão para levantar àquela hora, e por isso tive de refrear 
a minha curiosidade até as quinze para as sete. Aí então não aguentei mais e corri 
até a sala de jantar, onde recebi as mais efusivas saudações de Moortie (a gata). Logo 
depois das sete fui dar bom-dia à mamãe e ao papai, e, depois, corri à sala de estar para 
desembrulhar meus presentes. O primeiro que me saudou foi você, possivelmente 
o melhor de todos. Sobre a mesa havia também um ramo de rosas, uma planta e 
algumas peônias; durante o dia chegaram outros. Ganhei uma porção de coisas de 
mamãe e papai e fui devidamente presenteada por vários amigos. Entre outras coisas, 
deram-me um jogo de salão chamado Câmara Escura, muitos doces, chocolates,um 
quebra-cabeça, um broche, os Contos e lendas dos Países Baixos, de Joseph Cohen, 
Daisy e suas férias nas montanhas (um livro espetacular) e algum dinheiro. Agora posso 
comprar “Os mitos da Grécia e Roma” — que legal!
Fonte: Frank e Pressler (2009).
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual20
Texto 3
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Fonte: Fernando Pessoa (1946).
Lendo e observando os textos acima, você consegue ver alguma diferença 
entre eles? 
Várias, correto? 
O texto 1 é uma bula de remédio, o texto 2 é uma parte de um diário e 
o texto 3 é um poema. Às vezes, não seria preciso nem que o leitor lesse o 
conteúdo total dos textos para identificar a que gênero eles pertencem. Essa 
convenção de formatação de diferentes textos ajuda a caracterizar diferentes 
gêneros textuais. 
Além de conteúdos e linguagens diferentes, os três textos também possuem 
objetivos diferentes. O primeiro texto serve como informativo a respeito de um 
remédio, o segundo serve como registro de um dia em um diário (e também 
como narrativa para informar e entreter um leitor de um livro que foi baseado 
nesse diário) e o terceiro tem por objetivo conscientizar ou despertar emoções. 
Esses três textos são exemplos claros de diferentes gêneros textuais, que 
se caracterizam não só pelo conteúdo e linguagem, mas também – e princi-
palmente ─ por sua disposição e seus objetivos comunicativos. 
Agora que já conhecemos as diferentes tipologias textuais e sabemos que 
existem diversos gêneros textuais, vamos relacionar as duas classificações e 
apresentar exemplos de gêneros textuais que se enquadram em cada uma das 
tipologias textuais.
 � Gêneros textuais que se enquadram no tipo textual narrativo: his-
tórias, fábulas, romances, contos, novelas, crônicas, histórias curtas, 
dramas, teatro etc.
 � Gêneros textuais que se enquadram no tipo textual descritivo: 
classificados, menus de restaurante, páginas de diários, informativos 
turísticos, informações técnicas de produtos etc.
21Noção de texto, tipologia textual e gênero textual
 � Gêneros textuais que se enquadram no tipo textual dissertativo:
enciclopédias, artigos acadêmicos, artigos de opinião, manifestos,
sermões etc.
 � Gêneros textuais que se enquadram no tipo textual explicativo:
receitas, manuais de instrução, editais, contratos, livros de autoajuda etc. 
Neste capítulo, aprendemos que texto não é apenas um aglomerado de 
palavras, mas sim uma manifestação linguística que comunica e carrega 
algum significado dentro de um contexto, apresentando sentido. Aprende-
mos, também, que um texto se manifesta de diferentes formas e que pode ser 
composto em diferentes extensões. 
Ademais, observamos a diferença entre tipologias textuais (que se carac-
terizam por sua forma e objetivos) e gêneros textuais (que se definem pela 
sua função comunicacional e social), identificando que, embora as tipologias 
textuais sejam limitadas e definidas, os gêneros textuais se classificam e se 
manifestam de diferentes formas, surgindo de diferentes situações e neces-
sidades comunicacionais. 
Voltando ao exemplo que iniciou o capítulo (Circuito Fechado), podemos 
concluir que ele é, de fato, um texto, cuja tipologia textual é narrativa e cujo 
gênero textual pode ser entendido como um conto. 
E o texto desse capítulo que você acabou de ler? Em qual tipologia você 
o enquadraria? Qual seria o seu gênero textual?
Noção de texto, tipologia textual e gênero textual22
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RAMOS, R. Os melhores contos. São Paulo: Global, 1998.
Leituras recomendadas
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1999.
NORMA CULTA. Tipologia textual: os diferentes tipos textuais. [S.l.: s.n.], 2007-2018.
25Noção de texto, tipologia textual e gênero textual

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