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DISCIPLINA: PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECA Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 E-ISSN 1808-5245 | 326 Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo Doutora; Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil; solsouzam@gmail.com Cristina Dotta Ortega Doutora; Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil; ortega@eci.ufmg.br Resumo: Frente à dicotomia em torno da biblioteca – ora de superação, ora de valorização –, adota-se o termo unidade de informação como modo de englobar os diversos ambientes de informação que condizem com a prática bibliotecária. No entanto, os modos de uso do termo são distintos, não respondem amplamente pela realidade do mercado de trabalho e são pouco problematizados na literatura. Assim, o objetivo do trabalho é explorar o termo unidade de informação, no que tange aos seus modos de uso, em especial no Brasil, e às suas possibilidades de caracterização. Metodologicamente, realizou-se levantamento não exaustivo da literatura atinente às questões colocadas sobre o tema, em quatro partes: a diversidade de termos e conceitos em torno da ideia de unidades de informação; os tipos de unidades de informação que foram base da construção do termo, como bibliotecas, centros de documentação e centros de informação, e alguns tipos criados mais recentemente; a caracterização das unidades de informação como sistema; e seu modo de funcionamento no que se refere aos condicionantes internos e externos às unidades. Considera-se, ao final, a identificação dos diversos modos de uso do termo unidade de informação, nem sempre atrelados ao campo, e a necessidade da estabilidade de termos para sua consolidação. Palavras-chave: Unidades de informação. Bibliotecas. Sistemas de informação. Ambientes de informação. 1 Introdução O termo unidades de informação é bastante utilizado no Brasil nos currículos dos cursos de graduação em Biblioteconomia e em trabalhos aqui publicados, como no caso daqueles relacionados ao mercado de trabalho bibliotecário. O termo é utilizado para contemplar as diversas instituições (ou setores delas) que se ocupam de produzir e oferecer serviços e produtos de informação bibliográfica. Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 327 E-ISSN 1808-5245 No entanto, este termo não é amplamente usado no mercado de trabalho, já que se considera, neste contexto, os nomes específicos dos ambientes de informação em questão, quais sejam, biblioteca, centro de documentação, entre outros. O pano de fundo deste cenário são certos pontos de vista adotados no ensino e na pesquisa, que seguem ao menos dois movimentos. O primeiro vai em direção a uma espécie de superação da biblioteca, vista como lugar menos necessário, junto à valorização de ambientes de informação implementados em empresas. Já o outro movimento, resultante deste primeiro, vai em direção contrária, ou seja, no sentido do retorno ao lugar da biblioteca, como lugar que define – exclusivamente – a prática bibliotecária e permite explicá-la, em esforço que marca a busca por uma espécie de identidade perdida, ou quase esquecida, e que encontra aí seu porto seguro. Como podemos ver, os dois movimentos, embora aparentemente opostos, pautam-se pelo mesmo parâmetro – a biblioteca –, que é, ou pouco considerada, ou posta em posição de exclusividade, a despeito da complexidade dos modos de manifestação do campo. Um outro movimento, menos orientado por pontos de vista, pauta-se pela construção contínua de conceitos definitórios do campo que, fornecem terreno sólido para a observação das soluções implementadas na prática profissional e para a elaboração de quadros teóricos e metodológicos consistentes. No entanto, este terceiro movimento, é bastante disperso e menos evidente, o que, junto ao quadro acima traçado, contribui para que os usos do termo unidades de informação sejam emblemáticos desse lugar paradoxal em que a biblioteca foi colocada. A situação atual traz a necessidade de adoção de um termo genérico para referenciar os diversos tipos de sistemas e serviços bibliográficos, haja vista o fato de que a consolidação do campo exige terminologia que responda pelo modo como ele se manifesta socialmente. Frente à diversidade de termos encontrados na literatura consultada e seus respectivos conceitos, justifica-se a exploração do termo unidade de informação. Em função disso, coloca-se a questão sobre as origens do termo e seus modos de uso, questionando o seu percurso, ou seja, se houve algum nível de estabilização terminológica. No que tange à busca pela caracterização das chamadas unidades de informação, a ideia de unidade colabora Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 328 E-ISSN 1808-5245 para a exploração do termo na perspectiva sistêmica. Toda unidade é formada por partes que se articulam entre si, funcionando de determinado modo a depender da estrutura (ou sistema) que representam. Desta forma, a cada estrutura corresponde uma função, sendo esse caminho, portanto, profícuo para o desenvolvimento do termo. O objetivo do trabalho é explorar o termo unidade de informação, no que tange ao seu uso, em especial no Brasil, e às suas possibilidades de caracterização. Metodologicamente, realizou-se levantamento não exaustivo da literatura relativa às questões colocadas para o desenvolvimento do tema. O recorte envolveu apenas as unidades de informação que prestam serviços de informação bibliográfica, por serem representativas do campo de interesse das autoras. As bibliotecas – unidades emblemáticas da Biblioteconomia e Ciência da Informação – são, por este motivo, mais exploradas em suas tipologias, com uso da literatura brasileira reconhecida sobre o tema. Para a definição e caracterização das unidades de informação nesta perspectiva, o período incluiu textos publicados da década de 1970 ao início dos anos 2000. Além desta primeira parte, a Introdução, apresentamos uma segunda parte com a diversidade de termos e conceitos em torno da ideia de unidades de informação; uma terceira parte, em que discorremos sobre os tipos de unidades de informação que foram base da construção do termo, como bibliotecas, centros de documentação e centros de informação; uma quarta parte, em que caracterizamos as unidades de informação como sistema, demonstrando a pertinência desta concepção ao campo e; uma quinta parte, em que tratamos do modo de funcionamento no que refere aos condicionantes internos e externos às unidades. Por fim, nas Considerações finais, apresentamos questões gerais sobre o assunto abordado. Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 329 E-ISSN 1808-5245 2 Diversidade de termos e conceitos Uma variedade de termos e conceitos circunda o que podemos chamar de unidades de informação. Na maioria dos casos, o termo é adotado para ambientes de informação de cunho bibliográfico, numa perspectiva contingencial, ou seja, à falta de maiores generalizações. Para Morin (2001), ambientede ações que, superadas, possibilitarão a realização da etapa seguinte. Estas ações visam a identificar quais são os serviços específicos para cada tipo de biblioteca; que peculiaridades o seu usuário tem, no que se refere a necessidades informacionais (por exemplo, as necessidades informacionais de uma criança, inerentes à biblioteca infantil, não coincidem com as necessidades de um pesquisador, cuja satisfação deve ser dada pela biblioteca universitária); que novas demandas podem suscitar essas peculiaridades; que inovações estão sendo implementadas em centros mais avançados e que poderiam ser adaptadas a outra realidade. Entenda-se por serviço o conjunto organizado que materializa as funções de determinado tipo de biblioteca, orientado para atender a seu usuário específico. Tendo em vista a dinâmica das bibliotecas, por serem organismos em permanente crescimento, segundo registrou Ranganathan em sua quinta lei, “[...] a expansão dos serviços bibliotecários deve ser vista de forma a possibilitar a democratização dos avanços científicos e tecnológicos [...] permitindo a evolução da sociedade em busca do bem-estar coletivo. (AMARAL, 1995) Objetivamente, a equipe da biblioteca deve elencar os serviços específicos segundo o tipo (ou categoria) da biblioteca objeto de seu trabalho, considerando tanto os serviços tradicionais (meio e finalísticos), quanto os decorrentes e possibilitados pelas tecnologias de informação e comunicação. A respeito, Antonio Miranda (1993) desenvolveu um estudo onde propõe uma estrutura de biblioteca a partir da combinação de duas teorias: a de Peter Senge, organizações que aprendem, e a de Peter Drucker, organizações baseadas na informação. Com isto, PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 48 pretende que a estrutura organizacional abrigue os serviços bibliotecários em três grandes blocos, visando a evitar uma excessiva departamentalização e, assim, a burocratização e dificuldade nos processos comunicacionais. Estes blocos correspondem aos serviços-meios (administrativos e técnicos) e aos finalísticos ou sociais (destinados ao usuário), nos quais seus executores, como especialistas em suas respectivas áreas, não necessitam aguardar ordens superiores para agir. Assim, o autor defende que cada membro da equipe se capacite como especialista no seu mister, de modo a ter autonomia e poder decisório, mas que interaja de forma harmônica com seus pares, tal como ocorre em uma orquestra – esta é a metáfora. Não nos ocuparemos aqui dos serviços administrativos porquanto se repetem de uma organização para a outra, variando simplesmente na sua dimensão. Quanto aos serviços técnicos, eles correspondem, lato sensu, à formação e desenvolvimento de coleções, iniciando-se assim pelo processo de seleção, pelo processamento técnico propriamente dito, preparo para circulação, até as medidas de preservação. O quadro a seguir oferece sinteticamente as atividades e características inerentes a cada processo dos serviços técnicos tradicionais, por tipo de biblioteca, visando a dar subsídios para a sua organização: Tipo de biblioteca Seleção Processamento técnico Preparo para circulação Preservação Nacional Obras representativas da produção intelectual do país e que não sejam as recolhidas por força do depósito legal. Adoção de sistema de gerenciamento de coleções que integre todas as funções da biblioteca e possibilite a geração da bibliografia nacional. Catalogação nível 3. Catálogo de acesso público. Catálogo de autoridade de autor, de assunto e de editora. Exportação e importação de registros bibliográficos por meio de protocolo universal de intercâmbio de registros. Etiquetagem de lombada para localização física. Etiquetagem para controle de circulação (código de barra e segurança magnética). Higienização regular. Temperatura entre 18 e 22º. Umidade controlada. Encadernação preventiva e curativa. Restauração. Pública Livros de todas as classes do conhecimento, sem especialização. Adoção de sistema de gerenciamento de coleções que integre todas as funções da Etiquetagem de lombada para localização física. Etiquetagem para Higienização regular. Temperatura entre 18 e 22º. PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 49 Memória local. Literatura. Obras técnicas e úteis para a vida do cidadão. Material de apoio ao ensino formal e à educação continuada. Jornais, revistas informativas, publicações oficiais. biblioteca; Catalogação nível 1. Catálogo de acesso público. Exportação e importação de registros bibliográficos por meio de protocolo universal de intercâmbio de registros. controle de circulação (código de barra e segurança magnética). Umidade controlada. Campanhas educativas para manuseio correto dos materiais; Encadernação preventiva e curativa. Restauração. Escolar Livros didáticos e paradidáticos; Literatura Obras de apoio aos professores; Materiais especiais (didáticos e lúdicos) Adoção de sistema de gerenciamento de coleções que integre todas as funções da biblioteca; Catalogação nível 1. Catálogo de acesso público. Exportação e importação de registros bibliográficos por meio de protocolo universal de intercâmbio de registros. Etiquetagem de lombada para localização física. Etiquetagem para controle de circulação (código de barra). Higienização regular. Temperatura entre 18 e 22º. Umidade controlada. Campanhas educativas para manuseio correto dos materiais. Encadernação preventiva e curativa. Universitária Bibliografias básicas e complementares dos cursos de graduação e pós- graduação. Revistas científicas. Memória técnico- científica da instituição. Obras representativas do pensamento universal (clássicos). Coleções especiais (de intelectuais, cientistas etc.). Obras raras e valiosas. Adoção de sistema de gerenciamento de coleções que integre todas as funções da biblioteca; Catalogação nível 2. Catálogo de acesso público. Exportação e importação de registros bibliográficos por meio de protocolo universal de intercâmbio de registros. Etiquetagem de lombada para localização física. Etiquetagem para controle de circulação (código de barra e segurança magnética). Higienização regular. Temperatura entre 18 e 22º. Umidade controlada. Campanhas educativas para manuseio correto dos materiais. Encadernação preventiva e curativa. Restauração. Especializada Revistas especializadas. Obras de suporte aos programas e projetos de determinada organização. Adoção de sistema de gerenciamento de coleções que integre todas as funções da biblioteca. Catalogação nível 2. Catálogo de acesso Etiquetagem de lombada para localização física; etiquetagem para controle de circulação (código de barra). Higienização regular. Temperatura entre 18 e 22º. Umidade controlada. Encadernação PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 50 público. Exportação e importação de registros bibliográficos por meio de protocolo universal de intercâmbio de registros. preventiva. Quadro 2 - Serviços técnicos tradicionais por tipo de biblioteca Fonte: elaboração própria. No que se refere aos serviços ao usuário, o que se assiste é a convivência – e tudo indica que assim será por muito tempo – dos serviços tradicionais, isto é, típicos das bibliotecas com paredes, com os serviços mediados por computador e disponibilizados com ferramentas web.Aliás, hoje, é não só desejável, mas absolutamente necessário, que as bibliotecas potencializem suas funções mediante a adoção de recursos eletrônicos. Isto tanto possibilitará um mais amplo acesso à informação, quanto ensejará o treinamento do usuário no manejo das diferentes fontes existentes, tanto em acesso restrito quanto em arquivos abertos (Open Access Archives). Os serviços elencados a seguir são oferecidos em bibliotecas cujo público é constituído por adultos e se materializam mediante as seguintes modalidades: consulta dos materiais na sede, empréstimo domiciliar e interbibliotecário, comutação bibliográfica, orientação no uso da biblioteca e dos seus recursos, prestação de informação geral e especializada, levantamentos e pesquisas bibliográficas a pedido, orientação na elaboração de trabalhos segundo normas de documentação, encaminhamento de usuários a unidades de informação mais adequadas às suas necessidades, fornecimento de cópias (desde que atendidas a legislação e as normas de direito autoral vigentes). No caso do atendimento a um público infantil e juvenil, nem todos esses serviços serão oferecidos na sua integralidade devido a pouca complexidade da demanda (oriunda de crianças e adolescentes) e serão materializados em atividades de recreação, educação e lazer, como hora do conto, teatro, concursos literários, apresentações musicais, palestras educativas, leituras dramatizadas, oficinas de artesanato, exposição de artes, recitais de poesia, oficinas de cordel, sessões de cinema, diálogos com escritores, entre outros. Já no que tange aos serviços mediados pelas tecnologias de informação e comunicação, destacam-se os de referência virtual, que abarcam as bibliotecas digitais, serviços virtuais em geral, como bases de dados, portais de serviços, repositórios institucionais, redes sociais, redes colaborativas, entre outros (MÁRDERO ARELLANO, 2001), não só para atendimento na sede, mas para uso remoto e para o ensino a distância, PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 51 recurso este que vem se universalizando cada vez mais, tendo em vista a possibilidade de atender demandas, independentemente de onde esteja o interessado1 . Da organização e do controle Definido o elenco de serviços a ser implantado e/ou implementado, o terceiro passo será a sua organização, como processo2 a) Analisar os objetivos estabelecidos na fase do planejamento e o trabalho a ser executado em cada serviço; , que de forma simples e objetiva é o que Maximiano (2007, p. 209) considera o “processo de dividir o trabalho entre as pessoas para realizar os objetivos [...]”, agrupando as tarefas por órgãos e cargos, alocando recursos e definindo autoridade e responsabilidade. (CHIAVENATO, 1999, p. 138) Esta concepção implica as seguintes etapas: b) Dividir o trabalho (em partes, unidades, blocos, órgãos, cargos), de acordo com os critérios mais adequados para alcançar os objetivos estabelecidos; c) Definir as responsabilidades, isto é, os deveres das pessoas na execução das tarefas e atividades (de cada parte, unidade, bloco, órgão, cargo); d) Definir e atribuir os níveis de autoridade formal a pessoas para que dirijam (comandem) uma determinada equipe (responsável de cada parte, unidade, bloco, órgão, cargo); e) Desenhar a estrutura organizacional, onde estarão refletidos os níveis hierárquicos (linhas de comando) entre as pessoas, a amplitude de controle (o que cada parte, bloco, unidade, órgão, cargo abarca) e o modo de comunicação dentro daquela estrutura. (MAXIMIANO, 2001, p. 210-215) f) Identificar as necessidades de capacitação da equipe e promovê-la. Superadas essas etapas pela equipe de planejamento3 Implantados e implementados os serviços, chega-se ao quarto passo, referente ao controle, aqui entendido como o processo de acompanhamento e monitoramento dos serviços, , o pessoal da biblioteca estará preparado funcional e psicologicamente para a implantação e/ou implementação dos serviços planejados. 1 Ver também Ursula Blattmann e Gregório J. Varvakis Rados (2000), Sérgio Felipe Agostinho Mangas (2007) e Suzana Pinheiro Machado Mueller (2000). 2 Organização, como entidade, é um grupamento de pessoas, formalmente instituído, com objetivos definidos. No dizer de Maximiano (2007, p. 26), “é um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos.” 3 Visando ao comprometimento de todo o pessoal da biblioteca no cumprimento dos objetivos, a equipe de planejamento, ainda que tenha a responsabilidade da condução do processo, deve propiciar a participação do maior número possível de sujeitos, tendo em mente que eles têm, pela vivência, um conhecimento de causa a ser reconhecido e considerado (sob a ótica da cultura organizacional), além da familiaridade com o usuário. A soma dessas duas visões – teórica, por parte dos planejadores, e prática, por parte dos colaboradores em geral – resultará numa força sinérgica muito produtiva para o desenvolvimento dos serviços, uma vez que encontrará respaldo na motivação dos indivíduos. PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 52 visando à avaliação do desempenho organizacional, isto é, até que ponto a organização está cumprindo o que foi planejado (objetivos), determinado (dirigido) e organizado (estruturado, dividido), ou seja, se está sendo eficiente; e até que ponto seu usuário está satisfeito, quer dizer, se ela está sendo eficaz. É importante distinguir aqui que, como objeto de avaliação, o desempenho organizacional é medido de forma objetiva, mediante dados coletados a partir de relatórios gerenciais, e a satisfação do usuário é medida de forma subjetiva, isto é, segundo a opinião do usuário. Segundo Marta de la Mano González (1998, p. 176), a avaliação deve orientar-se para quatro objetivos: 1) determinar níveis de desempenho dos serviços; 2) comparar as condições e resultados com bibliotecas similares; 3) justificar a existência da biblioteca; e 4) identificar fontes de erro e de eficácia no desempenho dos serviços. Os dados estatísticos, para serem úteis e consequentes, quer dizer, para possibilitarem a criação de indicadores de desempenho de qualidade, devem seguir um ritual: regularidade e sistematização na coleta (= periodicidade definida e o mesmo modo de coleta, respectivamente). De posse de uma série histórica desses dados (por exemplo, produto de uma coleta de três anos), será possível extrair padrões de serviços e, a partir destes, construir indicadores de desempenho. Esses resultados do processo de controle, assim, constituirão os (novos) insumos para o planejamento. E após esses primeiros anos de investimento em criar uma infraestrutura administrativa bem aparelhada, a biblioteca passará a contar com um sistema de informações gerenciais que lhe possibilitará gestionar os seus recursos de forma racional e produtiva. Superada a dimensão objetiva da avaliação da biblioteca, como se viu, a partir de dados estatísticos até chegar aos indicadores de desempenho, o gestor deve voltar-se para a dimensão subjetiva da avaliação, qual seja, aquela referente à satisfação do usuário, tendo-se estas duas dimensões como elementos complementares, jamais excludentes. Dentre as inúmeras técnicas disponíveis na literatura para conhecer a opinião do usuário sobre os serviços que lhe são prestados, aqui vamos citar a metodologia LibQUAL+, já empregada no Brasil pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, dentro do Programa de Qualidade de Produtos e Serviços de Informação (SAMPAIO et al, 2004), e também em outros países latino-americanos,como Peru, Costa Rica, México e Colômbia (FUSHIMI, 2010, p. 119-120); sem contar a Argentina, especificamente a Biblioteca de Humanidades e PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 53 Ciências da Educação da Universidad Nacional e La Plata, cuja experiência – e já visão crítica das vantagens e desvantagens da ferramenta–, está registrada no livro Evaluación de bibliotecas universitarias; una propuesta desde las perspectivas objetiva y subjetiva, coordenado por Marcela Fushmi (2010). Trata-se de uma adaptação do ServQual – ferramenta própria para a avaliação de serviços empresariais, desenvolvida no âmbito do Marketing Science Institute, de Cambridge (Massachussets), nos anos de 1980. Baseava-se na convicção de que “[…] a qualidade de um serviço é complexa de ser avaliada, tendo em vista que o serviço é abstrato e subjetivo, e que o único caminho que possibilita medi-la tem relação direta com a satisfação do cliente.” (PENÉ; ROZENBLUM, 2010, p. 106, tradução nossa) O modelo ServQual foi adaptado e aplicado com êxito pelas bibliotecas da Universidade A&M (Texas) durante alguns anos; este fato desencadeou a necessidade de adaptá-lo, mediante um protocolo próprio, às peculiaridades das unidades de informação. Isto se deu ao final dos anos de 1990, quando surge, sob a responsabilidade de Fred Heath, Colleen Cook e Bruce Thompson, a primeira versão para os serviços bibliotecários, donde vem seu nome Lib (de library) e Qual (de quality). Alguns anos mais tarde, com apoio da Association of Research Libraries (ARL), a referida metodologia evoluiu para o modelo atual, constituindo-se “[...] em uma das iniciativas de novas medições desenvolvidas como parte do ARL Statistical and Measurement Program [...]. (PENÉ; ROZENBLUM, 2010, p. 107, tradução nossa) Pode-se dizer, enfim, que o LibQual+ é uma ferramenta que possibilita o conhecimento da qualidade dos serviços prestados por uma unidade de informação, por meio de dados que revelam a percepção dos usuários sobre os serviços oferecidos. Segundo Green e Kyrillidou (2010 apud PENÉ; ROZENBLUM, 2010, p. 108), o LibQual tem os seguintes objetivos: • Fomentar uma cultura de excelência na prestação do serviço bibliotecário. • Ajudar as bibliotecas a compreender melhor o que os usuários percebem como serviços de qualidade. • Coletar e interpretar as opiniões dos usuários ao longo do tempo. • Oferecer informação que possibilite a avaliação comparativa com outras unidades similares de informação. • Identificar as melhores práticas nos serviços bibliotecários. PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 54 • Melhorar a capacidade de análise do pessoal da biblioteca para interpretar e atuar segundo os dados obtidos. Como técnica, o LibQual+ é aplicado por meio de enquete via web, estruturada em quatro partes: a) levantamentos de dados pessoais (opcional); b) perguntas, em número de 22, sobre os serviços propriamente ditos; c) livre expressão dos usuários acerca de suas opiniões, sugestões e críticas; d) perguntas locais, elaboradas pela própria biblioteca ou extraídas de um elenco sugerido pela própria metodologia. A avaliação, como diz Lancaster (2003), não tem um fim em si, conforme também é possível depreender do dito anteriormente. Trata-se de um processo que se integra de forma sistêmica a todos os outros processos ou funções administrativas, com a finalidade primeira de servir de insumo para o (re) planejamento, sem desconsiderar suas outras funções de averiguar o cumprimento dos objetivos, de ajustar desvios de rota, de justificar novos aportes de recursos orçamentários, de certificar-se da satisfação do usuário final. Considerações finais A preocupação para com as bibliotecas e o desenvolvimento de seus serviços, se por um lado supõem a criação de um aparato teórico e prático, técnico e tecnológico, envolvendo as funções que integram uma organização, por outro, em nosso país, remetem a uma questão de fundo que subjaz a todos esses aspecto formais: a questão do livro e da leitura. Livro impresso ou digital esta não é a questão. Rosa (2011, p. 19), reportando-se ao período colonial, explica as origens do problema, focando a “educação e questões socioeconômicas” e indaga a seguir: Sem uma política efetiva de modernização e aquisição de acervos para as bibliotecas públicas e a implantação de bibliotecas escolares nas redes públicas de ensino, bem como o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para incentivar a leitura em outro suporte, como queremos formar leitores?” A respeito do mesmo tema, cerca de 25 anos atrás, o economista Rômulo Almeida (1986, p. 7), por ocasião da sua conferência de abertura do I Ciclo de Estudos da Comissão Brasileira de Bibliotecas Públicas e Escolares (da FEBAB), faz a seguinte reflexão, também reportando-se ao Brasil - Colônia: que com a PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 55 [...] ausência de tipografias e de bibliotecas de acesso popular, as bibliotecas eram apenas privilégio dos letrados. Tudo isso estava no contexto de uma grande restrição à discussão, a tal ponto que durante o período final do século XVIII eram consideradas subversão as chamadas francesias, quer dizer, idéias de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa. Esta sociedade autocrática evidentemente não podia cultivar a conscientização e o livre debate, com informação [...] com a educação, o livro e a biblioteca. Felizmente, cientes da capacidade de superação do ser humano, temos exemplos de iniciativas voltadas à reversão desse quadro, tanto do ponto de vista governamental (os programas do Ministério da Cultura), como empresarial, além de generosas iniciativas de organizações não-governamentais, de grupos sociais e de pessoas físicas, seguramente amparados na mesma convicção: leitura como um fator de libertação, educação como um fator de inserção social, livro como fonte de informação e prazer e biblioteca como o espaço social de convergência desses fatores. OVERVIEW OF SERVICE ORGANIZATION IN INFORMATION UNITS Abstract This article presents the findings of a series of theoretical studies and practical experiences of professionals and professors within the context mentioned on the title. The purpose of this study is to combine elements deemed essential to plan the organization of library services and management in order to implement them according to the type of library at hand and the peculiarities of their users. Hence, the type of library adopted is based on three interdependent variables – function, collection and users. The five proposed types of libraries are briefly commented. The mission is then stated as the guideline to charter the manager’s actions, taking into account administrative functions, planning, management, organization and control, all of which focus on the organization and implementation of library services. Organizational structure employed was based on a study by Antonio Miranda, whereby library services are integrated into three major blocks or areas – administrative services, technical services and social services. A table shows technical services per type of library; services are commented, both the traditional and the computer-based. Conclusion presents organization and control functions, where the latter should include the component of quality management assessment and its condition of a consumable for (re) planning, emphasizing the objective and subjective aspects of the assessment process, for whichthe LibQUAL+ tool is recommended. Keywords: Librarian planning. Librarian services. Quality management. PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 56 Referências ALMEIDA, Rômulo. Palestra. 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Recebido em: 30/07/2011 Aceito em: 25/08/2011 ARTIGOS DE REVISÃO ISSN 1983-5213 O conceito de unidades de informação: uma revisão sistemática na Ciência da Informação Thais Batista Zaninelli tbz@uel.br Bárbara Lipinski babilipinski13@gmail.com Danieli Pinto danieli.pinto23@uel.br Diego Leonardo de Souza Fonseca diego.leonardo@uel.br Priscila Lopes Menezes Universidade Estadual de Londrina,Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, Londrina, PR, Brasil priscila.menezes@uel.br DOI: https://doi.org/10.26512/rici.v15.n2.2022.42562 Recebido/Recibido/Received: 2022-03-30 Aceitado/Aceptado/Accepted: 2022-06-19 ARTIGOS Resumo Consciente de que as unidades de informação são essenciais para a disseminação dos dados informacionais, especialmente em uma sociedade pautada pela informação, a pesquisa objetivou explorar quais são os conceitos, as definições, os objetivos, as funções e as perspectivas que vêm sendo utilizados no âmbito dos ambientes informacionais, uma vez que o termo “unidade de informação” é profusamente empregado na área da Ciência da Informação, e alude à ambientes físicos, tais como: bibliotecas, arquivos, museus e centros de informação e documentação. Os procedimentos metodológicos empregados foram baseados em uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) com uma abordagem qualitativa, analisada a partir de uma pesquisa descritiva. A coleta de dados foi realizada em 47 revistas brasileiras da área da Ciência da Informação, entre os anos 2000 e 2021, dispostas na plataforma Sucupira. Os resultados apontaram 21 artigos selecionados com base no protocolo de pesquisa e mostraram que não há um consenso na área acerca da definição de unidades de informação e de suas tipologias. Como contribuição deste estudo em torno do termo, propõe-se um novo conceito para unidades de informação. Palavras-chave: Unidades de informação. Ciência da Informação. Revisão sistemática da literatura. Knowledge management and sustainability in the organizational context: a systematic review in Information Science Abstract Aware that information units are essential for the dissemination of informational data, especially in an information-driven society, this research aimed to explore what are the concepts, definitions, objectives, functions and perspectives that have been used in the context of informational environments, since the mailto:tbz@uel.br mailto:babilipinski13@gmail.com mailto:danieli.pinto23@uel.br mailto:diego.leonardo@uel.br mailto:priscila.menezes@uel.br https://doi.org/10.26512/ https://doi.org/10.26512/rici.v13.n2.31160 RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 593 term "information unit" is profusely used in the area of Information Science, and alludes to physical environments such as libraries, archives, museums, and information and documentation centers. The methodological procedures employed were based on a Systematic Literature Review (SLR) with a qualitative approach, analyzed from descriptive research. The data collection was conducted in 47 Brazilian journals in the field of Information Science, between the years 2000 and 2021, available on the Sucupira platform. The results indicated 21 articles selected based on the research protocol and showed that there is no consensus in the area about the definition of information units and their typologies. As a contribution of this study around the term, a new concept for information units is proposed. Keywords: Information units. Information Science. Systematic literature review. El concepto de unidades de información: una revisión sistemática en la Ciencia de la Información Resumen Consciente de que las unidades de información son esenciales para la difusión de datos informativos, especialmente en una sociedad impulsada por la información, esta investigación se propuso explorar cuáles son los conceptos, definiciones, objetivos, funciones y perspectivas que se han utilizado en el contexto de los entornos informativos, ya que el término "unidad de información" es profusamente utilizado en el ámbito de la Ciencia de la Información, y alude a entornos físicos como bibliotecas, archivos, museos y centros de información y documentación. Los procedimientos metodológicos empleados se basaron en una Revisión Sistemática de la Literatura (RSL) con un enfoque cualitativo, analizado desde una investigación descriptiva. La recolección de datos se realizó en 47 revistas brasileñas del área de Ciencias de la Información, entre los años 2000 y 2021, disponibles en la plataforma Sucupira. Los resultados señalaron 21 artículos seleccionados con base en el protocolo de investigación y mostraron que no hay consenso en el área sobre la definición de unidades de información y sus tipologías. Como aportación de este estudio en torno al término, se propone un nuevo concepto de unidades de información. Palabras clave: Unidades de información. Ciencias de la información. Revisión sistemática de la literatura. 1 Introdução O termo "Unidades de Informação" (UI) é amplamente mencionado na Ciência da Informação (CI). Sua utilização remete à ideia de espaços físicos, tais como os arquivos, as bibliotecas, os museus e os centros de informação e documentação. Diante da variedade de ambientes informacionais, surge o questionamento acerca de qual é o conceito mais utilizado e/ou o que melhor define estes ambientes. Para além do uso terminológico nas estruturas curriculares dos cursos de graduação e pós-graduação em Biblioteconomia e no âmbito da pesquisa em CI, a conceituação em torno das UI também está presente na estrutura institucional das organizações, principalmente para determinar as tipologias de ambientes organizacionais de informação: bibliotecas, centros de documentação e informação, museus, arquivos, dentre outros. Observa-se que os estudos sobre o conceito das UI, do ponto de vista histórico, perpassa pela noção de espaço ou lugar, tendo como identidade de representação os ambientes que lidam com a produção, uso e compartilhamento da informação, apresentando como pano de fundo o oferecimento a uma sociedade/ou/grupo de usuários de serviços e produtos informacionais. Nesse sentido, ao discutir sobre o termo "UI", é fundamental analisar a evolução dos aspectos teóricos e conceituais na construção dessas representatividades terminológicas no campo científico-acadêmico. RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 594 Desse modo, partiu-se da seguinte questão de pesquisa: De que maneira o conceito de UI’s vem sendo discutido em diferentes perspectivas na literatura científica da CI? Sendo assim, o estudo buscou debruçar-se suas investigações para compreender, a partir de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), como os conceitos e as definições de UI’s estão sendo apresentados e caracterizados no âmbito das discussões científicas na CI. Para tal, diante da diversidade de abordagens e uso do termo, a revisão sistemática tem como enfoque explorar as pesquisas que tratam especificamente das UI’s em seu sentido conceitual, histórico, terminológico e funcional. Esta pesquisa está estruturada em cinco seções. Após esta introdução, que traz a contextualização, objetivo e justificativas da pesquisa, na sequência são apresentados os elementos teóricos que embasam o estudo. Na terceira seção descreve-se a metodologia empregada e apresenta-se o protocolo de pesquisa. Na quarta seção são apresentados e discutidos os resultados obtidos e, por fim, na quinta seção são expostas as considerações finais, seguidas das referências. 2 Unidades de informação: perspectivas e abordagens As informações registradas em diferentes suportes, sejam documentos, livros, mapas, esculturas, discos, áudios, entre outros meios, necessitam de ambientes confiáveis para seu armazenamento de forma que seja realizada a correta preservação, conservação, gerenciamento e propagação do material acumulado. O homem, desde os primórdios, preocupou-se em disseminar o conhecimento para as gerações vindouras a fim de manter uma memória social, cultural e histórica, empenhando-se em manter elos entre os registros e futuros consulentes. Diante dessa perspectiva,fala-se em UI’s, locais físicos e virtuais, que conforme Peres e Sá (2019, p. 269) são compostos por “fontes inesgotáveis do conhecimento” e assumem a função de propiciar o “acesso, compartilhamento, socialização e transferência de informações e conhecimento para organizações de todos os tipos desenvolverem seus sistemas de inteligência organizacional” (DAVOK; CONTI, 2013, p. 144). As UI’s têm um papel social, cultural e educativo na medida em que são mediadoras de saberes. Tendo por base Macedo e Ortega (2019), as UI’s são meios de comunicação, que auxiliam os indivíduos a se informarem e estes servem de disseminadores para que outras pessoas também recebam informações. Diante dessa discussão, Almeida (2014) percebe as mudanças tecnológicas e socioculturais como uma transformação de espaços híbridos, em que a cultura assume centralidade, sendo capaz de proporcionar maior autonomia aos atores informacionais. Dessa maneira, o autor ainda inclui uma outra denominação as UI’s, ligada diretamente aos valores RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 595 culturais, informacionais e comunicacionais gerados pela mediação que envolvem os sujeitos: Unidades de Informação e Cultura – UIC’s. Como já mencionado, entre os tipos de UI’s comumente citados, tem-se os arquivos, bibliotecas, museus, centros de informação e documentação. No entanto, diferentes autores incluem outras tipologias, tais como: escolas e universidades (DANTAS; AQUINO, 2007), midiatecas (NASCIMENTO; TROMPIERI FILHO; BARROS, 2005), mapotecas, litotecas, empresas privadas e públicas (AMARAL, 2008), sala de vídeo e sala de informática (CAVALCANTI; PAIVA, 2006), bancos, escolas, indústrias, editoras, ONGs (LUCENA; SILVA, 2006), cinematecas, videotecas (CORDEIRO; AMÂNCIO, 2005), centros culturais (RABELLO; ALMEIDA JUNIOR, 2020) e caracterização de diferentes ambientes de informação (MACEDO; ORTEGA, 2020). Amaral (2008) menciona que as UI’s podem ser organizações com ou sem fins lucrativos e destaca que elas precisam ser vistas como negócios, que englobam valores e primam pela qualidade dos bens tangíveis e intangíveis, que são disponibilizados para os usuários. Além do papel social e dos valores assumidos pelos produtos e/ou serviços das UI’s, Rutina e Pereira (2000) incluem a relevância das pessoas que atuam nessas unidades, pontuando que o comprometimento e a motivação dos profissionais da informação interferem diretamente na qualidade e satisfação sentidas por quem faz o uso das informações. Outrossim, a atuação desses profissionais no processo de mediação e garantia de acesso à informação, representa o cunho social e institucional das UI's e o valor gerado para a sociedade. 3 Procedimentos metodológicos Trata-se de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) com uma abordagem qualitativa e de caráter descritivo. De acordo com Galvão e Ricarte (2019), a RSL é uma metodologia de análise baseada na identificação de pesquisas a partir da definição prévia de protocolos e critérios, permitindo observar estudos específicos de uma determinada área do conhecimento. 3.1 Coleta de dados, Protocolo de pesquisa e Análise dos dados Para a coleta dos dados tomou-se como fonte as revistas científicas nacionais da área da CI elencadas na plataforma Sucupira (quadriênio 2013-2016), compreendendo ao todo 47. A pesquisa foi realizada em outubro de 2021 e considerou as publicações entre janeiro de 2000 e setembro de 2021. Optou-se pela plataforma sucupira por ser um sistema que abrange a coleta de dados dos periódicos nacionais, sendo então uma fonte de informação de suma relevância para ter acesso a produção científica em âmbito nacional. RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 596 O protocolo de pesquisa que norteou a busca e a seleção dos estudos para a RSL foi elaborado a partir do estabelecimento de aspectos para definir a estrutura de análise da pesquisa: (1) Escopo da proposta de pesquisa, (2) Critérios de inclusão, (3) Critérios de exclusão, (4) Temporalidade, (5) Termos-chaves, (6) Campos pesquisados, (7) Fontes de informaçã0 e (8) Limitações. Segundo Siddaway, Wood e Hedges (2019), o protocolo deve descrever o fundamento lógico da pesquisa realizada, contemplando a descrição minuciosa dos processos. Nesta pesquisa ele é apresentado no Quadro 1: Quadro 1 - Protocolo de pesquisa adotado para a realização da revisão sistemática da literatura Aspectos Descrição Escopo da proposta de pesquisa Estudos que trazem definições, conceitos, perspectivas e funções de unidades de informação Critérios de inclusão - Artigos publicados no idioma português - Artigos publicados em Periódicos nacionais da área da Comunicação e Informação (Plataforma Sucupira - CNPq) - Descrição das definições, conceitos, perspectivas e funções das unidades de informação em algum lugar do texto Critérios de exclusão - Pesquisas em andamento - Estudos retratados - Artigos que apenas mencionam o termo “unidades de informação” - Estudos fora do escopo da proposta de pesquisa Temporalidade Janeiro de 2000 a setembro de 2021 Termos-chaves - "Unidades de informação" OR "Ambientes de informação" - "Unidades de informação" OR "Ambientes de informação" OR “Centros de informação” - "Unidades de informação" OR “Centros de informação” - “Centros de informação” - "Unidades de informação" AND "Ambientes de informação" - "Unidades de informação" AND "Centros de informação" OR "Ambientes informacionais" - "Unidades de informação" AND "Ambientes informacionais" NOT "Ambientes de informação" - "Centros de informação" AND "Ambientes informacionais" NOT "Unidades de informação" Campos pesquisados - Periódicos com campo de busca: Título, resumo e palavras-chave - Periódicos sem campo de busca: texto completo Fontes de informação Periódicos - Comunicação e Informação (Quadriênio 2013-2016) Limitações Periódicos sem campo de busca. RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 597 Fonte: Elaboração dos autores (2021). O protocolo de pesquisa foi desenvolvido pelos autores tendo como referência o objetivo principal deste estudo, que foi explorar os conceitos, as definições, os objetivos, as funções e as perspectivas que vêm sendo utilizados no âmbito dos ambientes informacionais Diante do exposto, com base nos critérios de inclusão e exclusão apresentados no protocolo de pesquisa (Quadro 1), os artigos resultantes da busca tiveram inicialmente o título e o resumo avaliados para verificar a compatibilidade com a questão da pesquisa. Nos artigos selecionados foi realizada uma busca no corpo do texto direcionada pela explicitação dos autores em conceituar UI ou definir as suas funções. 4 Resultados e discussões A execução do protocolo de pesquisa resultou na recuperação de 551 estudos. Desses, 23 foram selecionados com base nos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Dois dos artigos foram excluídos: um por estar em duplicidade e o outro por ter sido retratado, resultando assim em 21 artigos para a discussão. O Quadro 2 apresenta a distribuição desses estudos. Quadro 2 – Distribuição dos estudos selecionados com base no protocolo executado Periódico Ano Autores Título do artigo 1 Ciência da Informação 2000 Kira Tarapanoff Rogério Henrique de Araújo Júnior Patricia Marie Jeanne Cormier Sociedade da informação e inteligência em unidades de informação 2 DataGramaZero 2000 Aldo de Albuquerque Barreto Os agregados de informação - memórias, esquecimento e estoques de informação 3 TransInformação 2000 Raquel Rutina Edmeire Cristina Pereira O empowerment na administraçãode unidades de informação 4 TransInformação 2005 Raimundo Benedito do Nascimento Nicolino Trompieri Filho Francisca Giovania Freire Barros Avaliação da qualidade dos serviços prestados nas unidades de informação universitárias 5 Biblionline 2006 Maria de Fátima S. Cavalcanti Eliane Bezerra Paiva Unidades de informação da Escola Municipal Seráfico da Nóbrega: estudo de uso RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 598 6 Biblionline 2006 Gertha Maria Crispim de Lucena Alzira Karla Araújo da Silva Expansão do mercado de trabalho para o bibliotecário: um caso para o marketing 7 Informação e Sociedade: Estudos 2007 Vivian Mengarda Floriani Luciane Paula Vital Gregório Varvakis O valor em unidades de informação: contextualização e importância 8 DataGramaZero 2011 Edna da Silva Angelo Fabricio Ziviani Marketing informacional em unidades de informação 9 Informação & Informação 2012 Elizabeth Andrade Duarte Rogério Manoel de Oliveira Braga A comunicação organizacional em unidades de informação 10 RDBCI – Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação 2013 Delsi Fries Davok Daiana Lindaura Conti Fatores facilitadores da inteligência organizacional: o papel das unidades de informação 11 Ágora: Arquivologia em Debate 2014 Clebson Leandro Beserra dos Anjos André Anderson Cavalcante Felipe Gestão documental em unidades de informação: uma análise do arquivo da Fundação Norte-Rio- Grandense de Pesquisa de Cultura - Funpec 12 Informação & Informação 2014 Célia Costa Assis Luiz Cláudio Gomes Maia Análise do perfil de liderança do bibliotecário gestor na cidade de Goiânia: GO 13 Informação & Informação 2014 Marco Antônio de Almeida Mediação e mediadores nos fluxos tecnoculturais contemporâneos 14 Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina 2015 Diego de Castro Vieira Julibio David Ardigo Paradigmas da Biblioteconomia e Ciência da Informação: estudo de caso em uma unidade de informação especializada 15 Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação 2015 Jorge Santa Anna Suelen de Oliveira Campos Maria Aparecida de Mesquita Calmon Diferenças e semelhanças entre arquivos e bibliotecas: o profissional da informação em evidência 16 Ágora: Arquivologia em Debate 2017 Ana Beatriz Camara Rodrigues Pacheco Sonali Paula Molin Bedin Planejamento estratégico aplicado em unidades de informação 17 AtoZ: novas práticas em informação e conhecimento 2018 Heloisa Costa William Barbosa Vianna Curadoria digital para governança corporativa de objetos digitais xavante e bororo 18 Em Questão 2019 Solange Madalena Souza Macedo Cristina Dotta Ortega Unidades de informação: termos e características RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 599 para uma diversidade de ambientes de informação 19 Informação & Informação 2019 Rodrigo Silva Peres Nysia Oliveira de Sá Ferramentas WEB 2.0 em unidades de informação: aspectos de divulgação e melhora contínua identificados em artigos científicos 20 RDBCI – Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação 2019 Adriana Stefani Cativelli Clarissa Stefani Teixeira Cidades criativas e suas unidades de informação: uma nova rota para o distrito criativo de Florianópolis/ SC 21 Ágora: Arquivologia em Debate 2020 Silvia Cintra Borges Morais Tailor Gonçalves Morais Humanidades digitais no arquivo universitário: o caso do arquivo central da Universidade Federal de Santa Catarina Fonte: Elaboração dos autores (2021). A análise dos conceitos e definições apresentados pelos autores nos estudos recuperados nesta pesquisa permitiu a classificação dos conteúdos sob diferentes perspectivas. Em tal contexto, estabeleceu-se três categorias para o enquadramento das observações: i) cultural-organizacional; ii) gerencial e de planejamento; e iii) conceitual com foco nas tipologias das UI. 4.1 Perspectiva cultural-organizacional A perspectiva cultural-organizacional consiste em uma categoria que abrange os estudos que tratam da cultura no aspecto organizacional, envolvendo as questões das UI em espaços culturais. Dessa maneira, enquadram-se na perspectiva cultural-organizacional os trabalhos de Barreto (2000), Floriani, Vital e Varvakis (2007), Almeida (2014), Vieira e Ardigo (2015) e Morais e Morais (2020). Barreto (2000, p. 11) ao discutir sobre os agregados de informação com foco nas memórias, esquecimento e estoques de informação define as UI’s como espaços que armazenam informações e possibilitam a comunicação delas de forma estratégica “com a intenção de produzir conhecimento no indivíduo e no seu mundo”. Ao tratar do valor em UI’s, Floriani, Vital e Varvakis (2007) se apropriam da definição apresentada por Tarapanoff, Araújo Júnior, Cormier (2000) e dão destaque para os processos de aquisição, processamento, armazenamento e disseminação da informação em um determinado contexto. Os autores ainda destacam que as UI são formadas tradicionalmente por organizações RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 600 sem fins lucrativos e que prestam serviços para os indivíduos e a sociedade. Vieira e Ardigo (2015) também fizeram uso do conceito apresentado por Tarapanoff, Araújo Júnior, Cormier (2000) para definir as UI. No entanto, os autores vão além e abordam as finalidades das UI’s com base em Russo (2010). Neste sentido, ressaltam a importância de espaços que atendam às necessidades dos usuários e que proporcionem um acesso rápido e de qualidade. Seguindo a mesma linha de pensamento, Morais e Morais (2020, p. 531) ao discutirem sobre as humanidades digitais no arquivo universitário utilizam o conceito proposto por Amaral (2008) e definem as UI como “organizações comprometidas com os processos de gestão da informação relativos às várias fases do ciclo da informação como a coleta, o tratamento, a disseminação e a utilização da informação”. Os autores chamam a atenção para o processo de recuperação da informação. Neste sentido, tomam como base Bellotto (2010) e mencionam que as UI’s como instituições contribuem efetivamente para o processo de recuperação da informação nos âmbitos científico, tecnológico, cultural e social. Explorando um pouco mais o conceito de UI’s, Almeida (2014, p. 202-203) relata a complexidade em defini-lo. Justifica que isso acontece devido aos diversos perfis que podem ser assumidos pelas unidades. Dá destaque para a dimensão cultural e ressalta que as UI’s tendem a se organizarem em Unidades de Informação e Cultura (UIC’s), o que proporciona “espaços desencadeadores e centralizados de políticas culturais e da informação”. 4.2 Perspectiva gerencial e de planejamento A perspectiva gerencial e de planejamento consiste em uma categoria de análise que discute as UI’s em âmbito gerencial-organizacional, tendo como características a análise dos conceitos dentro do campo das pesquisas que envolvem o planejamento, gerenciamento e organização das UI. Na perspectiva gerencial e de planejamento, Pacheco e Bedin (2017) colocam a informação como um precioso auxílio na tomada de decisão nas organizações, sendo as UI responsáveis por gerenciá-la de maneira ativa, disseminando-a e agregando valor para um eficaz atendimento ao usuário. Anjos e Felipe (2014) abordam as UI da mesma maneira, acrescentando que elas apresentam diversas características de acordo com o tipo de organização a que estãovinculadas. Pacheco e Bedin (2017) posicionam as UI’s como locais que gerenciam a informação, especialmente em organizações que desejam estar à frente da concorrência, podendo ser essa unidade uma biblioteca, um arquivo, etc. Lucena e Silva (2006) empregam os bancos, escolas, indústrias, editoras, ONGs, bem como qualquer outra organização que tenha a informação como seu principal produto ou RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 601 serviço, como sendo UI’s. As autoras destacam as instituições financeiras como UI’s, uma vez que como unidades de negócio elas produzem, adquirem, processam, organizam e disseminam informação, por meio de serviços financeiros, às pessoas. Duarte e Braga (2012, p. 182) utilizam o conceito de UI de Romani e Borszch (2006) para tratar acerca da comunicação organizacional, colocando-as como aquelas que “agrupam pessoas e/ou organismos com as mesmas finalidades, onde a troca de informações é feita de maneira organizada e regular, por meio de padronização e compartilhamento de tarefas e recursos”, categorizando-se em serviços de informação tecnológica, bibliotecas e salas de leitura ou mini-bibliotecas. Já Cavalcanti e Paiva (2006) afirmam que a necessidade de tratar o conceito de UI advém das mudanças de suas atribuições após a chegada das tecnologias de informação e comunicação. Alicerçadas em Tarapanoff (1996 apud SILVA, 1999; 2000) que considera as UI mais conhecidas como as bibliotecas, arquivos e museus com seus serviços de referência, documentação e informação, as autoras entendem que essas UI’s possuem uma relação dinâmica com outros departamentos, construindo um ciclo produtivo de informação contido nos mais diversos meios, e consideram esses outros como UI que, no referido artigo, são a biblioteca, a sala de vídeo e a sala de informática, ou seja, ambientes que também disseminam e produzem informação. Nesse sentido, Angelo e Ziviani (2011, p. 2) também abordam as UI’s dentro de uma perspectiva gerencial, conceituando-as como “empreendimentos sociais, incluindo fatores econômicos, políticos, culturais e educacionais, envolvidos com o gerenciamento da informação [...] para a tomada de decisão”, sendo o objetivo das UI’s disseminar informação exata a quem dela necessitar. Corroboram com a ideia Costa e Vianna (2018), quando tratam das UI’s como ambientes que têm função de guardar, localizar e disseminar informações a um público específico, garantindo acesso efetivo aos documentos. Para isso, os autores versam acerca da importância da tecnologia para agregar valor às UI’s e às suas atividades, disponibilizando o acervo de forma digital à comunidade, ampliando o acesso dos usuários à informação e ao conhecimento. 4.3 Perspectiva conceitual e tipológica A perspectiva conceitual e tipológica trata de uma categoria de análise que envolvem os conceitos e as definições das UI, do ponto de vista terminológico e relacionado com as suas funções e objetivos. No que se refere às perspectivas conceituais, tipológicas e as caracterizações conceituais das UI, alguns autores discutem sobre o uso de terminologias e definições em diferentes RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 602 âmbitos. De acordo com Macedo e Ortega (2019), o termo "unidade de informação" (UI) é bastante utilizado na estrutura curricular dos cursos de pós-graduação no Brasil e a diversidade na definição do termo se dá, sobretudo, pelas diferentes características que ele assumiu ao longo do tempo. Para as autoras, a definição de UI está mais relacionada aos sistemas bibliográficos e aos ambientes que envolvem os sistemas de informação, dependendo da sua função. Da mesma forma, Tarapanoff, Araújo Júnior e Cormier (2000) relacionam a função e os objetivos de uma UI com os sistemas de informação e os processos inerentes ao contexto bibliográfico. Os autores caracterizam as UI's como organizações que tratam, organizam e disseminam a informação - citando os museus, arquivos e bibliotecas - e argumentam que essas organizações são híbridas (virtual e presencial) e atendem a demandas informacionais. Dentro do aspecto da tecnologia e dos recursos digitais, Peres e Sá (2019) também apresentam uma definição clássica das UI, apresentando-as como organizações que tratam a informação e a disponibilizam para o seu usuário. No entanto, os autores observam que as UI assimilaram uma função importante a partir do advento da internet e das novas tecnologias da informação e comunicação: divulgar seus serviços e produtos em tempo real e de forma digital. Essa caracterização de Peres e Sá (2019) atenta para uma funcionalidade das UI, antes vistas somente como organizações que trabalham com o tratamento físico de materiais bibliográficos. Nesse mesmo sentido, Santa Anna, Campos e Calmon (2015) argumentam que as UI's são instituições que devem atender a comunidade, independentemente do tipo de material que ela fornece. Os autores argumentam que a UI, seja um museu, arquivo ou biblioteca, deve desempenhar a sua função a partir das necessidades informacionais dos seus usuários. Outras perspectivas foram localizadas durante a análise, destaca-se o papel social incorporado às UI’s e suas formas de disseminar o conhecimento, por meios físicos, virtuais ou serviços. Os autores Cativelli e Teixeira (2019), Nascimento, Trompieri Filho e Barros (2005) e, Rutina e Pereira (2000) evidenciam a existência de uma missão social por parte das UI’s, em que tais instituições precisam servir às pessoas, oferecendo informações confiáveis e de valor, suprindo as necessidades informacionais dos consulentes. A prestação desse serviço deve ser feita com qualidade a fim de promover o uso da informação de maneira estratégica, impedindo que o usuário perca tempo nas suas buscas e possibilite a fidelização dos “clientes”, tendo em vista a integração do usuário com a UI. Nesta perspectiva da UI como prestadora de serviços, Davok e Conti (2013) fazem uso da conceituação de Pereira (2005) e, Assis e Maia (2014) do entendimento de Tarapanoff, Araújo Júnior e Cormier (2000) para mencionar que a distribuição de ativos tangíveis e intangíveis são a razão de ser de organizações que primam pelo acesso à informação de qualidade. RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 603 5 Considerações finais Esta pesquisa teve como objetivo explorar quais os conceitos, definições, objetivos, funções e perspectivas acerca das UI vêm sendo utilizados nos estudos realizados no âmbito da CI. Para tanto, foi executado um protocolo de RSL que abrangeu 47 revistas nacionais da área da CI elencadas na plataforma Sucupira (quadriênio 2013-2016), entre janeiro de 2000 e setembro de 2021. A seleção dos trabalhos teve como foco a identificação em quaisquer lugares do texto de menções sobre UI’s enquadradas no protocolo elaborado. Ressalta-se, neste contexto, dificuldades operacionais inerentes ao processo de busca dos artigos. Isso aconteceu devido a ausência de uma padronização em relação aos campos de busca e seleção presentes nos periódicos, uma vez que nem todos disponibilizam a função de busca avançada ou até mesmo a função de busca, o que dificultou e tornou desafiador o processo. A análise dos estudos selecionados mostrou que é perceptível a utilização do termo “unidade de informação” como algo já convencionado na CI, pois dentro do universo pesquisado verificou-se que são poucos os autores preocupados em resgatar o conceito, as definições, os objetivos, as funções e as perspectivas relacionadas às UI. Além do mais, constatou-se que nenhum dos estudos apresentou como foco principal a discussão especificamente voltadapara os conceitos e definições de UI. Acredita-se que as UI são primordiais para o desenvolvimento da sociedade da informação, uma vez que as informações registradas devem ser armazenadas em ambientes que prezam por sua conservação e recuperação. No entanto, por um lado, conforme apresentado na discussão, observou-se que não há uma definição unânime acerca do termo “unidade de informação” na CI. Por outro lado, dentre as menções analisadas, constatou-se que elas são mais dirigidas à tipologia das UI’s, uma vez que as mesmas podem ser constituídas por ambientes específicos de informação dentro das organizações, como bibliotecas, centros de informação, entre outros, ou ser até mesmo as próprias organizações. Outra constatação foi em relação aos conceitos e definições mais utilizados. Observou- se que autores como Tarapanoff, Araújo Júnior e Cormier (2000), Amaral (2008) e Romani e Borszch (2006) são os mais utilizados, com destaque para os dois primeiros, respectivamente. Esses autores consideram as UI’s, tradicionalmente, como integrantes de uma organização, cujo objetivo é disseminar informação a quem precisa. Essa percepção pode ser explicada pelo fenômeno da obliteração, explicada por Garfield (1979) como um fenômeno que ocorre quando um pesquisador se torna referência em um determinado corpo do conhecimento, tendo uma RICI: R.Ibero-amer. Ci. Inf., ISSN 1983-5213, Brasília, v15 n2 maio-ago. 2022 604 relevante contribuição para a área de pesquisa, sendo então recorrente a citação da sua obra na comunidade científica em uma rede de pesquisas. Em relação às limitações da pesquisa destaca-se a seleção das fontes de dados utilizadas, o limite temporal estabelecido e o idioma dos estudos. Assim, para expandir a compreensão acerca do tema pesquisado e como sugestão de pesquisas futuras, sugere-se a ampliação do universo utilizado para a busca. Para isso, seria necessária a alteração do protocolo proposto para que outras fontes de informação pudessem ser pesquisadas, incluindo além dos periódicos nacionais, também os internacionais, além de livros, dissertações e teses sobre o assunto. O aumento da abrangência dos estudos em relação à temporalidade, ou seja, estudos anteriores ao ano 2000 e a seleção de trabalhos em outros idiomas, como por exemplo, inglês ou espanhol, também são fatores que poderiam implicar na magnitude dos resultados. A partir do exposto, acredita-se ser necessário pensar em novos conceitos e definição para as UI, de maneira que contemplem as diferentes tipologias observadas, bem como as atuais características da sociedade da informação e as possibilidades de atuação para o bibliotecário e demais profissionais da informação. Dessa forma, uma definição de UI’s, a partir do estudo, é: são ambientes físicos ou digitais, integrados ou não as organizações, com ou sem fins lucrativos, que tenham como principal produto ou serviço a informação, com atividades centradas na produção, armazenamento, organização, recuperação e disseminação da informação fidedigna e de qualidade. 1 Referências ALMEIDA, M. A. de. Mediação e mediadores nos fluxos tecnoculturais contemporâneos. Informação & Informação, Londrina, v. 19, n. 2, p. 191-214, maio./ago. 2014. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/20000/pdf_24Acesso em 23 out. 2021. AMARAL, S. A. Marketing da informação: entre a promoção e a comunicação integrada de marketing. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 18, n. 1, p. 31-44, 2008. Disponível em:https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ies/article/view/1636/1637Acesso em: 24 out. 2021. ANGELO, E. da S.; ZIVIANI, F. Marketing informacional em unidades de informação. 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Disponível em: https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/993Acesso em: 23 out. 2021. https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/993 Ciência da Informação - Vol 25, número 1,1996 - Artigos A gestão na organização de unidades de informação Paulo Baltazar Ramos Resumo A atividade de gestão constitui fator determinante no sucesso de uma unidade de informação. Evoluiu do conceito de chefia para amplo campo de conhecimento no qual se destacam técnicas e conceitos de liderança, motivação, controle, planejamento e marketing. Como por exemplo do novo pensamento, o artigo apresenta a atuação de um gestor no processo de organização de unidades de informação. Palavras-chaves: Unidade de informação; Gestão; Organização. INTRODUÇÃO Cada vez mais a gestão está sendo reconhecida como atividade importante para o sucesso de um empreendimento. Saber gerenciar uma unidade de informação desde o início dos seus trabalhos garante melhor uso de seus recursos, traduzidos em melhores indicadores de qualidade e produtividade. Para que um gestor desempenhe com sucesso o seu papel, é necessário que conheça: a) a verdadeira dimensão de seu trabalho; b) conceitos e ferramentas que o ajudem no desempenho de suas atividades. Assim, a abordagem pragmática acerca dos procedimentos, tecnicismos, tecnologias e ferramentas de trabalho deve ser complementada por uma discussão conceituai sobre o negócio a ser gerenciado e a inserção da atividade de gestão. Ou seja, a gestão consiste não só de um conjunto de ferramentas, como também de uma adequada visão e compreensão do negócio em si. A ABRANGÊNCIA DA GESTÃO NO NEGÓCIO DE INFORMAÇÃO Tal como uma ciência, a gestão observa e modela a realidade, criando suas leis e conceitos. Contudo, não se limita a isto. É notória a importância da intuição empresarial, que no fundo reflete a percepção correta do negócio. O gestor ou empreendedor de uma unidade de informação deve conceber uma idéia global dos seus mercados, dos seus clientes e fornecedores, das práticas comerciais, dos hábitos e costumes que formam a cultura na qualé uma teia complexa, composta de um todo tecnológico, econômico, político, sociológico, psicológico e afetivo que exerce influência na vida e no comportamento dos sujeitos por meio da relação entre o objeto de conhecimento e seu contexto, entre as partes e o todo, entre o todo e suas partes e as partes entre si. A noção de ambiente, para o autor, é um Complexus que se refere ao que foi tecido junto. Para ele, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo. Por isso, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade (MORIN, 2001). Desta forma, o ambiente é total, geográfico e acima de tudo social, comportando elementos humanos e não humanos. O acesso à informação exige a organização de ambientes específicos que possibilitem uso qualificado da informação. Assim, no âmbito da Biblioteconomia e Ciência da Informação, o termo ambiente é utilizado para indicar contextos informacionais, pois contempla aspectos relacionados a: [...] sujeitos que representam, armazenam, recuperam, acessam, usam, modificam e voltam a armazenar informações que dizem respeito a alguma experiência informacional, marcadamente humana e que se dá no tempo, no espaço, na história e na cultura. (OLIVEIRA; VIDOTTI, 2016, p. 95). Segundo Vergueiro e Miranda (2007), para a diversidade de instituições tidas como ambientes específicos de acesso e uso à informação, dá-se o nome genérico de unidades de informação. Belluzzo (2007) afirma que as unidades de informação podem ser entendidas como organizações que se denominam como bibliotecas, sistemas de informação, serviços de informação, núcleo de informação, centro de informação, dentre outros. São instituições que têm como objetivo principal ofertar produtos Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 330 E-ISSN 1808-5245 e serviços que permitam aos seus usuários o acesso às fontes de informação, que atenderão às suas necessidades informacionais específicas. Segundo Pinheiro e Ferrez (2014, p. 208), as unidades de informação são: [...] conjuntos de componentes relacionados entre si na coleta, processamento, armazenamento, análise, disseminação e disponibilização de informações, em determinada área, problema ou missão, com o propósito específico de atender usuários interessados. Já Tarapanoff (1982) diz que as unidades de informação se ocupam de quatro processos essenciais: o desenvolvimento e formação de recursos informacionais, independentemente de formato e suporte; o tratamento da informação; o atendimento ao usuário ou público-alvo; e a administração exigida para o seu funcionamento. O termo unidades de informação pode ser localizado no Brasil na literatura por volta da década de 1990, quando foi utilizado para se referir especificamente aos ambientes de informação localizados em empresas: a unidade de informação se referia a um setor da organização que se ocupava do gerenciamento das informações organizacionais (BARRETO et al., 1997, BELLUZZO, 2007). Tal afirmativa encontra sustentação na explicação sobre gestão de unidades de informação, dada por García-Reyes (2007, p. 12, tradução nossa): a gestão de unidades de informação compreende: [...] um conjunto de funções e técnicas integradas, de execução simultânea, que devem ser aplicadas de forma necessária pelos gerentes, como responsáveis pelo trabalho de outros, para garantir que a organização a qual pertencem funcione e possa alcançar os propósitos que ela persegue. Na gestão da unidade de informação, objetiva-se, dentre outras coisas, propiciar que a organização, em que a unidade está inserida, funcione e alcance seus objetivos de maneira satisfatória. Segundo Valentim (1995), o papel das unidades de informação nas organizações é imprescindível, exigindo que elas sejam agressivas e acompanhem a organização em seu crescimento para contribuírem, efetivamente, para o seu sucesso. Barbalho e Beraquet (1995) acrescentam que a unidade de informação pode ser o instrumento que viabiliza a Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 331 E-ISSN 1808-5245 aceleração de mudanças numa organização, já que a informação é considerada uma vantagem competitiva. O termo unidades de informação, concebido no contexto das organizações, sobretudo numa perspectiva do gerenciamento das informações produzidas em seu interior para dar suporte ao processo de tomada de decisão em tempos de mudanças, teve seu desenvolvimento com a proposta de Choo (2006). Essa abordagem surgiu no final da década de 1980, tendo em vista o gerenciamento do conhecimento organizacional como um recurso da organização, além dos recursos financeiros e materiais. Tal gerenciamento objetiva obter vantagem competitiva para a organização, surgindo assim um tipo de gestão chamada de gestão do conhecimento (CHOO, 2006). Este tipo tem como filosofia gerencial buscar organizar o conhecimento que está na mente das pessoas para convertê-lo em vantagens estratégicas e competitivas para a organização. Em outras palavras, a gestão do conhecimento surge para gerenciar o seu capital intelectual, e não mais só o capital financeiro (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Na gestão do conhecimento, busca-se mapear os conhecimentos existentes, relacionando suas atividades essenciais e suas estratégias para melhorar o seu desempenho, o desenvolvimento de novos produtos e serviços, a qualidade no atendimento a clientes, dentre outros (CHOO, 2006). Trata-se de um processo dinâmico e cíclico que envolve a organização como um todo, a qual é considerada por Choo (2006) como organização do conhecimento, pois parte do conhecimento como um processo contínuo de construção social e coletiva, incorporado nas tarefas, nos relacionamentos e nos instrumentos da organização. Buscando distinguir tipos de unidades de informação, Díez Carrera (2002) fala das organizações de radiodifusão e comunicação, assim como, de sistemas de gestão organizacional, como os sistemas de apoio à tomada de decisão e sistemas de gestão e controle contábil. Segundo a autora, a diferença está na finalidade com que cada uma realiza esse trabalho. Dito isso, a autora chama a atenção quanto à finalidade da informação na perspectiva do campo que nos ocupa e usa o termo unidades informativas para se referir aos arquivos, bibliotecas e centros de documentação. Acrescenta que estas unidades são as tradicionais e que, em uma acepção mais ampla, deveriam ser incluídos os museus (PALOM IZQUIERDO; Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 332 E-ISSN 1808-5245 TORT RAVENTOS, 19911 apud DÍEZ CARRERA, 2002). Para a autora, todos estes tipos de unidades de informação envolvem quase os mesmos conhecimentos e processos básicos, mas é necessário traçar distinções entre elas, a despeito de identificar escassa literatura à época da produção do livro. Sob a perspectiva da ideia de documento, Fuentes Romero (2007) utiliza o termo centro documentário para se referir aos arquivos, museus, bibliotecas e centros de documentação e informação. Segundo o autor, são considerados centros documentários aqueles cuja base de ações é sempre o documento, em qualquer suporte e modo de expressão da informação,está inserido o seu negócio e também como seu negócio interage e é afetado pelo restante da sociedade. Deve ainda compreender, em grandes linhas, no que consiste a atividade de gestão e qual o seu papel. Mais do que discutir academicamente o que é a informação, a atenção deve se focar no seu mercado e nas relações de troca que se estabelecem entre produtores e consumidores da informação. A informação deve ser entendida e analisada sob a ótica mercadológica, como qualquer outro produto e serviço. Assim sendo, deverá atender às necessidades específicas de seu mercado, satisfazendo seus consumidores. No caso de unidades de informação voltadas ao atendimento de empresas, a função da informação repousa no entendimento do processo de evolução e manutenção dos níveis de competitividade e lucratividade das empresas. A competição a que estão expostas as empresas exige constante evolução e aprimoramento dos seus conhecimentos. Novas tecnologias, novos produtos e componentes, novos fornecedores, novos métodos de gestão e controle, enfim, todo o vasto conhecimento utilizado por uma empresa deve ser reciclado e expandido dentro de certa periodicidade. Quanto maior o grau de competição, maior o ritmo de evolução a que a empresa está sujeita. Portanto, a necessidade do sistema produtivo não é genérica, nem abrange qualquer conhecimento. A empresa precisa e deve usar apenas as informações que lhe são úteis e que conduzam à evolução certa. Dentro do quadro de competição empresarial, a operação e o comportamento de uma empresa devem ser bastante dinâmicos. Mudanças e investimentos devem ser estudados, planejados e realizados, de modo a permitir que a empresa enfrente a concorrência e se mantenha lucrativa. A estagnação ou a decisão errônea são igualmente prejudiciais ao negócio, podendo levar a empresa à falência. O negócio das unidades de informação é, portanto, o de disseminar informações precisas e prestar correta assistência a empresas, para que iniciem (tomada de decisão), mantenham e concluam (execução da ação) as necessárias mudanças tecnológicas, comerciais, gerenciais, logísticas e mercadológicas que assegurarão sua evolução e sobrevivência. Quanto maior for o nível de competição e mais intensos forem os processos de mudança e evolução de um segmento empresarial, maior será a dependência dessas empresas em relação a produtos e serviços de informação e assistência tecnológica. Esse é o contexto geral em que está inserido o negócio das unidades de informação voltadas ao atendimento do público empresarial. O passo seguinte consiste em uma análise na atividade de gestão. Na atualidade, a gestão se dedica a assegurar o sucesso de um empreendimento coletivo. Ou seja, uma vez reunido um grupo e definida uma missão a cumprir, o gestor trabalhará para que os demais sejam bem-sucedidos e o grupo consiga cumprir a missão que se propôs. O gestor não manda, mas ajuda o grupo a decidir. O gestor não controla, mas observa a harmonia e a integração dos trabalhos, assim como a mobilização de recursos necessários. O gestor não julga, mas pondera e traz informações sobre o andamento dos trabalhos e as chances de sucesso. O seu compromisso não é com o poder, e sim com o sucesso da missão e a realização do grupo e dos beneficiários/clientes do trabalho desenvolvido. A atuação do gestor assume, pelo menos, duas dimensões: a) estratégica - Busca inserir adequadamente o empreendimento no dinâmico contexto social e econômico com o qual se relaciona, garantindo a sua eficácia. (Por empreendimento, entenda-se o cumprimento de um trabalho por um grupo para a geração de resultados previamente definidos e validados por seus usuários. Assim, uma empresa, um projeto e uma unidade de informação são exemplos de empreendimentos que servem e interagem com os diversos segmentos da sociedade). b) operacional - Acompanha a execução e o desenrolar dos trabalhos efetuados pelo grupo a fim de garantir a sua eficiência e a harmonia entre os diversos focos de ação. A dimensão estratégica se ocupa da dinâmica das mudanças e das relações de troca e reciprocidade estabelecidas entre a unidade e a sociedade para a qual serve. Para atuar no âmbito estratégico, o gestor gravita em torno das seguintes linhas de ação: a) planejamento - de objetivos e metas, organização do trabalho, modelagem do perfil de ação; b) articulação - observação do ambiente, identificação de parceiros e ameaças, formação de alianças, coordenação de esforços interinstitucionais; c) marketing - observação do mercado, identificação de clientes e oportunidades, interpretação das necessidades, adequação de produtos e serviços, análise da concorrência. Já no tocante ao acompanhamento operacional, a preocupação é com o funcionamento interno da unidade e a busca de crescentes níveis de produtividade e qualidade. Assim, o gestor se envolve com os seguintes aspectos: a) disponibilização, alocação e consumo de recursos; b) redução de perdas e desperdícios; c) capacitação e motivação de recursos humanos; d) coordenação, harmonização e integração de esforços para consecução dos objetivos nos prazos esperados; e) melhoria dos processos de produção e dos atributos do produto; f) identificação e remoção de barreiras e desvios ao trabalho; g) adequação do ritmo e do volume de produção com as necessidades do mercado e disponibilidade de recursos. ORGANIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO: UM EXEMPLO DA ATUAÇÃO DO GESTOR O sucesso de um empreendimento, qualquer empreendimento, começa por sua correta organização. É também o primeiro passo para assegurar a qualidade e a produtividade na produção de bens e serviços. Ao se iniciar uma nova unidade ou revitalizar e redefinir suas funções, a questão da organização merece uma atenção especial do gestor. Afinal, além de planejar todo o trabalho a ser realizado, a organização trata da mobilização e do controle dos recursos a serem utilizados. Uma organização deficiente rapidamente comprometerá toda a operação de uma unidade de informação, limitando seriamente suas chances de sucesso. A fase de organização constitui ainda excelente exemplo dos diferentes aspectos da atividade de gestão, permitindo visualizar o amplo campo de atribuições e responsabilidades de um gestor. A figura 1, a seguir, mostra que a correta organização deve preparar a unidade para cumprir o seu papel e a sua missão definidos no planejamento estratégico da forma mais produtiva e com a melhor qualidade, sempre na busca da satisfação dos clientes. Organizar bem uma unidade de informação significa prepará-la para o cumprimento das funções básicas que justificam a sua existência. As funções básicas podem ser assim estabelecidas: a) satisfazer a sua clientela mediante oferta de produtos e serviços de informação de qualidade compatível com o mercado; b) gerar receitas pela venda de produtos e serviços e a execução de projetos suficientes para sua auto-sustentação e o desenvolvimento continuado; c) identificar e organizar fontes e informações potencialmente úteis à sua clientela; d) analisar e processar informações com qualidade e produtividade para a geração de produtos e serviços de interesse do mercado; e) desenvolver ferramentas e métodos de trabalho eficazes e eficientes. Assim, a organização de unidades de informação compreende a definição da estrutura interna de operação, a definição dos processos de produção e dos produtos a serem gerados, a montagem de grupos de trabalho, divisão do poder com a atribuição de responsabilidades e tarefas, a obtenção e a distribuição de recursos físicos e humanos compatíveis com o trabalho a ser realizado, propiciando a montagem de uma infra-estrutura de trabalho. Na fase inicial de implantação de uma unidade de informação, a organização poderá englobar ainda as atividades de articulação e marketing, assim como a implantação dos produtos e serviços de informação. A figura 2 apresenta as principais atividades a serem cumpridas no processo de organização. COMO ORGANIZAR Conforme mostrado na figura 2, a organização de umaunidade de informação compreende uma série de atividades que deverão ser cumpridas: a) definição dos planos estratégico e operacional; b) alocação de recursos; c) seleção e capacitação da equipe de trabalho; d) definição dos processos de trabalho; e) definição dos métodos e ferramentas de trabalho; f) montagem da infra-estrutura e dos grupos de trabalho; g) implantação de produtos e serviços; h) articulação e marketig institucional. O ponto de partida é o planejamento. Planeja-se e projeta-se não só o próprio negócio (plano estratégico), como também as operações e atividades que serão realizadas pela unidade de informação, por meio da especificação e desenvolvimento de ferramentas, procedimentos e planos de trabalho. Ou seja, primeiro a concepção e, depois, a realização. As etapas que sucedem não obedecem necessariamente a uma ordem e normalmente são realizadas em paralelo. O importante é assegurar a mobilização de todos os recursos necessários na quantidade e qualidade desejada e dentro do prazo. A organização é um trabalho contínuo, com períodos de maior atividade durante o ciclo de vida de uma unidade de informação. Contudo, a busca por melhores níveis de qualidade e produtividade, que deve ser uma preocupação constante, impele a revisão do modelo montado e dos recursos mobilizados. A agilidade e a capacidade de continuamente evoluir e se modificar devem ser características inerentes à organização de uma unidade de informação. ALOCAÇÃO DE RECURSOS Os principais recursos (tabela 1) que devem ser alocados e mobilizados são os seguintes: a) recursos financeiros; b) recursos físicos; c) recursos informativos; d) recursos computacionais; e) recursos humanos. A quantidade e a qualidade dos recursos que podem ser mobilizados e alocados na operação de uma unidade de informação devem ser diretamente proporcionais à missão, aos resultados esperados, à quantidade e à qualidade dos produtos e serviços, assim como aos prazos estipulados. A princípio, deve haver também um certo equilíbrio e proporcionalidade entre todos os recursos. Essa recomendação pode ser relegada no caso de unidade de informação especializada em determinado produto ou serviço que exija intensamente um recurso (por exemplo, consulta a banco de dados, provedor de acesso a redes de informação etc. RECURSOS FINANCEIROS Os recursos financeiros são as verbas destinadas à cobertura de todas ou parte das despesas da unidade de informação. Como a maioria das unidades de informação está instalada dentro de uma instituição sede, a qual normalmente cobre diversas despesas operacionais, a noção de recursos financeiros assume uma nova conotação: a de um orçamento vinculado que limita os gastos que serão cobertos pela instituição sede. Vale ressaltar que, nesses casos, o orçamento geralmente é bastante limitado (quando existente) para a realização de investimentos. Cabe à própria unidade de informação buscar outras fontes de recursos para formar seu próprio fundo de investimentos. Também poderá constituir, com as receitas auferidas, um fundo de caixa para cobrir despesas avulsas ou não incluídas no sistema de contabilização de custos operacionais do orçamento. São exemplos de investimentos e gastos que podem ser cobertos por recursos financeiros oriundos de receitas diversas: • campanhas publicitárias; • projetos demarketing; • treinamento e capacitação da equipe; • contratação de consultores para execução de projetos internos à unidadede informação; • atualização tecnológica e expansão do parque de equipamentos; • aquisição ou acesso a bancos de dados e recursos informativos. Os investimentos são essenciais à consolidação, aprimoramento e ao crescimento da unidade de informação. Representam a alavanca que impulsiona a unidade para o patamar superior de operação e renova sua estrutura de produção. A expansão e o aprimoramento de uma unidade de informação se faz mediante a divulgação e descoberta de mercados, emprego de uma equipe mais capaz e bem treinada, acesso a novas e melhores fontes de informação e uso de equipamentos mais modernos e eficientes. Como obtê-los? Normalmente, sua obtenção se dá por meio de: a) aporte extra-orçamento da instituição sede; b) obtenção de financiamento externo junto a fontes governamentais mediante a apresentação de projetos; c) receitas auferidas com a venda de produtos e serviços; d) acordos (nacionais ou internacionais) de cooperação, entre outras fontes. Para a obtenção de financiamento externo, os procedimentos mais usados são a apresentação de projetos a fontes governamentais ou privadas de financiamento e a execução de projetos em parceria com entidades externas. Raramente, é possível embutir uma parte das necessidades de investimento em projetos específicos junto aos clientes. As exceções ficam por conta de projetos de grande envergadura com clientes de grande porte, nos quais o custo de investimento não é relevante, quando comparado aos resultados a serem obtidos, e o investimento é essencial para a execução do projeto. RECURSOS FÍSICOS Os recursos físicos englobam itens como: • mobiliário - móveis de escritório, estande modelo para participação em feiras e exposições etc.; • instalações físicas — escritórios, salas de reunião, auditório e demais dependências; • facilidades de comunicação e transporte - telefone e fax (linhas e aparelhos), serviço de correio e entregas, redes de comunicação, sistema de broadcasting, veículo etc.; • equipamento - instrumentos de teste e medida para trabalho no campo e visitas industriais da equipe de extensão e assistência técnica, equipamento para reprografia (xerox); • material de escritório e consumo em geral. Para se dimensionar corretamente os recursos físicos é importante levar em conta os seguintes itens: a) porte da unidade de informação; b) volume de trabalho; c) tamanho da equipe; d) imagem da unidade junto à dientela; e) facilidades que serão utilizadas na produção dos bens e serviços. Como obtê-los? Normalmente, os recursos físicos são obtidos junto à instituição sede e posteriormente ampliados ou atualizados mediante investimentos de fontes de financiamento ou com receita própria. RECURSOS INFORMATIVOS Os recursos informativos compreendem todas as fontes de informação internas ou externamente acessíveis a partir da unidade, sejam elas de caráter bibliográfico ou não. Normalmente, consideram-se como fontes de informação: • acervo bibliográfico e de multimeios; • bases de dados e fóruns eletrônicos de discussão; • consultores, especialistas e pesquisadores; • instituições de renome (universidades, institutos de pesquisa, laboratórios etc.) e empresas; • serviços e unidades de informação; • material bibliográfico e documental diverso não incluído no acervo; • protótipos, maquetes, modelos e produtos industriais. O conceito de recursos informativos na forma como está incorpora os acervos e fontes de outras instituições que potencialmente podem prestar apoio no atendimento de consultas. Nesse caso, os recursos de terceiros, mesmo que não prontamente disponíveis, são também contabilizados. Contudo, a prática recomenda se limitar somente às fontes de acesso direto e imediato. Por exemplo, se uma base de dados mantida por terceiros pode ser acessada de forma on-line pela unidade, é considerada parte dos recursos informativos; caso contrário, não. Atenção: especialistas, pesquisadores e técnicos de empresas e do governo formam uma rede de contatos informais de grande valor e de baixo custo. Os recursos informativos constituem a matéria-prima a ser trabalhada pela unidade de informação para a geração de seus produtos e serviços. Não há como gerar produtos e serviços sem recursos informativos. Contudo, isto não implica deter um acervo extenso e completo, ou adquirir todas as fontes de informação. O importante é garantir o acesso, e não a propriedade da informação. Assim, terceirizar a organização de fontes de informação, trabalhar em parceria e em rede, cadastrar e certificar fornecedores de informação são condutasque garantem um baixo custo operacional, sem implicar a limitação de recursos informativos. Como obtê-los? O modo mais tradicional é a formação de acervos, a aquisição ou desenvolvimento interno de bases de dados e a geração interna de informações. É o mais tradicional e o mais caro modo, portanto deve ser dosado e complementado por outros meios. A preferência deve ser dada à formação de parcerias e de redes. É mais barato e garante o compartilhamento de recursos. Ao se identificar um potencial fornecedor de sistemas, produtos ou serviços de informação, recomenda-se adotar procedimentos de certificação da qualidade. Isto implica estipular especificações e padrões a serem atingidos no fornecimento de informações, na forma de bens ou serviços. RECURSOS COMPUTACIONAIS Os recursos computacionais são a tecnologia para manipulação, tratamento, organização, comunicação e geração de informações. Compreendem computadores, impressoras e dispositivos de impressão plotters, fotoimpressoras etc.), dispositivos de armazenamento (discos rígidos, discos óticos, unidades de fita etc.), monitores, dispositivos de entrada de dados (mouse, light pen, teclado, mesa digitalizadora, scanner etc.), modens e aparelhos de comunicação, placas de rede, softwares e outros tantos dispositivos desenvolvidos no campo da informática. A informática, com seus recursos computacionais, representa não só a automação do trabalho até então manual e artesanal de geração, armazenamento e comunicação da informação, como define um novo paradigma para a organização de qualquer trabalho humano que dependa de conhecimento e informação. A natureza da própria informação está sendo rapidamente alterada, deixando de ser física e analógica para se tornar eletrônica e digital. Do ponto de vista prático, como qualquer outro recurso tecnológico, a informática propicia a melhoria da qualidade e da produtividade do trabalho. Portanto, para ser competitiva, uma unidade de informação precisa contar com uma estrutura tecnológica atualizada. A informática é certamente um investimento de impacto direto sobre a capacidade produtiva instalada. RECURSOS HUMANOS: SELEÇÃO, CAPACITAÇÃO E MOTIVAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO Como qualquer outra prestadora de serviço, a unidade de informação tem como seu principal recurso uma equipe treinada e capacitada. É fundamental na organização selecionar profissionais com perfil adequado e continuamente propiciar oportunidade de atualização e capacitação técnica. As equipes devem ser multidisciplinares e polivalentes, contando com profissionais de diferentes aptidões, formações e personalidades. A diversidade na composição de equipes é um fator favorável para a área de informação. Para correta seleção da equipe de trabalho, é recomendável cortar com a orientação processo de seleção conta com as seguintes etapas: a) divulgação e convocação: - definição do perfil do candidato; - preparação do anúncio; - veiculação em jornais; - recepção dos currículos; b) análise de currículos: - definição de critérios de eliminação e classificação; - análise e classificação dos currículos; c) realização de testes: - definição das qualidades e atributos a serem avaliados; - preparação de testes; - definição de critérios de pontuação; - aplicação e correção dos testes; d) entrevista e contratação - estudo dos currículos selecionados e dos recursos dos testes; - definição dos candidatos a serem entrevistados; - preparação de um roteiro de entre-vista; - realização da entrevista e seleção final; - contratação. Após vários anos de estudo, a área de recursos humanos está concluindo que a prática mais adequada para a seleção e alocação de pessoas em postos de trabalho deve se basear nas características de caráter, comportamento e personalidade. Certamente o conhecimento é importante, porém a qualidade e a produtividade ao longo do tempo dependerão mais da identificação e harmonia entre a personalidade e o perfil comportamental do profissional e o trabalho que executa. Convém lembrar que conhecimento técnico pode ser desenvolvido e atualizado, porém personalidade não se muda. Portanto, nas fases de análise de currículos e de aplicação de testes, é fundamental levar em consideração aspectos psicológicos dos candidatos (solicitação e análise da carta de próprio punho sobre as expectativas e o tipo de trabalho que espera realizar) e a aplicação de testes vocacionais e psicotécnicos. A capacitação da equipe constitui uma necessidade constante e se revela sempre um excelente investimento. O programa de capacitação deve ser montado anualmente, prevendo, entre outros eventos, visitas, estágios, cursos de pós-graduação, cursos de média duração fora da instituição e internamente de curta duração. No caso de cursos de curta duração fora da instituição, o melhor é prever uma carga máxima a ser atendida ao longo do ano, conforme as oportunidades forem surgindo. Para profissionais contratados fora da instituição sede, é bastante recomendável um curso inicial sobre a instituição e a unidade de informação, descrevendo inclusive as áreas de atuação, os métodos de trabalho e a expectativa de resultados esperados. Um bom programa de capacitação sempre contempla: a) levantamento das necessidades de treinamento; b) ofertas de treinamento e eventos programados dentro e fora da instituição; c) orçamento e/ou dotação orçamentária disponível; d) proposta individualizada dos treinamentos a serem realizados no ano pela equipe; e) calendário de realização; f) custos de realização; g) justificativa, resultados e benefícios esperados com os treinamentos a serem cumpridos; h) ficha interna de avaliação do treinamento recebido a ser preenchida pelo profissional treinado; i) relatórios de acompanhamento da aplicação em serviço do conhecimento adquirido pelo profissional. A figura 3, a seguir, apresenta as áreas e temas fundamentais a serem contemplados nos programas de treinamento. Observe que há uma diferença de enfoque para profissionais com atribuições de caráter mais operacional em relação àqueles de caráter gerencial. DEFINIÇÃO DO FLUXO, DOS MÉTODOS E DAS FERRAMENTAS DE TRABALHO A consistência, a repetibilidade e a rapidez na execução de uma tarefa ou atividade são diretamente proporcionais às ferramentas de trabalho disponíveis, sejam elas automatizadas ou não. Assim, a busca de elevados níveis de produtividade e qualidade exige a especificação e o desenvolvimento de ferramentas e procedimentos de trabalho. E isto se dá com a observação, documentação, análise e sistematização do fluxo produtivo e gerencial de uma unidade de informação. Erroneamente, existe a crença de que o trabalho intelectual é de difícil controle e sistematização. A dificuldade reside na tentativa de aplicar o modelo taylorista de organização do trabalho, que pressupõe uma seqüência rígida de tarefas minuciosamente descritas em termos de tempos e movimentos. O modelo adequado ao trabalho intelectual deve ser flexível. O pensamento normalmente trabalha integrado e em espiral: a cada ciclo, novas contribuições e melhorias são acrescidas ao objeto de estudo. A figura 4 apresenta o quadro geral das atividades de uma unidade de informação privilegiando a sua integração, a atuação planejada e controlada, a busca da satisfação dos clientes, o conhecimento do mercado e o contínuo aprimoramento da qualidade e da produtividade. A sucessão de quadrados, retângulos e setas mostra os relacionamentos e implicações de uma atividade sobre as outras. A ordem cronológica e temporal é secundária, desde que a lógica não seja infringida e os resultados sejam atingidos. É evidente que uma venda pressupõe a produção de um produto ou serviço, mas nada impede que estudos de mercado sejam conduzidos em paralelo. Ganhos de produtividade podem ser obtidos pela otimização e padronização de métodos e ferramentas de trabalho. A preferência deve ser dada às tarefas mais repetitivas, laboriosas e manuais. O roteiro apresentado na figura 5, a seguir, serve como orientação para elaborar essesprocedimentos (o próprio roteiro constitui um exemplo de ferramenta). MONTAGEM DA INFRA-ESTRUTURA E DOS GRUPOS DE TRABALHO A estruturação da unidade de informação se dá em torno da equipe. Um núcleo ou uma unidade de informação normalmente não atinge o tamanho de uma corporação, empresa ou instituição civil que congregue diversas atividades e objetivos. Assim, dispensa a sua estruturação na forma de departamentos e/ou unidades funcionais. A organização mais adequada, mais ágil e moderna é obtida por uma equipe com membros polivalentes, mas com atribuições especiais que refletem certa especialização. A figura 6, a seguir, exemplifica as atividades a serem cumpridas pela equipe da unidade de informação. IMPLANTAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS O setor de informação é uma das áreas de maior crescimento em qualquer economia desenvolvida. Aproveitando-se dos desenvolvimentos tecnológicos da informática, várias empresas de processamento de dados têm ocupado mais e mais espaço no mercado de informação. Da mesma forma, as empresas editoriais e jornalísticas estão progredindo e diversificando sua linha de atuação, com produtos e serviços cada vez mais voltados a públicos específicos. A concorrência é forte e exige criatividade e profissionalismo. As figuras 7 e 8, a seguir, apresentam roteiros genéricos para a implantação de produtos e serviços que, resumidamente, indicam as principais etapas e tarefas a serem cumpridas. Como um indicativo do amplo mercado de informação a ser conquistado com iniciativa, ousadia e qualidade, apresenta-se uma lista de alguns produtos e serviços que podem e devem ser implantados em unidades de informação (tabela 2). É interessante observar que a essência, tanto dos produtos, quanto dos serviços, é sempre a mesma: informação. A diversificação se dá por outros atributos igualmente valorizados e importantes para cada segmento de mercado ou seja, a forma, a especificidade do conteúdo, o veículo de comunicação, a periodicidade, a apresentação, a linguagem, a rapidez e outras características que devem ser bem conhecidas pela unidade de informação. ARTICULAÇÃO E MARKETING INSTITUCIONAL Ser conhecido, atuar em rede e formar parcerias são procedimentos cada vez mais corriqueiros e estratégicos para vencer a concorrência e permanecer no mercado. O panorama atual do mundo dos negócios está importando conceitos e termos da área ecológica a fim de definir o seu ambiente. Noções como ecossistemas, nichos de negócio, predadores e cadeia de relacionamentos estão sendo aplicados também para designar os estados e relacionamentos de empresas, clientes e agentes econômicos. Isto se deve à constatação de que qualquer empresa, instituição de organismo ou unidade não é uma entidade separada e própria. Ela se insere dentro de um contexto maior e estabelece continuamente relações de troca e parceria com as outras entidades que co-habitam o seu ecossistema, conforme ilustra a figura 9, a seguir. Também, no âmbito interno das instituições, há mudanças profundas no relacionamento entre unidades e profissionais. Relações baseadas na hierarquia e subordinação estão dando lugar a parcerias. Cada vez mais o gestor é solicitado a estabelecer parcerias e alianças com seus funcionários, aliás colaboradores, ao invés de impor ordens e comandar subordinados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- DRUCKER, P. Introdução à administração. (São Paulo: Pioneira, 1984); 2- KELLEY, R e CAPLAN, J. How Bell Labs creates star perfomers. Harvard Bussines Review, 71(4), Jul-Ago 1993, 128-139; 3- RAPAPORT, R. To build a winning team: an interview with head coach Bill Walsh. Harvard Business Review, 71(1), Jan-Feb 1993, 111-120; 4- HARRIS, T.G. The post-capitalist executive: an interview with Peter Drucker. Harvard Business Review, 71(3), May-Jun 1993, 114-122; 5- ADLER, P.S. Time-and-motion regained. Harvard Business Review, 71(1), Jan-Feb 1993, 97-108; 6- MOORE, J.F. Predators and prey: a new ecology of competition. Harvard Business review, 71(3), May-Jun 1993, 75-86; 7- GARVIN, D.A. Building a learning organization. Harvard Business Review, 71(4), Jul-Ago 1993, 78-91. Managing the organisation process of information centres Abstract Managing is a key factor for the information centre success. Managing is much more than how to be a boss. Nowadays, it is a new and dynamic knowledge field that has developed techniques and concepts for leadership, motivation, control, planning and marketing. Exemplifying the new trends, the article point out the role that a manager plays in the organisation process of information centres. Keywords: Information unit; Management; Organization. Paulo A. Baltazar Ramos Engenheiro mecânico e mestre em sistemas de informação. Consultor especialista em planejamento e gestão da informação. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 347 TÉCNICAS BÁSICAS DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS Joana Paula Coradi Gisela Eggert-Steindel Resumo: Trata-se de um estudo bibliográfico desenvolvido como parte das atividades do Projeto de Extensão "Entre Papéis: preservação física do acervo bibliográfico e documental do Museu da Escola Catarinense", vinculado ao Museu da Escola Catarinense abrigado no Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina. O estudo expõe de forma simples, prática e objetiva, ações e técnicas de conservação e recuperação a serem aplicadas em acervos, enfatizando a higienização das obras e a conscientização relacionada a políticas de preservação preventiva. Palavras-chave: Conservação preventiva. Preservação. Material bibliográfico. 1 INTRODUÇÃO O Museu da Escola Catarinense abrigado no Centro de Ciências Humanas e da Educação, e de acordo com o Regimento Geral da Universidade do Estado de Santa Catarina, no Art.41 da Subsessão VIII, tem por finalidade reunir informações e elementos materiais e simbólicos sobre as escolas do Estado com o objetivo de preservar objetos, artefatos, documentos e imagens de valor histórico relacionados à cultura escolar e à educação catarinense. O Projeto Entre Papéis, coordenado pela professora Gisela Eggert Steindel, proposto em 2006 pela Professora Doutora Vera Lucia Gaspar da Silva atual coordenadora do Museu da Escola Catarinense, tem como objetivo possibilitar a preservação da cultura escolar através da recuperação, conservação e preservação de documentos e livros que integram o acervo desse museu. Este estudo é o resultado das atividades de estudos e práticas desenvolvidas no pequeno laboratório do Museu e tem por finalidade explanar, de forma simples e clara, o tratamento adequado para um acervo bibliográfico, os cuidados, as técnicas de preservação e recuperação, os principais agentes de deterioração, o cuidado com as obras raras e a conscientização em relação ao patrimônio documental. A partir de um conjunto que mescla teoria e prática, resultado de revisão bibliográfica, métodos e técnicas de preservação e conservação serão repassados a fim de serem utilizados em acervos Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 348 bibliográficos. Dentre os vários documentos que podem compor um acervo, o livro ganha atenção especial neste estudo, devido ao seu próprio valor documental e a sua importância para a história da escrita e da leitura. Desde o surgimento da escrita, a humanidade tem desenvolvido uma estreita relação com os documentos, em especial os livros, e seria impossível saber das experiências das gerações passadas se estas não estivessem, a despeito dos contratempos da própria história, armazenadas nestes suportes, que por sua vez estão salvaguardados nas bibliotecas. O livro como o conhecemos passou por uma longa trajetória até os nossos dias, juntamente com a biblioteca, que afinal, como afirma Battles (2003, p. 11), não se trata apenas de um depósito bibliográfico: Mas a biblioteca –especialmente uma tão vasta – não é um mero repositório de curiosidades. É um mundo a um só tempo completo e incompletável, cheio de segredos. Ela está submetida a um regime de mudanças e ciclos que contrastam com a permanência insinuada por suas longas fileiras ordenadas de livros. Arrastados pelo desejo de leitores, os livros vão entrando e saindo das bibliotecas, num movimento semelhante ao das marés. Com a queda do Império Romano Ocidental (476 d.C.), muitas bibliotecas, que constituíam grandes e importantes acervos, foram fechadas ou dizimadas. A exemplo disto, bibliotecas como as fundadas pelo imperador romano Otávio Augusto, e as mantidas por colecionadores como Sereno Samonico, foram totalmente queimadas e destruídas (BÁEZ, 2006). Como conseqüência, houve uma época de transição para os livros e com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, a existência de bibliotecas na Europa era praticamente inexistente. Durante os séculos V e VI, a cópia e a leitura eram atividades raras e, em geral feitas por nobres ou por monges. Entre o medo das invasões bárbaras e o da proliferação dos escritos pagãos, os acervos foram encaminhados para os mosteiros católicos, que chegaram a desenvolver ricas coleções em suas bibliotecas, como por exemplo, as do Monte Cassino e da abadia de São Martins de Tours, Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 349 esta possuidora de uma escola de copistas. Como resultado de anos de guerra e invasões, muitas destas bibliotecas também foram arruinadas (BÁEZ, 2006). Mas apesar das dificuldades e da letargia intelectual que caracterizou o período da Idade Média (476-1453), muitas pessoas arriscaram suas vidas para que outras tivessem acesso ao conhecimento por meio dos livros e das bibliotecas. Embora o desenvolvimento intelectual tenha caminhado a passos lentos, ele não parou por completo, pois muitos dos clássicos aos quais se tem acesso hoje em dia provêm desta época. No século XV, outra inovação vem mudar para sempre o rumo das bibliotecas e dos livros. Um metalurgista experiente chamado Johannes Gensfleisch zur Laden, mais conhecido como Johannes Gutenberg, desenvolveu um novo método de impressão com tipos móveis, permitindo que livros fossem impressos com mais rapidez e precisão. Isto possibilitou a expansão da informação impressa, e por conseqüência, do conhecimento e de uma nova maneira de obter instrução através dos livros. Com isto, segundo Battles (2003, p. 86) “O número de livros cresceu drasticamente do século XV ao século XVII, engendrando um misto de excitação e de ansiedade [...]”. De fato, a primeira explosão bibliográfica ocorre a partir de 1448, com a imprensa de Gutenberg, que teve relevância intelectual e histórica, como salienta Weitzel (2002, p. 62): A importância histórica da invenção da imprensa reside em dois fatos: primeiro a promoção da laicização do conhecimento com a quebra do monopólio da informação, restrita, antes, aos mosteiros e aos castelos da nobreza; e em seguida, como conseqüência, a possibilidade de aumentar o alcance das descobertas cientificas e dos tratados filosóficos através das publicações de cunho cientifico. Mas com as vantagens que a disseminação do conhecimento e a indústria editorial trouxeram, surge também uma nova preocupação, a de preservar e conservar o acervo bibliográfico para gerações futuras, tomando o cuidado para que estas tenham acesso a um material de qualidade, similar ao seu original. O próximo tópico Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 350 abordará as partes integrantes de um livro e os seus principais agressores. 2 O LIVRO E SEUS PRINCIPAIS AGRESSORES O principal componente de um acervo bibliográfico é o livro, que por sua vez é composto de elementos como o papel, onde a informação é impressa. O papel é sensível a agentes deteriorantes como umidade, pragas, calor, luminosidade e processos químicos como a acidez. Pode ser deteriorado por dois processos, mecânico ou químico. A tinta sofre degradação por vários motivos como a acidez, remoção por ação mecânica, descoloração por luminosidade, baixa estabilidade, entre outros. As tintas mais utilizadas são a ferrogálica, a chinesa ou nanquim, sépia ou bistre. A estrutura encadernada do livro é composta por capa, lombada, corpo, cortes, etc. Os cadernos e as folhas são costurados ou colados e a superfície onde estes são unidos denomina-se lombada do corpo do livro. Mas há dois tipos modernos de encadernação: capa dura e brochura. No que se refere ao custo, a brochura é a mais utilizada atualmente por ser mais econômica. As capas protegem o corpo do livro, além de apresentarem os dados da obra. Quando o livro não é bem confeccionado, a capa dura fica vulnerável aos danos externos, ocasionando descolamento ou descostura entre a capa e o corpo do livro. Encadernações em forma de brochuras são ainda menos resistentes a impactos, exigindo maior cuidado com o seu manuseio. Há alguns fatores que causam o desgaste nos livros, os internos e os externos. Os internos resultam da fabricação do papel, envolvendo processos como: a) Tipos de fibras utilizadas; b) Processo mal realizado de cozimento das fibras; c) Emprego excessivo de alguns produtos químicos; d) Depósito de partículas metálicas na polpa, ocasionando a oxidação do papel; e) Uso de tintas ácidas. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 351 Já os fatores externos dividem-se em agentes físicos, químicos e biológicos. 2.1 Agentes físicos Entre os agentes físicos estão fatores como a umidade e a temperatura, cujas variações podem causar movimentos de contração e alongamento das fibras do papel, além de favorecerem a proliferação de agentes biológicos como insetos, fungos e bactérias. Sugere-se que sejam utilizados termohigrômetros, desumidificadores, sílica-gel, entre outros produtos e aparelhos que auxiliem na conservação do material bibliográfico em locais onde a temperatura e a umidade são fatores que ameaçam o acervo. Quanto à iluminação, se esta for inadequada poderá causar o desbotamento ou escurecimento do papel e das tintas, além disso, pode acelerar a degradação de uma substância chamada lignina, causando o rompimento das fibras de celulose. É necessário controlar a incidência de luz, tanto natural quanto artificial. O controle da primeira pode ser feita através de cortinas, persianas e alguns filtros que absorvem raio ultravioleta e refletem o calor. A iluminação artificial, a redução de luminosidade e do tempo de exposição pode contribuir muito, sendo que o uso de lâmpadas fluorescentes também é uma alternativa para o controle deste agente. Outro agente de deterioração em um acervo é a má ventilação, pois isto também favorece a proliferação de fungos, bactérias, insetos e outras pragas. Ventiladores ou circuladores de ar podem ser utilizados. Quanto à ventilação natural, deve-se tomar cuidado quanto às condições climáticas ao abrir portas e janelas. Existem ainda alguns descuidos que podem causar sérios danos ao acervo. Podem ser causados pela água, tanto pela infiltração como até mesmo por enchentes; incêndios que podem ser resultados de curtos circuitos ou pelo descuido; lixo ou outros elementos (como restos de comida) que atraiam baratas, ratos e insetos, trazendo grandes riscos para o material bibliográfico. Certos procedimentos errôneos como dobrar páginas e orelhas, usar fita adesiva, perfurar ou rasgar páginas, utilizar clipes metálicos e grampos também podem contribuir para o desgaste de livros. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 352 2.2 Agentes químicos Os agentes químicos são constituídos por fatores como a poluição atmosférica ou ambiental,que causam grandes danos ao papel, pois na poluição existem gases tóxicos como óxido de carbono, enxofre e nitrogênio, que atacam a celulose e causam reações químicas destrutivas ao papel. Em relação aos outros agentes deteriorantes, a poluição atmosférica é o de maior risco, pois envolve a sociedade em geral e requer grandes mudanças no desenvolvimento e na consciência ecológica. A acidez, embora seja um fator interno de degradação do papel, também pode ser causada por fatores externos, como por exemplo: a) Acidez do material utilizado para encadernar o livro; b) Acidez da cola utilizada, geralmente as brancas, feitas à base de óleos e farináceos; c) Exposição do papel à luminosidade excessiva; d) Gases tóxicos presentes na atmosfera; e) Tintas ácidas, utilizadas na impressão. Além disso, há agentes como a alcalinidade do papel, que compromete sua resistência e facilita a proliferação de microorganismos, deixando o documento constantemente úmido. A poeira também é um fator de risco, pois compromete não só a estética como também a qualidade do papel, estando as partículas de poeira carregadas de poluentes atmosféricos, como o dióxido de enxofre e o nitrogênio, que podem destruir o papel. 2.3 Agentes biológicos Dentre os vários agentes deteriorantes vistos até agora, os biológicos são de fato os mais danosos, muitas vezes irreparáveis. Dentre eles estão os insetos; os microorganismos; os roedores e o próprio ser humano. 2.3.1 Insetos Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 353 Entre os insetos estão as traças (Tisanuros), que penetram nos livros, avançando em sentido longitudinal e chegam a tal ponto de fazerem desaparecer o brilho do papel. As baratas (Blattaria) alimentam-se de papel e das colas usadas nas encadernações, sendo atraídas para lugares onde há resíduos de alimentos e gordura. Um dos insetos mais perigosos são as brocas (Anóbios), que danificam livros e documentos desde sua fase larval, e se instalam já quando nascem e permanecem ali, abrindo caminho a medida que seu tamanho e sua fome vão crescendo. Uma característica deste inseto é a de não atacar folhas soltas, preferindo lugares bem apertados, onde podem se alimentar melhor. Por isso, recomenda-se dispor os livros na estante de tal maneira que não fiquem muito juntos e apertados, havendo um espaço folgado entre eles. Os cupins (Térmitas) também podem causar grandes estragos a livros e documentos. Dividem-se em cupins de madeira seca ou cupins de solo, sendo que este último grupo é o mais devastador, pois forma grandes ninhos subterrâneos, alcançando facilmente as edificações por meio de galerias, e conseqüentemente a arquivos e bibliotecas, alimentando-se fartamente de papel, em especial úmido e infestado de microorganismos. Apesar de serem uma ameaça para os acervos, esses insetos podem ser controlados através do uso de produtos especializados. Porém, estes produtos devem ser aplicados apenas por profissionais da área, de forma a não danificar ou expor ao perigo livros, documentos e pessoas. 2.3.2 Microorganismos Os microorganismos mais conhecidos, presentes no suporte papel, são os fungos e as bactérias, que atacam os livros e documentos e deixam manchas irreversíveis, alimentando-se da celulose e de outras substâncias presentes no papel. As principais causas de proliferação de fungos e bactérias são: umidade elevada, altas temperaturas e volumes colocados próximos ao solo, às paredes e aos tetos. Para evitá-los, deve-se tomar cuidado com estes fatores. Se o acervo já foi acometido por esses microorganismos, então é preciso controlá-los da mesma forma empregada no caso dos insetos, usando produtos específicos e uma equipe especializada, de preferência composta por um biólogo e um químico. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 354 2.3.3 Roedores A luta contra roedores é ainda mais difícil. Os ratos utilizam materiais como o papel para se aquecerem e para construírem seus ninhos, uma vez que se reproduzem até dez vezes por ano. Ao contrário dos insetos, que ao se alimentarem das substâncias tóxicas do papel acabam morrendo, os ratos não ingerem a quantidade suficiente para isto. Além de destruírem o material bibliográfico por onde passam, os roedores também oferecem riscos às pessoas, pela transmissão de doenças como leptospirose, febre tifóide e peste bubônica. A melhor maneira de evitar a proliferação destes animais é mantendo o local seco, arejado, evitando o acúmulo de objetos como papéis, caixas, madeiras e matérias orgânicas. Também é preciso usar raticidas, desde que não sejam tóxicos para o ser humano e/ou nocivos para o acervo. Todos estes agentes, insetos, microorganismos e roedores, apesar de se constituírem grandes ameaças para o acervo, são passíveis de controle e extermínio. Com produtos e equipamentos corretos, além de profissionais especializados, é possível eliminar gradativamente tais pragas, sem danificar livros e documentos ou oferecer perigo às pessoas. No entanto, vale ainda lembrar que se é necessário preservar a saúde humana, um dos principais causadores de estragos ao material bibliográfico é justamente o ser humano, como se discute no item que segue. 2.3.4 Pessoas Ao fazerem uso dos documentos, as pessoas cometem uma série de danos a estes, como por exemplo: a) Alimentar-se sobre os livros; b) Manuseá-los com as mãos sujas ou suadas, deixando resíduos ácidos ou gordurosos sobre o papel; c) Arrancar, perder ou dobrar folhas; d) Deixar os livros expostos aos raios solares; e) Riscar, escrever e apoiar os braços nos livros; f) Usar fitas adesivas, clipes e grampos metálicos nas folhas. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 355 É necessário que haja um programa de conscientização, que leve as pessoas a entenderem “a natureza e as limitações dos acervos documentais, fazendo-os compreenderem a importância de sua preservação, a fim de que o público leitor os trate e os use com maior cuidado e carinho” (SOARES, 2003, p. 19). Além disto, também é necessário haver um mínimo de vigilância e controle sobre o acervo. Tais cuidados e precauções servem para preservar e zelar pelo patrimônio documental e, embora possam ser eficazes, cabe à instituição, uma vez tendo conhecimento das principais ameaças ao acervo, adotar alguns métodos e técnicas de preservação de livros e documentos. 3 TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE ACERVOS Este item tem como objetivo destacar informações necessárias para a preservação e conservação do acervo, possibilitando, que uma instituição recorra ao processo de recuperação, que geralmente é caro e exaustivo, tanto para a equipe quanto para os volumes. Inicialmente faz-se necessário compreender os conceitos: preservação e conservação de acervos. A conservação consiste em métodos técnico-científicos capazes de desacelerar o processo de deterioração instalado em suportes de informação. Já a preservação consiste em uma política, ou de acordo com Milevski (1997, p. 14): [...] inúmeras políticas e opções de ação, incluindo tratamentos de conservação. Preservação é a aquisição, organização e distribuição de recursos a fim de que venham a impedir posterior deterioração ou renovar a possibilidade de utilização de um seleto grupo de materiais [...]. Nesta esteira para prolongar a vida útil ou impedir a deterioração de livros e documentos, é necessário que o acervo siga um programa de preservação e conservação, a fim de manter a integridade física de seus volumes. Se isto for realizado, diminuirá a necessidade de se empregar métodos de recuperação. Se, por outro Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 356 lado, o acervo já estiver comprometido,então os dois métodos deverão ser utilizados. A primeira etapa do programa de conservação é a higienização do acervo. Assim como as pessoas, também os livros têm um ciclo de vida útil, que abrange o período desde sua criação até o momento em que, devido ao seu estado, não podem mais ser utilizados. Para prolongar a vida útil de um livro é necessário adotar certos procedimentos e técnicas de preservação e conservação. A preservação e a conservação são um conjunto de práticas que previnem e evitam que o livro seja danificado pela ação do tempo e outras circunstâncias. Apesar de alguns danos serem irreversíveis, se bem empregadas, as técnicas de preservação e conservação minimizarão as agressões sofridas pelo livro. Estas técnicas envolvem a higienização do acervo, a conscientização por parte dos usuários, a limpeza do local onde os livros se encontram, o manuseio correto das obras e em especial a prevenção, ou conservação preventiva. O objetivo da conservação preventiva é desenvolver ações de prevenção contra possíveis danos aos livros, além de conscientizar quanto ao correto manuseio e utilização destes. O programa de preservação e conservação destaca a importância de “conservar para não restaurar”, poupando o acervo de intervenções custosas e exaustivas. 3.1 Higienização O processo de higienização aqui apresentado tem como objetivo esclarecer dúvidas simples e demonstrar, passo a passo, todas as etapas de limpeza simplificada, podendo ser realizadas por pessoas não técnicas, desde que conscientes dos cuidados e precauções que um acervo requer. A poeira é um agente de deterioração comprometedor ao material bibliográfico. Durante a higienização esta poeira, bem como outros objetos danosos aos livros, devem ser retirados através de técnicas apropriadas, em intervalos regulares. Devido ao estado frágil e delicado de alguns livros, é preciso que haja bom senso a fim de decidir se esses documentos podem ou não ser higienizados. Antes da limpeza, alguns fatores precisam ser avaliados, como a condição física dos livros, a quantidade, que tipos de Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 357 impurezas serão eliminadas e a natureza deste material, ou seja, se têm valor monetário, histórico, informativo, artístico ou ainda se é uma obra rara. Uma vez que se trata de um processo minucioso e demorado, é preciso definir o alcance da higienização, se abrangerá uma ou mais coleções ou todo um acervo. Em relação a este cuidado, Paletta; Yamashita; Penilha (2004, p. 22), chamam atenção para sua importância: Uma vez que a limpeza pode ocasionar danos aos livros, deve ensinar-se, aos funcionários, técnicas de manuseio além de conscientizá-los da importância dessa tarefa que, por ser tão demorada, é freqüentemente esquecida ou adiada; ela deve ser executada de forma cuidadosa exemplar por exemplar. Por se tratar de um trabalho delicado, executar a higienização num acervo exige uma série de medidas preventivas, a começar pelos equipamentos de proteção individual e os materiais de limpeza. Os equipamentos são obrigatórios e regularizados pela Norma Regulamentadora n. 6 (NR6), e destina-se a proteger contra riscos e ameaças a segurança e a saúde dos trabalhadores. Os equipamentos de proteção individual devem abranger as seguintes partes do corpo: a) Cabeça: Máscara, touca e óculos de proteção; b) Tronco: Avental de mangas longas; c) Membros superiores: Luvas; d) Membros inferiores: Botas. Caso não se utilizem tais equipamentos ou mesmo o conjunto completo, haverá riscos de alergias, rinite, irritação ocular, problemas respiratórios e dermatoses. Quantos aos materiais para a higienização devem ser usados os seguintes: a) Mesa de higienização; b) Aspirador de pó; c) Brochas; d) Trinchas; e) Escova macia do tipo bigode; f) Panos macios; Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 358 g) Buchas de pano; h) Borracha TK; i) Ralador de inox. Após cuidar para que os equipamentos de proteção e materiais de limpeza estejam sendo devidamente utilizados, a higienização do acervo poderá ser iniciada. O local de higienização deverá ser amplo, arejado e com boa iluminação, conforme tratado neste artigo. É necessário que o ambiente em que os livros serão higienizados seja fora do local onde eles estão armazenados. Recomenda-se que haja uma sala especialmente para este fim, do contrário o processo será contraproducente. Com o aspirador de pó, passa-se levemente por sobre os livros na estante, nos locais chamados cortes, a fim de remover superficialmente a camada mais grossa de poeira. O bocal do aspirador deve ser protegido por uma tela ou conter filtro de água. Depois, retiram-se os volumes da prateleira, sempre no sentido da esquerda para a direita. Também é necessário limpar as estantes com o aspirador de pó e, se houver sujidade intensa, uma solução de água e álcool 50% poderá ser usada e aplicada com um pano torcido, passando depois outro pano para secar. A mesa de higienização deve ser forrada com papel mata- borrão e entretela sem goma. O livro pode ser colocado na mesa e pressionado levemente com a mão, no centro da encadernação. No mesmo lugar onde fora passado o aspirador de pó, no corte do livro, passa-se um pincel, denominado também como trincha ou brocha, sempre do cabeceado para fora, e sempre no sentido contrário ao higienizador. Após isso, com a obra apoiada na superfície da mesa, abre-se a capa, passando suavemente um pincel ou trincha sobre as folhas de guarda do livro, na frente e no final, e da mesma forma, sempre empurrando a sujidade no sentido contrário ao operador. As encadernações em forma de brochura não devem ser abertas em mais que 90 graus. Nesta etapa, os livros devem ser higienizados um a um, folha por folha, e cada volume deve ser examinado individualmente quanto à presença de fungos e/ou insetos, sem esquecer de passar o pincel ou a trincha bem próximo à costura, onde a sujidade é maior. Também é Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 359 importante o processo de ralar borracha, usando-as posteriormente na limpeza de volumes mais acometidos pela sujeira. Para isto, rala-se borracha branca do tipo TK, por ser mais resistente, com um ralador de inox. A borracha em pó deverá preencher as buchas feitas com pano, em especial morim ou gaze, que permitirá a saída do pó, limpando assim a superfície do papel através de movimentos circulares. A limpeza mais detalhada é destinada a livros que estão sendo higienizados pela primeira vez. Em caso de manutenção, apenas os cortes, as cinco primeiras e as cinco últimas páginas têm necessidade de limpeza, pois estão mais sujeitas à contaminação. O próximo passo é colocar o livro de pé, abrindo-o ao meio e batendo suavemente na lombada com o cabo do pincel, pois desta forma, os resíduos, insetos e sujidades cairão sobre o papel e a entretela, possibilitando a identificação de algum tipo de infestação. Depois que as páginas forem higienizadas, a obra deverá passar pela oxigenação, folheando o documento várias vezes e proporcionando a aeração. Quanto à limpeza da capa do livro, esta dependerá do material utilizado no revestimento. Se a capa for de tecido, passa-se sobre ela a escova tipo bigode. No caso de a capa ser feita de papel, muito comum a brochuras, uma bucha de pano preenchida com pó de borracha deverá ser passada no papel com movimentos suaves e circulares. Para retirar os resíduos de sujeira e de borracha que ficarem na capa, passa-se um pincel macio. Em capas plastificadas, usa-se apenas um pano seco e macio, e se houver muita sujeira, recomenda-se o uso de um pano úmido e bem torcido, com sabonete neutro. Se o material da capa for de couro, usa-se um pincel ou também um pano seco e macio em sua superfíciee em suas extremidades. Após a limpeza, os volumes poderão ser recolocados nas estantes. O mesmo cuidado precisa ser estendido também ao espaço físico onde está armazenado o acervo. O piso deve ser limpo com aspirador de pó contendo filtro de água, porém, o uso de água deve ser evitado, uma vez que pode desequilibrar a umidade relativa do ambiente. Também não é recomendável varrer, pois a poeira e as impurezas espalham-se pelo ambiente. A limpeza a seco com o Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 360 aspirador de pó, que é a mais recomendável, deverá ser feita periodicamente. Os cuidados aqui tratados também devem ser estendidos às coleções de obras raras, em especial por se tratarem de livros e documentos não mais produzidos, e que devido à ação do tempo e de outras circunstâncias, são mais sensíveis e frágeis ao manuseio. Um acervo bibliográfico por si próprio requer cuidados especiais. Um acervo de obras raras, por sua vez, exige ainda mais atenção e cuidado no seu tratamento. O processo de preservação de livros raros envolve a higienização, a manutenção e a conservação preventiva destes, a fim de proporcionar qualidade ao acervo, muitas vezes devastado pelo tempo ou outras circunstâncias. Apesar de tais métodos serem similares, o foco deste artigo está voltado ao acervo comum, de forma que um programa de preservação e conservação de obras raras é um tema a parte, que merece ser tratado de forma exclusiva, conforme suas características e necessidades. As técnicas apresentadas até aqui são de validade, tanto para grandes acervos quanto para uma quantidade pequena de livros. Obviamente são procedimentos básicos, que englobam a limpeza a seco. Ressalta-se, que a higienização básica é amplamente utilizada em acervos de tamanhos variados e também em acervos de obras raras. Quando a integridade física dos livros e documentos está muito comprometida, recomenda-se uma limpeza mais exaustiva, que deverá ser feita por uma equipe técnica especializada, onde os volumes passarão por processos como desmonte e lavagem com água e produtos químicos. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao discutir e demonstrar técnicas de preservação e conservação preventiva de acervos, é importante destacar que muitos destes métodos são constantemente atualizados, podendo até mesmo ser substituídos por outros, de acordo com a necessidade ou com as inovações da área de materiais, que estão em constantes pesquisas em centros especializados no assunto. Destarte, a atualização e a busca por novas técnicas são uma constante na ciência da preservação/conservação. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 361 Apesar dos modernos processos de recuperação de livros e documentos oferecerem soluções para problemas aparentemente irreversíveis, dá-se maior ênfase às técnicas de conservação preventiva, priorizando sempre o “preservar para não recuperar”. Além disso, a conservação é de fácil aplicação e não exige técnicas, materiais ou pessoas especializadas, sendo assim menos dispendiosa e garantindo que a obra sofra futuramente o mínimo possível de intervenções. Preservar e conservar um documento envolve não apenas cuidar de sua estrutura física, mas principalmente de seu conteúdo, de seu valor como obra. Ao definir o documento, mais uma vez Soares (2003, p. 6) destaca sua importância ao afirmar: Documento é toda informação registrada em um suporte material, suscetível de ser utilizado para consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprovam fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada época ou lugar. Atualmente, existem milhões de livros que por descuido ou por falta de conhecimento dos usuários, estão sendo destruídos pelo tempo ou por outros diversos fatores, constituindo um verdadeiro risco para acervos inteiros e para obras cujos valores são inalienáveis. Tais necessidades de cuidado demandam, de forma urgente, trabalhos envolvendo a preservação e a conservação de materiais bibliográficos, o que tornará possível a perpetuação do conhecimento em meio impresso, através de técnicas que conservem a parte física de uma obra, sem tirar dela sua essência e seu valor documental. Ao apresentar tais tarefas de preservação e conservação preventiva de forma básica e sucinta, este estudo acaba por desmitificá-las como sendo um processo complexo e moroso. Ao contrário, são práticas simples e eficazes, e que apesar de exigirem um pouco de preparo prévio, podem constituir-se como poderosos instrumentos ao alcance de todos que, conscientes de seus deveres e responsabilidades em relação ao acervo bibliográfico, estejam dispostos a zelar por este inestimável patrimônio. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 362 AGRADECIMENTOS À Professora Doutora Vera Lucia Gaspar da Silva, Coordenadora do Museu da Escola Catarinense pela confiança e incentivo ao nosso trabalho. REFERÊNCIAS BÁEZ, F. História universal da destruição dos livros: das tábuas da Suméria à guerra do Iraque. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. BATTLES, M. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003. GUTENBERG: como ele enriqueceu o mundo. Despertai. São Paulo: Associação Bíblica de Bíblias e Tratados, v. 79, n. 1, 8 nov. 1998. MILEVSKI, R. J. Manual de pequenos reparos em livros. Rio de Janeiro: Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos: Arquivo Nacional, 1997. NORMA Regularizadora nº 6 (NR.6) Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, Ministério do Trabalho e Emprego . PALETTA, F. A. C.; YAMASHITA, M. M.; PENILHA, D.F. (Clb.). Manual de higienização de livros e documentos encadernados. São Paulo: Hucitec, 2004. SOARES, T. A. T. (Org.); PRAZERES, L. M. S. (Clb); MARTINS, J. A. (Clb). Manual de conservação de acervos documentais e noções de restauração de documentos: suporte papel. 4. ed. rev. ampl. e atual. Florianópolis: Arquivo Público do Estado de Santa Catarina/Associação de Amigos do Arquivo/SC: 2003. (Apostila mimeografada). WEITZEL, S. R. O desenvolvimento de coleções e a organização do conhecimento: suas origens e desafios. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 61-67, jan./jun. 2002. ______ BASICS TECHNIQUES OF CONSERVATION AND PRESERVATION OF BIBLIOGRAPHICALS ARCHIVES Abstract: This is a bibliographic study developed as a part of the Extension Project "Among Papers: physical preservation of the bibliographic and documental archive of the Escola Catarinense’s Museum", linked to the Escola Catarinense’s Museum, located at Human Sciences and Education Center in the Santa Catarina state University. The study exposes in a simple, practical and objective way, actions and techniques of conservation and recovering to be applied in archives, emphasizing the hygiene of the works and the consciousness related to the preventive preservation politics. Keywords: Preventive Conservation. Preservation. Bibliographic Material. ______ Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.347-363, jul./dez., 2008. 363 Joana Paula Coradi Bacharel em Biblioteconomia Centro de Ciências Humanas e da Educação Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC E-mail: joana@prosul.com Gisela Eggert-Steindel Professora Coordenadora Doutora em Educação Centro de Ciências Humanas e da Educação Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC E-mail: f2gisa@udesc.br Artigo: Recebido em: 18/07/2008 Aceito em: 31/08/2008 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: SUBsíDIO PARA SUA COMPOSiÇÃO Célia Regina Simonetti Barbalho1 1 Doutora em Semiótica, UniversidadeFederal do Amazonas, Manaus, AM Resumo Discute os elementos que corroboram para composição da estrutura organizacional da biblioteca universitária. Compreende que tais estruturas sofreram amplo impacto com a inserção das tecnologias de informação nos ambientes das bibliotecas, sobretudo para favorecer a oferta de serviços. Examina os aspectos teóricos que envolvem o tema estrutura organizacional , destacando os elementos, a implantação ou avaliação das estruturas existentes. Fornece subsídios para permitir a analise da estrutura organizacional de bibliotecas universitárias. Palavras-Chave: Estrutura Organizacional ; Biblioteca Universitária; Gestão. Abstract Discusses the elements that support for the composition of the organizational structure of the university library. Understands that such structures suffered extensive impact with the inclusion of information technology environments of libraries, especially to promote the availability of services. Examines the theoretical aspects involving the theme of organizational structure, highlighting the elements, implementation or evaluation of existing structures. Provides grants to enable the analysis of the organizational structure of university libraries. Keywords: Organizational Structure; University Library; Management. 1 Introdução Com o crescimento das organizações, cujo ambiente de atuação se vê ampliado pela globalização e diuturnamente alterado pela sofisticação da tecnologia, a tarefa de administrar uma instituição tem sofrido pressão no sentido de proporcionar respostas rápidas e competentes ao contexto, de modo a oportunizar maior visibilidade organizacional para os produtos e serviços oferecidos e, por conseguinte, promover a geração de benefícios para ao empreendimento. O êxito da performance organizacional está pautado na capacidade de articulação da ação estratégica, o que, para Mintzberg (2003) demanda pela definição de uma direção que enfoque os esforços para proporcionar consistência nas decisões tomadas. Indubitavelmente as estruturas organizacionais possuem um importante papel na prospecção das estratégias e no desempenho das organizações. A despeito disto Motta (2002) sustenta que na medida em que se alteram as condições sociais, econômicas e 2023 i xmWrio Planejamento estratégico e sustentabilidade ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Trabalho completo políticas, também vão se modificando as maneiras de análise e concepção das organizações do trabalho e da produção, o que impacta na modelagem das estruturas organizacionais. Por certo, a relação dinâmica entre a estrutura organizacional de um empreendimento e sua estratégia é interdependente, sendo ambas influenciadas pelo ambiente ainda que qualquer modelo organizacional reflita uma arbitrariedade na divisão do trabalho e na distribuição da autoridade e da responsabilidade. De certo, para poder atingir os seus objetivos e qualificar sua performance, a organização necessita de uma estrutura que estabeleça relações entre indivíduos, para a condução de tarefas coletivas. A concepção moderna preconiza que se não existe, em princípio, uma melhor maneira de se estruturar uma organização, a qual como qualquer outro elemento organizacional , deve ser considerada também um instrumento gerencial dinâmico e passível de variações, que possui regras e procedimentos para atender as exigências quanto ao desempenho da estratégia traçada, variando o grau de complexidade em função do alcance dos processos e decisões. Decisivamente, uma organização é a coordenação planejada das atividades para a consecução de algum propósito ou objetivo comum, explícito, por meio da divisão de trabalho e funções, por meio de uma hierarquia de autoridade e responsabilidade (SCHEIN, 1982). A análise do funcionamento das organizações, visando examinar as questões inerentes ao seu desempenho, é própria a qualquer ambiente produtivo seja qual for a sua natureza, o que implica em afirmar que o estudo das diferentes estruturas, dinâmicas e configurações organizacionais tornam possível compreender o funcionamento de instituições como uma biblioteca, por exemplo, ao mesmo tempo em que permite analisar os fluxos internos existentes e a forma como tais aspectos poderão contribuir para identificar problemas com os quais ela atualmente se vê confrontada Para além de oferecer uma resposta à necessidade de encontrar um modelo organizacional que melhore o funcionamento das bibliotecas, é importante refletir sobre como estão sendo operadas às mudanças ambientais que as envolvem e de que forma os modelos organizacionais estão adaptados a essa nova realidade e as estratégias que elas prospectam. Deste modo, este artigo arrola elementos teóricos para o exame da estrutura organizacional das bibliotecas universitárias, considerando que estas apresentam elementos constitutivos portadores de maior organicidade ao seu desempenho. 2 Estrutura Organizacional A estrutura é U[ ... ] um meio complexo de controle continuamente produzido e recriado na interação e, no entanto, molda essa interação: As estruturas são formadas e formam" (RANSON; HININGS; GREENWOOD, 1980 apud HALL, 2004 p.48). Tal assertiva implica na compreensão prévia de que a estrutura de uma organização não é imutável. De certo ela molda é moldada pelas mudanças ambientais com as quais uma organização se vê envolvida. Sob este ponto de vista , estudos como o de Higa et aI/i (2005) e Younis (1999), apontam que a estrutura organizacional das bibliotecas sofreu grande impacto com a inserção das tecnologias de informação e comunicação em suas atividades, proporcionando uma justaposição de soluções tecnológicas, interações políticas e 2024 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo interpretações sociais em torno delas, o que alterou as relações entre os atores organizacionais, gerando implicações para a organização de seu processo produtivo e, por conseguinte, para sua estrutura organizacional. Considerando que as estruturas organizacionais devem produzir resultados e atingir metas, minimizar ou, ao menos, regular a influência das variações individuais na organização, é tácito que elas compõem um cenário no qual o poder exercido, as decisões tomadas e as atividades executadas são realizadas sob a influência das variações que seu modelo produtivo sofre. Diante tais questões cabe considerar que a biblioteca universitária enquanto organização, se vê envolvida com tais questões tendo em vista que ela possui uma estrutura complexa a qual carece diuturnamente adequar e repensar suas ações dentro de uma modernidade que lida com intensas interligações entre as diversas áreas que compõem uma instituição de ensino superior, considerando seu papel na disseminação de conhecimento. A estrutura é o arranjo dos elementos que constituem uma organização. Segundo Faria (1984, p. 21), a estrutura, [ ... ] é um conjunto integrado de elementos e suportes que formam as demais partes componentes de um organismo, sendo representada , em organização, pelo conjunto de órgãos, suas relações de interdependência e a via hierárquica existente, assim como as vinculações que devem ser representadas através do organograma. Desta forma, pode-se analisar a o sentido do termo estrutura sob duas acepções: a) em relação as partes físicas da organização relacionada ao espaço e equipamentos que lhes são pertinentes (localização espacial) ; e b) em consideração os elementos do trabalho, operações do processo de produção etc. (sistema organizacional , organização do trabalho, organização da produção etc.) Ambas as acepções demandam por inquirições que favoreçam sua eficácia sendo que, a primeira envolve os aspetos inerentes ao melhor dimensionamento do espaço físico para maior rendimento dos processos. O segundo entendimento enfoca que a estrutura organizacional é composta por diversas unidades que precisaminteragir (departamentos, divisões, seções etc.) como também os funcionários e as relações existentes entre superiores e subordinados. Para Annes (2005, p. 21), a Estrutura é um conjunto integrado de elementos suportes que formam as demais partes componentes de um organismo, sendo representada em organização, pelo conjunto de órgãos, suas relações de interdependência e via hierárquica existente, assim como as vinculações que devem ser representadas através do organograma. O autor, ao destacar que e estrutura é a integração de diversos elementos, permite entender que ela envolve uma parte física (edifício, equipamento, espaço e localização) e elementos de trabalho (processo produtivo, organização do trabalho e da produção) com a função básica de obter produtos organizacionais e atingir metas; minimizar a influência de variáveis individuais sobre os processos e estabelecer o posicionamento hierárquico que envolve a tomada de decisão, o fluxo de informações e a execução das atividades na 2025 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ instituição. Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo Com efeito, uma estrutura organizacional adequada as estratégias do empreendimento pode gerar, dentre outros, benefícios como a exata identificação das tarefas necessárias, organização adequada das funções e responsabilidades, das informações, dos recursos e do feedback dos funcionários além do estabelecimento de medidas de desempenho compatível com os objetivos e condições motivadoras. A estrutura de uma biblioteca universitária não se restringe apenas a diversas unidades (departamento, setores, etc.) que a compõe, mas abarca os funcionários e as relações existentes entre superiores e subordinados. De fato, uma organização é arranjada estruturalmente de modo formal e informal considerando diversos elementos que a influenciam. 2.1 Elementos da estrutura organizacional No delineamento de uma estrutura organizacional é imperioso considerar os seus componentes, condicionantes e níveis de influência, o que implica no entendimento das influências existentes no contexto , conforme expõe a Figura 1. FA TOR f-ItJMANO 'R>como a textual, gráfica, sonora ou imagens em movimento (FUENTES ROMERO, 2007). A perspectiva de Fuentes Romero é sustentada pela própria noção de documento, como concebida especificamente na disciplina Documentação, ou seja, como produto da atividade documentária. Assim, o autor refere-se às mesmas unidades de informação mencionadas por Díez Carrera, tratadas acima, mas assumindo uma derivação do termo documento para a denominação que as congrega, ou seja, todas elas seriam centros documentários. De modo parecido, García-Reyes (2007) define as unidades de informação também como centros que gerenciam recursos informacionais e desenvolvem atividades voltadas para a preservação de documentos, com o objetivo de permitir o acesso e uso da informação, atendendo às demandas da comunidade a que servem. A partir do exposto, podemos constatar que, embora termos diferentes sejam utilizados, os autores falam de unidades de informação, ora como um nome genérico para bibliotecas e sistemas congêneres de informação bibliográfica ora como unidades de gestão do conhecimento organizacional. No entanto, o limite entre uma abordagem e outra não é claro e se apresenta como algo a ser ainda estudado e problematizado no campo. Desse modo, frente à diversidade de termos e perspectivas apresentadas, para efeitos deste estudo, o termo unidades de informação será explorado no sentido de unidades que prestam serviços de informação bibliográfica, ou seja, sem incluir arquivos, museus e seus sistemas derivados, como é recorrente no Brasil. As unidades de informação, segundo adotadas na perspectiva da gestão do Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 333 E-ISSN 1808-5245 conhecimento organizacional, como citamos, também não serão consideradas, uma vez que nem sempre essas abordagens se desenvolvem no contexto específico da Biblioteconomia e Ciência da Informação. 3 Tipos de unidades de informação Para a observação sobre os modos de uso do termo unidades de informação, discorremos sobre os ambientes a partir dos quais o termo foi proposto no contexto específico do campo. Como ambiente de informação emblemático do campo, o primeiro a ser tratado é a biblioteca. Segundo a conceituação encontrada no Dictionary Library and Information Science, uma biblioteca é a coleção ou conjunto de coleções de livros e/ou outros materiais impressos ou não impressos, organizados e mantidos para uso (leitura, consulta, estudo, pesquisa, etc.). As bibliotecas institucionais são organizadas para facilitar o acesso de uma clientela específica; por extensão, a sala, o prédio ou a instalação que abriga essa coleção, geralmente, mas não necessariamente, é construída para este fim (REITZ, 2004). De acordo com Lemos (1998), para constituir-se como biblioteca no sentido de instituição social, é preciso existir cinco pré-requisitos: a intencionalidade política e social (razão de existir); o acervo e os meios para sua permanente renovação; o imperativo de organização e sistematização; uma comunidade de usuários, efetivos ou potenciais, com necessidades de informação conhecidas ou pressupostas; bem como o local, ou seja, o espaço físico, onde se dará o encontro entre os usuários e os serviços da biblioteca. A finalidade da biblioteca é promover o uso efetivo de sua coleção. Seus acervos devem ser formados segundo as necessidades efetivas de seus usuários, que devem ter ao seu dispor serviços organizados e eficientes (LEMOS, 1998). O autor acrescenta que, pelo fato de a coleção da biblioteca tender ao crescimento incessante, é preciso que hajam mecanismos de seleção e descarte adequados, ou seja, ela não deve ser mero local de custódia ou guarda de materiais, mas sim um espaço de promoção de novos conhecimentos. Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 334 E-ISSN 1808-5245 Lemos (1998) argumenta que a sobrevivência das bibliotecas ao longo do tempo, como instituições que se adaptaram às mudanças políticas, sociais e tecnológicas, demonstra seu importante papel na sociedade como um todo, representando a memória coletiva de um grupo social e, por extensão, da própria humanidade. Para Lemos (1998), ao longo do seu processo de desenvolvimento, as bibliotecas diversificaram-se, seja em função do tipo de material que reúnem, seja em função do tipo de usuário a que atendem prioritariamente. Quanto ao tipo de coleções ou materiais que reúnem, as bibliotecas podem ser denominadas hemerotecas, discotecas, gibitecas, brinquedotecas, mapotecas, outros. Quanto aos usuários, tem-se bibliotecas públicas, escolares, universitárias, especializadas e especiais (caso das bibliotecas cujos públicos encontram-se em situações especiais, como as dos estabelecimentos carcerários e as voltadas para pessoas com deficiência visual). Prado (2000) coloca que, na atividade de organização de uma biblioteca, é indispensável considerar sua tipologia para que características específicas sejam observadas e levadas em conta. Ela apresenta tipologias sob outras perspectivas, tratando de bibliotecas: nacionais, estaduais e municipais, universitárias, escolares, infantis, públicas, especializadas, comunitárias, sucursais/filiais e ambulantes. Dentre elas, vale ressaltar que as bibliotecas nacionais são criadas pelo governo de um país com a função de servir como repositório legal do patrimônio intelectual bibliográfico deste país. As bibliotecas comunitárias são criadas e mantidas por iniciativa da comunidade, em geral, sem intervenção do poder público. Já as sucursais/filiais são bibliotecas que pertencem a uma rede de bibliotecas. As bibliotecas ambulantes usam veículos equipados que transitam por bairros e caixas adaptadas que circulam por residências, hospitais, etc., com a finalidade de colocar livros e outros materiais à disposição de usuários (CUNHA; CAVALCANTI, 2008). Todavia, a tipologia clássica de bibliotecas mais usada no Brasil contempla as bibliotecas públicas, universitárias, escolares e especializadas, sendo lembradas separadamente, a biblioteca nacional de um dado país, e as bibliotecas especiais, por serem voltadas para públicos em situação particular. Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 335 E-ISSN 1808-5245 Muitas destas bibliotecas são hoje produzidas em meio digital e disponibilizadas online ao público, sendo chamadas de bibliotecas virtuais. Apresentando alguma similaridade com as bibliotecas especializadas, os centros de documentação surgiram em outro contexto cultural, fornecendo particularidades aos serviços bibliográficos, como tratamos a seguir. Um centro de documentação, tipologia de menor destaque no Brasil na atualidade, é uma organização ou agência especializada em receber, processar, preservar, resumir e indexar publicações, geralmente dentro de uma disciplina acadêmica ou campo de pesquisa e estudo (REITZ, 2004). Proporcionam a seus usuários, normalmente cientistas e técnicos, documentos altamente especializados e atualizados nas questões trabalhadas ou pesquisadas por eles, emitindo boletins sobre o andamento de tal trabalho para distribuição às partes interessadas (FUENTES ROMERO, 2007). Os centros de documentação oferecem documentospois se sabe o que esperar de cada membro do grupo que compõe a empresa. d) Fator Tecnológico Vasconcellos (1982) considera o fator tecnológico como o conjunto de conhecimentos que são utilizados para operacionalizar as atividades na empresa para que seus objetivos possam ser alcançados e que influencia as pessoas e sua interação, a execução das tarefas, o percentual de mudança, entre outros. Os fatores acima descritos se apresentam como condição para a composição da estrutura organizacional uma vez que são influenciadores do modo como à empresa pretende operacionalizar seus processos e procedimentos. Perrotti (2004, p.32) , ao sintetizar os componentes e condicionantes da estrutura aponta uma representação gráfica que, adaptada aos conceitos adotados e discutidos anteriormente, permitem a visualização do que foi exposto. O exame dos elementos da estrutura organizacional permite compreender o conjunto de fatores que envolvem seu desenho visando adotar medidas que possam amparar a decisão quanto a introdução de mudanças. 2028 i xmWrio Planejamento estratégico e sustentabilidade ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Trabalho completo 2.2 Implantação ou Avaliação da Estrutura Organizacional A implantação de uma estrutura organizacional envolve três aspectos básicos que são determinantes das estratégias a serem adotadas para promover as ações necessárias com vista a atingir o objetivo pelo qual ela está sendo reformulada. Tais aspectos são: a) Mudança da estrutura organizacional - este aspecto está relacionado à necessidade de: • Ter ciência que a estrutura organizacional mais adequada depende da atual; • Atentar para a necessidade de antecipar forças restritivas e propulsoras que podem ter influência no processo; • A importância do fator humano; • A qualidade técnica da nova estrutura organizacional é insuficiente para o sucesso da mudança; • A importância do planejamento da mudança, para evitar ou minimizar possíveis problemas maiores na sua efetivação; • Antes de mudar a estrutura organizacional , verificar se não há uma situação alternativa mais adequada; • Ter sempre em mente a importância da participação; • Antes de efetivar a mudança, identificar e analisar o problema, bem como o que será mudado e quais as variáveis a serem consideradas. b) Processo de implantação, envolvendo: • Análise e aprovação pela diretoria da empresa (aspectos conceituais) ; • Análise e aprovação pelos responsáveis das várias unidades organizacionais (aspectos conceituais e principalmente descritivos); • Implantação efetiva ; • Acompanhamento e avaliação do processo. c) Resistências que podem ocorrer Nos aspectos destacados pode-se apontar que eles envolvem não só as questões inerentes aos processos organizacionais, mas, especialmente, o comportamento da cultura existente que está relacionada ao modo como as pessoas colaborarão para o sucesso da implantação desejada. De fato, o fator humano, antes discutido, é ponto primordial para o sucesso da implantação tendo em vista que a competência, o desempenho e a motivação podem ser um facilitador ou complicador do processo. No que diz respeito à avaliação cabe inicialmente destacar que se trata de um procedimento através do qual se verifica os pontos fortes e fracos da estrutura organizacional. Para tanto é necessário efetuar um levantamento das condições existentes com vista a delinear a estrutura idealizada para o desenvolvimento dos processos na instituição. Este procedimento poderá observar os resultados apresentados, os problemas evidenciados e o nível de satisfação dos colaboradores com as condições existentes. Assim, Oliveira (1999) sugere que tal ação envolva: a) Levantamento • Identificação dos problemas evidenciados pelos usuários; e 2029 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo • Entrevista com os elementos-chave da empresa. b) Análise • Dos dados levantados anteriormente; • Interligação dos dados levantados, verificando sua veracidade e considerando os vários subsistemas da empresa; • Estabelecimento dos padrões e critérios de avaliação; e • Identificação do efeito de cada um dos dados levantados na situação atual da estrutura organizacional da empresa. c) Avaliação • Estabelecimento da situação dos componentes da estrutura organizacional na empresa; • Verificação do envolvimento de cada um dos condicionantes sobre a estrutura organizacional ; e • Verificação do nível de influência de cada nível da empresa - estratégico, tático e operacional - para o delineamento da estrutura organizacional. Toda a avaliação a ser realizada deve ser pautada no um conjunto de políticas e valores organizacionais que servirão de sustentação para o processo decisório. O Vitor Colenghi, na obra O & M e qualidade total, apresenta uma metodologia básica para avaliação de estruturas organizacionais, propõe o fluxo de atividade conforme exposto na Figura 2. ESQUEMA INFORMAÇOES RESULTADOS ri DEFINiÇÃO DA MISSÃO I - Suas disponibilidades Internos - AprovaçAo da missão ó do S 00 NEGÓCIÓ DA .. Produtos e serviços a ofereoer negócio da empresa EMPRESA - Necessidade dos clientes I LEVANTAMENTO 1 -Estrutura alual - Organograma atual D~DADOSE - Relação de documenlos - Dados para processar a análise INFORMAÇÕES (eSlatutos/reglmenlos etc.) I ANÁUSE - Conhecimento mais Intimo da I -Comportamento do complexo Organização fUNCIONAL I - Patologias existentes - Raclonallz.1çAo administrativa ESTRUTURAL • Funoionogmma I APRESENTAÇÃO I .. Proposta de uma nOVB estrutura - Visão das varia. propostas DE organizacional Aprosontadas ALTERNATtVAS - Nova estrutura organizacional I. sEleçÁo . 1 - Análise das vantagens e IImltaçOes - Escolha da allernatlva mais vldvel DA ALTEÂNATIVA ' do cada proposta - Manual de organlzaçêo MAI$VIÁVeL y APROVAÇÃO J -Caracterlzaçilo da molhor nHernallva - HomologaçAo pela alia direção E - Divulgação do.; oDjetlvos e estimular da empresa IMPLANTACÃO B suO aceitação • Realidade prática -Figura 2 - Metodologia baslca para avahaçao de estruturas organizacionais FONTE: http://www.uniube.br/uniube/cursos/graduacao/administracao/vitor/MAEO.htm Avaliando a proposta exposta pelo modelo acima é possível destacar que a avaliação das estruturas perpassa, inicialmente, pela necessidade de entendimento da missão da instituição tendo em vista que o delineamento do arcabouço organizacional 2030 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo deve estar alinhado com aquilo que o empreendimento busca ser para atuar no marcado onde se insere. Para consolidar a análise e futuras propostas de mudanças, faz-se necessário elencar os tipos de estruturas que as empresas poderão adotar tendo em vista uma variada gama de condições que lhes são impostas pelo meio e a forma como atua. 2.3 Estrutura Organizacional de Bibliotecas Reunir, organizar e disponibilizar irrestrita mente a informação registrada de modo a contribuir para a geração de indivíduos conscientes e críticos, é a função de instituições culturais denominadas bibliotecas 1, cujo caráter democrático de dar acesso ao conhecimento, caracteriza sua ação social. A biblioteca - cidadela do saber que abriga em seu espaço informações registradas sob os mais variados suportes, é um organismo vivo que possibilita a fruição do saber, o prazer da leitura e o usufruto da cidadania, contribuindo para a aprendizagem duradoura, para o desenvolvimento cultural e para o crescimento intelectual do indivíduo. Como um organismo ativo e partícipe da vida social, a biblioteca busca, através da memória coletiva por ela reunida , equacionar as necessidades de informação da comunidade, mapeando suas demandas informacionais de modo a oferecer ao usuário um encontro com a cultura e com o conhecimento. De fato, a biblioteca não ésimplesmente uma coleção organizada de livros, ela é um espaço de convívio e de socialização dinâmicos que promove a formação e o entretenimento. A rigor, a biblioteca, para assegurar o acesso à informação, necessita: a) Reconhecer sua intencionalidade política e social que a torna fundamental para a construção e manutenção de uma sociedade saudável , equilibrada e dinâmica; b) Possuir um acervo que responda às demandas informacionais, bem como meios para mantê-lo atualizado; c) Estabelecer os mecanismos para sua organização e sistematização de forma a ser um sistema articulado da representação do conhecimento; d) Conhecer sua comunidade de usuários, reais ou potenciais, de modo a contemplar suas necessidades; e e) Ter um espaço, físico ou virtual, para expor seu acervo, atender a seus usuários e desenvolver suas atividades. Por certo, a oferta de serviços varia em graus de sofisticação e eXlgencias conforme a necessidade da demanda. Desta forma a biblioteca universitária mantém serviços que integrem a comunidade acadêmica buscado dispor obras recentes ou dando acesso a coleções de periódicos de áreas específicas. Assim, as estruturas organizacionais das bibliotecas universitárias devem ser estabelecidas a partir do entendimento de sua missão e de seus objetivos. Genericamente, os objetivos de uma biblioteca podem estar relacionados a disseminar conhecimentos, proporcionar o crescimento do cidadão, promover o acesso informações, 1 Outros organismos culturais trabalham no sentido de reunir, tratar e disseminar a informação registrada, como os museus e arquivos, entretanto, estes tratam da organização e preservação de documentos históricos, administrativos e culturais de uma empresa (pessoa jurídica) ou de um indivíduo (pessoa física) , enquanto que aqueles exibem todo tipo de objeto que apresente interesse histórico, técnico, científico ou artístico, de modo a conservar e preservar coleções/acervos permitindo o contato com peças únicas que são, na maioria das vezes, bi ou tridimensionais. 2031 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo viabilizar o desenvolvimento científico e contribuir para efetivar os processos de ensino - aprendizagem. Tais objetivos deverão estar consolidados com a função das atividades que a biblioteca universitária realiza para cumprir sua missão que está relacionada às atividades técnicas, de tratamento, organização e disseminação da informação; as sociais, ligadas a sua capacidade de promover a transformação do coletivo que atente; as de preservação e conservação que buscam a eternização dos artefatos culturais produzidos pela sociedade, as de apoio à pesquisa e a educação como forma de promover o desenvolvimento científico e tecnológico. Para atender a missão, objetivos e funções estabelecidas, a biblioteca necessita, conforme afirmado anteriormente, possuir uma estrutura física, real ou virtual, recursos humanos, técnicos e auxiliares, recursos informacionais, oferecer serviços para os usuários potenciais ou reais. Deste modo, as atividades que ela desenvolve estão basicamente relacionadas à formação e desenvolvimento da coleção, ao processamento técnico e a atendimento ao usuário. Para melhor percepção do desdobramento das atividades apontadas, o quadro a seguir, apresenta uma relação não exaustiva dos serviços oferecidos. Atividade Serviços Tarefas Estudo da Comunidade Formação e Estudo do Usuário e do Uso Pesquisa Desenvolvimento de Seleção Política de Seleção Coleção Aquisição Política de Aquisição Avaliação Política de Descarte Debastamento e descarte Registro Processamento Catalogação Análise descritiva Técnico Classificação Análise Temática Indexação Consulta Circulação Empréstimo Empréstimo entre bibliotecas Comutação bibliográfica Uso dos recursos da biblioteca Atendimento ao Treinamento de Usuário Métodos e técnicas de pesquisa Usuário Bibliografias e normas da documentação Serviço de Alerta Disseminação D. S. 1. Publicações e Divulgações Assistência ao usuário (in loco) Referência Levantamento bibliográfico Normalização técnica Quadro 1 - Atividades e serviços desenvolvidos O quadro acima pode ser melhor compreendido a partir da seguinte descrição. Formação e Desenvolvimento de Coleções a) Objetivo: Elaborar, coordenar e executar a implantação de programas de formação, desenvolvimento e preservação do acervo informacional; organiza o serviço de aquisição e registro do acervo. b) Principais atividades que executa: Aquisição, recebimento e distribuição de material informacional; tombamento e baixa de material informacional e intercâmbio de material. 2032 i xmWrio Planejamento estratégico e sustentabilidade ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Trabalho completo c) Principais Serviços que realiza: Serviço de Seleção e Aquisição, registro e descarte. Processamento Técnico a) Objetivo: Executar o processamento técnico dos recursos informacionais adquiridos, inserindo-os no acervo e as respectivas referencias na base de dado. b) Principais atividades que executa: Leitura técnica do recurso informacional; Descrição, segundo o código de catalogação eleito, do recurso informacional; Estabelecimento, conforme o sistema de classificação adotado e a Cutter Sounborn, do número de classificação; Determinação, por termos livres, dos indexadores dos recursos informacionais; Inserção dos dados na base de dados; Manutenção das bases de dados; c) Principais serviços oferecidos: Serviço de Catalogação, Classificação e Indexação. Atendimento ao Usuário a) Objetivo: Prestar serviços de informação aos usuários da biblioteca e demais membros da comunidade em que está inserida. b) Principais atividades que realiza : Difusão de informação, através de diferentes produtos e serviços, como a difusão seletiva de informação, a pesquisa bibliográfica retrospectiva ou corrente em bases de dados nacionais ou internacionais, etc.; Interligação do sistema informático dos serviços com outros sistemas ou redes de informação; Formação e sensibilização de leitores; Orientação sobre o uso da biblioteca e do acervo através de treinamentos, visitas orientadas, etc.; Empréstimo-entre Bibliotecas; Treinamento de Usuários; Normalização de Documentos; Elaboração/correção de referências bibliográficas; Disseminação da Informação; Sumários e Alertas de publicações periódicas correntes; Boletins Informativos; Jornal Mural; Boletim de Novas Aquisições; Consulta livre ao material dos acervos (monografias, periódicos, teses, vídeos, mapas, partituras, guias, etc.); Empréstimo Domiciliar; Comutação Bibliográfica - obtenção de fotocópias de artigos de publicações periódicas via Internet, COMUT on line ou outros meios. c) Principais serviços ofertados: Circulação, Empréstimo e Referência. Tais atividades poderão ser indicativo da estrutura organizacional que a biblioteca adotará. Tradicionalmente, em se tratando de departamentalização, as bibliotecas universitárias estão, na sua grande maioria, organizada por função ou propósito dominante, com a vantagem de agrupar os especialistas de modo a trabalharem em grupo tendo em vista que as situações vivenciadas são estáveis, de pouca mudança, tarefas rotineiras e onde a eficiência técnica e a qualidade são importantes. Contudo, observa-se que tal opção causa a perda de visão do conjunto impedindo reações em situações de rápida adaptação - falta de flexibilidade. A visualização da representação gráfica mais adota pelas bibliotecas, qual seja, a departamentalização por função ou proposto dominante, mostra que elas adotam o agrupamento por atividades de acordo com as grandes funções que nela se desenvolvem, isto é de acordo coma finalidade comum ou contribuição comum à 2033 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo organização. Isso é claro quandodo agrupamento os especialistas de modo a trabalharem em equipe tendo em vista que a biblioteca possui situações estáveis, de pouca mudança, tarefas rotineiras e onde a eficiência técnica e a qualidade são importantes, possuem poucas linhas de produtos ou serviços e que permanecem inalterados ao longo do tempo. Tais fatores não possibilitam a visão do conjunto e dificulta a reação em situações de rápida adaptação devido à falta de flexibilidade . Estes aspectos deverão ser os elementos basilares para a constituição da estrutura organizacional da biblioteca universitária. 3 Resultados Finais Uma vez determinada à estratégia de uma organização, os gestores devem desenvolver uma estrutura eficaz que facilite a sua implementação. De fato, a organização, segunda etapa do processo gerencial , se configura como o processo de criar a estrutura de uma organização. A estrutura de uma organização, conforme exposto, pode ser descrita através de três componentes: a) complexidade, que se refere à diferenciação em uma organização; b) formalização, a qual define o grau em que uma organização se baseia em regras e procedimentos para dirigir o comportamento dos colaboradores; e c) centralização ou descentralização, a qual determina a autoridade que toma a decisão. Tais questões impactam na biblioteca universitária, a qual deverá definir suas tarefas, agrupar as semelhantes e coordenar os esforços para melhor efetuar a execução. É tácito que organização das atividades a serem executadas pela biblioteca de uma instituição de ensino superior deverá observar as seguintes etapas (Figura 3) : Dtv lsào do ',abalho·o'iT Esped alizaç iio Cadeia ue Comendo - J\JTp~tuOelCJe1eOOlllldõõil" MalHem de con!mle ----~~- Fmm,flzaciio Figura 3 - Etapas para composição da estrutura organizacional As etapas acima expressas, fruto das análises apontadas pelos autores visitados neste estudo teórico, representam a síntese dos seis elementos que os gerentes de bibliotecas precisam considerar ao projetar as estruturas das organizações que administram. 2034 i xmWrio Planejamento estratégico e sustentabilidade ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Trabalho completo 4 Considerações Finais A título de conclusão, embora a temática ainda envolva outros aspectos que não foram abordados como o estágio em que se encontra o trabalho, é possível inferir que uma estrutura organizacional é dinâmica, principalmente quando são considerados os seus aspectos informais provenientes da caracterização das pessoas que a integram e deve ser delineada formalmente considerando as funções de administração como um instrumento para facilitar o alcance dos objetivos estabelecidos. A temática é muito complexa considerando que a estrutura da biblioteca universitária é uma ordenação e agrupamento de atividades e recursos, o que para a gestão está relacionada à sua organização sendo necessário ainda o planejamento, a coordenação e o controle dos procedimentos para promover uma eficaz administração. O estudo da estrutura organizacional envolve elementos como identificação das tarefas necessárias, a organização das funções e responsabilidades, informações, recursos e feedback aos colaboradores, medidas de desempenho compatíveis com os objetivos e condições motivadoras para a competente implantação. Muitos destes aspectos perpassam pela necessidade de afinar as ações com as estratégias de instituição de ensino superior. O delineamento da estrutura pode se configurar em razão da necessidade de criar uma estrutura para uma biblioteca ou então aprimorar a existente. Ele é resultante da dinâmica ambiental e deve considerar as funções de administração como um instrumento para facilitar o alcance dos objetivos estabelecidos bem como a missão da biblioteca. 5 Referências ANNES, Ricardo. Apostila OSM1 . Disponível em: . Acesso em 02 ago.2005. COLENGHI , Vitor Mature. O&M e qualidade total - uma integração perfeita. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. DRUCKER, P. F. Prática de administração de empresas. Rio de Janeiro: Findo de Cultura, 1962. FARIA, Antônio Nogueira. Organização e métodos. Rio de Janeiro: LTC, 1984. HALL, Richard H. Organizações: estruturas, processos e resultados. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004 HIGA, Mori Lou. Redesigning a library's organizational structure 1. College & Research Libraries. January 2005. p. 41-58 MAXIMIANO, Antônio César A. Introdução à administração. 3. ed., São Paulo, Editora Atlas, 1992. MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes: estrutura em cinco configurações. São Paulo: Ed. Atlas, 2003. 2035 i xmWrio ~ MaooNlck = IiblttKU :, 1I.no-.li~ Planejamento estratégico e sustentabilidade Trabalho completo MOTTA, Paulo Roberto. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. Rio de Janeiro: Record, 2002. OLIVEIRA, César A. Estruturas organizacionais. Disponível em: . Acesso em: 02 ago. 2005. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e método: uma abordagem gerencial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999. PERROTTI, Eduardo. Estruturas organizacionais e gestão do conhecimento. 2004, 206p. Dissertação (Mestrado em Administração) - Curso de Pós-Graduação em Administração, Universidade de São Paulo, São Paulo. SCHEIN, Edigar H. Psicologia organizacional . 3. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1982. SCROFERNEKER, Cleusa Maria Andrade. Perspectivas teóricas da comunicação organizacional Disponível em: . Acesso em: 09 ago. 2005. VASCONCELLOS, Eduardo. Estrutura das organizações. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1982. YOUNIS, Abdul Razeq, The effect of automated systems on Jordanian university libraries organizational structure. Library Review, v .. 48, n. 7, 1999, p. 337-339. 2036 Temática(s): Acessibilidade em Bibliotecas Tipo de Trabalho: Trabalho Técnico-Científico ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA EM DIFERENTES TIPOLOGIAS DE BIBLIOTECAS GIACUMUZZI, Gabriela (Faculdade Educacional da Lapa); MORO, Eliane Lourdes da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Resumo O artigo analisa como ocorre a acessibilidade arquitetônica e física e acessibilidade de mobiliário e equipamentos em diferentes tipologias de bibliotecas e como os padrões de acessibilidade perpassam por todos tipos de bibliotecas. Utiliza o Instrumento de Avaliação das Condições de Acessibilidade em Bibliotecas (Checklist) e observação para coleta de dados. Aponta que as bibliotecas não atendem todos os quesitos de acessibilidade arquitetônica e física em seus ambientes. Conclui que todas as tipologias de bibliotecas devem ter acessibilidade arquitetônica, assim atendendo as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e possibilitando o acesso para todos os usuários, independente de suas diferenças físicas. Palavras-chave: Acessibilidade. Biblioteca Escolar. Biblioteca Especializada. Biblioteca Pública. Biblioteca Universitária. 1 INTRODUÇÃO Este artigo apresenta os resultados obtidos na pesquisa realizada em 2013, que estudou como ocorre a acessibilidade arquitetônica e acessibilidade de mobiliário e equipamentos em diferentes tipologias de bibliotecas. De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de 45 milhões de brasileiros e brasileiras que se autodeclaram pessoa com deficiência, totalizando 23,9% da população brasileira. Dessa maneira, torna-se necessárias pesquisas na área de Biblioteconomia que considerem o usuário com deficiência que a qualquer momento pode entrar em uma de nossas bibliotecas. 2 METODOLOGIA Para esta pesquisa foi desenvolvido um estudo exploratório com abordagem qualitativa. De acordo com Martins e Campos (2004, p. 22), nas pesquisas qualitativas,[...] estuda-se a realidade, em seu contexto natural, tal como sucede, e procura dar sentido ou interpretar os fenômenos de acordo com os significados que possuem para as pessoas implicadas nesse contexto. O fenômeno a ser pesquisado é como ocorre a acessibilidade arquitetônica e a acessibilidade de mobiliários e equipamentos em diferentes tipologias de bibliotecas. Para coleta de dados, valeu-se da observação simples e da aplicação de Checklist de acessibilidade em bibliotecas. O Checklist aplicado na pesquisa foi o Instrumento de Avaliação das Condições de Acessibilidade em Bibliotecas (Checklist), elaborado por Nicoletti (2010). 3 BIBLIOTECAS E SUAS TIPOLOGIAS As bibliotecas podem ser de diferentes tipologias, sendo que cada uma dessas tipologias terá características próprias que as diferenciam das demais. Esse conjunto de características possibilita que as bibliotecas sejam identificadas, mas que também o bibliotecário possa atuar na biblioteca de acordo com as necessidades existentes em cada tipologia. Ou seja, [...] o bibliotecário necessita aprender ou reaprender a especular acerca do que faz, por que faz e para quem faz, buscando responder, a priori, a questões essenciais, em torno da conceituação, características, objetivos e funções da instituição à qual está vinculado. (TARGINO, 1988, p. 20). Aprender sobre a instituição em que trabalha, contribui para que o bibliotecário otimize sua atuação nessa instituição. Pois assim, poderá oferecer os serviços informacionais adequados e necessários para sua comunidade de usuários. A biblioteca escolar está vinculada às instituições de ensino básico. Dando suporte informacional para os professores e alunos, principalmente. Mas também fazem parte da comunidade de usuários os funcionários da escola, os pais dos alunos, e a comunidade onde a escola está inserida. (CÔRTE; BANDEIRA, 2011). Atenta-se que algumas escolas possuem programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), sendo assim, a biblioteca escolar terá esses novos usuários na educação básica e por meio do Estudo de Comunidades, deve observar quais são as necessidades informacionais destes usuários, e quais as melhores maneiras de contribuir com sua aprendizagem adequada e plenamente. A biblioteca especializada possui usuários e acervos especializados numa área do conhecimento ou em áreas afins. Salasário (2000, p. 108) diz: Desta forma, unindo-se acervo e usuário tem-se o conceito de biblioteca especializada, ou seja, uma unidade de informação com acervo especializado destinado à satisfação das necessidades informacionais de um público específico. A biblioteca especializada deve contribuir para que a instituição, em que está vinculada, consiga atingir seus objetivos. Por meio de um serviço de alta qualidade na mediação de informação, a biblioteca especializada contribui para que o usuário especialista encontre a informação que deseja para o desenvolvimento de suas atividades profissionais. A biblioteca pública está voltada para atender todos os cidadãos da comunidade onde está inserida. Seu acervo deve contemplar todas as áreas do conhecimento para atender as diferentes necessidades informacionais, refletindo assim a própria diversidade da comunidade. Contudo, apesar da abrangência de seu acervo, ele deve ser formado considerando as necessidades informacionais de seus usuários. A biblioteca pública acompanha seus usuários ao longo de toda a sua vida e de forma contínua. Pois, se a biblioteca escolar e universitária está ligada ao período de vida escolar e universitário, e a biblioteca especializada está ligada ao período profissional, a biblioteca pública mantém-se presente continuamente, pois é voltada para todos e contribui para a formação de cidadãos por meio da mediação de leitura (GIACUMUZZI, 2013). A biblioteca universitária está vinculada às Instituições de Ensino Superior (IES), e assim como a universidade, estão baseadas no tripé do ensino, pesquisa e extensão. (GIACUMUZZI, 2012). A biblioteca universitária forma acervos especializados, mas seu objetivo é voltado para atender as necessidades ligadas à educação e aprendizagem de seus usuários. A biblioteca universitária contribui para a construção de conhecimento nas IES. Apesar das tipologias de bibliotecas possuírem características específicas como observado acima. Todas as bibliotecas devem ter algo em comum, e essa característica é que todas as bibliotecas devem ser acessíveis. Uma biblioteca acessível é um espaço que permite a presença e proveito de todos, e está preparada para acolher a maior variedade de público possível para as suas atividades, com instalações adequadas às diferentes necessidades e em conformidade com as diferenças físicas, antropométricas e sensoriais da população. (FERRÉS, 2008, p. 36). Todas as pessoas possuem o direito de acesso à informação, portanto é necessário que as bibliotecas tornem-se ambientes acessíveis, que propiciem a o acolhimento de todos que estão em busca do conhecimento. 4 ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA EM DIFERENTES TIPOLOGIAS DE BIBLIOTECAS O estudo foi realizado em quatro bibliotecas de diferentes tipologias, sendo uma escolar, uma especializada, uma pública e uma universitária. Todas as bibliotecas estão ligadas a instituições públicas e estão localizadas em Porto Alegre - RS. No Quadro 1 apresentamos as bibliotecas que fizeram parte do estudo. Quadro 1 – Relação das Bibliotecas do Estudo Identificação Tipo de Biblioteca Nome da Biblioteca Instituição que pertence Local B1 Escolar Biblioteca Clóvis Vergara Marques; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Câmpus Porto Alegre Porto Alegre RS B2 Especializada Biblioteca do Tribunal Regional Federal da 4ª Região; Tribunal Regional Federal da 4ª Região Porto Alegre RS B3 Pública Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre Porto Alegre RS B4 Universitária Biblioteca Central da UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre RS Fonte: GIACUMUZZI, 2013 4.1 ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA Nos próximos tópicos abordaremos os conjuntos de requisitos sobre acessibilidade arquitetônicas avaliados no estudo. 4.1.1 Entorno e Estacionamento da Biblioteca Na análise do entorno da bibliotecas, os primeiros requisitos são sobre o transporte público coletivo. Na cidade de Porto Alegre - RS, todas as linhas de ônibus possuem ônibus adaptados com horários diferenciados das linhas sem acessibilidade. No entorno das bibliotecas, também havia pontos de embarque/desembarque dos passageiros, destes pontos até as bibliotecas havia sinalização visual de trânsito e faixa de pedestres, mas destaca-se a B4 pois em seu entorno há sinalização sonora. Na calçada que leva até a instituição onde as bibliotecas estão localizadas, observou-se que a B1 e B3 possuem calçadas parcialmente em bom estado e não possuem sinalização tátil. A B2 e B4 possuem calçadas em bom estado, pois são regulares e firmes, além de ter sinalização tátil. A B1 não está localizada em rota acessível, pois para chegar até a biblioteca há degraus no único percurso até a biblioteca. A entrada ao prédio da B2 é uma escadaria, mas há uma entrada acessível para as pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida, a biblioteca encontra-se no 5º andar mas há elevadores acessíveis em todos os andares da instituição. A entrada da B3 também é uma escadaria, mas ao lado há uma rampa acessível possibilitando que todos entrem pela mesma entrada na instituição. O prédio da B4 possui duas entradas, na entrada principal há degraus e na segunda entrada há uma rampa. Sendo assim é possível observar que o entorno das bibliotecas são acessíveis. Assimcomo seus estacionamentos, pois todas as bibliotecas possuem vagas reservadas para pessoas com deficiência. 4.1.2 Entrada e Espaços Internos da Biblioteca Na entrada da biblioteca é fundamental que tenha acessibilidade. Obstáculos como degraus, escadas, portas giratórias, dispositivos de acionamento manual e catracas quando não estão associados à alternativas acessíveis, impedem a entrada de usuários na biblioteca. As bibliotecas do estudo não possuem esses obstáculos e suas entradas são acessíveis. Todas as bibliotecas do estudo possuem portas de vidro na entrada. A porta de entrada e as portas internas para estarem acessíveis necessitam ter vão mínimo de 0,80m e altura mínima de 2,10m. A B1, a B2 e a B4 atendem esse quesito de acessibilidade, e a B3 não o atende pois o vão é menor que 0,80m na sua porta de entrada. As bibliotecas também possuem áreas de aproximação acessíveis nas portas de entrada, a NBR 9050/2004 orienta que a área livre deve ser 1,20m no sentido de entrada e 1,50m no sentido de saída. E as portas de entrada da biblioteca podem ser abertas com um único movimento facilitando a entrada e a saída dos ambientes, sua maçanetas estão instaladas numa altura entre 0,90m e 1,10m do piso, exceto na B3 em que a maçaneta não se encontra entre essas alturas. Outros quesitos como iluminação, rota acessível, sinalização e cores, referem-se à acessibilidade arquitetônica nos espaços internos das bibliotecas. A iluminação acessível evita contraste entre os ambientes, quesito que as bibliotecas atendem, entretanto somente a B2 possui dispositivo em que é possível diminuir ou aumentar a iluminação podendo ajustar a intensidade de luz. Já nas cores os contrastes são necessários entre os elementos arquitetônicos das bibliotecas. As bibliotecas atendem parcialmente esse quesito pois possuem pisos e paredes claras, prejudicando a percepção de pessoas com baixa visão. As B1, B2 e B4 possuem rotas acessíveis ao longo de toda a biblioteca, a B3 não possui pois há duas escadas na biblioteca que conduzem para os ambientes onde estão a maior parte do acervo e não há nenhum recurso de acessibilidade que possibilite o acesso às pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida. Nos ambientes das bibliotecas também há áreas livres de circulação que permitem a manobra de cadeirantes. As bibliotecas não possuem sinalizações em Braille ou texto em relevo em seus ambientes. A B1, B3 e B4 não possuem nem sinalizações visuais suspensas, somente a B2 que possui sinalização suspensa e que é acessível, pois está numa altura superior à 2,10m do piso. 4.1.3 Pisos, Capachos, Forrações, Carpetes e Tapetes De acordo com a Norma 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, um piso acessível deve ter superfície firme, regular, estável e ser antiderrapante tanto seco quanto molhado (ABNT, 2004). Nas bibliotecas estudadas, todas tinham pisos com tais características. Capachos, forrações, carpetes e tapetes não podem apresentar rugosidades em sua extensão e se não estiverem embutidos no chão, devem estar fixados no chão, não devem ter uma altura superior a 5mm e felpas com altura superior a 6mm (ABNT, 2004). Esses quesitos são necessários para evitar barreiras na mobilidade e locomoção das pessoas. Todas as bibliotecas possuem tapetes nas entradas, todos tapetes estão fixados no chão e não apresentam nenhuma rugosidade. A altura mínima dos tapetes e suas felpas são atendidas pelas B2 e B3. Na B1 e B4, a altura dos tapetes está além da altura mínima comprometendo a mobilidade das pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida. 4.1.4 Desníveis, Degraus, Escadas Fixas, Rampas e Corrimãos Os desníveis são evitados nas bibliotecas, contudo na B2 há barras metálicas no chão em alguns locais da biblioteca formando desníveis. Os quesitos de degraus, escadas fixas e corrimãos só foram avaliados na B3 e B4 pois só estas bibliotecas tinham esses elementos arquitetônicos em seu ambiente, os quesitos de rampa não foram avaliados pois nenhuma biblioteca tinha rampas. A escada da B3 conduz da entrada para outros dois ambientes, e como não há rampas ou equipamentos de transporte vertical/inclinado, os espaços estão inacessíveis para alguns usuários. De acordo com a ABNT (2004), os espelhos dos degraus devem estar entre o mínimo de 0,16m e o máximo de 0,18m, os pisos entre o mínimo de 0,28m e o máximo de 0,32m e, a largura da escada superior à 1,20m. A escada da B3 atende esses quesitos, só não atende o quesito referente à sinalização, pois seus degraus não apresentam sinalização visual. A escada da B4 não atende esses seus quesitos, pois os degraus e a largura são menores do que é indicado pela NBR 9050/2004. Esta escada é uma escada de serviço e não é usada por usuários, mas torna inacessível o espaço para os funcionários Na B3 e B4, os corrimãos instalados em ambos os lados, são feitos de materiais rígidos, firmemente fixados às paredes, altura entre 0,70m e 0,92m e afastados da parede com distância mínima de 4,0cm. O diâmetro deve estar entre 3,0cm e 4,5cm, atendido pela a B4 e não pela a B3. Dá-se preferência para corrimãos circulares, o que apresenta a B4 enquanto o da B3 é quadrado. Entretanto, ambos permitem boa empunhadura e deslizamento. Na B3 e na B4, os corrimãos nas escadas não se prolongam antes do início e após o término das escadas, e seu acabamento nas extremidades não é recurvado mas são corrimãos contínuos sem interrupção nos patamares das escadas. Nos quesitos referente aos espaços internos, a B1 e B2 atendem plenamente os requisitos de acessibilidade, o que não ocorre na B3 e B4 pois suas escadas são problemas de acessibilidade em seus ambientes. 4.1.5 Corredores e Sanitários Os corredores acessíveis não possuem obstáculos que prejudique a acessibilidade. Jarros com vegetação, expositores de livros, mobiliário, entre outros, esses elementos tornam-se obstáculos, se sua posição não for adequada nos corredores. Além disso, a largura mínima do corredor deve corresponder a extensão do corredor conforme apresentado no Quadro 2. Quadro 2 – Extensão do Corredor e sua Largura Mínima Correspondente Extensão do Corredor Largura Mínima do Corredor Corredor até 4,0m 0,90m Corredor até 10,0m 1,20m Corredor superior a 10,0m 1,50m Fonte: ABNT, 2004. Os corredores das bibliotecas têm largura de acordo com sua extensão, e não apresentam obstáculos, exceto a B4 que possui colunas ao longo de um corredor, essas colunas fazem parte da arquitetura da biblioteca e outros obstáculos são evitados. Nas bibliotecas do estudo, a B1 é a única que possui sanitário acessível dentro da biblioteca, sendo que as demais bibliotecas possuem sanitário acessível dentro do prédio da instituição em que pertencem. De acordo com Ferrés (2006, p. 28), A biblioteca tem que possuir banheiros acessíveis com a máxima prioridade. Um dos direitos básicos que qualquer pessoa deve ter é acesso irrestrito e condições de privacidade ao que se refere à higiene pessoal. 4.2 ACESSIBILIDADE DO MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS Nos próximos tópicos abordaremos os conjuntos de requisitos sobre acessibilidade do mobiliário e equipamentos avaliados no estudo. 4.2.1 Balcão de Atendimento ao Usuário O balcão de atendimento deve estar localizado em rota acessível, requisito atendido por todas as bibliotecas. Ele também deve ter revestimento opaco para evitar reflexos, este quesito também foi atendido por todas as bibliotecas do estudo. Outros requisitos importantes para que o balcão seja acessível para cadeirantes é sua altura e a possibilidade de aproximação frontal. Em pelo menos 0,90m de extensão do balcão, a altura deve ser entre 0,73m e 0,90m, este quesito só não é atendido pela B3. E a B2 é a única biblioteca, cujo balcão permite aaproximação frontal dos usuários cadeirantes. Sendo assim, a B2 possui um balcão que atende todos os requisitos, enquanto a B4 possui o balcão menos acessível devido sua altura estar além do exigido pela NBR 9050/2004. 4.2.2 Mesas ou Superfícies para Trabalho, Leitura e/ou Estudo As mesas para trabalho, leitura e/ou estudo apresentam diversos quesitos para serem acessíveis aos usuários. As mesas devem estar distribuídas nas bibliotecas dentro de uma rota acessível e em seu entorno é necessário faixa livre de circulação de 0,90m possibilitando também manobras para o acesso às mesas. A aproximação frontal também é necessária, sendo assim a altura inferior mínima deve ser até 0,73m e permitindo que o cadeirante avance até 0,50m sob as mesas. As cadeiras devem ser flexíveis ao deslocamento e as mesas devem ter revestimento opaco. A altura deve estar entre 0,75m à 0,85m do piso. Esses quesitos são atendidos pelas bibliotecas, com exceção da B3 no que se refere ao acesso às mesas, pois as mesas não estão em rotas acessíveis. Outro quesito avaliado é que os ângulos das mesas retangulares devem ser arredondados para evitar acidentes, a B3 e B4 possuem mesas assim, mas não atendem o quesito de acessibilidade. Todas as bibliotecas possuem mesas redondas que são acessíveis. 4.2.3 Computadores/ Terminais de Consulta As bibliotecas do estudo possuem computadores disponibilizados para a utilização dos usuário. E todas possuem computadores cujas partes e mobiliários estão acessíveis. A tela, torre e periféricos que compõem o computador devem ser flexíveis para que as pessoas possam afastar ou aproximar de acordo com suas necessidades. E as mesas possibilitam o acesso de um cadeirante e o restante do mobiliário é ajustável de forma simples, segura e tolerância com o erro. Outro quesito importante refere-se aos botões de liga/desliga e dispositivos de computador que devem estar entre 0,40 à 1,20m de altura do piso para permitir o alcance manual dos usuários. 4.2.4 Estantes Sobre as estantes nas bibliotecas, Giacumuzzi (2013, p. 77) diz: Nas estantes estão guardados os acervos de diferentes suportes, elas são distribuídas na extensão das bibliotecas de forma organizada para facilitar a procura dos livros e outros materiais. De acordo com a ABNT (2004), entre as estantes precisa haver uma distância mínima de 0,90m de largura, para que seja possível que um cadeirante circule entre as estantes, e a cada 15m de estante, deve haver um corredor possibilitando que todos, inclusive cadeirantes, possam fazer a volta. As B1 e B3 apresentam a distância mínima de largura entre as estantes, na B2 a distância varia entre 0,80m à 0,85m e na B4 apesar de entre as estantes haver a distância necessária, na borda das estantes há uma barra metálica que diminui a largura entre as estantes. Sobre o corredor, todas as bibliotecas possuem corredores exceto a B3, pois suas estantes seguem um corredor que vai de encontro as parede. Outro quesito sobre a acessibilidade física das estantes refere-se à altura delas. A ABNT (2004) aponta 1,2m como a altura máxima onde os livros podem estar distribuídos nas estantes. Nenhuma das bibliotecas atendeu esse quesito que é essencial, pois até essa altura é possível que qualquer usuário tenha acesso para pegar o material desejado na estante. Uma altura superior limita o acesso de crianças, idosos, cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida ou com nanismo. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio desse estudo foi possível observar que as diretrizes da ABNT (2004) podem e devem ser seguidas por todas as bibliotecas, independente de suas tipologias. Pois a acessibilidade arquitetônica é necessária em todas as bibliotecas para garantir o pleno acesso aos ambientes de forma segura e autônoma por todos, sejam usuários ou funcionários. A acessibilidade arquitetônica ocorre nas bibliotecas por meio do conhecimento e da aplicação das diretrizes da ABNT (2004) contidas na NBR 9050/2004. Dentre as bibliotecas estudadas, conclui-se que as B2 e B4 possuem as melhores condições de acessibilidade. A B1 está localizada num local inacessível dentro da instituição, fator que será mudado pois a biblioteca está em local provisório. A B3 pode resolver seu problema de acessibilidade com a escada disponibilizando um equipamento de transporte vertical/inclinado para tornar todos os seus espaços acessíveis. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. CÔRTE, Adelaide Ramos e; BANDEIRA, Suelena Pinto. Biblioteca Escolar. Brasília: Briquet de Lemos/ Livros, 2011. FERRÉS, Sofia Pérez. Acessibilidade Física. In: PUPO, Deise Tallarico; MELO, Amanda Meincke; FERRÉS, Sofia Pérez (Org.). Acessibilidade: discurso e prática no cotidiano das bibliotecas. Campinas: UNICAMP, 2008. p. 36- 49. GIACUMUZZI, Gabriela da Silva. Acessibilidade Arquitetônica em Diferentes Tipologias de Bibliotecas. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. ______. 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Biblioteca Especializada e Informação: da teoria conceitual à prática na biblioteca do Laboratório de Mecânica de Precisão – LMP/UFSC. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 5, n. 5, p. 104-119, 2000. Disponível em: . Acesso em: 05 jun. 2013. TARGINO, Maria das Graças. Bibliotecas Universitárias e Especializadas de São Luís (MA). Revista de Biblioteconomia de Brasília, Brasília, v. 16, n. 1, p. 19-32, jan./ jun. 1988. Disponível em: . Acesso em: 06 jun. 2013. ORGANIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS: ESPAÇO FÍSICO 1. INTRODUÇÃO três Na organização de uma biblioteca devemos observar aspectos: o físico, o técnico e o administrativo. Neste documento vamos focar nosso interesse apenas no aspecto físico estabelecendo as condições mínimas (de espaço) necessárias para se implantar uma biblioteca/unidade informacional e fornecendo algumas dicas sobre cálculo de acervo e layout. 2. ESPAÇO FÍSICO Este aspecto inclui a previsão do espaço que a biblioteca/unidade informacional necessita, considerando seu crescimento progressivo, e seu melhor aproveitamento. Para a instalação de uma unidade devemos, prioritariamente, observar o local e o acervo. Entretanto estes itens vão depender dos objetivos da unidade, da quantidade de usuários e funcionários, dos serviços prestados, das perspectivas futuras e dos recursos financeiros de que a biblioteca/unidade informacional dispõe. Também dependerá de como se negocia com os administradores. O importante é ter semprepresente que uma biblioteca exige um espaço adequado às necessidades e aos serviços que presta e que, para funcionar com êxito, precisa dispor de uma área suficiente para desenvolver suas atividades. O espaço deve ser planejado levando-se em conta a área de armazenamento (local do acervo); a área de atividade (espaço dos leitores e dos bibliotecários) e a área de circulação. O ideal é que a biblioteca fique num local de fácil acesso para seus os usuários. Segundo Linhares (1984), a biblioteca/unidade informacional deve contar com pelo menos uns 60 m². Ele calcula que, ao final de cinco anos, esta área aumente em 30%. Outra forma sugerida por ele para se calcular a área necessária é considerar 2 m² por usuário e 15 m² por empregado (estes valores incluem o equipamento e o acervo bibliográfico). Para outros autores um usuário adulto, sentado em uma mesa de aproximadamente 76 cm de largura, deve ocupar um espaço total de 2 a 3 m², enquanto um empregado deve ocupar de 10 a 12 m². Estas medidas variam em função do tamanho da mesa e do maior ou menor conforto que o espaço pode proporcionar. Para as estantes de livros e de periódicos o espaço poderá ser de 10 m² para cada 1.000 volumes e se for uma estante expositora, o cálculo é de 3 m². Com relação ao espaço para leitura calcula-se 1,5 lugares para cada 1.000 hab. O local deve possuir também boas condições de temperatura, iluminação etc., que o tornem agradável e saudável. Devemos identificar as áreas de maior e menor incidência do sol, o nível de luminosidade natural, a ventilação natural e o grau de umidade. Outro aspecto a ser observado é a concentração de ruído (baixa ou alta ocorrência). Devemos, ainda, considerar as possibilidades de instalações elétricas, a questão da prevenção de incêndios e enchentes, as facilidades de acesso à área e, é claro, a capacidade de resistência estrutural do local. Obs: Devemos também prever espaços que possam acomodar adequadamente usuários com necessidades especiais, tais como deficientes visuais e cadeirantes. 2.1 TEMPERATURA, UMIDADE E VENTILAÇÃO O acervo de uma biblioteca/ unidade informacional é sensível a mudanças excessivas de temperatura e de umidade acentuada. Estas mudanças podem ocasionar o surgimento de fungos e bactérias nos diversos tipos de suportes. O ideal é que o ar condicionado funcione 24 horas para que não haja variação de temperatura. Na impossibilidade de manter o ar condicionado permanentemente ligado e controlado, a recomendação é manter o ambiente arejado naturalmente. As variações constantes de temperatura podem levar à perda de flexibilidade da fibra do papel causando um grande dano ao documento (isto no caso específico da publicação em papel). Sugerimos que a temperatura da biblioteca seja mantida entre 19º e 23ºC. O desejável é que o ambiente tenha possibilidades de ampliação. Temperaturas altas e umidade do ar superior a 55% são condições que favorecem o desenvolvimento do mofo. Além dessas condições, má ventilação, iluminação inadequada e acúmulo de pó também auxiliam no desenvolvimento de mofo. Para documentos guardados em arquivos, recomenda-se o uso de sílica gel. Como em uma biblioteca/unidade informacional cada material responde de forma diferente a condições de umidade e temperatura, listamos abaixo as umidades e temperaturas aceitáveis para alguns materiais encontrado na biblioteca: Umidade relativa Temperatura Papel 40% a 50% 18,30C a 21,10C Filme 30% a 40% 12,80C a 18,30C. Temperaturas abaixo de 15ºC podem causar danos respiratórios, portanto deve-se ter uma sala especial para a conservação. Couro 50% a 55% Há pouca pesquisa sobre este material Pergaminho 40% a 45% Há pouca pesquisa sobre este material Fonte: http://www.airfree.com.br/cartilhas_bibliotecas.asp O controle das questões referentes à temperatura e umidade pode ser feito através dos seguintes equipamentos: aparelho de ar condicionado, para manter a temperatura sob domínio; higrômetro, para medir a umidade relativa do ar; termo-higrômetro, para medir a temperatura e a umidade e desumidificador, para retirar a umidade do ambiente. O ar do ambiente deve ser sempre renovado, por isso a ventilação é importante. As janelas devem ocupar por volta de 20% das paredes e devem ficar de frente para o interior do ambiente. Evite colocar materiais sensíveis perto das janelas. 2.2 ILUMINAÇÃO A iluminação é outro aspecto fundamental numa biblioteca/unidade informacional, de um lado, pelo conforto que deve proporcionar aos servidores e aos usuários e, de outro, pela interferência no acervo. Em geral, as fontes utilizadas na iluminação interna são a luz natural e as lâmpadas fluorescentes. A luz natural quando incide sobre o acervo é prejudicial porque apresenta um nível elevado de radiação ultravioleta (UV). As lâmpadas fluorescentes embora mais frias, que outros tipos de lâmpadas, e de fácil manutenção, também prejudicam o papel, tornando-o amarelado. Portanto muito cuidado, para que estas lâmpadas não causem danos ao acervo, devem ser usadas com protetores (tipo de membrana de plástico fino e flexível) e devem ser colocadas na mesma direção das estantes, evitando que o calor dos reatores fique próximo dos livros/ materiais/ acervo. O uso de persianas, cortinas leves, vidros especiais ou filmes aderentes ao vidro também são importantes para controlar a incidência do sol. Pisos claros refletem mais a luz e oferecem melhores condições de iluminação, principalmente para prateleiras mais baixas. O uso do maior número possível de pontos elétricos no ambiente facilita a distribuição da iluminação e de ligações para redes de computadores. A área de leitura deve ser a mais iluminada, enquanto a área correspondente ao acervo pode ser mantida na sombra e por ocasião do acesso, a iluminação ser acionada automaticamente ou mecanicamente. 2.3 PISOS E PAREDES Quanto a estes aspectos, devemos observar os seguintes pontos: . facilidade de limpeza; durabilidade; isolamento acústico; aparência; impermeabilidade e segurança. Segundo Almeida (2005), o piso ideal é aquele que, além de bonito e silencioso, não exala nenhum poluente nocivo, não favorece a infestação de insetos, é impermeável e resistente à água, à prova de fogo e é de fácil manutenção. Para ele tais pisos são: o concreto tratado, o mármore, a cerâmica e a pedra, desde que corretamente instalados. Já o piso de madeira e o carpete não são aconselháveis. O primeiro tem como aspectos negativos a emissão de gases pelo adesivo utilizado em sua instalação, a retenção de água por ocasião de eventual inundação e a combustão. Os carpetes têm como pontos negativos a utilização de adesivos que emitem componentes voláteis; são esconderijos para insetos e poeiras e necessitam de mão-de-obra especializada para promover a limpeza. Obs.: Paredes úmidas causam proliferação de fungos e pisos não nivelados podem causar acidentes. 2.4 RUÍDOS Os ruídos estão sempre presentes em uma biblioteca, entretanto alguns procedimentos devem ser adotados visando reduzi-los ao mínimo desejável, por volta de 30/35 decibéis. Em relação ao espaço físico, podemos usar revestimentos de forro, piso e paredes que ofereçam boa absorção de som. Podemos também adotar divisórias de ambientes ou utilizar as próprias estantes como barreiras entre locais mais ruidosos e outros onde o silêncio é necessário. Devemos nos preocupar em manter o local de leitura afastado da área de referência (mais movimentado) e das áreas de circulação e trabalho. Podemos, ainda, delimitar as ações por áreas de interesse, tais como: área de leitura, área de trabalho em grupo, área de tratamento técnico e etc. Obs.: O atendimento ao públicoé uma área de concentração de ruído, enquanto a área de leitura deve ser de baixa ocorrência de ruído. 2.5 SEGURANÇA Numa biblioteca/unidade informacional, devemos sempre estar atentos às questões de segurança contra alguns riscos comuns, tais como: queda de estantes, incêndio, insetos/roedores/traças etc. Portanto devemos tomar algumas medidas preventivas: impedir o consumo de alimentos no ambiente; manter o acervo longe das áreas que possuam tubulações e outras fontes de água como banheiros, cozinhas ou equipamentos de controle de clima. manter o local sempre limpo; monitorar as condições do ambiente examinando com freqüência alisares, peitoris e outras partes das estruturas de madeira, assim como o acervo e as prateleiras, para prevenir infestações e observar o estado de conservação; utilizar dispositivos de segurança (desumidificadores, extintores de incêndio, detectores de fumaça, alarmes etc.) observar alguns dispositivos para segurança pessoal e patrimonial, tais como: segurança eletrônica e circuito interno de TV e vigilância. manter determinados materiais de consumo, como: luvas (de algodão, borracha ou couro) , máscaras descartáveis (de algodão ou isopor), jalecos/aventais de algodão e “kit” de primeiros socorros. observar necessidades de saídas de emergências; porta corta-fogo e de escadas de incêndio. Obs.: Seria interessante observar determinadas garantias administrativas, tais como: existência de seguro, inventário completo e preciso, cópias de segurança etc. 2.6 ÁREA DE ARMAZENAMENTO espaço maior. Sua organização é importante para o bom funcionamento da unidade. Para definição da área necessária ao acervo existem padrões internacionais para os diferentes tipos de bibliotecas (públicas e universitárias). Conforme Bisbrouck e Renoult o padrão para coleções em bibliotecas universitárias era de 100 volumes e um título de periódico corrente por aluno; no Canadá, de 90 a 95 volumes; na Alemanha, 85 volumes e de 0,6 a um título de periódico; e na França, 16 volumes e 0,06 títulos de periódico, de acordo com estatísticas de 1988 (apud ALMEIDA, 2005). O planejamento da área de armazenamento deve permite o uso de mobiliário variado para atender a aspectos tais como: tipos de documentos que se pretende armazenar (livros, periódicos, folhetos, materiais especiais etc.); quantidade de cada tipo de documento; tipo de acesso oferecido; limitações de espaço; tipo de clientela etc. Outras informações relevantes: A área para instalação do acervo, em geral, deverá ocupar um na aquisição de livros texto (bibliografia básica) a quantidade de exemplares poderá ser calculada com base em 01 (um) exemplar para cada 10 (dez) alunos matriculados na disciplina/unidade curricular. os periódicos de informações gerais (locais, estaduais e nacionais), tais como: revistas de caráter informativo de âmbito nacional (Veja, Isto É, etc.) e jornais (locais e nacionais) poderão ficar restritos a 1 (uma) assinatura por unidade/Biblioteca. Para esta área, sugerimos o uso de móveis de aço ou de alumínio anodizado porque não são abrasivos, resistem à umidade e não são de fácil combustão. A área de armazenamento deve ser arejada para facilitar a dispersão da poeira. 2.7 ÁREA DE ATIVIDADES Para o planejamento, dessa área devemos definir alguns dados e aspectos que não só garantam o conforto mas também atendam às necessidades inerentes à área. Assim devemos considerar: tipo de leitura (individual , em grupo, etc.); número estimado de leitores; tipo de equipamentos necessários (computadores, televisão, etc.) tipo de atividades; número de funcionários; Desse modo, podemos definir o mobiliário, a iluminação, a questão da acomodação para leitura/uso de equipamento, etc. 2.8 MOBILIÁRIO É indispensável que uma biblioteca/unidade informacional disponha de um mobiliário funcional e apropriado tanto aos funcionários quanto aos usuários. Atualmente é possível obter móveis modernamente desenhados e de aspecto atraente, que possam criar um clima de comodidade e bom gosto. A escolha do mobiliário deve ser pautada pelos seguintes critérios: qualidade (da matéria prima e do acabamento), funcionalidade (adequada ao uso), estética, flexibilidade e modularidade (que possam ser juntados ou separados), ergonomia, praticidade de manutenção e durabilidade. Vários tipos de móveis podem ocupar a área da biblioteca/unidade informacional. Eles também vão depender do tipo de documentos que se pretende armazenar, tais como: livros gerais, livros de referências, periódicos, discos, fotos, etc. 2.8.1 ESTANTES Entre as opções mais utilizadas temos as compactas e as tradicionais. Fig. 2 - Estantes Tradicionais a) Estantes Compactas As estantes compactas ou deslizantes têm grande capacidade de armazenamento em um espaço bem menor. São blocos móveis que para a retirada e colocação de volumes, abrem um corredor de circulação. Mas, não são indicadas para unidades que permitem o livre acesso ao documento. Fig. 1- Estantes Compactas c) Distância Entre estantes paralelas deve haver um corredor de acesso com espaço intermediário mínimo para a circulação e a movimentação junto às prateleiras. Sugerimos que este espaço tenha entre 1 m e 1.20 cm. Entretanto, o espaço pode ser limitado conforme a disponibilidade da área. b) Estantes Tradicionais As estantes tradicionais requerem um espaço bem maior do que as deslizantes, mas permitem maior flexibilidade no seu arranjo e o acesso do usuário. d) Dimensão Para determinar as dimensões para as estantes, devemos considerar os fatores materiais e humanos. No primeiro caso, devemos observar que a altura e a profundidade das prateleiras dependem da dimensão dos materiais a serem guardados. Em geral as prateleiras de uma estante funcional têm 95 cm de comprimento; 25 cm de profundidade e 2,5 cm de espessura. Quanto à altura entre uma prateleira e outra, o padrão é acima de 25 cm e abaixo de 35 cm, dependendo do tipo de livro. Fig. 3 – Dimensão No caso dos fatores humanos, relações entre a estatura do usuário e seu alcance com as mãos são determinantes na definição da altura das estantes (entre 1.70 e 2 m). A altura de 2 m foi definida em função do alcance de um usuário adulto de tamanho médio, mas para permitir um alcance dos livros de forma mais confortável, podemos considerar uma altura por volta de 1.70m. Para o usuário infantil-juvenil, considera-se que a última prateleira deve estar aproximadamente a altura de 1.50cm. e) Capacidade e Peso Em geral ocupamos 75% da capacidade de uma prateleira o que representa em média 25 livros. Considerando 33 livros (uma prateleira cheia), pesando cada um 1000gr, cada prateleira terá um peso de 33kg. Assim, uma estante de aço com 2m de altura, 95cm de largura e 25cm de profundidade, com livros, pesa em média 680kg. f) Organização A organização do acervo numa estante deve ser de cima para baixo e da esquerda para direita. Os documentos devem ser armazenados adequadamente, isto é, devemos evitar o contato direto com as paredes, assim como devemos evitar colocar estantes perto de paredes externas do prédio ou sob janelas. Caso não possa ser evitado, no primeiro caso, deixe um espaço entre a parede externa e a parte de trás da estante e, no segundo caso, opte por estantes abertas e deixe a prateleira superior livre de publicações. Numa biblioteca para adultos, a primeira prateleira poderá ficar distante do chão de 10 a 15 cm, isto facilitará a limpeza e funcionará como garantia contra eventuais vazamentos. No caso de uma biblioteca infantil, a altura fica entre 20 e 25 cm. Esta distância é para facilitar a retirada de objetos tais como lápis e brinquedos. Para calcularmoso número de estantes necessárias para abrigar um certo número de livros, devemos considerar 75% da capacidade da estante e observar os seguintes dados: número de volumes, tipos de publicações (livros, revistas, etc.) e quantidade de cada tipo de publicação. Sendo assim, considerando que uma biblioteca possui 20.000 volumes de literatura, sugerimos o seguinte cálculo: divida o número total de volumes pelo número médio de volumes por prateleira (25) para chegar ao nº. total de prateleiras. Depois divida o total de prateleiras encontrado pela quantidade de prateleiras por estantes (6 prateleiras). Assim, teremos o número total de estantes necessárias. Exemplo: Cálculo para uma biblioteca com 20.000 volumes de literatura. (20.000 vol. ÷ 25 vol. por prateleiras) ÷ 6 n.º prateleiras por estantes = 800 (total de prateleiras) ÷ 6 n.º prateleiras por estantes = 134 estantes 2.8.2 OUTROS TIPOS DE MÓVEIS. A guarda de publicações e outros materiais em armários (estantes com fundo e porta) segue os mesmos critérios adotados para estantes. Entretanto devemos considerar a necessidade deste tipo de guarda observando os seguintes aspectos: a)a publicação/documento requer guarda com restrição de acesso, ou b)a publicação não está em local seguro, isto é, está fora da unidade de informação ou na unidade, mas próximo à saída/entrada. Outras formas de armazenamento são as gavetas, os arquivos para pastas suspensas, as mapotecas, etc. As mesas e cadeiras devem ser confortáveis e atender aos preceitos ergonômicos. Podem ser adquiridas tanto para atender trabalhos em grupo ou individuais. Mesas pequenas permitem mais flexibilidade do que as maiores. Elas podem ser dispostas separadamente ou colocadas juntas para compor uma mesa maior, quando necessário. Mesas dobráveis também podem ser convenientes. Não podemos esquecer das mesas para os computadores já que em geral requerem largura maior do que as tradicionalmente usadas nas bibliotecas e as cadeiras devem possuir rodízios para evitar danos à saúde e propiciar conforto ao usuário. Considerando o padrão de altura de 1,70 m (adultos), as mesas e cadeiras podem ter as seguintes medidas: mesa individual = 71 cm de altura; 75/90 cm de largura e 60/90 cm de profundidade; mesa coletiva retangular = 060 cm de largura mesa coletiva redonda = 1,20 cm de diâmetro cadeiras = 45 cm de altura; 60/70 cm de largura e 70/75 cm de profundidade Entre uma mesa e outra recomenda-se um espaço de 1 ½ metro, mais ou menos. Os balcões de recepção podem ter altura diferenciadas, em geral são mais altos que as mesas e por isso as cadeiras devem ser mais altas e com rodízios. O balcão é o ponto de contato entre o bibliotecário e o usuário. Deve ter, na parte interna, gavetas e/ou repartições para guarda materiais indispensáveis ao serviço. Sua superfície, preferencialmente, não deve ser menor que 1,50 m X 0,80 cm. 3. LAYOUT Antes de começar a organizar o mobiliário e os equipamentos, trace um plano a respeito do espaço disponível. Isso ajudará na definição do layout mais adequado. Verifique onde os interruptores estão localizados, de forma que computadores, impressoras e outros equipamentos sejam colocados próximos a eles. Observe os espaços para usuários e funcionários. O arranjo para acomodar os usuários deve obedecer a medidas individuais padronizadas, mas também dependerá do espaço disponível, da quantidade e do perfil do usuário da biblioteca/unidade informacional. A seguir, apresentamos alguns exemplos de layout (s) para uma biblioteca/unidade informacional de 60 m 2 . Nos 3 layout (s), o critério adotado para a distribuição da área de armazenamento (acervo) e da área de atividade (dividida entre espaço dos leitores e dos bibliotecários) foi, prioritariamente, o de manter o acervo unido (facilitando o controle da iluminação) e distante das janelas (evitando a incidência de luz natural); manter o atendimento mais distante possível da área de leitura (evitando que o barulho interfira nesta área) e finalmente, manter a área de leitura mais próxima das janelas para aproveitar mais a luz natural. 4. ANEXO A tabela de ruídos abaixo dá uma idéia dos níveis médios de decibéis para os sons diários que nos cercam. Desagradável: 150 dB = pico de ruído em música de rock 140 dB = armas de fogo, sirene de ataque aéreo, motor a jato 130 dB = britadeira 120 dB = decolagem de avião a jato, música de rock amplificada de 4 a 6 pés [1,2 a 1,8 metros], estéreo de carro, ensaio de banda Extremamente alto: 110 dB = música de rock, aeromodelo 106 dB = sons de tímpano e zabumba 100 dB = snowmobile, serra de cadeia, perfuratriz 90 dB = cortador de grama, ferramentas de lojas, tráfego de caminhões, metrô Muito alto: 80 dB = despertador, rua movimentada 70 dB = tráfego intenso, aspirador 60 dB = conversa, lavadora de pratos Moderado: 50 dB = chuva moderada 40 dB = sala tranqüila Fraco: 30 dB = sussurro, biblioteca tranqüila Fonte: Associação Americana de Fonoaudiologia (ww.asha.org) Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 198 GESTÃO DE SERVIÇOS EM BIBLIOTECAS: MELHORIA COM FOCO NO CLIENTE Chirley Cristiane Mineiro da Silva Gregório Jean Varvakis Rados Resumo Realiza de forma sucinta um estudo de caso sobre os serviços em bibliotecas. Busca alternativas para viabilizar indicadores que demonstrem as principais dificuldades e necessidades dos usuários em relação aos serviços prestados pelas bibliotecas. Tem como objetivo identificar as características dos serviços em bibliotecas decorrentes dos impactos das novas tecnologias e mapear a melhoria da qualidade dos serviços. O método utilizado foi entrevista a usuários de determinada biblioteca, identificando a qualidade desejada e a qualidade observada nos serviços. Com base nos resultados, foram traçados indicadores para as melhorias nos serviços e realizado uma análise da influência da tecnologia. Assim, a pesquisa procurou identificar indicadores para possibilitar e melhorar os serviços em bibliotecas, dando ênfase ao cliente. Palavras-chave: Gestão de serviços em biblioteca, Usuários de biblioteca, Indicadores de qualidade. 1 INTRODUÇÃO As empresas e instituições deparam-se com a necessidade de aumento da eficiência e qualidade nos serviços, para serem competitivas. Isto é evidente quando se observa nas organizações sobrecarga de trabalho, erros, retrabalhos e falta de definição clara das funções e procedimentos de cada funcionário, bem como falta de informações nas empresas sobre seus processos. Vive-se em uma época de profundas inquietações, onde as reais necessidades do homem e das organizações modificam-se com a explosão permanente dos processos de mudança e com a constante inovação tecnológica. Tais mudanças também atingem as bibliotecas, que colaboram com a educação e possibilitam acesso às diferentes fontes de informação. Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 199 Para reverter este quadro, torna-se necessário um entendimento da situação da biblioteca e uma reestruturação dos seus serviço, garantindo, dessa forma, uma base para a melhoria contínua. Com a evolução tecnológica e as mudanças ocorridas nos últimos tempos, as bibliotecas sentiram a necessidade de quebra de paradigmas, o "usuário" deixou de ser somente aquele usuário que “empresta o livro, lê e devolve”, ele passou a figurar como "cliente”, avaliador, cooperador das idéias e sugestões. Assim, as bibliotecas devem elaborar produtos e serviços com mais qualidade para poder disponibilizar informações precisas aos seus usuários. Até a década de 1990, a grande maioria dos estudos de usuários estavam mais voltados para as abordagens tradicionais e, por isso, de acordo com Ferreira (1996), os usuários eram vistos apenas como um dosintegrantes do sistema, mas não como a razão de ser dos serviços, sendo relegados à posição passiva de receber bens e serviços que lhes eram oferecidos, sem que suas preferências fossem ouvidas e atendidas. Na fase do planejamento, não existia uma participação efetiva do usuário; a seleção e a aquisição dos produtos a eles oferecidos eram intuitivas. Isto acontecia porque existia uma divisão entre bibliotecas centradas em tecnologias e bibliotecas centradas em pessoas. Deste modo, os profissionais bibliotecários começaram a definir a biblioteca do futuro, onde é imprescindível a participação dos usuários no planejamento dos sistemas de informação. Eles precisam agregar valor à informação de forma continuada, pois, tanto as preferências individuais como as grupais modificam-se no decorrer do tempo. As unidades de informações devem ser modeladas de acordo com seus usuários, suas necessidades e expectativas, na busca e no uso de informação de forma a maximizar a eficiência das Unidades. Portanto, nessa pesquisa, espera-se contribuir significativamente para a melhoria dos serviços em bibliotecas, buscar alternativas para viabilizar indicadores que demonstrem Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 200 as principais dificuldades e necessidades dos usuários em relação à biblioteca. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral O objetivo do trabalho é desenvolver conhecimento, culminando na identificação de características de serviços relevantes em uma biblioteca, com base nos impactos decorrentes de novas tecnologias aplicadas às bibliotecas, e, mapear a melhoria da qualidade dos serviços. 1.2.2 Objetivos Específicos 1.2.2.1 Realizar uma revisão bibliográfica relevante sobre os temas qualidade em serviços, gestão de serviços e tecnologias de informação; 1.2.2.2 Associar os conceitos de gestão e tecnologia de informação aos conceitos gerenciais de bibliotecas; 1.2.2.3 Determinar indicadores de qualidade de uma biblioteca; 1.2.2.4 Apoiar e atuar nas pesquisas do GRIFES junto à gestão de Centros de Informação, bibliotecas. 1.3 Revisão de Literatura A gestão da qualidade em bibliotecas tem sido objeto de interesse dos administradores desses serviços. Segundo Vergueiro (2000) as bibliotecas universitárias, como elementos para o desenvolvimento social do país, passam a ter maior relevância dentro do contexto social e econômico predominante no final do século XX. Assim, é necessário que elas definam práticas de trabalho e métodos gerenciais que respondam, de maneira rápida e eficiente, tanto as demandas da sociedade como as características e necessidades específicas de sua clientela. A identificação e aplicação de indicadores de qualidade de serviços podem ajudar a definir tal objetivo. De acordo com Wehmeyer (1996) o desenvolvimento de esforços para conquistar uma reputação de eficiência e Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 201 preocupação junto aos clientes é iniciativa importante para garantir o reconhecimento institucional. Vergueiro (2000) constata que a qualidade dos serviços bibliotecários na área universitária requer indicadores que permitam avaliar esses serviços. Algumas medidas de desempenho fornecem informações nesse sentido, como por exemplo: acessibilidade, tempo de resposta, abrangência da coleção e relevância do acervo. Como destaca Cullen (1996) os indicadores foram inicialmente vistos como alvos numéricos ou guias quantitativos para avaliar um serviço específico; mais recentemente tem sido encarado de maneira diversa, ou seja, como critérios gerais de excelência para todos os aspectos dos serviços e produtos disponibilizados aos clientes. Dessa forma, um dos fatores fundamentais para a gestão da qualidade em serviços de informação é o foco no cliente e é importante para a definição de qualidade que sejam consideradas tanto a posição do cliente como a do fornecedor do produto ou do serviço. De forma sucinta Prazeres (1996, p. 337) define qualidade como sendo, “o que o cliente quer e como ele julga”. A definição da qualidade apresenta múltiplos significados. Juran (1991) enfatiza dois desses significados: “a Qualidade consiste nas características do produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes e dessa forma proporcionam a satisfação em relação ao produto”, e “a qualidade é a ausência de falhas”. A fim de apresentar um conceito que inclua ambos os significados, Juran (1991) define qualidade como “adequação ao uso”. A diferença fundamental ao se definir qualidade na prestação de serviços encontra-se na subjetividade e na dificuldade de estabelecer o que é qualidade, uma vez que os clientes reagem diferentemente ao que parece ser o mesmo serviço. Cada cliente possui uma determinada percepção sobre qualidade e seus serviços. Muitas vezes esta diferença implica até mesmo o “estado de espírito do cliente” no momento da Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 202 prestação do serviço; sendo assim, as pessoas possuem padrões diferentes de qualidade. Em serviços, Paladini (1995) afirma que são enfatizadas as relações diretas com os clientes e o processo deve ser flexível, porque o cliente participa do processo produtivo de forma efetiva. A qualidade dos serviços pode ser percebida pelos clientes através dos seus componentes tangíveis e intangíveis. A tangibilidade de um serviço consiste naquilo que o cliente sente e vê, como por exemplo, a aparência física da biblioteca, tanto interna quanto externamente. Ou seja, conservação do prédio, jardins bem cuidados, iluminação interna e externa, sinalização, decoração, limpeza do ambiente, acesso, além de uniforme, asseio e apresentação dos funcionários. Os componentes intangíveis são amabilidade, cordialidade e cooperação. A cordialidade é traduzida através de um sorriso, de expressões adequadas, de uma atitude que traduza a “disposição de servir”. Portanto, os componentes intangíveis estão diretamente equiparados com o relacionamento do pessoal da biblioteca com os clientes. Este ponto é particularmente importante na área de informação, basicamente preocupada com a prestação de um serviço, o “acesso à informação” (BUCKLAND, 1992, p. 3). Em outras palavras, pode-se dizer que o propósito fundamental de todos os serviços de informação tem sido, e sempre será, reduzir o tempo necessário para que clientes / usuários específicos ganhem acesso à informação que necessitam. As bibliotecas ou centros de informação caracterizam-se por serem prestadores de serviços, além de estarem sofrendo o impacto direto da mudança de paradigmas operacionais e gerenciais como resultado dos impactos da automação. Os serviços possuem um elevado grau de intangibilidade. Por exemplo, quando um usuário da biblioteca vai fazer um empréstimo, ele vivencia o serviço, ou seja, ele passa por um conjunto de influências desde a sua entrada no local até sua saída com o empréstimo. Nota-se que quando se considera um Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 203 produto, o grau de tangibilidade é bem superior, pois o cliente “vê” o mesmo. Outra característica que diferencia os produtos dos serviços é que, no caso dos serviços, geralmente é necessária a presença dos clientes para a execução dos mesmos. Um dos fatores mais críticos para a prestação de serviços é o fato dos mesmos não poderem ser estocados. Em outros termos, não existem etapas intermediárias entre a produção e o consumo dos serviços. Em serviços são enfatizadas as relações diretas com os clientes e o processo deve ser flexível, porque o cliente participa do processo produtivo de forma efetiva (PALADINI, 1995). Em relação aos indicadores de qualidade, devem ser organizados de tal forma a permitam visualização fácil e segura dos resultados da empresa, tais como vendas, lucros, produção, produtividade, desperdício e outras perdas,especializados e atualizados, incluindo traduções, referências e resumos de documentos referentes a uma ou mais disciplinas do conhecimento, tanto em base nacional, como internacional, além de preparar bibliografias sobre tópicos especiais (REITZ, 2004). Geralmente, os acervos dos centros de documentação caracterizam-se por publicações periódicas e materiais da chamada literatura cinzenta, entre outros (FUENTES ROMERO, 2007). Na literatura, há perspectivas contrárias em relação aos termos centros de documentação e centro de informação, porém ambos são tratados aqui, tendo em vista explorar melhor os modos de uso do termo unidades de informação. A partir da norma ISO 5127/2017 Information and documentation, um centro de informação pode ser definido como uma organização ou parte dela que realiza as funções de coletar, reunir, organizar, armazenar, recuperar, difundir e, por vezes, produzir informação. Existe para atender às necessidades de usuários por informação específica (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, 2004). Em busca de uma reflexão sobre os centros de informação na atualidade, eles são definidos como: aqueles que desenvolvem produtos de informação especializados para o uso interno ou externo da organização ou para usuários individuais, envolvendo o tratamento e serviços de informação factual; a realização de trabalhos de divulgação da ciência e Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 336 E-ISSN 1808-5245 tecnologia, sem contar necessariamente com coleções próprias, apoiando-se na infraestrutura informacional local, territorial, nacional e internacional; a prestação de serviços de informação para a tomada de decisões; a prestação de serviços de consultoria especializada etc. (MORALES MOREJÓN, 19992 apud SANTOS JIMENEZ et al., 2002). Os centros de documentação e os centros de informação estão hoje em processo de transformação. Atualmente, há muitos centros de memória, por exemplo, que são uma espécie de arquivo histórico, museu e centro de documentação. É interessante observar que as conceituações mais comuns sobre a biblioteca – talvez por esta unidade configurar-se como instituição emblemática do campo – apresentam características abrangentes, que nos permitem contemplar os outros tipos de sistemas e serviços bibliográficos. Neste sentido, é importante considerar a diversidade de atividades congêneres que envolve a prática bibliotecária, a exemplo da milenar atividade de produção de bibliografias, realizada ao mesmo tempo em que as bibliotecas se configuravam como tal. Assim, independente da existência de uma unidade de informação específica, sistemas e serviços bibliográficos caracterizam o campo e se manifestam na forma de produção e gestão de repertórios bibliográficos diversos, como bases de dados científicas, revistas eletrônicas, bases de dados bibliométricas, portais de informação online, etc. Importante ressaltar que as unidades de informação são instituições pertencentes ao conjunto das estruturas sociais estabelecidas pela cultura, dedicadas à preservação e à divulgação das manifestações, advindas de indivíduos, de grupos, de um povo ou nação (CALDEIRA, 1998; FERREIRA, 2009). 4 As unidades de informação como sistemas Um aspecto fortemente identificado e presente nas unidades de informação é a noção de sistema. A noção de sistema em unidades de informação passa por Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 337 E-ISSN 1808-5245 considerar que cada unidade, em separado e conjuntamente, é um sistema de informação. De acordo com Allen (1996), qualquer sistema de informação pode ser caracterizado como uma série de componentes que têm relações entre si, podendo ser físico ou social, conforme sua natureza. Por exemplo, o sistema cardiovascular é um tipo de sistema físico, composto pelos componentes coração, artérias e veias, que têm relações uns com os outros. Esta relação entre os componentes de um sistema definem o seu propósito coletivo e a sua função. Exemplo de sistema social é o sistema eleitoral, o qual apresenta como componentes os eleitores, os candidatos e a legislatura que, ao se relacionarem, definem a própria função do sistema eleitoral. Neste sentido, o essencial em um sistema são os seus componentes e as respectivas relações entre si, as quais definem sua função. Nesse contexto, para o autor, um sistema de informação refere-se a um sistema encadeado e relacionado de entidades (que inclui um ou mais elementos de informação), as quais proporcionam acesso a um ou mais corpos de conhecimento, atuando como um mecanismo por meio do qual os indivíduos tornam-se informados e podem informar a outros. Assim, o sistema de informação, sendo mecanismo que permite que indivíduos se informem e informem uns aos outros, é um meio de comunicação. Dito de outro modo, para Vickery e Vickery (1987), o sistema de informação refere-se a um conjunto de pessoas, materiais e equipamentos voltado à execução formal de uma ou mais das funções de comunicação. Segundo Meyriat (2016), uma das caraterísticas da atividade de documentação é a de que ela constitui um sistema técnico-social. O autor entende o termo sistema como um conjunto de elementos ligados entre si de modo a serem interdependentes e arranjados com vistas a alcançar um objetivo. Quanto ao objetivo, trata-se daquele de obter informação. Quanto aos elementos, são eles: seres humanos, essencialmente as pessoas ou grupo de pessoas que buscam informação e eventualmente seus auxiliares ou intermediários; objetos materiais, como documentos e ferramentas ou máquinas empregadas para tratar estes documentos; e conhecimentos técnicos necessários a este tratamento. Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 338 E-ISSN 1808-5245 Vickery e Vickery (1987) distinguem características de um sistema de informação, relativas ao público das informações tratadas em seu interior. Um público concentrado é: [...] um grupo com identidade bem definida e homogênea em alguns aspectos, de modo que todos seus integrantes são membros de uma organização singular ou de uma associação institucional, cujos número e nome são normalmente bem conhecidos, como por exemplo, os funcionários de um departamento do governo. (VICKERY; VICKERY, 1987, p. 211, tradução nossa). Já um público disperso é formado por pessoas que compartilham interesses comuns, mesmo quando pertencem a ofícios e profissões diferentes, por exemplo, pessoas interessadas em fotografia. No entanto, os autores afirmam que existem sistemas de informação para atender a cada um destes tipos de público, visto que as características de concentração, homogeneidade e identidade do público têm um efeito marcante no design do sistema, o qual deve ser adequado a tais características. Os autores falam, ainda, de duas modalidades a partir das quais um sistema de informação pode ser concebido: sistemas relacionados somente às informações divulgadas dentro da sua organização matriz (onde se insere ou foi criado) e sistemas que coletam informações de fontes distribuídas em todo o mundo. No caso de fontes dispersas, um sistema de informação pode ter uma estrutura centralizada ou descentralizadapontualidade e absenteísmo, grau de satisfação dos colaboradores e clientes, nível de acidentes de trabalho etc. As técnicas para tratar adequadamente os indicadores da qualidade são baseadas em estatística e há inúmeras ferramentas disponíveis como o controle estatístico da qualidade, controle estatístico do processo, capacidade do processo e várias outras, simples e muito eficazes. Parasuraman, Ghobadian, Gianesi, Gronvoos, Johnston e Vergueiro são autores que definiram critérios de avaliação de qualidade e seus indicadores. A presente pesquisa utilizou dois modelos que mais se identificaram para avaliar os critérios de qualidade da biblioteca analisada, que foram os modelos citados por Gianesi e Parasuraman. Contudo, faz-se necessário o mapeamento dos serviços, assim como a identificação e entendimento das novas necessidades dos clientes frente às constantes mudanças em tecnologia da informação, para que estes centros possam alcançar a plena satisfação de seus clientes / usuários. Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 204 2 METODOLOGIA A pesquisa desenvolvida, entre agosto de 2001 a julho de 2002, foi descritiva e caracterizada como pesquisa do tipo levantamento. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado o questionário. O universo da pesquisa foi constituído de cem (100) questionários aplicados a usuários de uma biblioteca setorial da Universidade Federal de Santa Catarina. As entrevistas foram realizadas em três períodos: matutino, vespertino e noturno. Assim, optou-se em fazer uma pesquisa exaustiva, sendo público alvo: acadêmicos, professores ou servidores. Os questionários foram aplicados entre maio e junho de 2002, salientando que não era época de paralisação e nem greve na Universidade. O formulário foi estruturado com 13 perguntas para identificar os serviços prestados pela biblioteca. Pretendia-se, com cada pergunta, estabelecer indicadores de qualidade. Esses indicadores foram separados em categorias: conhecimento técnico, atendimento, cortesia, flexibilidade e tangíveis. Os indicadores foram subdivididos em perguntas, para especificar melhor o grau de satisfação do usuário. Para responder as perguntas, os entrevistados teriam que analisar a qualidade desejada: quais os serviços que eles desejariam encontrar na biblioteca; e a qualidade observada: o que observaram ou encontraram na biblioteca. Para um melhor atendimento, os pesquisadores explicaram o procedimento acima para os entrevistados. As respostas foram divididas em níveis de 01 a 05, tanto para a qualidade desejada, quanto para a qualidade observada. Os níveis foram categorizados da seguinte maneira: Nível 01: péssimo; Nível 02: insatisfatório; Nível 03: regular; Nível 04: bom; Nível 05: muito bom. Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 205 3 RESULTADOS Para atingir os objetivos da pesquisa foram identificados o pacote de serviços e os indicadores da biblioteca. 3.1 Pacote de serviços Toda organização oferece ao consumidor um conjunto de elementos que incorpora tanto bens físicos como serviços. O pacote de serviços pode ser dividido em quatro partes fundamentais, como sugere Gianesi (1996). No caso da biblioteca analisada, os pacotes de serviço encontrados foram: 1) Instalações de apoio: refere-se ao aspecto físico aonde o serviço será prestado e todos os equipamentos e máquinas utilizados para esse objetivo. Na Biblioteca analisada foram encontrados 07 estantes, onde são alocados os livros, 08 mesas e 40 cadeiras no salão central para estudos, 02 mesas aos fundos da biblioteca, 02 terminais de consulta ao acervo e 03 fichários de metal para consulta. 2) Bens facilitadores: refere-se aos materiais fornecidos ao usuário para serem consumidos ou utilizados no processo de prestação de serviços. A Biblioteca possui em seu acervo, livros, periódicos, fitas de vídeo, anais de congresso e obras de referência. 3) Serviços explícitos: são os benefícios percebidos diretamente pelo usuário e a principal razão de ser da prestação do serviço. Na biblioteca existe o fornecimento de informação e o atendimento. 4) Serviços implícitos: são considerados como acessórios, também chamados de benefícios psicológicos e que não são identificados prontamente pelo usuário. Um exemplo disso seria: cortesia, clareza na comunicação com os usuários. 3.2 Critérios de avaliação Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 206 Os critérios de avaliação determinaram os serviços da Biblioteca analisada. Segundo Gianesi (1996) um conjunto de critérios avaliam um determinado serviço, resumindo-se assim em nove itens, conforme a figura 1. Figura 1 – Critérios de avaliação da qualidade em serviços Fonte: adaptado de Gianesi ; Correa, 1996. No entanto, de acordo com Gianesi (1996) os critérios de avaliação da qualidade percebida pelo usuário dos serviços são influenciados por quatro fatores fundamentais, como mostra a figura 2: Figura 2 – Relação entre critérios de avaliação, qualidade de serviços e fatores que influenciam a avaliação do usuário. (Adaptado Gianesi, 1996). Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 207 3.3 Critérios utilizados para avaliação Para analisar a natureza dos serviços prestados pela biblioteca, definiu-se pela aplicação de questões que identificassem, com a maior fidedignidade possível, as variáveis relacionadas à satisfação e expectativas dos usuários desse tipo de serviço. Optou-se também pelo uso das variáveis descritas por Gianesi (1996), associando-se ao modelo modificado da Escala SERVQUAL de Parasuraman (1985), fazendo um correspondente com as variáveis proposta pela presente pesquisa identificadas durante as entrevistas, destacadas na figura 3. Critérios definidos por Gianesi (1996) Critérios definidos por Parasuraman (1985) Critérios propostos pela pesquisadora (2002) Significado Acesso Empatia Acesso Horários de funcionamento convenientes Atmosfera/ar Empatia Empatia Atendimento individualizado, funcionários que lidam de maneira cuidadosa com os usuários Competência Confiabilidade Conhecimento Técnico Conhecimento técnico para responder as perguntas dos usuários Consistência Garantias Garantias Realização dos serviços no prazo prometido Credibilidade e segurança Confiabilidade Credibilidade Informação certa Custo - - Flexibilidade Garantias Flexibilidade Capacidade em se adaptar a mudanças Tangíveis Tangíveis Tangíveis Aspecto visível das instalações Velocidade de Atendimento Presteza Rapidez de atendimento Agilidade no atendimento ao usuário; presteza em atender aos pedidos e reclamações do usuário Figura 3: Critérios de avaliação de qualidade e seus indicadores. Fonte adaptado de Gianesi (1996), Parasuraman (1990) e observações da pesquisadora (2002). 3.4 Determinantes para análise Os determinantes propostos no item 3.3, bem como seus indicadores, foram a base para a elaboração de um instrumento Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 208 de medida para a avaliação da qualidade desejada do serviço da biblioteca. São eles: conhecimento técnico, atendimento, cortesia (empatia), flexibilidade, tangíveis. Os mesmos ficaram assim descritos, como mostrado na figura 4: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DETERMINANTE INDICADORES Fornecimento de informação (Conhecimento Técnico) Funcionários conhecem a Biblioteca e possuem conhecimento técnico suficiente para fornecer as informações. Atendimento Capacidade dos funcionários em traduzir as expectativas e necessidades dos usuários em ações concretas e rápidas, diminuindo a espera do usuário. Cortesia /Empatia Atenção, cuidado, interesse dos funcionários pelos usuários. Flexibilidade Capacidade em se adaptar às mudanças para beneficiar os usuários. Tangíveis Aspecto visível das instalações onde o serviço está sendo oferecido.Figura 4: Determinantes propostos para a avaliação de serviços em bibliotecas. 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 4.1 Critério Conhecimento Técnico Na pergunta 1: pretendeu-se verificar se os funcionários da biblioteca possuem conhecimento técnico para responder as perguntas dos usuários, como mostra a figura 5: 0 20 40 60 80 100 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 5: Conhecimento Técnico Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 209 Nota-se que o índice dos satisfeitos se encontra entre os níveis 4 e 5, assim não havendo discrepância entre a qualidade desejada e a qualidade observada. Os outros níveis se encontram igualados. 4.2 Critério Atendimento Na pergunta 2: pretendeu-se verificar se o atendimento é rápido? Resultado na figura 6. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 6: Atendimento I Neste caso, também correu igualdade entre os níveis, salientando que a satisfação que o usuário deseja e observa na biblioteca, ficou entre os níveis 4 e 5. Na pergunta 3: pretendeu-se verificar se quando necessário existe atendimento individualizado, como mostra a figura 7: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 7: Atendimento II Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 210 Verificou-se que, nesse caso, houve diferença de satisfação no nível 3 das qualidades, os outros itens se mantiveram paralelos. 4.3 Critério Cortesia Na pergunta 4: foi perguntado se existe boa vontade em servir ao usuário, como mostra a figura 8. 0 10 20 30 40 50 60 70 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 8: Cortesia I Neste caso, o índice de satisfação do usuário ficou relacionado entre os níveis 4 e 5 da qualidade desejada e da qualidade observada. Foi perguntado, na questão 5, se os funcionários têm capacidade de fazer o usuário se sentir seguro no atendimento, como mostra a figura 9: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 9: Cortesia II Nos níveis 1, 2, 3 o índice de satisfação permaneceu igual, houve uma diferença entre os níveis 4 e 5 da qualidade desejada e da qualidade observada, e o índice de satisfação permaneceu Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 211 alto nos níveis 4 da qualidade observada e 5 da qualidade desejada. 4.4 Critério Flexibilidade Foi perguntado, na questão 6, se os funcionários atendem as necessidades que o usuário encontra na biblioteca, como mostra a figura 10: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 10: Flexibilidade I Houve um ponto de igualdade no nível 4 da qualidade desejada e da qualidade observada, nota-se uma diferença de satisfação dos níveis 3 e 5, mais a predominância da satisfação está entre os níveis 4 e 5. Na questão 7, foi perguntado se o horário de funcionamento da biblioteca é conveniente, como mostra a figura 11: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 11: Flexibilidade II Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 212 Nota-se que houve uma diferença de satisfação nos níveis 3 e 4, tanto da qualidade desejada, quanto da qualidade observada. E a maior predominância da satisfação desejada e observada ficaram nos níveis 5. 4.5 Critério Tangíveis Na questão 8, foi perguntado se as instalações físicas são confortáveis e funcionais (mesas, cadeiras, estantes), como mostra a figura 12: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 12: Tangíveis I Neste caso, notou-se que a qualidade desejada permaneceu abaixo da qualidade observada na biblioteca. Houve uma grande diferença nos níveis 5, assim o grande número de pessoas desejaram melhores instalações físicas e não encontraram no nível 5 da qualidade observada, mas um grande número encontrou no nível 4 da qualidade observada. Na questão 9, foi perguntado se os terminais de consulta estão em bom estado, como mostra a figura 13: 0 10 20 30 40 50 60 70 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 13: Tangíveis II Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 213 Nota-se que no nível 2, houve uma diferença da qualidade desejada e da observada, os níveis 1, 2 e 4 permaneceram em igualdade e o nível 5, houve uma maior satisfação na qualidade desejada do que da observada. Na questão 10, foi perguntado se o acervo da biblioteca possui títulos interessantes, como mostra a figura 14: 0 20 40 60 80 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 14: Tangíveis III Neste caso, nota-se que a qualidade desejava nos níveis de 1 a 4, sempre manteve-se abaixo da qualidade observada. Já no nível 5 a qualidade desejada ficou superior à qualidade observada. Mas, o índice de satisfação permaneceu entre o nível 4 da qualidade observada e 5 da qualidade desejada. Na questão 11, foi perguntado se o número de livros na biblioteca é suficiente, como mostra a figura 15: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 15: Tangíveis IV Nota-se que os níveis 1, 3 e 4 se igualam, sendo que o grau de satisfação ficou no nível 5 da qualidade desejada e no nível 2 Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 214 da qualidade observada. O nível 5 da qualidade observada, teve grau de satisfação 0. Na questão 12, foi perguntado se o salão central da biblioteca possui espaço suficiente para atender aos usuários, como mostra a figura 16: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 16: Tangíveis V Os níveis 1, 2, 3 da qualidade desejada, mantiveram-se abaixo da qualidade observada. No nível 4 das duas qualidades, houve pouca diferença do grau de satisfação. No nível 5 houve discrepância entre o grau de satisfação. O grau de satisfação predominou nos níveis 3 da qualidade observada e 5 da qualidade desejada. Na questão 13, foi perguntado se o site da biblioteca é útil para o usuário, como mostra a figura 17: 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 Qualidade Desejada Qualidade Observada Figura 17: Tangíveis VI Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 215 Neste caso, a qualidade desejada permaneceu abaixo da qualidade observada nos níveis 1, 3 e 4, no nível 2 houve igualdade entre o grau de satisfação. Os níveis 5 das qualidades foi onde predominou o grau de satisfação dos usuários. 4.6 Sugestões para Melhorias Os critérios Conhecimento técnico, Cortesia e Flexibilidade foram considerados bons. Para aumentar o nível da qualidade da biblioteca, poderia ser realizado mais treinamento dos funcionários, para que estes obtenham maiores conhecimentos. No critério Atendimento, poderia ser disponibilizada uma pessoa para o atendimento ao usuário, essa pessoa ficaria a disposição para responder as dúvidas dos usuários. Já Critério Tangíveis é o que necessita mais de mudanças e para ser melhorado, precisaria de uma reforma nas instalações físicas, obter mais 2 terminais de computador do que já possui na biblioteca, sendo que estes estejam em condições de uso. Seria desejável mais aquisição de títulos novos e com duplicidade para atender a demanda. Outra sugestão seria treinar o usuário a utilizar a biblioteca, pois muitas insatisfações de usuários em bibliotecas ocorrem por não conhecerem o serviço. 5 CONCLUSÕES O avanço tecnológico trouxe mudanças significativas para as bibliotecas, também trouxe reflexos significativos para um novo comportamento dos serviços neste setor. Estes reflexos baseiam-se no cliente/usuário, assim, buscou-se identificar quais eram suas necessidades para poder oferecer melhores serviços. Nesta pesquisa tentou-se identificar os indicadores de qualidade de uma determinada biblioteca e o graude satisfação de seu usuário. Percebeu-se que o usuário muitas vezes desconhece o funcionamento de uma biblioteca, por este motivo Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 216 ele se fixa nos aspectos mais visíveis desta, como o atendimento, as instalações fixas e o produto que ele busca, no caso, os livros. Mas, desconhece muitas vezes como utilizar a biblioteca, como buscar ou encontrar um livro na estante. Deste modo, o que acontece é falta de comunicação e informação entre biblioteca e usuário. Pois, se as instalações de uma biblioteca não andam muito bem, mas seu serviço em relação ao atendimento ou o produto é insuperável, o usuário ignorará as más instalações. Caso contrário, ele reclamará de todo o serviço prestado pela biblioteca. Contudo, tentou-se buscar novas alternativas para viabilizar a estrutura dos serviços de bibliotecas, propondo algumas sugestões de melhorias. REFERÊNCIAS BUCKLAND, M. Redesigning library services: a manifesto. Chicago: American Library Association, 1992. CULLEN, R., CALVERT, P. New Zealand university libraries effectiveness project: dimensions and concepts of organizational effectiveness. Libri, v.18, p. 99-119, 1996. FERREIRA, S. M. S. P. Novos paradigmas da informação e novas percepções do usuário. Ciência da Informação, Brasília, v. 25, n. 2, p. 217- 223, maio/ago. 1996. GIANESI, Irineu G.N. Administração estratégica de serviços: Operações para a satisfação do cliente. São Paulo: Atlas, 1996. JURAN, J. M. Juran planejando para a qualidade. São Paulo: Pioneira, 1992. MARANHÃO, M. ISSO Série 9000: manual de implementação. 2.ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1994. 176p. _________, Edson Pacheco. Qualidade total na prática: implantação e avaliação de sistemas de qualidade total. 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Search alternative to make possible pointers that demonstrate to the main difficulties and necessities of the users in relation to the services given for the libraries. It has as objective to identify the characteristics of the services in decurrent libraries of the impacts of the new technologies and to mapear the improvement of the quality of the services. The used method was interview the users of determined library, identifying the desired quality and the quality observed in the services. On the basis of the results, had been indicating tracings for the improvements in the services and carried through an analysis of the influence of the technology. Thus, the research looked for to identify pointers to make possible and to improve the services in libraries, giving emphasis to the customer. Keywords: Service Management; Library services - manangement, Library users; quality – standards . Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 1, 2002 218 _______________________________________ Chirley Cristiane Mineiro da Silva Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis – Santa Catarina E-mail: krykr@bol.com.br Gregório Jean Varvakis Rados Doutor em Engenharia da Manufatura pela Universidade Loughboroug – Inglaterra Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Professor no Departamento de Ciência da Informação - UFSC E-mail: grego@eps.ufsc.br ___________________________________________ Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 9 GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO: ANÁLISE DE PRODUTOS E SERVIÇOS INOVADORES EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS1 CAMILA QUARESMA MARTINS * RESUMO Este estudo tem por objetivo identificar e conhecer as inovações nos produtos e serviços oferecidos pelas bibliotecas universitárias para atrair seus clientes e satisfazer suas necessidades, na perspectiva da Gestão do Conhecimento (GC). Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, de cunho qualitativo, realizada por meio de revisão da bibliografia sobre a Gestão do Conhecimento em Bibliotecas e da análise dos sites institucionais de seis bibliotecas escolhidas aleatoriamente, e também por meio da aplicação de questionários enviados por e-mail aos bibliotecários das instituições pesquisadas, que serviram de apoio à pesquisa realizada nos sites institucionais. Com base neste estudo, espera-se auxiliar as bibliotecas que buscam crescimento e diferenciais em seus serviços a adotar os modelos apresentados ou criar novos modelos a partir das sugestões de serviços apresentados, e ainda reforçar o uso da GC em bibliotecas como fator fundamental para que as organizações possam atender seus desafios. PALAVRAS-CHAVE: Gestão do conhecimento. Biblioteca universitária. Inovação. Produtos. Serviços. ABSTRACT This study aims to identify and learn about innovations in products and services offered by university libraries to attract and satisfy the needs of customers from the perspective of knowledge management (KM). It has an exploratory, descriptive and qualitative perspective, performed by reviewing existing literature on knowledge management in libraries and analysis of the institutional sites of six libraries chosen randomly, in addition to a questionnaire sent by e-mail to the librarians of the institutions surveyed, which served as support for research on institutional websites. This study is expected to assist libraries and differential growth in its services to adopt the presented models or 1 Artigo adaptado da monografia apresentada ao curso de pós-graduação lato sensu televirtual de Gestão Educacional, Universidade Anhanguera – Uniderp, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. * Bibliotecária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio- Grandense no Campus Pelotas do IFSUL. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 10 create new models from the services provided and suggestions for further enhancing the use of KM in librariesas being essential for the organizations to meet their challenges. KEYWORDS: Knowledge management. University library. Innovation. Products. Services. 1 INTRODUÇÃO O mundo moderno vem sendo objeto de profundas e aceleradas transformações econômicas, políticas, sociais, tecnológicas e educacionais que têm levado as instituições a pensar e elaborar estratégias diferenciadas e criativas para gerar qualidade nos produtos e serviços oferecidos para seus clientes/usuários. Percebemos essa necessidade de emergência na busca da informação através da fala de Carvalho (2000, p. 37): [...] ao que assistimos hoje é o estabelecimento de novas parcerias, a busca de ações e ferramentas que nos permitam localizar, filtrar, organizar e resumir informações que sejam úteis aos usuários, independentemente do lugar onde eles (usuários) e elas (informações) estejam localizados e a qualquer momento, resultando em economia de tempo para usuários e profissionais da informação. Verifica-se que as bibliotecas passaram de um processo de armazenamento de informação para um processo ainda mais importante que é a comunicação e o acesso ao conhecimento e o uso de novas tecnologias para desenvolver essas mudanças, pois, “para assumir a posição de provedoras de acesso à informação, as bibliotecas precisam rever seus processos, repensando a dimensão dos serviços e produtos desenvolvidos, pois o usuário de hoje diferencia-se daquele que „apertava parafusos‟ na era industrial” (CARVALHO, 2000, p. 37). A gestão do conhecimento (GC) [...] é um processo dinâmico e cíclico que envolve todos os processos da organização, procurando mapear os conhecimentos da organização, ligando-os com seus processos essenciais que, direcionados pela sua estratégia, buscam um melhor desempenho organizacional, o desenvolvimento dos seus produtos e serviços, sua qualidade, a gestão de clientes, entre outros (CASTRO, 2005, p. 16). Neste estudo verifica-se o que algumas bibliotecas universitárias estão criando em termos de serviços para inovar e, assim, satisfazer as necessidades de usuários internos e externos. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 11 O presente estudo consiste no levantamento das inovações em produtos e serviços criados em Bibliotecas Universitárias (BUs), buscando como referência a gestão do conhecimento, de forma que através deste levantamento outras instituições possam conhecer o que está sendo feito para atrair usuários e manter os espaços de informação mais atrativos aos seus clientes. Ao longo dos anos, a biblioteca passou a ser mais exigida por parte dos usuários no que diz respeito ao seu papel enquanto instituição de acesso à informação, principalmente naquilo que ela se propõe desenvolver e no que se refere aos produtos e serviços oferecidos. “Potencializando o aprendizado da organização, a gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias pode ampliar seu desenvolvimento e sua competitividade; é a forma de adicionar valor a processos e produtos” (DUDZIAK; VILLELA; GABRIEL, 2002, apud CASTRO, 2005), expandindo assim o poder de desenvolvimento e competitividade das bibliotecas universitárias. Conforme afirma Silva (2010, p. 11), para que as empresas consigam obter vantagem competitiva e estar à frente da concorrência, muitos métodos e técnicas devem ser levados em consideração para que possam agir e decidir de maneira assertiva. Planejar suas estratégias torna-se então questão chave para garantia de sucesso, principalmente no atual cenário competitivo em que elas se encontram. A autora ainda reforça que nos cenários em que se encontram as instituições de ensino nos dias atuais e com novo perfil do trabalhador, “a busca incessante pelo conhecimento é o grande diferencial na carreira de cada profissional” (SILVA, 2010, p. 11). Isso podemos perceber claramente com o aumento das instituições de ensino no país e com a preocupação de se manterem sólidas num mercado competitivo. Para isso, muitas delas apostam nos diferenciais de seus produtos e serviços oferecidos, e entre estes estão as bibliotecas, que surgem como estratégia não só no fornecimento de informação e do conhecimento, mas como aliadas nesta busca para agradar o cliente por meio de serviços especializados e diferenciados (SILVA, 2010). Com base nas afirmações apresentadas, verificaram-se as ações que estão sendo feitas por essas instituições para atrair e tornar o ambiente de informação mais acessível e satisfatório, oferecendo produtos e serviços de qualidade para a comunidade acadêmica, utilizando para isso as experiências e o conhecimento de colaboradores e bibliotecários para melhorar e assim promover Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 12 ações que visam à excelência nos serviços prestados. Além disso, há necessidade de mais pesquisas na área de Gestão do Conhecimento para bibliotecas, uma vez que esta é uma área nova e pouco explorada por pesquisadores. O estudo caracterizou-se como uma pesquisa exploratória, descritiva, de cunho qualitativo, realizada através da revisão da bibliografia existente sobre a Gestão do Conhecimento em Bibliotecas e da análise dos sites institucionais de seis bibliotecas. Essas bibliotecas foram escolhidas aleatoriamente e utilizando como critérios a região onde se localizam e a facilidade de acesso aos sites e às instituições para identificar os produtos e serviços por elas criados para inovar e assim criar mais vantagens competitivas para esses Centros de informação. Foi ainda aplicado um questionário com seis perguntas abertas sobre o tema, enviado por e-mail aos bibliotecários das instituições pesquisadas, que servirá como apoio à pesquisa realizada nos sites institucionais. Espera-se com esta pesquisa buscar bases teóricas e referenciais sobre a gestão do conhecimento em serviços de biblioteca, ainda que sem a pretensão de apresentar soluções definitivas e verdades inquestionáveis, mas sim propostas, e proporcionar o espaço para diálogo sobre o tema proposto. 2 GESTÃO DO CONHECIMENTO: UMA ABORDAGEM EM BIBLIOTECAS Nesta seção, serão abordados os temas estudados tendo como base três conceitos norteadores da pesquisa. São eles: a Gestão do Conhecimento, os produtos e serviços de informação e a Gestão do Conhecimento em Bibliotecas. Para isso, serão analisados alguns autores que abordam discussões dentro dessa perspectiva. Com este estudo, procurou-se conhecer de que forma a Gestão do Conhecimento poderá contribuir no desenvolvimento de produtos e serviços nas empresas. De acordo com Barbosa (2010, p. 2), as empresas devem evoluir e se reinventar porque são parte do mesmo ambiente turbulento, carregado de informações, contradições e paradoxos que vivemos. Em outras palavras, é importante para as empresas saber como gerar conhecimentos novos e assim ter mais chances de sobreviver em cenários econômicos, sociais e tecnológicos que não cessam de evoluir. Ainda segundo Barbosa (2010, p. 5), “a interação entre essas duas formas de conhecimento (tácito-explícito) compõe o modelo de Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 13 „espiral do conhecimento‟”. O conhecimento explícito é facilmente localizado pelas pessoas através de revistas, livros, manuais, materiais bibliográficos localizados em bibliotecas ou demais locais onde exista informação. Já o conhecimento tácito, de acordo com o autor, é o conhecimento que existe na cabeça das pessoas, acumulado por meio da experiência que cada uma adquiriu ao longo de sua vida. O conhecimento tácito é subjetivo, sensível ao contexto, por isso difícil de formalizar e comunicar. É o conhecimento pessoal incorporado à experiência individual, envolvendo fatores intangíveis como, por exemplo, crenças pessoais, “perspectivasnaturalizadas”, intuições, emoções, habilidades (BARBOSA, 2010, p. 5). Nonaka e Takeuchi, apud Barbosa (2010, p. 5), “propuseram modelos de conversão do conhecimento tácito/explícito onde o conhecimento evolui do indivíduo até tornar-se um conhecimento novo para toda a organização”. Esse modelo de criação de conhecimento é a chave para um pensamento de como levar inovação às empresas, fator decisivo para sua sobrevivência em mercados cada vez mais competitivos. Para o autor, a Gestão do Conhecimento consiste em alavancar ativos intangíveis e transformar esses ativos em conhecimentos novos, gerando vantagens competitivas para a empresa em relação ao mercado. Daí a necessidade de reter os talentos e gerenciar o capital intelectual da empresa (BARBOSA, 2010b, p. 2). A figura 1 demonstra as concepções da empresa comum e da empresa criadora de conhecimento: FIGURA 1 – Concepções de uma organização FONTE: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (2008, apud Barbosa, 2010b) Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 14 Dentro desse processo de criação do conhecimento, existem quatro etapas importantes para a conversão do conhecimento: a socialização, externalização, combinação e a internalização. A figura 2 demonstra o que cada uma representa nesse processo e a figura 3, a relação entre processos e subprocessos: FIGURA 2 – Modelo de criação do conhecimento FONTE: Adaptado de Nonaka; Takeuchi (2008, apud Barbosa, 2010b) FIGURA 3 – Relação entre processos e subprocessos FONTE: Barbosa (2010b) Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 15 Para Moraes (2008, p. 14), Os quatro modos devem também ser integrados como etapas de um processo contínuo e circular, que ocorre no meio de um grupo, coletividade ou comunidade de praticantes na organização e que leva ao desenvolvimento do conhecimento e o da comunidade ocorram de forma interdependente. As bibliotecas universitárias são vistas como espaços de organização do conhecimento muito utilizados nas instituições de ensino por pesquisadores, educandos e educadores que buscam informações para desenvolver seus trabalhos de forma rápida e precisa, porém as exigências vindas por parte dos usuários fizeram com que bibliotecários e gestores buscassem alternativas para atender as demandas informacionais desses usuários de forma mais rápida e segura, utilizando novas técnicas, tecnologias e suportes para criar serviços que atendessem de forma eficiente às necessidades desses usuários. De acordo com Jantz (2001, apud CASTRO, 2005), “indiscutivelmente a gestão do conhecimento pode trazer significativas mudanças para a estrutura e cultura da biblioteca, assim como alterar e criar novas perspectivas e demandas para administradores e demais membros”. Para Mathesson (1995), “a área de biblioteca encontra-se atingida por esse desafio: inovar, mudar a forma de trabalhar rapidamente, ou ser superada pelas novas tecnologias”. Frente a essa tendência, muitas bibliotecas passaram a repensar seus serviços e produtos, buscando melhor atender a comunidade acadêmica e criar assim mais vantagens competitivas para suas instituições, utilizando para isso o conhecimento, sugestões e opiniões de colaboradores e usuários. O‟Dell (2000, apud Miranda, 2010) afirma que “gestão do conhecimento (GC) é uma estratégia consciente de obter o conhecimento certo das pessoas certas no momento certo e fazer com que haja compartilhamento do conhecimento existente na organização”. Conforme afirma Miranda (2010), a GC está relacionada aos aspectos culturais das organizações e, dentro das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), Existe uma unidade/setor que tem forte ligação com o aspecto informacional/documental: a biblioteca, cuja meta é dar suporte às atividades intelectuais desenvolvidas. É possível constatar ainda que ela é focada como um dos pilares do seu ambiente e, por sua vez, poderá ser gestora do conhecimento nele produzido e/ou que nele circula (MIRANDA, 2010, p. 26). Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 16 O processo de GC dentro das organizações, segundo Bhatt (2001, apud Miranda, 2010), tem uma visão mais profunda envolvendo pessoas, tecnologias e processos que podem ser observados na figura 4, que mostra a importância das pessoas (colaboradores, gestores e usuários) no processo de criação do conhecimento, aliada aos processos de trabalho das empresas e o uso das tecnologias. FIGURA 4 – Gestão do conhecimento FONTE: Bhatt (2001, apud Miranda, 2010) Para Dudziak, Villela e Gabriel (2002, p. 5), “as melhores empresas no futuro serão aquelas nas quais todos criam e usam de forma compartilhada o conhecimento, ao invés de mantê-lo entesourado e individualizado. O conhecimento passa a ser um bem da empresa e não de uma pessoa só”, assim o conhecimento poderá ser percebido em três dimensões: O conhecimento dos processos internos da organização; O conhecimento da clientela e do ambiente externo; O conhecimento enquanto subsídio à inovação e ao aprendizado. Com esse intuito, muitas empresas estão apostando no uso de redes sociais virtuais como forma de conhecer sua clientela, propondo mais qualidade e inovação dos seus serviços. Assim, procurando compreender melhor essa tendência, a temática será apresentada a seguir. 2.1 redes sociais como ferramentas da gestão do conhecimento em bibliotecas Antes de analisar como as redes sociais virtuais auxiliam na gestão de conhecimento, vejamos o conceito de rede social: É um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades) conectadas por relacionamentos sociais, motivadas pela amizade, Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 17 relações de trabalho ou troca de informação. Constitui-se da representação formal de atores e suas relações. As redes desenvolvem-se a cada contato que mantemos, provocando a construção social do indivíduo e, quando vistas por suas relações, podem identificar coesões e similaridades, em ações coadunadas de indivíduos que agem como um único corpo social (TOMAÉL, 2007, p. 3). As redes sociais despontam como ferramenta de apoio à gestão do conhecimento, pois surgiram a partir da necessidade de pessoas com os mesmos interesses de compartilhar conhecimentos e informações sobre suas atividades diárias, dividindo soluções para problemas mais frequentes. O termo nasce no início da década de 1990, sem conexão com a Internet, na época entendiam-se Comunidades de Práticas como “grupos de pessoas que compartilham o mesmo interesse ou dedicação a um tema específico e que aprofundam seu conhecimento e competência a respeito dele através de uma interação contínua” (BARBOSA, 2010a, p. 6). As ferramentas tecnológicas sociais surgem com o crescimento da Internet e são utilizadas pelas empresas como ferramentas de gestão do conhecimento – os blogs, comunidades como Orkut, Facebook, Twitter, entre outras. Serviços do tipo blog podem auxiliar o trabalho do profissional e de equipes de trabalho de muitas formas. Um post publicado provoca discussões sobre determinada teoria e cobra a opinião dos colegas, em outro momento hipóteses são publicadas na forma de comentários sob o mesmo post anterior, novos posts são inseridos em resposta, num ciclo sem fim previsível (BARBOSA, 2010a, p. 8.). Além disso, essas ferramentas podem ser muito úteis para as empresas que utilizam a GC em busca de desenvolvimento, inovação, agilidade em seus processos e satisfação de colaboradores e clientes. As grandes empresas, principalmente estrangeiras, têm demonstrado interesse no potencial do Twitter. Segundo pesquisa da revista Fortune, 36 das 100 maiores empresas de seu ranking já explorama ferramenta de alguma forma. Empresas de construção vêm aproveitando a popularidade da rede social para divulgar promoções exclusivas que acabam resultando em vendas. Já para empresas como as corretoras de investimentos, que precisam de agilidade no fornecimento de informações aos clientes, ter uma conta Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 18 no Twitter representa um enorme diferencial competitivo (PACHECO, 2009, apud BARBOSA, 2010a, p. 10). As BUs cada vez mais vêm utilizando essas ferramentas no intuito de melhorar sua comunicação interna e externa, principalmente no que diz respeito aos seus usuários. É comum cada vez mais o uso desses meios para fins de avisos, renovação de obras, informações e atendimento. Ainda de acordo com Barbosa, Caberia, assim, a cada colaborador e a cada organização testar a seu modo o uso de blogs e de comunidades virtuais do tipo Orkut, desbravando novos caminhos a fim de desenvolver melhor seu trabalho na Gestão do Conhecimento, respeitadas as condições materiais e organizacionais necessárias (2010a, p. 9). Na seção 4, ao discutirmos a análise dos dados coletados, será apresentado um gráfico que mostra o uso das redes sociais nas seis bibliotecas pesquisadas, no qual podemos observar quais são as redes sociais virtuais mais utilizadas pelas instituições no relacionamento com os usuários. 3 PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS Antes de entrarmos na discussão sobre produtos e serviços, é importante entender o que é uma biblioteca universitária. Segundo Prado (2003, p. 13), “nada mais é que uma universidade em si mesma. As universidades são centros transmissores do saber, através do ensino e dos livros, [...] universidade e biblioteca trabalhando na mais íntima reciprocidade, têm desempenhado a importantíssima função de preservar e disseminar o conhecimento”. Para o autor, a biblioteca “não pode ser um agente neutro, passivo, apenas entregando o livro ao leitor e controlando a sua volta” (id., ibid.); o papel das BUs é muito maior e de muita responsabilidade com a informação e conhecimento. Para Araújo e Oliveira (2005, p. 31), a biblioteca ou outra unidade de informação, aqui entendida como uma unidade que trata de informação, desde a organização até sua difusão (base de dados, serviço de informação especializada, centro de informação, telecentro, videotecas, mapotecas etc.), pressupõe atividades bem características, por trabalhar a informação. Isso faz com que esse tipo de instituição ou serviço ofereça serviços e produtos particularizados. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 19 Assim, os produtos e serviços oferecidos pelas BUs complementam sua função de transmitir conhecimento e informação e garantem uma estratégia competitiva, fornecendo satisfação aos seus clientes/usuários. Porém, para conhecer melhor os serviços que essas bibliotecas estão oferecendo aos usuários, é interessante primeiramente conhecer e entender o conceito de produtos e serviços, que não são objetos, mas são prestados envolvendo o desempenho dos prestadores de serviço. Por isso raramente é possível estabelecer especificações de fabricação precisas quanto a uma qualidade uniforme. A maioria dos serviços não pode ser contada, medida, inventariada, testada e verificada antes da venda para garantir a qualidade (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 2006, p. 97, apud MIRANDA, 2010, p. 68). Portanto, as bibliotecas precisam estar atentas e utilizar ferramentas como estudo de usuário e pesquisas de opinião para conhecer as necessidades e avaliar a satisfação dos usuários em relação aos produtos e serviços oferecidos. 3.1 serviços de inovação em bibliotecas: diferenciais para atender demandas e atrair usuários Bibliotecários e gestores de centros de informações perceberam a importância de criar atrativos para aproximar os usuários e contemplá-los com novas tecnologias e serviços que refletem mais as necessidades informacionais. Neste sentido as Bibliotecas Universitárias (BUs) podem fornecer vantagem competitiva para as universidades. O sucesso das Bibliotecas Universitárias depende da habilidade de utilizar a informação e o conhecimento de sua equipe de colaboradores para melhorar o atendimento das necessidades de uma comunidade acadêmica (MAPONYA, 2004, apud CASTRO, 2005, p. 16). Portanto, as BUs buscam fazer a gestão através da inovação de produtos e serviços baseadas na gestão do conhecimento, que visa a estudar e implementar novas possibilidades de inovação, e assim, atender as demandas do ambiente educacional com diferencial. Miranda (2010, p. 66) mostra em sua pesquisa de doutorado a evolução que as bibliotecas e seus serviços sofreram ao longo dos anos, provocando mudanças na gestão da informação e do Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 20 conhecimento no que diz respeito aos produtos oferecidos e nas tecnologias utilizadas como suporte, como mostra a Figura 6: FIGURA 5 – Mudanças nos produtos e serviços de Biblioteca FONTE: Miranda (2010, p. 66) Conforme o quadro acima, a evolução das tecnologias e das fontes de informação possibilitou a mudança tecnológica e conceitual nos serviços oferecidos pelas bibliotecas para atender de forma mais prática, rápida e eficiente as necessidades dos seus usuários. Silva, Schons e Rados (2006, p. 7) afirmam: a identificação das necessidades e expectativas dos usuários é fundamental. Os gestores das bibliotecas universitárias deveriam buscar entender como ocorre o funcionamento do comportamento dos usuários, pois os processos relativos à prestação do serviço podem ser ajustados e alinhados a fim de permitir um conceito satisfatório para o usuário, ou seja, o usuário irá atribuir identificação de “valor” àquele serviço prestado. Torna-se, então, necessário identificar como ocorrem a percepção, expectativa e satisfação por parte do usuário. Passaremos agora a discutir as possibilidades de serviços criadas pelas bibliotecas pesquisadas para atender as necessidades informacionais, melhorar a qualidade dos serviços prestados e atrair os usuários através das novidades e inovações. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS A seguir, serão abordados e analisados os serviços oferecidos pelas bibliotecas pesquisadas que surgiram como inovação em seus centros de informação e principalmente aqueles que foram baseados no conhecimento interno e externo da comunidade Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 21 acadêmica. De acordo com Andrade (1998, p. 312), “a biblioteca vem se empenhando em alcançar melhores resultados em sua prestação de serviços, por meio de inovações frequentes, em todos estes anos de sua atuação”. Com base na afirmação do autor, procurou-se fazer a análise dos serviços considerados diferenciados por serem serviços únicos, criados pelas bibliotecas para atender as exigências do mercado competitivo e dos usuários, por meio dos sites institucionais de cada centro de informação pesquisado e dos resultados dos questionários respondidos pelos bibliotecários. Inicialmente, na pesquisa realizada nos sites institucionais das bibliotecas investigadas, foi realizado o levantamento de quais delas utilizam as redes sociais como ferramenta para desenvolver suas atividades através da Gestão do Conhecimento. Com base nesse levantamento, o gráfico abaixo demonstra quais ferramentas da Internet são mais utilizadas no relacionamento com os clientes: FIGURA 6 – Utilização de redes sociais nas bibliotecas pesquisadas FONTE: Elaborado pela autora O gráfico da figura 7 representa o uso de algumas ferramentas virtuais de gestão do conhecimento. Observa-se que as instituições estão cada vezmais utilizando essas ferramentas para melhorar o relacionamento com seus usuários/clientes e assim conhecer melhor seu perfil, exigências e necessidades. Das seis bibliotecas pesquisadas, todas utilizam algum tipo de rede social virtual; algumas exploram mais esses recursos que outras, conforme podemos perceber a seguir: Dessas bibliotecas, observou-se que nenhuma fez menção em seu site sobre o uso da ferramenta Orkut, talvez porque essa rede social não apresente muitos espaços para pessoas jurídicas se cadastrarem, o que nos leva a refletir que a ferramenta é cadastrada apenas por pessoas físicas. Nota-se, ainda, que existem comunidades virtuais para as bibliotecas pesquisadas, porém foram criadas por usuários ou apreciadores das bibliotecas e não têm ligação com os gestores das instituições, servem apenas como divulgação do espaço e não dos serviços; Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 22 A ferramenta Facebook é utilizada por três bibliotecas, o que mostra o crescimento dessa rede por parte dos internautas; Apenas um centro de informação utiliza o MSN (Windows Messenger), como comunicação em tempo real; Quatro bibliotecas utilizam o Twitter como meio de comunicação para informar diariamente sobre novidades, mudanças e avisos aos usuários; Outras quatro bibliotecas utilizam o blog como ferramenta de informação e comunicação com seus usuários; Duas bibliotecas utilizam diversos outras ferramentas virtuais que não estão entre as mais e conhecidas e acessadas, como Delicius, Digg, Reddit e Furl. O quadro a seguir apresenta o levantamento dos dados pesquisados e quais as redes sociais utilizadas por cada centro de informação como ferramenta da GC: Bibliotecas Biblioteca A Biblioteca B Biblioteca C Biblioteca D Biblioteca E Biblioteca F Redes sociais Orkut 0% Facebook 21% X X X MSN 7% X Twitter 29% X X X X Blog 29% X X X X X Delicius e Digg, X X Reddit e Furl X X FIGURA 7 – Levantamento do uso de redes sociais nas Bibliotecas FONTE: Elaborado pela autora O levantamento mostra que é cada vez mais comum o uso das redes sociais nos serviços de informação para criar um canal de ligação e comunicação entre bibliotecas e usuários. Ferramentas como blog e Twitter são as mais utilizadas, pois são as mais populares entre os usuários, e ainda oferecem diversos recursos para divulgação de informações. Antes de começar a explorar os serviços pesquisados em cada biblioteca, é importante ressaltar que das seis instituições consultadas, 33% não responderam ao questionário, 17% delas se recusaram a responder ao questionário encaminhado, enquanto 50% encaminharam suas respostas, que serão discutidas a seguir. 4.1 Entrega domiciliar de obras A Biblioteca A inova ao oferecer o serviço de entrega domiciliar de obras. O serviço é destinado aos alunos de graduação, pós- graduação, professores e colaboradores da Instituição devidamente Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 23 cadastrados para uso do serviço. O formulário para solicitação da entrega permite solicitar até três obras de cada vez e tem custo conforme tabela da instituição (BIBLIOTECA A, 2011 2 ). Sobre esse serviço, a bibliotecária de referência informou no questionário: Relativo à usabilidade do serviço, ainda é pequena por parte dos usuários. Informo que ainda infelizmente não temos dados estatísticos, pois o serviço foi implantado recentemente, ainda não foi contabilizado (BIBLIOTECA A). O serviço pode ser considerado uma inovação em se tratando de bibliotecas, pois incentiva os alunos a buscar a informação em importantes fontes impressas – livros, periódicos, teses e dissertações que não estão disponíveis na Internet. Antes, sempre que os usuários precisavam de informação, tinham que ir até os centros para pesquisar e muitas vezes a falta de tempo impedia e dificultava o acesso aos meios de pesquisa. A criação desse serviço não veio para substituir o acesso às bibliotecas, mas sim, facilitar o uso das fontes de informação ao usuário mesmo que ele tenha dificuldade de se deslocar até a biblioteca. A pesquisa no site e as respostas recebidas no questionário não permitiram saber de que forma surgiu esse serviço, se foi sugestão dos profissionais da Biblioteca ou dos próprios usuários. melhorou o relacionamento com os usuários, que se sentem mais satisfeitos em ter mais uma possibilidade de renovação e de negociação de multa, levando em consideração a correria do dia a dia (BIBLIOTECA B). 4.2 Central de atendimento telefônico Este é um serviço oferecido pela Biblioteca B, que visa a agilizar o atendimento aos usuários, possibilitando que alguns serviços sejam disponibilizados pelo telefone. É mais uma opção para renovações de materiais (mesmo em atraso e com débito), consultas ao acervo e informações gerais, que centraliza todos os atendimentos em um único número de telefone (BIBLIOTECA B, 2011) Ao criar esse serviço, a Biblioteca inova por aproximar o usuário dos serviços sem que este precise se deslocar até o balcão de atendimento para realizar operações simples como renovar um item. De qualquer lugar onde o usuário esteja, caso não disponha de 2 Informação retirada do site institucional da biblioteca pesquisada. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 24 Internet no local, mas tenha um telefone, poderá realizar serviços e manter-se informado sobre seus empréstimos e consultas. 4.3 Negociação de multas Este serviço oferece negociação de multa para os usuários que tiverem, num mesmo período/dia, um valor em multa maior que R$30,00, conforme política da instituição visível no site. O serviço deverá ser solicitado na biblioteca ou por e-mail, facilitando e agilizando o atendimento ao usuário. As negociações com o bibliotecário responsável poderão ser feitas com pagamento em boleto bancário ou através de desconto de 50%, e os outros 50% do débito serão pagos com aquisição de livros novos (BIBLIOTECA B, 2011). Este serviço foi criado para amenizar os conflitos com usuários quando a multa somava um montante alto (BIBLIOTECA B). Percebe-se pelas palavras do bibliotecário responsável a importância da criação do serviço para melhorar o relacionamento com os usuários, além disso, a biblioteca passa a contar com a aquisição de livros novos para o acervo, um excelente benefício para a biblioteca e para os usuários, que, além do desconto da dívida, ainda poderão usufruir das novidades no acervo, portanto nessa forma de negociação todos saem ganhando. O serviço em questão foi criado com base no conhecimento tácito dos bibliotecários, que pensaram e adaptaram esse serviço para que atendesse a realidade da biblioteca e fosse ao encontro das necessidades dos usuários. 4.4 Aviso por e-mail de devolução, empréstimo em atraso e reserva liberada O aviso de devolução próxima é enviado a todos os usuários que possuam e-mail cadastrado na biblioteca e com algum empréstimo com data de devolução para o dia do envio ou um dia depois, solicitando que seja efetuada a devolução ou renovação. O aviso de empréstimo em atraso também é enviado para os usuários cadastrados com e-mail e que estejam nessa situação. O aviso de reserva liberada é uma mensagem enviada para o e-mail do usuário, informando que o exemplar está disponível para ser retirado. Os avisos por e-mail constituem mais uma facilidade para auxiliar os usuários, pois os contratempos da vida moderna, o acúmulo de informações e compromissos, exigem uma solução Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 25 prática para evitar o esquecimento de realizar renovações,pagamento de obras em atraso e retirada de livros que ficaram disponíveis na reserva. O centro de informação inova ao oferecer esse serviço que é bastante utilizado, pois a grande maioria dos universitários utiliza o e-mail como ferramenta de comunicação sem custo e sem o consumo de papel. 4.5 Terminais de autodevolução e autoempréstimo O serviço permite ao próprio usuário registrar os empréstimos e as devoluções de materiais, através de equipamento e software interativo com orientação passo a passo. Esse serviço, novo em bibliotecas, surge como apoio aos bibliotecários, facilitando o atendimento, agilizando os processos e tornando o aluno mais independente. É cada vez mais comum o uso das ferramentas de informática, softwares e sistemas de automação para melhorar a qualidade dos produtos e serviços de informação. Devido a não haver respostas do questionário por parte da Biblioteca C, não foi possível saber como é a aceitação desse serviço por parte dos usuários, se é bem utilizado ou não. 4.6 Converse em tempo real com o setor de aquisições O usuário poderá conversar sobre sugestões de compras, aquisições de bibliografias dos cursos, andamento de pedidos, diretamente com os responsáveis, por meio da ferramenta virtual MSN, cujo endereço está disponível no site da biblioteca. O serviço oferece diferencial ao possibilitar que o usuário tenha acesso ao setor de aquisições, o que não costuma ser comum em bibliotecas. Além disso, poderá fazê-lo em tempo real, online. É muito importante que o usuário possa opinar, sugerir e solicitar obras para compor o acervo, para que o centro de informação possa atender suas necessidades informacionais. 4.7 Atendimento online (chat) Consiste na orientação ao usuário, onde o mesmo poderá conversar em tempo real através de ferramenta conhecida como chat. O serviço está disponível através da página da Biblioteca das 8h30min às 22h. Caso o bibliotecário não esteja online, o site recomenda tentar mais tarde ou envie uma mensagem que em breve haverá retorno. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 26 Esse é um excelente serviço de inovação, pois propicia ao usuário estar mais próximo do centro de informação, tirar suas dúvidas através de um atendimento rápido e prático desde que tenha acesso a Internet. Através da pesquisa, não foram identificados quais tipos de serviços podem ser realizados através do chat, como por exemplo, renovação e consulta ao acervo. 4.8 Empréstimo de sacolas para transporte de materiais Com base nas reclamações e solicitações dos usuários, percebemos a necessidade de adotar uma medida para sanar o problema. A sugestão de criação das sacolas veio por parte de uma colaboradora da Biblioteca e foi adaptada pelo bibliotecário responsável (BIBLIOTECA E). Embora não seja comum nas bibliotecas, esse tipo de serviço demonstra o uso da gestão do conhecimento interno na criação de novas formas de agradar o cliente. Mostra que a Biblioteca E está atenta às críticas e sugestões dos usuários e que utiliza o conhecimento dos seus colaboradores para inovar; além disso, contribui para a manutenção e controle do acervo, evita constrangimentos entre alunos e colaboradores no que diz respeito à segurança do acervo e ainda ajuda a diminuir os danos e desgastes ao material bibliográfico. Nossa biblioteca não tem nenhum serviço diferenciado para atrair usuários. Temos é o compromisso com a informação e com a prestação de serviços com qualidade, especializados [...] (BIBLIOTECA F). Ao finalizar, é importante ressaltar que a pesquisa é apenas uma amostragem do que está sendo criado pelas bibliotecas universitárias para atender as necessidades e atrair seus usuários. Não é pretensão deste trabalho julgar as experiências e muito menos as instituições, e sim, apenas apresentar as inovações por elas criadas. 5 CONCLUSÃO Ao término da pesquisa, podemos perceber a importância da Gestão do Conhecimento para aprimorar e implementar serviços bons, de qualidade e diferenciais nas bibliotecas, sejam elas públicas ou privadas, mas com um único interesse em comum, atender as necessidades e manter satisfeitos seus clientes/usuários, Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 27 como podemos perceber na fala dos autores a seguir: são grandes os desafios enfrentados atualmente pelas bibliotecas universitárias e seus gestores, tanto em relação a seus clientes quanto em relação à apropriação da tecnologia. Certamente a gestão do conhecimento é um fator diferencial para o sucesso da biblioteca e os bibliotecários devem estar atentos às demandas daí advindas (DUDZIAK; VILLELA; GABRIEL, 2002, p. 12). Por meio da pesquisa bibliográfica, constatou-se que várias instituições criaram serviços únicos para atender as necessidades dos seus usuários, colocando-se à frente em termos de competitividade e inovação, porque muitos desses serviços foram criados baseados na gestão do conhecimento interno (colaboradores) e externo (usuários). A prática da gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias vem sendo utilizada como apoio. Algumas instituições fazem uso instintivamente, sem ter conhecimento de que estão utilizando uma importante ferramenta que é o conhecimento tácito, advindo das sugestões de colaboradores, gestores e usuários. Também foi possível identificar através da pesquisa bibliográfica que há a preocupação na discussão a respeito da gestão de conhecimento em bibliotecas universitárias, o que mostra a importância da pesquisa realizada para contribuir ainda mais com o estudo e desenvolvimento do tema proposto. A pesquisa de campo por amostragem demonstra que existem iniciativas e práticas que buscam gerenciar o conhecimento dentro das organizações pesquisadas e que as bibliotecas estão sendo pensadas como empresas fornecedoras de produtos e serviços, preocupadas com os resultados e com o aprimoramento dos serviços prestados, de forma que os usuários escolham suas instituições de ensino também pelo diferencial oferecido pelas bibliotecas. Levando-se em conta as restrições da pesquisa, podemos chegar às seguintes conclusões: – Os centros de informação estão cada vez mais preocupados em criar formas de atender as necessidades informacionais por meio de serviços de qualidade; – As instituições estão se preocupando em ouvir as sugestões de seus usuários, por meio das ferramentas da GC, como as redes sociais virtuais, e também dos colaboradores, aproveitando o conhecimento adquirido ao longo de suas experiências, o chamado Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 28 conhecimento tácito; – Grande parte das bibliotecas pesquisadas estão atentas às mudanças e novidades no mercado de inovações, sejam elas tecnológicas ou de serviços; – Existem, ainda, instituições que não estão preparadas para ouvir colaboradores e usuários e não apostam na criação de serviços de inovação como diferencial para atrair a atenção dos clientes. Por isso, é importante refletir sobre os motivos pelos quais muitas instituições públicas têm dificuldade em desenvolver propostas de inovação para melhorar a qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Este estudo não evidencia que a falta de ações de inovação nessas instituições seja ocasionada pelo tipo de cultura organizacional que não permite mudanças e novos desafios, ou pelo tipo de gestão que não se preocupa em diversificar e criar novas alternativas de trabalho e serviços, ou talvez ainda pelo próprio sucateamento que a rede pública vem sofrendo com a falta de investimento nas instituições e nos profissionais que nelas atuam. Como funcionária pública federal, diariamente acompanho as dificuldades para desenvolver serviços básicos de biblioteca, como empréstimos e devoluções.A burocracia, a falta de preparo dos profissionais dificultam muito os processos e os tornam mais complexos até mesmo para a compra de um livro. Por isso, são grandes as dificuldades para criar e inovar os serviços oferecidos, na maioria das vezes só vontade não é suficiente para pôr em prática novos serviços, é preciso que a instituição esteja aberta às mudanças tanto no ponto de vista profissional, como financeiro e organizacional, e que a gestão maior das instituições compreenda a importância de apoiar os bibliotecários nesse processo. Segundo Maura (2004, apud Castro, 2005, p. 48), para que a GC aconteça de maneira eficiente nos centros de informação, os profissionais do conhecimento devem possuir uma série de características de personalidade e qualidades como criatividade, habilidade para aprender e adaptar-se (à mudança contínua); habilidade e vontade de criar, compartilhar, promover e utilizar conhecimentos; entender o processo de criação do conhecimento; apreciar o impacto do conhecimento; possuir destrezas no manejo da informação (busca, análise e aplicação); entender os princípios da organização do conhecimento, ser ambicioso, e assumir riscos e desafios. Portanto, para que a gestão do conhecimento tenha sucesso nas bibliotecas, não basta apenas vontade por parte de gestores e Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 29 bibliotecários, pois percebemos na fala dos autores pesquisados que existe a necessidade de um conjunto de características, não só de personalidade, mas de atitudes profissionais que fazem com que determinadas experiências apresentem mais sucesso do que outras, e assim acontece também nos serviços de bibliotecas. Quanto mais as empresas apostam no conhecimento dos profissionais e lhes permitem criar, compartilhar, desenvolver os processos, maior é a chance de inovarem, fazendo com que os clientes sejam beneficiados com essas novidades. Cada vez mais, as empresas preferirão pessoas capazes de utilizar e compartilhar o conhecimento, interessadas em ensinar o que sabem, inteligentes, obstinadas na aquisição contínua de conhecimentos e talentos cujo aprendizado seja um importante elemento na razão de existir (FIGUEIREDO, 2005, p. 162). Por fim, em virtude dos resultados obtidos, constatamos que o estudo ainda tem um longo caminho a percorrer; é necessário procurar conhecer outras realidades de pesquisa, aprofundar mais o uso da gestão do conhecimento nos processos, verificar como as empresas estão tratando do conhecimento entre colaboradores, incentivar o uso desse conhecimento e também utilizar um instrumento de diagnóstico para verificar de forma mais precisa o uso da GC nas bibliotecas universitárias. Porém, deixaremos essas sugestões para pesquisas futuras ou possível aprofundamento deste estudo. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Teresinha Dias de et al. 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Modelo japonês de gestão do conhecimento. Campinas: LFG, 2010b. Texto elaborado para o material da 2ª aula da Disciplina Gestão do Conhecimento, Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 26, n.1, p.9-30, jan./jun. 2012. 30 ministrada no Curso de Pós-Graduação TeleVirtual MBA em Gestão de Educação – Anhanguera – Uniderp/Rede LFG. CARVALHO, Isabel Cristina Louzada; KANISKI, Ana Lúcia. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 3, dez. 2000. Disponível em: . Acesso em 02 jul. 2011. CASTRO, G. Gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias: um instrumento de diagnóstico. Florianópolis, 2005. 161f. Dissertação [Mestrado em Ciência da Informação] – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina. DUDZIAK, E. A.; VILLELA, M. C.; GABRIEL, M. A. Gestão do conhecimento em bibliotecas universitárias. São Paulo: USP, 2002. disponível em: . 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Acesso em: 17 jul. 2011. Recebido em: mar/2012 Publicado em: jul/2012 ARTIGO 1 GESTÃO DE PROCESSOS EM BIBLIOTECAS Margarida Maria de Oliveira Reis Ursula Blattmann Resumo As reflexões visam contribuir no gerenciamento de tecnologias da informação e comunicação em bibliotecas. Apresenta conceitos e características sobre gestão de processos nas organizações com a finalidade de proporcionar uma visão da importância dos processos, do gerenciamento de processos, da gestão da informação, dos serviços e dos produtos de informação em bibliotecas. Considera os serviços e produtos de informação gerenciados por meio de novas tecnologias da informação e comunicação. Busca-se enfatizar a melhoria da qualidade contínua direcionando os esforços centrados nos usuários. As conclusões apontam para respeitar as diversidades no momento de implementartécnicas e métodos da gestão por processos nas organizações e questionamentos sobre os impactos das inovações tecnológicas na Sociedade do Conhecimento. Palavras-chave Gestão de processos; Biblioteca – gestão; Melhoria da qualidade; Internet. LIBRARY MANAGEMENT PROCESSES Abstract The reflections contribute in the management of communication and information technologies at libraries. Presents concepts and characteristics of the management processes in organizations, with the purpose of give a view of the importance of processes, processes management, information management, information services and products at libraries. It considers information services and products managed by the use of new information and communication technologies to emphasize quality improvement centered in the users needs. The conclusion point to respect the diversity when implementing techniques and methods about process management at organizations. Keywords Management Processes; Library – management; Quality – Improvement; Internet. © Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v . 1, n. 2, p. 1-17 , jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X. ARTIGO 1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E O AMBIENTE DE BIBLIOTECAS Ao incorporar novas tecnologias da informação – TICs - e comunicação no ambiente de bibliotecas alteram-se os processos administrativos, técnicos e operacionais. Os elementos norteadores das mudanças percebidas estão centrados em “como”; “porque” e “para que” as pessoas utilizam os recursos disponíveis incrementando a competitividade pela eficiência e eficácia nos procedimentos organizacionais. As incorporações de inovações tecnológicas geram transições e transformações nas funções, atividades e tarefas do contexto organizacional. Necessita-se acompanhar as alterações, isto é apreender constantemente, e providenciar novos rumos na gestão da informação e esses fluxos são influenciados principalmente pelo uso da Internet e seus recursos. Experiências nacionais e internacionais apontam para esse apreender constante, em assimilar as tecnologias, adaptar-se às alterações do cotidiano presente em nossas relações profissionais, sociais, educacionais, culturais e pessoais. Xie (2003, p. 899) menciona o aumento significativo de bases de dados, de produtores, de fornecedores, dos registros e das pesquisas, exemplifica utilizando o artigo de Williams quanto ao crescimento verificado entre 1975 a 1999, o aumento do número de bases de dados cresceu de 301 para 11.681, o número de produtores mostra um crescimento de 200 para 3.674; quanto ao número de fornecedores expandiu de 105 para 2.454, o número de registros disponíveis cresceram de 52 milhões de registros para 12.86 bilhões de registros e as buscas cresceram aproximadamente de 750.000 de 1974 para 90 milhões de buscas em 1998. O relato de Mujoo-Munshi (2003) sobre a incorporação e esforços para criar, adquirir e acessar os recursos eletrônicos desde 1995 na biblioteca do The Indian National Science Academy (INSA) aponta preocupações com as quais bibliotecários tem se ocupado constantemente no contexto de inserir inovações tecnológicas no cotidiano profissional. A origem desse processo acontece no momento da compra ou aquisição dos recursos digitais e desencadeia um longo processo entre usuários de tecnologias e usuários da informação. Pode-se perceber que a introdução das TICs em diferentes contextos não acontece somente nas regiões brasileiras e sim em escala global, e 2 © Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v . 1, n. 2, p. 1-17 , jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X. ARTIGO envolve os problemas identificados desde a escolha das tecnologias, os treinamentos das pessoas e até criar uma cultura organizacional dinâmica e com posicionamento crítico da realidade. A digitalização dos registros (gerenciamento da documentação) envolve além dos bibliotecários os colaboradores de outras áreas com outros repertórios em gerenciamento eletrônico de documentos – GED. Destacam-se a importância de competências, habilidades e atitudes no gerenciamento de conteúdos como um arquiteto da informação (BLATTMANN; FACHIN; RADOS, 2000). A necessidade e importância em conhecer tecnologias de digitalização de documentos implicam nas escolhas profissionais, como um entendimento amplo dos diversos formatos, seus recursos, ferramentas e tipos de documentos, isto é, saber diferenciar os formatos de imagens e documentos, os metadados, a multimídia, os arquivos somente textual (RTF), PDF (Portable Document Format), GIS (Geographic Information Systems), CAD (Computer Aided Design), HTML (Hyper Text Markup Language - linguagem de marcação para criar hiperdocumentos). Bellei (2002) menciona que as leituras diferenciadas realizadas no ambiente de bases de dados requer conhecer novas estruturas de linguagens e seus relacionamentos. Significa um novo tipo de leitura: a leitura de hipermídias. Quanto ao acervo digital on-line diversificado compreende desde o acesso e uso de enciclopédias, dicionários, diretórios, guias, handbooks, bases de dados referenciais e preferencialmente com texto na íntegra, ou até mesmo ao acesso em catálogos de bibliotecas e centros de documentação virtuais e a distância. Compete aos bibliotecários saber identificar quais são as fontes mais relevantes, implica na adoção de critérios de seleção dos conteúdos, como a credibilidade, a ética, a disponibilidade, a integridade e a autenticidade entre outros itens. Quanto aos custos e aos fatores operacionais, como os licenciamentos de usos, observar questões dos direitos autorais e analisar e propor clausula dos contratos com parcerias. No processo de intercalar recursos digitalizados e disponibilizar aos usuários presenciais ou remotos das bibliotecas envolve uma série de requisitos técnicos de importação, transmissão, organização, indexação, armazenamento, proteção e segurança, localização, recuperação, 3 © Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v . 1, n. 2, p. 1-17 , jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X. ARTIGO visualização, impressão e preservação documental em um sistema de documentos para criação e manutenção de bibliotecas digitais. Entre as preocupações que assolam os administradores de bibliotecas encontram-se questões de como oferecer serviços qualitativos a baixo custo financeiro aos usuários; também em proporcionar treinamento adequado a quem utiliza os recursos digitais; e como estabelecer políticas de acesso e uso da informação digital. Urge diretrizes nacionais para preservação da memória digital, de acesso a conteúdos de nossa herança histórica-cultural-social para traçar projetos de serviços e produtos aos usuários sejam eles no ambiente presencial como localizados remotamente. A credibilidade do conteúdo digitalizado determina o reconhecimento da qualidade e da seriedade em delinear uma política de seleção na escolha e direcionamentos das bibliotecas. Geralmente o próximo passo está centrado na inserção e orientação de acesso e uso dos conteúdos digitais para evitar a sobrecarga informacional (termo conhecido como information overload) dos usuários. Como apontam Chen e Tai (2003) torna-se cada vez mais fácil aos usuários obterem muito mais informações dos recursos da Internet mas terão que enfrentar os sérios problemas da sobrecarga de informações. Para auxiliar aos usuários começam a surgir recursos mais amigáveis com base na Web na recuperação da informação, principalmente ao facilitar o comportamento dos usuários em bases de dados, mencionado por Xie (2003). Rosetto (1997) salienta a adoção de ferramentas tecnológicas como facilitadores e têm como finalidade a cooperação e o compartilhamento de recursos informacionais, tais como o protocolo Z39.50 que: permite a consolidação,(VICKERY; VICKERY, 1987). A orientação do grupo de usuários é outro aspecto que influencia fortemente a natureza do sistema de informação, segundo estes autores. Por exemplo, os serviços de informação oferecidos aos gerentes de uma organização para apoiar a tomada de decisões é consideravelmente diferente de um serviço oferecido a pesquisadores empenhados em solucionar um problema de cunho científico que, por sua vez, diferem de um serviço prestado aos membros de uma comunidade que buscam resolver problemas cotidianos (VICKERY; VICKERY, 1987). Ainda de acordo com Vickery e Vickery (1987), a forma da informação fornecida representa outra característica distintiva dos sistemas de informação, a qual pode ser identificada: nos próprios documentos, como os fornecidos no Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 339 E-ISSN 1808-5245 empréstimo da biblioteca; nas referências a outros documentos, como os fornecidos por um serviço; nos dados, fatos e informações no sentido mais estrito; e nos diretórios de dados de referência de pessoas e instituições que são fontes de informação em si. Segundo Vickery e Vickery (1987), todas essas características podem ser aplicadas a: pontos de aquisição (meios pelos quais a informação é coletada das fontes); pontos de armazenamento (como é armazenada esta informação coletada) e; pontos de acesso (meios, a partir dos quais a informação é fornecida aos usuários). Fuentes Romero (2007) destaca elementos presentes em qualquer sistema de informação, como os que seguem: a) todo sistema possui componentes interativos, ou seja, os vários elementos de um sistema de informação interagem um com o outro em todos os momentos; b) todo sistema possui componentes humanos, uma vez que sempre estão presentes no sistema pessoas que o colocam em movimento; e c) todo sistema funciona baseado em propostas ou propósitos pré- estabelecidos, ou seja, a distinção que se faz entre qualquer informação que chegue a uma pessoa a partir de um sistema de informação, ou circunstancialmente, é que, no sistema, a informação surge como algo anteriormente elaborado de acordo com um propósito pré-estabelecido. Este autor também afirma que os elementos que interagem no sistema de informação não são estáticos, mas estão constantemente sujeitos a mudanças, uma vez que uma das principais características de qualquer sistema é o seu dinamismo (FUENTES ROMERO, 2007). De acordo com Ponjuán Dante (2007), na perspectiva sistêmica, como dito, as unidades de informação são tidas como um conjunto de elementos que se relacionam e interagem entre si com seu ambiente externo, associados para um único objetivo. Logo, isto implica conceber o funcionamento holístico, dinâmico e adaptativo das unidades de informação, partindo do pressuposto de que são as inter-relações que determinam a natureza do sistema. O sistema pode ser impactado por variações quando se produzem uma mudança em relação a um dos Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 340 E-ISSN 1808-5245 seus elementos ou aparecem novas circunstâncias no contexto em que atuam, levando à necessidade de controle e retroalimentação contínua. Os sistemas são regidos pelo princípio da relatividade, isto é, todo sistema é um subsistema de outro maior, onde se insere, e todo subsistema é um sistema, ao qual estão subordinados outros subsistemas (PONJUÁN DANTE, 2007). Assim, a unidade de informação como sistema é um complexo de estruturas especializadas, subfunções ou subsistemas (de usuários, de aquisições de coleções, de edifícios e instalações, de tecnologia, de recursos humanos, financeiros e contábeis, etc.) inter-relacionados, em um ambiente global, diversificado e dinâmico que conduz à mudança contínua (PARAMÉS MONTENEGRO, 1988). 5 As perspectivas interna e externa das unidades de informação Fuentes Romero (2007) fala da perspectiva interna das unidades de informação, referindo-se ao que a unidade é intrinsecamente, suas características e componentes, e da perspectiva externa, que se refere à relação da unidade com o seu exterior. As unidades de informação estão sujeitas, inevitavelmente, a uma série de fenômenos e mudanças que as afetam de maneira contínua e constante. Tais mudanças afetam as unidades de informação como um todo, no que tange a: missão, objetivos e metas, pessoal, materiais e instalações, orçamentos e serviços. No aspecto externo, Fuentes Romero (2007) trata da gratuidade dos serviços de uma unidade de informação de caráter público, uma vez que são onerosos aos cofres do Estado, quando não usados maciçamente. Afirma que é necessário explicar, motivar e convencer de que estes serviços são necessários à sociedade de maneira gratuita. A defesa da gratuidade deve ser pela utilidade das unidades de informação como recurso público, considerando o valor econômico indireto que representam na formação dos cidadãos. De acordo com Fuentes Romero (2007), as unidades de informação encontram-se inseridas na sociedade da informação e do conhecimento, que são tidos como recursos estratégicos. No entanto, o autor faz a seguinte ressalva: sob este ponto de vista, há um grande risco de a informação ser vista somente como Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 341 E-ISSN 1808-5245 um fator econômico, sem levar em conta os seus aspectos éticos e sociais. Partindo deste enfoque, o autor defende a sociedade da informação inclusiva, aberta para todos, de modo que seus benefícios sejam acessíveis também aos países menos desenvolvidos sob uma ótica de pluralismo e de participação. Neste contexto, têm se destacado o acesso livre à informação e o reconhecimento da necessidade de capacitação quanto ao uso da informação (FUENTES ROMERO, 2007). Desta forma, conforme o Manifesto de Alexandria sobre Bibliotecas: a sociedade da informação em ação, da International Federation of Library Associations and Institutions – IFLA (2005), as bibliotecas e serviços de informação contribuem para a implementação adequada de uma sociedade da informação inclusiva, uma vez que possibilitam a liberdade intelectual ao permitir o acesso a informações, ideias e obras de imaginação em qualquer formato e suporte, ajudando a preservar os valores democráticos e os direitos civis universais com imparcialidade e se opondo a qualquer forma de censura. A função inclusiva das bibliotecas e serviços de informação consiste em responder a questões particulares e às necessidades dos indivíduos. Tal função complementa a transmissão geral do conhecimento, fazendo com que as bibliotecas e serviços de informação se tornem vitais para uma sociedade da informação aberta e democrática, uma vez que são essenciais para uma cidadania bem informada e um governo transparente. Quanto às novas necessidades sociais, diante das mudanças ocorridas no mundo, o exercício à cidadania passou a requerer cada vez mais o uso de informação, aumentando significativamente sua demanda quantitativa e qualitativa (FUENTES ROMERO, 2007). Já no que tange às mudanças de natureza interna, originadas de fenômenos ocorridos no interior das próprias unidades, tais fenômenos se referem às novas necessidades que surgem paraem redes eletrônicas, de interfaces de busca mais flexíveis, a criação de uma infra-estrutura de informação mais eficiente na identificação e localização de materiais em âmbito mundial e na consolidação das funções que as bibliotecas deverão desempenhar diante das novas propostas em andamento: a construção de bibliotecas eletrônicas, virtuais, digitais, entre outras possibilidades (ROSETTO, 1997). 4 © Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v . 1, n. 2, p. 1-17 , jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X. ARTIGO Bibliotecários e outros profissionais preocupam-se em facilitar as condições de acesso e uso aos catálogos na Internet (ZANAGA, 2000). Cabe tomar providências técnicas e operacionais quanto à infra-estrutura, segurança, compatibilidade e interoperabilidade dos dados e éticas – quanto ao acesso e uso leal dos recursos. Experiências brasileiras na digitalização de acervos acadêmicos como teses e dissertações a Universidade de São Paulo USP (http://www.teses.usp.br/), a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (http://teses.eps.ufsc.br/) proporcionam acesso direto ao banco de dados da produção acadêmica voltado a teses e dissertações. O uso destes recursos informacionais por bibliotecários para as comunidades a quais oferecem seus serviços implica em conhecer os diversos recursos, as fontes disponíveis, identificar as características dos formatos, entender os requisitos técnicos de software (ambiente de interação) e também do hardware. Alem disto, é preciso saber como interagir nesse ambiente, utilizar maneiras diversificadas das buscas e apresentar os resultados. Cabe ao bibliotecário saber usar e orientar! Alteram-se maneiras de como são incorporadas essas ferramentas no cotidiano do trabalho. Portanto, todo cuidado será necessário e os bibliotecários devem participar oferecendo instruções de uso e principalmente orientação na disseminação da informação organizada em rede (MOSTAFA, 2003). Novas tendências surgem nessa inovação constante de tecnologias da informação e comunicação também novos personagens como o “lautor” – o leitor escritor – enfocado por Bellei (2002). O leitor passa a ser o escritor. E nesse fluxo da informação, principalmente facilitado pelo uso das novas tecnologias o leitor é escritor e leitor de si próprio. O ler – refletir - escrever - publicar e disseminar na própria rede gera novas relações. E até mesmo o bibliotecário perpassa por ler seu próprio leitor. Preocupações não só com as alterações do ambiente influenciado fortemente pelas tecnologias da informação e comunicação, mas o próprio fazer – pensar – saber são processados de maneira diferenciada. Seu papel de preservador e organizador de acervos passa a ser orientador para 5 © Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v . 1, n. 2, p. 1-17 , jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X. http://www.teses.usp.br/ http://teses.eps.ufsc.br/ ARTIGO leitores e autores. Os diferentes processos intercalados na biblioteca são alterados e necessitam de estabelecer novas funções, competências, habilidades e atitudes em seu fazer – pensar – saber. Por meio da gestão da informação em redes de computadores o acesso e uso dos serviços e dos produtos são ampliados aos usuários. Quanto aos aspectos administrativos é necessário projetar em como assimilar o avanço tecnológico e adaptar a cultura organizacional. Este estudo visa analisar os conceitos e as características da gestão de processos e aplicar na administração de bibliotecas ao considerar na implementação da melhoria continua a possibilidade da inovação por meio do uso intensificado das novas tecnologias da informação e comunicação. 2 GESTÃO POR PROCESSOS A gestão por processos em bibliotecas é um instrumento na melhoria contínua na qualidade de processos, serviços e produtos. Considera-se processo uma seqüência de tarefas e atividades utilizadas na entrada (input), que agrega determinado valor e gera uma saída (output) para um cliente específico interno ou externo, utilizando os recursos da organização para gerar resultados concretos. Todos os processos necessitam da retro-alimentação (feedback) que viabiliza mudanças significativas na condução dos processos. Em bibliotecas existem diversos processos e subprocessos, como o setor de seleção e o de aquisição, os processos de tratamento técnico e o de atendimento ao usuário, por influenciarem diretamente a qualidade dos serviços prestados. Os processos não criam apenas as eficiências do presente, mas também garantem o futuro por meio de habilidades, isto é, a forma de fazer e que se aplicam aos novos produtos e serviços. 6 © Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v . 1, n. 2, p. 1-17 , jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X. ARTIGO Figura 1: Hierarquia do processo: processo, subprocesso, atividades e tarefas Ao analisar a figura 1, cada um destes subprocessos pode ser realizado utilizando conexão remota entre computadores (intranet) ou mesmo entre a Internet. No caso da seleção é possível utilizar formulários interativos ao usuário para indicar a sugestão de referências (fontes de informação e recursos a serem adquiridos), realizar a cotação pelos catálogos dos fornecedores (as livrarias, empresas de softwares e hardware entre outros) e confirmando as faturas via e-mail. Todo processo pode ganhar uma dinâmica e os ciclos tradicionais muitas vezes são adaptados e alguns até mesmo eliminados. Para tudo isso é fundamental conhecer quais as tecnologias disponíveis e também um treinamento conveniente aos envolvidos no processo. O processo ganha uma visão hierárquica, apesar da rede nos fornecer uma visão de conjunto, de uma teia, em qual cada nódulo tem sua importância. A estrutura hierárquica é fundamental para a identificação dos processos essenciais e para a análise sistêmica das organizações. De acordo com essa idéia os processos podem ser agregados em macroprocessos e subdivididos em subprocessos ou grupos de atividades, e o nível de agregação mais adequado depende do tipo de análise e o que se pretende fazer. 7 © Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v . 1, n. 2, p. 1-17 , jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X. ARTIGO Hierarquia do processo é a forma de classificar os processos de acordo com o seu grau de abrangência na organização. Sintetiza-se desta maneira: a) Macroprocesso: é um processo que geralmente envolve mais de uma função da organização, cuja operação tem impactos significativos nas demais funções. Dependendo da complexidade, o processo é dividido em subprocessos. b) Subprocessos: divisões do macroprocesso com objetivos específicos, organizadas seguindo linhas funcionais. Os subprocessos recebem entradas e geram suas saídas em um único departamento. c) Atividades: os subprocessos podem ser divididos nas diversas atividades que os compõem, e em um nível mais detalhado de tarefas. 2.1 Gestão de processos – definição Gonçalves (2000, p. 14) ressalta que o “processo é um conceito fundamental no projeto dos meios pelos quais uma empresa pretende produzir e entregar seus produtos e serviços aos seus clientes. Além disso, muitos dos processos nas empresas são repetitivos e envolve, no seu conjunto, a maioria das pessoas da organização”. O processo, sob perspectiva administrativa detêm-se no determinado fluxo de trabalho com entradas e saídas definidas e respectivas tarefas realizadas em seqüência e concatenadas entre si pelas pessoas. Necessita ser avaliado constantemente e gera a retro-alimentação (feedback), esta é fundamental no desempenho de melhorias e na inovação (criatividade) para satisfazer os clientes / usuários/ leitores. Essas entradas podem ser bens tangíveis, por exemplo, materiais, equipamentos entre outros,os profissionais de informação e aos novos modelos de gestão. A preparação dos profissionais que atuam em unidades de informação deve ser suficiente para enfrentar os novos desafios (FUENTES ROMERO, 2007). Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 342 E-ISSN 1808-5245 Novos modos de gestão também são requeridos às unidades de informação, frente ao novo quadro social, às tecnologias e ao mercado de informação. Deve-se considerar novas formas e métodos de atuação, tanto no que se refere a sua organização, quanto aos processos de trabalho que devem realizar, uma vez que a organização tradicional, hierárquica, piramidal (em grande parte, taylorista), com excesso de ordens e, paralelamente, com comunicação interna deficiente, está condenada ao desaparecimento. Em contraposição a isto, surge cada vez mais, em algumas unidades de informação, a tendência de uma organização de caráter horizontal, em que os diferentes métodos e técnicas que caracterizam uma gestão eficiente são praticados, implicando, a existência e implementação da delegação de poderes (FUENTES ROMERO, 2007). Fuentes Romero (2007) afirma que, frente aos inúmeros e grandes elementos de mudança, tanto externos quando internos, as unidades de informação podem atuar em duas direções diferentes e opostas. Por um lado, em uma situação geral de mudanças, as unidades de informação podem atuar de forma pontual, imediata e intuitiva, com ações de curto prazo. Estas ações de curto prazo surgem no dia a dia, à medida em que os problemas acontecem, apresentando-se, na maioria das vezes, com margem de erro bastante ampla, uma vez que as ações são executadas sem maiores projeções futuras. Por outro lado, em uma abordagem radicalmente diferente, as unidades de informação, ao enfrentarem as mudanças, podem considerar um bloco estruturado de ações de curto, médio e longo prazos. Desta forma, e com metodologia apropriada, as unidades devem estabelecer os objetivos que desejam alcançar e os meios de alcançá-los, tendo também a flexibilidade adequada para se adaptar às mudanças que, inexoravelmente inevitáveis, lhes serão apresentadas. Para consecução destes objetivos, e como método geral de desempenho, existe apenas uma ferramenta disponível, segundo o autor: o planejamento. Assim, o autor trata da relevância do conceito que o termo unidades de informação imprime como modo de subsidiar a gestão científica de todas elas, visando alcançar seu objetivo de uso qualificado da informação por um público- alvo. 6 Considerações finais Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 343 E-ISSN 1808-5245 Os elementos componentes de um sistema e as relações estabelecidas entre eles definem a sua função. Assim, a ideia de sistema contribui para a identificação dos objetivos a alcançar na concepção, implementação e gestão dos sistemas e serviços de informação, por meio de métodos de planejamento pertinentes às especificidades do campo. O termo unidades de informação é usado para contemplar tanto os sistemas e serviços bibliográficos voltados a públicos-alvo dos mais diversos contextos, quanto as unidades criadas para a gestão da informação produzida na organização. Há, também, usos que oscilam entre estes dois modelos de unidades. Identificamos, ainda, propostas de uso do termo para sistemas do tipo arquivístico e museológico, as quais são menos adotados no Brasil. Como pano de fundo deste cenário, a biblioteca joga papel primordial por sua incontestável relevância, frente à situação paradoxal em que foi colocada, ora de ambiente exclusivo, ora de ambiente menor da prática bibliotecária. No conjunto destas abordagens, podemos considerar que há muito a discutir sobre o lugar teórico que cada tipo de unidade ocupa e sobre a função social para a qual são concebidas. Deste modo, embora o artigo não seja conclusivo, ele permite inferir sobre a necessidade de estudos que explorem sistematicamente a diversidade de ambientes de informação, considerando os conceitos e as características funcionais que os agregam e aqueles que os particularizam, conjuntamente à análise de termos apropriados a todos eles e a cada grupo. Um termo genérico para a diversidade dos ambientes de informação, no sentido amplo de sistemas e serviços bibliográficos, é caminho necessário à consolidação do campo. No entanto, um termo se explica e se justifica pelo conjunto de características que apresenta, respondendo por um certo lugar teórico e social. A consolidação científica exige estabilização de termos e conceitos, o que inclui consenso sobre eles, como também clareza sobre seus dissensos. Referências Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 344 E-ISSN 1808-5245 ALLEN, Bryce L. Information tasks: toward a user-centered approach to information systems. San Diego: Academic Press, 1996. BARBALHO, Célia R. S.; BERAQUET, Vera S. M. Planejamento estratégico para unidades de informação. São Paulo: Polis/APB, 1995. BARRETO, Auta et al. Gestão de unidades de informação: manual. Curitiba: TECPAR/IBICT, 1997. 257 p BELLUZZO, R. C. B. Unidades de informação sob a ótica da gestão: protocolos de certificação para o acesso universal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E. DOCUMENTAÇÃO. 21. Anais[ ...] Brasília.2007. CALDEIRA, Paulo da T. Museus. In: CAMPELLO. Bernadete S.; CALDEIRA, Paulo da T.; MACEDO, Vera A. A. (orgs.). 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Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 346 E-ISSN 1808-5245 VERGUEIRO, Waldomiro de C. S.; MIRANDA, Angélica C. D. Introdução. In: VERGUEIRO, Waldomiro de C. S.; MIRANDA, Angélica C. D. Administração de unidades de informação. Rio Grande: FURG, 2007. p.7-9. VICKERY, Brian C.; VICKERY, Alina. Information Science in theory and practice.London: Butterworths, 1987. Information units: terms and characteristics for a diversity of information environments Abstract: Faced with the dichotomy around the library - now one of overcoming, now of valorization -, the term information units is adopted as to way to encompass the diverse information environments that are in line with the librarian practice. However, the modes of use of the term are distinct, do not respond largely to the reality of the labor market and are little problematized in the literature. Thus, the objective of the work is to explore the term information units, regarding the motivations and implications of its uses, especially in Brazil, and its possibilities of characterization. The methodology was based on a non-exhaustive survey of the literature regarding the issues placed in the subject, which was treated in four parts: the diversity of terms and concepts around the idea of information units; the types of information units that were the basis for the construction of the term, such as libraries, documentation centers and information centers, and some more recently created types; the characterization of information units as a system; and its mode of operation with regard to the internal and external conditions of the units. At the end, we consider the identification of the various ways of using the term information unit, not always linked to the field, and the need for term stability for the consolidation of a field. Keywords: Information units. Libraries. Information systems. Information environments. Recebido: 15/07/2018 Aceito: 13/11/2018 Unidades de informação: termos e características para uma diversidade de ambientes de informação Solange Madalena Souza Macedo e Cristina Dotta Ortega Em Questão, Porto Alegre, v. 25, n. 2, p. 326-347, maio/ago. 2019 doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245252.326-347 | 347 E-ISSN 1808-5245 1 PALOM IZQUIERDO, F. J.; TORT RAVENTÓS, L. Management en organizaciones al servicio del progreso humano. Madrid: Espasa Calpe: Ciencias de la Dirección, 1991. Apud Díez Carrera (2002). 2 MORALES MOREJÓN, Melvin et al. Un enfoque económico para la categorización de unidades de información. Info´99. 1999. .Apud Santos Jimenez (2002). Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 a 58, jul. / dez. 2011 PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco* Resumo O conteúdo deste artigo, expresso no seu título, resulta da soma de estudos teóricos e da prática profissional e docente. Ele visa reunir os elementos considerados essenciais no planejamento da organização de serviços bibliotecários e na sua gestão, de modo que eles sejam implementados segundo as características da biblioteca que os oferece, focando o público usuário, segundo suas peculiaridades. Para tanto, adota-se um modelo de tipologia de bibliotecas, construída a partir de três variáveis interdependentes – função, acervo e público – comentando-se sumariamente os cinco tipos de biblioteca propostos. A seguir, enfoca-se a missão como elemento norteador da ação do gestor, tendo em mente as funções administrativas, planejamento, direção, organização e controle, funções estas voltadas para a organização e a implementação dos serviços bibliotecários. Considera-se uma estrutura organizacional baseada em estudo de Antonio Miranda, que integra os serviços de biblioteca em três grandes blocos ou áreas – serviços administrativos, técnicos e sociais. Apresenta-se um quadro de serviços técnicos por tipo de biblioteca; comentam-se os serviços ao usuário, tradicionais e mediados por computador. Conclui-se com as funções organização e controle, destacando nesta a importância da avaliação numa gestão de qualidade e sua condição de insumo para o (re) planejamento, dando destaque às dimensões objetiva e subjetiva do processo avaliativo, sendo para esta última indicada a ferramenta LibQUAL+. Palavras- chave: Planejamento bibliotecário. Serviços bibliotecários. Gestão de qualidade. Introdução A organização de serviços e a adoção de boas práticas para seu desenvolvimento em unidades de informação – aqui entendidas como bibliotecas – supõem o entendimento de elementos teóricos a serem internalizados pelos bibliotecários e pelo pessoal de biblioteca, em geral, tendo em vista fundamentar a prática. Para tanto, será apresentado um passo a passo, ao modo de orientação para o planejamento, gestão e organização de serviços bibliotecários, baseado na Teoria Geral da Administração e em teorias e técnicas biblioteconômicas. * Professora Adjunta do Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Doutora em Documentação pela Universidad Carlos III de Madrid. E-mail: nlubisco@ufba.br. mailto:nlubisco@ufba.br� PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul. / dez. 2011 Pág. 40 Das bibliotecas O primeiro passo é ter claro o tipo de biblioteca que está sendo ou será administrada e, assim, suas finalidades. Este é o requisito de partida. Para subsidiar esse entendimento, apresenta-se um quadro-síntese, que vem sendo usado desde 1993, como materialdidático, e que oferece uma visão panorâmica dos cinco tipos de bibliotecas existentes e suas principais características, visando a evitar equívocos comuns, principalmente entre os estudantes, de classificar as bibliotecas pelas suas entidades mantenedoras (por exemplo, particular) ou pelos recursos tecnológicos por meio dos quais elas se apresentam ou de que dispõem (por exemplo, biblioteca virtual e digital). Trata-se de uma proposta de tipologia de biblioteca, onde as unidades de informação são classificadas a partir da combinação de 3 variáveis interdependentes, determinantes, e do acréscimo de uma quarta, de caráter indeterminante, portanto, não definidora. As variáveis interdependentes a serem relacionadas de forma combinada são: Função ou Finalidade, Público e Acervo. A variável indeterminante refere-se à Entidade Mantenedora. Confira no Quadro 1, a seguir: PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul. / dez. 2011 Pág. 41 PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul. / dez. 2011 Pág. 42 Esta proposta de classificação das bibliotecas, concebida principalmente com fins didáticos, nasceu de uma lacuna existente na literatura, apesar de constituir um conhecimento elementar e fundamental para a formação dos futuros bibliotecários. Ante a visão sintética que o quadro oferece, fazem-se necessários alguns comentários, conforme se vê a seguir. A grande maioria das bibliotecas nacionais nasce das coleções privadas de monarcas, sendo a primeira a Biblioteca Real da França, 1795, quando “[...] foi declarada propriedade nacional e estabelecido o depósito de exemplares impressos na França.” (ANDRADE, 2009, P. 27) No caso da Biblioteca Nacional brasileira, originada da Real Coleção portuguesa, chegou ao país dois anos após a chegada da família real, portanto, em 1810, tendo sido aberta ao público em 1814. Teve sua estrutura organizacional alterada em 1990, quando da criação da Fundação Biblioteca Nacional (dentro do Ministério da Cultura) e segundo seu estatuto (Decreto 5038, de 7 de abril de 2004) “é o órgão responsável pela execução da política governamental de recolhimento, guarda e preservação da produção intelectual do país.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 52) Já a biblioteca pública tem suas funções consensualmente aceitas a partir do Manifesto UNESCO, datado de 1972 (FEDERAÇÃO..., 1976, p. 1-4), reiterado pela Declaração de Caracas (1982) e pelo Manifesto IFLA/UNESCO de 1994, que repousam sobre quatro pilares: cultura, educação, lazer e informação. A adjetivação “pública” que a caracteriza, muitas vezes objeto de mal entendidos, refere-se não à sua entidade mantenedora, mas ao seu público, que é a comunidade em geral. Esta assertiva não contradiz a concepção da UNESCO (FEDERAÇÃO..., 1976, p. 2) quanto à sua institucionalização – “Sua manutenção deve ser assegurada totalmente pelos cofres públicos [...]” – mas de certa forma a amplia, na medida em que, não tendo o Estado como entidade mantenedora e sim uma ONG ou uma dada comunidade, ela não se descaracteriza nem perde suas finalidades; isto porque são as variáveis interdependentes - função, público e acervo - as que definem sua tipologia. Ademais, diz-se que amplia a concepção da UNESCO porque, dentro desse critério, podem ser classificadas como bibliotecas públicas também as comunitárias ou populares e as bibliotecas infantis, há concepções divergentes a esta que aqui se apresenta, como é o caso da classificação dada por Edson Nery da Fonseca (2007, p. 51), na qual ela é tida como uma categoria de biblioteca (além das cinco citadas), e a de Antonio Agenor Briquet de Lemos (1998, p. 354), em que ela se inclui na categoria biblioteca especial, em decorrência da faixa etária do seu público (“grupos especiais de usuários”). A literatura nacional sobre o tema já apresenta um volume significativo de trabalhos, elaborados em diferentes décadas, o que PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 43 sugere biblioteca pública não se tratar de um tema emergente neste ou naquele momento e sim uma preocupação constante dos bibliotecários brasileiros. Quanto à biblioteca escolar, idealmente considerada um laboratório de aprendizagem (DECLARAÇÃO de Lima, 1983), no Brasil não se pode dizer, de modo geral, que já desfrutou deste status, apesar de a literatura exibir estudos teóricos e práticos a respeito, muitos dos quais associados à questão da leitura. Exemplo desta produção é a oriunda do Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar, da Escola de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), liderado por Bernadete Campello. No entanto, nas palavras de Briquet de Lemos, “Se as bibliotecas públicas são as instituições mais pobres do universo bibliotecário, as bibliotecas escolares podem ser consideradas paupérrimas.” (LEMOS, 1998, p. 355) Sensível ao desprestígio desse tipo de unidade de informação no cenário nacional, o Sistema Conselho Federal de Biblioteconomia (SCFB) lança em 2008 o Projeto mobilizador biblioteca escolar: construção de uma rede de informação para o serviço público, cuja repercussão redunda em três iniciativas relevantes para o setor: em 2009, o Manifesto em defesa da biblioteca escolar, pelo SCFB; em 2010, o documento Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares, iniciativa conjunta da UFMG e SCFB; e a promulgação da lei federal n. 12.244, de 24 de maio do mesmo ano, por meio da qual ficam as instituições de ensino, públicas e privadas, obrigadas a contar com uma biblioteca devidamente aparelhada e com profissional bibliotecário, dentro de dez anos. No que diz respeito à biblioteca universitária, objeto de atenção, estudo e intervenção há cerca de 50 anos por sua função estratégica no desenvolvimento do país ao apoiar os programas de ensino, pesquisa, extensão e inovação, sempre esteve presente no cenário nacional, seja por sua contribuição, seja pelas fragilidades pelas quais passou em diferentes momentos da política brasileira. O advento da internet e sua repercussão nas universidades impactaram fortemente o setor que, atualmente, apesar de ainda ressentir-se da ausência de uma entidade governamental de articulação, como foi o PNBU nos anos de 1980, lidera as pesquisas e os avanços técnicos e tecnológicos acerca da organização, preservação e disseminação de conteúdos. A gama de recursos disponíveis via web ampliou exponencialmente as possibilidades de acesso à informação especializada, inclusive expandiu o ensino ou educação a distância “[...] mediado por computador [...] em que se descortinam oportunidades de alcançar metas educacionais nunca antes possíveis para indivíduos [...].” (MUELLER, 2000) Estes fatores vieram a ampliar as possibilidades de qualificação dos serviços bibliotecários porquanto possibilitam uma organização universalizada das fontes de PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 44 informação que dão suporte ao ensino e à pesquisa, uma recuperação mais ágil de conteúdos e uma maior visibilidade da produção de conhecimentos. É este tipo de unidade de informação que mais utiliza periódicos especializados e que ostenta as melhores coleções de referência (LEMOS, 1998), sejam impressas ou eletrônicas. A biblioteca especializada, por seu turno, não raro é designada centro de documentação em decorrência das características de sua coleção: material bibliográfico especializado,com grande peso para os periódicos e documentos produzidos pela organização, sendo que estes últimos conferem-lhe uma função e requerem um tratamento típico de arquivo. No que se refere ao seu aparelhamento, acompanha técnica e tecnologicamente a biblioteca universitária, muitas vezes superando-a, embora esta, muito mais numerosa, lidere os estudos constantes da literatura. Seu público é constituído de especialistas e normalmente oferece bons serviços. Da gestão De posse desse conhecimento preliminar, a missão da biblioteca é outro elemento que deve nortear a ação do gestor, na medida em que sua formulação deve transcender as questões de ordem prática em face do caráter permanente que a caracteriza; ela deve explicitar as crenças da organização que implicam sua visão de futuro (ideal); deve revelar o que ela é, o que faz e o que a identifica (sua singularidade); deve ter uma linguagem mobilizadora; deve projetar-se no tempo (é atemporal); deve ser do conhecimento de todos que atuam na organização. Resumindo: a missão diz o que somos (a organização) e o que esperam de nós (nossos usuários). Redigida deste modo, ela norteará o planejamento (porquanto possibilita definir objetivos a alcançar), a gestão (administração de um conjunto de recursos e tomada de decisão) e a avaliação da biblioteca (aferição do seu desempenho, segundo suas funções e o cumprimento dos seus objetivos). Entenda-se por planejamento o processo que delineia, prospectivamente, as ações de uma organização, a partir de objetivos estabelecidos segundo suas funções precípuas e sua missão, devidamente alinhadas ao seu momento histórico e político. Neste sentido, isto é, considerando também o ambiente externo da organização, ele é designado planejamento estratégico que, no dizer de Maximiano (2007, p. 154), “[...] é o processo de definir a missão e os objetivos da organização, considerando as ameaças e oportunidades do ambiente [...].” Este é o desafio. PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 45 Assim, inerente ao planejamento, na visão Sueli Silva (2000, p. 1) os [...] objetivos organizacionais, especificamente os objetivos operativos, podem influenciar a percepção de qualidade, pois representam a ação concreta dos grupos de interesse sobre áreas estratégicas como planejamento, administração e recursos humanos, infra-estrutura e serviços. Sobre a necessidade de planejar as ações organizacionais, Palom e Tort (1991, p. 71 apud PACIOS LOZANO, 2005) são categóricos quando afirmam que “sem um plano não há objetivos nem rumo a seguir [...] Não se pode dirigir sem objetivos claros e precisos”. (tradução nossa) Por gestão, seja entendido o processo de administração de todos os recursos necessários ao desempenho da organização (humanos, materiais, financeiros etc.) e das variáveis que nela interferem, bem como a tomada de decisões as quais possibilitarão a harmonia dessas variáveis. Segundo Chiavenato (1999), estas variáveis representam as diferentes abordagens da Teoria da Administração, contemporaneamente consideradas de modo simultâneo: as pessoas, os cérebros da organização que pensam e executam as tarefas; a estrutura organizacional, onde estão representadas as diferentes instâncias que compõem a organização e que representam suas funções, as relações hierárquicas e os processos comunicacionais; as tarefas, como sendo as ações internas que compõem os serviços; a tecnologia, sendo os conhecimentos necessários para a operacionalização das tarefas; e o ambiente, como sendo o espaço de convivência de todos esses elementos que, sinergicamente, determinarão a cultura da organização. Em 2003, Chiavenato acresce mais uma variável ao elenco anterior: a competitividade. No caso das bibliotecas, a competitividade - termo característico da economia de mercado -, reforçada pela internacionalização da economia, pode muito bem ser entendida, não pelo viés da concorrência, mas pelo da busca da melhoria e da otimização na oferta de serviços e produtos bibliotecários. O diagrama a seguir ilustra a relação sistêmica existente entre as variáveis básicas que compõem as organizações, onde cada parte se relaciona de forma interdependente com outra. A literatura biblioteconômica é pródiga em trabalhos sobre gestão de unidades de informação, onde são encontrados diversos métodos e técnicas de gestão para conhecimento, seleção e aplicação por parte dos seus gestores, segundo as peculiaridades, necessidades e demandas da sua organização. Por fugirem ao escopo deste trabalho, não foram aqui incluídas. PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 46 Figura 1 – As seis variáveis básicas da Teoria Geral da Administração Fonte: Baseada em Chiavenato (2003, p. 14) Por avaliação seja entendido o processo medição do desempenho de uma organização e de verificação do cumprimento dos seus objetivos, traçados no planejamento. Trata-se, contemporaneamente, de um conceito sempre associado a outro: qualidade. Isto porque são “[...] dois conceitos que implicam uma gestão orientada ao cliente, onde a chave do êxito consiste em obter sua satisfação.” (MALO DE MOLINA; MARTÍN-MONTALVO, 2005, p. 187, tradução nossa) Pode-se bem assegurar que a avaliação é uma ferramenta indispensável para a gestão de qualidade, tendo-se que seu processo possibilita verificar quão bem são executadas as tarefas, além de revelar a evolução de um serviço ao longo do tempo. (MALO DE MOLINA; MARTÍN-MONTALVO, 2005, p. 187-188) Ambos os conceitos há décadas integram o mundo bibliotecário e, apesar da existência de muitos estudos teóricos a respeito, só recentemente há propostas concretas no Brasil: uma relativa à avaliação da biblioteca universitária, retratada no livro Biblioteca universitária: elementos para seu planejamento, gestão e avaliação (LUBISCO, 2011); outra sobre a Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares, obra já citada, coordenada por Bernadete Campello. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, 2010) Ainda deve ser incluída neste rol de iniciativas a reativação do Comitê de Estatística e Avaliação de Desempenho (CB 14:000. 02) da ABNT, na perspectiva de criar indicadores brasileiros para os serviços bibliotecários, com base nas normas ISO 2789 de 2006 (Estatística internacional de bibliotecas) e 11620 de 2008 (Indicadores de desempenho de biblioteca), e no modelo de avaliação de biblioteca universitária, constante do livro citado. (LUBISCO, 2011) PANORAMA SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS EM UNIDADES DA INFORMAÇÃO Nídia Maria Lienert Lubisco Florianópolis, v. 12, n. 02, p. 39 – 58, jul/dez 2011 Pág. 47 Dos serviços Dentro de uma abordagem sequencialmente lógica, conhecidas as funções e internalizada a missão da biblioteca, segue-se o planejamento do que se quer: no caso, dos serviços bibliotecários. No entanto, ao considerar as quatro funções administrativas (ou processos) – planejamento, direção, organização e controle – vê-se que a primeira, na literatura especializada principalmente em Administração e em Biblioteconomia, é das que tem significativa representação, como ocorre com os temas de gestão. As questões que envolvem a segunda função - direção – também são fartamente abordadas nos compêndios de Administração, a exemplo das obras de Idalberto Chiavenato (2003) e de Antonio Cesar Amaru Maximiano (2007), só para citar dois dos mais conhecidos na literatura nacional; por este motivo não serão aqui enfocados. Assim, o segundo passo a ser dado para a implantação de serviços bibliotecários constitui-se em um conjunto