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AULA 5
Os Pontos De Vista Sincrônico E Diacrônico Nos Estudos Linguísticos
SINCRONIA E DIACRONIA
Como Saussure trabalha com a questão do tempo?	
Ele considera que se devam distinguir os fenômenos linguísticos de duas maneiras:
Sincronia: syn (simultaneidade) + chrónos (tempo).
	Os fatos da língua são estudados nas relações que contraem, uns em relação aos outros. 
Diacronia: dia (movimento através de) + chrónos (tempo).
	Os fatos da língua são estudados considerando a interferência do fator tempo e o estudo da mudança linguística. 
Só para lembrar: mutabilidade e imutabilidade do signo linguístico:
O signo linguístico é imposto e a criatividade do indivíduo é ‘freada’.
	No entanto: “[...] a língua se transforma sem que os indivíduos possam transformá-la.” (p. 89)
	“O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo tempo de mutabilidade e de imutabilidade do signo.” 
SINCRONIA
A sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos falantes, consistindo o seu método em “observar-lhes o testemunho” (CLG, 106). O objeto da sincronia é observar e descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder considerar um ponto no eixo do tempo”. (Martinet, apud Carvalho: 2000, 74)
DIACRONIA
As técnicas da Linguística diacrônica distinguem duas perspectivas, segundo o caráter dos dados com que opera (CLG, 106): 
Método prospectivo - estuda e compara dois ou mais estados da mesma língua, cada um antepassado ou descendente do outro. Método usado principalmente em linguística histórica.
Método retrospectivo (mais conhecido como comparativo) - estuda estados de língua que tenham parentesco entre si tentando-se chegar (até onde seja possível) ao estado do último antepassado comum a todos os estados conhecidos. 
Apesar de haver afirmado que a diacronia leva a tudo, contanto que se saia dela (numa critica mordaz aos neogramáticos), Saussure (p. 106) reconhece o seu valor, mas apenas como um meio, não um fim: ‘‘A diacronia não tem um fim em si mesma”. E explicita o mestre (p. 115):
	“Mas todas as inovações (...) coletivida​de as acolhe.”
A Linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações que unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem formar sistema entre si.
Por que optar pelo método sincrônico? 
1. O falante nativo não tem consciência da sucessão dos fatos da língua no tempo: ele pode utilizar a língua sem saber nada de sua história. O indivíduo que usa a língua como veículo de comunicação e interação social não percebe essa sucessão de fatos.
	O falante só percebe a língua que ele utiliza, ou seja, o estado sincrônico de língua porque a língua possui uma lógica interna.
	Exemplo. A palavra ‘romaria’.
2. Língua como sistema de valores: o linguista só pode realizar a abordagem desse sistema, estudando, analisando e avaliando suas relações internas (sintagmáticas e paradigmáticas), isto é, estudando sua estrutura, sincronicamente.
	Como a língua é um sistema de valores, seu estudo deveria partir da estrutura como se apresenta num estado momentâneo, a qual é a única perceptível pelos falantes, visto que os mesmos não percebem a sucessão de fatos linguísticos no tempo, que constituem a diacronia. 
FERDINAND DE SAUSSURE: A NOÇÃO DE VALOR
Para Saussure, a língua é uma rede de pares opositivos: “na língua só existem diferenças”.
O valor dos elementos da língua é um valor semântico, traz significado.
Exemplos.
Lá e lã (se é vogal oral, não é vogal nasal);
Carro x carros (se é singular, não é plural);
Cata x gata (se é o fonema surdo, não é o sonoro);
Carro x camisa (um substantivo ou outro).
O JOGO DE XADREZ E A SINCRONIA
Cada posição de jogo corresponde a um estado de língua. 
O valor de cada peça depende da posição que ela ocupa no tabuleiro. Igualmente na língua, cada elemento tem seu valor determinado pela oposição e pelo contraste com os outros elementos. E esse valor é momentâneo, pois ele pode variar de um estado ao outro da língua.
Assim como no jogo de xadrez o deslocamento de uma peça não ocasiona mudança geral no sistema, as mudanças na língua aplicam-se a certos elementos, embora não se saiba quais efeitos serão causados sobre o restante do sistema. No entanto, o próprio Saussure enxerga uma falha na comparação.
Falha na comparação: o jogador tem o poder de deslocar peças conscientemente e, dessa forma, agir intencionalmente sobre o sistema (Jogo de xadrez), o falante nada premedita, não lhe é dado logicar, pois na língua ‘‘é espontânea e fortuitamente que suas peças se deslocam, ou melhor, se modificam” 
SINCRONIA E ARBITRARIEDADE DO SIGNO
Porque a relação entre o significante e o significado é arbitrária pode ser afetada pelo tempo. Se essa relação fosse natural e lógica, o signo linguístico teria condições de resistir à ação transformadora do tempo, mantendo-se imutáveis os seus dois constituintes. 
“Uma língua é radicalmente incapaz de se defender dos fatores que se deslocam, de minuto a minuto, a relação entre o significante e o significado. (CLG, p.90)
Portanto, é exatamente por ser uma entidade eminentemente histórica que a língua exige, prioritariamente, uma análise a-histórica, isto é, sincrônica. 
O ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO
Ainda que Saussure não tenha usado a palavra ‘estruturalismo’, deixou um importante estudo sobre o sistema da língua e sobre sua estrutura. A partir do conceito de sistema, Saussure propõe o estudo da língua em suas relações internas, observando-se a organização das unidades que compõem esse sistema e dos princípios e regulamentos que o regem.
A obra de Saussure influenciou linguistas como Leonard Bloomfield, nos Estados Unidos, Louis Hjelmslev, na Escandinávia, e Antoine Meillet e Émile Benveniste que, na França, continuaram o trabalho de Saussure.

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