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Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? (...) Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito... (...) Hoje em meu sangue a América se nutre – Condor que transformara-se em abutre, Ave da escravidão (...) Basta, Senhor! De teu potente braço Role através dos astros e do espaço Perdão p´ra os crimes meus! ... Há dois mil anos... eu soluço um grito... (...) a) O poeta procura convencer a Igreja católica e os cristãos brasileiros dos malefícios econômicos da escravidão. b) Castro Alves defendeu os postulados da filosofia positivista e da literatura realista, justificando a escravidão. c) O continente americano figura no poema como a pátria da liberdade e da felicidade do povo africano. d) Abolicionista, Castro Alves leu em praça pública do Rio de Janeiro o poema Vozes d´ África para comemorar a Lei Áurea. e) Castro Alves incorpora no poema o mito bíblico da danação do povo africano, cumprido através de milênios pela maldição da escravidão. 58 - (UNIFESP SP) Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí para cá, tenho–lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. (Machado de Assis. “Bons dias!”, in Obra completa, vol. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.) O fragmento é de uma crônica de 19 de maio de 1888, que conta o caso, fictício, de um escravista que se converteu à causa abolicionista poucos dias antes da Lei Áurea e agora se gabava de ter alforriado Pancrácio, seu escravo. O ex-proprietário explica que Pancrácio, além de continuar a apanhar, recebe um salário pequeno. Podemos interpretar tal crônica machadiana como uma representação da a) ampla difusão dos ideais abolicionistas no Segundo Império, que apenas formalizou, com a Lei Áurea, o fim do trabalho escravo no Brasil. b) aceitação rápida e fácil pelos proprietários de escravos das novas relações de trabalho e da necessidade de erradicar qualquer preconceito racial e social. c) mudança abrupta provocada pela abolição da escravidão, que trouxe sérios prejuízos para os antigos proprietários e para a produção agrícola. d) falta de consciência dos escravos para a necessidade de lutar por direitos sociais e pela recuperação de sua identidade africana. e) persistência da mentalidade escravista, que reproduzia as relações entre senhor e escravo, mesmo após a proclamação da Lei Áurea. 59 - (UNIOESTE PR) Sobre a vida dos escravos urbanos no Rio de Janeiro durante o século XIX, assinale a alternativa INCORRETA. a) Escravos de ganho eram alugados para trabalhar em diferentes funções e ofícios, devendo entregar aos seus donos uma quantia estipulada. b) Funções como barqueiros, pescadores, barbeiros, vendedores, entre outras, também eram exercidas por escravos. c) Não havendo qualquer controle das autoridades sobre as funções dos escravos de ganho, eles praticamente viviam em liberdade no espaço urbano da capital do império. d) O pintor Jean Baptiste Debret retratou aspectos do cotidiano dos escravos, dando ênfase aos muitos ofícios exercidos por eles. e) Mulheres escravas também eram encarregadas de vender as chamadas quitandas na rua, entregando aos seus senhores os ganhos auferidos. 60 - (UFMA) “Para a maior parte do continente americano, o século XIX foi um século de abolições. Da independência do Haiti ainda em finais do século XVIII à Lei Áurea no Brasil, as abolições constituíram talvez a mais ampla e profunda transformação social nas Américas.” (CASTRO, Hebe M. Matos de. “Laços de família e direitos no final da escravidão” In: ALENCASTRO, Luiz Felipe de (org.) História da vida privada no Brasil. Império: a corte a a modernidade nacional. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.) Sobre o movimento abolicionista no Brasil do século XIX e correto afirmar que: a) foi marcado pela abolição da escravatura com indenização para os ex-senhores de escravos. b) foi liderado por Zumbi, que formou o famoso Quilombo dos Palmares, onde muitos negros, ao fugirem das senzalas, se refugiavam. c) foi uma reação dos escravos, marcada por tentativas desesperadas como o suicídio e a morte pelo banzo. d) foi inspirado no iluminismo e levado a cabo por uma maioria branca, letrada, que pretendia retirar do pais a “mancha negra da escravidão.” e) foi apoiado pelas elites senhoriais que conseguiram abolir a escravidão no Brasil, através da Lei Áurea assinada pela princesa Izabel. 61 - (Mackenzie SP) “A urina e as fezes dos moradores, recolhidas durante a noite, eram transportadas de manhã para serem despejadas no mar por escravos que carregavam grandes tonéis de esgoto nas costas. Durante o percurso, parte do conteúdo desses tonéis, repleto de amônia e uréia, caía sobre a pele e, com o passar do tempo, deixava listras brancas sobre suas costas negras. Por isso, esses escravos eram conhecidos como “tigres”. Devido à falta de um sistema de coleta de esgotos, os “tigres” continuaram em atividade no Rio de Janeiro até 1860 e no Recife até 1882.” Laurentino Gomes Apesar da extinção do tráfico negreiro, em 1850, a escravidão no Brasil ainda persistiu durante as duas décadas posteriores. A questão escravista só foi abertamente debatida após 1870, com a vitória brasileira na Guerra do Paraguai. Entre os obstáculos presentes na sociedade brasileira, que retardaram o processo abolicionista, pode-se apontar a a) pressão exercida internacionalmente pela Grã-Bretanha, cujos interesses econômicos no lucrativo tráfico negreiro seriam abalados. b) valorização da mão-de-obra escrava para os trabalhos agrícolas, domésticos e manuais, em detrimento do imigrante europeu. c) capacidade de abastecimento interno de escravos, vindos, das regiões Norte e Nordeste, para as lavouras cafeeiras do Sudeste. d) resistência dos proprietários de escravos que não contavam com a disposição do governo imperial para indenizá-los. e) inquietação da população livre, levando-a a se opor à abolição, perante às fugas e aos levantes escravos nas fazendas. 62 - (UEPB) “Em certas épocas, sob as ordens ríspidas das senhoras, os cativos trabalhavam, sem parar, nas cozinhas e nos quintais, colhendo, limpando, preparando as frutas para a produção de tachadas de marmelada, figada, pessegada, etc. Os frutos da época eram assim conservados para todo o ano.” (Mario Maestri. O escravismo no Brasil. 1994. P63)