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SAÚDE DO ADOLESCENTE A adolescência, é a faixa etária entre 10 e 19 anos, onde o período da vida é caracterizado por intenso crescimento e desenvolvimento, que se manifesta por transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais. A importância demográfica desse grupo, que corresponde a 53.759.457 com menos de 18 anos de idade (Estimativa IBGE para 2019), e sua vulnerabilidade aos agravos de saúde, bem como as questões econômicas e sociais, nas suas vertentes de educação, cultura, trabalho, justiça, esporte, lazer e outros, determinam a necessidade de atenção mais específica e abrangente. Os adolescentes brasileiros tem, como cidadãos, direito à saúde, e é dever do Estado possibilitar esse acesso de forma universalizada, hierarquizada e regionalizada, dentro dos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, o Ministério da Saúde define objetivos, diretrizes e estratégias para o Programa "Saúde do Adolescente" (PROSAD) que tem a finalidade de promover, integrar, apoiar e incentivar práticas nos locais onde será feita a implantação e onde essas atividades já vem sendo desenvolvidas, seja nos estados, municípios, universidades, organizações não-governamentais e outras instituições. Deve interagir com outros setores no sentido da promoção da saúde, da identificação dos grupos de risco, detecção precoce dos agravos, tratamento adequado e reabilitação dos indivíduos dessa faixa etária, sempre de forma integral, multisetorial e interdisciplinar. - Promover a saúde integral do adolescente favorecendo o processo geral de seu crescimento e desenvolvimento, buscando reduzir a morbi-mortalidade e os desajustes individuais e sociais; - Normatizar as ações nas áreas prioritárias do programa; - Estimular e apoiar a implantação e/ou implementação dos programas estaduais e municipais, na perspectiva de assegurar ao adolescente um atendimento adequado às suas características respeitando as particularidades regionais e a realidade local; - Promover e apoiar estudos e pesquisas multicêntricas relativas à adolescência; Objetivos -Estimular a criação de um sistema de informação e documentação dentro de um sistema nacional de saúde, na perspectiva da organização de um centro produtor, coletor e distribuidor de informações sobre a população adolescente; - Contribuir com as atividades intra e interinstitucionais nos âmbitos governamentais e não-governamentais, visando à formulação de uma política nacional para a adolescência e juventude, a ser desenvolvida nos níveis federal, estadual e municipal, norteadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O crescimento é um processo caracterizado pelo aumento físico do corpo, pelo aumento do tamanho e do número de células de todos os órgãos e sistemas, que se inicia na concepção e prossegue por toda a vida. O processo do crescimento e desenvolvimento é fortemente influenciado pelos fatores genéticos e ambientais, sendo que na fase de adolescência se faz mais evidente a influência dos fatores hereditários, que explicitada sob vários aspectos somáticos, tais como a época do início da puberdade, a intensidade de determinadas características sexuais (pilosidade, tamanho de mamas, etc.), a idade da menarca e outros. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO O conjunto de modificações biológicas da adolescência e denominado de puberdade e engloba, os seguintes componentes: Aceleração e desaceleração do crescimento esquelético Alteração da composição corporal Desenvolvimento dos sistemas respiratório e circulatório Desenvolvimento das gônadas Órgãos de reprodução e caracteres sexuais secundários. O desenvolvimento, e o aumento da capacidade do indivíduo realizar funções cada vez mais complexas. É também chamado de maturação ou diferenciação. É um fenômeno qualitativo, que pode ser avaliado por testes e provas funcionais. Na prática, a observação do desenvolvimento se faz testando as aquisições neuro-psicomotoras e intelectuais que, em última instância, refletem o desenvolvimento do sistema nervoso. A adolescência contém, na sua expressão, a síntese das conquistas e vicissitudes da infância e as reformulações de caráter social, sexual, ideológico e vocacional, impostas por uma completa e radical transformação corporal, que impõe ao individuo a condição de adulto. É importante ressaltar que o crescimento, o desenvolvimento e as características pessoais dos adolescentes resultam da interação biológica, psicológica e social, no contexto da família, da sociedade e do ambiente sócio-cultural. Do mesmo modo, ressalta-se a importância do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento nos serviços de saúde, sendo esse o eixo central do atendimento ao adolescente. Para tal, serão realizados os seguintes procedimentos: - Obtenção periódica e padronizada de informações que caracterizam o crescimento e desenvolvimento; - Registro de interpretação das informações obtidas frente a um apropriado padrão de referência; - Busca de fatores explicativos de eventuais deficiências encontradas; - Garantia de manutenção das atividades de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento possibilitando a correção de fatores capazes de comprometê-los. Para que o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento possa ser devidamente executado em nível de atenção primária, os serviços de saúde deverão possuir ou desenvolver: - Sistema eficiente de captação precoce da população de adolescentes; - Conjunto de fichas, tabelas e/ou prontuários para o referido acompanhamento; -Conteúdo padronizado para atividades relativas ao adolescente. SEXUALIDADE A sexualidade é uma manifestação psicoafetiva individual e social que transcende sua base biológica (sexo) e cuja expressão é normatizada pelos valores sociais vigentes. A tendência de fragmentar o ser humano em partes sexuadas e assexuadas limita a sexualidade a um conceito abstrato da mente e reduz sua expressão a uma manifestação genital ou reprodutiva. Os tabus existentes, somados às normas sociais que não aceitam algumas manifestações sexuais, geram sentimentos de culpa e conceitos no adolescente que se refletem num ajuste sexual acompanhado de preocupações, ansiedades e/ou problemas. O desenvolvimento sexual do adolescente sofre as influências dele próprio, da família, de sua cultura e subcultura e de seus companheiros, sendo que a pressão do grupo é, talvez, o fator mais poderoso para determinar seu comportamento. Se a esse dado soma-se o fato de que a falta de conhecimento sobre sexo e/ou o constrangimento provocado pelo tema faz com que os pais, educadores sexuais por excelência, não assumam esse papel, vê-se, frequentemente, o adolescente iniciando uma atividade sexual num momento em que não está preparado. Você tem falado de SEXO, com seus adolescentes? Os papéis sexuais determinados pela nossa sociedade e sobre os quais se constrói a sexualidade masculina e feminina nos fazem acreditar, erradamente, que o homem é inexoravelmente um ser genital, naturalmente preparado para o coito, e que a mulher, com seu instinto maternal, priorizaria a reprodução. Os adolescentes não estão livres de preocupações sobre o seu desempenho sexual da mesma maneira que, como tudo na vida, a paternidade e a maternidade são resultados de uma aprendizagem. A maioria dos jovens entrará na puberdade livre de infecção sexualmente transmissíveis (IST) e de graves problemas sexuais e será responsabilidade da sociedade e dos profissionais zelar para que essa condição se mantenha. Torna-se essencial num programa de saúde do adolescente o treinamento de profissionais para educação e aconselhamento sexuais, além da detecção, encaminhamento e/ou tratamento dos problemas relacionados com a sexualidade. SAÚDE REPRODUTIVA Os adolescentes estão em uma fase de identificação de sua feminilidade/masculinidade, por vezes podendo sofrer consequências indesejáveis na prática de sua sexualidade, tais como: gravidez precoce não desejada, falta de conhecimento e/ou uso indevido de métodos contraceptivos,aborto, vitimização, infecções sexualmente transmissíveis (IST) e traumas psicossociais. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Acre tem o maior percentual de gravidez entre meninas de 13 a 17 da região Norte. No estado, 12,8% das adolescentes que já tiveram relação sexual engravidaram pelo menos uma vez na vida. Sobre as capitais brasileiras, Rio Branco ocupa o terceiro lugar no ranking de gravidez na adolescência do país. A capital acreana tinha em 2019 11%, seguida por Salvador com o maior número (13%) e Cuiabá (11,4%). As adolescentes engravidam sem planejamento, entre outras causas, por falta de informações, difícil acesso a serviços especializados, desconhecimento de métodos anticoncepcionais e, muitas vezes , a procura de uma relação afetiva, de um objeto de amor ou somente devido à experimentação sexual. É preciso entender que a adolescente não pode assumir sozinha o risco social de uma gravidez não planejada. É importante ressaltar que no processo de saúde reprodutiva a atenção deverá contemplar os adolescentes do sexo masculino. Considerando a importância dos aspectos informativos no desenvolvimento dessa atividade, recomenda-se ao uso de metodologias educativas como: Adolescente informando ao seu próprio grupo; Formação de multiplicadores; Intercâmbio com a equipe de saúde interdisciplinar e outras que possibilitem o conhecimento de todos os aspectos relacionados com a saúde reprodutiva. Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e AIDS A dificuldade do entendimento da correlação da atividade sexual com riscos das IST é um dos fatores que tendem ao aumento dessas patologias nessa faixa etária. No momento em que as infecções sexualmente transmissíveis, incluindo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou AIDS), atingem números significativos de infectados e doentes, é obrigatória a nossa participação no processo de informação e divulgação de todos os meios e modos de prevenção dessas doenças, em todas as faixas etárias. Prevenção combinada A Prevenção Combinada associa diferentes métodos de prevenção ao HIV, às IST e às hepatites virais (ao mesmo tempo ou em sequência), conforme as características e o momento de vida de cada pessoa. ENTRE OS MÉTODOS QUE PODEM SER COMBINADOS, ESTÃO: A testagem regular para o HIV, que pode ser realizada gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS); A prevenção da transmissão vertical (quando o vírus é transmitido para o bebê durante a gravidez); O tratamento das infecções sexualmente transmissíveis e das hepatites virais; A imunização para as hepatites A e B; Programas de redução de danos para usuários de álcool e outras substâncias; Profilaxia pré-exposição (prep); Profilaxia pós-exposição (PEP); E o tratamento de pessoas que já vivem com HIV. É bom lembrar que uma pessoa com boa adesão ao tratamento atinge níveis de carga viral tão baixos que é praticamente nula a chance de transmitir o vírus para outras pessoas. Além disso, quem toma o medicamento corretamente não adoece e garante a sua qualidade de vida. Todos esses métodos podem ser utilizados pela pessoa isoladamente ou combinados. Fonte: Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis / MINISTÉRIO DA SAÚDE https://bvsms.saude.gov.br/01-a-08-02-semana-nacional-de-prevencao-da-gravidez-na-adolescencia/ 01 a 08/02 – Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência A data, instituída pela Lei nº 13.798/2.019, tem o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. Os adolescentes – indivíduos com idades entre 10 e 20 anos incompletos – representam entre 20% e 30% da população mundial; estima-se que no Brasil essa proporção alcance 23%. Dentre os problemas de saúde nessa faixa etária, a gravidez se sobressai em quase todos os países e, em especial, nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gestação nesta fase é uma condição que eleva a prevalência de complicações para a mãe, para o feto e para o recém-nascido, além de agravar problemas socioeconômicos já existentes. A taxa de gestação na adolescência no Brasil é alta, com 400 mil casos/ano. Quanto à faixa etária, os dados revelam que em 2014 nasceram 28.244 filhos de meninas entre 10 e 14 anos e 534.364 crianças de mães com idade entre 15 e 19 anos. Esses dados são significativos e requerem medidas urgentes. Diversos fatores concorrem para a gestação na adolescência. No entanto, a desinformação sobre sexualidade e direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, englobando o uso inadequado de contraceptivos. Fatores que aumentam os riscos da gestação na adolescência: Idade menor que 16 anos ou ocorrência da primeira menstruação há menos de 2 anos (fenômeno do duplo anabolismo: competição biológica entre mãe e feto pelos mesmos nutrientes); Altura da adolescente inferior a 150 cm ou peso menor que 45kg; Adolescente usuária de álcool ou de outras drogas lícitas ou ilícitas (cocaína/crack ou medicamentos sem prescrição médica); Gestação decorrente de abuso/estupro ou outro ato violento/ameaça de violência sexual; Existência de atitudes negativas quanto à gestação ou rejeição ao feto; Tentativa de interromper a gestação por quaisquer meios; Dificuldades de acesso e acompanhamento aos serviços de pré-natal; Não realização do pré-natal ou menos do que seis visitas de rotina; Presença de doenças crônicas: diabetes, doenças cardíacas ou renais; infecções sexualmente transmissíveis; sífilis, HIV, hepatite B ou C; hipertensão arterial; Presença de doenças agudas e emergentes: dengue, zika, toxoplasmose, outras doenças virais; Ocorrência de pré-eclâmpsia ou desproporção pélvica-fetal, gravidez de gêmeos, complicações obstétricas durante o parto, inclusive cesariana de urgência; Falta de apoio familiar à adolescente. Fatores que aumentam os riscos para o recém-nascido (RN) ou lactente até o primeiro ano de vida, quando nascido de mãe adolescente: RN prematuro, pequeno para idade gestacional ou com baixo peso (retardo intrauterino); RN com menos do que 48 cm ou com peso menor do que 2.500 g; Nota inferior a 5 na Classificação de Apgar (escala que avalia as condições de vitalidade do RN), na sala de parto ou se o parto ocorreu em situações desfavoráveis; RN com anomalias ou síndromes congênitas (Síndrome de Down, defeitos do tubo neural ou outras); RN com circunferências craniana, torácica ou abdominal incompatíveis; RN com infecções de transmissão vertical ou placentária: sífilis, herpes, toxoplasmose, hepatites B ou C, zika, HIV/AIDS e outras; RN que necessita de cuidados intensivos em UTI neonatal; RN com dificuldades na sucção e na amamentação; RN que passe por problemas de higiene e cuidados no domicílio ou no contexto familiar, com negligência ou abandono; Falta de acompanhamento médico pediátrico em visitas regulares e falhas no esquema de vacinação. Riscos para a mãe adolescente e para o filho recém-nascido: RN com anomalias graves, problemas congênitos ou traumatismos durante o parto (asfixia, paralisia cerebral, outros); Abandono do RN em instituições ou abrigos; Ausência de amamentação por quaisquer motivos; Mãe adolescente com transtornos mentais ou psiquiátricos antes, durante ou após a gestação e o parto; Abandono, omissão ou recusa do pai biológico ou parceiro pela responsabilidade da paternidade; RN é resultado de abuso sexual incestuoso ou por desconhecido, ou relacionamento extraconjugal; Quando a família rejeita ou expulsa a adolescente e o RN do convívio familiar; Quando a família apresenta doenças psiquiátricas, uso de drogas, álcool ou episódios de violência intrafamiliar; Falta de suporte familiar, pobreza ou situaçõesde risco (migração, situação de rua, refugiados); Quando a mãe adolescente abandonou ou foi excluída da escola, interrompendo a sua educação e dificultando sua inserção no mercado de trabalho. Um dos mais importantes fatores de prevenção é a educação. Educação sexual integrada e compreensiva faz parte da promoção do bem-estar de adolescentes e jovens ao realçar a importância do comportamento sexual responsável, o respeito pelo/a outro/a, a igualdade e equidade de gênero, assim como a proteção da gravidez inoportuna, a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis/HIV, a defesa contra violência sexual incestuosa, bem como outras violências e abusos. Prevenção da gravidez na adolescência: em princípios e valores dos direitos humanos e sexuais, sem distinção étnica, de gênero, religiosa, econômica ou social, com o uso de informações exatas e cuidadosas, cientificamente comprovadas. Organizações internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) orientam que os guias metodológicos e operacionais sejam fundamentados A garantia de desenvolvimento integral na adolescência e juventude é uma responsabilidade coletiva que precisa unir família, escola e sociedade para articular-se com órgãos e instituições, públicas e privadas na formulação de políticas públicas de atenção integral à saúde em todos os níveis de complexidade, embasando-se em situações epidemiológicas, indicadores e demandas sociais, respeitando os princípios do Sistema Único de Saúde. Até a Próxima Aula!! image1.png image2.jpeg image3.jpeg image4.gif image5.gif image6.jpeg image7.gif image8.jpeg image9.png image10.gif image11.jpeg image12.jpeg image13.png image14.jpeg image15.jpeg image16.png image17.jpeg image18.gif image19.jpeg image20.png image21.jpeg image22.jpeg image23.jpeg image24.jpeg image25.jpeg image26.gif image27.jpeg image28.gif image29.png image30.jpeg image31.jpeg image32.jpeg image33.png