Prévia do material em texto
W BA 07 57 _V 2. 0 INSTRUMENTAÇÃO 2 Robson de Almeida Vilela Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2024 INSTRUMENTAÇÃO 1ª edição 3 2024 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR Homepage: https://www.cogna.com.br/ Diretora Sr. de Pós-graduação & OPM Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Turchetti Bacan Gabiatti Camila Braga de Oliveira Higa Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Coordenador Mariana Gerardi Mello Revisor Wolmar Araujo Neto Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Vilela, Robson de Almeida Instrumentação/ Robson de Almeida Vilela, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2024. 32 p. ISBN 978-65-5903-563-2 1. Instrumentação industrial. 2. Sistemas de controle. 3. Indústria 4.0. I. Título. CDD 530.7 ______________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 8/10534 V699i © 2024 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Introdução à instrumentação e seus princípios básicos ______ 07 Sistemas de controle e classe de instrumentos ______________ 21 Instrumentos industriais: tipos, usos, categorias e aplicações convencionais e modernas ___________________________________ 50 Novas tecnologias e ferramentas aplicadas à instrumentação industrial ____________________________________________________ 65 INSTRUMENTAÇÃO 5 Apresentação da disciplina Seja bem-vindo(a) à disciplina Instrumentação! Estamos prestes a explorar um grande universo de possibilidades e descobertas por meio dessa importante área do conhecimento. Para isso, estudaremos diversos conceitos, definições, relações com outras vertentes do saber, e o mais importante: inúmeras aplicações práticas e como elas estão presentes no cotidiano de determinadas indústrias, comércios e instituições em geral. Além disso, também estudaremos as novas tendências de tecnologias aplicadas à área, e faremos uma projeção de futuro para os sistemas modernos de controle e medição. Nosso passo inicial será focado na definição usual de instrumentação industrial e seus princípios elementares: físicos, operacionais, metrológicos e dos processos de medição, com uma atenção especial aos processos de medição e sua relação direta com os sistemas de controle. Em seguida, entraremos no estudo mais detalhado dos instrumentos de medição, de acordo com suas classificações, finalidades e grandezas de influência. A nossa caminhada vai seguir com o estudo dos sensores, atuadores e válvulas de controle, conhecendo seus tipos principais, aplicações, características e recomendações de trabalho. Por fim, entraremos na nova era da instrumentação, ou seja, vamos falar de conectividade, inteligência artificial, Big Data, Internet das Coisas e muitas outras ferramentas e tecnologias que estão sendo aplicadas na prática da instrumentação. 6 Neste espaço de aprendizagem, você terá a oportunidade de ter contato com os recursos e saberes mais avançados para desenvolver sua futura carreira. Aproveite este momento e viva ao máximo essa experiência, e não se esqueça de que em pouco tempo você será o profissional diante dessas atividades e terá a chance de fazer cada vez melhor, lembrando do nosso tripé fundamental: qualidade, segurança e sustentabilidade. Um forte abraço e conte conosco em sua jornada de aprendizado. 7 Introdução à instrumentação e seus princípios básicos Autoria: Robson de Almeida Vilela Leitura crítica: Wolmar Araujo Neto Objetivos • Apresentar a instrumentação como ciência e sua participação no processo de evolução tecnológica da humanidade. • Introduzir o conceito e a aplicação da instrumentação no âmbito industrial. • Diferenciar a instrumentação industrial da automação, tanto em suas respectivas definições quanto nos objetos de estudo e aplicações. • Apresentar os preceitos básicos de metrologia e unidades legais de medida. 8 1. A instrumentação em nossa vida 1.1 Histórico e desenvolvimento O ponto de partida da instrumentação industrial remonta à nossa trajetória humana, pois estamos passando por constantes evoluções e incorporando novas tecnologias e processos. Dessa forma, desde o momento em que a espécie humana começou a se organizar em sociedades mais fixas, ou seja, quando passamos de nômades para civilizações que fincaram raízes em um determinado lugar, percebemos a necessidade de desenvolver métodos e ferramentas voltadas para a medição e o controle, ainda que de forma bem rudimentar, dos primeiros processos básicos para nossa sobrevivência, como as atividades de caça, pesca e agricultura. Conforme o andamento do progresso tecnológico da humanidade, chegamos a um evento que pode ser considerado um dos marcos fundamentais na história da instrumentação industrial: a Revolução Industrial, no final do século XVIII e início do século XIX. O advento das modernas linhas de produção organizadas e das primeiras máquinas a vapor fez com que houvesse a necessidade de um monitoramento e controle dos processos do modo mais preciso possível. Portanto, foi por intermédio da Revolução Industrial que a instrumentação avançou significativamente e ganhou ares de uma ciência organizada e com inúmeros benefícios efetivos para a sociedade. Posteriormente, no decorrer do final do século XIX e começo do século XX, como o surgimento da eletrônica avançada e o emprego da eletricidade para fins diversos, a instrumentação industrial ganhou ainda mais notoriedade e aplicação no contexto produtivo das indústrias, pois dispositivos de operação e controle passaram a ser cada vez mais implementados nos processos industriais, devido à 9 exigência de automatização e controle pontual. Já no meio do século XX, principalmente a partir da década de 1940, a instrumentação passa a assumir um papel fundamental nas empresas ao proporcionar a otimização do uso de instrumentos pneumáticos (aqueles que utilizam ar comprimido como fluido de operação) de controle e transmissão. Inicialmente, neste período, o objetivo principal era garantir uma operação totalmente automática, de modo que o operador da máquina ou equipamento não precisasse realizar a abertura e o fechamento de algumas válvulas de controle de forma manual. Desde então, novas tecnologias surgiram e têm surgido para que os processos industriais possam garantir segurança, qualidade, eficiência energética e maximização da produtividade nas plantas industriais do mundo inteiro, por meio do monitoramento periódico das condições de operação e estabelecimento de parâmetros quantitativos e qualitativos. 1.2 Definição e aplicações Neste momento, você pode estar pensando: “Compreendi o breve relato da história e desenvolvimento da Instrumentação. Entretanto, qual é a definição de instrumentação industrial na prática?” Para responder, precisaremos recorrer primeiramente à definição de instrumento industrial fornecida pela Organização Norte-Americana de Instrumentação (Instrument Society Of Automation – ISA), que nos diz que o instrumento industrial é todo dispositivo usadoum dos sustentáculos da indústria 4.0, na prática, é obter um nível correto de aplicação dos preceitos da instrumentação. Imaginemos a seguinte situação prática: pense em uma grande indústria automotiva que conta com uma linha de montagem totalmente automatizada por robôs. Esse alto investimento inicial na aquisição dos robôs não foi acompanhado de um projeto geral minimamente aceitável de instrumentação industrial. Dessa forma, nos primeiros dias de operação, tudo se tornou bastante confuso e desconexo, pois o trabalho de transporte, posicionamento e soldagem dos componentes mecânicos dos veículos era feito de modo aleatório e sem controle das variáveis básicas. Não se tinha qualquer informação a respeito dos parâmetros básicos, e o controle de eventuais avarias e inconformidades estava 55 sendo feito de modo visual por um inspetor humano, pois os robôs não haviam sido programados para tal detecção de falhas. Essa situação citada, ainda que hipotética, deixa em evidência o fato de que não basta apenas adquirir máquinas e equipamentos eficientes e de última geração; necessário pensar em uma integração total com o processo produtivo como um todo. E para que isso aconteça, um sistema de controle e medição é condição básica que não deve ser negligenciada por gestores e profissionais envolvidos nos dimensionamentos e especificações de processos. Automação avançada e instrumentação aplicada se complementam e devem atuar conjuntamente para que não haja surpresas desagradáveis no andamento dos processos, além de garantir os requisitos mínimos de operação. Sem um sistema robusto de controle e medição, tudo se baseará em achismos e em arbitrariedades ocasionais, o que é totalmente incondizente com as boas práticas e fundamentos da indústria moderna originária da Quarta Revolução Industrial. E por falar em atuação conjunta e sistemas robustos, precisamos abordar um assunto que está cada dia mais presente na indústria 4.0: a conectividade. 2. Conectividade Existe um elemento fundamental para que a indústria 4.0 possa ser bem-sucedida em termos de integração e trocas permanentes de informações. Trata-se de um termo bastante simples, porém de extrema funcionalidade: a conectividade. O termo conectividade diz respeito à capacidade de se conectar dispositivos, dados e sistemas e os dados de um determinado ambiente ou local, como uma indústria, por exemplo. Ao introduzirmos a ideia geral de conectividade, fica explícita a sua ligação com a prática diligente de integração, pois não somente o acesso aos dados é importante, mas também seu compartilhamento, de 56 forma prudente e acessível em diversos locais e a diferentes usuários previamente autorizados. No contexto industrial – e por conseguinte da instrumentação –, o papel da conectividade é um dos grandes diferenciais para uma boa performance dos processos. Observe com atenção a Figura 1. Figura 1 – Conectividade industrial Fonte: Shutterstock.com. A era digital alcançou os ambientes industriais e fez com que a integração dos processos se tornasse necessária. Seguindo essa lógica, a indústria 4.0 trouxe dois importantes conceitos quanto à integração: a integração vertical e a horizontal. A integração vertical está vinculada ao movimento e compartilhamento de dados em todos os níveis funcionais da empresa (operacional, tático e estratégico), e a integração horizontal é aquela em que a conectividade está presente em todos os sistemas internos, desde a automação dos processos no chão de fábrica até os softwares de gerenciamento de informações que auxiliarão nos processos de tomadas de decisão diárias que envolve toda a cadeia produtiva. 57 No âmbito da instrumentação industrial, a conectividade, além de ser essencial para a operação eficiente e integração dos instrumentos, tem sido precursora de uma série de mudanças e benefícios de curto e médio prazo, entre os quais podemos destacar os seguintes: Monitoramento remoto eficiente: acesso aos instrumentos de qualquer lugar e a qualquer momento, por meio da disponibilidade de dispositivos que estão conectados à internet, como notebooks e smartphones. Diagnóstico de falhas: possibilidade do envio de alertas automatizados e em tempo real acerca de eventuais falhas e anomalias no andamento dos processos. Trocas de dados e informações: informações e dados são processados e compartilhados a todo o momento pelos instrumentos, de modo a auxiliar melhor nas possíveis intervenções a serem feitas nos equipamentos e processos. Integração de dispositivos e sistemas: além das trocas de dados e informações, os instrumentos e dispositivos estarão integrados, ou seja, haverá um fluxo ordenado e estruturado de informações, além de uma sincronia, pois tudo deverá obedecer a um projeto amplo e planejamento. Apoio fundamental nas manutenções preditivas: uma vez que houver dados e informações disponíveis em tempo real, será possível efetuar um monitoramento pontual das condições de operação dos equipamentos, facilitando o momento correto de intervenções preventivas. Atualizações de sistemas operacionais e softwares: na malha digital de instrumentação, os componentes serão atualizados 58 automaticamente, conforme programação e monitoramento do setor responsável, garantindo assim que a última e mais atualizada versão dos programas esteja rodando nos instrumentos. Manutenção da segurança cibernética: ainda no sentido de atuação dos componentes digitais, uma boa conectividade também será capaz de prover um adequado nível de segurança cibernética, por meio de atualização de antivírus, processamento legal e correto de dados, iniciativas para evitar ataques cibernéticos nos instrumentos e dispositivos operantes. Os dados e informações que são disponibilizados e compartilhados por qualquer sistema de gerenciamento de informações pessoais devem observar atentamente os requisitos da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) de 2019, garantindo os cinco princípios básicos dispostos no texto original da lei: respeito à privacidade; autodeterminação informativa; liberdade de expressão, de informação, de comunicação e opinião; inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; e desenvolvimento econômico e tecnológico, a livre iniciativa e o respeito aos direitos humanos. 3. Inteligência Artificial Nos últimos tempos, o termo inteligência artificial vem ganhando ampla notoriedade e atenção por parte das pessoas, sobretudo em relação às ferramentas on-line disponíveis para auxílio em tarefas diversas, como o Chat GPT. De modo bem resumido e objetivo, podemos afirmar que a inteligência artificial é um ramo da ciência da computação que se ocupa do estudo e do desenvolvimento de mecanismos, ferramentas e programas computacionais voltados para a emulação (imitação) de alguns comportamentos tipicamente humanos nos processos de 59 tomadas de decisão diárias e execução de tarefas diversas, variando o grau de complexidade dessas tarefas. Assim, quando nos referimos às novas aplicações de IA no cotidiano, estamos contemplando sistemas capazes de realizar tarefas complexas que tomariam muito tempo das pessoas caso fossem realizadas de um outro modo. Do ponto de vista da instrumentação industrial, a introdução da IA nas práticas diárias tem representado um marco na forma como se trabalha com ferramentas de alto valor agregado. Uma das aplicações mais beneficiadas pela IA são os sistemas de monitoramento, controle e ajuste automático. À medida em que uma ferramenta de IA é aplicada a um determinado sistema de monitoramento e controle, temos uma análise precisa e rápida de grandes volumes de dados no histórico dos instrumentos em operação. Essa iniciativa possibilita a correção e ajuste de alguns parâmetros e variáveis de processo, com base no comportamento de momento e, dependendo do grau de desenvolvimento da ferramenta, uma análise preditiva de tendências futuras do processo industrial como um todo. Além disso,os algoritmos de uma IA podem se tornar excelentes aliados na otimização dos processos de calibração e medição dos instrumentos ao realizarem cálculos complexos de aferição e diagnóstico de erros, contribuindo, dessa forma, para que o processo de medição e controle seja o mais confiável possível. Outros benefícios gerais que podemos citar na aplicação da IA na instrumentação industrial são: controle preditivo de falhas e comportamentos incomuns, intervenções fundamentadas em análises prévias, análises e diagnósticos remotos, auxílio na obtenção de máxima performance dos instrumentos, informação quanto aos momentos de troca e/ou retirada de um determinado instrumento no processo, e integração com outros meios de conectividade (supervisórios, alarmes, plataformas). Essas são apenas algumas das possíveis aplicações neste momento. É bastante provável que com a evolução tecnológica em 60 curso, ainda presenciemos muitas outras novidades e aplicações para maximização da eficiência dos processos industriais – sem esquecer da atenção à segurança e bem-estar de todos os envolvidos nos processos e uma observação atenta às atuais discussões por parte das autoridades políticas, acadêmicas e jurídicas quanto às regulamentações básicas no trabalho com IA. 4. Internet das Coisas A revolução tecnológica que estamos vivendo nos últimos tempos tem mudado a forma como percebemos e interagimos atualmente. Uma das tecnologias centrais desse novo período é a internet das coisas (do inglês, Internet of things, IoT). Trata-se da possibilidade de conectar dispositivos e itens utilizados diariamente (aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, portas, máquinas) à rede mundial de computadores (internet). Essa conexão cria uma rede de objetos ligados a sensores, softwares, dispositivos e plataformas capazes de trocar dados com outros sistemas e dispositivos que também estejam conectados à internet. Essa tecnologia tem importância ímpar atualmente, pois ao possibilitar a hiperconexão de uma série de itens variados, a comunicação se torna mais eficaz entre as pessoas e processos envolvidos. O esquema a seguir ilustra um fluxo básico de funcionamento da IoT. 61 Figura 2 – Esquema representativo de IoT Fonte: elaborada pelo autor. No âmbito industrial, a IoT tem larga aplicação na instrumentação e controle de processos na era da indústria 4.0. Na lógica tradicional de aplicação da instrumentação industrial, todos os dispositivos (sensores, atuadores, transdutores) trabalham de uma forma mais isolada, com baixa autonomia e consequentemente baixa comunicação entre os sistemas existentes. Ao aplicar a IoT, os instrumentos passam a atuar dentro de um sistema de controle e medição como um ponto de comunicação ativa – ou seja, por meio de sensores conectados, cada instrumento enviará dados e informações de momento, além de seu histórico para que esses dados sejam processados e devolvidos na forma de ações nos pontos críticos ou implementação de estratégias voltados para o monitoramento preditivo geral. Nesse novo formato, o trabalho dos setores de automação e instrumentação será redirecionado para o gerenciamento dos dados advindos dos instrumentos e atenção especial para garantir que a conexão à internet esteja plenamente disponível e não sofra oscilações indesejadas – uma atuação no sentido estratégico, mas sem menosprezar os aspectos operacionais dos processos, como eventuais necessidades de ajustes dos instrumentos em campo. 5. Big Data Até então, temos falado bastante da importância dos dados e informações obtidas dos instrumentos e sistemas instalados, mas 62 pouco ainda foi comentado a respeito do processo de obtenção e processamento de grandes volumes de dados, que é o que ocorre atualmente em grande parte dos processos industriais. Para entendermos melhor o processamento desses grandes e variados volumes é necessário conhecer uma tecnologia substancial para a realização deste trabalho: Big data. O temo Big data denota um conjunto maior de dados e de maior complexidade, sobretudo aqueles oriundos de novas fontes de dados, alicerçado no chamado “3 V” dos dados, ou seja, volume (quantidade de dados disponíveis), velocidade (a rapidez com que cada dado ou conjunto de dados é processado), e variedade (diferentes fontes e conteúdo de dados, desde dados numéricos a textuais, qualitativos). No cenário industrial, esse conjunto de dados pode ser explorado de forma a otimizar a integração de processos e possibilitar que esses mesmos dados sejam tratados de modo mais rápido, gerando decisões cada vez mais assertivas e em tempo real. Além disso, com a evolução cada vez mais acelerada das redes de processamento interno das indústrias, esse fluxo de dados tende a ganhar mais eficiência e confiabilidade. Conectando à realidade O intenso fluxo de dados trocados diariamente em uma indústria é uma realidade inquestionável e que tende a avançar ao longo do tempo. Muitos desafios e oportunidade se colocam nessa nova configuração de recursos e tecnologias disponíveis para a indústria. Imagine que você acaba de ingressar em uma indústria de fabricação de lâmpadas fluorescentes. Foi solicitado a você um projeto de modernização dos processos industriais que contempla a introdução das novas tecnologias estudadas (internet das coisas, inteligência artificial, aprendizado de máquina) e outras que se fizerem necessárias. Então, o que fazer? Como 63 proceder com o projeto? Quais tecnologias são prioritárias e quais não são aplicáveis? Faça um passo a passo de suas ações. Passo a passo sugestivo: 1 – Levantamento minucioso das variáveis dos processos e as tecnologias utilizadas atualmente. 2 – Definição da eficiência atual desses processos. 3 – Definição de orçamento, recursos e prazos disponíveis. 4 – Simulação prévia de benefícios e possíveis problemas. 5 – Esboço de novos fluxogramas, desenhos e memoriais instrutivos de processos. 6 – Elaboração de um estudo evidenciando ganhos e benefícios. 7 – Apresentação do projeto e obtenção de aprovação do projeto. Referências A VOZ DA INDÚSTRIA. Porque a indústria 4.0 depende da instrumentação industrial. A Voz da Indústria, 14 jun. 2021. Disponível em: https://avozdaindustria. com.br/oportunidades/porque-industria-40-depende-da-instrumentacao-industrial. Acesso em: 10 mar. 2024. FERNÁNDEZ, Mario Fernández. Indústria 4.0: Tecnologias e gestão na transformação digital da indústria. [S. l.]: [s. n.], 2020. LINS, Marco Aurelio de Barros. Indústria 4.0: Como a indústria 4.0 vai mudar o mundo. Engefluss Engenharia, Recife, 2023. MACHADO, Felipe Neri Rodrigues. Big Data: o futuro dos dados e aplicações. São Paulo: Érica, 2018. SILVA, Cesar Eduardo. Cientista Industrial. Joinville, SC: Learn, 2023. https://avozdaindustria.com.br/oportunidades/porque-industria-40-depende-da-instrumentacao-industria https://avozdaindustria.com.br/oportunidades/porque-industria-40-depende-da-instrumentacao-industria 64 WORLD ECONOMIC FORUM. Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023. WEF, [s. d.]. Disponível em: ttps://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2023_ News_Release_Pt_BR.pdf. Acesso em: 10 mar. 2024. 65 Sumário Apresentação da disciplina Introdução à instrumentação e seus princípios básicos Objetivos 1. A instrumentação em nossa vida 2. Instrumentação versus automação 3. Metrologia Referências Sistemas de controle e classe de instrumentos Objetivos 1. Processos industriais 2. Sistemas de controle 3. Instrumentos de medição Referências Instrumentos industriais: tipos, usos, categorias e aplicações convencionais e modernas. Objetivos 1. História 2. Tipos de instrumentos 3. Seleção de instrumentos 4. Instrumentos industriais na prática 5. Controladores Referências Novas tecnologias e ferramentas aplicadas à instrumentação industrial Objetivos 1. Um mundo em transformação 2. Conectividade 3. Inteligência Artificial 5. Big Data Referênciaspara, de uma forma direta ou indireta, realizar a medição e/ou controle das chamadas variáveis de processo (pressão, temperatura, corrente elétrica etc.). Como exemplos básicos desses dispositivos, podemos citar sensores, posicionadores e transmissores, além de dispositivos elétricos como chaves e botoeiras. Estudaremos estes dispositivos de forma detalhada no decorrer desta disciplina 10 Como já temos uma noção do que é um instrumento industrial, fica mais fácil entendermos o que é a instrumentação industrial na prática. Assim, de forma resumida e em conformidade com a ISA, podemos afirmar que a instrumentação industrial é o ramo da ciência que estuda, desenvolve e aplica instrumentos de transmissão, registro e controle, com a finalidade de aperfeiçoar o desempenho e a eficiência de uma variedade de processos industriais. A instrumentação é uma ciência ampla que engloba conhecimentos de várias outras áreas, como metrologia, estatística, processos produtivos, variáveis de processos, e atualmente, processamento de grandes volumes de dados, inteligência artificial e internet das coisas. Para sintetizarmos de forma prática a definição de instrumentação industrial, vamos a uma analogia com o corpo humano. Nosso corpo é constituído por vários componentes e sistemas internos, como digestivo, respiratório e nervoso. Para garantir o funcionamento síncrono desses sistemas, necessitamos de elementos que possam monitorar e avaliar as múltiplas grandezas e os processos que fazem parte do nosso corpo. Podemos chamar esses elementos de sensores biológicos e/ou instrumentos de medição. Dessa forma, teríamos a seguinte configuração: Elementos sensores: os operadores diretos dos nossos sentidos, ou seja, olhos, nariz, boca, ouvidos e a pele. Variáveis dos processos: por exemplo, podemos avaliar os odores e cheiros de um determinado ambiente utilizando o nariz como sensor, com base nas informações processadas pelo nosso cérebro e nas experiências acumuladas. Processos envolvidos: aqueles vitais para a vida – respirar, falar, andar, conversar e tantos outros. 11 Controlador geral: todos esses processos passam pelo cérebro, ao qual podemos nos referir como uma espécie de controle central de nossas ações. Por meio desse exemplo, mesmo que de forma mais simplificada, percebemos que a instrumentação está presente em nosso cotidiano muito mais do que imaginamos. Desde simples processos vitais até os mais complexos que envolvem inúmeras variáveis passam pelos princípios elementares de detecção, operação e controle dos instrumentos. Então, a partir de agora, fique muito atento ao seu redor, pois certamente há muitos exemplos de aplicações da instrumentação industrial. Observe a esquema a seguir para fixarmos de vez toda a dinâmica que envolve a instrumentação na prática: Figura 1 – Esquema de representação de instrumentos e seus exemplos Fonte: elaborada pelo autor. Pelo esquema, podemos notar que os instrumentos podem executar múltiplas funções individuais e/ou conjuntas; ou seja, podemos ter instrumentos que realizam unicamente a medição de uma determinada variável, como a pressão. Porém, podemos ter instrumentos que têm dupla função – medição e atuação –, nas variáveis de processo. Isso é de 12 grande valia nos processos industriais, pois a robustez e a precisão dos instrumentos muitas vezes determinarão a eficiência operacional. Como já temos uma noção da instrumentação industrial e do seu objeto de estudo, é importante que sigamos juntos em nosso aprendizado, procurando ampliar os conhecimentos por meio do estudo prático e detalhado dos fundamentos dessa área do saber e as suas inúmeras possibilidades. Um primeiro ponto essencial para o nosso estudo é entender a diferença entre automação e instrumentação industrial. 2. Instrumentação versus automação 2.1 Automação industrial Para darmos seguimento aos nossos estudos, é fundamental recordarmos que a instrumentação industrial é uma ciência complexa e que se relaciona diretamente com outras áreas do saber, sendo uma dessas áreas a chamada automação industrial. A relação é tão intensa que, mesmo na prática, alguns profissionais têm dificuldades em diferenciá-las. Neste momento, conheceremos um pouco mais da automação e suas principais diferenças em relação à instrumentação, e como ambas se complementam nos processos industriais. Primeiramente, para começarmos a nossa compreensão do conceito de automação industrial, observe atentamente a imagem a seguir: 13 Figura 2 – Linha de montagem Fonte: Shutterstock.com. Note que, no processo industrial ilustrado, conseguimos visualizar claramente um processo automático de soldagem de veículos em uma linha de montagem, realizado por robôs. Essa noção introdutória nos permite absorver um importante aprendizado inicial da automação industrial, que vai ao encontro com a definição de Roggia e Fuentes (2016): Assim, uma definição simples para a automação é a de um sistema de controle pelo qual os mecanismos verificam a sua própria operação, efetuando medições e introduzindo correções, sem a necessidade da intervenção do homem. Nesta definição, e correlacionando com a imagem apresentada, estão implícitas três características necessárias para a compreensão de um processo de automação: a não necessidade de intervenção humana ou pouca intervenção; a autonomia do sistema ao realizar medições e controle; e a verificação da própria operação. Portanto, de acordo com essas características apresentadas, fica claro que a automação opera no domínio da eficiência e redução dos custos operacionais nas indústrias, 14 por meio da substituição ou complementação do trabalho humano por sistemas inteligentes, computadores, máquinas e equipamentos modernos. Mas somente essa explicação não é suficiente para o nosso entendimento, e, assim, devemos ampliar um pouco mais essa discussão que trata das principais diferenças entre a automação e instrumentação industrial. Vamos em frente! Ambas as áreas, tanto a instrumentação quanto a automação, exercem funções primordiais nos processos industriais contemporâneos e trabalham de forma conjunta em muitas aplicações industriais. Porém, as duas áreas apresentam diferenças expressivas quanto aos seus enfoques e aplicações práticas. Vejamos objetivamente tais diferenças a seguir Instrumentação industrial: utilização de dispositivos e técnicas de controle de processos com o objetivo final de melhorar o desempenho de um determinado processo industrial, além da segurança e qualidade desse mesmo processo ou ambiente nos quais são aplicados. Exemplo: sensores monitorando o nível de monóxido de carbono (CO2) em um ambiente climatizado para garantir a qualidade do ar interno e consequentemente o bem-estar das pessoas. Automação: seu objeto de estudo e aplicação são as técnicas, métodos e dispositivos voltados para otimização ou eliminação do uso de mão de obra em um determinado processo. Exemplo: utilização de braços mecânicos automatizados para operações de montagem e transporte em um ambiente altamente insalubre. Assim, temos a eliminação da necessidade de intervenção humana e a garantia de não exposição à condição inadequada de trabalho para a saúde. 15 Em síntese, se por um lado a instrumentação industrial se ocupa da medição e controle das variáveis envolvidas em um dado processo industrial, por sua vez, a automação tem como foco principal a automatização de tarefas e processos, visando à eliminação da necessidade de intervenção humana e fazendo com que os profissionais possam se dedicar a outras funções e melhorias em uma planta industrial. A seguir, vamos entrar nas disciplinas de base que compõem a instrumentação industrial. E a primeira delas é a metrologia, pois veremos que não há controle de processos sem metrologia e análise dos instrumentos. Então, fique muito atento aos próximos passos, porque serão indispensáveis na sua jornada do aprendizado. 3. Metrologia3.1 Conceito básico De acordo com Pavani (2016): A metrologia é a ciência da medição. Trata dos conceitos básicos, dos métodos, dos erros e sua propagação, das unidades e dos padrões envolvidos na quantificação de grandezas físicas, bem como da caracterização do comportamento estático e dinâmico dos sistemas de medição. Essa definição evidencia que a instrumentação industrial depende diretamente da metrologia para realizar, de modo correto e legal, as medições e interpretações dos resultados oriundos dos dispositivos. Não há instrumentação sem metrologia, pois como o objeto de estudo e aplicação da instrumentação é o desenvolvimento e operação dos 16 instrumentos, a metrologia, como ciência da medição, é indispensável para esse trabalho por parte dos profissionais envolvidos. 3.2 O processo de medição A medição é o grande objetivo da metrologia; toda a organização metodológica converge para a obtenção de uma medição que reflita da forma mais real possível a grandeza a ser medida. De forma resumida, podemos dizer que o processo de medição é o agrupamento de uma sequência de operações, cujo objetivo principal é a obtenção do valor de uma determinada grandeza, utilizando, para essa obtenção, meios e processos manuais e/ou automáticos. Nesse conceito, precisamos conhecer de forma mais ampla algumas outras definições para compreendermos o processo de medição como um todo. A primeira definição se refere à grandeza a ser medida, a qual definiremos neste momento por meio de exemplos mais comuns em nosso cotidiano: umidade, temperatura, pressão, corrente elétrica, altura, vazão etc. O trabalho de medição é efetivamente realizado por um elemento chamado sistema de medição. Esse sistema nada mais é do que um instrumento, uma máquina, um equipamento ou um aparelho de medição; por exemplo, um termômetro para aferir a temperatura do corpo humano. Deste sistema de medição obteremos um resultado, o qual chamaremos de leitura, do ponto de vista metrológico. A leitura é representada por um valor numérico (1, 2, 3, 4) seguido de uma determinada unidade de leitura (m³, s, kg). A leitura é o valor observado diretamente em um sistema de medição (instrumento). Já a medida, outro importante fator no processo de medição, é o valor real obtida da grandeza, expressa de forma exata o que está sendo mensurado. Por exemplo: a medição da 17 área de um determinado ambiente encontrou um valor de 35 m²; esse valor é a medida real da área bidimensional. Neste instante, você pode estar um pouco confuso quanto aos dois conceitos, o que é totalmente compreensível. Para sanarmos essa dúvida, vamos fazer uma pequena diferenciação entre leitura e medida. A medida é a representação de um valor real da grandeza a qual está sendo medida; por outro lado, a leitura representa o valor obtido em um determinado instrumento de medição, sendo que esse valor pode ou não corresponder à medida real, pois a leitura esta suscetível a erros de medição, do próprio instrumento ou até mesmo de interpretação/ observação de quem está medindo. Para podermos converter uma leitura em medida, devemos aplicar alguns parâmetros metrológicos ao sistema de medição, como fator multiplicativo, fator aditivo, correção tabular e analítica, dentre outros. Não entraremos em detalhes quanto a esses fatores, pois teríamos que adentrar outras áreas de estudo. De forma resumida, temos o que está expresso no quadro a seguir: Quadro 1 – Resumo de características de leitura e medida Fonte: elaborado pelo autor Leitura Medida 18 Neste ponto, cabem mais algumas complementações necessárias aos nossos estudos. O trabalho de medição não se encerra com a obtenção de um dado número; muito pelo contrário, este é apenas o início, pois o sistema de medição está vulnerável a erros e não é perfeito. Então, o profissional da metrologia busca o chamado resultado de medição de forma mais apurada. O resultado de medição denota aquilo que se conhece propriamente a respeito do valor da grandeza medida, expressando um resultado de base junto com a sua incerteza de medição e da unidade de medida da grandeza que está sendo medida. Em resumo: Resultado de Medição = Resultado de Base + Incerteza da Medição 3.3 Padronização O ato de medir é nada mais do que efetuar a comparação de uma determinada grandeza com um parâmetro anteriormente estabelecido. Esse parâmetro estabelecido é o que chamamos de unidade de medida, e essas unidades são determinadas por meio de normas resultantes de convenções internacionais ou regionais. Durante muito tempo, contamos com diversos sistemas de unidades estabelecidos nos mais diferentes locais do mundo. Com o advento da expansão do comércio e das exportações, foi estabelecido, no ano de 1960, na 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, o Sistema Internacional de Unidades de Medidas (SI), o qual contempla grandezas de base, derivadas e suplementares. São sete as grandezas de base e suas respectivas unidades de medida, como você vê a seguir: Tempo – segundo(s) Temperatura – kelvin (k) Massa – quilograma (kg) 19 Quantidade de substância - mol Comprimento – metro (m) Corrente elétrica – ampère (A) Intensidade luminosa – candela (cd) O Sistema Internacional (SI) tem como características ser homogêneo, pois, por meio das grandezas fundamentais, podemos obter as grandezas derivadas e suplementares; ser absoluto, pois as suas unidades principais não podem ser alteradas; ser decimal, pois as unidades de base são múltiplos ou submúltiplos de dez. Vale lembrar que a utilização do sistema internacional é obrigatória no território brasileiro e oferece inúmeros benefícios, desde a simplificação e facilidade na obtenção e compartilhamento das informações até a padronização. Conectando à realidade: Você acaba de ingressar em uma indústria do ramo de fabricação de manômetros analógicos chamada Gold. Seu trabalho é acompanhar o processo de fabricação dos produtos e garantir a segurança e qualidade daquilo que está sendo fabricado, de acordo com rigorosos padrões técnicos e legais. Em um determinado momento, você foi chamado por um subordinado para que pudesse ajudá-lo a resolver um problema em um teste de qualidade em um lote de manômetros fabricados. O profissional relatou que existem alguns erros de medição em um manômetro em questão, de acordo com o procedimento operacional padrão adotado pela empresa. Com base em seus estudos e conhecimento adquirido, como você instruiria o profissional quanto à identificação, apuração e correção do erro apresentado no instrumento? Passo a passo instrucional sugestivo. 20 1 – Investigar minuciosamente o erro de medição, com base nas recomendações metrológicas e boas práticas. 2 – Levantar as normas e referências técnicas pertinentes. 3 – Realizar testes preliminares com o instrumento em questão. 4 – Revisar o procedimento operacional padrão. 5 – Implementar um mecanismo de acompanhamento e comissionamento desde o processo de fabricação até os testes finais. 6 – Documentar integralmente o processo de falha, desde o apontamento inicial até a resolução. 7 – Transformar o episódio em um aprendizado, por meio de treinamentos e instruções formais. Referências DE LIRA, Franciso Adval. Metrologia na Indústria. 10. ed. São Paulo: Érica, 2016. INTERNATIONAL SOCIETY OF AUTOMATION (ISA). Definição de Instrumentação Industrial. ISA, 2024. PAVANI, Sérgio Adalberto. Instrumentação Básica. 3. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. ROGGIA, Leandro; FUENTES, Rodrigo Cardozo. Automação Industrial. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, Rede e-Tec Brasil, 2016. 21 Sistemas de controle e classe de instrumentos Autoria: Robson de Almeida Vilela Leitura crítica: Wolmar Araujo Neto Objetivos • Conhecer os processos industriais, os sistemas de controle e suas principais aplicações. • Identificar as nomenclaturas e terminologias usuaisnos processos industriais. • Formatar os parâmetros básicos e avançados para os sistemas de controle. • Diferenciar as principais classes de instrumentos existentes. • Compreender a importância e limitações do controle automático. 22 1. Processos industriais Em nossa sociedade, para fins de organização e ordem, temos diversos processos estabelecidos e operantes. No contexto industrial, um processo pode ser definido como uma série de procedimentos e operações sistemáticas (mecânicas, físicas ou químicas) que executam a fabricação de um determinado bem e/ou serviço. Ou seja, um processo industrial tem como finalidade básica a produção, seja ela em grande, médio ou pequeno volume, a depender da complexidade e das exigências técnicas desse processo. Para avançarmos um pouco mais na exploração desse conceito, preste atenção na Figura 1, que mostra um recorte de uma linha de montagem. Figura 1 – Processo industrial Fonte: Shutterstock.com. Perceba que para um determinado produto ser fabricado, ele precisa passar por uma série de etapas de processamento, chamadas de processos industriais, como soldagem, montagem, estamparia e fixação de elementos, entre outros. Esses processos foram criados e estão 23 consolidados no atual cenário da indústria mundial, para introduzir melhorias contínuas nos produtos acabados, seguindo requisitos de qualidade, eficiência e otimização. Ao iniciar a fabricação de um produto, a empresa selecionará os processos adequados levando em consideração alguns fatores, como a demanda solicitada pelo consumidor direto ou indireto, insumos e recursos à disposição e nível de desenvolvimento de suas técnicas de fabricação, para que o produto saia em conformidade com aquilo que foi planejado. Na prática industrial, podemos dividir os processos industriais de fabricação em quatro diferentes nomenclaturas: processos contínuos, processos discretos, processos em lote e processos por oficina de trabalho. Vamos conhecer cada um desses processos e seus exemplos práticos. 1.1 Processos contínuos Um processo de fabricação contínuo é aquele em que a produção é feita nas chamadas linhas de produção dedicadas a produzirem um mesmo produto ou de características bem similares, necessitando de alguns pequenos ajustes para fabricarem uma determinada categoria de produtos. Normalmente, as indústrias que utilizam esses processos trabalham em turnos, sendo que algumas delas trabalham em regime de 24 x 7, ou seja, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Tudo dependerá do volume de demanda para a produção. Esse processo é constantemente aplicado a produtos que têm operações sequenciais e uma frequência de produção alta, pois, dessa forma, as linhas de produção conseguem atender em tempo hábil as demandas, e as operações não sofrem grandes alterações técnicas para a fabricação de um produto. O ritmo de operação também pode ser ajustado conforme as exigências contidas em cada produto a ser 24 fabricado. Como exemplos de processos contínuos, podemos citar a fabricação de embalagens metálicas, medicamentos e televisores. 1.2 Processos discretos No caso dos processos discretos, também temos a utilização das linhas de montagem. Todavia, o que difere esses processos dos contínuos é o fato de que este processo tem mais variações de produtos e a frequência nas mudanças é expressivamente maior. Nestes processos, os produtos são fabricados um por vez, devido às peculiaridades envolvidas nas etapas de processamento. Os produtos de maiores dimensões e complexidades são objetos desses processos de fabricação, e pode haver a seguinte configuração de produção: um produto necessita de diversos processos de manufatura, e esses processos são realizados no mesmo lugar (independentemente da complexidade) – essa seria chamada de fabricação discreta. Como exemplo desse processo, temos a fabricação de aeronaves e embarcações. 1.3 Processos em lote A fabricação em lote é mais aplicada nos segmentos industriais em que seja necessária a entrega de uma quantidade especificada e determinada de produtos que farão parte desse lote. Esse processo costuma ser bastante ágil e atender bem às demandas, pois uma vez que um lote é fabricado, as máquinas e equipamentos passam por um rápido ajuste e seguem para a produção do próximo lote, a depender da programação da produção. Os insumos são recebidos no início da linha de produção e processados nas etapas, conforme as especificações requisitadas na ordem de produção (OM). Posteriormente, o produto acabado (PA) é acondicionado em lotes e enviado para o destino final. Como exemplos 25 diretos de segmentos que utilizam com frequência esses processos, temos a indústria farmacêutica e a têxtil. 1.4 Processos por oficina de trabalho O processo por oficina de trabalho apresenta uma diferença substancial em relação aos processos discretos e contínuos. Esse tipo de processo não conta com linhas de montagem, mas com as chamadas áreas de produção. Essa opção é claramente compreendida pelo fato de a fabricação por oficina de trabalho exigir uma área menor, pois fabrica lotes menores que normalmente são customizados. Assim, as áreas demandadas para execução da fabricação são bem menores se comparadas às áreas exigidas nos outros processos, pois esses produtos são fabricados conforme solicitações sazonais, como uma data comemorativa ou evento local. Um exemplo desses processos são as indústrias que trabalham com a fabricação de enfeites e ornamentos gerais. No período natalino, oficinas de trabalho podem ser criadas em espaços específicos do arranjo físico da empresa para atender àquela demanda temporária de fim de ano. Após o término desse período, as operações podem ser desmobilizadas e os recursos e pessoas retornarem à produção rotineira. Caso a indústria trabalhe exclusivamente com datas e eventos, novas estações podem ser montadas ou a opção por linhas de montagem pode fazer sentido, dependendo de como a programação for feita. 2. Sistemas de controle De acordo com o pensamento de Bayer e Araújo (2011), a área do conhecimento conhecida como engenharia de controle se baseia no princípio da realimentação, e objetiva o controle de determinadas 26 variáveis de um sistema. Essa definição inicial ainda não nos possibilita uma compreensão mais assertiva da dinâmica dos sistemas de controle industrial, pois precisamos conhecer e/ou recordar alguns conceitos de base que são fundamentais para o trabalho do profissional de instrumentação no campo. Primeiramente, é muito bom que você saiba que essa matéria técnica – sistemas de controle – envolve um agrupamento de conhecimentos de diversas áreas, desde mecânica, elétrica, automação, informática e, mais recentemente, inteligência artificial e processamento de grandes volumes de dados. O profissional atuante nesta área trabalha diretamente com a instrumentação e dispositivos físicos (hardwares), metodologias e práticas de projetos para sistemas de controle, preceitos elementares de lógica de controle, programação, diagramas de comunicação e manutenção de sistemas. Portanto, dada a extensão do trabalho deste profissional, é premissa básica o conhecimento estruturado da teoria de controle de processos industriais e dos diagramas de blocos para que possa inferir e interpretar os resultados numéricos e gráficos dos sistemas de controle operando em malhas abertas ou fechadas. 2.1 Noções básicas Vejamos alguns conceitos resumidos primordiais para seguirmos os nossos estudos na teoria de controle de processos: Variáveis: qualquer tipo de grandeza (dimensional ou adimensional) ou condição de operação que esteja suscetível a uma variação dentro de um determinado processo. Exemplo: pressão, temperatura, estabilidade. Controle de processos: conjunto de operações e técnicas voltadas para manutenção de uma determinada variável dentro de uma faixa de valores, ou um valor estabelecimento previamente, com base 27 em correções efetuadasem tempo real por um instrumento e/ou equipamento operante. Exemplo: a pressão na sala 112 deve ser de 15 +/- 2 Pa, ou seja, o instrumento (manômetro) está ajustado para que opere dentro da faixa especificada. Automatização de processos: procedimento de controle automático das variáveis envolvidas em um dado processo, por meio da verificação automática de sua operação. Os sistemas atuam em conjunto realizando as medições e ajustes de maneira automática, sem qualquer interferência direta do ser humano. Aqui cabe um ponto: os sistemas atuam, mas quem gerencia e acompanha o andamento das operações é o técnico ou profissional responsável. Exemplo: linhas de montagem automotivas por robôs. Variável controlada: trata-se daquela variável na qual o controlador ou mecanismo de controle atua diretamente para manter um valor ou comportamento esperado no processo em questão. Exemplo: controle de temperatura em uma câmara fria em 15 °C. Variável manipulada: é uma variável de um processo que provoca uma rápida variação na variável controlada. Necessita ser de fácil manipulação, pois interferirá no valor da variável controlada. Exemplo: vazão de água gelada em um sistema de climatização por expansão indireta. Valor desejado: também conhecido na literatura técnica como setpoint. Na operação de um instrumento é o sinal inicial (de entrada) que arbitra um determinado valor desejado da variável controlada. Um ponto interessante: tanto o valor desejado quanto a variável controlada estão nas mesmas unidades de medidas. 28 Para fixar de vez o seu conhecimento de todos esses novos conceitos, preste atenção no exemplo a seguir, pois ele será bem explicativo e vai abranger tudo o que estudamos até então. Temos um determinado sistema de controle cuja função básica é manter a umidade relativa em uma sala de manipulação de frascos em 65%. Dessa configuração e requisitos, temos: 1. Variável a ser controlada = umidade relativa. 2. Variável manipulada = quantidade de vapor de água no ambiente/temperatura. 3. Valor desejado (setpoint) = 65%. Perceba que a variável manipulada interfere diretamente na variável controlada. Se introduzirmos mais vapor de água no ambiente, a umidade aumentará, e se retirarmos ou aquecermos o ambiente, por meio de resistências elétricas, teremos uma redução significativa do valor percentual da umidade. 2.2 Diagrama de blocos A tarefa de analisar e extrair os dados de um sistema de controle é bastante complexa e pode causar algumas dúvidas no profissional iniciante – ou mesmo nos mais experientes – pelo fato de esses sistemas serem compostos por múltiplos componentes. A fim de facilitar e padronizar esse processo, foram criados os diagramas de blocos, que nada mais são do que representações gráficas simplificadas desses processos em questão. Essa alternativa auxilia o profissional na prática e promove uma linguagem de trabalho universal quanto à representação dos processos e operações industriais. Basicamente, um diagrama de blocos representa, de forma abstrata e resumida, as funções individuais dos componentes de um sistema e os 29 seus sentidos de fluxo. Traduzindo, é uma representação esquemática e visual de todas as funções e processos existentes em um determinado sistema. Observe com atenção o esquema a seguir. Figura 2 – Esquema representativo em blocos Fonte: elaborada pelo autor. De forma sequencial, da esquerda para a direita, temos o primeiro bloco representando o sinal de entrada (inputs) e o bloco central como representação da operação/processamento deste sinal de entrada para gerar o sinal de saída (output). O bloco de operação é identificado de diversas formas em um diagrama de blocos, seja por meio de legendas ou simbologias próprias de cada elemento. Apesar de um pouco abstrata, a representação inicial nos ajuda a entender melhor a relação entre os sinais de entrada, processamento e saída. Figura 3 – Diagrama de blocos em malha fechada Fonte: Silva (2000). 30 Quando adicionamos as nomenclaturas e detalhes aos componentes de um diagrama de blocos, as coisas ficam mais claras. Para isso, vejamos juntos um diagrama de blocos na imagem em sequência com todos os componentes, sentidos de fluxo e as relações entre as variáveis destacados. Observe no diagrama que o sinal de referência r(t) representa o setpoint ou valor desejado para o sistema, de modo que a saída y(t) representa o valor real (saída) encontrado. O controlador e(t) vai gerar um sinal para atuação sobre o processo u(t) para diminuição do eventual erro encontrado, de forma que esse erro chegue a zero. Por fim, temos a realimentação, muitas vezes representada por um sensor, que no caso de um sistema em malha fechada compara o sinal de saída com a entrada (setpoint) e atua na correção do valor de saída, caso esta esteja com valores diferentes dos parâmetros previamente definidos na operação. Esses processos estão sujeitos a distúrbios e interferências externas que podem causar alguns erros no sistema. Por isso, é necessário o ciclo contínuo de comparação e ajuste do valor desejado para garantir um processo cada vez mais assertivo. 2.3 Controle em malha aberta e fechada Já tivemos uma prévia no tópico anterior a respeito desses tipos de controle, por meio de um exemplo. Em linhas gerais, os sistemas de controle podem ser classificados em termos de controle em malha aberta e fechada. A diferença entre esses dois tipos de controle é o modo como o sistema de controle trabalha para gerar uma determinada saída. Um sistema de controle em malha aberta conta com um sinal de entrada previamente definido com base nos históricos e/ou experiências regressas, de modo que o próprio sistema forneça o sinal de saída 31 desejado. Uma informação vital para esse tipo de sistema é o fato de que nele não há realimentação do sistema, o que faz com que uma eventual correção seja feita no próprio sinal de entrada para obter um determinado sinal de saída. Vejamos o seguinte exemplo: uma das funções de uma máquina de lavar roupas é a “lavagem e secagem rápida”, com tempos e padrões já definidos em sua programação, sem a possibilidade de se verificar se essa programação foi feita corretamente ou não. Apenas quando a roupa for retirada e inspecionada de forma visual pelo usuário será possível avaliar o resultado. Seus componentes são controlador e processo. É um sistema simples, objetivo e de custo atrativo. Todavia, a baixa precisão e necessidade de verificação permanente dos parâmetros são desvantagens a serem consideradas no projeto do sistema. Já o sistema de controle em malha fechada tem o mecanismo de realimentação, ou seja, há uma comparação com o sinal de entrada (valor desejado) do valor de saída operante no sistema. Quando essa comparação é feita, o sinal ajustado ingressa no sistema para obter o sinal de saída final (já corrigido). A grande vantagem desse tipo de sistema é, sem dúvida, o alto grau de precisão e a possibilidade de correção de erros em tempo real, o que do ponto de vista das operações industriais é algo indispensável. Por outro lado, a alta complexidade e os custos elevados para implantação e manutenção são pontos a serem considerados. Um exemplo básico de aplicação desse sistema seria um sistema de controle de nível de fluido nos tanques de um laticínio. O nível estabelecido nos tanques será monitorado constantemente (controladores), de forma que a informação seja realimentada (sensores) no sistema, até que os atuadores ou elementos de operação (válvulas/ atuadores) consigam ajustar o valor previamente definido. Seus componentes são comparador, controlador, atuador, processo e sensor. 32 3. Instrumentos de medição Em conformidade com a literatura técnica vigente, uma definição básica para instrumentos de medição nos diz que são dispositivos capazes de realizar a medição/quantificação de grandezas físicas específicas. Esses dispositivos são vitais não só no cotidiano de indústrias e comércios,mas também em nossas atividades gerais, pois é por meio deles que obtemos informações relevantes acerca do mundo que nos rodeia. Seus projetos iniciais contemplam a sensibilidade para uma determinada grandeza física, a fim de gerarem uma saída correspondente, normalmente na forma de um sinal elétrico ou com números que são lidos e registrados em sua interface com o operador ou pessoa que esteja executando a medição. Exemplo: alguém medindo a altura de uma sala com uma trena analógica. Em relação à complexidade, há uma grande variação, pois temos, atualmente, desde os instrumentos mais simples e convencionais, como as trenas e compassos, até os de maior tecnologia agregada, como medidores inteligentes, multímetros e pressostatos digitais. No contexto industrial, é a necessidade da aplicação em um determinado processo e suas particularidades que definirão o(s) instrumento(s) a ser(em) utilizado(s). Outros aspectos, como volume de dados a serem registrados, exigências legais, participação humana ou não, deverão ser observados com muita atenção. 3.1 Classificação dos instrumentos De um modo mais generalista, podemos classificar os instrumentos de medição quanto a dois critérios básicos: aplicação e características. Indo mais além, o trabalho de Pavani (2011) nos diz que do ponto de vista técnico, podemos classificar os instrumentos de medição como cegos, 33 indicadores, registradores, primários, transmissores e conversores. Vejamos as características e exemplos de cada um deles: Instrumentos cegos: instrumentos sem indicação visível daquilo que está sendo medido. Seu ajuste é feito em bancada, por meio de comparação. Exemplo: pressostatos. Instrumentos indicadores: instrumentos com indicador e escalas graduados, possibilitam a verificação da variável a ser medida ou controlada. Exemplo: manômetros. Instrumentos registradores: conseguem registrar a variável a ser medida/controlada, por meio de pontos ou registros contínuos. Exemplo: tacógrafos. Instrumentos primários: seu grande diferencial em relação aos demais é que eles têm contato direto com a variável a ser medida/controlada. Temos instrumentos cegos e indicadores como elementos primários. Instrumentos transmissores: conseguem detectar possíveis variações da variável a ser medida/controlada, por meio do primário e a transmitem remotamente. Esse elemento primário é integrante ou não do transmissor. Instrumentos conversores: como o próprio nome sugere, realizam a conversão de um determinado sinal de entrada, seja de natureza pneumática ou eletrônica, oriundo de um outro instrumento, em um sinal de saída. Esse sinal de saída é convertido em dois tipos: corrente elétrica contínua ou então em pressão. 34 Conectando à realidade: Você acaba de ser contratado para um serviço externo de assistente técnico em uma diligência pericial que trata de um processo jurídico em que um profissional alega que se acidentou em uma determinada máquina operatriz por confiar na leitura de pressão de um dado manômetro, a qual estaria equivocada, segundo ele. Com base nos seus conhecimentos adquiridos sobre processos, erros de medição e instrumentos industriais, qual seria a sua linha de ação/raciocínio para argumentar contra a afirmação do profissional? Passo a passo para realização da atividade: 1 – Analisar cuidadosamente os autos (anexos e arquivos) do processo. 2 – Verificar os procedimentos de fabricação e controle do instrumento em questão. 3 – Verificar se colaborador estava com treinamento em dia para operar a máquina e se tinha conhecimento para tal. 4 – Proceder com investigação de acidente, recuperando os registros do instrumento por dada e horário. 5 – Elaborar quesitos técnicos (perguntas) endereçadas ao processo a fim de esclarecer melhor a situação. 6 - Após o levantamento de todas as informações, conduzir investigação e entrevistas com funcionários do setor. Elaborar o parecer técnico sobre o caso. 35 Referências BAYER, Fernando Mariano; ARAUJO, Olinto César Bassi de. Controle Automático de Processos. 3. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria: Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. GONÇALVES, Marco Aurélio Fontoura. Processos Industriais. 2. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2009. PAVANI, Sérgio Adalberto. Instrumentação Básica. 3. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2011. SILVA, João Manoel Gomes da. Controle em Malha Fechada. Porto Alegre: UFRGS, 2000. Disponível em: https://www.ece.ufrgs.br/~jmgomes/pid/Apostila/apostila/ node6.html. Acesso em: 10 fev. 2024 ZAMBELLI, Rafael. Processos industriais: conheça o que são e os 4 tipos principais. Disponível em: https://blog-pt.checklistfacil.com/processos-industriais/. Acesso em: 6 fev. 2024. https://www.ece.ufrgs.br/~jmgomes/pid/Apostila/apostila/node6.html https://www.ece.ufrgs.br/~jmgomes/pid/Apostila/apostila/node6.html https://blog-pt.checklistfacil.com/processos-industriais/ 36 Instrumentos industriais: tipos, usos, categorias e aplicações convencionais e modernas. Autoria: Robson de Almeida Vilela Leitura crítica: Wolmar Araujo Neto Objetivos • Conhecer a definição e a função básica geral de um instrumento no contexto industrial. • Categorizar os instrumentos em conformidade com sua aplicação e orientações técnicas e legais. • Selecionar sensores e medidores para aplicações diversas. • Definir os limites de aplicação dos instrumentos e sua importância nos sistemas de controle e medição. • Elaborar rotinas de manutenção e verificação da funcionalidade dos instrumentos. • Pesquisar novas tendências e tecnologias associadas aos instrumentos. 37 1. História 1.1 Os primeiros passos Vamos embarcar em uma viagem instigante pela história para compreendermos melhor como surgiu aquilo que conhecemos atualmente como instrumentos industriais, como os sensores, atuadores, válvulas e medidores inteligentes. Cabe destacar um ponto importante: a ideia de industrialização e, consequentemente, os seus produtos, como os instrumentos, surge no século XVIII na primeira Revolução Industrial (1760–1840), e acaba sendo bastante intensificada durante a segunda Revolução Industrial (1870–1914), período de expressivo avanço nas inovações e técnicas de produção industrial. Porém, a concepção e a fabricação dessas inovações não seriam possíveis sem os conhecimentos acumulados previamente pela humanidade. Vamos estabelecer neste momento uma diretriz no estudo da história dos instrumentos: antes e depois da era da industrialização. Antes da primeira Revolução Industrial, a realização de atividades ligadas ao controle e medição de processos era bastante incipiente. A maioria dos trabalhos era feita de modo manual e com instrumentos rudimentares que já existiam na época, como os termômetros. A falta de precisão e a baixa confiabilidade desses instrumentos, além da baixa qualificação dos profissionais, faziam com que os processos tivessem diversas perdas e não conseguissem cumprir suas funções básicas. Os acidentes eram comuns e as rotinas de trabalho eram extenuantes para os trabalhadores. 1.2 Revoluções industriais e dias atuais Já quando ingressamos na primeira Revolução Industrial, as coisas começam a mudar no cenário dos instrumentos. As exigências quanto 38 à eficiência e precisão dos processos aumentaram, o que desencadeou a necessidade do desenvolvimento e aplicação de instrumentos mais sofisticados para serem inseridos nos modernos processos industriais. Nesse período, surgem os primeiros medidores de pressão e temperatura com tecnologia avançada para serem empregados nos processos com um nível de automação (para a época) bastante significativo. Seguindo a lógica natural de progresso, em que a modernização dos processos obriga ao desenvolvimento qualitativo de sistemas de medição e controle para suprir as demandas, os instrumentos ganharam um novo capítulo em sua história. No final do século XIX e início do século XXos primeiros padrões de medição são estabelecidos, o que facilitou e ampliou a atuação dos instrumentos no contexto industrial. Essas padronizações contribuíram para a adoção de unidades de medidas e a criação do Sistema Internacional de Unidades e Medidas (SI) no ano de 1960, além de influenciar diretamente a criação de métodos mais rígidos de calibração dos instrumentos. Na segunda metade do século XX, o mundo conhece a era da eletrônica e da informática – o que representou um novo marco para os instrumentos industriais, pois a partir desse momento temos o controle automatizado dos processos industriais e a ajuda da informática para ferramentas de controle e gestão. Surgem os primeiros transmissores e controladores eletrônicos, e dispositivos de controle remoto, possibilitando um sistema de controle e medição moderno e avançado. No atual estágio de evolução tecnológica na história dos instrumentos, chegamos ao século XXI, em que a evolução não para. Temos as redes de comunicação sem fio, a utilização da inteligência artificial (IA) nas ferramentas de controle, a internet das coisas (IoT) permitindo sensoreamento e controle em tempo real, além dos medidores inteligentes que garantem a segurança e funcionalidade de processos industriais de alta complexidade. Atualmente, não há como se pensar 39 em um processo industrial sem um bom sistema de controle e medição (veja, na Figura 1, uma instalação industrial típica dos dias atuais). Boa parte dos setores das indústrias petroquímica, automobilística, naval, espacial e de energia utiliza os instrumentos industriais como ferramentas de confiabilidade, segurança e sustentabilidade em seus processos. Figura 1 – Instrumentista em campo Fonte: Shutterstock.com. 2. Tipos de instrumentos 2.1 Definição e classificações básicas Definimos, de modo bem resumido, os instrumentos industriais como dispositivos que realizam medição, monitoramento e controle de 40 processos industriais nos mais diversos segmentos. Sua principal função é a garantia da qualidade e da segurança e a máxima eficiência desses processos e cadeias de produção. Exemplos básicos: medidores de vazão, transmissores de pressão, sensores e analisadores. Já quanto à classificação, não temos uma única, podendo os instrumentos ser classificados conforme diferentes tipos de critérios estabelecidos, como tipo de medida, forma de operação e especificidade de aplicação. Adotaremos, em nossos estudos, o critério de classificação quanto ao tipo de grandeza medida e sua funcionalidade prática: • Instrumentos de medição de variáveis físicas: termopares, manômetros, transmissores de pressão, medidores de nível, encoders. • Instrumentos voltadas para controle e regulação: controladores, bombas, válvulas, motores. • Instrumentos para análise e monitoramento de variáveis: sensores de qualidade do ar, bombas de amostragem de gases, medidores de oxigênio, condutivímetros, espectômetros. • Instrumentos de comunicação: sensores wireless (sem fio), controle via sistemas supervisórios, rádios de comunicação. • Instrumentos de maior especificidade: controladores lógicos programáveis (CLP), relés de estado sólido, IHM, medidores inteligentes. Estes são apenas alguns exemplos de instrumentos por diferentes categorias disponíveis hoje no mercado. As mais diversas aplicações são fabricadas obedecendo a um projeto inicial voltado para resolver demandas industriais na medição e controle dos processos. Dada a complexidade e o nível avançado da tecnologia atual, os instrumentos 41 industriais ganham novos representantes a cada novo lançamento dos fabricantes. Como já conhecemos, de modo geral, um pouco mais os instrumentos, passemos a uma próxima etapa, em que definiremos alguns critérios básicos de orientação para selecionarmos os instrumentos adequados para cada operação. Posteriormente, conversaremos mais especificamente a respeito de três diferentes tipos de instrumentos: sensores, atuadores e válvulas. 3. Seleção de instrumentos O trabalho de seleção de instrumentos para uma aplicação específica é uma tarefa facilitada atualmente, devido à existência de softwares, ferramentas de cálculos e seleção, acesso aos catálogos de fabricantes, e à disseminação da informação por todo o mundo pela internet. Entretanto, esses meios de facilitação não devem fazer com que o responsável pela seleção se acomode e deixe de buscar entender melhor a aplicação e peculiaridades do processo em questão. Vamos trabalhar com alguns critérios objetivos de seleção de instrumentos e listar algumas recomendações ao profissional de como proceder na prática quanto a cada um. 1 – Conformidade com o processo industrial a ser aplicado Compreender detalhes gerais e específicos do processo e seu vínculo com outros processos. Analisar os fatores e condições ambientais (pressão, temperatura) e externos (qualidade do ar, vibrações). Revisar esquemas, desenhos e projetos existentes e atentar-se às recomendações e instruções do fabricante, principalmente quanto à operação. 42 2 – Amplitude de medição Definir claramente a faixa de medição na qual o instrumento precisará operar. Observar os requisitos de operação do processo. Verificar quais variações são admitidas na medição (caso sejam admitidas). 3 – Instalação e manutenção Pensar na facilidade operacional de instalação e configuração. Considerar a manutenção, desde os seus custos até o acesso a uma rede de reposição de peças e os estoques mínimos internos. 4 – Confiabilidade Seleção deve levar em conta as condições em campo que o instrumento deve suportar: vibrações, choques mecânicos, temperaturas elevadas, corrosão. Selecionar materiais robustos para serem usados nos instrumentos, pois responderão às mais diversas solicitações. 5 – Normas e dispositivos legais Projetar, fabricar, operar e comissionar instrumentos em total conformidade e cumprimento a todas as normas e regulamentações previstas. Fazer um checklist minucioso: verificar se os dispositivos estão sendo cumpridos ou não, antes da seleção e posterior aquisição do instrumento. 6 – Custo de operação e possibilidade de integração Analisar não somente o custo de aquisição inicial, mas também o custo estimado do instrumento ao longo de seu ciclo operacional ativo: manutenção, eficiência energética, reposição de peças, calibração; Seleção deve contemplar a integração com dispositivos modernos de IoT, ferramentas de IA e controladores inteligentes, por exemplo. 43 7 – Rede de atendimento e suporte Pensar nas situações mais extremas: quebra, parada, funcionamento inadequado. Uma boa rede de atendimento e pós-vendas pode auxiliar na resolução do problema e deixar o instrumento operante no curto prazo. Além dos critérios citados, é necessária uma atenção especial por parte de quem está selecionando os instrumentos quanto aos requisitos únicos de alguns processos industriais, sem os quais eles não podem operar satisfatoriamente, como grau de limpeza, índice de material particulado, concentração absoluta de gases e controle das vibrações. Essas informações não podem ser negligenciadas de modo algum, pois podem representar perdas de funcionalidade, ou, em casos mais extremos, acidentes de trabalho fatais em determinados processos. Assim, o parâmetro inicial a ser seguido é muito claro: faça um levantamento, o mais completo possível, de todas as particularidades do(s) processo(s) envolvido(s) e suas potenciais implicações diretas e indiretas na tríade fundamental – segurança, qualidade e sustentabilidade. 4. Instrumentos industriais na prática O nosso próximo passo na jornada do conhecimento pelos instrumentos industriais e suas principais funções no contexto produtivo chega ao estudo prático de alguns dos representantes mais encontrados na rotina do profissional de instrumentação industrial, e suas principais aplicações, com uma ênfase especial nos elementos sensores e válvulas de controle. Também falaremosde alguns instrumentos de fundamental importância para os sistemas de controle modernos, como os controladores industriais. 44 4.1 Sensores Os sensores talvez sejam os instrumentos mais empregados tanto na indústria quanto no comércio e em atividades corriqueiras do nosso dia a dia (como os sensores de presença nas portas automáticas e as fotocélulas que acionam as luzes dos postes das cidades, que são ótimos exemplos), devido à sua ampla capacidade, versatilidade operacional e disponibilidade no atual cenário. Mas, antes de passarmos aos exemplos práticos, formas de seleção e materiais utilizados na fabricação, vamos responder: o que é um sensor? De acordo com Wendling (2010), um sensor é um dispositivo sensível a alguma forma de energia do ambiente (luminosa, térmica, cinética), de modo que consegue relacionar informações de uma determinada grandeza física que necessita ser medida, como pressão, temperatura e velocidade, por exemplo. Ou seja, resumidamente, o sensor tem como função básica fazer a detecção e resposta satisfatória a um tipo de estímulo (energia). Observe no esquema a seguir uma maneira mais ilustrativa de compreender a lógica básica de atuação de um sensor na prática. Perceba como o sensor atua como um elemento direto na ligação entre o estímulo recebido e a resposta gerada dentro de uma operação. Para simplificar ainda mais, pense da seguinte forma: A abertura automática de uma porta – estímulo = presença da pessoa que converte a energia do movimento em um pulso eletromagnético (normalmente são utilizados sensores magnéticos neste tipo de aplicação) no elemento sensor, que, por sua vez, responde a esse estímulo acionando um atuador ou qualquer outro elemento de operação para realizar a operação de abertura. É importante salientar que os sensores nem sempre contam com todas as características necessárias, principalmente elétricas, para serem utilizados diretamente em um sistema de controle. Geralmente, há a 45 necessidade de manipulação do seu sinal de saída antes de a leitura ser efetuada no sistema de controle. Por exemplo: um determinado sensor de temperatura atuando em uma sala de controle apresenta em sua saída um valor de tensão baixo ao ser estimulado por uma forma de energia. Neste caso, uma amplificação (inserção de um amplificador) para elevação do sinal de saída é fundamental para elevação do sinal de saída, e consequentemente para sua correta leitura e funcionalidade. Os sensores podem ser analógicos e digitais. A diferença básica entre ambos é que o analógico pode apresentar quaisquer valores em seu sinal de saída ao longo do tempo, contanto que estes valores estejam contidos na sua faixa de operação. Já os digitais são mais objetivos, ou seja, assumem apenas dois valores (zero ou um) em seu sinal de saída. É claro que não há grandezas físicas que admitam esses valores na prática. Entretanto, após a conversão feita por um comparador (circuito eletrônico), os valores chegam dessa forma ao sistema de controle operante. Entre os tipos de sensores mais comuns encontrados no mercado atualmente, temos sensores acústicos, elétricos, magnéticos, mecânicos, ópticos e térmicos. Ultimamente temos os chamados sensores inteligentes, muito utilizados nos sistemas modernos de automação e controle, pois têm uma boa capacidade para coleta de dados de forma autônoma. 4.2 Válvulas de controle Outro importante componente nos sistemas de controle industriais, que deve ser objeto de nossa atenção e estudo, são as válvulas de controle. Como a própria nomenclatura pode sugerir, esses dispositivos são fundamentais no controle do fluxo de fluidos utilizados nos processos industriais (gases, líquidos, vapores e combinações), pois atuam de forma direta na garantia das condições preestabelecidas, conforme os 46 parâmetros desejados. O princípio básico de funcionamento de uma válvula de controle se baseia na abertura e fechamento da passagem de um determinado fluido em circulação. Geralmente, essa abertura é efetuada por um componente móvel chamado de obturador, o qual se movimenta em relação a um ponto fixo da válvula, conhecido por sede. Quando a posição do obturador é modificada, temos uma mudança no fluxo. A vazão é aumentada, diminuída, controlada ou totalmente interrompida, a depender das condições de operação e dos requisitos de momento do processo ao qual está sendo aplicada. Em sua composição básica, temos os seguintes componentes: Corpo: parte geral da válvula, na qual estão contidos os outros componentes internos. Obturador: parte móvel que coordena o fluxo do fluido circulante. Sede: parte fixa na qual o obturador se movimenta (fechamento) para a interrupção do fluxo do fluido. Atuador/controlador: é o elemento encarregado de movimentar o obturador, realizando a abertura e fechamento. É encontrado na indústria em formato manual, elétrico, pneumático (mais comum atualmente) e hidráulico. Quanto aos tipos mais comuns de válvulas de controle encontradas no mercado, podem ser dos mais variados tamanhos, tipos de obturadores, tecnologias disponíveis, capacidades e faixas de pressões. A seleção correta dependerá muito da aplicação para a qual será utilizada, sendo mais comum o seu uso (não exclusivo) na indústria de processamento. As principais válvulas de controle encontradas na indústria atualmente são: • Válvula de controle do tipo globo. • Válvula de controle do tipo esfera. 47 • Válvula de controle do tipo borboleta. • Válvula de controle do tipo diafragma. • Válvula de controle do tipo proporcional. Como ressaltado anteriormente, existem diversos tipos de válvulas disponíveis no mercado para as mais variadas aplicações. Tudo dependerá da aplicação para a qual se destinará o do nível de conhecimento do profissional diante do trabalho de seleção. Nesse quesito, vale o reforço. Confiabilidade, durabilidade, qualidade e desempenho eficiente são premissas básicas para a inserção de uma válvula em um sistema de controle. E por falar em controle, vamos conhecer, a seguir, o componente cujo nome tem tudo a ver com isso: os controladores. 5. Controladores Dando sequência aos nossos estudos de componentes principais de um sistema de controle, funcionando pela lógica da detecção, controle e operação de um determinado processo, vamos falar do dispositivo utilizado para a automatização e controle de variáveis: o controlador industrial. Um sistema de controle trabalha de forma coordenada, ou seja, um componente é ligado ao outro, e com os controladores não é diferente. Basicamente, seu funcionamento se dá da seguinte maneira: os sensores enviam sinais que fizeram a medição das variáveis do processo para os controladores, que por sua vez fazem uma comparação entre o que foi medido efetivamente em campo com os chamados valores de referência (setpoint), os quais são definidos previamente pelo projetista ou operador do sistema. 48 Após realizar a comparação entre o valor de referência e o que está sendo encontrado em campo, o controlador faz o acionamento de dispositivos de operação, como válvulas, motores e resfriadores, para que eles façam eventuais ajustes e correções e mantenham o processo dentro dos requisitos de funcionalidade e operação. Portanto, a dinâmica de funcionamento de um sistema de monitoramento é bem simples. Você deve associar cada ação com o seu componente. Por exemplo: detecção – sensor, controle – controlador, operação – válvulas e motores, entre outros. Dessa maneira, a memorização será mais fácil na hora de executar os trabalhos práticos. Assim como os atuadores, há diversos tipos de controladores disponíveis no mercado atualmente. Como exemplos, temos controladores de dois estados (On-Off), controladores proporcionais e proporcionais integrais (PI), controladores proporcionais-derivativos (PD) e controladores proporcionais-integrais-derivativos (PID). Vale, também, a mesma regra de seleção, que será aplicação e sua sincronia com osdemais componentes do sistema de controle. Conectando à realidade: A vazão correta de água gelada na serpentina (trocador de calor) das unidades de tratamento de ar (UTA) é fundamental para garantir a climatização eficiente dos chamados ambientes classificados (grau de limpeza). Entretanto, um dos problemas mais comuns encontrados nesse tipo de instalação industrial é quanto à seleção inadequada de componentes dos sistemas de controle e monitoramento. Agora, cabe a você, profissional, com base nos seus estudos realizados até este momento e em pesquisas externas em literaturas técnicas e recomendações de fabricantes, selecionar um sistema de DCO (detecção- controle-operação) básico para desempenhar satisfatoriamente essa 49 função. Descreva componente por componente e a sua contribuição/ função dentro do sistema. Por exemplo: “operação – atuador pneumático que fará tal função, de acordo com informações vindas do componente x”, e assim por diante. Proposta sugestiva de resolução por passos: 1 – Verificar minuciosamente o projeto do sistema com suas vazões individuais em cada ponto. 2 – Alinhar com setor de engenharia e projetos o formato de operação/ atuação do DCO. 3 – Selecionar os componentes que farão a detecção, posteriormente o controle e operação da variável, com base nos catálogos de fabricantes e dados de área (projeto). 4 – Estabelecer critérios para os testes funcionais dos instrumentos e qualificação de instalação e operação. 5 – Acompanhar o desempenho inicial do sistema instalado e reportar eventuais falhas e/ou anomalias. 6 – Alinhar com setor de manutenção e qualidade os reparos preventivos e cronograma de calibrações. Referências JUNIOR, Ervaldo Garcia. Introdução a sistemas de supervisão, controle e aquisição de dados – SCADA. São Paulo: Alta Books, 2019. OSCAR, Ricardo. Instrumentação industrial – controle total de processos. Bauru, SP: Viena, 2016. 50 SEIDEL, Álysson Raniere. Instrumentação aplicada. 3. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2010. THOMAZINI, Daniel; DE ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga. Sensores industriais: fundamentos e aplicações. 8. ed. – São Paulo: Érica, 2020. WENDLING, Marcelo. Sensores. Guaratinguetá, SP: Universidade Estadual Paulista, 2010. Disponível em: https://www.feg.unesp.br/Home/PaginasPessoais/ ProfMarceloWendling/4---sensores-v2.0.pdf. Acesso em: 2 mar. 2024. https://www.feg.unesp.br/Home/PaginasPessoais/ProfMarceloWendling/4---sensores-v2.0.pdf https://www.feg.unesp.br/Home/PaginasPessoais/ProfMarceloWendling/4---sensores-v2.0.pdf 51 Novas tecnologias e ferramentas aplicadas à instrumentação industrial Autoria: Robson de Almeida Vilela Leitura crítica: Wolmar Araujo Neto Objetivos • Perceber o atual estágio evolutivo da instrumentação no contexto das novas ferramentas e técnicas aplicadas. • Compreender a dinâmica e a representatividade da indústria 4.0 no âmbito da prática da instrumentação industrial. • Trabalhar com ferramentas de inteligência artificial (IA) e machine learning (aprendizado de máquina). • Conhecer e selecionar sensores IoT para as mais diversas aplicações. • Utilizar ferramentas de análise e controle de grandes volumes de dados aplicados à instrumentação industrial. • Gerenciar ferramentas modernas de sistemas de controle e medição. 52 1. Um mundo em transformação Vivemos a era das grandes transformações. E isso não é simplesmente uma frase de efeito ou uma colocação sem nexo na realidade atual; muito pelo contrário, a cada dia que passa experimentamos grandes mudanças em nossa sociedade, por intermédio da inserção de novas tecnologias que facilitam o trabalho e atividades diárias, não somente no ambiente de trabalho, mas também na vida pessoal. Quer um bom exemplo disso? Faça uma breve reflexão de como era a sua vida profissional e pessoal há dez anos: quais ferramentas e tecnologias você utiliza atualmente que não existiam ou não estavam plenamente incorporadas ao cotidiano? Podemos listar aqui algumas dessas novas tecnologias: smartphones, aplicativos diversos, ferramentas on-line para realização dos mais diversos trabalhos e drones, entre outras. E a tendência global é termos mudanças cada vez mais acentuadas, junto com o aperfeiçoamento de tecnologias existentes e o surgimento de novas. De acordo com o Relatório sobre o Futuro dos Empregos de 2023 do Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum), estima-se que até 2027, cerca de 23% dos empregos no mundo mudem, com 69 milhões de novos empregos criados e 83 milhões eliminados – o que, por si só, já gera um cenário de muita preocupação, pois a conta é deficitária entre o que será gerado e o que será eliminado. Em meio a essa nova conjuntura que se apresenta, a indústria não está imune às mudanças; ao contrário, boa parte dessas mudanças nascem e ganham materialidade no ambiente industrial para posteriormente fazerem parte da vida das pessoas, simplificando atividades complexas e eliminando afazeres enfadonhos ou que possam comprometer a segurança e saúde. Nesse contexto, sobretudo sob o ponto de vista da instrumentação industrial, é imprescindível conhecermos a chamada 53 indústria 4.0 em andamento no mundo e suas potencialidades e desafios a serem vencidos no futuro. 1.1 Indústria 4.0 A nomenclatura indústria 4.0, ou mais comumente conhecida como Quarta Revolução Industrial, diz respeito à inserção de um conjunto de novas tecnologias aos processos industriais, como automação avançada, robótica, inteligência artificial, biologia sintética, manufatura aditiva e computação em nuvem. O objetivo básico da integração dessas tecnologias ao ambiente industrial é a digitalização dos processos envolvidos, gerando melhorias substanciais e um incremento maior na sua produtividade. Como grande diferencial da indústria 4.0, podemos destacar os chamados sistemas ciberfísicos, ou seja, um sistema que combina componentes virtuais (software) com componentes físicos, como partes mecânicas, elétricas ou eletrônicas para realizar o controle, o monitoramento e a troca de dados de uma determinada aplicação. Neste ponto, podemos enxergar claramente a instrumentação industrial presente como elemento fundamental para o sucesso da indústria 4.0. Um bom exemplo, já bastante consolidado de sistema ciberfísico, são os robôs industriais e as máquinas inteligentes. Os benefícios diretos e indiretos oriundos do emprego dessas tecnologias são bastante significativos, pois o aumento na capacidade produtiva, a eliminação dos gargalos de processos e a garantia de segurança nas operações são objetos de grande valor nas indústrias atualmente. Além do mais, apesar do custo inicial para implantação ainda ser elevado, a tendência é que diminua com o passar do tempo, por causa da maior oferta e popularização. Outras tecnologias aplicadas que podemos citar são: computação em nuvem, sistemas 54 de cibersegurança e sistemas de simulação, digitalização e integração avançada de processos industriais. Esse robusto aparato tecnológico exige a formação de profissionais com visão analítica e boa perspicácia quanto aos novos movimentos e atualizações. Nesse sentido, fica evidente o papel do profissional da instrumentação industrial para que esses processos tenham um andamento seguro e com boa qualidade. 1.2 Instrumentação industrial na Indústria 4.0 Na indústria 4.0, os processos necessitam de medições e controles cada vez mais apurados para garantir uma boa produtividade e realizar a integração entre diferentes tecnologias aplicadas. Dessa forma, podemos dizer que um dos elementos que auxiliam nessa empreitada desafiadora dos processos é a instrumentação industrial, pois somente com o uso de instrumentos eficientes e uma análise estratificada de dados e informações é que se pode conseguir avançar na medição e controle das diversas variáveis dos processos (temperatura, nível, pressão, vazão e corrente elétrica, entre outras). Assim, é elementar dizer que