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Medicina de Emergência USP Intoxicações por fármacos Lucas Oliveira Marino Potenciais conflitos de interesse • De acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina (número 1595/2000) e Vigilância Sanitária RDC 102/2000, caso haja conflito de interesses a natureza e o nome das empresas ou instituições envolvidas deverão ser revelados na introdução da sua apresentação. Segue abaixo tabela a ser preenchida. Categorias de Potencial Conflito de Interesse Indústria(s) Patrocínio de transporte e/ou hospedagem em Congressos Não Patrocínio em estudos clínicos e/ou experimentais subvencionados pela indústria Não Ser conferencista/palestrante em eventos patrocinados pela indústria Não Participar de comitês normativos de estudos científicos patrocinados pela indústria Não Receber apoio institucional da indústria Não Preparo de textos científicos em periódicos patrocinados pela indústria Não Ter ações da indústria Não Intoxicações por fármacos Lucas Oliveira Marino Médico Intensivista Doutor em Ciências pela FMUSP Parte 1 • Breve revisão • Salicilatos • Lítio • Acetaminofeno • Digoxina Intoxicação exógena • Carvão ativado: Limitações: adsorção limitada de álcoois, ácidos, bases e metais Capacidade adsortiva~ 1g xenobiótico/10g de carvão Recomendação: dose única se ingestão dentro da 1ª hora • Carvão ativado em múltiplas doses: ↑ recirculação entero-hepática e entero-entérica Vigilância de íleo adinâmico Carbamazepina, dapsona, fenobarbital, quinino, teofilina • Alcalinização de urina ↑ excreção de substâncias ácidas → salicilatos Bolus 1 – 2 mEq/Kg → infusão 1,5 – 2 L sol [NaHCO3] 132 mEq/L → pHur > 7,5 / pHsér 4 • Hemodiálise HD convencional → AAS, álcoois, lítio, teofilina, ác. Valpróico HD ↑ fluxo → carbamazepina, fenobarbital, fenitoína Parte 1 • Breve revisão • Salicilatos • Lítio • Acetaminofeno • Digoxina Salicilatos • Desacoplamento da fosforilação oxidativa → acidose metabólica, hipertermia, hipoglicemia, alcalose resp. • Quadro clínico: o Taquipneia e hiperpneia; zumbido ([AAS] > 30 mg/dL); agitação → coma; convusão; hipertermia, GI • Laboratório: Acidose met AG↑ + alc. resp o [AAS], gasometria arterial e painel metabólico 2/2 horas • Tratamento o [AAS] > 30 mg/dL → alcalinização de urina o [AAS] > 60 mg/dL (crônico) > 90 mg/dL (agudo) → diálise o Considerar CAMD o HD → convulsão ou coma; edema pulmonar, IRA, acidose refratária. Paciente de 22 anos, trazido pelo SAMU com história de ser encontrado em casa agitado e ter ingerido quantidade não estimada de AAS após briga com a namorada. Sobre o quadro clínico e laboratorial, é correto afirmar: A. Trata-se de intoxicação com limitado potencial mórbido, haja vista o corriqueiro uso farmacológico da substância. B. A agitação não faz parte do quadro clínico, portanto, outra substância deve ser investigada. C. O quadro gasométrico esperado é acidose metabólica com ânion gap elevado associado a acidose respiratória. D. Gap osmolar > 10 mmOsm/Kg é esperado nesta circunstância E. Manifestações precoces (3 a 6 horas pós ingestão) como zumbido, vertigem, náuseas e vômitos habitualmente precedem o quadro metabólico e neurológico Quanto ao manejo das intoxicações por salicilatos, é incorreto afirmar: a) O nível sérico da droga auxilia na condução b) A alcalinização urinária é medida importante para otimizar a excreção da droga; objetiva-se pHurinário > 6,5. c) Trata-se de composto dialisável d) Carvão ativado pode ser feito em múltiplas doses e em até 24 horas, principalmente se ingestão de comprimidos de liberação prolongada ou suspeita de espasmo de piloro. e) A alcalemia por alcalose respiratória não contraindica a infusão de bicarbonato. Parte 1 • Breve revisão • Salicilatos • Lítio • Acetaminofeno • Digoxina Lítio • Ingestão aguda, aumento de dose ou piora de função renal • Mecanismo: bloqueio de neutrotransmissores • Aguda: primariamente neurológica • Crônica: disfunção renal, DI nefrogênico • Laboratório: nível sérico após 6 hrs da ingestão • Tratamento: o Ressuscitação volêmica, controle de agitação, resfriamento para hipertermia o HD → intoxicação grave, IRA, Litemia > 3,5 mEq/L em toxicidade crônica. Obs.: repetir litemia 6 hrs pós HD Intoxicação Leve Moderada Grave Reflexos Tremor Hiperreflexia Clonus SNC Confusão Delirium, agitação Convulsão, coma Não neurológicos GI Taquicardia Hipertemia, hipotensão Parte 1 • Breve revisão • Salicilatos • Lítio • Acetaminofeno • Digoxina Acetaminofeno • Normograma Rumack-Matthew • Nível sérico, função e enzimas hepáticas, bioquímica • AC em até 4 hrs • NAC: o Nível sérico após 4 hrs acima de linha do normograma o Nível sérico indisponível + dose > 150 mg/Kg ou 12g o Tempo desconhecido + nível sérico > 10 mcg/ml o Evidência de hepatotoxicidade • Protocolo o VO → 140 mg/kg + 17 doses 70 mg/kg 4/4 hrs (interromper se nível sérico 2, grávidas; ataque 150 mg/kg em 1 hr + manutenção 12,5 mg/kg/h por 4 hrs + 6,25 mg/kg/h por 16 hrs Paciente de 17 anos, trazida à unidade de emergência pelos pais após tentativa de suicídio por ingestão de aproximadamente 10g de paracetamol há 03 horas. Encontra-se assintomática. É correto afirmar: A. A apresentação assintomática não condiz com o relato e, portanto, suspeita-se da confiabilidade da informação. B. Sintomas são pouco frequentes antes da iminência da falência hepática. Portanto, mesmo pacientes gravemente intoxicados são admitidos frequentemente assintomáticos. C. A administração de N-acetilcisteína pouco altera a evolução com hepatotoxicidade, mas deve ser considerada devido a segurança da droga. D. O nível sérico de paracetamol não possui implicações terapêuticas. E. Mais de 90% dos casos com intoxicação por acetaminofeno evoluem com intensa gravidade mesmo se conduzidos adequadamente. Parte 1 • Breve revisão • Salicilatos • Lítio • Acetaminofeno • Digoxina Digoxina • Cinética: o Mal absorvido pelo TGI na forma de pílulas o ↑ volume de distribuição ⇢ Ø HD o Excreção renal; meia-vida > 24 horas • Mecanismo de ação: o Disfunção da Na-K ATPase ⇢ ↑[Ca]intracelular e ↑[K]sérico • Quadro clínico o Anormalidades de condução ⇢ ectopia, taquiarritmias, bradiarritmias o Choque cardiogênico o Náuseas e vômitos o Alteração do estado mental ou visuais Digoxina • Avaliação laboratorial: o [K]sérico ⇢ gravidade da intoxicação o Mortalidade 35% se > 5 mEq/L; 100% se > 6,4 mEq/L. o Nível sérico pode ser de difícil interpretação • Tratamento: o Combinação de história + avaliação hemodinâmica + arritmias + hipercalemia (intoxicações agudas) o Bradiarritmias ⇢ atropina e marcapasso o Magnésio ⇢ ↑ atividade Na-K ATPase? o Antídoto ⇢ Digoxina Imune FAB (DigibindⓇ) Tratamento com anticorpo antidigoxina (Digoxina Imune FAB) Dados conhecidos: Frascos (arredondar para cima): Quantidade ingerida (0,8 x [quantidade ingerida]mg)/0,6 Nível sérico de digoxina ([digoxina]ng/ml x 5,6 L/kg x pesoKg/1000)/0,6 Intoxicação aguda (tto empírico) 10 – 20 frascos Intoxicação crônica (tto empírico) 6 frascos Recapitulando... Droga Sinais/sintomas e Dx Manejo Acetaminofeno Vômito, ↑ AG & Gap Osm nl Acidose metabólica, hepatite & insuf. hepática, IRA NAC Hemodiálise Manejo da Insuf. hepática Salicilatos Zumbido, hiperventilação, dor abdominal, vômito, RNC; Acidose metabólica ↑AG & Gap Osm nl + alcalose respiratória Ressuscitação volêmica Alcalinização NaHCO3 Manter alcalose resp. Considerar HD Digoxina Náusea/vômito, bradicardia, bloqueio AV, delirium, xantopsia; NS?; IRA Corrigir hipocalemia; DigibindⓇ Lítio Náusea/vômito, tremor, hiperreflexia, clonus, sonolência, convulsão, ↑QT, BAV, bradicardia Fluido, manter diurese; HD Parte 2 • Bloqueadores de Canais de Cálcio • Betabloqueadores • Opioides • Benzodiazepínicos • Tricíclicos e tetracíclicos Bloqueadores de canais de cálcio • Cinética:o Absorção rápida no intestino delgado; biodisponibilidade > 90% o Metabolismo de 1ª passagem; []sérica máxima em poucas horas • Mecanismo de ação: o Atividade variável em canais de cálcio tipo L ⇢ coração e vasos o Intoxicação ⇢ perda de seletividade, metabolismo e excreção prolongados • Quadro clínico: o ↓ DC, ↓ RVS, bradicardia, Bloqueio AV o Edema pulmonar o Bloqueio canais de Ca2+ tipo L no pâncreas ⇢ ↓insulina ⇢ ↑Glic • Avaliação: o Laboratório geral ⇢ glicemia e lactato o ECG ⇢ graus variáveis de bloqueio AV o Vasodilatação periférica + pele quente ⇢ Choque distributivo Tratamento • Suporte: o ⍺-adrenérgico ⇢ ↑ tônus vasomotor o β-adrenérgico ⇢ ↑ DC o Milrinone/Amrinone ⇢ Ø PDE III; ⇡ AMPc • Bradicardia: o Pode ser responsiva a atropina o MP ⇢ ↑ da FC, porém sem ↑ da PA • Cálcio em altas doses – estratégias comuns: o Bolus de Cloreto de Cálcio 1g a cada 2 – 3 min até resposta o 1g a cada 15 min até resposta clínica ou até 4 doses o Infusão contínua 0,2 – 0,4 mg/Kg/hora; titular para [Cálcio]total > 8 mg/dL • Glucagon ⇢ ↑ AMPc o Bolus 10 mg até melhora clínica ⇢ infusão contínua dose efetiva total/hora Tratamento • Hiperinsulinemia-euglicemia (HIE) o ↑ captação celular de glicose o Bolus 0,5 – 1 ui/Kg ⇢ infusão contínua de 0,5 – 1 ui/Kg/h o Dextro 15/15 min na 1ª hora ⇢ 1/1 hr o Glicose em bolus ou infusão contínua/ checar [K+] de 1/1 hora • Emulsão lipídica o Último recurso; off label para circunstâncias extremas o Bolus 1,5 ml/Kg Emulsão 20% ⇢ infusão contínua 0,25 ml/kg/min por 30 – 60 min o Análise laboratorial prejudicada pelas próximas 12 – 24 hrs ⇢ Ultracentrifugação Parte 2 • Bloqueadores de Canais de Cálcio • Betabloqueadores • Opioides • Benzodiazepínicos • Tricíclicos e tetracíclicos Betabloqueadores • Inibidores competitivos de receptores β-adrenérgicos ⇢ propranolol, atenolol, bisoprolol, carvedilol e metoprolol • Início da ação se dá em 2 – 6 horas nas formulações de liberação imediata • Fatores de risco: o Extremos de idade o Coingestões com substâncias hipotensoras e bradicárdicas o Ingesta intencional o Overdose por formulações de liberação estendida o Condições cardiovasculares de base Betabloqueadores • Quadro clínico/diagnóstico • Bradicardia e hipotensão são as manifestações mais comuns • Choque cardiogênico e arritmias ventriculares podem ocorrer em casos graves • RNC, convulsão, broncoespasmo e hipoglicemia → intoxicações graves • O diagnóstico é clínico • ECG → alargamento do intervalo PR • Manejo • Carvão ativado se intoxicação 60 mmHg. 4. Hiperinsulinemia-euglicemia 5. Emulsões lipídicas Tratamento resumido da intoxicação por betabloqueadores Inicie a monitoração cardiorrespiratória e providencie o eletrocardiograma (ECG) Glicemia capilar na entrada Se houver alteração de estado mental e sinais de intoxicação por opioide associada, considerar naloxona Carvão ativado dose única: se a ingestão for superior a 1 h e sem vômito ou estado mental alterado. Para crianças, mesmo se apenas um comprimido ingerido Carvão ativado múltiplas doses: para preparações para liberação prolongada Solução cristaloide para hipotensão: tratamento excessivo pode causar edema pulmonar Intubação endotraqueal precoce se o estado mental estiver alterado ou se houver instabilidade hemodinâmica A atropina pode ser utilizada junto com a solução cristaloide Glucagon EV como próximo passo Pacientes sem resposta devem receber sais de cálcio Em pacientes não responsivos, considerar terapia com insulina em altas doses Terapia com emulsão lipídica EV em pacientes refratários Outras medidas como dispositivos intraventriculares de assistência em casos refratários Parte 2 • Bloqueadores de Canais de Cálcio • Betabloqueadores • Opioides • Benzodiazepínicos • Tricíclicos e tetracíclicos Opioides • Receptor mu (G-protein-coupled transmembrane molecule) → efeitos clínicos (N Engl J Med 2012 Jul 12;367(2):146): • Nocicepção → receptores no tálamo anterior e ventrolateral, amígdala, gânglios da raiz dorsal. • Resposta respiratória à hiparcapnia e hipoxemia → receptores no tronco cerebral • Restrição pupilar → receptores no núcleo Edinger-Westphal do n. oculomotor • Motilidade GI → receptores no TGI • Incidência 15.2% de 4,055 casos American College of Medical Toxicology registry (ToxIC) de 2010- 2012 (J Med Toxicol 2013 Dec;9(4):380) • 63% de 52,404 mortes por intoxicação nos EUA em 2015 envolveram opioides (MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2016 Dec 30;65(5051):1445) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22784117?dopt=Abstract http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24178902?dopt=Abstract http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28033313?dopt=Abstract Opioides • Quadro clínico/diagnóstico • Manifestações clínicas → RNC, miose, depressão do centro respiratório (bradipneia e hipoventilação), ↓ peristaltismo. • FR 12 ipm • Drive ventilatório presente → 0,01 – 0,04 mg IV • Apneia → 0,2 – 1 mg • PCR → 2 mg Paciente portador de neoplasia de pâncreas avançada, em tratamento paliativo, é trazido por ambulância de suporte básico por ter sido achado desacordado em via pública. É admitido em sala de emergência em coma, miose bilateral, FR 6 ipm, SatO2 70%, pulsos centrais palpáveis, PA 160/100 mmHg. É incorreto afirmar: A. Pelo fato de se tratar de provável síndrome opioide, a primeira conduta é a prescrição de Naloxone. B. A reversão da miose e da bradipneia com Naloxone possui elevada especificidade para intoxicação por opioide. C. Doses sucessivas e crescentes de Naloxone (até 15 mg) sem resposta terapêutica suscitam a procura de diagnósticos alternativos para a depressão respiratória D. Independente de haver antídoto específico a provável intoxicação, a intubação orotraqueal não deve ser protelada. E. No caso de se administrar Naloxona, atenção deve ser dada à manifestações de abstinência a opioide Parte 2 • Bloqueadores de Canais de Cálcio • Betabloqueadores • Opioides • Benzodiazepínicos • Tricíclicos e tetracíclicos Benzodiazepínicos • ↓ atividade autonômica → Δ receptores GABA • Ingestão oral sem associação com outros fármacos raramente causa intoxicação grave. • Síndrome sedativo-hipnótica ⇢ incidência 32% de 1980 toxíndromes American College of Medical Toxicology case registry (Toxicology Investigators Consortium [ToxIC]) em 2014 (J Med Toxicol 2015 Dec;11(4):388) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26602099?dopt=Abstract Benzodiazepínicos • Quadro clínico/diagnóstico • RNC e depressão respiratória, sem outras alterações dos sinais vitais. • Sedação, sonolência, ataxia, disartria e hiporreflexia; • Depressão respiratória e apneia • O diagnóstico é clínico • Triagem qualitativa urinária possui utilidade questionável • Manejo • Suporte → IOT não deve ser protelada se RNC grave. • Flumazenil: Não se recomenda o uso rotineiro. Seguro em pacientes sedados com BZD para procedimentos que não fazem uso crônico 0,2 mg EV em 30s (repetir até efeito desejado e dose máxima de 1 mg); pico de efeito em 6 – 10 min e duração curta (próxima de 1 hora) Paciente de 30 anos trazido à unidade de emergência por familiares por ter sido encontrado desacordado em casa. Relatam uma garrafa de aguardente, uma cartela de clonazepam e uma de fluoxetina vazias. Admitido em sala de emergência,Glasgow 12/15, emite palavras desconexas, SatO2 95% em ar ambiente, FC 88 bpm, PA 138/72 mmHg. É correto afirmar: A) Deve-se proceder lavagem gástrica de imediato para evitar deterioração clínica devido a absorção complementar de comprimidos. B) Orienta-se passagem de SNG para administração de carvão ativado C) É mandatória a administração de flumazenil D) Trata-se de síndrome serotoninérgica secundária à intoxicação por inibidores seletivos da receptação de serotonina E) Medidas de suporte clínico com monitorização em sala de emergência sem medidas adicionais de descontaminação são adequadas no caso. Parte 2 • Bloqueadores de Canais de Cálcio • Betabloqueadores • Opioides • Benzodiazepínicos • Tricíclicos e tetracíclicos Tricíclicos e tetracíclicos • Medicamentos mais comumente utilizados → amitriptilina, imipramina, nortriptilina, bupropiona e mirtazapina. • ↑ biodisponibilidade oral • Efeitos tóxicos ⇢ pico de ação por volta das 1as 6 horas • Doses acima de 10-20 mg/kg apresentam risco de vida • Mecanismo de ação → inibe a recaptação de serotonina e noradrenalina; bloqueia canais de sódio no miocárdio; antagonismo alfa adrenérgico, gabaérgico, histaminérgico e muscarinérgico. Tricíclicos e tetracíclicos • Quadro clínico/diagnóstico • Síndrome anticolinérgica. • Manifestações neurológicas → RNC; confusão, delirium e alucinações; convulsão e coma em casos mais graves. • Anormalidade na condução cardíaca → degeneração para FV/TV (4% dos casos). • ECG→ alargamento de QRS (> 100 ms); morfologia anormal do QRS (onda S lenta em D1 e AVL); onda R > 3mm ou razão R/S > 0,7 em AVR. • Manejo • Carvão Ativado em até 2hs • QRS > 100 ms ou arritmia ventricular → NaHCO3 • Convulsão → Diazepam 5 mg IV • Hipotensão → ressuscitação volêmica com cristaloides; noradrenalina se refratária. • Emulsões lipídica → instáveis à despeito da administração de bicarbonato ou que estejam em PCR sustentada. Paciente trazido à unidade de emergência após tentativa de suicídio com ingesta de uma cartela de amitriptilina (total de 500 mg). Admitido letárgico, com midríase, rubor facial, pele e mucosas secas, PA 120/80 mmHg, FC 110 bpm, taquicardia sinusal, ECG sem anormalidade de condução. É correto afirmar: A. A avaliação do nível sérico da droga é fundamental para se confirmar o diagnóstico. B. A apresentação clínica com síndrome colinérgica é compatível com a história. C. Recomenda-se seriar ECG, pois alguns pacientes apresentam duração do QRS normal na apresentação e o alargam horas após. D. Uma vez que os tricíclicos retardam o esvaziamento gástrico, o carvão ativado deve ser prescrito independente do momento da intoxicação. E. O manejo da síndrome anticolinérgica deve ser realizado com fisostigmina Droga Sinais/sintomas e Dx Manejo Opioides RNC + bradipneia + miose Naloxone IV Bloq de canal de cálcio Bradicardia, BAV, hipotensão, ICC, hiperglicemia Fluido, vasopressor, Ca, HIE, emulsão lipídica Beta Bloq Bradicardia, BAV, hipotensão, ICC, hipoglicemia Glucagon, vasopressor, MP Tricíclicos Hipotensão, convulsões, arritmia, ↑ QRS, ↑ QT Fluido, NaHCO3, vasopressor BZD RNC, ataxia, depressão respiratória Evitar Flumazenil Muito obrigado pela atenção! Lucas Oliveira Marino lucas.marino@hc.fm.usp.br