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1
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Análise 
de Situação
de Saúde
Organizadoras
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Deysianne Costa das Chagas
Paola Trindade Garcia
Análise 
de Situação
de Saúde
Análise 
de Situação
de Saúde
São Luís
2019
São Luís
2019
Organizadoras
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Deysianne Costa das Chagas
Paola Trindade Garcia
Copyright © 2019 by EDUFMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Prof.ª Dra. Nair Portela Silva Coutinho
Reitora
Prof. Dr. Fernando de Carvalho Silva
Vice-Reitor
Allan Kardec Duailibe Barros Filho
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e Inovação
Profª. Dra. Silvia Tereza de Jesus Rodrigues Moreira Lima
Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Prof.ª Dra. Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Coordenadora-Geral da UNA-SUS/UFMA
EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Prof. Dr. Sanatiel de Jesus Pereira
Diretor
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Esnel José Fagundes; Profa. Dra. Inez Maria Leite da Silva; Prof. Dr. Luciano da Silva 
Façanha; Profa. Dra Andréa Dias Neves Lago; Profa. Dra. Francisca das Chagas Silva Lima; 
Bibliotecária Tatiana Cotrim Serra Freire; Prof. Me. Cristiano Leonardo de Alan Kardec Capovilla 
Luz; Prof. Dr. Jardel Oliveira Santos; Profa. Dra. Michele Goulart Massuchin; Prof. Dr. Ítalo 
Domingos Santirocchi.
Projeto de design
Douglas Brandão França Junior; José Henrique Coutinho Pinheiro; Katherine Marjorie Mendonça 
de Assis.
Normalização
Edilson Thialison da Silva Reis – CRB 13ª Região, nº de registro – 764
Revisão técnica
Roberto Carlos Reyes Lecca
 
Revisão de texto
Fabiana Serra Pereira 
 Revisão pedagógica
Cadidja Dayane Sousa do Carmo; Halinna Larissa Cruz Correia de Carvalho; Elza Bernardes 
Monier; Alessandra Viana Natividade Oliveira 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Elaborada pela UNA-SUS/UFMA
Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA
Análise de situação de saúde/Ana Emilia Figueiredo de Oliveira; Deysianne Costa das Chagas; Paola 
Trindade Garcia; (Org.). - São Luís, 2019. 
140 f.: il.
ISBN: 978-85-7862-867-3 
1. Análise da Situação de Saúde. 2. Diagnóstico da Situação de Saúde. 3. Epidemiologia. 4. Sistemas 
de Informação em Saúde. 5. UNA-SUS/UFMA. I. Matheus de Sousa Mata II. Título. 
CDU 616-036
Bibliotecário: Edilson Thialison da Silva Reis CRB - 13/764
Impresso no Brasil
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte 
e que não seja para venda ou para qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais dos 
textos e imagens desta obra é da UNA-SUS/UFMA.
INFORMAÇÃO SOBRE O AUTOR
Matheus de Sousa Mata
Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (UFRN), especialização em Gestão em Saúde 
pela Fundação Oswaldo Cruz (Friocruz-RJ) e em Epidemiologia 
pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Possui mestrado em 
Saúde Coletiva pela UFRN e é doutorando em Saúde Coletiva 
na UFRN. Atuou como analista técnico de Políticas Sociais na 
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. 
Atualmente é professor da Escola de Saúde da UFRN.
INFORMAÇÃO SOBRE SOBRE 
AS ORGANIZADORAS 
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Possui graduação em Odontologia pela Universidade Federal do 
Maranhão (UFMA), mestrado e doutorado em Radiologia pela 
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pós-doutorado/
professora visitante pela University of North Carolina/Chapel 
Hill-EUA. Foi presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina 
e Telessaúde - CBTms (gestão 2015-2017). Atualmente é 
Coordenadora-geral da UNA-SUS/UFMA e líder do Grupo de 
Pesquisa SAITE - Tecnologia e Inovação em Educação na Saúde 
(CNPq/UFMA).
Deysianne Costa das Chagas 
Possui graduação em Nutrição pela Universidade Federal do 
Maranhão (UFMA) e mestrado e doutorado em Saúde Coletiva 
pela UFMA. Atualmente é professora adjunta do Curso de Nutrição 
da Universidade Federal do Maranhão e design instrucional da 
UNA-SUS/UFMA. Tem experiência na área de epidemiologia e 
educação nutricional. 
Paola Trindade Garcia 
Possui graduação em Fisioterapia pela Faculdade Santa Terezinha 
(CEST), mestrado e doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade 
Federal do Maranhão (UFMA), Residência Multiprofissional em 
Saúde (UFMA), especialização em Processos Educacionais na 
Saúde (IEP-Sírio Libanês), Saúde da Família (CEST) e em Gestão 
do Trabalho e Educação na Saúde (UFMA). Possui experiência 
em educação a distância e em metodologias ativas de ensino. 
Atualmente é docente da UFMA e coordenadora de Produção 
Pedagógica da UNA-SUS/UFMA.
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................14
2 ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE: CONCEITOS E INTERPRETAÇÃO 
 DE INDICADORES ................................................................................15
2.1 Bases conceituais da Análise de Situação de Saúde (Asis) ...............16
2.1.1 Objetivos da Asis ................................................................................19
2.1.2 Finalidades da Asis .............................................................................20
2.1.2.1 A Definição de necessidades, prioridades e políticas em saúde e a 
 avaliação de sua adequação ...............................................................20
2.1.2.2 A formulação de estratégias de promoção, prevenção e controle de 
 danos à saúde e a avaliação de sua pertinência e cumprimento........22
2.1.2.3 A construção de cenários futuros em saúde ..................................... 23
2.2 Utilização dos dados da Vigilância em Saúde ................................... 28
2.3 Comportamento e tendências das variáveis demográficas .............. 35
3 ASIS E PRIORIZAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS ................................ 45
3.1 Priorização: definição e aplicabilidade ............................................... 45
3.2 Desigualdades em saúde ................................................................... 58
3.3 A carga global de doenças no Brasil .................................................. 75
4 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES EM SAÚDE .......................................... 84
4.1 Os sistemas de informação em saúde no Brasil e sua importância 
 para a construção das Asis ................................................................ 84
4.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) ........................... 88
4.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) ................... 92
4.4 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) ............. 97
4.5 Outros sistemas de informações ....................................................... 99
4.6 Identificação e seleção de dados fundamentais ............................. 100
4.7 Indicadores de mortalidade ............................................................ 107
4.7.1 Mortalidade Proporcional por Causas .............................................. 107
4.7.2 Taxa de Mortalidade por Causas ...................................................... 108
4.7.3 Taxa de Mortalidade Infantil ............................................................. 109
4.7.4 Razão de Mortalidade Materna....................................................111
4.8 Indicadores de morbidade...........................................................115
4.8.1 Incidência..................................................................................115
4.8.2 Prevalência................................................................................117
4.9 Outros indicadores de saúde....................................................119
4.10 Qualidade das informações......................................................120
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................127
 REFERÊNCIAS.............................................................................127
PREFÁCIO
A Análise de Situação de Saúde (Asis) ao caracterizar, medir e 
explicarassim 
como para a priorização das ações.
No segundo conceito, destaca-se a participação dos diversos grupos 
de interesse no processo decisório. Cabe, então, ao conjunto de atores que 
tomam as decisões garantir o bem-estar da população, embora devamos 
considerar que muitas vezes essas finalidades são conflituosas entre os 
grupos de poder.
No mundo atual, é função predominantemente estatal a definição 
das políticas públicas de saúde, uma vez que “a função de proteger e 
promover a saúde e o bem-estar dos cidadãos é uma das mais importantes 
do Estado moderno [...]” (ROSEN, 1994). Com isso, cabe a ele a escolha das 
ações prioritárias para atender às necessidades de saúde da população. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) define a política de saúde como:
Um posicionamento ou um procedimento estabelecido por instituições 
oficiais competentes, notadamente governamentais, que definem as 
prioridades e os parâmetros de ação em resposta às necessidades de 
saúde, aos recursos disponíveis e a outras pressões políticas (WHO, 
1998 p. 10, grifo nosso, tradução nossa).
PARA SABER MAIS!
Para saber mais sobre os conceitos que envolvem a política 
pública, sugerimos a leitura do texto "Introdução à Teoria 
da Política Pública", de Enrique Saravia. 
A Análise de Situação de Saúde (Asis) é uma ferramenta que auxilia 
os gestores e profissionais de saúde na tomada de decisões, e isso inclui a 
racionalização para elencar prioridades, uma vez que fornece informações 
relevantes sobre as necessidades de saúde da população e sobre a oferta 
de serviços. Ela pode, então, ser entendida como um dos instrumentos 
que fornece informações e conhecimentos científicos em um movimento 
que gera ação, propiciando aos gestores que definam políticas baseadas 
48
Fonte: DUARTE, E. C.; MORAIS NETO, O. L. Introdução à Análise de Situação de Saúde. In: BRASIL. 
Ministério da Saúde. Asis - Análise de Situação de Saúde. v. 1. Brasília, DF: Ministério da 
Saúde, 2015. p. 10. 
Contudo, para cumprir seu papel de proteção social a política de saúde 
deve se integrar a diversos setores e atores sociais, como gestores e atores 
políticos governamentais e empresas, a indivíduos e grupos comunitários, 
ou ainda a consumidores e prestadores de serviço (FLEURY; OUVERNEY, 
2012). Se a Asis oferece uma racionalidade técnica para o estabelecimento 
de prioridades na política de saúde, é verdade também que as prioridades 
emergem a partir do poder político dos diferentes setores sociais e de sua 
capacidade de influenciar as decisões por dentro do sistema político.
O estabelecimento de prioridades orientado a criar um conjunto de 
intervenções favoráveis recomendadas é uma parte essencial da formulação 
de políticas inspiradas em evidências científicas; entretanto, é só o começo 
do processo. As recomendações devem estimular a aceitação de dirigentes 
ou políticos que tomam as decisões (OMS, 2016).
Em resumo, a racionalidade técnica não é o único critério para se 
estabelecer prioridades em uma política pública, apesar de ser um elemento 
essencial, pois fornece informações relevantes sobre o objeto de determinada 
política. Diversos interesses entram em cena no momento da definição das 
em evidências (DUARTE; MORAIS NETO, 2015). Veja na figura 10 o ciclo da 
produção de evidências e respostas.
Figura 10 - Tomada de decisão baseada em evidências: ciclo da produção de evidências e 
 respostas.
Disseminação oportuna (em 
tempo, espaço, linguagem) do 
conhecimento
Formulação e implementação de 
respostas informadas pelas 
evidências
Adequados Sistemas de Informação 
e de Monitoramento
Interpretação da informação 
produzida = conhecimento
Análise: Análise da Situação de 
Saúde, Vigilância e Avaliação em 
Saúde, Pesquisas
Outras fontes de 
influência atuando 
continuamente (a favor 
ou contra): valores, 
capacidade institucional, 
sustentabilidade política, 
técnica e financeira entre 
outras
49
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
políticas que devem ser implementadas em determinado local.
Na área da saúde, podemos visualizar alguns exemplos onde a 
racionalidade técnica não consegue influenciar diretamente uma política 
pública. Quando um bairro pobre e carente de equipamentos sociais poderia 
receber uma Unidade Básica de Saúde e o gestor opta por comprar mais 
uma ambulância; ou quando a contratação de profissionais de saúde não 
segue um critério técnico.
Contudo, longe de diminuir a importância da Asis para a definição de 
políticas públicas de saúde, pretendemos mostrar que, sem uma racionalidade 
técnica, é possível que as decisões sejam sempre tomadas por critérios e 
interesses diversos, muitas vezes conflitantes com a necessidade real da 
população. Além disso, para entrar na agenda governamental, é fundamental 
que um determinado problema seja bem definido, pois, sem isso, diminuem 
as chances de sua resolução por meio de uma política pública.
Como citado anteriormente, para a OMS a política pública de saúde é 
responsável por definir as prioridades e os parâmetros de ação em resposta 
às necessidades de saúde. Ou seja, antes de definirmos as ações, precisamos 
identificar as reais necessidades de saúde da população. Mas o que são 
necessidades de saúde? Como identificar essas necessidades?
As necessidades de saúde são um conceito relativo, pois dependem 
de quem as define. Envolve diferentes aspectos da vida dos indivíduos e 
coletividades, tais como cultura, política, economia, entre outros fatores.
Necessidade pode ser entendida como um distúrbio da saúde ou do 
bem-estar, que tem potencial para gerar uma demanda ao sistema de saúde. 
A necessidade pode ser percebida pelo paciente ou pode ser identificada por 
profissionais de saúde (nesse caso, pode ser chamada de necessidade clínica). 
De outra forma, pode ser vista como uma diferença entre a situação real de 
Você já vivenciou uma situação onde a 
racionalidade técnica foi ignorada e a tomada 
de decisão foi influenciada por outros fatores? 
Como isso ocorreu? Reflita sobre como e por 
que essa situação ocorreu.
50
saúde, no momento em que é examinada, e a situação ideal (PEREIRA, 1995).
Você pode acompanhar na figura 11 um fluxograma que indica as 
relações entre necessidades, demanda e utilização dos serviços de saúde, 
de forma que essa relação poderá ter um impacto positivo ou negativo 
na saúde. As caixas em vermelho indicam as necessidades de saúde dos 
indivíduos, que podem ser por uma alteração percebida no seu estado de 
saúde ou por uma vontade de manter-se saudável (por meio de atitudes 
preventivas, por exemplo).
Figura 11 - Relações entre as necessidades de saúde e o processo de atendimento.
Fonte: Adaptado de: PEREIRA, M. G. Epidemiologia: Teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 1995.
São as necessidades que fazem com que os sujeitos busquem 
atendimento, e esse movimento de busca é chamado de demanda. As 
demandas, por sua vez, geram a utilização dos serviços de saúde pelas pessoas 
ou, pelo menos, a tentativa de uso. Isso porque a utilização depende, entre 
outras coisas, de como são ofertados esses serviços.
Percepção de 
alterações na
saúde
Desejo de manter a
saúde e prevenir a
doença
Demanda por
atendimento
Utilização de
serviços de saúde
Impacto na saúde
atual ou futura
Decisões políticas e
disponibilidade de
recursos
Técnicas de
planejamento e
gerência de serviços
Oferta de serviços
51
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Você já vivenciou uma situação onde a 
sua demanda de saúde (ou de uma pessoa 
conhecida) não foi atendida? Por qual motivo 
a demanda não foi atendida?
A demanda pode ser atendida quando o 
sujeito consegue acesso ao serviço de saúde 
e realiza sua consulta, exame, ou consegue 
pegar preservativos na unidade, por exemplo. 
Ou a demanda pode ser reprimida, quando as 
pessoas enfrentam filas e não conseguem as 
“fichas” de atendimento, quando ficam meses 
no aguardo para a realização de um exame, ou 
simplesmente não conseguem medicamentos 
na sua unidade.
Em ambassituações, as necessidades de 
saúde foram identificadas e se tornaram 
demandas, uma vez que geraram o movimento 
das pessoas em busca de atendimento nos 
serviços disponíveis. Dessa forma, os serviços 
de saúde disponíveis deveriam cumprir o seu 
papel de atender à população e de serem 
resolutivos, ou seja, deveriam resolver os 
problemas de saúde das pessoas. 
Para ofertar serviços que busquem manter ou melhorar o nível de 
saúde da população de acordo com suas necessidades, é indispensável 
conhecer o seu perfil de morbidade. Mas também, existem outros fatores 
que determinam a oferta de serviços, pois, como já vimos, muitos interesses 
são diversos no jogo político, o que gera pressão sobre como os serviços 
serão ofertados.
O diagrama das relações entre as necessidades de saúde e o processo 
de atendimento mostra que a oferta de serviços depende da decisão política 
e dos recursos disponíveis e de como são planejados e geridos os serviços. 
52
Esses determinantes, por sua vez, sofrem influência de diversos setores 
da sociedade. O sistema de saúde brasileiro, por exemplo, que tem como 
fundamento a universalidade, também abriga a livre iniciativa de empresas de 
saúde. Isso faz com que a oferta de serviços seja dada de diferentes maneiras.
Há no Brasil uma forte concentração na oferta de serviços em 
centros urbanos, sobretudo no Sudeste do país. Esses locais apresentam 
uma concentração de clientes potenciais e, sobretudo, entre aqueles que 
podem pagar pelos serviços (diretamente ou por meio de seguros de saúde 
privados). A figura 12 ilustra essa situação: no mapa à esquerda podemos 
ver áreas mais claras, que concentram um número maior de mamógrafos, 
correspondendo principalmente aos estados do Sul e Sudeste. No mapa da 
direita, as áreas claras correspondem a uma proporção maior de usuárias 
que não precisam se deslocar para outras regiões de saúde para realizar o 
exame. As regiões Norte e Nordeste apresentam uma proporção maior de 
mulheres (azul mais escuro) que precisam se deslocar para realizar suas 
mamografias. A oferta de serviços diminuída nessas áreas pode dificultar o 
acesso aos procedimentos. 
Figura 12 - Distribuição de mamógrafos por habitantes e mamografias 
 realizadas fora da região de saúde de residência. Brasil, 2015.
Mamógrafos por habitantes (por 100 mil Hab.)
Fonte: CNES
(87)
(89)
3,29
2,63
1,93
1,17
(86)
(89)
(87)
0 500 km0 500 km
Distribuição de mamógrafos 
Mamógrafos real. fora da RS de Resid. (%)
Fonte: SIA-SUS
(55)
(116)
50
25
10
0
(75)
(192)
(0)
Mamogra�as realizadas
53
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Mamógrafos por habitantes (por 100 mil Hab.)
Fonte: CNES
(87)
(89)
3,29
2,63
1,93
1,17
(86)
(89)
(87)
0 500 km0 500 km
Distribuição de mamógrafos 
Mamógrafos real. fora da RS de Resid. (%)
Fonte: SIA-SUS
(55)
(116)
50
25
10
0
(75)
(192)
(0)
Mamogra�as realizadas
Fonte: PROADESS. Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde. 
 Mapas temáticos. 2017. Disponível em: .
Por outro lado, houve uma forte expansão da interiorização de serviços 
de saúde, como é o caso da Estratégia de Saúde da Família, que possibilitou 
o acesso aos serviços primários de saúde a uma parcela importante da 
população do interior do país, incluindo a população rural. Veja na figura 13 
que a cobertura da Estratégia de Saúde da Família é maior nas regiões Norte 
e Nordeste. Essa é uma importante política pública que visa à ampliação 
do acesso a uma população com acesso limitado aos serviços de saúde. 
Aqui, a política implementada pode corrigir desigualdades, promovendo a 
equidade do acesso. 
54
Figura 13 - Cobertura da Estratégia de Saúde da Família por Regiões de
 Saúde. Brasil, 2010.
Fonte: PROADESS. Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde. 
 Mapas temáticos. 2017. Disponível em: .
Os dois exemplos mostram que a oferta de serviços pode seguir 
diferentes lógicas, no primeiro caso a iniciativa privada segue a lógica do 
mercado e, no segundo caso, uma política pública foi desenhada para atender 
às necessidades de uma população que vivenciava dificuldade no acesso aos 
serviços de saúde.
É indispensável, portanto, que as técnicas de planejamento sejam 
utilizadas para organizar a oferta de serviços e orientar suas ações para 
satisfazer as necessidades da sociedade. Com isso, busca-se melhorar a 
oferta, de forma a equilibrá-la com a demanda pelos serviços. Não se deve, 
portanto, perder de vista que a finalidade última de um sistema de saúde é 
melhorar a saúde e promover o bem-estar da população.
Cobertura pela Estratégia Saúde da Família (%)
(72)
(170)
90
80
60
40
(99)
(50)
(47)
0 500 km
55
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
PARA SABER MAIS!
Você faz parte de uma equipe de gestores que deve escolher 
em qual localidade deverá ser implantado um serviço de 
saúde. Considerando a escassez de recursos, qual das 
populações abaixo seria beneficiada?
a) A população de um local com precárias condições 
sanitárias, piores condições socioeconômicas, elevado 
número de doenças infectocontagiosas e mortalidade 
precoce por doenças cardiovasculares. 
Ou
b) Uma população com condições de habitação e de 
saneamento mais favoráveis, maior nível de emprego, 
renda e escolaridade. População mais idosa e, com isso, 
predominância das doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT).
Temos exemplos de breves análises de situação de saúde de duas 
populações distintas. Elas devem ter diferentes necessidades de saúde, o que 
nos permite imaginar que os serviços a serem oferecidos devem considerar 
esses perfis. A oferta do serviço em questão deverá considerar quem está 
implantando o serviço. Se estamos falando de gestores da iniciativa privada 
que não tenha vínculo com o SUS e cujo objetivo é a lucratividade, é provável 
que a escolha fosse a implantação de um serviço na localidade B. Já se a 
oferta for pela administração pública, que tem como um dos seus objetivos 
a equidade, seria mais justo se a unidade de saúde fosse implantada na 
localidade A. 
Observe que a tomada de decisão em saúde é um fenômeno complexo 
e depende de diversos fatores, sendo que alguns deles fogem da nossa 
capacidade de decisão. Mas no nosso cotidiano, podemos planejar ações com 
base em evidências, a partir das informações que possuímos, e aqui a Asis é 
uma ferramenta potente para priorizar as ações e racionalizar as decisões.
Além das informações de morbidade e mortalidade, os gestores e 
56
profissionais podem utilizar outros enfoques para construir a análise de 
situação. O enfoque de risco, por exemplo, auxilia na priorização de ações 
na área da saúde. Esse enfoque se baseia na diferença de probabilidade de 
adoecimento entre as pessoas e grupos populacionais. São as circunstâncias 
do ambiente ou características dos indivíduos, herdadas ou adquiridas, e 
que se associam à maior probabilidade de adoecimento, o que chamamos 
de “fatores de risco”.
Esse enfoque permite determinar prioridades em função das maiores 
necessidades de um grupo em relação a outro. Para que o enfoque de risco 
funcione, pelo menos duas condições devem ser preenchidas (PEREIRA, 1995):
Na próxima seção, discutiremos de forma mais aprofundada a 
importância de se identificar as desigualdades em saúde, os grupos que 
são mais vulneráveis e suscetíveis ao adoecimento, para então promover 
políticas de saúde mais equitativas.
Para compreender melhor a importância da Asis para entendimento 
dos determinantes sociais da saúde de uma população, vamos analisar o 
caso do município de Riacho Encantado:
Município Riacho Encantado
Riacho Encantado é um município de pequeno porte, que dispõe 
de uma população de 7.422 habitantes, área de 499,40 km² e densidade 
demográfica de 13,06 habitantes por km².
Desde que foi eleita, a atual gestão municipal de saúde tem tentado 
implantar ações desaúde para reduzir a prevalência das doenças mais comuns 
entre as crianças na idade escolar, evitando assim o número de faltas durante 
o ano letivo e melhorando o desempenho escolar.
Para isso, a secretária de Saúde do município, Ana Luiza, criou uma 
equipe para analisar os possíveis determinantes da saúde de crianças nesta 
a) Que o grau de risco possa ser medido.
b) Que o atendimento diferencial aos grupos de risco resulte em 
maior benefício às pessoas.
57
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
faixa etária.
Nessa perspectiva, o grupo formado juntamente com as equipes da 
Estratégia Saúde Família (ESF) fez um levantamento de informações sobre as 
condições de vida e de saúde dessa população. E após realizar o levantamento 
dos dados, Ana Luiza e sua equipe obtiveram os seguintes resultados: 
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Riacho Encantado 
é 0,51 e o índice de Gini é de 0,629. Atualmente, 75,1% de sua população 
vive abaixo da linha da pobreza (população vivendo com renda domiciliar 
per capita inferior a R$ 140,00).
Ao analisar as doenças mais comuns no público-alvo, verificou-se 
maiores prevalências de parasitose intestinal (42%), seguida da anemia 
ferropriva (11%) e doenças respiratórias (4%). Em relação às características 
demográficas e socioeconômicas dessas crianças, observou-se que a maioria 
é do sexo masculino (58%) e que 72,5% foram declaradas como pretas, pardas 
ou mulatas pelos pais. Além disso, entre todas as crianças com idade escolar 
do município apenas 71,8% estão matriculadas no ensino fundamental. 
Outro aspecto observado foi que a maioria dos responsáveis das crianças 
apresenta escolaridade até o ensino fundamental (63%, pais, e 78%, mães). 
Em relação às suas condições de moradia, observou-se a presença de 
rede de água e esgoto em apenas 46% dos domicílios. Também vale ressaltar 
que aproximadamente 38% das residências não possuíam filtros e faziam 
uso de água não tratada para o consumo. 
A equipe, ao analisar o acesso a equipamentos sociais, observou que 
93,3% das famílias informaram ter supermercados, mercearias ou feiras livres 
próximo às suas residências, 51% frequentam algum centro religioso, sendo 
a maioria católica (88,5%), e 10% das mães afirmam frequentar a associação 
de moradores, embora 56,4% das famílias tenham afirmado dificuldades 
no acesso a espaços de lazer. Outro aspecto citado pelos moradores foi o 
baixo acesso às unidades de saúde por terem dificuldades para a marcação 
de consultas. 
E por fim, ao analisar o acesso à informação a equipe observou que a 
proporção de moradores com acesso à televisão é de 89%, a telefone celular 
é de 76,1% e a computador com internet é de 3,2%. 
Imagine que você faz parte do grupo que está analisando os dados 
58
do município de Riacho Encantado. Utilizando como fio condutor o modelo 
proposto por Dahlgren e Whitehead (figura 14), reflita:
3.2 Desigualdades em saúde
Como seriam organizados os determinantes socais da saúde dessas 
crianças?
A expectativa de vida para quem nasce em um 
país da África pode ser 30 anos menor que a 
expectativa de vida de um bebê que nasce na 
Europa. A taxa de mortalidade por doenças 
cardiovasculares entre negros pode ser 50% 
maior que a de brancos, como acontece nos 
Estados Unidos. A taxa de mortalidade infantil 
(TMI) pode ser quase o dobro na Região Norte 
do Brasil em relação à encontrada no Sul do 
país. As disparidades em saúde podem ser 
encontradas também dentro de uma mesma 
cidade, onde a expectativa de vida pode variar 
mais de 20 anos entre áreas mais pobres e 
áreas com população mais rica (MARMOT, 
2007; CDC, 2013; BRASIL, 2014).
Você já parou para pensar sobre essas 
diferenças nos resultados de saúde entre as 
populações? Quais seriam as causas para essas 
disparidades?
Difícil imaginar que essas diferenças em saúde se deem unicamente 
por herança genética, por questões estritamente biológicas. De fato, não 
está no âmbito biológico a resposta para a mortalidade infantil no Norte 
do país ser maior do que no Sul. Afinal, a mortalidade infantil vem sendo 
drasticamente reduzida no país nas últimas décadas como resultado de 
diversas melhorias nas condições de vida na população. O Nordeste brasileiro, 
que sempre sustentou a maior TMI no Brasil, deu lugar à região Norte como 
59
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
líder em mortes infantis. 
Aqui estão algumas pistas para desmistificarmos que as diferenças de 
saúde apresentadas são devidas unicamente a uma fragilidade genética ou 
fisiológica de uma população em relação à outra. Com esse exemplo, você pode 
observar que o padrão da expectativa de vida, ou das taxas de mortalidade, 
segue na direção de penalizar os grupos socialmente mais vulneráveis. As 
desigualdades de saúde, assim apresentadas, são socialmente construídas a 
partir das relações humanas e entre o homem e o meio em que vive.
Essas diferenças entre os grupos populacionais, determinadas entre 
outras coisas pela posição geográfica, pela cor da pele e/ou pela renda das 
pessoas e famílias, “têm origem em grande parte devido às condições nas quais 
as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem” (CDSS, 2010).
Quando as diferenças em saúde são sistemáticas, socialmente produzidas 
e injustas (e, portanto, modificáveis), são denominadas iniquidades em saúde. 
As iniquidades são geradas a partir da distribuição desigual dos fatores que 
determinam a saúde da população, tais como renda, educação, emprego, 
moradia, lazer e meio ambiente (WHITEHEAD; DAHLGREN, 2006). Portanto, 
descortinam-se as razões para as diferenças de saúde entre as populações 
que foram apresentadas no início desta seção.
O interesse em investigar as desigualdades em saúde vem crescendo 
nas últimas décadas, juntamente com o aumento dessas desigualdades em 
boa parte do mundo. O reflexo da preocupação com o tema pode ser visto 
na criação da Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde dentro da 
Organização Mundial da Saúde em 2005, e aqui no Brasil, com a instituição 
de uma comissão nacional com objetivos similares.
Como objetivos gerais, a Comissão da OMS buscava consolidar as 
evidências científicas produzidas sobre tema e promover um movimento 
global para alcançar a igualdade na saúde. Se por um lado o movimento ainda 
não conseguiu impulsionar a redução das desigualdades, por outro mostrou 
que as evidências sobre a determinação social da saúde são convincentes e 
em um volume que deveria mobilizar os gestores e políticos para a equidade 
em saúde.
Dahlgren e Whitehead propuseram um modelo teórico que auxilia na 
explicação da determinação social. O esquema apresenta os diferentes níveis 
60
de determinação social, desde a camada mais externa, onde visualizamos 
as condições socioeconômicas, culturais e ambientais gerais, até a mais 
proximal ao indivíduo, correspondendo aos fatores hereditários e outras 
características pessoais, como idade e sexo. Veja na figura 14 esse modelo 
de determinação social da saúde.
Esse modelo de determinação considera os diversos fatores que 
contribuem para a saúde dos indivíduos e das populações. Na camada mais 
externa da figura 14, as condições socioeconômicas atuariam sobre a saúde 
da população de forma que os níveis de renda e de riqueza determinariam 
melhor ou pior saúde. Você pode observar um exemplo de como os diferentes 
níveis de riqueza podem gerar diferentes resultados em saúde no quadro 1.
MICAS, CULTURAIS 
CO
NDIÇ
ÕES SOCIOECONÔMICAS, CULTU
E AMBIENTAIS GERAIS
 
R
EDES S O C I A I S E C O M U N ITÁRIA
S
 
PRODUÇÃO
AGRÍCOLA E DE
ALIMENTOS
EDUCAÇÃO
AMBIENTE DE
TRABALHO
CONDIÇÕES
DE VIDA E 
DE TRABALHO
DESEMPREGO
ÁGUA E ESGOTO
SERVIÇOS
SOCIAIS
DE SAÚDE
HABITAÇÃO
ES
T L
D
Í
O
I O DE VIDA DOS IN IV DU
S
IDADE, SEXO 
E FATORES
HEREDITÁRIOS
Quadro 1 - Expectativa de vida masculina em diferentes países.
Figura 14 - Modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e 
Whitehead.
Fonte: DAHLGREN; WHITEHEAD apud SUCUPIRA et al., 2014.
PaísExpectativa de vida ao nascer
Reino Unido, Escócia, Glasgow (Calton)b 54
Índia 62
Estados Unidos, Washington DC 
(afroamericanos)c 
63
Filipinasa 64
61
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Lituâniaa 65
Brasila 68
Polôniaa 71
Méxicoa 72
Estados Unidosa 75
Cubaa 75
Reino Unidoa 77
Japãoa 79
Islândiaa 79
Estados Unidos, Condado de Montgomery 
(caucasianos)c 80
Reino Unido, Escócia, Glasgow (Lenzie N.)b 82 
a) Dados do país: 2005 dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007c); b) Dados 
recolhidos entre 1998 - 2002 (Hanlon, Walsh & Whyte, 2006); c) Dados recolhidos entre 1997 
- 2001 (Murray et al., 2006). 
Fonte: CDSS. Redução das desigualdades no período de uma geração. Igualdade na 
saúde através da acção sobre os seus determinantes sociais. Relatório Final 
da Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde. Portugal, Organização 
Mundial da Saúde, 2010. 
O quadro mostra as diferenças na expectativa de vida ao nascer 
entre os países e mesmo dentro deles (ver Reino Unido, Escócia, Glasgow e 
os Estados Unidos). Vemos que os países desenvolvidos apresentam maior 
expectativa de vida em relação aos países menos desenvolvidos (caso de 
Índia e Brasil). Mas essa diferença também aparece dentro dos países, onde 
as regiões mais ricas apresentam maior expectativa de vida do que as áreas 
mais pobres – Washington DC (afroamericanos) e Condado de Montgomery 
(caucasianos) nos Estados Unidos. A exceção é Cuba, que apesar de ser um 
país de renda baixa, possui características políticas peculiares, onde há oferta 
de saúde universal e um sistema de proteção social estatal.
No Brasil, a diferença de renda pode determinar maior ou menor 
mortalidade na infância, além das diferenças entre as regiões. Observamos 
que apesar da redução da mortalidade entre os anos de 1990 e 2005, as 
diferenças entre os 20% mais pobres (1º Quintil) e os 20% mais ricos (5º 
Quintil) ainda persistem, bem como as diferenças regionais. Veja no gráfico 
2 essas diferenças:
62
Gráfico 2 - Taxa de mortalidade na infância, por quintis de renda familiar per capita, segundo região. 
 Brasil, 1990/2000/2005.
Fonte: IBGE, 2005 apud CNDSS, 2008.
Gráfico 3 - Diferença das taxas de mortalidade infantil entre países e nos países, pela educação da mãe.
Fonte: CDSS. Redução das desigualdades no período de uma geração. Igualdade na saúde através da 
acção sobre os seus determinantes sociais. Relatório Final da Comissão para os Determinantes 
Sociais da Saúde. Portugal, Organização Mundial da Saúde, 2010.
As “Condições de vida e de trabalho” (figura 14) também determinam 
a saúde da população. Nesse nível, encontramos diferentes fatores, entre 
eles a educação. A situação de saúde pode ser bem distinta a depender de 
quantos anos de estudos o indivíduo possui. Além disso, a educação também 
influencia a saúde dos outros membros da família, como você pode verificar 
no gráfico 3.
Brasil Norte Nordeste Sudeste Centro-OesteSul
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
1990 1º Quintil
2000 1º Quintil
2005 1º Quintil
2000 5º Quintil
2005 5º Quintil
1990 5º Quintil
160
140
120
100
80
60
40
20
0Ta
xa
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Colômbia
Jordânia
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Egito
Indonésia
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Nepal
Gana
Bolívia
Haiti
Senegal
Bangladesh
Quénia
Congo
Camarões
Lesoto
Unganda
Cambodja
Maláui
Zâmbia
Níger
Ruanda
Nigéria
Chade
Guiné
Moçambique
Burkina Faso
República
 Unida da Ta
nzânia
Etiópia
Madagasca
r 
Zim
babué
República
 Dominica
na
Sem educação
Secundária ou mais elevada
Dados de Inquéritos Demográficos e de Saúde (IDS, s.d.) da STATcompiler. A linha escura contínua representa a taxa de mortalidade infantil média nos países; os pontos 
nas extremidades das barras indicam a taxa de mortalidade infantil para mães sem educação e mães com educação secundária ou mais elevada.
63
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
O gráfico 3 mostra que a mortalidade infantil sofre influência tanto 
do país em que é medida como da educação da mãe. No caso do Congo, a 
taxa pode variar de 60 óbitos infantis por mil nascidos vivos para mães com 
instrução até próximo a 140 mortes por mil nascidos vivos entre aquelas 
sem instrução.
O Brasil também apresenta diferenças importantes na escolaridade 
das mulheres, o que pode implicar piores condições de saúde da população. 
Observamos no gráfico 4 a diferença de escolaridade por região brasileira.
19,2
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
0,0
12,3
39,2
26,3
16,1
44,9
30,9
20,3
22,1 22,1
27,1
16,8
12,9
8,4 8,4 8,4
13,5
29,6
Brasil Norte Nordeste Sudeste Centro-OesteSul
1991
2000
2005
Gráfico 4 - Mulheres de 15 a 49 anos analfabetas funcionais (menos de 4 anos de estudo), segundo 
região. Brasil, 1991/2000/2005.
Fonte: IBGE, 2005 apud CNDSS, 2008.
64
Outro fator determinante da saúde da população é a oferta dos serviços 
de saúde, que podem ou não garantir o seu acesso para a resolução dos 
problemas de acordo com suas necessidades. Vimos na seção anterior, que há 
uma concentração de serviços e equipamentos de saúde em grandes centros 
urbanos, pois a lógica de mercado muitas vezes se sobrepõe à necessidade 
de saúde de uma parcela importante da população. 
Para reduzir as desigualdades em saúde, é importante que políticas 
públicas sejam desenhadas a fim de corrigir injustiças geradas pelos diversos 
fatores sociais e econômicos (como é o caso da Estratégia de Saúde da 
Imagine que na sua área de atuação, existem 
algumas famílias cujas mulheres não têm 
instrução. Elas têm idade fértil e algumas já 
estão grávidas. Sabendo que essas mulheres 
não costumam fazer suas consultas pré-natal, 
como garantir uma assistência adequada à 
mãe e ao bebê?
Retornamos à discussão do “enfoque de risco”, 
que foi tema do fim da seção anterior. Temos 
na situação acima famílias em situação de 
vulnerabilidade, e as evidências mostram que 
esses grupos têm maior risco de adoecimento 
e de mortalidade. Elas não podem receber o 
mesmo tratamento dado a famílias com alto 
grau de instrução e de renda, ao contrário, 
devem receber maior atenção das equipes de 
saúde. Certamente essas famílias deveriam 
receber visitas domiciliares, em vez de a 
equipe aguardá-las nos serviços, bem como 
receber maior atenção da gestão, a qual 
deve ser responsável por articular ações 
intersetoriais que garantam a cidadania e o 
bem-estar dessas pessoas.
65
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Família). As desigualdades na oferta de serviços geram dificuldades para o 
acesso da população que está sob maior risco de adoecimento.
Os gráficos 5 e 6 mostram como a oferta de serviços deve se basear 
nas necessidades de saúde, ou pelo menos se guiar no enfoque de risco, 
para possibilitar um acesso adequado aos que mais precisam dos serviços 
e corrigir desigualdades em saúde.
 Podemos observar no Gráfico 5 que as mulheres com menos escolaridade 
acessam menos os serviços para a realização de exames preventivos do colo 
do útero. Destacamos que a mortalidade para o câncer do colo do útero é 
maior em mulheres com esse perfil, uma vez que costumam ser diagnosticadas 
tardiamente.
O gráfico 6 mostra que quanto menor a escolaridade (sem instrução e 
fundamental incompleto), menor a proporção de mulheres com sete e mais 
consultas de pré-natal. É importante para gestores e profissionais de saúde 
utilizarem essas informações para direcionar as ações para grupos prioritários, 
com o intuito de diminuir ou eliminar as desigualdades em saúde.
Gráfico 5 - Proporção (%) de mulheres de 25 anos ou mais de idade que realizaram, alguma vez, exame 
 preventivo para câncer de colo uterino, por anos de estudo. Brasil, 2003.
Fonte: IBGE, 2005 apud CNDSS, 2008.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
%
55,8
72,6
81,5
87,0 87,9
93,193,1
Sem instrução
e menos de
1 ano
1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 10 anos 11 a 14 anos 15 ou mais
Anos de estudo
66
Além dosdeterminantes discutidos até aqui, outros fatores influenciam 
a saúde da população. O ambiente de trabalho, por exemplo, pode ser um 
estressor para os trabalhadores e gerar diversos problemas de saúde, com 
destaque para os problemas mentais. O ambiente de trabalho também está 
relacionado com o surgimento de doenças cardiovasculares, podendo causar 
morte precoce por infarto ou acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo.
Da mesma forma, o ambiente onde as pessoas residem pode influenciar 
o adoecimento e a morte precoce. Esse efeito sobre a vida das pessoas 
acompanha os sujeitos por vários anos, mesmo após terem mudado para 
lugares mais ricos. A diferença da expectativa de vida em algumas cidades 
pode superar os 20 anos dependendo da região da cidade onde se vive 
(MARMOT, 2016). Uma das ações para se reduzir as desigualdades com 
relação à habitação é combater a segregação residencial, que empurra a 
população mais pobre para a periferia das cidades, com menos infraestrutura 
para oferecer bem-estar à população.
Seguindo os níveis causais apresentados no modelo de determinação 
social da saúde, proposto por Dahlgren e Whitehead (figura 14), observamos 
que as “Redes sociais e comunitárias” são determinantes da saúde. De fato, 
quando há maior coesão social, envolvendo familiares, amigos e vizinhos, 
há melhores resultados em saúde. Esse apoio é importante para a redução 
Gráfico 6 - Proporção de nascidos vivos, segundo número de consultas pré-natal, por escolaridade da 
 mãe. Brasil, 2014*.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2015/2016: uma análise da situação de saúde e da 
 epidemia pelo vírus Zika e por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Brasília, DF: 
 Ministério da Saúde, 2016a. 386 p.
*Foram excluídos desta tabela 2,8% dos registros que possuíam número de consultas não informados ou 
ignorados. Não foram apresentados os registros sem informação ou com informação ignorada de nível de 
instrução (2,1% dos registros).
Nº de consultas
Escolaridade ciclos/séries
Sem instrução
e fundamental
incompleto
Fundamental
completo 
e médio
incompleto
Médio 
completo
e superior
incompleto
Superior
Completo Total
Nenhuma 
consulta 1,2 0,5 0,4 0,1 0,6
1-3 consultas 12,5 6,6 4,5 1,5 6,9
4-6 consultas 33,9 27,7 23,3 11,6 26,1
7 e + consultas 52,4 65,1 71,9 86,9 66,4
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
67
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
da vulnerabilidade e risco de adoecimento, mas também para a reabilitação 
das doenças já instaladas.
Por fim, apresentaremos a camada imediatamente acima dos 
fatores mais proximais, tais como a herança genética, sexo e idade. São os 
“estilos de vida dos indivíduos”, que determinam o surgimento de diversas 
patologias. Interessante destacar que o estilo de vida dos indivíduos também 
é determinado por outros fatores. Não é difícil imaginar que o tabagismo, o 
consumo de álcool, a má alimentação e o sedentarismo são afetados por outras 
condições sociais. Além disso, dependendo das condições socioeconômicas 
dos indivíduos, o efeito desses fatores de risco pode ser ainda mais deletério, 
com prejuízo à população mais pobre.
O hábito de fumar tem vários efeitos nocivos sobre a saúde, e o 
consumo diário aumenta o risco de doença isquêmica do coração e AVC em 
2-4 vezes e o risco de câncer de pulmão e doença obstrutiva pulmonar em 
15-20 vezes (DIDERICHSEN et al., 2012). Veja no gráfico 7 as informações sobre 
o uso do tabaco em diferentes grupos populacionais, com maior prevalência 
entre homens e pessoas com baixa escolaridade.
40,0
0,0
%
To
ta
l
Ho
m
em
M
ul
he
r
Br
an
ca
Pr
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a
Pa
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De
 1
8 
a 
24
 a
no
s
De
 2
5 
a 
39
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no
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De
 4
0 
a 
59
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De
 6
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s
15,0
19,2
11,2 10,7
13,2 13,3 13,1
17,8
16,4
20,2
10,4 8,8
16,6
19,4
Intervalo de confiança
Gráfico 7 - Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade usuárias atuais de produtos derivados do 
tabaco, com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo o sexo, os grupos de idade, 
a cor ou raça e o nível de instrução. Brasil, 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 
2013: Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e 
Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. 
68
Por ser um importante fator de proteção para a saúde, a prática de 
atividade física é objeto de investigação frequente em pesquisas e inquéritos. 
O padrão dos grupos de atividade modifica de acordo com o domínio (se é 
realizada no período de lazer, no trabalho, no deslocamento para o trabalho 
ou em atividades domésticas), e é mais frequente entre pessoas de maior 
É importante destacar que há uma interação entre o tabagismo e 
muitos outros fatores de risco para doença cardiovascular e câncer, os quais 
também são socialmente influenciados. Isso traz implicações no impacto do 
tabagismo, que se torna maior para os grupos sociais menos favorecidos.
Outro fator de risco importante para a saúde da população, e que 
também foi objeto da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2013, é o 
consumo de álcool. O consumo de álcool implica em risco para várias doenças, 
como cirrose hepática, câncer, doenças gastrointestinais, AVC, problemas 
psiquiátricos, assim como violências e acidentes. Acompanhe no gráfico 8 os 
padrões de consumo de álcool em diferentes grupos, com maior prevalência 
entre homens e em pessoas jovens e, curiosamente, entre indivíduos com 
maior escolaridade.
Gráfico 8 - Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que costumam consumir bebida 
alcoólica uma vez ou mais por semana, com indicação do intervalo de confiança de 95%, 
segundo o sexo, os grupos de idade, a cor ou raça e o nível de instrução. Brasil, 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 
2013: Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões 
e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2014.
50,0
0,0
%
To
ta
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Ho
m
em
M
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Pr
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De
 1
8 
a 
24
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no
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De
 2
5 
a 
39
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De
 4
0 
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59
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s
De
 6
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s
24,0
36,3
13,0
27,1 28,5
14,2
25,3 26,5
22,1
19,0
26,0
30,5
26,7
23,4
Intervalo de confiança
69
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
escolaridade quando é realizada durante as horas de lazer, ao passo que 
é mais comum entre grupos de baixa escolaridade quando a atividade é 
executada no trabalho. Veja no gráfico 9 as informações sobre a prática de 
atividade física por domínio.
11,7
23,6
28,8
37,6
17,3 17,4
12,2
4,7
33,9 34,5
31,0
24,8
10,9 12,7 13,9
10,7
45,0
0,0
%
Lazer Trabalho Deslocamento Atividades domésticas
Sem instrução e fudamental incompleto
Médio completo e superior incompleto
Fundamental completo e médio incompleto
Superior completo
Intervalo de confiança
Gráfico 9 - Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade fisicamente ativas, com indicação do 
 intervalo de confiança de 95%, por nível de instrução, segundo o domínio de atividade. 
 Brasil, 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 
2013: Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e 
Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. 
A atividade física é fator de proteção para diversos tipos de câncer, ao 
passo que osedentarismo é reconhecidamente fator de risco para doença 
cardiovascular, obesidade e diabetes tipo 2.
Por fim, destacamos ainda outro fator de risco relevante, que é a má 
alimentação. A dieta altera o risco para doença cardiovascular, sobrepeso 
e diabetes, assim como diversos tipos de câncer, como oral, garganta, 
esofágico, de estômago, retal assim como câncer de mama. Os gráficos 10 
e 11 apresentam as diferenças na proporção de pessoas com alimentação 
inadequada. Você pode verificar no gráfico 10 que em relação ao consumo 
recomendado de frutas e hortaliças, quanto maior a escolaridade, maior a 
proporção de pessoas que consomem a dieta recomendada. A proporção 
de pessoas brancas com dieta de frutas e hortaliças adequada é maior do 
que a de pretos e pardos. 
70
Gráfico 10 - Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade com consumo recomendado de 
 hortaliças e frutas, com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo o sexo, os 
 grupos de idade, a cor ou raça e o nível de instrução. Brasil, 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 
 2013: Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões 
 e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. 
O gráfico 11 mostra que o consumo de proteínas com excesso de 
gordura é maior entre os menos escolarizados e entre homens. Percebe-se 
que, além dos demais determinantes que afetam a saúde da população com 
menor status socioeconômico, os fatores de risco se tornam mais um ônus 
para a saúde dos grupos mais vulneráveis.
100,0
0,0
%
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 2
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s
37,3 34,8
39,4 33,7 35,9 40,1 38,7 35,835,9 33,0
39,9
45,9
35,438,7
Intervalo de confiança
71
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
100,0
0,0
%
To
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M
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37,3
47,2
28,3
39,9 41,0
28,2
35,9 38,239,7 40,0
35,4
26,7
42,2
37,0
Intervalo de confiança
Gráfico 11 - Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que consomem carne ou frango com 
excesso de gordura, com indicação do intervalo de confiança de 95%, segundo o sexo, os 
grupos de idade, a cor ou raça e o nível de instrução. Brasil, 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 
2013: Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, grandes regiões e 
Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. 
Percebemos, então, que vários são os determinantes da saúde. Muitos 
deles estão além das características pessoais de herança genética e outros 
fatores biológicos. Os determinantes sociais da saúde (DSS) são distribuídos 
desigualmente na sociedade, gerando o que se chama de iniquidade em saúde.
Os DSS devem, portanto, fazer parte da Asis, com vistas a contemplar 
os grupos populacionais mais vulneráveis e gerar políticas públicas que 
reduzam as desigualdades, promovendo justiça e bem-estar à população.
RETOMANDO O CASO DO MUNICÍPIO DE RIACHO ENCANTADO
Retomando a organização dos determinantes sociais da saúde das 
crianças em idade escolar do município de Riacho Encantado e utilizando 
como fio condutor o modelo proposto por Dahlgren e Whitehead, temos a 
seguinte organização segundo as camadas do modelo, conforme figura 15 
(SUCUPIRA et al, 2014; BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007):
72
Figura 15 - Organização dos DSS das crianças em idade escolar do município de Riacho Encantado 
segundo modelo proposto por Dahlgren e Whitehead.
Nível 1 - Idade, sexo e fatores hereditários
Nível 2 - Estilo de vida dos indivíduos
Nível 3 - Redes sociais e comunitárias 
• Na base do modelo de Dahlgren e Whitehead estão os indivíduos 
com suas características individuais que influenciam o modo de viver 
e adoecer (SUCUPIRA et al., 2014). 
• No caso do Município de Riacho Encantado entre as crianças em 
idade escolar a maioria são do sexo masculino e com cor da pele 
preta, parda ou mulata.
• No segundo nível está o estilo de vida, o qual é uma camada situada 
no limiar entre os fatores individuais e os DSS. Os comportamentos – 
muitas vezes entendidos apenas como de responsabilidade individual, 
dependentes de opções feitas pelo livre arbítrio das pessoas – na 
realidade podem também ser considerados parte dos DSS, já que essas 
opções estão fortemente condicionadas por determinantes sociais, 
como informações, propaganda, pressão dos pares, possibilidades de 
acesso a alimentos saudáveis e espaços de lazer (BUSS & PELLEGRINI 
FILHO, 2007). 
• No caso de Riacho Encantado, muitas famílias afirmaram não ter 
acesso a espaços de lazer, o que pode prejudicar a prática de atividade 
física. Além disso, muitas famílias afirmaram ter facilidade de acesso 
à informação por meio televisivo.
• O terceiro nível destaca a influência das redes comunitárias e de 
apoio cuja maior ou menor riqueza expressa o nível de coesão social, 
que é de fundamental importância para a saúde da sociedade como 
um todo (BUSS & PELLEGRINI FILHO, 2007). Os laços familiares e 
religiosos formam importantes núcleos de apoio, pois a frequência a 
esses espaços públicos constituem-se em mecanismos de socialização 
e acesso às informações. A participação em grupos de igreja, grupos 
de esporte, organizações fraternais e uniões trabalhistas é um dos 
componentes mais fortemente relacionado à qualidade de vida e à 
saúde (SUCUPIRA et al., 2014). 
• Em Riacho Encantado, a maioria das famílias frequenta algum centro 
religioso, e, em menor proporção, a associação de moradores.
73
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Nível 4 - Condições de vida e trabalho 
Nível 5 - Condições socioeconômicas, culturais e 
ambientais gerais
• No quarto nível estão representados os fatores relacionados às 
condições de vida e de trabalho, disponibilidade de alimentos e acesso 
a ambientes e serviços essenciais, como saúde e educação, indicando 
que as pessoas em desvantagem social correm um risco diferenciado, 
criado por condições habitacionais mais humildes, exposição a condições 
mais perigosas ou estressantes de trabalho e acesso menor aos serviços 
(BUSS & PELLEGRINI FILHO, 2007). 
• No município de Riacho Encantado as características dos domicílios 
refletem condições sanitárias precárias com dificuldades de acesso 
à rede de água e esgoto e baixo consumo de água potável. Chama 
atenção a baixa escolaridade dos pais dessas crianças. Além disso, a 
baixa escolaridade dos pais tem grande repercussão no perfil escolar 
das crianças, as quais apenas 71,8% estão matriculadas no ensino 
fundamental. A utilização dos serviços de saúde é, em grande parte, 
determinada pela disponibilidade dos serviços oferecidos. Em Riacho 
Encantado muitos moradores relataram dificuldades na marcação 
de consultas nas unidades de saúde municipais. E em relação à 
disponibilidade de alimentos, a maioria das famílias afirmou ter fácil 
acesso a supermercados, mercearias e feiras livres.
• No último nível estão situados os macrodeterminantes relacionados 
às condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade e 
que possuem grande influência sobre as demais camadas (BUSS & 
PELLEGRINI FILHO, 2007). 
• Em Riacho Encantado foi possível observar um baixo IDH e um 
baixo índice de Gini.Além disso, um alto percentual da população do 
município vive abaixo da linha da pobreza. Destaca-se também neste 
nível que a maioria das famílias do município são de religião católica.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2016, as doenças infeciosas e 
parasitárias representaram a sexta causa de morbidade no país, totalizando 
831 mil internações, o que corresponde a 7,36% da morbidade hospitalar 
no período (DATASUS, 2017a).
A partir dessa análise, quais determinantes sociais da saúde 
apresentados poderiam estar relacionados à alta prevalência 
das doenças parasitárias entre as crianças escolares de Riacho 
Encantado?
74
Os efeitos patogênicos causados pelas infecções parasitárias exercem 
importante influência sobre o estado nutricional, o crescimento e a função 
cognitiva, principalmente nas fases precoces da vida (FERREIRA et al., 2004), 
ocasionando quadros de má-absorção, diarreia crônica, anemia, desnutrição, 
dores abdominais, dificuldade de aprendizado e concentração, atraso no 
crescimento e baixo rendimento escolar (CASTRO et al., 2005; PITTNER et 
al., 2007).
A prevalência de infecções por parasitos intestinais é um dos melhores 
indicadores do status socioeconômico de uma população e pode estar 
associada a diversos determinantes, como instalações sanitárias inadequadas, 
poluição fecal da água e de alimentos consumidos, fatores socioculturais, 
baixa escolaridade dos pais, contato com animais, ausência de saneamento 
básico, além da idade do hospedeiro e do tipo de parasito infectante (ASTAL, 
2004; GAMBOA et al., 2003).
PARA SABER MAIS!
Para aprofundar seu conhecimento sobre iniquidades em 
saúde, sugerimos a leitura dos seguintes relatórios:
• As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil - 
Relatório final da Comissão Nacional sobre Determinantes 
Sociais da Saúde (CNDSS).
• Redução das desigualdades no período de uma geração: 
igualdade na saúde através da ação sobre os seus 
determinantes sociais - Relatório final da Comissão para 
os Determinantes Sociais da Saúde.
Você pode acessar também o site Determinantes Sociais da 
Saúde: portal e observatório sobre iniquidades em saúde. 
75
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
3.3 A carga global de doenças no Brasil
Historicamente, as medidas de mortalidade e, posteriormente de 
morbidade, foram as mais utilizadas para a compreensão do processo saúde-
doença. As explicações para o uso predominante das “medidas de doenças” 
resultam do fato de que os sistemas de saúde estão voltados, prioritariamente, 
para o diagnóstico e tratamento de agravos à saúde e, portanto, os registros 
obtidos no cotidiano dos serviços estão relacionados a doenças e óbitos.
Com a ampliação do conceito de saúde, tal como concebido pela 
OMS – a qual considera a saúde como o estado de completo bem-estar 
físico, mental e social –, outros atributos relacionados à saúde passaram a 
ser buscados na hora de medir bem-estar. Qualidade de vida, funcionalidade 
e saúde autorreferida são alguns exemplos de medidas que visam a mensurar 
os aspectos positivos da saúde.
Outro aspecto gerou maior interesse dos investigadores na busca de 
outros indicadores positivos de saúde. O aumento da expectativa de vida 
resultante da transição demográfica e epidemiológica gerou não só acréscimos 
aos anos vividos pelos indivíduos, mas também problemas oriundos das 
doenças crônicas inerentes ao processo de envelhecimento.
Nesse contexto, o Banco Mundial patrocinou a criação de um 
indicador que combinasse morbidade e mortalidade, e que fosse comparável 
entre diferentes populações. Além disso, o indicador deveria propiciar aos 
formuladores de políticas um comparativo entre os efeitos das diferentes 
doenças que matam prematuramente e causam falta de saúde nas pessoas.
Você deve ter observado que neste livro 
utilizamos diversos exemplos de medidas 
de saúde: taxa de mortalidade infantil 
(TMI), mortalidade proporcional por causas, 
incidência de doenças e outras. Se você parar 
para observar com cuidado, esses indicadores 
estão mais para medidas de doença do que 
para saúde!
76
Esse estudo, denominado Carga Global de Doença (sua abreviação 
vem do inglês Global Burden Disease – GBD), além de prover um cenário 
comparável das causas de morte e invalidez em nível nacional ou internacional, 
também calcula a carga de doenças atribuível a distintos fatores de risco. O 
GBD também incorpora a prevalência de um fator de risco e o dano relativo 
causado por esse mesmo fator (IMAS, 2013).
Veja na figura 16 como é mensurada a carga de doença:
A parcela da mortalidade é medida pelos “anos de vida perdidos” 
(YLL – years of life lost) por morte prematura. Veja como isso pode ocorrer 
no exemplo da figura 17:
Para mensurar a carga de doença, 
o indicador utilizado é o DALY 
(Disability Adjusted Life Years), 
que significa anos de vida 
ajustados por incapacidade, e 
mede simultaneamente o:
efeito da mortalidade 
(anos de vida perdidos 
por óbito precoce)
efeito da morbidade 
(grau e tempo de 
incapacidade devido a 
uma dada patologia).
Portanto, um DALY equivale a 1 ano perdido de vida saudável.
Figura 16 - Mensuração da carga de doença.
Fonte: IMAS. Estudo de Carga de Doença Global: gerando evidências, informando 
políticas de saúde. Seattle, WA: IHME, 2013.
Figura 17 - Exemplo didático sobre “anos de vida perdidos”. 
Fonte: UNA-SUS/UFMA. 
Se em um país 
a expectativa 
de vida é de 80 
anos 
Ele perdeu 30 
anos
E um indivíduo 
morre aos 50
77
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Já a parte da morbidade é medida pelos “anos vividos com incapacidade” 
(YLD – years lived with disability). Medir a incapacidade é uma etapa mais 
complexa, pois é necessário utilizar pesos para quantificar a perda de saúde. 
Cada condição de saúde tem um peso, uma vez que uma dor lombar tem 
impacto diferente de uma paraplegia na vida das pessoas. Como exemplo, 
vejamos a figura 18:
O DALY pode ser calculado para indivíduos, mas para representar a 
carga de doença é necessário somar os resultados de todos eles. O DALY pode, 
portanto, representar o processo saúde-doença com um olhar voltado para a 
qualidade de vida dos anos vividos por um indivíduo e, no seu conjunto, por 
diferentes populações, mesmo utilizando dados de mortalidade e morbidade. A 
carga de doenças, portanto, pode ser comparada entre diferentes populações, 
como você pode observar no gráfico 12.
Figura 18 - Exemplo de “anos vividos com incapacidade”. 
Fonte: UNA-SUS/UFMA. 
Um adulto que 
sofreu um 
acidente aos 30 
anos e ficou 
paraplégico
Vivendo 50 
anos nessa 
condição
Considerando 
que a paraplegia 
tem peso 0,5, 
ele terá 25 anos 
(50 x 0,5 = 25 
YLD) de perda 
da qualidade
de vida
78
Gráfico 12 - A mudança no fardo por região desde morte prematura a anos vividos com invalidez, 1990 
e 2010. 
Fonte: IMAS. Estudo de Carga de Doença Global: gerando evidências, informando políticas de saúde. 
Seattle, WA: IHME, 2013. 
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60
40
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Anos vividos com invalidez (YLDs)
Anos de vida perdidos em decorrência de mortalidade prematura (YLLs)
79
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Podemos observar no gráfico a mudança na composição do DALY entre 
os anos de 1990 e 2010. Naquele ano, as mortes prematuras compunham 
a maior parte do indicador em todas as regiões. O padrão se modifica em 
2010, sobretudo em países desenvolvidos, cuja maior expectativa de vida 
gerou mais anos vividos, porém com aumento da invalidez.
 Outra possibilidade gerada pelo GBD é a análise por causas de doenças 
(ou grupos delas), onde o GBD permite visualizar o processo de transição 
epidemiológica, apontando as principais causas de morte e incapacidade. 
Dessa forma, auxilia os gestores na tomada de decisão para a implementação 
de políticas de saúde (tabela 2).
Você pode verificar no gráfico 13 as características da mudança da carga 
de doenças em países em desenvolvimento, fazendo um comparativo do ano 
de 1990 até a estimativa para 2020. Fica clara a redução da participação das 
doenças transmissíveis, ao passo que as não transmissíveis se consolidarão 
como principal componente da carga de doenças. Destaca-se ainda o trauma 
(acidentes e violências) com aumento na participação no GBD.
Causas 1990 2010
HIV/Aids 18.117 81.547
Doenças diarreicas 183.538 89.513
Infecções respiratórias do trato inferior 206.460 115.227
Desnutrição proteico-calórica 60.543 34.874
Câncer de mama 8.845 12.018
Câncer de próstata 2.352 3.787
Doenças isquêmicas do coração 100.473 129.820
Mal de Alzheimer e outras demências 5.695 11.349
Esquizofrenia 10.444 14.999
Depressão 46.139 63.179
Diabetes mellitus 27.706 46.823
Dor lombar e cervical 82.111 116.704
Acidente de transporte 56.655 75.482
Violência interpessoal 19.593 25.541
Tabela 2 - Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (DALYs, em milhares): todas as 
idades, agregando os 187 países do estudo.
Fonte: Murray et al. (2012) apud Melo e Nogueira (2015).
80
Para o Brasil, podemos observar o padrão da mudança gerada pela 
transição epidemiológica no gráfico 14. São apresentados a carga total de 
doenças e os seus componentes “anos de vida perdidos” por morte prematura 
(YLL) e “anos vividos com incapacidade” (YLD). Podemos visualizar que o 
grupo de causas não transmissíveis é responsável pela maior parte da carga 
total de doenças, assim como seus componentes. Importante destacar os 
anos de vida perdidos por traumas e doenças transmissíveis, que somados 
chegam próximo a 35% do total.
Gráfico 13 - Distribuição dos óbitos decorrentes de causas transmissíveis e não 
transmissíveis em países em desenvolvimento, 1990 e projeção para 
2020.
Fonte: Murray; Lopez, 1996 apud Gordis, 2010.
Grupo II (Não
Transmissíveis)
47%
Grupo II (Não
Transmissíveis)
69%
1990 2020
Grupo I
(Transmissíveis)
42%
Grupo I
(Transmissíveis)
18%
Grupo III
(Traumas)
11%
Grupo III
(Traumas)
13%
81
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Gráfico 14 - Distribuição de YLL, YLD e DALY, segundo grandes grupos 
de causas. Brasil, 2008.
DALY: disability-adjusted life years – anos de vida perdidos ajustados por 
incapacidade; YLD: years lost due to disability – anos de vida saudáveis 
perdidos em virtude da incapacidade; YLL: years of life lost – anos de vida 
perdidos em decorrência de morte prematura.
Grandes grupos: I − doenças infecciosas e parasitárias, condições maternas 
e perinatais e deficiências nutricionais; II − doenças não transmissíveis; III − 
causas externas (traumas). 
Fonte: Núcleo de Pesquisa em Métodos Aplicados aos Estudos de 
Carga Global de Doença, Escola Nacional de Saúde Pública 
Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (LEITE et al., 2015). 
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
YLL YLD DALY
Grupo I (Transmissíveis) Grupo II (Não Transmissíveis) Grupo III (Traumas)
O gráfico 15 mostra que há diferenças na distribuição das taxas de 
DALY e seus componentes entre as regiões brasileiras, apontando que as 
regiões Norte e Nordeste apresentam maior carga de doenças do que a 
média nacional. 
82
Gráfico 15 - Taxas ajustadas (por mil habitantes) de YLL, YLD e DALY, segundo regiões do Brasil, 
2008.
DALY: disability-adjusted life years – anos de vida perdidos ajustados por incapacidade; YLD: years lost due to 
disability – anos de vida saudáveis perdidos em virtude da incapacidade; YLL: years of life lost – anos de vida 
perdidos em decorrência de morte prematura.
Taxas ajustadas, tendo como padrão a população do Brasil, ambos os sexos, em 2008.
 
Fonte: Núcleo de Pesquisa em Métodos Aplicados aos Estudos de Carga Global de Doença, 
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. (LEITE et al., 
2015). 
 Vemos, portanto, que a carga de doenças pode auxiliar na Asis de 
distintas populações, pois permite a comparabilidade entre elas e contribui 
para a identificação de populações menos saudáveis, contribuindo também 
para a implantação de políticas públicas de saúde.
0
50
100
150
200
250
Norte Nordeste Sudeste SulCentro-Oeste Brasil
YLL YLD DALY
Mas vamos voltar a discussão do início dessa 
seção, quando vimos que as mudanças 
no perfil epidemiológico e a ampliação 
do conceito de saúde geraram uma maior 
demanda por medidas positivas de saúde, em 
vez de se limitar às tradicionais medidas de 
morbidade e mortalidade. Você acha que o 
indicador DALY resolveu essa questão?
83
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Por combinar medidas de mortalidade e morbidade, podemos ver 
que o DALY não é necessariamente uma medida positiva de saúde. Essa é 
uma crítica que o indicador sofreu, além de ser questionada pelo método 
de obtenção dos pesos para o cálculo YLD.
De qualquer forma, reconhece-se que o DALY representa uma importante 
tentativa de se avançar a metodologia epidemiológica para superar o conceito 
de risco e as medidas similares.
84
4 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES EM 
SAÚDE
É por meio dos conceitos de informação e de sistemas de informação 
em saúde que começaremos essa jornada no mundo dos dados em saúde, 
a qual inclui a identificação dos principais sistemas de informações em 
saúde (SIS) utilizados no Brasil. Conheceremos de forma mais aprofundada 
o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações 
sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e o Sistema de Informação de Agravos de 
Notificação (Sinan).
4.1 Os sistemas de informação em saúde no Brasil e sua importância para a 
construção das Asis
Você já deve ter percebido que atualmente vivemos um momento de 
grande produção e difusão de informações dos mais variados tipos, vindos 
das mais variadas fontes. A internet contribui bastante para que um grande 
volume de informações chegue até nós, seja por consulta aos portais de 
notícias web, ou mesmo pelas redes sociais virtuais das quais fazemos parte. 
Some-se a isso o conteúdo distribuído pelos meios tradicionais, como rádio, 
TV e, os cada vez menos utilizados, jornais e revistas impressos.
Nesse contexto, um desafio que se impõe é conseguir filtrar tantas 
informações, identificando as que são realmente relevantes e quais têm 
qualidade e confiabilidade para serem utilizadas no nosso cotidiano, afinal, 
com o aumento de informações disponíveis também cresceu as falsas 
informações e aquelas com baixa qualidade e confiabilidade.
85
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Apesar de fazer parte do nosso cotidiano, 
dificilmente paramos para pensar o que 
realmente significa a palavra “informação”, 
não é mesmo? Como iremos tratar 
especificamentesobre SIS neste capítulo, 
consideramos importante que você saiba mais 
sobre o tema. Afinal, o que seria “informação” 
e “sistema de informação em saúde”? É o que 
veremos a partir de agora.
A informação pode ser entendida como o conhecimento obtido a partir 
dos dados, ou o resultado da análise e combinação de vários dados. Isso 
implica, necessariamente, em interpretação por parte do usuário (BRASIL, 
2009a). Define-se informação, portanto, como o significado que o homem 
atribui a um determinado dado, por meio de convenções e representações 
(CARVALHO, 1998).
A informação constitui-se em suporte básico para toda atividade 
humana, e todas as nossas atividades do dia a dia são um processo permanente 
de informação. Quando sabemos, por meio da previsão do tempo, que a 
temperatura será baixa ao longo do dia, temos um dado (normalmente 
indicado numericamente e em graus Celsius). Esse dado, quando confrontado 
com a nossa experiência prévia, indica que fará frio, o que nos leva a sair de 
casa com agasalho. Na situação descrita, o dado (medido em graus Celsius) 
virou uma informação (vai fazer frio) e que nos levou a uma ação (de nos 
proteger utilizando agasalho).
A informação, portanto, é um instrumento essencial para a tomada de 
decisões. No caso de instituições, empresas e organizações de diferentes tipos, 
é necessário conhecimento para definir seus problemas, buscar alternativas 
para solucioná-los, atingir metas e cumprir objetivos, e isto requer o uso da 
informação. Pode-se dizer, então, que “há um consenso de que não é possível 
exercer gerência em nenhum setor se não houver um sistema de apoio à 
decisão que se sustente na informação” (CARVALHO, 1998).
Por se constituir no fator desencadeador do processo “informação-
decisão-ação”, a informação em saúde deve ser entendida como um instrumento 
86
de apoio decisório, por meio do conhecimento da realidade epidemiológica, 
socioeconômica, demográfica, bem como para o planejamento, gestão, 
organização e avaliação na área da saúde.
E afinal, o que são sistemas de informação em saúde? A melhor forma 
de pensarmos o tema talvez seja recorrendo a uma comparação bastante 
útil: os sistemas que compõem o corpo humano. O sistema circulatório, 
por exemplo, constitui-se de diferentes partes como as artérias, as veias e 
o coração. Cada um desses componentes tem seu papel em levar o sangue 
oxigenado pelos pulmões a todos os tecidos do corpo, e destes de volta ao 
pulmão com sangue venoso, para ser novamente oxigenado.
Um sistema de informação também é formado por partes e, como o 
sistema circulatório, que tem a sua finalidade de alimentar as células e tecidos 
do corpo humano, também tem um fim comum. Um sistema de informação é 
composto por coleta, armazenamento, processamento de dados e difusão de 
informações, com a finalidade de, ao final desse processo, transformar dados 
em informação (COELI et al., 2009). Tem potencial, portanto, de disponibilizar 
o suporte necessário para que o planejamento, as decisões e as ações dos 
gestores e profissionais de saúde não sejam baseados em dados subjetivos, 
em conhecimentos ultrapassados ou em suposições (BRASIL, 2009a).
Um dos objetivos básicos do Sistema de Informação em Saúde (SIS) é 
possibilitar a análise da situação de saúde considerando, necessariamente, as 
condições de vida da população na determinação do processo saúde-doença 
e, para isso, coleta dados da saúde e outros setores relevantes.
No Brasil, houve um grande esforço para a implantação e melhoria 
de sistemas de informação em saúde nas últimas décadas. O Ministério da 
Saúde, como coordenador do processo, desenvolveu sistemas nacionais 
de informação sobre nascimentos, óbitos, doenças de notificação, atenção 
hospitalar, ambulatorial e básica, orçamento público em saúde e outros. 
Essa nova fase de desenvolvimento dos sistemas contribuiu para superar a 
tradicional fragmentação das informações sobre saúde no Brasil, resultado da 
atividade compartimentalizada das diversas instituições que atuam no setor.
No passado, as estatísticas de morbidade provinham principalmente de 
serviços e programas verticais, como materno-infantil, saúde escolar, malária, 
tuberculose, hanseníase e controle de poliomielite. Vários bancos de dados 
87
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
existiam e refletiam o panorama e a tendência de cada evento. A década de 
1970, contudo, foi um marco na mudança das estatísticas no Brasil, com a 
promulgação da Lei Federal nº 6.015 de 1973, que regulamentou o registro 
civil no país e atribuiu ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
a responsabilidade pelas estatísticas do registro civil. E em 1975, iniciou-se 
o processo para a criação de um sistema de mortalidade nacional, o Sistema 
Nacional sobre Mortalidade (SIM) (MELLO-JORGE; LAURENTI; GOTLIEB, 2009).
Embora a década de 1970 tenha apresentado uma evolução para 
as estatísticas no Brasil, foi a partir dos anos 1990 que os sistemas de 
informação se desenvolveram de forma mais intensa. Nesse período foram 
criados o Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e o Sistema 
de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Vamos conhecer um pouco mais sobre esses importantes sistemas 
de informação do Brasil?
AGORA É COM VOCÊ!
No seu local de trabalho, onde há coleta de dados para a alimentação 
de um sistema? A coleta é contínua ou esporádica? Faça uma busca 
nos setores de um estabelecimento de saúde (pode ser hospital, 
Unidade Básica de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento, clínica 
especializada) ou mesmo na Secretaria de Saúde para identificar os 
sistemas que são alimentados com os dados gerados no cotidiano do 
trabalho nessa unidade.
Se você trabalha ou já vivenciou o cotidiano de uma UBS, deve ter 
visto o preenchimento de alguns formulários por parte de membros 
das equipes, com dados do número de consultas, atividades educativas 
desenvolvidas, entre outros. Essa coleta de dados faz parte do Sistema 
de Informação em Saúde para a Atenção Básica. Outros exemplos podem 
ser citados, como a notificação de casos de dengue e o necessário 
preenchimento de um formulário ou ficha de notificação, o qual gera 
dados para o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
88
4.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
A mortalidade se constituiu historicamente como um indicador 
importante para avaliar a situação de saúde das populações. Na década de 
1970, o Brasil deu importantes passos para consolidar o uso desses dados 
no planejamento de políticas públicas, primeiramente com a Lei do Registro 
Civil de 1973, a qual determina o IBGE como responsável pelos registros de 
óbitos e nascimentos.
A função do IBGE, contudo, era de apresentar a contabilidade dos óbitos, 
sem uma preocupação com as causas de morte. Essa função, eminentemente 
epidemiológica, passou a ser uma preocupação do Ministério da Saúde, o 
qual instituiu um grupo de trabalho em 1975 para discutir uma proposta de 
um sistema de informação sobre mortalidade que unificasse as propostas 
que já existiam em alguns estados.
Àquela altura, havia no país 43 diferentes modelos de atestados de 
óbito, com formatos, número de vias, cores e informações diversas, bem 
como com fluxos variados até chegar ao órgão de divulgação das estatísticas. 
A partir de então, as diretrizes para um sistema de informação sobre a 
mortalidade deveriam estabelecer: a) a adoção de um modelo único de 
atestado de óbito para todo o Brasil, seguindo o modelo da Organização 
Mundial da Saúde; b) a impressão dos formulários ficaria a cargo do nível 
central, no Ministério da Saúde; c) o fluxo para a declaração de óbito seria 
padronizado; d) o processamento dos dados seria também centralizado. Foi 
em 1975 que o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) começou a 
ser implantado em todo o país (MELLO-JORGE; LAURENTI; GOTLIEB, 2009).
A Declaração de Óbito (DO) é, portanto, o documento básico para a 
instituição de um sistema sobre mortalidade e é uniforme para todoo país, 
possibilitando a inclusão de variáveis por parte dos estados, mas com suas 
características básicas padronizadas.
89
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Você pode visualizar o formulário da DO no 
documento “Manual de Instruções para o 
Preenchimento da Declaração de Óbito”, 
produzido pelo Ministério da Saúde. Nele, 
você pode observar as variáveis que compõem 
o formulário básico distribuído pelo Ministério 
da Saúde para os Estados, e destes para os 
Municípios. 
A DO é composta por nove blocos de informações de preenchimento 
obrigatório. Veja no quadro 2 os blocos de preenchimento da DO e suas 
características: 
I – É a parte da DO que se destina a colher informações gerais sobre a identidade 
do falecido e dos seus pais.
II – Esse bloco se destina a colher dados sobre a residência do falecido.
III – Ocorrência: visa a colher informações sobre o local onde ocorreu o óbito.
IV – É a parte da DO que coleta informações sobre a mãe e sobre o falecido, em 
casos de óbito fetal ou menor de 1 ano.
V – Campos que buscam qualificar as condições e causas que provocaram o óbito. 
Contempla o modelo internacional de Atestado de Óbito adotado pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS), sendo fonte da Causa Básica do óbito e dos agravos que 
para ela contribuíram.
VI – Tem como objetivo colher informações sobre o médico que assina a DO.
VII – Coleta informações sobre o provável tipo de morte de violências. É de 
grande importância epidemiológica e se constitui num complemento ao Bloco V – 
Condições e Causas do Óbito.
VIII – Visa a colher dados referentes ao Cartório de Registro Civil onde foi efetuado 
o registro do óbito, bem como o número e data do registro. A responsabilidade 
pelo seu preenchimento é exclusiva do Oficial do Registro Civil (Cartórios).
IX – Deverá ser preenchido no caso de óbito ocorrido em localidade sem médico. 
Neste caso, seu preenchimento ficará a cargo do Cartório de Registro Civil.
Quadro 2 - Blocos de preenchimento da Declaração de Óbito (DO) e suas características.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento 
de Análise de Situação de Saúde. Manual de Instruções para o preenchimento da 
Declaração de Óbito. Brasília: Ministério da Saúde, 2011a. 54 p. (Série A. Normas 
e Manuais Técnicos). Disponível em: . 
90
A DO é emitida em três vias de cores diferentes e são pré-numeradas. 
Seu preenchimento deve ser realizado exclusivamente por médicos, exceto em 
locais onde não existam esses profissionais, quando poderá ser preenchida 
por oficiais de Cartórios de Registro Civil, sendo também assinada por duas 
testemunhas.
Você pode verificar no fluxograma 1 o fluxo da Declaração de Óbito 
para as duas situações mencionadas.
A 1ª via (na cor branca) é encaminhada às secretarias municipais de 
saúde e serão implantadas no software do SIM, de onde os dados, agora 
informatizados, partem para a secretaria estadual correspondente e ao 
Ministério da Saúde. Cabe a este último órgão, no entanto, a divulgação dos 
dados referentes ao SIM.
Por se tratar de um sistema de informação de caráter epidemiológico, 
o SIM dispõe de informações sobre as características de pessoa, tempo e 
lugar, assistência prestada ao paciente, causas básicas e associadas de óbito, 
que são extremamente relevantes. A análise dos dados do SIM permite a 
construção de importantes indicadores para o delineamento do perfil de 
saúde de uma região e, por isso, é muito utilizada no diagnóstico da situação 
Fluxograma 1 - Fluxo da Declaração de Óbito.
Fonte: BRASIL. Vigilância em Saúde. Para entender a gestão do SUS. Brasília, DF: CONASS, 2007. 278 p. 
 Coleção Progestores. Disponível em: .
Hospital
Encaminha Família
Arquiva
Arquiva
Secretaria
de Saúde
Encaminha
Secretaria
de SaúdeCartório de
Registro Civil
Preenche o documento Preenche o documento
Cartório de
Registro Civil
1ª Via
2ª Via
1ª Via
2ª Via
3ª Via3ª Via
91
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
de saúde da população (BRASIL, 2009a).
Entre os indicadores que podem ser gerados a partir dos dados do 
SIM, destacamos a Mortalidade Proporcional por causas, faixa etária, sexo; 
o Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM); a Taxa de Mortalidade Infantil; 
Razão de Morte Materna; e o DALY. Detalharemos alguns desses indicadores 
na próxima seção deste capítulo.
Apesar de muito importante para a Asis, os dados de mortalidade 
apresentam problemas de qualidade e abrangência que acompanham o 
SIM desde sua criação, mas que vem sendo superados constantemente 
pela preocupação do Ministério da Saúde em aprimorar o sistema de forma 
contínua. A cobertura do SIM, ou seja, sua abrangência, é heterogênea no 
território nacional, sendo as regiões Norte e Nordeste as que apresentam 
menor regularidade do envio de informações e a menor contagem de óbitos 
em relação às demais regiões do país. Você pode observar a diferença de 
cobertura do SIM na figura 19.
Legenda
 95%
Figura 19 - Distribuição dos municípios segundo a cobertura das 
informações de óbitos. Brasil, 2008.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2010: uma análise 
da situação de saúde e de evidências selecionadas de 
impacto de ações de vigilância em saúde. Brasília: Ministério 
da Saúde, 2011b. 372 p. Disponível em: . 
92
Além da cobertura, a qualidade dos dados do SIM também varia, pois 
o preenchimento da Declaração de Óbito pode apresentar incorreções e, em 
algumas situações, campos ignorados. Esses problemas afetam a qualidade 
das informações e, consequentemente, podem influenciar na análise de 
situação de saúde de uma população.
É o caso do mau preenchimento da causa dos óbitos, que pode gerar 
dificuldade na definição do perfil de mortalidade e, por conseguinte, limitar 
ações que visem à redução dos óbitos por uma determinada causa. Trataremos 
da qualidade dos dados mais à frente, mas é importante visualizarmos a 
importância que os dados têm para a Asis e que a qualidade influencia na 
sua construção e, portanto, pode afetar também a tomada de decisão.
O processo para implantação do SIM envolveu algumas etapas importantes 
para a sua consolidação, incluindo reuniões temáticas, elaboração de manuais 
técnicos e capacitação dos profissionais. Destaca-se a formação de recursos 
humanos para a codificação de causas de morte, impulsionada pela criação, 
em junho de 1976, do Centro Brasileiro de Classificação de Doenças, que tinha 
a responsabilidade, entre outras, de promover a melhoria da qualidade da 
informação dos atestados de óbitos e assessorar o Ministério da Saúde na 
promoção e revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID).
PARA SABER MAIS!
Para aprofundar mais os estudos sobre a criação do Sistema 
de Informações sobre Mortalidade (SIM), consulte o texto 
“O Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM: 
concepção, implantação e avaliação”. 
4.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc)
O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) surgiu na 
década de 1990, a partir da necessidade de se obter dados sobre os recém-
nascidos, sobre a gestação, parto, além das características maternas, o que 
já era comum em alguns países.
93
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
O IBGE também era o responsável pelos registros de nascimentos desde 
que a Lei de Registro Civil de 1973 foi promulgada, o que representou um 
avanço nas estatísticas de nascidos vivos, visto que antes dessa data havia 
um grande sub-registro de nascimentos, além de falta de regularidade e 
homogeneidade das informações. Apesar das melhorias nas estatísticas de 
nascimento, o problema do sub-registro ainda persistia, e um dos fatores se 
devia à cobrança de taxas pela emissão da certidão de nascimento, que só 
foi eliminada em 1997 (ALMEIDA; ALENCAR; SCHOEPS, 2009).
Seguindo o exemploo perfil de saúde-doença de uma população produz informações 
e conhecimentos úteis para o planejamento, definição de prioridades e 
estratégias de intervenção, além da avaliação de seu impacto. 
Por isso é importante que a Asis seja incorporada e considerada na 
elaboração dos planos de saúde, no estabelecimento de prioridades para 
a alocação de recursos orçamentários, financeiros e de infraestrutura e na 
gestão do trabalho e dos recursos humanos para a saúde. Entretanto, realizar 
o planejamento a partir da Asis ainda se constitui um desafio para os atores 
envolvidos na construção de políticas públicas de saúde.
Partindo desse pressuposto, surge o livro "Análise de Situação de 
Saúde", que aborda de forma clara e objetiva o conceito e objetivos da Asis, 
bem como a sua importância no planejamento e definição de ações de saúde 
direcionadas às necessidades da população. Entre os temas discutidos no 
livro, alguns merecem destaque como: conceitos, interpretação e utilização 
dos indicadores de saúde, a análise da situação de saúde na construção de 
políticas públicas e o processo de análise das informações em saúde. 
Este livro visa a ampliar a compreensão dos profissionais de saúde 
para a importância da elaboração da Asis, objetivando sua incorporação nos 
instrumentos de planejamento e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS).
É importante destacar, também, que publicações nessa temática 
são instrumentos importantes para o aprofundamento teórico dos 
profissionais que já atuam no SUS. Portanto, esperamos que este 
livro possa contribuir em sua formação profissional e que se torne 
um referencial teórico para o planejamento de atividades de saúde 
realizadas em seu local de trabalho. Boa leitura!
Deysianne Costa das Chagas
Doutora em Saúde Coletiva/UFMA
APRESENTAÇÃO
A análise da situação de saúde (Asis) é definida como a identificação, 
descrição, priorização e explicação dos problemas de saúde da população, 
com o objetivo de identificar necessidades sociais e determinar prioridades 
de ação (TEIXEIRA, 2010).
A identificação de problemas e necessidades de saúde exige que se 
caracterize a população de acordo com variáveis demográficas, socioeconômicas 
e políticas. Este processo implica a definição de quais são os problemas e 
quando, onde e quem se encontra afetado por esses problemas, subsidiando 
a definição de políticas e prioridades de ação (TEIXEIRA, 2010).
Para isso, é necessário conhecer o perfil demográfico, socioeconômico 
e epidemiológico da população para identificar suas necessidades e problemas 
de saúde, os fatores determinantes e potenciais riscos à saúde, de modo a 
subsidiar a tomada de decisão política e o estabelecimento de prioridades 
para atuação, seja em relação à organização da rede de serviços de saúde, 
às ações de promoção e proteção da saúde e prevenção de agravos e 
doenças, seja para a devida articulação entre as políticas setoriais visando 
ao fortalecimento do SUS no enfrentamento dos principais determinantes 
do processo saúde-doença (BAHIA, 2014).
Entre os recursos que podem auxiliar na identificação, descrição 
e análise do perfil de saúde-doença populacional, estão os Sistemas 
de Informação em Saúde (SIS). Os SIS são ferramentas tecnológicas que 
auxiliam gestores das três esferas de governo a processar os dados, gerando 
informações necessárias para organizar a prestação de serviços em saúde, 
monitorar o comportamento da população e investigar os mais diversos 
agravos que incidem sobre ela, tendo em vista a promoção do planejamento 
das ações e políticas públicas na área (DANIEL, 2012).
Os SIS auxiliam, portanto, o planejamento e a avaliação das políticas 
de saúde, assim como dos serviços, redes e sistemas de saúde (PINHEIRO, 
et. al. 2016). Sejam eles assistenciais ou epidemiológicos, são ferramentas 
importantes para o diagnóstico de situações de saúde com vistas a intervenções 
mais aproximadas do quadro de necessidades da população. Pois, por meio 
deles é possível acessar as bases de dados nacionais que, alimentadas 
regularmente por municípios e Estados, apresentam alto potencial 
de instrumentalizar a tomada de decisão (MEDEIROS, et. al., 2005).
A partir desse contexto, este livro visa a auxiliar profissionais e 
gestores de saúde, a utilizar informações e conhecimentos relacionados 
a Asis de forma crítica e reflexiva. Este livro é composto por três 
capítulos. O primeiro objetiva compreender a Asis, examinando 
seus conceitos, finalidades, além da interpretação e a utilização 
dos indicadores de saúde, o segundo objetiva reconhecer a ASIS 
como potente ferramenta para o processo de tomada de decisão e 
elaboração de políticas públicas e o terceiro objetiva compreender 
os SIS, identificando sua importância para a Asis. Para alcançar cada 
um desses objetivos, os capítulos apresentam os conteúdos de forma 
contextualizada e problematizada, buscando facilitar o processo de 
aprendizagem.
Além disso, cada capítulo aborda temas de grande relevância 
para a Asis. O capítulo 1 apresenta conceitos e interpretação de 
indicadores, bases conceituais, objetivos e finalidades da Asis, a 
utilização dos dados da vigilância em saúde e o comportamento e 
tendências das variáveis demográficas. O capítulo 2 discute temas 
como a priorização de necessidades em saúde, as desigualdades em 
saúde e a carga global das doenças. E o capítulo 3 trata dos Sistemas de 
informação em saúde utilizado na Asis, os principais SIS e indicadores 
de saúde e a qualidade da informação.
Assim, espera-se com este livro que técnicos e gestores de 
saúde e representações sociais percebam que para alcançar um 
diagnóstico adequado da população, a Asis exige um movimento 
coletivo, contínuo e compartilhado. E que ao incorporarem a Asis em 
seu cotidiano, que esses profissionais verifiquem sua potencialidade 
em promover as mudanças esperadas nos ambientes e processos de 
trabalho do território.
14
1 INTRODUÇÃO
Conhecer a situação de saúde de determinado território é uma importante 
ferramenta de gestão, identificação, descrição, priorização e elucidação dos 
problemas de saúde de determinada população. Assim, a Análise de Situação 
de Saúde (Asis) é fundamental para que gestores e trabalhadores da área da 
saúde possam contribuir para contextualizar os problemas identificados no 
âmbito da gestão ou mesmo nos territórios sanitários sob responsabilidade 
das equipes de saúde.
Em um contexto de escassez de recursos, saber aplicá-los adequadamente 
se torna uma responsabilidade ainda maior para os atores envolvidos com a 
saúde das pessoas. O envelhecimento da população brasileira, por sua vez, 
traz consigo uma demanda maior para o setor saúde, exigindo dos gestores e 
profissionais de saúde maior qualificação para atender essa crescente demanda 
de serviços, sejam eles de caráter preventivo, ambulatorial ou hospitalar.
A Asis, portanto, engloba um processo de territorialização das condições 
de saúde, de modo a identificar necessidades sociais de saúde, determinar 
prioridades de ação e embasar a tomada de decisão por meio de evidências 
relevantes. Para tal, é necessário conhecer os conceitos e finalidades da Asis, 
além da interpretação e uso dos indicadores de saúde.
O conhecimento, a produção e a aplicação dos indicadores de saúde 
no âmbito da gestão, ou mesmo no cotidiano dos profissionais de saúde, 
possibilitam a identificação de problemas relevantes, bem como permitem 
avaliar a qualidade do serviço prestado e o impacto de intervenções coletivas 
na saúde.
Para que você compreenda como utilizar essas ferramentas no cotidiano 
do trabalho, abordaremos os principais sistemas de informação em saúde, 
por meio dos quais será possível analisar as mudanças nos perfis demográfico 
e epidemiológico do Brasil, além de possibilitar que você crie os próprios 
cenários de saúde no âmbito da sua atuação profissional.
Dessa forma, espera-se que as decisões em saúde superem o caráter 
intuitivo e passem a considerar as evidências, elucidadas através de umado SIM, que havia melhorado as informações 
sobre mortalidade após a sua implantação, e aproveitando o desenvolvimento 
da informática, realizou-se um projeto-piloto para testar a viabilidade de 
obtenção de dados sobre nascidos em maternidades do município de Mogi 
das Cruzes (SP), em 1980. Com a conclusão de que era possível introduzir um 
instrumento para coleta de dados nos hospitais, a fim de se obter informações 
mais detalhadas sobre os nascidos vivos, avançou-se na elaboração desse 
documento: a Declaração de Nascido Vivo (DN).
Esse formulário foi padronizado para todo o território nacional e 
passou a ser o documento base do Sinasc. Seu preenchimento se daria, 
principalmente, nos serviços de saúde, uma vez que mais de 90% dos partos 
são institucionais. No início da década de 1990, a maioria dos Estados havia 
implantado total ou parcialmente o sistema, de forma a possibilitar a obtenção 
de indicadores para a avaliação das condições de saúde materno-infantil 
(ALMEIDA; ALENCAR; SCHOEPS, 2009).
Da mesma forma que o SIM, o Sinasc contou com algumas etapas 
para a sua construção e implantação. Foram reuniões temáticas, projetos-
piloto, elaboração de materiais e capacitações até se tornar um sistema de 
informação universal no Brasil. O sistema de informação universal refere-se 
a um sistema de informação em saúde que deve ser alimentado em todo o 
território nacional, sejam em unidades públicas, conveniadas ou privadas. Outro 
ponto fundamental para o correto funcionamento do Sinasc foi a definição 
clara do evento que seria notificado, para tanto, define nascido vivo como:
[...] a expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independentemente 
da duração da gravidez, de um produto de concepção que, depois 
94
da separação, respire ou apresente qualquer outro sinal de vida, 
tal como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou 
movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando 
ou não desprendido da placenta. Cada produto de um nascimento que 
reúna essas condições se considera como uma criança viva. No caso 
de gravidez múltipla, deve ser preenchida uma DN para cada produto 
da gestação, ou seja, para cada nascido vivo (BRASIL, 2009c, p. 25).
A partir da implantação do Sinasc, o registro de nascimento só é 
efetuado mediante a apresentação da DN ao cartório, diferentemente do 
que acontecia no Brasil antes do sistema ser implantado, onde bastava a 
informação verbal.
A impressão e distribuição da declaração de nascido vivo, da mesma 
forma que ocorre com a DO, é de competência do Ministério da Saúde. 
A emissão da DN e o seu posterior registro em cartório são realizados no 
município de ocorrência do nascimento. Deve ser preenchida pelos hospitais 
e por outras instituições de saúde que realizam parto e nos Cartórios de 
Registro Civil quando o nascimento da criança ocorre no domicílio (BRASIL, 
2009a). Veja no fluxograma 2 o fluxo da DN nas situações mencionadas.
Hospital
Família
Arquiva Arquiva
Secretaria
de Saúde
Encaminha
Secretaria
de Saúde
Unidade
de Saúde
Cartório
Preenche o documento
Cartório de
Registro Civil
DN - 1ª Via
2ª Via
1ª Via
2ª Via
3ª Via
3ª Via
Fluxograma 2 - Fluxo da Declaração de Nascidos Vivos (DN). 
Fonte: BRASIL. Vigilância em Saúde. Para entender a gestão do SUS. Brasília, DF: CONASS, 2007. 278 p. 
Coleção Progestores. Disponível em: .
95
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
A partir dos dados gerados pela DN, pode-se construir inúmeros 
indicadores voltados para avaliação de riscos à saúde do segmento materno-
infantil. Além disso, o número de nascidos vivos é utilizado como denominador 
de importantes coeficientes, como o de mortalidade infantil e materna. 
O quadro 3 apresenta, em linhas gerais, as variáveis de cada bloco 
que compõe o formulário da DN.
É bastante frequente o uso dos dados do Sinasc para o cálculo de 
importantes indicadores, como a taxa de mortalidade infantil e a razão 
de mortalidade materna, nos quais o número de nascidos vivos compõem 
os denominadores da fração. Mas o uso dos dados do Sinasc vai além da 
composição desses indicadores, pois possibilitam traçar o perfil epidemiológico 
dos recém-nascidos do país a partir da avaliação de riscos de óbito infantil e 
da qualidade da rede de atenção à gravidez e ao parto. Permite, portanto, 
I – É a parte da DN que se destina a colher informações inerentes ao nascido vivo.
II – Identificação do local de ocorrência do nascimento: nome do 
estabelcecimento, município e UF de ocorrência. 
III – Apresenta as variavéis das características da mãe: nome, idade, estado 
civil, escolaridade, ocupação, endereço residencial da mãe e número de filhos 
anteriores vivos e mortos.
IV – Visa a colher informações sobre o nome e idade do pai do nascido vivo a que 
se refere a DN.
V – Tem com objetivo coletar informações sobre as gestações anteriores, a 
gestação atual, o parto e suas intercorrências. 
VI – Contempla as informações sobre as anomalias congênitas verificadas pelo 
responsavél pelo parto.
VII – As variáveis de identificação do responsável pelo preenchimento: nome, 
função, identidade, orgão emissor e data. 
VIII – Apresenta dados referentes ao Cartório de Registro Civil onde foi 
efetuado o registro do nascimento, bem como o número e a data do registro. A 
responsabilidade pelo seu preenchimento é exclusiva do Oficial do Registro Civil 
(cartórios).
Quadro 3 - Blocos de preenchimento da Declaração de Nascido Vivo (DN) e suas 
características.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento 
de Análise de Situação de Saúde. Manual de Instruções para o preenchimento da 
Declaração de Nascido Vivo. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011c. p. (Série A. 
Normas e Manuais Técnicos).
96
Legenda
 95%
Figura 20 - Distribuição dos municípios segundo a cobertura das 
informações de nascidos vivos. Brasil, 2008.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2010: uma análise da 
situação de saúde e de evidências selecionadas de impacto de 
ações de vigilância em saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 
2011b. 372 p. Disponível em: . 
obter dados sobre a frequência de baixo peso ao nascer, nascimentos de 
prematuros, proporção de partos cesarianos, bem como possibilita avaliar 
diferenças e mudanças do perfil reprodutivo das mulheres.
A cobertura do Sinasc e o preenchimento dos campos da DN, assim 
como no Sistema de Informações sobre Mortalidade, apresentam variações. 
No Brasil, a cobertura do Sinasc é maior do que a do SIM, mas apresenta as 
mesmas diferenças regionais, com as regiões Norte e Nordeste apresentando 
menor captação desses eventos, como você pode visualizar na figura 20. Com 
relação ao preenchimento dos campos da DN, algumas variáveis apresentam 
melhor qualidade do que outras, com baixo percentual de campos em branco 
ou ignorados.
97
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
PARA SABER MAIS!
Para aprofundar seu conhecimento sobre o Sinasc, sugerimos 
a leitura do texto “Sistema de Informações sobre Nascidos 
Vivos – Sinasc: Uma Avaliação de sua Trajetória”. 
4.4 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 
O Sinan teve sua implantação impulsionada no fim da década de 1990 
e se beneficiou do desenvolvimento computacional para a sua consolidação 
como um sistema que deveria ser suficientemente ágil para viabilizar análises 
de situações de saúde em curtos espaços de tempo.
Primeiramente devemos entender o objetivo desse sistema, que é 
padronizar a coleta e o processamento dos dados sobre agravos de notificação 
em todo o território nacional, desde o nível local. A análise desses agravos 
fornece informações para o desenho do perfil da morbidade da população 
contribuindo, dessa forma, para a tomada de decisões.
Mas não estamos falando de quaisquer agravos, mas sim de agravos 
que devem obrigatoriamente ser notificados e quefazem parte da Lista de 
Doenças e Agravos de Notificação Compulsória. Essa lista é composta por 
eventos relacionados à saúde que merecem atenção do sistema de saúde por 
serem doenças de alto poder de transmissão, ou de interesse de vigilância 
internacional, ou por fazer parte de uma política pública para controle, como 
é o caso da violência doméstica. 
Você já parou para refletir por que o Sinan 
deve ser ágil em gerar informações em saúde?
98
O uso do Sinan foi regulamentado em 1998, sendo um sistema 
sob a responsabilidade do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI) e, 
posteriormente, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério 
da Saúde, a qual também coordena o SIM e o Sinasc.
A entrada de dados no Sinan é feita mediante a utilização de alguns 
formulários padronizados, sendo um de notificação – Ficha Individual de 
Notificação (FIN) e outro de investigação – Ficha Individual de Investigação 
(FII) (BRASIL, 2009a).
Veja na figura 21 a descrição da ficha individual de notificação e da 
ficha individual de investigação:
O fluxo dos dados no Sinan segue das unidades notificadoras locais 
os níveis municipais, estaduais e federal. Pode-se calcular, a partir desse 
sistema, a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade das doenças de 
Portanto, se a informação demora a ser 
processada e, com isso, não é gerada 
em tempo oportuno para os gestores e 
profissionais, dificilmente as ações de controle 
surtirão o efeito desejado, não é mesmo?
Figura 21 - Descrição da ficha individual de notificação e da ficha individual de investigação 
(BRASIL, 2009a).
Ficha Individual de Notificação (FIN)
Ficha Individual de Investigação (FII)
É preenchida para cada paciente quando há suspeita de ocorrência de 
problema de saúde de notificação compulsória e encaminhada, pelas 
unidades assistenciais, aos serviços responsáveis pela informação e/
ou vigilância epidemiológica. Este mesmo instrumento é utilizado 
para notificação negativa.
Assemelha-se a um roteiro de investigação, distinto para cada tipo 
de agravo. Permite levantar dados que possibilitam a identificação 
da fonte de infecção e dos mecanismos de transmissão da doença. 
99
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
notificação compulsória.
Apesar do grande avanço do Sinan, o sistema ainda enfrenta algumas 
dificuldades, notadamente o sub-registro dos agravos e a demora para o 
fechamento dos casos durante a investigação.
4.5 Outros sistemas de informações
Além dos sistemas de informações já mencionados, que apresentam 
fundamental importância para a Asis, outros sistemas podem auxiliar na 
construção de um perfil de saúde capaz de subsidiar as decisões de gestores e 
profissionais. Veja no quadro 4 os sistemas de informação em saúde do Brasil:
É importante lembrar que a Asis não se limita ao uso de dados da área 
da saúde, pois outras fontes são importantes para montar um cenário que 
contribua para a tomada de decisão, como os dados demográficos do IBGE, 
dados da assistência social do Cadastro Único, entre outros.
SIA Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIH Sistema de Informações Hospitalares
SIOPS Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos
SIB Sistema de Informação de Beneficiários – Agência Nacional 
de Saúde
SI–PNI Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização
SISAB Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica
SINAVISA Sistema Nacional de Informação em Vigilância Sanitária
CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CNS Cartão Nacional de Saúde
Quadro 4 - Sistemas de Informações em Saúde do Brasil.
100
Entretanto, antes de iniciarmos a discussão deste tema, vale destacar 
que os dados de saúde não são os únicos que devem ser utilizados na 
elaboração de uma análise adequada da saúde populacional. Os dados 
demográficos, dados sobre as características sociais das pessoas e sobre a 
oferta de serviços também contribuem para a compreensão do contexto em 
que as pessoas vivem e adoecem.
Conhecer as necessidades de saúde da população é fundamental para o 
planejamento dos recursos materiais, humanos e financeiros necessários para 
o enfrentamento dos problemas e para avaliação de impacto das intervenções 
que possam ser tomadas (RIBEIRO; BARATA, 2012). Para compreender essas 
necessidades e avaliar as condições de saúde da população, portanto, não 
há como utilizar uma só medida.
Uma medida que busca sintetizar uma característica, ou um atributo 
buscando retratar o nível de saúde de indivíduos ou de uma população, é 
denominada indicador, que deve subsidiar gestores e profissionais de saúde 
no processo de tomada de decisões.
A Rede Interagencial de Informação para a Saúde (Ripsa) conceitua 
indicador como “medida-síntese que contém informação relevante sobre 
determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do 
desempenho do sistema de saúde” e que “devem refletir a situação sanitária 
de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde”. 
A Ripsa se constituiu como uma articulação de órgãos de governo, 
instituições de ensino e pesquisa, associações científicas e de classes, com o 
objetivo de aperfeiçoar a produção, análise e disseminação de informações de 
4.6 Identificação e seleção de dados fundamentais
Neste momento, convidamos você a 
conhecer os principais dados e indicadores de 
saúde, de forma que você possa selecionar 
criteriosamente aqueles que serão usados na 
análise de saúde no seu estado, município, ou 
mesmo em um território vinculado à unidade 
de saúde.
101
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
saúde no Brasil. Deixou como legado importantes iniciativas, com destaque a 
publicação “Indicadores Básicos para a Saúde no Brasil: conceitos e aplicações”, 
a qual recomendamos a consulta (OPAS, 2008).
A Ripsa classifica os indicadores utilizados na construção dos perfis 
de saúde em seis categorias: 
Perceba que se trata de uma classificação bem abrangente, com o 
intuito de retratar o nível de vida e as condições de saúde das populações.
Outra classificação de indicadores foi proposta por Ribeiro; Barata 
(2012), a qual limita em quatro suas categorias: 
Essa classificação está contida, de certa forma, na proposta da Ripsa e, 
embora os indicadores descritos nessa seção se limitem àqueles relacionados 
diretamente à saúde, recomendamos a ampliação, quando possível, do uso 
dos indicadores segundo a classificação da Ripsa.
Além das classificações dos indicadores, é importante que você saiba 
quais atributos são desejáveis na escolha dos indicadores a serem utilizados 
na Asis.
a) Demográficos
d) Morbidade e 
fatores de risco
b) Socioeconômicos c) Mortalidade
e) Recursos f) Cobertura
a) Indicadores de 
mortalidade
c) Indicadores 
de exposição a 
fatores de risco
b) Indicadores de 
morbidade
d) Indicadores de 
estado de saúde
102
Além dos atributos mencionados, é importante destacar que os 
indicadores costumam ser calculados em medidas relativas, em vez de medidas 
absolutas. Estas se caracterizam por ser uma contagem simples de uma doença 
ou de óbitos, e são pouco utilizadas por não permitirem comparabilidade 
em populações distintas. Para análise de pequenas populações, como é o 
Disponibilidade dos dados
Validade
Confiabilidade
Simplicidade
Relação custo-efetividade
Relevância
Os indicadores devem se basear em dados disponíveis ou que sejam 
fáceis de serem obtidos, de preferência que contemplem toda a 
população a ser avaliada.
É a capacidade de medir, sinteticamente, o que se pretende. A validade 
depende da sensibilidade, que é a capacidade de o indicador detectar 
o fenômeno estudado, e da especificidade, que é a capacidade desse 
indicador captar somente o fenômeno em análise.
Os resultados medidos pelo indicador devem ser semelhantes quando 
essa medida for repetida em condições similares, para isso se faz 
necessária uma uniformidade na definição e nos procedimentos 
utilizados no seu cálculo.
É importante que o indicador seja de fácil construção e interpretação.
É importante queos resultados justifiquem os recursos e o tempo 
utilizados na construção e obtenção dos indicadores.
Pode parecer óbvio, mas é importante destacar que o indicador 
também deve ter a capacidade de responder às prioridades em saúde.
103
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
caso de populações de um território vinculado a uma UBS ou um pequeno 
município, as medidas absolutas são bastante úteis. Já as medidas relativas 
permitem comparar populações distintas, pois utilizam coeficientes (razões) 
na sua forma de cálculo.
Você pode verificar na tabela 3 os dados de mortalidade por homicídios 
expressos em números absolutos, ao passo que na tabela 3 você pode 
visualizar os dados em números relativos à população de cada capital brasileira. 
Perceba que os dados absolutos podem confundir, por exemplo, a capital 
que apresenta maior risco de morte por homicídios.
Capital Óbitos
Fortaleza 1814
São Paulo 1748
Salvador 1574
Rio de Janeiro 1206
Manaus 1034
Brasília 952
Belo Horizonte 853
Belém 780
Maceió 761
Recife 639
Goiânia 623
Curitiba 573
São Luís 553
Porto Alegre 524
João Pessoa 489
Natal 409
Teresina 300
Aracaju 251
Cuiabá 235
Porto Velho 184
Campo Grande 178
Macapá 156
Vitória 131
Tabela 3 - Número de óbitos por homicídios (CID-10 X85 a Y09) 
nas capitais brasileiras, 2012.
104
Podemos visualizar na tabela 3 que cidades como São Paulo e Rio 
de Janeiro estão entre as cinco capitais com maior número de óbitos por 
homicídios (números absolutos).
Tabela 4 - Taxa de mortalidade por homicídios (por 100 mil habitantes) nas 
capitais brasileiras, 2012.
Fonte: REDE Interagencial de Informação para a Saúde 
Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e 
aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana 
da Saúde, 2008.349 p. Disponível em: . 
Rio Branco 101
Boa Vista 82
Florianópolis 62
Palmas 46
Total 16258
Capital Óbitos População Taxa
Maceió 761 953393 79,8
Fortaleza 1814 2500194 72,6
João Pessoa 489 742478 65,9
Salvador 1574 2710968 58,1
Manaus 1034 1861838 55,5
Belém 780 1410430 55,3
São Luís 55,3 1039610 53,2
Natal 409 817590 50,0
Goiânia 623 1333767 46,7
Aracaju 251 587701 42,7
Cuiabá 235 561329 41,9
Porto Velho 184 442701 41,6
Recife 639 1555039 41,1
Vitória 131 333162 39,3
Macapá 156 415554 37,5
Porto Alegre 524 1416714 37,0
Teresina 300 830231 36,1
Brasília 952 2648532 35,9
Belo Horizonte 853 2395785 35,6
Curitiba 573 1776761 32,2
105
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Rio Branco 101 348354 29,0
Boa Vista 82 296959 27,6
Campo Grande 178 805397 22,1
Palmas 46 242070 19,0
Rio de Janeiro 1206 6390290 18,9
São Paulo 1748 11376685 15,4
Florianópolis 62 433158 14,3
Total 16258 46226690 35,2
Fonte: REDE Interagencial de Informação para a Saúde Indicadores básicos 
para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: 
Organização Pan-Americana da Saúde, 2008.349 p. Disponível em: 
.
Na tabela 4, que apresenta os dados de homicídios em números 
relativos à população de cada capital, observamos uma alteração na posição 
das cidades, uma vez que suas populações foram utilizadas para o cálculo. Com 
isso, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as três capitais com 
menores taxas de mortalidade por homicídios. Assim, por meio das medidas 
relativas, podemos comparar populações com distintas características.
Com relação às medidas relativas, elas podem ser do tipo taxa (ou 
coeficiente), proporção ou razão.
Taxas ou coeficientes
Razão
Proporção
• São as relações entre o número de eventos reais e os que poderiam 
acontecer.
• Exemplo: 60 casos da doença “X” por 100 mil habitantes.
• É calculada pela divisão entre duas quantidades ou medidas diferentes.
• Exemplo: Número de leitos hospitalares por mil habitantes.
• O numerador é subconjunto do denominador, em geral é calculado 
em percentual.
• Exemplo: Mortalidade proporcional por doenças isquêmicas do 
coração é de 13%.
106
Agora que conhecemos alguns atributos para a construção ou 
escolha de indicadores, vamos passar a conhecer alguns deles. A lista de 
indicadores em saúde é muito extensa, por isso apresentaremos aqui as mais 
importantes e as mais utilizadas na Asis. Iniciaremos com os indicadores de 
mortalidade, para em seguida mostrar alguns indicadores de morbidade. 
Por fim, apresentaremos outros indicadores utilizados para medir o nível 
de saúde das populações.
Mas antes de iniciar a discussão sobre mortalidade, vamos analisar 
o caso do município de Sítio Feliz:
Município de Sítio Feliz
Beatriz é secretária de saúde do Município de Sítio Feliz, e juntamente 
com sua equipe está realizando o planejamento das ações de saúde para o 
próximo ano. Beatriz está finalizando a especialização em saúde coletiva e por 
isso sabe da importância de se conhecer os indicadores para o planejamento 
das ações em saúde. Na última reunião realizada com a equipe, Beatriz 
resolveu focar nos indicadores de mortalidade, visto que um dos objetivos 
do planejamento de saúde do município é alcançar as metas propostas pelo 
Estado, que incluem a redução da mortalidade infantil e materna. Portanto, 
para isso o grupo resolveu acessar os sistemas de informações disponíveis 
e a partir daí obtiveram as seguintes informações:
Sítio Feliz é um município de grande porte com uma população total 
de 390.771 habitantes, IDH de 0,735 e índice de Gini de 0,568. Em 2016, o 
total de óbitos do município foi de 3.980. Ao analisar os óbitos por capítulo do 
CID 10, observou-se que entre as cinco doenças com maior número de óbitos 
no município estavam as doenças do aparelho circulatório (1.222 óbitos) e 
respiratório (463 óbitos), as causas externas (521 óbitos), as neoplasias (642 
óbitos) e as doenças infecciosas e parasitárias (303 óbitos).
Em relação ao público infantil, o grupo observou que o número 
de nascidos vivos no município em 2016 foi de 5.330 crianças; o número 
de óbitos em menores de 1 ano de idade foi de 61 crianças. E por fim, ao 
investigar o número de óbitos maternos, o grupo observou que em 2016 
foram notificados 2 óbitos. 
107
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
De posse desses dados, Beatriz e sua equipe resolveram calcular 
todos os coeficientes de mortalidade de Sítio Feliz. Portanto, imagine que 
você faz parte da equipe de Beatriz e considere o seguinte questionamento: 
4.7 Indicadores de mortalidade
A mortalidade é uma das mais antigas dimensões utilizadas para medir 
a situação de saúde das populações, e seu uso ainda é muito importante 
nos dias atuais. Vamos conhecer alguns indicadores que utilizam os dados 
do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
4.7.1 Mortalidade Proporcional por Causas
Esse indicador mede a proporção de óbitos por uma determinada 
causa, ou grupo de causa, em relação ao total de óbitos em um determinado 
local e período. Normalmente é expresso em percentual.
A mortalidade proporcional indica a importância de uma causa (ou grupo 
de causa) de morte em uma população. É por intermédio desse indicador que 
pudemos visualizar a mudança no perfil epidemiológico através do tempo, 
denominada de transição epidemiológica. O seu cálculo é relativamente 
simples e pode ser utilizado na escolha de prioridades na área da saúde. 
Você pode visualizar no gráfico 16 uma análise baseada nesse indicador.
Qual a importância de se avaliar os indicadores de mortalidade dessa 
população?
MPx =
Nº	de	óbitos	devidos	à	causa	"x"
Nº	de	óbitos	por	todas	as	causas
	×100
108
Veja no gráfico 17 o risco de morte de motociclistas em cada região 
brasileira e sua projeção até 2020, mensurados pela Taxa de Mortalidade 
por Causa (nesse caso, acidentes envolvendo motocicletas).
4.7.2 Taxa de Mortalidade por Causas
Expressa a estimativa do risco de morte por uma determinada causa, 
ou por um grupo de causas, ao qual uma população esteve exposta em 
determinado período.
Cap I Cap II
Cap VIII
CapIII
Cap IX Cap X Cap XI Cap XII
Cap XXCap XIII Cap XIV Cap XVI Cap XVII Cap XVIII
Cap IV Cap V Cap VI
Cap VII
%NO %NE %SE %SU %CO
100
80
60
40
20
0
%BR
Gráfico 16 - Proporção de causas de morte em homens, segundo capítulos da CID-10. Brasil e regiões, 
2012.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2013: uma análise da situação de saúde e das 
doenças transmissíveis relacionadas à pobreza. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. 384 p.
TMx =
Nº	de	óbitos	devidos	à	causa	"x"
População
×100.000
109
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
20,0
18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
2000 2005 2010
Ano
2015 2020
(Norte)
(Nordeste)
(Sudeste)
(Sul)
(Centro-Oeste)
Ta
xa
s p
or
 1
00
 m
il 
ha
b.
Gráfico 17 - Tendência e previsão da taxa* de mortalidade de motociclistas, segundo regiões. Brasil, 
2000 a 2020.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2015/2016: uma análise da situação de saúde e 
da epidemia pelo vírus Zika e por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Brasília, 
DF: Ministério da Saúde, 2016a. 386 p.
A análise da taxa de mortalidade permite avaliar a situação de saúde 
de determinados grupos, de forma a identificar aqueles mais vulneráveis, 
permitindo o direcionamento de ações preventivas e de oferta de serviços 
a esses grupos.
4.7.3 Taxa de Mortalidade Infantil
É uma estimativa do risco de morte a que está exposta uma população 
de nascidos vivos antes de completar 1 ano de vida. Constitui-se em um 
potente indicador das condições de saúde e é afetado pelas condições de 
vida, pela qualidade da assistência ao parto, bem como a assistência ao 
recém-nascido e aos problemas comuns aos primeiros 12 meses de vida.
TMI =
Nº	de	óbitos	de	crianças	menores	de	1	ano
Nº	de	nascidos	vivos
×1.000
110
Figura 22 - Taxa de Mortalidade Infantil por mil nascidos vivos, IHME/GBD – unidades da 
Federação, 1990 e 2015.
 Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2017: uma análise da situação de saúde e 
os desafios para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília, DF: 
Ministério da Saúde, 2018. 426 p.
A TMI é um indicador em que são utilizados dados do SIM – óbitos 
em menores de 1 ano no numerador da equação – e do Sinasc, o qual provê 
os dados sobre o número de nascidos vivos.
Veja na figura 22 a redução da TMI no Brasil e em todas as suas 
regiões, em 1990 e 2015, segundo o Institute of Health Metrics and Evaluation 
(IHME/GBD). O país alcançou a meta de reduzir a mortalidade infantil em 
dois terços proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) nas metas 
integrantes do programa Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). 
O Programa Bolsa Família, a expansão da Estratégia de Saúde da Família e 
ações como a Vigilância dos Óbitos Infantis e Fetais contribuíram para essa 
acentuada redução.
20151990
35 a 3925 a 2915 a 19
30 a 3420 a 2410 a 14 40 e mais
Taxa de Mortalidade Infantil, IHME/GBD
111
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
PARA SABER MAIS!
A Taxa de Mortalidade Infantil pode ser analisada segundo 
seus componentes neonatal precoce, neonatal tardio 
e pós-neonatal. A análise para os períodos específicos 
da morte infantil é importante porque cada um deles 
representa causas distintas. Por exemplo, a mortalidade 
infantil neonatal é causada principalmente pela assistência à 
saúde, ou melhor, por sua ausência ou por um cuidado mal 
prestado à mãe e ao bebê durante à gestação e no parto.
Já o componente pós-neonatal reflete, principalmente, 
as condições de vida do bebê, incluindo alimentação 
adequada, acesso à água potável e condições de moradia. 
A forma de calcular cada um desses componentes da TMI 
está descrita nas equações a seguir.
TMInp: Taxa de Mortalidade Infantil Neonatal Precoce
TMInt: Taxa de Mortalidade Infantil Neonatal Tardia
TMIp: Taxa de Mortalidade Infantil Pós-neonatal
TMInp
Nº	de	óbitos	de	0	a	6	dias	de	vida
Nº	de	nascidos	vivos
×1.000
TMInt
Nº	de	óbitos	de	7	a	27	dias	de	vida
Nº	de	nascidos	vivos
×1.000
TMIp
Nº	de	óbitos	de	28	dias	até	um	ano	de	vida
Nº	de	nascidos	vivos
×1.000
4.7.4 Razão de Mortalidade Materna
É considerada um importante indicador de saúde por representar a 
saúde materna, mas também da população como um todo. É definida como 
a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 
112
dias após o seu término. Por ser uma morte evitável, a redução da morte 
materna é prioridade, e por isso também fez parte das metas dos Objetivos 
do Milênio da ONU. Contudo, para esse indicador o Brasil não obteve o 
mesmo sucesso da redução da TMI, não conseguindo atingir a meta de 
redução em 75%.
Para calcular a Razão de Mortalidade Materna são contabilizados os 
óbitos por causa materna no numerador e no denominador são utilizados 
os dados do número de nascidos vivos disponíveis no Sinasc.
Veja no gráfico 18 a redução da razão de mortalidade materna no 
Brasil de 2000 a 2015.
RMM =
Nº	de	óbitos	maternos
Nº	de	nascidos	vivos
×100.000
0
50
10
0
RM
M
15
0
2000 2005 2010 2015
Tend. decrescente RMM Vigilância
RMM Vigilância
RMM Direita
RMM IHME/GBD
Brasil
Gráfico 18 – Razões de mortalidade materna (RMM), calculadas pelos métodos direto, corrigido pela 
vigilância e corrigido pelo estudo GDB-IHME. Brasil, 2000 a 2015. 
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2017: uma análise da situação de saúde e os desafios 
para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 
2018. 426 p.
113
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
RETOMANDO O CASO DE SÍTIO FELIZ
O estudo do perfil da mortalidade de uma população é indispensável 
para subsidiar políticas públicas que visem à melhoria das condições de 
saúde. O conhecimento das principais causas de morte é um dos aspectos 
primordiais para atingir esses objetivos, especialmente quando permitem 
identificar desigualdades entre vários segmentos como sexo, faixa etária 
etc. (BRASIL, 2016a). 
A mortalidade ocupa lugar especial no inventário demográfico das 
transformações socioeconômicas, pois se relaciona diretamente com o bem-
estar humano, mostrando-se como indicador relativamente sensível do nível 
e da distribuição das condições de vida (CA, 2009).
O nível de mortalidade resulta da interação de um conjunto de fatores 
que afetam o bem-estar da população constituindo-se, dessa forma, de 
uma medida sumária da qualidade de vida que prevalece em meio a uma 
população (CA, 2009).
De posse das informações, Beatriz e sua equipe resolveram calcular 
os seguintes indicadores de mortalidade: mortalidade proporcional por 
causa das três principais doenças mais prevalentes do município, taxa de 
mortalidade infantil e razão de mortalidade materna. Após realizar o cálculo, 
eles obtiveram os seguintes resultados:
Tabela 5 - Indicadores do município de Sítio Feliz. 2016.
Mortalidade proporcional por grupos de causas (%)
Mortalidade proporcional por doenças do aparelho 
circulatório 30,7
Mortalidade proporcional por neoplasias 16,1
Mortalidade proporcional por causas externas 13,1
Mortalidade infantil por mil nascidos vivos
Taxa de mortalidade infantil 11,4
Mortalidade materna por 100 mil nascidos vivos
Razão de mortalidade materna 37,5
De posse dessas informações, o que Beatriz e sua equipe podem 
concluir em relação às condições de vida da população de Sítio Feliz?
114
Após calcular todos os indicadores, Beatriz e seu grupo reuniram-se 
para interpretar e comparar os dados às estimativas nacionais, obtendo os 
seguintes resultados e ponderações (BRASIL,2014, 2016a; REDE..., 2008; 
RELATÓRIOS..., 2014; RIPSA, 2011): 
Mortalidade proporcional por grupos de 
causas 
Taxa de mortalidade infantil 
• A mortalidade proporcional por grupos de causas mede a participação 
relativa dos principais grupos de causas de morte no total de óbitos 
com causa definida (REDE, 2008).
• De modo geral, é influenciado pela participação de fatores que 
contribuem para aumentar ou diminuir determinadas causas, alterando 
a distribuição proporcionaldas demais: condições socioeconômicas, 
perfil demográfico, infraestrutura de serviços públicos, acesso e 
qualidade dos serviços de saúde (REDE, 2008).
• No Brasil, mais de 60% dos óbitos informados no país, em 2010, 
foram devidos a três grupos de causas: doenças do aparelho circulatório 
(30,9%), causas externas (13,6%) e neoplasias (16,9%), sendo que as 
doenças do aparelho circulatório estavam em primeiro lugar em todas 
as regiões (DATASUS, 2017b). 
• Seguindo a tendência nacional, somando-se às doenças do aparelho 
circulatório, as neoplasias e as causas externas representam mais da 
metade das causas de morte do município de Sítio Alegre. Sendo, 
portanto, necessárias ações específicas para a prevenção e tratamento 
dessas doenças.
• A taxa de mortalidade infantil estima o risco de morte dos nascidos 
vivos durante o seu primeiro ano de vida, refletindo de maneira geral, 
as condições de desenvolvimento socioeconômico e infraestrutura 
ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis 
para atenção à saúde materna e da população infantil (REDE, 2008).
• Costuma-se classificar o valor da taxa como alto (50 por mil ou 
mais), médio (20 a 49) e baixo (menos de 20), parâmetros esses 
que necessitam revisão periódica, em função de mudanças no perfil 
epidemiológico (REDE, 2008). 
• Valores abaixo de 10 por mil são encontrados em vários países, mas 
deve-se considerar que taxas reduzidas podem estar encobrindo más 
condições de vida em segmentos sociais específicos (REDE, 2008).
• A taxa de mortalidade infantil no Brasil, em 2014, foi de 14,1 
óbitos por mil nascidos vivos (BRASIL, 2016). O município de Sítio 
Feliz apresentou um baixa taxa de mortalidade infantil (11,4 por mil 
nascidos vivos), sendo inclusive menor que a taxa nacional.
115
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Razão de mortalidade materna
• A razão de mortalidade materna reflete a qualidade da atenção à 
saúde da mulher. Portanto, taxas elevadas de mortalidade materna 
estão associadas à insatisfatória prestação de serviços de saúde a 
esse grupo, desde o planejamento familiar e a assistência pré-natal, 
até a assistência ao parto e ao puerpério (REDE, 2008). 
• A taxa de mortalidade materna máxima recomendada pela 
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) é de 20 casos a cada 100 
mil nascidos vivos. Com o estabelecimento dos objetivos do milênio, 
a meta estabelecida para o Brasil foi de 35 casos por 100 mil nascidos 
vivos (PORTAL ODM).
• A razão de mortalidade materna no Brasil, em 2012, foi de 62 
óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos (BRASIL, 2014). Embora o 
município de Sítio Feliz apresente uma razão de mortalidade materna 
menor que a nacional (37,5 por 100 mil nascidos vivos), a razão de 
mortalidade materna ainda é maior que o recomendado pela OPAS 
(20 mil óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos).
4.8 Indicadores de morbidade
Para realizar uma análise de situação de saúde também é importante 
conhecer as medidas de morbidade. Para isso, devemos conhecer dois 
importantes conceitos relacionados ao tema: incidência e prevalência.
4.8.1 Incidência
É a frequência de casos novos de uma doença ou agravo à saúde em 
um determinado período de tempo que surgem de uma população sob risco 
de adoecer. Para comparar a incidência em populações diferentes, ou uma 
mesma população em épocas distintas, usa-se a taxa de incidência. Ela é 
utilizada, principalmente, para doenças agudas e de curta duração, como 
as doenças transmissíveis.
Taxa	de	incidência =
Nº	de	casos	novos	de	uma	doença	
em	determinada	população
	em	certo	período	de	tempo
Nº	de	pessoas	expostas	aos	risco	de	
adoecer	no	referido	período	
×10n
116
Os gráficos 19 e 20 mostram exemplos das taxas de incidência, por 
meio das quais podemos observar a importância desse tipo de medida para o 
planejamento de ações de saúde, sobretudo aquelas que visam à promoção 
da saúde e à prevenção das doenças.
Apesar da redução da taxa de incidência ao longo dos anos, a tuberculose 
é uma doença que persiste no Brasil, tornando o país um dos líderes mundiais 
em casos novos da doença.
28
30
32
34
36
38
37,9
32,4
40
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Ano de diagnóstico
In
ci
dê
nc
ia
 (/
10
0 
m
il 
ha
b.
)
Gráfico 19 - Coeficiente de incidência de tuberculose. Brasil, 2007-2016*.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2017: uma análise da situação de saúde e os desafios 
para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 
2018. 426 p.
*Dados provisórios.
117
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano do diagnóstico/notificação
Aids Sífilis Congênita Sífilis em Gestantes
Ta
xa
 d
e 
de
te
cç
ão
 d
e 
ai
ds
 p
or
 1
00
 m
il 
ha
b.
Ta
xa
 d
e 
sífi
lis
 p
or
 1
.0
00
 n
as
ci
do
s v
iv
os
Gráfico 20 - Taxas de detecção de Aids (por 100 mil hab.), de sífilis em gestantes (por mil nascidos 
vivos) e taxa de incidência de sífilis congênita (por mil nascidos vivos) em adolescentes, 
segundo ano do diagnóstico/notificação. Brasil, 2007 a 2013. *, **, ***
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2015/2016: uma análise da situação de saúde e da 
epidemia pelo vírus Zika e por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Brasília, 
DF: Ministério da Saúde, 2016a. 386 p.
*Casos notificados no Sinan e registrados no Siscel/Siclom, até 30/6/2015, e no SIM, de 2000 a 2014. 
**Taxas de 2014 calculadas sobre a população de 2012. 
***Dados preliminares para os últimos cinco anos.
O gráfico 20 mostra taxas de detecção, que é uma aproximação da taxa 
de incidência em doenças que podem ter diagnósticos tardios, e de incidência 
de doenças como HIV/Aids e sífilis. Pode-se perceber um aumento no número 
de novos casos, o que deve gerar um alerta para os gestores direcionarem 
políticas para o controle dessas doenças.
4.8.2 Prevalência
É definida como a frequência de casos existentes de uma doença e a 
sua medida relativa. A taxa de prevalência informa a relação entre o número 
de casos conhecidos de uma dada doença e a população. A medida de 
prevalência é bastante útil para o planejamento na área da saúde, sobretudo 
para ações que visam a estruturar os serviços voltados à população acometida 
com uma determinada doença.
118
Tabela 6 - Prevalência (IC95%) e total em número absoluto de indivíduos que 
referiram morbidades. Brasil – Pesquisa Nacional de Saúde, 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2014: uma análise da situação 
de saúde e das causas externas. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 462 
p. Disponível em: .
A tabela 6 e o gráfico 21 mostram os dados de prevalência que são 
mais utilizados, como você poderá ver, para doenças não transmissíveis ou 
mesmo para doenças transmissíveis, mas que possuam longa duração, como 
é o caso da hanseníase, tuberculose e Aids.
Taxa	de	prevalência =
Nº	de	casos	conhecidos	de	
uma	doença
População ×10n
 Morbidades
Prevalência Total estimado de
casos (x 1.000) % IC95%
Hipertensão arterial 21,4 20,8 22,0 31.315
Diabetes 6,2 5,9 6,6 9.122
Asma 4,4 4,1 4,7 6.438
Depressão 7,6 7,2 8,1 11.179
Outra doença mental 0,9 0,8 1,1 1.347
Doença do coração 4,2 3,9 4,5 6.115
AVC 1,5 1,4 1,7 2.231
Artrite 6,4 6,1 6,7 9.382
Problema na coluna 18,5 17,8 19,1 27.021
DORT 2,4 2,2 2,7 3.568
Câncer 1,8 1,6 2,0 2.681
Insuficiência renal crônica 1,4 1,3 1,6 2.080
Doença do pulmão 1,8 1,6 2,0 2.611
119
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Gráfico 21 - Taxa de Prevalência da Hanseníase nos estados. Brasil, 2015.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Taxa de Prevalência da Hanseníase, estados, Brasil, 2015. 2016b. 
Disponível em: .Acesso em: 7 jul. 2017.
Ta
xa
 1
0.
00
0 
ha
b.
7,75 
4,2 
3,76 
2,33 
2,32 
2,25 
2,08 
1,84 
1,76 
1,6 
1,5 
1,21 
1,12 
1,06 
1,01 
0,95 
0,94 
0,88 
0,85 
0,65 
0,57 
0,52 
0,5 
0,42 
0,41 
0,23 
0,16 
0,1 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
 Mato Grosso
 Tocantins
 Maranhão
 Mato Grosso do Sul
 Rondônia
 Pará
 Piauí
 Pernambuco
 Goiás
 Roraima
 Ceará
 Acre
 Bahia
 Amapá
Brasil
 Sergipe
 Espírito Santo
 Amazonas
 Paraíba
 Alagoas
 Paraná
 Distrito Federal
 Rio Grande do Norte
 Minas Gerais
 Rio de Janeiro
 São Paulo
 Santa Catarina
 Rio Grande do Sul
BAIXO MÉDIO ALTO 
4.9 Outros indicadores de saúde
Devido à complexidade do conceito de saúde, surgiu a necessidade 
de se demandar novas formas de medi-la, com tentativas de superar a 
medição “negativa” de saúde, visto que os principais indicadores envolvem 
dados de morbidade e mortalidade. Dessa forma, propostas de indicadores 
positivos de saúde têm surgido nas últimas décadas, como é o caso da saúde 
autorreferida e o DALY.
O DALY corresponde à medida dos anos de vida perdidos por incapacidade, 
combinando dados de mortalidade com dados que levam em consideração 
o grau e o tempo de incapacidade devido a uma patologia. Uma medida 
anterior ao DALY, mas com lógica semelhante, é o QALY (Quality-adjusted 
life years), que corresponde ao cálculo acumulado dos anos com qualidade 
de vida não vividos por motivo de doença, incapacidade ou morte (ALMEIDA 
FILHO; ROUQUAYROL, 2006).
A esperança de vida também se constitui em um importante indicador de 
saúde, apesar de ser amplamente utilizado e gerado no âmbito da demografia. 
Mede o número médio de anos que ainda restam para serem vividos pelos 
120
usuários e costuma ser apresentado como esperança de vida ao nascer.
Destacamos aqui a importância dos indicadores de saúde para o uso 
rotineiro dos serviços de saúde, seja em nível gerencial ou mesmo para guiar 
as ações das equipes assistenciais, em unidades básicas, hospitalares ou de 
vigilância em saúde. Além dos atributos e das possibilidades de cálculos 
desses indicadores, faz-se necessário também observar a qualidade dos 
dados a serem obtidos para a Asis. 
4.10 Qualidade das informações
Os Sistemas de Informações em Saúde (SIS) são importantes fontes 
de dados, gerados, principalmente, pelo registro contínuo das atividades 
de saúde rotineiras. Discutimos, contudo, que os SIS apresentam algumas 
falhas que devem ser consideradas ao utilizarmos os dados oriundos de 
cada um deles.
Após conhecer um pouco mais sobre os indicadores, podemos discutir 
de que forma podemos identificar os problemas relacionados à produção 
de dados gerados pelos SIS e, ao mesmo tempo, possibilitar uma melhoria 
contínua na qualidade desses dados.
Deixamos para discutir dois desses indicadores nesta seção, 
propositadamente, para que pudéssemos analisar a qualidade dos dados dos 
sistemas de informações no Brasil. Um deles é a cobertura, que determina 
a representatividade dos dados referentes a uma população. O outro é a 
completude dos dados, ou seja, se os dados oriundos dos SIS estão completos.
Ao apresentar os principais sistemas de saúde na seção anterior, 
discutimos inicialmente essas questões, tratando sobre a qualidade dos 
dados no SIM, Sinasc e Sinan. O Sistema de Informações Sobre Mortalidade, 
por exemplo, apresenta cobertura diferente entre as regiões brasileiras.
O início da implantação do SIM já apresentava essa diferença no registro 
de óbitos, apesar de ter sido criado com a expectativa de contabilizar mais 
óbitos do que os registrados pelos cartórios, uma vez que a DO teria seu 
preenchimento nas unidades de saúde notificadoras (hospitais, por exemplo). 
Uma medida que informava o grau de abrangência do SIM era a comparação 
de captação de óbitos em relação ao IBGE (dados de registro civil), como 
121
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
você pode verificar na tabela 7 (MELLO-JORGE; LAURENTI; GOTLIEB, 2009).
Ano Registro Civil SIM Diferença
Absoluta
Diferença
Relativa
1980 815.445 750.727 -64.718 -7,9
1985 815.829 788.231 -27.598 -3,4
1990 859.986 817.284 -42.702 -5,0
1994 925.101 887.594 -37.507 -4,1
1998 951.949 929.023 -22.926 -2,4
2000 943.567 946.686 +3.111 +0,3
2001 950.043 961.492 +11.449 +1,2
2002 978.627 982.807 +4.180 +0,4
2003 993.655 1.002.340 +9.285 +0,9
Tabela 7 - Número total de óbitos captados pelo Sistema de Registro Civil e pelo 
SIM e diferenças absoluta e relativa entre eles. Brasil, 1980/2003.
Fonte: Adaptado de: MELLO - JORGE, M. H. P.; LAURENTI, R.; GOTLIEB, S. L. 
D. O sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM: concepção, 
Implantação e Avaliação. In: BRASIL. Ministério da Saúde. A experiência 
brasileira em sistemas de informação em saúde. Brasília, DF: Ministério 
da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
A partir da década de 2000, o SIM já captava mais óbitos do que o 
Registro Civil, embora este último também apresentasse sub-registro dos 
eventos vitais. Por isso, os cálculos de estimativas de mortalidade eram 
realizados por meio de técnicas indiretas a partir dos dados do IBGE.
Contudo, os dados ainda mostravam baixa cobertura, o que podia ser 
estimado pelo Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM), outro indicador que 
contribui para a avaliação da cobertura do sistema de captação de óbitos. Isso 
porque o coeficiente geral de mortalidade deve estar entre 6 e 12 óbitos por 
mil habitantes, independentemente do nível de saúde apresentado por uma 
população. Apesar de ser afetado pela estrutura etária da população, variando 
se a população é mais jovem ou mais velha, o valor do coeficiente deve se 
manter dentro desse intervalo (MELLO-JORGE; LAURENTI; GOTLIEB, 2009).
A figura 23 retrata a baixa cobertura da captação de óbitos pelo SIM 
a partir do CGM, mostrando que existia um grande número de municípios 
no Norte e Nordeste com CGM inferior a 2,0 por mil habitantes. 
122
Figura 23 - Coeficiente geral de mortalidade padronizado por idade por 
municípios. Regiões Norte e Nordeste. Brasil, 1996-1998.
Fonte: FRIAS, Paulo G. de et al. Utilização das informações vitais para a 
estimação de indicadores de mortalidade no Brasil: da busca ativa de 
eventos ao desenvolvimento de métodos. Cad. Saúde Pública, Rio de 
Janeiro, v. 33, n. 3, 2017. Disponível em: .
A partir da década de 2000, o Ministério da Saúde patrocinou iniciativas 
para a melhoria da cobertura do SIM e do Sinasc, com destaque para a 
pesquisa de busca ativa de óbitos e nascimentos, que pretendia estimar o 
sub-registro de óbitos e nascimentos, possibilitando o cálculo de indicadores 
mais confiáveis, como a Taxa de Mortalidade Infantil.
A pesquisa por busca ativa tem como objetivo identificar os óbitos e 
nascimentos que não foram registrados no SIM e Sinasc, respectivamente, 
Reveja a tabela 1, comparando com a figura 4, e observe que mesmo 
que exista uma diferença de uma década entre os estudos, ainda 
persistem as diferenças regionais na cobertura do SIM no Brasil.
123
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
fazendo uma busca in loco desses eventos. As fontes de informações adicionais 
foram: cartórios; secretarias de ação social (Cadastro Único dos Programas 
Sociais do Governo Federal – Bolsa Família; auxílio sepultamento; auxílio 
enxoval); hospitais; Unidades Básicas de Saúde; Serviço de Verificação 
de Óbitos (SVO) e Instituto Médico Legal (IML); serviços de transporte de 
pacientes (ambulâncias, SAMU, corpo de bombeiros); cemitérios oficiais e não 
oficiais (locais de sepultamento); funerárias; delegacias de polícia; parteiras 
tradicionais; igrejas e farmácias. Foram selecionados municípios de estados 
com baixa cobertura do SIM e Sinasc, localizados na Amazônia Legal (estados 
da Região Norte e Mato Grosso) e na Região Nordeste (BRASIL, 2011a).
As distintas realidades encontradas no Brasil geram situações que 
afetam diretamente a qualidade dos dados em saúde, como é o caso da 
cultura presentena zona rural de algumas regiões de sepultar bebês nos 
quintais do domicílio, conforme você pode visualizar na figura 24.
A partir dos dados coletados nessa pesquisa, foi possível gerar fatores 
de correção para os óbitos e nascimentos ocorridos nas regiões Norte e 
Nordeste, o que contribuiu para o aumento da confiabilidade dos dados 
Figura 24 - Sepultura em quintal de residência no interior do Nordeste, Brasil, 
casos identificados durante a busca ativa de óbitos e nascimentos.
Fonte: FRIAS, Paulo G. de et al. Utilização das informações vitais para a estimação 
de indicadores de mortalidade no Brasil: da busca ativa de eventos ao 
desenvolvimento de métodos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 33, 
n. 3, 2017. Disponível em: .
124
Registrar corretamente a causa do óbito contribui diretamente para 
a qualidade da informação sobre o perfil de mortalidade da população. A 
partir de uma boa informação, é possível promover ações de prevenção e 
promoção, por meio de um planejamento adequado às necessidades de saúde 
das pessoas. A falta de completude no preenchimento dos formulários que 
dão base aos sistemas de informação também afeta a qualidade do Sinan. 
Tabela 8 - Mortalidade proporcional por causas mal definidas e sem assistência médica. Brasil e 
grandes regiões, 1995, 2000, 2005 e 2011.
Fonte: REDE Interagencial de Informação para a Saúde Indicadores básicos para a saúde no Brasil: 
conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. 349 p. 
Disponível em: .
gerados pelo SIM e Sinasc, gerando melhores indicadores de mortalidade, 
como a TMI, por exemplo (DATASUS, 2017a).
Outra preocupação com relação à qualidade dos dados é com o 
preenchimento dos formulários de cada um dos sistemas. No caso da DO, 
chama atenção um indicador de qualidade importante para o planejamento 
em saúde, que é o preenchimento da causa de morte, mais especificamente, 
a proporção de óbitos por causa mal definida (CMD). Esses óbitos se referem 
àqueles cujas causas básicas estão classificadas no Capítulo XVIII da CID-10 
e contêm apenas a descrição de sintomas e sinais de doenças. A ocorrência 
desses óbitos indica problemas de acesso aos serviços de saúde e reflete a 
qualidade da assistência médica prestada à população (CUNHA; TEIXEIRA; 
FRANÇA, 2017).
A tabela 8 mostra que a proporção de óbitos com causa mal definida 
tem reduzido ao longo dos anos, ao passo que a proporção de óbitos sem 
assistência médica tem reduzido no mesmo período.
Região
Proporção de causas mal 
definidas
Proporção de óbitos sem 
assistência médica
1995 2000 2005 2011 1995 2000 2005 2011
Norte 25,7 24 17,7 11 17,8 15,8 10,8 4,8
Nordeste 34,4 28,4 17,2 7,7 28,1 22,2 11,2 3,9
Sudeste 9,7 9,8 8,1 6,6 3,8 2,8 2,1 1,2
Sul 9,4 6,3 5,8 4,5 7 3,9 2 0,8
Centro-Oeste 13,3 8,5 5,2 4,4 6,8 3 1,2 0,5
Brasil 16,2 14,3 10,4 6,7 10,7 8,3 4,8 2
125
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Campos importantes para identificação do paciente e de seu endereço, que 
facilitam o acompanhamento e investigação de casos, podem ter preenchimento 
inferior a 10% a depender do campo a ser preenchido. Isso também acontece 
com dados que estão relacionados aos fatores de risco para a doença ou 
agravo, cujo preenchimento costuma ser inadequado (ALVARES et al., 2015; 
MALHAO et al., 2010).
Apesar de um caminho ainda a percorrer em busca da melhoria na 
qualidade dos sistemas de informações no Brasil, as iniciativas já implantadas 
sugerem que bons resultados podem ser alcançados. Embora haja diferenças 
regionais e entre sistemas, a melhoria na qualidade dos dados pode ser 
observada. É o caso do preenchimento adequado dos campos da Declaração 
de Nascidos Vivos (DN), onde a completude dos campos permite que os 
dados sejam utilizados com confiabilidade por gestores e profissionais de 
saúde, como você pode verificar na tabela 9.
Variável Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
Tipo de gravidez 99,93 99,88 99,94 99,97 99,87 99,92
Tipo de parto 99,91 99,83 99,88 99,96 99,82 99,87
Semana 
gestacional 99,68 99,31 98,90 99,89 99,52 99,28
Sexo 99,98 99,97 99,98 99,99 99,99 99,98
Raça/cor 
(recém- 
nascido)
99,31 92,41 93,27 99,80 90,58 94,27
Índice de Apgar 
ao 1º minuto de 
vida
97,82 92,14 97,07 99,25 98,90 96,11
Índice de Apgar 
ao 5º minuto de 
vida
97,26 91,40 97,13 99,27 98,94 95,85
Peso ao nascer 100,00 99,99 99,64 100,00 100,00 99,86
Detecção 
de anomalia 
congênita
97,99 95,24 95,28 99,59 93,90 96,00
Percentual de 
completude 99,10 96,69 97,90 99,75 97,95 97,90
Tabela 9 - Percentual de completude dos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). 
Brasil e Macrorregiões, 2006-2010.
Fonte: OLIVEIRA, Max M. de et al. Avaliação do Sistema de Informações sobre nascidos vivos. Brasil, 2006 a 
2010. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 24, n. 4, p. 629-640, 2015.
126
A qualidade das informações depende, entre outros atributos, do 
registro adequado dos eventos captados pelos sistemas de informações em 
saúde. Além disso, é necessário o preenchimento cuidadoso e responsável 
dos formulários pelos profissionais envolvidos em todo o processo que 
constitui um sistema de informação. 
AGORA É COM VOCÊ!
Você já ouviu falar na Vigilância do Óbito Materno, Infantil e Fetal? Faça 
uma busca no seu município, entrevistando pessoas ou consultando 
documentos, para saber como funciona essa vigilância.
Como discutimos anteriormente, os indicadores de morte materna e 
mortalidade infantil são importantes marcadores da situação de saúde e 
das condições de vida de uma população, não à toa estão inscritos como 
metas para sua redução nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
das Nações Unidas. Para conhecer mais sobre esse programa, acesse 
o site das nações unidas. 
A partir da leitura deste livro, você já pode reconhecer que para uma 
ação adequada à melhoria da saúde das pessoas, é necessário ter 
informação de qualidade disponível, correto? Portanto, a Vigilância do 
Óbito Materno, Infantil e Fetal busca identificar as causas que levaram a 
óbito os indivíduos desse grupo, investigando profundamente a cadeia 
de eventos que levou à morte. Isso gera informação precisa sobre a 
causa do óbito, permitindo a implantação de ações mais efetivas para 
que novas mortes sejam evitadas.
Você pode acompanhar os dados de mortalidade infantil e fetal do 
seu município/estado acessando o Painel de Monitoramento da 
Mortalidade Infantil e Fetal e os dados de morte materna no Painel 
de Monitoramento da Mortalidade Materna (BRASIL, 2017a, 2017b).
127
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos conhecimentos sobre a Análise de Situação de Saúde 
(Asis), gestores e profissionais de saúde poderão basear suas decisões em 
informações adequadas à resolução dos principais problemas de saúde do 
seu território. 
Para isso, é de fundamental importância o conhecimento das fontes dos 
dados que constituirão a Asis, reconhecendo que os dados epidemiológicos 
e demográficos são fundamentais na composição da análise, uma vez que 
contribuem para a contextualização das condições de vida dos indivíduos, as 
quais, em última análise, determinam o processo saúde-doença dos grupos 
populacionais.
Nesta perspectiva, você pôde reconhecer o que são necessidades em 
saúde da população, as desigualdades em saúde e a carga de doenças e como 
elas são importantes elementos para a Análise de Situação de Saúde. Você 
pôde conhecer ainda um pouco mais sobre as informações em saúde e sua 
importância para a identificação das necessidades de saúde da população. 
Pôde, ainda, se familiarizar com alguns dos principais indicadores utilizados 
na Asis, a partir dos dados dos Sistemas de Informações em Saúde (SIS), 
e com os atributos que os tornam boas medidas do nível de saúde e das 
condições de vida da população.
Assim, esperamos que a partirdos elementos apresentados aqui, você 
possa incrementar o processo de tomada de decisões no seu cotidiano com o 
uso da Asis, a fim de racionalizar os recursos disponíveis para atender melhor 
às necessidades de saúde da população. Essas ações devem ser embasadas 
no processo de utilização e produção de dados com qualidade, afinal, o 
processo de tomada de decisão deve servir a atender às necessidades de 
saúde da população, sendo responsabilidade de todos nós a qualidade de 
vida na grande comunidade da qual fazemos parte.
128
REFERÊNCIAS
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da saúde. In: ALMEIDA FILHO, Nr. BARRETO, M. L. Epidemiologia e Saúde: 
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2011. 700p.
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4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 282 p.
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do Trabalhador. Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador. 
Guia para Análise da Situação de Saúde do Trabalhador – SUS/Bahia. 
Organizado por Eliane Cardoso Sales e Joselita Cássia Lopes Ramos. 
SESAB/ SUVISA/DIVAST/CESAT - Salvador: DIVAST, 2014. 92 p. 
BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. 
Tradução de Juraci A. Cesar. 2. ed. São Paulo: Santos Editora, 2010. 
129
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	2 ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE: CONCEITOS E INTERPRETAÇÃO DE INDICADORES 
	1 INTRODUÇÃO
	2.1 Bases conceituais da Análise de Situação de Saúde (Asis)
	2.1.1 Objetivos da Asis
	2.1.2 Finalidades da Asis
	2.1.2.1 A Definição de necessidades, prioridades e políticas em saúde e a avaliação de sua adequação
	2.1.2.2 A formulação de estratégias de promoção, prevenção e controle de danos à saúde e a avaliação de sua pertinência e cumprimento
	2.1.2.3 A construção de cenários futuros em saúde
	2.2 Utilização dos dados da Vigilância em Saúde
	2.3 Comportamento e tendências das variáveis demográficas
	3 ASIS E PRIORIZAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS 
	3.1 Priorização: definição e aplicabilidade
	3.2 Desigualdades em saúde
	3.3 A carga global de doenças no Brasil
	4 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES EM SAÚDE
	4.1 Os sistemas de informação em saúde no Brasil e sua importância para a construção das Asis
	4.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
	4.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc)
	4.4 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 
	4.5 Outros sistemas de informações
	4.6 Identificação e seleção de dados fundamentais
	4.7 Indicadores de mortalidade
	4.7.1 Mortalidade Proporcional por Causas
	4.7.2 Taxa de Mortalidade por Causas
	4.7.3 Taxa de Mortalidade Infantil
	4.7.4 Razão de Mortalidade Materna
	4.8 Indicadores de morbidade
	4.8.1 Incidência
	4.8.2 Prevalência
	4.9 Outros indicadores de saúde
	4.10 Qualidade das informações
	5 CONSIDERAÇÕES FINAISAsis criteriosa e bem conduzida por quem administra serviços de saúde e 
também por quem produz cuidado no dia-a-dia das pessoas.
15
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
2 ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE: 
CONCEITOS E INTERPRETAÇÃO DE 
INDICADORES 
Por meio de reflexões sobre problemas comuns ao sistema de saúde 
brasileiro, você poderá percorrer caminhos que o ajudarão a compreender 
os fatores contextuais que influenciam na saúde da população e interpretar 
as mudanças no perfil epidemiológico e demográfico dessa população. Para 
isso, convidamos você a fazer uma reflexão. 
Imagine uma situação hipotética, em que todos os problemas de 
saúde dos indivíduos pudessem ser resolvidos a qualquer momento, pois 
existiriam inúmeras unidades de saúde, ambulatoriais e hospitalares, bem 
como serviços de prevenção atuando em todas as cidades. Não existiria 
escassez de profissional e todas as tecnologias, inclusive as mais avançadas, 
estariam disponíveis a qualquer pessoa.
Você deve estar pensando que essa situação só é possível em um 
mundo ideal, restrito à nossa imaginação. De fato, no mundo real esse cenário 
descrito acima está longe de ser contemplado. No Brasil e em todos os demais 
países, os recursos dos mais diversos tipos são finitos, ou seja, tanto recursos 
financeiros como o número de profissionais, por exemplo, são limitados.
Evidentemente, essa escassez de recursos afeta alguns países mais do 
que outros, mas em todos eles há um limite para os gastos. Na área da saúde 
isso não é diferente, especialmente se considerarmos que estamos falando 
de uma área dinâmica, na qual o adoecimento das populações é bastante 
variável e há uma demanda crescente por novas tecnologias.
É preciso destacar algumas características do setor de saúde, 
pois elas têm relações íntimas com os crescentes gastos observados: 
os tipos de doença que são mais comuns em uma região podem não 
ser em outras; o padrão de doenças também se modifica ao longo 
do tempo – uma doença que era comum anos atrás pode ter sido 
erradicada, ao passo que outras doenças surgem ao longo dos anos; 
16
as doenças não respeitam fronteiras geográficas, e as epidemias 
de ebola e influenza por H1N1 mostram isso. Outra característica 
é a intensa inovação tecnológica da indústria de equipamentos 
para a saúde e farmacêutica. Essas inovações costumam gerar 
demandas para os novos produtos, que para serem incorporados 
aos tratamentos geram altos custos aos governos.
Por isso, é importante conhecer as bases conceituais da Asis e 
compreender como se dá essa dinâmica na saúde de diferentes regiões.
2.1 Bases conceituais da Análise de Situação de Saúde (Asis)
Se as realidades de saúde são distintas entre 
populações e os recursos são escassos, como 
aplicar os recursos disponíveis? Quais devem 
ser as prioridades na execução das ações? Quais 
os critérios que podem auxiliar os profissionais 
e gestores de saúde na tomada de decisão?
A Asis é uma ferramenta que facilita a identificação de necessidades 
e prioridades, bem como a identificação de intervenções e programas 
adequados e a avaliação do seu impacto na saúde (OPAS, 1999). Segundo 
a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Asis “é caracterizada por 
processos analítico-sintéticos que permitem caracterizar, medir e explicar o 
perfil de saúde-doença de uma população, incluindo os agravos e problemas 
de saúde, assim como seus determinantes” (OPAS, 1999).
O gráfico 1 apresenta um exemplo de como a Asis pode ser aplicada. 
Os gráficos mostram as principais causas de mortes por região do Brasil para 
o ano de 2013 e fazem parte da publicação anual da Secretaria de Vigilância 
em Saúde do Ministério da Saúde chamada “Saúde Brasil”. Essa publicação, 
portanto, tem como objetivo “produzir e disseminar análises de situação de 
saúde” (BRASIL, 2015).
17
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Gráfico 1 - Taxas de mortalidade padronizadas das principais causas específicas de morte por 
Região, Brasil, em 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2014: uma análise da situação de saúde e 
das causas externas. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. p. 106. Disponível em: 
 . Acesso em: 19 jul. 2017.
A partir do gráfico 1, podemos observar algumas semelhanças no 
padrão de mortalidade entre as regiões brasileiras. Mas também podemos 
visualizar que algumas regiões têm como principal causa de morte doenças 
que não aparecem com destaque nas demais, como é o caso do grupo 
“Bronquite, enfisema, asma” no Sul do país e os “Acidentes de transporte 
terrestre” no Centro-Oeste e Norte.
Nesse caso, a Asis ajudaria no direcionamento de políticas voltadas 
para a redução das principais causas de mortes em cada região, ao mesmo 
Centro-Oeste
29,530,2
35,538,9
44,1
60
50
40
30
20
10
0
Sul
26,126,2
29,3
37,1
46,9
60
50
40
30
20
10
0
Sudeste
19,322,1
37,739,642,6
60
50
40
30
20
10
0
Nordeste
28
35,4
39,542,7
51,9
60
50
40
30
20
10
0
Acidentes de transporte terrestre 
Homicídios
Bronquite, enfisema, asma
Pneumonias
D. hipertensivas
Diabetes mellitus
Infarto agudo do Miocárdio
D. cerebrovasculares
Norte
21,9
32,634,935,6
51,5
60
50
40
30
20
10
0
18
tempo que uma análise da mortalidade ao longo dos anos poderia auxiliar 
na avaliação das políticas implementadas para evitar o excesso de mortes 
por cada uma das causas. Para compreender melhor a importância da Asis 
para o planejamento das ações de saúde, vamos analisar o caso do município 
de Céu Azul:
CENA 1 - Reunião de Conselho de Saúde e Instituição da Comissão de 
Asis de Céu Azul
Mário, 35 anos, é enfermeiro e assumiu há cinco meses o cargo de 
secretário municipal de saúde do município de Céu Azul. Ele tem muitos 
planos para a saúde do município e por isso agendou uma reunião com o 
Conselho Municipal de Saúde de Céu Azul para discutir os problemas de 
saúde e as ações para solucioná-los. 
No dia agendado, todos os conselheiros se fizeram presentes. Durante 
a reunião, Mário apontou a necessidade do planejamento das ações de 
saúde e apresentou o recurso financeiro disponível. Além disso, também 
apresentou os projetos de saúde que pretendia iniciar, visto que o recurso 
possibilitava a realização de todos eles.
Entretanto, alguns dos conselheiros começaram a se questionar se 
os projetos apresentados realmente contemplavam as prioridades de saúde 
de Céu Azul, pois muitos deles referiam-se a solucionar problemas de saúde 
pouco prevalentes no município. 
Dessa forma, Marta, uma das conselheiras, profissional especialista 
em saúde coletiva, destacou que achava importante realizar uma análise da 
situação de saúde (Asis) do município para iniciar o planejamento das ações 
de saúde da nova gestão. Sendo assim, Mário, convencido por Marta e demais 
conselheiros, propôs ao final da reunião a criação de uma Comissão para 
realizar a Asis de Céu Azul e apresentar os resultados na reunião seguinte. 
Agora, imagine que você é um dos conselheiros da Comissão de Asis 
de Céu Azul e que na próxima reunião do Conselho Municipal de Saúde você 
e seus colegas da comissão deverão apresentar as principais características 
de saúde do município. Atente-se para os seguintes questionamentos: 
19
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
• Por que é necessário realizar a Asis de Céu Azul? 
• Como a comissão irá iniciar essa Asis?
PARA SABER MAIS!
O Ministério da Saúde apresenta no livro “Saúde Brasil 
2017: uma análise da situação de saúde e os desafios para 
o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” 
um capítulo sobre mortalidade pelas principais causas 
específicas em 2015: diferenças regionais – nas páginas 
81 a 98 que se sugere a leitura.
2.1.1 Objetivos da Asis
 
O objetivo geral da Asis, segundo Calvo (2004), é entender as causas 
e consequências das diferenças dos problemas de saúde na comunidade. A 
OPAS (1999) coloca mais explicitamente o componente da gestão da saúde 
na sua construção teórica, segundoa qual a Asis busca “contribuir com a 
informação que o componente técnico requer para os processos de condução, 
gerência e tomada de decisão em saúde”.
Autores brasileiros sintetizam o objetivo da Asis assim:
A Asis tem como objetivo criar informações e conhecimentos válidos 
sobre a situação de saúde de uma população em determinado 
território/contexto, mas tem como finalidade principal informar a 
tomada de decisão em saúde de maneira oportuna em todas as suas 
instâncias (DUARTE; MORAIS NETO, 2015, p.10).
Você deve estar se familiarizando com a Asis 
como uma ferramenta importante para auxiliar 
as ações na área da saúde. Talvez esteja 
pensando em como pode utilizá-la no cotidiano 
do seu trabalho, seja na gestão ou nas equipes 
de saúde responsáveis por territórios. Vamos 
conversar mais sobre o tema?
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2017_analise_situacao_saude_desafios_objetivos_desenvolvimento_sustetantavel.pdf
20
Dessa forma, a Asis objetiva gerar informações que auxiliem na 
compreensão das causas e consequências de saúde e que também orientem 
a tomada de decisão por parte dos profissionais e gestores da saúde.
2.1.2 Finalidades da Asis
Além do seu objetivo geral, podem ser identificadas outras finalidades 
da Asis (OPAS, 1999). Veja a seguir algumas dessas finalidades.
2.1.2.1 A Definição de necessidades, prioridades e políticas em saúde e a 
avaliação de sua adequação
A figura 1 ilustra como a Asis pode auxiliar na definição de necessidades, 
prioridades e políticas em saúde, além da avaliação de sua adequação. A 
partir dela, podemos vislumbrar que áreas de maior vulnerabilidade social 
geram resultados distintos de saúde. Nesse caso, são apresentados mapas que 
representam valores integrados de saúde e ambiente, com claro gradiente 
mais desfavorável para o Norte-Nordeste do país. Essa análise ajuda a apontar 
quais políticas e onde elas devem ser prioritariamente aplicadas para reduzir 
as internações e mortes por doenças diarreicas entre crianças.
21
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Fonte: BUHLER, H.F. et al. Análise espacial de indicadores integrados 
de saúde e ambiente para morbimortalidade por diarreia 
infantil no Brasil, 2010. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 
30, n. 9, p. 1921-1934, Set. 2014.
0º0º
-10º-10º
-20º-20º
-30º-30º
0º0º
-10º-10º
-20º-20º
-30º-30º
-70º-70º -60º-60º -50º-50º -40º-40º
-70º-70º -60º-60º -50º-50º -40º-40º
Péssimo (0,30-0,66)
Ruim (0,67-0,80)
Bom (0,81-0,89)
Muito bom (0,90-0,96)
0 600 1.200km
N
O
S
L
Internação
0º0º
-10º-10º
-20º-20º
-30º-30º
0º0º
-10º-10º
-20º-20º
-30º-30º
-70º-70º -60º-60º -50º-50º -40º-40º
-70º-70º -60º-60º -50º-50º -40º-40º
Péssimo (0,17-0,69)
Ruim (0,70-0,85)
Bom (0,86-0,92)
Muito bom (0,93-0,97)
0 600 1.200km
N
O
S
L
Mortalidade
Figura 1 - Distribuição espacial do indicador integrado de saúde e 
ambiente por microrregiões brasileiras para internação e 
mortalidade por doença diarreica aguda em menores de 
 um ano. Brasil, 2010/2009.
22
A figura 1 apresenta desigualdades sociais 
influenciando internações e mortes por 
doenças diarreicas em crianças. Você consegue 
observar desigualdades semelhantes dentro 
do seu município? Há grupos populacionais 
que sofrem mais de alguns tipos de doença 
por causa da sua condição social? Esses grupos 
deveriam receber uma atenção diferenciada 
na definição e execução de políticas públicas?
Alguns grupos populacionais padecem mais de alguns tipos de doença 
e agravos e podemos observar isso em nível municipal também. As mortes 
violentas entre jovens da periferia em níveis bastante elevados, os altos 
índices de perda dentária entre as pessoas de baixo nível educacional ou a 
elevada prevalência de tuberculose na população carcerária são exemplos 
concretos de desigualdades em saúde, com forte influência das condições 
sociais sobre os grupos populacionais. As ações para enfrentar esses 
problemas, portanto, podem ser direcionadas, ou melhor, priorizadas para 
os grupos mais vulneráveis.
2.1.2.2 A formulação de estratégias de promoção, prevenção e controle de 
danos à saúde e a avaliação de sua pertinência e cumprimento
A vacinação é um exemplo que ilustra bem a finalidade da Asis de 
formulação de estratégias de promoção, prevenção e controle de danos à 
saúde e a avaliação de sua pertinência e cumprimento. É uma estratégia 
de prevenção de doenças bastante conhecida e o Brasil tem um programa 
que abrange todo o território nacional, que é o Programa Nacional de 
Imunização. A figura 2 mostra a importância da vacinação para a erradicação 
da poliomielite no Brasil.
23
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Figura 2 - Número de casos confirmados de poliomielite e notificados de paralisia flácida 
aguda, Brasil, 1979 a 2008.
Fonte: DURANTE, A. L. T.; DAL POZ, M. R. Saúde global e responsabilidade sanitária 
brasileira: o caso da erradicação da poliomielite. Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 38, 
n. 100, p. 129-138, Mar. 2014. 
 Apesar da imunização ser uma estratégia consolidada na saúde pública, 
ela deve ser acompanhada para garantir que as pessoas sejam imunizadas 
e as doenças sejam erradicadas ou, pelo menos, mantidas sob controle. 
Uma forma de acompanhar a execução dessas ações e avaliar seu alcance é 
utilizar o indicador de cobertura vacinal. Esse indicador mede o percentual 
de pessoas que foram imunizadas do total de indivíduos que fazem parte da 
população-alvo. Se a cobertura vacinal estiver baixa, as ações não estão sendo 
bem executadas e podem gerar graves problemas de saúde para a população.
2.1.2.3 A construção de cenários futuros em saúde
A figura 3 apresenta um cenário futuro para as causas de morte no 
Brasil, resgatando dados históricos e estimando qual o perfil de mortalidade 
para o ano de 2033. A partir dessa análise, políticas governamentais podem 
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
2.569 1.260 122 69 45 142 329 612 196 106 35 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3.205 1.985 362 257 233 257 600 1.029 724 895 916 535 588 552 517 554 419 453 432 369 437 528 678 637 654 642 609 614 636 585
Poliomielite
Paralisia flácida aguda
Dois casos recentes de surtos de doenças imunopreveníveis 
chamaram a atenção para a importância do monitoramento e do 
cumprimento das metas de cobertura vacinal no Brasil. Foram os 
casos de febre amarela em Minas Gerais no ano de 2017 e de 
sarampo na Região Norte do país em 2018.
24
ser elaboradas a fim de mudar o cenário para determinadas causas – 
notoriamente as causas externas, bem como preparar o sistema de saúde 
para uma assistência adequada às pessoas que necessitarão de cuidados 
prolongados – como os grupos que são acometidos por doenças crônicas 
não transmissíveis (DCNT), com destaque para as doenças do aparelho 
circulatório e neoplasias.
Figura 3 - Mortalidade proporcional por grupos de causa (Capítulos da CID), estratificado 
segundo os 10 grupos de maior peso para o ano de 2011. Brasil, 1980 a 2033.
Fonte: SILVA JÚNIOR, J. B.; RAMALHO, W. M. Cenário epidemiológico do Brasil em 2033: 
uma prospecção sobre as próximas duas décadas. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo 
Cruz, 2015. p. 9. (Textos para Discussão; n. 17).
Como vimos, a Asis pode ser utilizada de diferentes formas por gestores 
e profissionais de saúde para direcionar ações que busquem a satisfação das 
necessidades de saúde da população. Não podemos, no entanto, esquecer 
que a saúde da população depende de inúmeros fatores e que algumas 
soluções, para serem efetivas, precisam ser articuladas com outros setores 
100
75
50
25
0
20302025202020152010200520001995199019851980
Capítulos
 Demais
 Afecções perinatais
 Aparelho geniturinário
 Sistema nervoso
 Infecciosas e parasitárias
 Aparelho digestivo 
 Sangue, tr. imun., nutr. e metab.
 Aparelho respiratório
 Causas externas
 Neoplasias
 Aparelho circulatório
E você, sabe quais são asprincipais causas de 
morte na população do seu município? Existe 
alguma política pública que ajude a enfrentar 
alguma dessas causas?
Você pode buscar essas informações na própria 
Secretaria de Saúde do município ou buscar em 
sites oficiais, como no DATASUS.
25
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
governamentais e da sociedade.
Aqueles agravos ou doenças que são mais prevalentes em populações 
mais vulneráveis são um exemplo de soluções que passam, necessariamente, 
pela intersetorialidade das ações. Afinal, o grande número de mortes violentas 
entre jovens em situação de vulnerabilidade e marginalizados não serão 
resolvidos somente com a mobilização de equipes de saúde.
Podemos usar esse raciocínio para as neoplasias que podem ser 
detectadas em programas de prevenção, como é o caso do câncer de mama, 
de colo do útero e de próstata, mas que estão entre os tipos que mais matam 
no Brasil. Esses tipos de neoplasias são mais letais entre o grupo de pessoas 
mais pobres e menos escolarizadas. Ampliar o número de unidades de saúde 
que diagnosticam essas doenças é apenas uma das ações que podem diminuir 
a mortalidade, mas a redução das desigualdades sociais necessitará de uma 
ação conjunta de diferentes setores.
É importante destacar que essa visão ampla sobre a saúde é uma 
construção histórica, que se desenvolveu juntamente com a sociedade 
humana. Por muito tempo, a saúde esteve vinculada a um conceito tradicional 
que relacionava à saúde com os serviços sanitários. Dito de uma forma mais 
direta, a saúde seria definida a partir da doença como referência, ou seja, 
o organismo que estivesse em um estado mórbido era considerado doente, 
ao passo que o contrário desse estado seria caracterizado como saúde 
(CARVALHO; BUSS, 2012).
A mudança no paradigma da saúde, que passa a contemplar os 
múltiplos fatores – incluindo os socioeconômicos – como produtores de 
doenças, se reflete também nas medidas utilizadas em saúde pública para 
analisar a situação de saúde da população. Por meio da Epidemiologia, essa 
busca por medidas objetivas sobre a saúde deixou de ser exclusivamente 
relacionada à mortalidade e morbidade e passou a incluir outros atributos. 
Com a ampliação do conceito de saúde, reconheceu-se a necessidade de 
considerar outras dimensões da saúde, como incapacidade e fatores não 
biológicos da saúde, assim como a qualidade da assistência, o acesso aos 
serviços, as condições de vida e os fatores ambientais (OPAS, 2001).
26
Epidemiologia é o estudo da frequência e distribuição de estados 
ou eventos relacionados à saúde, e dos seus determinantes, em 
populações específicas e a aplicação desse estudo para o controle 
de problemas de saúde (PORTA, 2014).
Um dos módulos de um curso voltado a gestores de saúde pública 
promovido pela OPAS traz premissas para a Asis em um contexto atual e 
voltado para a realidade da América Latina. Essas premissas perseguem 
uma Asis alinhada com a visão ampliada de saúde e incluem (OPAS, 2010):
Percebam que a Asis inclui variáveis de contexto, as quais são aquelas 
que determinam o estado de saúde das pessoas. 
A forma como se organiza a sociedade e os sistemas de saúde para dar 
resposta às necessidades de saúde.
A existência de diferenças na distribuição das condições de vida e as 
causas de enfermidade e morte.
A possibilidade de identificar a magnitude, o alcance e a gravidade dos 
problemas de saúde na população.
A possibilidade de identificar os grupos populacionais com necessidades 
de saúde não satisfeitas e de alto risco.
A sugestão de intervenções potenciais baseadas no reconhecimento 
dos fatores de risco.
A avaliação da efetividade das intervenções sustentada nos indicadores 
epidemiológicos.
Os aspectos de contexto que determinam as condições de vida e saúde 
da população.
27
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
O que são determinantes sociais da saúde 
para você? Você já se perguntou se o trabalho, 
a renda, a educação e os comportamentos 
das pessoas podem gerar doenças? Tente 
se lembrar de um caso em que um desses 
determinantes influenciou o aparecimento de 
uma doença, seja em uma pessoa próxima a 
você ou alguém que procurou o serviço onde 
você trabalha.
Os determinantes sociais da saúde (DSS) são aqueles relacionados às
condições em que uma pessoa vive e trabalha, além de influenciarem a 
ocorrência de problemas de saúde e fatores de risco à população – como 
moradia, alimentação, escolaridade, renda e emprego (WHO, 2017; BUSS; 
PELLEGRINI FILHO, 2007). Esses determinantes necessitam de articulação 
com outros setores da sociedade para serem alterados, e muitas vezes se 
situam além da governabilidade de quem planeja ações de saúde. Muitas 
vezes, ficamos limitados na busca da resolução de um problema de saúde 
pública, pois parte importante da resolução do problema está sob a gerência 
de outros setores.
AGORA É COM VOCÊ!
Você concorda que a mortalidade infantil no Brasil apresenta características 
de um problema com múltiplas dimensões? Considerando que o 
Brasil apresenta taxa de mortalidade infantil (TMI) distinta entre suas 
regiões, com piores resultados para o Norte e o Nordeste em relação 
às demais, liste os possíveis setores que poderiam contribuir para a 
redução da TMI no Brasil. Os setores podem ser governamentais ou 
da sociedade civil.
Se você e sua equipe não dispõem dos meios e recursos necessários 
para resolver todos os problemas de saúde do território, é importante 
destacar que a Asis serve para a negociação política, a condução 
institucional, a mobilização de recursos e para a disseminação de
28
informações em saúde. A Asis contribui, portanto, para um diagnóstico 
mais preciso da situação, possibilitando identificar também os atores que 
se corresponsabilizarão para a resolução dos problemas, aumentando 
as chances de sucesso na execução das ações.
2.2 Utilização dos dados da Vigilância em Saúde
Inicialmente, convidamos você a pensar sobre o voo de um avião, 
sobre os procedimentos necessários para que ele decole e chegue ao seu 
destino. Entre as diversas funções da equipe de comando da aeronave está 
a averiguação do tempo: se há possibilidade de chuvas, se há muitas nuvens 
no trajeto, temperatura do ar, entre outras características atmosféricas. Além 
disso, devem ser observadas a quantidade de combustível, a distância do avião 
para o solo, sua velocidade, quantidade de carga transportada. Importante, 
claro, é saber o fluxo dos outros voos na sua rota, bem como as decolagens e 
aterrissagens nos aeroportos, função 
essa auxiliada por equipamentos de 
bordo e pela torre de controle.
Ufa! São utilizados muitos 
dados durante um voo de avião para 
que a tripulação conduza a aeronave 
com precisão e que todos cheguem 
ao seu destino com segurança.
Agora se imagine na direção 
de uma unidade de saúde ou mesmo 
fazendo parte de uma equipe – seja 
ela de Vigilância ou de Saúde da 
Família, por exemplo. Os dados de saúde são importantes para gerar um 
atendimento adequado à população? Eles auxiliam no atendimento das 
necessidades das pessoas?
Se vimos que os dados produzem informações relevantes para um 
piloto de avião conduzir bem uma aeronave por meio da definição da melhor 
rota, das mudanças de direção para adequar à malha aérea ou mesmo para 
comunicar aos passageiros sobre regiões de turbulência, podemos pensar 
29
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
que para “conduzir” uma unidade de saúde ou para uma equipe atender às 
necessidades sanitárias de uma população, os dados são de fundamental 
importância.
Obter informações de quantas mulheres estão gestantes em um 
município, quantos novos casos de dengue surgiram no último verão ou 
mesmo o total de pessoas hipertensas cadastradas na equipe de saúde da 
família do bairro auxiliam gestores e trabalhadores a adequarem a assistência 
materno-infantil daquele município; a atuarem de forma preventiva para 
que não ocorram novos casos de dengue nos meses quentes e chuvosos; e a 
estimarem a quantidade de medicamentos a serem dispensadosà população 
hipertensa sem que haja descontinuidade do tratamento.
Você percebeu que com apenas três exemplos já conseguimos visualizar 
a importância que os dados têm para a saúde?
Na área da saúde, utilizamos fundamentalmente os dados epidemiológicos 
para monitorar, avaliar, planejar e analisar as condições de saúde e bem-
estar dos grupos populacionais. Neste capítulo, já conhecemos o conceito 
de epidemiologia, que em resumo é o estudo sobre a saúde da população. 
Portanto, os dados de saúde se constituem em dados epidemiológicos. Vale 
ressaltar que para a Asis, outros dados também podem ser utilizados, como 
os demográficos, econômicos e os do meio ambiente.
Os dados podem ser classificados, ainda, segundo as suas fontes de 
obtenção em primários e secundários, conforme ilustra a figura 4:
Dados primários
quando são coletados
diretamente por questionários
específicos.
Dados secundários
aqueles coletados rotineiramente,
durante o registro da atividade
profissional.
Figura 4 - Classificação dos dados segundo suas fontes de 
obtenção.
Fonte: BONITA R. BEAGLEHOLE R. KJELLSTRÖM. Epidemiologia 
Básica. 2ª ed. – Santos, São Paulo, 2010.
30
Esses últimos merecem um destaque especial, pois muitos deles estão 
à nossa disposição no site do Departamento de Informática do Ministério da 
Saúde, o DATASUS, e se constituem importantes elementos da Asis.
Vamos começar pelo sistema de informação mais antigo, o Sistema de 
Informação sobre Mortalidade (SIM), que como o nome já diz, produz dados 
sobre as mortes ocorridas no Brasil. Cada ocorrência de óbito no território 
nacional deve ser registrada e comunicada às autoridades de saúde (secretarias 
municipais e estaduais de saúde e ao Ministério da Saúde). Esse sistema é 
responsável por coletar e disseminar esses registros, gerando dados como 
a causa e o local do óbito, bem como dados sobre a idade, sexo e raça/cor 
do indivíduo falecido (BRASIL, 2009).
Esses dados podem fornecer um retrato importante sobre quantas 
pessoas morrem em cada município, estado e no país; quais as principais 
causas de morte e quais grupos etários tem maior risco de morrer por essas 
causas; permitem também o cálculo da expectativa da população e outras 
possibilidades de análise. A tabela 1 mostra algumas variáveis disponibilizadas 
pelo SIM, contribuindo para a análise da situação de saúde no Brasil.
Quais são os dados de saúde que são 
registrados rotineiramente no seu local de 
trabalho? Eles alimentam algum sistema de 
informação? Eles estão disponíveis para acesso 
público?
Já destacamos a importância dos dados 
secundários para a ASIS, mas você sabe 
identificar os principais dados produzidos pelo 
sistema de saúde brasileiro?
31
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Tabela 1 - Percentual de óbitos e taxa de mortalidade específica (por 100 mil hab.) por causa 
específica para homens e mulheres, segundo faixa etária. Brasil, 2015.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2017: uma análise da situação de saúde e 
os desafios para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília, DF: 
Ministério da Saúde, 2018. 426 p.
Faixa 
Etária Masculino Feminino
Causa % Taxa Causa % Taxa
5 
a 
19
 a
no
s
Homicídio 43,2 38,0
Acidente de transporte 
terrestre
13,1 3,8
Acidente de transporte 
terrestre
14,1 12,4 Homicídio 10,5 3,1
Afogamentos acidentais 4,7 4,1
Neoplasia maligna linfático-
hemático
5,0 1,5
Eventos de intenção 
indeterminada
2,7 2,4 Influenza e pneumonia 3,7 1,1
Suicídio 2,7 2,3 Suicídio 3,6 1,1
20
 a
 3
9 
an
os
Homicídio 35,1 93,3 Homicídio 8,3 6,9
Acidente de transporte 
terrestre
16,2 42,9
Acidente de transporte 
terrestre
8,1 6,8
Suicídio 4,1 10,9
Doença pelo vírus da 
imunodeficiência humana/HIV
6,0 5,0
Doença pelo vírus da 
imunodeficiência humana/
HIV
3,8 10,1
Doenças durante gravidez, 
parto ou puerpério
5,3 4,4
Eventos de intenção 
indeterminada
2,8 7,5 Doenças cerebrovasculares 4,0 3,4
40
 a
 5
9
Doenças cardíacas 
isquêmicas
10,6 69,9 Doenças cardíacas isquêmicas 8,4 29,8
Cirrose e outras 
hepatopatias
6,5 42,9 Doenças cerebrovasculares 8,0 28,5
Acidente de transporte 
terrestre
5,9 39,0 Câncer de mama 6,9 24,7
Homicídio 5,9 38,9 Diabetes 5,1 18,2
Doenças cerebrovasculares 5,4 35,9 Câncer de útero 3,9 13,8
60
 e
 m
ai
s a
no
s
Doenças cardíacas 
isquêmicas
11,2 439,0 Doenças cerebrovasculares 10,2 313,8
Doenças cerebrovasculares 9,7 381,1 Doenças cardíacas isquêmicas 9,3 287,7
Influenza e pneumonia 7,2 280,4 Influenza e pneumonia 8,5 261,3
Doença pulmonar 
obstrutiva crônica
5,3 208,8 Diabetes 6,7 207,0
Diabetes 5,0 195,1 Hipertensão 5,4 166,5
32
Figura 5 - Proporção de nascimentos por parto cesáreo, segundo região, cor 
da pele/raça, escolaridade e idade da mãe. Brasil, 2013.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2014: uma análise da 
situação de saúde e das causas externas. Brasília: Ministério da Saúde, 
2015. p. 34.
Outra importante fonte de dados para a saúde é o Sistema de Informações 
sobre Nascidos Vivos, o Sinasc. Ele é responsável por gerar dados de cada 
nascido vivo no território nacional e contribui para informar parâmetros da 
saúde do bebê ao nascer, a assistência pré-natal da mãe, características do 
parto e o deslocamento das parturientes para obter assistência (BRASIL, 2009).
Na figura 5 você pode observar a utilização dos dados do Sinasc na 
Asis. Os gráficos descrevem a situação dos partos cesáreos entre diferentes 
grupos populacionais; primeiramente por região do país, seguidos pelas 
categorias de escolaridade, cor da pele/raça e faixas etárias. Os dados 
auxiliam a direcionar políticas que visem à redução do excesso de partos 
cesáreos ocorridos no Brasil. 
46,1
49,9
100
80
60
40
%
20
0
N NE SE S CO BR
61,4 62,7 62,2
56,7
34,8
42,4
56,3
83,8
Região
68,3
49,6
58,5
50,0
40,7 41,8
50,5
60,2
67,7 70,0 68,4
18,9
100
80
60
40
%
20
0
Cor da pele/raça
100
80
60
40
%
20
0
0 a 3 4 a 7 8 a 11 12 e +
Escolaridade
Branca Preta Amarela IndígenaParda
100
80
60
40
%
20
0
Idade
para acesso público.
Como você pode perceber, os dados gerados pelos serviços de saúde 
brasileiros são uma fonte importante para gerar conhecimento sobre a 
realidade sanitária das populações. Mas eles não são os únicos. O Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fornece dados relevantes para a 
saúde, que são os dados demográficos. Essa instituição é responsável, por 
exemplo, pela contagem de toda a população brasileira, que ocorre a cada 
dez anos.
A contagem periódica de todas as pessoas de um país é chamada 
censo populacional. Ela permite saber o ritmo do crescimento 
de uma população, os fluxos de migrações internacionais e os 
deslocamentos internos do país e permite, ainda, a elaboração 
das pirâmides etárias. 
PARA SABER MAIS!
Você pode conhecer mais sobre o censo populacional 
acessando o site do IBGE. Nele, você pode encontrar 
os dados das pesquisas desenvolvidas por esse órgão 
governamental, incluindo o último censo realizado no 
país, em 2010. 
Na publicação "Saúde Brasil 2015/2016: uma análise 
da situação de saúde e da epidemia pelo vírus Zika e 
por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti" 
há um capítulo intitulado “Como nascem os brasileiros: 
uma análise do perfil epidemiológico dos nascidos 
vivos e mães a partir dos eventos ocorridos em 2014” 
(página 29) indicado para leitura sobre aspectos acima 
discutidos. 
35
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Sugerimos a leitura do documento Monitoramento dos 
casos de dengue, febre de chikungunya e febre pelo 
vírus Zika até a Semana Epidemiológica 7 de 2018, 
publicado pela SVS/MS. 
RETOMANDO O CASO DO MUNICÍPIO “CÉU AZUL”
Agora, podemos retomar a situação apresentada anteriormente e 
compreender a importância da Asis para o município de Céu Azul: 
Segundo BRASIL (2015), a Asis objetiva produzir informação e 
conhecimento útil para orientar a ação em saúde coletiva. Sua prática é 
relevante para os diversos níveis de decisão, permitindo a utilização das 
informações e do conhecimento produzido nas atividades de planejamento, 
definição de prioridades, alocação de recursos, avaliação dos programas 
implementados, entre outras. 
Um dos principais instrumentos para a realização da Asis é a utilização 
de fontes de dados secundários, pois esse tipo de dados, principalmente 
aqueles originados de sistemas contínuos de informação nacionais no Brasil 
(ex.: SIM, Sinasc etc.), podem gerar atributos relevantes da Asis, tais como: 
oportunidade e continuidade das análises, precisão e validade externa dos 
achados, simplicidade de uso das bases de dados e menor custo, respeitabilidade 
dos dados, entre outros (BRASIL, 2015). 
Além disso, como ganho secundário, pode-se destacar a retroalimentação 
dos sistemas de informação em saúde em um processo circular de uso dos 
dados que produz crítica, qualidade, mais uso dos dados e assim por diante 
(BRASIL, 2015).
2.3 Comportamento e tendências das variáveis demográficas
Os dados do censo são fundamentais para a análise de saúde, pois 
permitem identificar o padrão etário da população e a situação dos domicílios 
Considerando tais aspectos, você consegue pensar em outras fontes 
de informações importantes para a Asis?
36
onde as pessoas residem, bem como auxiliam a estimar o tamanho e o 
crescimento da população de um município ou estado.
Os dados demográficos nos revelam que a população brasileira está 
passando por um processo de envelhecimento nas últimas décadas. A figura 
7 traz essa informação na forma de pirâmides etárias.
De que forma os dados demográficos auxiliam 
na Asis? Como esses dados podem gerar 
informações sobre as necessidades de saúde 
das pessoas?
80+
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 1970
90+
75 a 79
80 a 84
85 a 89
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 2010
80+
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 1991
90+
75 a 79
80 a 84
85 a 89
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 2050
Figura 7 - Pirâmides etárias brasileiras e projeções, por sexo, para os anos de 1970, 1991, 2010 e 
2050. Brasil, 2013.
37
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
80+
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 1970
90+
75 a 79
80 a 84
85 a 89
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 2010
80+
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 1991
90+
75 a 79
80 a 84
85 a 89
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 2050
38
80+
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 1970
90+
75 a 79
80 a 84
85 a 89
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 2010
80+
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 1991
90+
75 a 79
80 a 84
85 a 89
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
5 a 9
0 a 4
10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.0008.000.0006.000.0004.000.0002.000.0000
Homens
Mulheres
PIRÂMIDE ETÁRIA ABSOLUTA - BRASIL - CENSO 2050
Fonte: IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população por sexo e 
idade: Brasil 2000-2060 Unidades da Federação 2000-2030. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. 
A base da pirâmide representa as faixas etárias mais jovens, enquanto 
as camadas superiores representam as faixas etárias de maior idade. No 
censo populacional de 1970, observamos uma base alargadae um topo 
estreito. Nas décadas seguintes, o padrão se altera, passando a apresentar um 
alargamento nas faixas etárias adultas, e a projeção para 2050, por sua vez, 
apresenta uma clara inversão da pirâmide, com base estreita e topo alargado.
Esse fato tem implicações diretas para a saúde, uma vez que a 
população mais envelhecida passa a sofrer mais de doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT), características do processo de envelhecimento. Por 
outro lado, o perfil de morbimortalidade era bem distinto na primeira metade 
do século passado, quando as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) eram 
responsáveis por importante parcela dos óbitos. Essa característica, somada 
a altas taxas de mortalidade infantil (TMI), fazia com que a expectativa de 
vida fosse de apenas 43 anos de idade em 1940 (IBGE, 2017). Para efeitos 
comparativos, a expectativa de vida calculada para o ano de 2010 era de 73 
anos de idade (IBGE, 2011).
A mudança no perfil da morbimortalidade da população, deixando 
de apresentar predominância das DIP para serem substituídas pelas DCNT, 
é denominada “transição epidemiológica”. Esse fenômeno foi descrito 
39
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
inicialmente para o continente europeu, que experimentou a transição 
epidemiológica nos séculos XVIII e XIX.
Algumas razões elencadas como causas para a redução da mortalidade 
pelas DIP passam por melhorias das condições gerais de vida e pelo 
desenvolvimento das tecnologias médicas. Ainda no século XVIII, algumas 
medidas implementadas nos países mais avançados àquela época geraram 
melhorias nas condições de saúde da população, no entanto, sem estarem 
ligadas diretamente à assistência à saúde. O esgotamento sanitário, a 
canalização da água e a limpeza urbana significaram importantes intervenções 
para a redução da mortalidade pelas DIP.
Durante as décadas que se seguiram à Revolução Industrial na Europa, 
foi experimentado um intenso desenvolvimento tecnológico, inclusive na área 
médica. O fim do século XVIII e a primeira metade do século XIX constituíram-
se um período importante no enfrentamento das doenças infecciosas, com o 
desenvolvimento de vacinas – para a prevenção das doenças – e a descoberta 
da penicilina – para o tratamento dos indivíduos doentes.
Com a redução da mortalidade experimentada nesse período, 
observou-se um aumento na expectativa de vida da população. É exatamente 
essa alteração na duração da vida, somada aos estilos de vida modernos 
pós-Revolução Industrial, que desloca as DCNT para o protagonismo do 
adoecimento e morte da população. Além do incremento na expectativa 
de vida, a redução da mortalidade impulsionou o aumento populacional, 
uma vez que a taxa de natalidade ainda permaneceu em níveis elevados no 
período inicial da Revolução Industrial.
Após a consolidação do estilo de vida urbano-industrial, com o 
desenvolvimento de métodos contraceptivos e a intensificação da participação 
da mão de obra feminina no mercado de trabalho, a natalidade sofre grande 
queda, alterando a dinâmica populacional para baixos níveis de crescimento, 
ou mesmo crescimento nulo. A dinâmica populacional aqui observada é 
denominada “transição demográfica”.
40
PARA SABER MAIS!
Muitos livros de Epidemiologia trazem a discussão da 
transição epidemiológica e demográfica. Aprofunde 
os seus estudos sobre o tema consultando os 
seguintes livros: Epidemiologia de Roberto Medronho, 
Epidemiologia e Saúde de Naomar de Almeida Filho 
e Mauricio Barreto e Epidemiologia e Saúde de Maria 
Zélia Rouquayrol. 
A transição demográfica é dividida em quatro fases e cada uma delas 
apresenta características distintas (PEREIRA, 1995). Você pode visualizar 
essas fases com suas respectivas características na figura 8. 
Figura 8 - Fases e características da transição demográfica.
1ª Fase (Pré-industrial)
As famílias experimentavam altas 
taxas de natalidade, mas as condições 
de vida e saúde geravam uma alta 
mortalidade. Observa-se um baixo 
crescimento populacional.
Principais características: 
Ambiente rural;
Modelo familiar de produção;
Muitos filhos;
Muitas mortes: baixa expectativa 
de vida.
3ª Fase (Intermediária)
O estilo de vida urbano-industrial 
gera uma natalidade decrescente,
e mantém-se a baixa mortalidade, 
características que geram um 
crescimento em ritmo menos 
acelerado.
Principais características: 
Modelo familiar de consumo;
Mulher no mercado de trabalho;
Cultura e economia;
Natalidade começa a cair.
2ª Fase (Intermediária)
Altas taxas de natalidade persistem, 
mas a mortalidade decresce com a 
melhoria das condições de vida e o 
desenvolvimento da medicina. Há um 
grande aumento populacional.
Principais características: 
Industrialização e urbanização;
Melhorias nas condições ambientais e 
de saúde;
Queda da mortalidade e natalidade 
ainda alta.
4ª Fase (Moderna ou Pós-transição)
Sociedade em que há baixa 
natalidade e baixa mortalidade. 
Característica de estabilização 
populacional.
Principais características: 
Mortalidade baixa;
Natalidade baixa;
Estabilidade populacional.
Fonte: Adaptado de: PEREIRA, M. G. Epidemiologia: Teoria e prática. Guanabara Koogan, Rio de 
Janeiro, 1995.
Apesar de contemplar termos gerais para a compreensão da dinâmica 
populacional europeia, as transições não ocorreram ao mesmo tempo e com 
as exatas características dos países desenvolvidos. Países menos desenvolvidos 
41
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
demoraram um tempo maior para iniciar essa transição, outros ainda estão no 
processo e são descritos como países de transição tardia. Simultaneamente, 
muitos desses países realizaram uma transição mais acelerada, como é o caso 
do Brasil, que iniciou sua transição apenas no século XX, mas completou o 
processo em um tempo menor do que os países europeus.
A figura 9 mostra a evolução da mortalidade no Brasil, pelo conjunto 
das principais causas, desde 1930. Observe a elevada proporção de óbitos 
por doenças infecciosas no início do período analisado e sua redução ao 
longo das décadas. Por outro lado, os grupos de causas consideradas DCNT 
aumentaram sua importância na mortalidade. Não podemos deixar de 
destacar também as causas externas como importante fator de morte no país. 
A aceleração do processo de transição, portanto, tem implicações para 
a demanda de políticas governamentais. Afinal, como preparar os serviços de 
saúde para uma demanda cada vez maior de pessoas com idade avançada, 
com necessidades de saúde crescentes? Deve-se destacar que outros setores 
também devem se adequar ao novo perfil demográfico, como é o caso da 
assistência social e da previdência. Todas essas políticas devem ser pensadas 
considerando, ainda, o tempo menor experimentado pelo Brasil para toda 
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1985 1990 1995 2000 2003 2005
Infecciosas e Parasitárias Neoplasias Causas Externas Aparelho Circulatório Outras Doenças
*Até 1970, os dados referem-se apenas as capitais
Figura 9 - Mortalidade proporcional no Brasil, 1930-2005. Brasil, 2008.
Fonte: MALTA, D.C. Vigilância, Controle e Prevenção de Doenças não Transmissíveis. 
2017. Disponível em: . 
42
essa mudança no perfil demográfico e epidemiológico em relação processo 
ocorrido em países desenvolvidos. Esses são desafios que o Brasil enfrenta 
atualmente e são derivados, entre outras coisas, do processo de transição 
demográfica.
Você já tinha parado para pensar como os dados demográficos são 
importantes para a área da saúde? Agora você já sabe que a Asis utiliza 
não só dados sobre a saúde da população, mas também dados sobre 
crescimento populacional e sobre a estrutura etária. Mas não acaba por 
aqui. Outra importante contribuição dos dados demográficos para a Asis é a 
contextualização das condições de vida das populações. Vimos anteriormente 
que a renda, as condições de moradia e o nível educacional são alguns dos 
determinantessociais da saúde. Esses determinantes são mensurados a 
partir das informações geradas pelo IBGE por intermédio de suas pesquisas. 
Portanto, algumas necessidades de saúde podem ser estimadas a partir 
desses dados, sendo de fundamental importância a sua incorporação na Asis. 
RETOMANDO O CASO MUNICÍPIO DE CÉU AZUL
CENA 2 - Reunião Seguinte do Conselho Municipal de Saúde de Céu Azul
Após coletar os dados disponíveis do município nas diversas fontes de 
informação (Sistemas de Informação de Saúde - SIS, inquéritos populacionais 
do IBGE e trabalhos acadêmicos das instituições de ensino superior localizadas 
na região onde o município se encontra), a Comissão apresentou características 
de saúde de Céu Azul aos demais conselheiros:
Céu Azul se estende por uma área de 435 km² e segundo as estimativas 
do último censo, possui 37.689 habitantes. Destes, 91% vivem na área urbana 
e 9% na zona rural, sendo a faixa etária mais prevalente dos 20 aos 34 anos de 
idade. Ainda segundo o censo, a população economicamente ativa constitui-se 
de 19.786 pessoas, sendo a média de renda mensal domiciliar de R$ 876,00. 
E segundo dados do Ministério do Trabalho, as atividades do setor industrial 
representam o maior número de ocupações, com 6.328 pessoas.
Segundo dados da própria Secretaria Municipal de Saúde de Céu Azul, a 
rede de atenção à Saúde do Município dispõe de um hospital de pequeno porte, 
43
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
19 equipes de Saúde da Família, todas com equipes de Saúde Bucal, dois Núcleos 
de Apoio à Saúde da Família (Nasf), um Centro de Especialidades Odontológicas 
(CEO), um Pronto Atendimento, um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), uma 
clínica de fisioterapia, uma farmácia, uma central de agendamentos, um Serviço 
de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e um almoxarifado. O município 
mantém convênio com um hospital geral, laboratórios de análises clínicas, clínicas 
de diagnóstico por imagem e algumas especialidades médicas que o município 
não comporta.
Segundo os dados coletados no DATASUS, o município apresenta uma 
taxa de mortalidade infantil de 10 por mil nascidos vivos. Além disso, no último 
ano aconteceram 67 óbitos no município, sendo 20 óbitos por causas externas 
(14 por acidentes de trabalho) e 47 óbitos prematuros por doenças crônicas não 
transmissíveis. Além disso, as principais causas de internações no município foram 
doenças do aparelho circulatório e aparelho respiratório, sendo este último mais 
prevalente na faixa etária infantil.
Após a apresentação da comissão, os conselheiros perceberam que o 
planejamento anterior de Mário não estava condizente com os problemas de 
saúde mais prevalentes em Céu Azul e que era necessário refazê-lo para otimizar 
as ações de saúde do município.
A informação constitui-se em suporte básico para toda atividade humana 
e deve criar uma decisão que, por sua vez, desencadeará uma ação. Por isso, 
pode-se dizer que há um consenso de que não é possível exercer gerência em 
nenhum setor social se não houver um sistema de apoio à decisão que se sustente 
na informação (BRASIL, 2015).
Portanto, a finalidade da informação em saúde consiste em identificar 
problemas individuais e coletivos do quadro sanitário de uma população, 
propiciando elementos para análise da situação encontrada e subsidiando a 
busca de possíveis alternativas de encaminhamento. Dessa forma, o âmbito das 
informações em saúde não se restringe ao setor de saúde em si, tendo interação 
com sistemas de informação de outros setores (BRASIL, 2015).
Você acredita que essas informações servirão de subsídio para o 
planejamento das ações de saúde de Céu Azul? Como elas poderão 
auxiliar essas ações?
44
PARA SABER MAIS!
Para obter um retrato da saúde e dos seus 
determinantes no Brasil, o Ministério da Saúde, 
em parceria com o IBGE, desenvolveu um inquérito 
denominado Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Ao 
consultar os resultados dessa pesquisa, você poderá 
observar que o foco do Ministério da Saúde é sobre as 
DCNT e os fatores de risco relacionados a elas, já que o 
Brasil vivencia os efeitos das transições epidemiológica 
e demográfica. A partir da análise da PNS, portanto, 
políticas públicas podem ser desenvolvidas para a 
prevenção das doenças e para a melhoria da assistência.
45
ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
3.1 Priorização: definição e aplicabilidade
No momento em que você escolheu faltar a aula de música para 
estudar para uma prova importante, ou desmarcou uma reunião de trabalho 
para realizar um check-up na saúde, você estabeleceu prioridades para as 
suas ações. 
Nos casos mencionados, vimos que algumas atividades foram colocadas 
em primeiro lugar devido a sua importância, 
necessidade ou mesmo urgência na situação. 
Muito provavelmente você não precisaria 
fazer esse tipo de escolha se o seu dia tivesse 
horas suficientes para cada uma das ações 
a serem realizadas.
Mas não é só no gerenciamento da 
agenda diária que precisamos fazer escolhas. 
No nosso cotidiano, nos deparamos com 
3 ASIS E PRIORIZAÇÃO EM POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
No mundo moderno, com frequência, nos 
queixamos da falta de tempo para realizar 
todas as atividades que desempenhamos e 
aquelas que desejaríamos realizar. Muitas 
vezes, a impressão que temos é que são 
poucas horas para tantas atividades em um 
dia. Isso faz com que tenhamos que escolher 
quais delas serão realizadas durante aquele 
dia e quais serão postergadas para um outro 
momento. Provavelmente, você já passou 
por uma situação semelhante a essa, não é 
mesmo?
46
outras situações em que precisamos priorizar. Vamos pensar no orçamento 
doméstico: às vezes sonhamos em fazer uma bela viagem de férias, mas as 
economias da família obrigam você a fazer uma escolha difícil entre realizar 
a reforma da casa ou viajar para aquele lugar tão desejado. Mais uma vez 
temos que decidir o que é mais necessário, urgente, importante.
A discussão sobre o orçamento domiciliar nos ajuda a lembrar que 
as ações de promoção e restabelecimento da saúde das pessoas mobilizam 
diferentes recursos, entre eles os financeiros. Na área da saúde as demandas 
são crescentes, assim como a pressão para a elevação dos custos envolvidos 
no processo do cuidado.
Devemos lembrar também que os recursos disponíveis não aumentam, 
necessariamente, na mesma proporção. Como resultado, podemos ter um 
desequilíbrio entre a expectativa da população e a capacidade de resolução 
dos problemas de saúde por parte dos governos. Para modificar essas 
realidades e manter o equilíbrio social, são necessárias, portanto, políticas 
públicas (SARAVIA, 2006).
Segundo Saravia (2006), política pública tem diferentes abordagens 
conceituais:
Observamos no primeiro conceito que a política pública compreende 
decisões públicas que buscam manter ou modificar a realidade social da 
população. Para isso, necessita da definição de objetivos e estratégias para 
alocar os recursos de forma que a atuação da política atinja seus objetivos. 
Sob um enfoque mais operacional seria 
Segundo o mesmo autor, as políticas públicas 
também podem ser vistas como
[...] um sistema de decisões públicas que visa a ações ou omissões, 
preventivas ou corretivas, destinadas a manter ou modificar a realidade 
de um ou vários setores da vida social, por meio da definição de objetivos 
e estratégias de atuação e da alocação dos recursos necessários para 
atingir os objetivos estabelecidos (SARAVIA, 2006, p. 29). 
[...] estratégias que apontam para diversos fins, todos eles, de alguma 
forma, desejados pelos diversos grupos que participam do processo 
decisório. A finalidade última de tal dinâmica – consolidação da 
democracia, justiça social, manutenção do poder, felicidade das 
pessoas – constitui elemento orientador geral das inúmeras ações que 
compõem determinada política (SARAVIA, 2006, p. 28). 
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ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE
Aqui, podemos identificar o importante papel da Asis em fornecer subsídios 
para os gestores, contribuindo para identificar os problemas sociais,

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