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Aula 6 - Estudo de caso

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DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS
PROFESSORA: CLÁUDIA LEHNEMANN TANNHAUSER
	
Casemiro, brasileiro, profissão gerente*
Casemiro S. trabalha numa prestigiosa empresa de móveis, sendo atualmente Gerente-Adjunto na Agência de Curitiba/PR. Sua empresa está sofrendo um intenso processo de reorganização e enxugamento da sua estrutura organizacional, para tornar-se mais competitiva. Neste processo de reengenharia, haverá uma redução de 35% no quadro de pessoal da empresa. Muitos dos funcionários remanescentes poderão ser aproveitados em funções diversas das atuais e alguns deles poderão até ser promovidos.
O trabalho de reorganização está sendo desenvolvido por um grupo de consultores externos que atuam na sede da empresa, em São Paulo. Os consultores debruçaram-se sobre o perfil e a trajetória funcional do Casemiro e decidiram sugerir que a empresa o demitisse, sugestão que foi acatada pela diretoria da empresa. Dentre os fatores analisados, ganharam relevância o fato de Casemiro ser pouco propenso ao exercício da liderança e apresentar dificuldades na administração de conflitos. Contudo, a principal justificativa para a demissão de Casemiro são os depoimentos de vários funcionários que lhe ministraram, recentemente, um treinamento em serviço, na Administração Central, na capital paulista.
Abaixo, estão registrados alguns trechos dos depoimentos desabonatórios à figura do Casemiro:
Relato do Paulo – A impressão que tive não foi das melhores, pois o Casemiro me pareceu muito nervoso e inquieto, chegando atrasado ao encontro. De início, já foi pedindo que eu lhe mostrasse nossa forma de operar, sem me dar tempo de conhece-lo melhor. Inclusive, a sua aparência era péssima, pois estava com a barba para fazer, o paletó amassado e as calças manchadas. Interrompeu várias vezes a nossa conversa, saindo da sala, sem maiores explicações...
Relato do João – O Casemiro me pareceu uma pessoa indiferente, reservada e desconfiada. Senti claramente que ele não simpatizou comigo. Contudo, prestou alguma atenção ao longo das explicações, ao final das quais expunha suas dúvidas. Demonstrou bons conhecimentos sobre os assuntos do meu setor. O problema dele é que não sabe lidar com as pessoas, o que é uma queixa generalizada dos seus subordinados em Alegrete.
Relato da Maria – Sinceramente, o Casemiro me decepcionou! Mostrou ser uma daquelas pessoas para as quais não adianta mostrar o serviço. Durante o tempo todo que esteve comigo, disse apenas duas ou três palavras. Tinha o ar sonolento, desinteressado e distante – parecia até que estava dopado. Não sei como um sujeito desses consegue ser Gerente-Adjunto...
Relato da Terezinha – O Casemiro parece ser uma pessoa pouco séria e responsável. Vive rindo e brincando. Profissionalmente, deixou-me numa situação embaraçosa junto aos meus colegas e subordinados, pois ao final do nosso contato teve uma atitude despropositada: deu-me uma rosa e retirou-se rapidamente. Durante semanas, aguentei cochichos e brincadeiras maliciosas sobre assédio sexual e coisas do tipo.
Relato do José – Nossa!... Como tem “grosso” nesta cidade. O sujeito chegou esbaforido, cabelos fora de ordem – parecia um louco... Quando pedi para ver a sua Carteira de Identidade, começou a praguejar. E queria entrar a todo custo! Passei muito trabalho para saber o seu nome e em qual Setor ele desejava ir. O índio velho é do Paraná e se chama Casemiro. Pelo jeito dele, acho que já foi cobrador... ou segurança.
Tarefa: Se você fosse da Diretoria, concordaria com a demissão de Casemiro?
*Autoria: Silvio Luiz Johann e Maria E. Pupe Johann
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	DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS
PROFESSORA: CLÁUDIA LEHNEMANN TANNHAUSER
	
	
	
DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS
PROFESSORA: CLÁUDIA LEHNEMANN TANNHAUSER
	
DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS
PROFESSORA: CLÁUDIA LEHNEMANN TANNHAUSER
Percepção do Casemiro sobre o seu Treinamento em Serviço*
Demitido, Casemiro foi encaminhado, pela empresa de consultoria, a uma organização de outplacement, cujo trabalho consistiria em orientá-lo para que obtivesse nova colocação no mercado de trabalho. Esta empresa está elaborando um relatório confidencial sobre o Casemiro, para melhorar a sua Qualidade Emocional e lhe permitir obter – e manter – um novo emprego. Para tanto, ela solicitou ao Casemiro que ele fornecesse a sua versão dos fatos:
Na realidade, meus contratempos iniciaram muito antes da viagem. Assim que recebi a notícia de que participaria de um treinamento em serviço, fiquei meio atordoado. Nos dias que antecederam a minha viagem, senti-me indisposto, preocupado com o meu desempenho. Para dizer a verdade, passei a maior parte do tempo ansioso e tenso. Eu sabia que a empresa estava sofrendo um processo de reengenharia e, fazendo uma auto-análise da minha trajetória pessoal, reforcei uma convicção que sempre tivera: “quem nasce para ser plebeu nunca chega a comendador”. Esta minha certeza deriva de enganos passados, os quais me ensinaram que é preferível ser um pessimista com um pé atrás do que um otimista frustrado. A dor ensina a gemer.
E foi o que aconteceu. Já no primeiro dia, cheguei direto de Curitiba às 7:45 da manhã. O ônibus furou dois pneus e a viagem foi tão ruim que passei a noite inteira inquieto, sacolejando, sem poder dormir. Logo que desembarquei na Estação Rodoviária de São Paulo, fui direto para o hotel, onde deixei a minha bagagem. Como eu estava superatrasado, nem deu tempo para fazer a barba e trocar de roupa. A essas alturas, eu já estava com o horário completamente “queimado”. Tratei de me apressar, saindo do hotel quase correndo, em direção à Administração Central. Para espanto meu, na primeira esquina, um pivete jogou tinta de sapatos nas minhas calças. Fiquei surpreso, me descuidei e, quando dei por conta, um outro indivíduo estava com a mão enfiada no bolso das minhas calças, de onde retirou alguns trocados e a minha carteira de identidade. Era uma combinação dos vagabundos! Ainda bem que o dinheiro grosso e o talão de cheques estavam no bolso interno do paletó. De qualquer forma, meu sangue ferveu, mas nada pude fazer...
Mas, os problemas recém estavam iniciando. Quando coloquei os pés na Administração Central, preocupado com o horário, o estúpido do porteiro, um tal de José, barrou a minha entrada e exigiu a minha carteira de identidade! Logo eu, com doze anos de firma?! Agora tem uma coisa – comigo é olho por olho e dente por dente, tipo bateu, levou! Encarei o “arigó” de cima, gritei alto e entrei na marra. É por essas e outras que eu não acredito nessa “balela” de trabalho em equipe e interação humana. O homem somente consegue o que quer sendo hostil e competitivo.
Aliás, eu não me incomodei apenas com o porteiro. Eu estava cansado, aborrecido e, acima de tudo, pude comprovar que o pessoal de uma metrópole como São Paulo, por exemplo, chegou a me olhar dos pés à cabeça, com um ar de reprovação, mas foi incapaz de perguntar o que acontecera com a minha roupa. Sempre que ele recebia um telefonema, eu aproveitava para ir ao banheiro, para fumar. A Maria é outro exemplo de frieza e desinteresse. Chegou a tratar-me com distância e, até, agressividade. Logo eu, que sequer a conhecia. Fiquei tão chateado que, enquanto ela falava, eu pensava em futebol, churrasco e bailão...
Ah! A vida de executivo não é fácil. Você acaba tendo de suportar várias coisas. O João é um desses casos. Crioulo, ainda por cima está ganhando mais do que eu. Com esse tipo de gente eu não quero nem papo, pois quem não faz na entrada...
Mas, a gente vai levando... No último dia do treinamento em serviço, até dei uma rosa para a Terezinha, aquela “Loirosa” da área de Crédito. Como diz aquele ator da TV: “Ah! Se ela me desse bola...”.
Tarefa: Você, com os novos dados apresentados por Casemiro, continuaria com a decisão tomada anteriormente?
*Autoria: Silvio Luiz Johann e Maria E. Pupe Johann

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