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Um objeto contaminado é qualquer material, superfície ou instrumento que esteja exposto ou em contato com agentes biológicos potencialmente infecciosos, como sangue, fluidos corporais, secreções, microorganismos, ou resíduos derivados de amostras biológicas. Esses contaminantes podem representar um risco à saúde dos profissionais, à integridade das análises e à segurança do ambiente de trabalho. Limpeza, Desinfecção e Esterilização Etapas para a limpeza Limpeza: Remove sujeiras visíveis, mas não garante a eliminação de microrganismos. É pré-requisito para desinfecção ou esterilização. 1. Pré-limpeza (Remoção Inicial) Consiste em retirar os resíduos maiores e mais visíveis das superfícies ou materiais. Inclui a remoção de sangue, fluidos corporais, poeira ou outros resíduos orgânicos/inorgânicos com água ou materiais descartáveis. 2. Limpeza com Detergente Aplicação de detergentes específicos (geralmente neutros ou enzimáticos) em combinação com fricção manual, mecânica ou ultrassônica para dissolver e remover sujidades. Irá quebrar e eliminar gorduras, proteínas e outros contaminantes invisíveis ao olho nu. Produtos Utilizados: Detergentes neutros: seguros para superfícies delicadas. Detergentes enzimáticos: eficazes na quebra de matéria orgânica. 3. Enxágue Remoção completa do detergente e dos resíduos soltos pela limpeza com o uso de água potável ou destilada, dependendo da aplicação. Irá evitar a formação de depósitos de sabão ou produtos químicos que possam interferir nos processos seguintes ou contaminar as análises. 4. Secagem Eliminação de qualquer resquício de umidade para evitar corrosão de equipamentos e prevenir a proliferação de microrganismos. Secagem ao ar: Utilizada em superfícies maiores. Toalhas descartáveis ou pano limpo: Para equipamentos pequenos. Ar comprimido ou estufa: Para materiais críticos. Desinfecção Reduz significativamente o número de microrganismos patogênicos, mas não elimina esporos. 1. Métodos Físicos Calor úmido (Pasteurização) Exposição de artigos a água aquecida a temperaturas entre 70°C e 80°C por um período de 30 minutos. Indicado para artigos sensíveis a produtos químicos. Elimina bactérias vegetativas e a maioria dos vírus, mas não esporos. Radiação ultravioleta (UV) Uso de luz UV para desinfetar superfícies e pequenos instrumentos. Indicado para superfícies não porosas e pequenos ambientes fechados, como cabines de biossegurança. Inativa microrganismos vegetativos, mas tem baixa penetração e não elimina esporos. 2. Métodos Químicos Os métodos químicos utilizam soluções desinfetantes para artigos que não suportam calor. Esses agentes são classificados com base no nível de desinfecção. A. Nível Alto Elimina bactérias vegetativas, micobactérias (ex.: Mycobacterium tuberculosis), fungos, vírus (com e sem envelope) e, em algumas condições, esporos. · Ácido peracético: Utilizado em esterilizadores automatizados para artigos sensíveis ao calor. · Glutaraldeído 2%: Para desinfecção de endoscópios e equipamentos delicados. · Peróxido de hidrogênio (6-7%): Indicado para superfícies críticas e artigos semicríticos. B. Nível Intermediário Elimina bactérias vegetativas, micobactérias, a maioria dos fungos e vírus, mas não esporos. · Álcool etílico ou isopropílico (70%): Para termômetros, estetoscópios e superfícies não críticas. · Hipoclorito de sódio (0,1%-0,5%): Desinfecção de superfícies e artigos não críticos. C. Nível Baixo Elimina a maioria das bactérias vegetativas, alguns fungos e vírus com envelope. · Detergentes com compostos de amônio quaternário: Para limpeza de superfícies hospitalares. *Artigos críticos: Precisam de esterilização (ex.: materiais cirúrgicos). *Artigos semicríticos: Necessitam de desinfecção de alto nível (ex.: endoscópios). *Artigos não críticos: Apenas desinfecção de nível intermediário ou baixo (ex.: estetoscópios). Princípio Ativo para desinfecção Aldeídos Glutaraldeído: Bacterias, vírus, fungos e *esporos*. Altera o Dna, Rna e síntese protéica dos microorganismos. É indicado para artigos termossensíveis, com exposição de 30 min. Para eliminar esporos (esterelizar) o tempo deve ser 10 horas. Formaldeído: Bactérias, vírus, fungos e *esporos*. Baixo poder de penetração, não distribue de forma uniforme e é altamente toxico. O tempo de ação é de 30 minutos para desinfecção, para esterilização é de 18 horas. Álcoois Álcool isopropílico: Específico para vírus e mais tóxico que o etílico. Álcool etílico 70%: Desinfecção intermediária e média, deve friccionar três vezes, com secagem espontânea e exposição de 10 minutos. Compostos Inorgânicos Liberadores de Cloro Ativo Hipoclorito de sódio: Termossencível e inativado rápido em presença de matéria orgânica, perde sua atividade em locais claros ou com altas temperaturas, não é indicado para artigos metálicos porque é corrosivo. Hipoclorito de cálcio/lítio: Altamente tóxicos Compostos Orgânicos Liberadores de Cloro Ativo Quaternários de amônio: Usado apenas para áreas críticas semi- criticas Ácido peracético: Bactérias, fungos, vírus e *esporos*. Não é tóxico e se mantem efetivo em matéria orgânica, porém é corrosivo Métodos de Esterilização É o processo que elimina ou destrói todas as formas de microorganismos, incluindo bactérias, vírus, fungos e esporos, de objetos, instrumentos e materiais utilizados nos procedimentos laboratoriais. Esterilização por Calor · Calor Úmido (Autoclave) Utiliza vapor de água sob alta pressão e temperatura para destruir microrganismos. Esterilização ocorre pela desnaturação de proteínas dos microorganismos por vapor saturado sob pressão.Temperaturas de 121°C a 134°C por 15 a 30 minutos. Esterilização de materiais como instrumentos metálicos, vidros, roupas de cama, e artigos de borracha ou plástico resistentes ao calor. Controle de Qualidade Indicador Químico Consiste em tiras, fitas adesivas ou ampolas com substâncias químicas sensíveis ao calor e à umidade. Mudam de cor ou forma quando expostos às condições de temperatura e pressão adequadas. Confirma que o material foi exposto ao processo de esterilização. Não garante a efetividade completa (não prova que todos os microorganismos foram eliminados). Tiras químicas colocadas dentro de pacotes ou recipientes. Fita indicadora usada para lacrar pacotes de esterilização. · Mudança de cor ou marcação visível indica que o ciclo foi realizado. Indicador Biológico Contém esporos altamente resistentes de microrganismos, geralmente Geobacillus stearothermophilus. Esses esporos só são destruídos sob condições adequadas de esterilização. É o método mais confiável para verificar a eficácia do processo de esterilização. Avalia diretamente a capacidade do autoclave de destruir microorganismos. Coloca-se o indicador biológico no interior da câmara durante o ciclo de esterilização. Após o ciclo, o material é incubado (geralmente a 55-60°C por 24 a 48 horas) para verificar o crescimento dos esporos. · Sem crescimento bacteriano: Indica que o ciclo foi eficaz. · Crescimento bacteriano: Indica falha no processo Teste de Bowie-Dick Avalia a capacidade da autoclave de remover ar e permitir a penetração uniforme do vapor. Usado principalmente em autoclaves de pré-vácuo. O teste usa folhas de papel sensíveis ao vapor ou pacotes pré-montados com padrões químicos específicos. Detectar problemas como falhas na bomba de vácuo ou presença de bolhas de ar. Certificar a uniformidade do processo antes do uso clínico ou laboratorial. Coloca-se o pacote teste (ou folha) no centro da câmara vazia. Realiza-se um ciclo de esterilização típico (geralmente a 134°C por 3,5 minutos). · Mudança de padrão uniforme na folha/pacote: Indica que o vácuo e a penetração de vapor foram adequados. · Mudança irregular ou ausência de mudança: Sugere falha no processo. · Calor Seco Utiliza ar aquecido a temperaturas elevadas (sem umidade) para esterilizar. Temperaturas de 160°C a 180°C por 1 a 2 horas. Esterilização de materiais que podem ser danificados pelo calor úmido, como óleos, pó, substâncias químicas evidros. Exemplo: Forno de esterilização. Esterilização por Agentes Químicos · Gás Óxido de Etileno (ETO) O gás óxido de etileno (C2H4O) é usado para esterilizar materiais que não podem ser expostos ao calor, como plásticos e componentes eletrônicos. Temperaturas baixas (25°C a 60°C) e tempos prolongados (de 1 a 6 horas), com controle de umidade. Artigos sensíveis ao calor, como dispositivos médicos descartáveis, plásticos, equipamentos eletrônicos e tecidos. · Peróxido de Hidrogênio Utiliza vapores de peróxido de hidrogênio (H2O2) a 35% para esterilizar. Geralmente em sistemas de baixa temperatura (aproximadamente 50°C), em ciclos de 1 a 2 horas. Artigos sensíveis ao calor, como endoscópios, instrumentos cirúrgicos e dispositivos médicos. · Ácido Peracético Combinado com peróxido de hidrogênio, é um agente esterilizante eficaz para desinfecção de alto nível. Usado em ciclos curtos a temperatura ambiente ou ligeiramente elevada. Equipamentos e materiais delicados, como endoscópios e dispositivos de diagnóstico. Esterilização por Radiação · Radiação Ionizante (Radiação Gamma ou Eletromagnética) A radiação ionizante destrói o DNA dos microrganismos, impedindo sua reprodução. Realizada em câmaras de radiação controlada. Produtos médicos descartáveis, como seringas, luvas, materiais plásticos e produtos farmacêuticos. · Radiação Ultravioleta (UV) A radiação UV danifica o material genético dos microrganismos, tornando-os incapazes de se replicar. Exposição direta a lâmpadas UV por períodos de tempo determinados. Superfícies e ambientes internos, como equipamentos de laboratório e áreas de preparação de alimentos. Esterilização por Filtração Utiliza filtros porosos (geralmente de membranas) para remover microrganismos do ar ou líquidos. Filtração em condições ambiente, sem a necessidade de altas temperaturas ou produtos químicos. Esterilização de líquidos sensíveis ao calor, como vacinas, soluções medicamentosas, antibióticos e culturas microbiológicas, além de gases. Esterilização por Plasma de Peróxido de Hidrogênio O peróxido de hidrogênio é vaporizado e ionizado em plasma, formando radicais livres que desintegram os microrganismos. A esterilização é realizada a baixas temperaturas, o que é ideal para materiais sensíveis ao calor. Materiais médicos sensíveis, como instrumentos cirúrgicos e outros dispositivos médicos. image1.png