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10/05/2024 1 SALMONELOSES AVIÁRIAS Profa. Dra. Carolina de Alvarenga Cruz INTRODUÇÃO As salmoneloses estão entre as principais doenças das aves comerciais sendo que sua presença em plantéis avícolas é responsável por perdas econômicas e por riscos relacionados à saúde pública. A doença está ligada às aves desde o início da história da produção avícola e sua epidemiologia e controle são extremamente complexos, dependendo de inúmeras variáveis como o sorovar, hospedeiro, ambiente e também características geográficas. S. Pullorum: Pulorose DEFINIÇÃO Enfermidade provocadas por bactérias do gênero Salmonella S. Gallinarum: Tifo aviário Qualquer outra Salmonella: Paratifo Conhecidos: + 2.500 sorotipos de Salmonella 80-90: mais comuns infecção em animais e seres humanos DEFINIÇÃO 80-90 Podem ou não infectar aves Causar ou não paratifo aviário Produtos alimentícios: toxinfecção alimentar 10/05/2024 2 HISTÓRICO produção de alimentos em massa Melhoria da capacidade de produção exponencialmente a quantidade de animais (> [ ] de aves por m²) Favorecendo: instalação, multiplicação e disseminação de agentes patogênicos HISTÓRICO Melhorava condições de higiene e qualidade de vida da população Evolução industrial: desencadeamento de doenças de origem alimentar Toxinfecção humana por produtos alimentícios por Salmonella: século passado (carne bovina) 1970: toxinfecção por Salmonella agona (Europa e EUA) aves alimentadas com ração contendo farinha de peixe contaminada HISTÓRICO RAÇÃO RAÇÃO Matéria prima de origem animal Matéria prima de origem vegetal Pássaros, roedores e moscas 10/05/2024 3 PULOROSE Doença que pode acometer aves de qualquer idade, mas é mais comum em aves jovens (3 semanas de vida) Causa diarreia branca e alta mortalidade. Principal forma de transmissão: vertical HISTÓRICO Descrita pela primeira vez em 1899 por Rettger Prejudicava a incubação artificial Septicemia fatal dos pintainhos diarreia branca bacilar mortalidade e refugagem Aparentemente sob controle no Brasil anos 80 e 90: casos com cepa de comportamento atípico IMPORTÂNCIA Atenção para esta patologia em criações de aves nas quais se utiliza incubação artificial Família: Enterobacteriaceae Aeróbios ou anaeróbios facultativos Bacilos não esporulados Não possuem flagelo (imóveis) Gram negativos Fermentam glicose e outros açúcares Descarboxilam aminoácidos ETIOLOGIA 10/05/2024 4 crescem em caldo nutriente simples caldo selenito caldo tetrationato crescimento lento e colônias pequenas (diâmetro entre 1 a 3-4mm) ETIOLOGIA ETIOLOGIA Pertencem ao sorogrupo D Contém antígenos somáticos “O” 12, 9 e 1 Não contém antígenos flagelares H A sorotipificação constitui uma importante ferramenta epidemiológica complementar na identificação de Salmonella Permitindo determinar a prevalência/emergência ou apontar tendências de um sorovar em distintas zonas geográficas, bem como identificar surtos, conhecer as fontes de infecção e vias de transmissão. 1) Fonte de infecção CADEIA EPIDEMIOLÓGICA CADEIA EPIDEMIOLÓGICA 2) Via de eliminação Fecal 3) Meio de transmissão Transmissão horizontal Transmissão vertical 10/05/2024 5 4) Porta de entrada CADEIA EPIDEMIOLÓGICA 5) Hospedeiros susceptíveis CADEIA EPIDEMIOLÓGICA PATOGENIA Interação com as células do epitélio colunar e micropregas Ativação da quimiotaxia de células fagocíticas Replicação das bactérias nos macrófagos Disseminação das bactérias para nódulos linfáticos 10/05/2024 6 Disseminação das bactérias para nódulos linfáticos Fígado Baço Ovário SINAIS CLÍNICOS Doença de animais jovens Aves mortas ou moribundas no incubatório ou logo após o nascimento Sonolência Fraqueza Perda de apetite Retardo no crescimento Amontoamento Material branco ao redor da cloaca SINAIS CLÍNICOS SINAIS CLÍNICOS Se não ocorrer mortalidade antes dos 5 a 10 dias após o nascimento Cansaço Amontoamento (na fonte de aquecimento) Penas arrepiadas Asas caídas Respiração ruim (acometimento dos pulmões) Pico de mortalidade: 2ª e 3ª semana de vida 10/05/2024 7 SINAIS CLÍNICOS Se as aves sobreviverem Empenamento ruim Retardo de crescimento Desenvolvimento abaixo do esperado Parte das aves que se recuperam serão portadoras e eliminarão a bactéria nos ovos no período de postura SINAIS CLÍNICOS Aves adultas Nem sempre são evidentes Postura abaixo da curva para a linhagem no consumo de ração Penas arrepiadas Crista pálida e retraída na fertilidade e eclodibilidade SINAIS CLÍNICOS Aves adultas Diarreia branco-amarelada e amarelo-esverdeada Depressão Desidratação 1. Aves jovens a. Casos superagudos Não se notam alterações ALTERAÇÕES ANATOMOPATOLÓGICAS 10/05/2024 8 1. Aves jovens b. Casos agudos e congestão de baço, fígado e rins Fígado com pontos brancos Nódulos branco-amarelados e abscessos no pulmão Nódulos no trato digestivo (mais comum em perus), músculo cardíaco e pâncreas Inchaço nas articulações e sinovite ALTERAÇÕES ANATOMOPATOLÓGICAS Macroscópicas ALTERAÇÕES ANATOMOPATOLÓGICAS 2. Aves adultas Lesões podem ser mínimas, mas sorologia positiva Pequena regressão do folículo ovariano Císticos Hemorrágicos Atrofiados Material caseoso, hemorrágico ou necrosado no interior 10/05/2024 9 ALTERAÇÕES ANATOMOPATOLÓGICAS 2. Aves adultas Presença de massa encapsulada dentro da cavidade abdominal (postura intra-abdominal) Peritonite fibrinosa e peri-hepatite Pericardite (comum) Ovário: Congestão, hemorragia e atresia folicular Pericárdio: Pericardite fibrinosa Necrose multifocal de hepatócitos Baço com congestão severa ou exudação fibrinosa Ceco de aves jovens: extensiva necrose da mucosa e submucosa No coração: necrose das miofibras com infiltração de heterófilos, linfócitos e plasmócitos ALTERAÇÕES ANATOMOPATOLÓGICAS Microscópicas IMUNIDADE Pouco conhecida Programa de erradicação, mediante a detecção e eliminação dos portadores Períodos de estresse (início de postura) Alta produção de corticosteroides pelo organismo da ave Inibição da atvd. Do sistema imune Multiplicação: infecção do trato reprodutivo Altos títulos de IgG gerados durante a infecção sã transferidos para o ovo Permite desenvolvimento embrionário Eclosão de pintainhos infectados 10/05/2024 10 DIAGNÓSTICO Anamnese Achados clínicos Achados anatomopatológicos Exames laboratoriais Pintainhos doentes: 2-3 primeiras semanas Presença de animais encorujados, arrepiados, asas caídas Diarreia branca ou branco-amarelada DIAGNÓSTICO ELISA Soroaglutinação rápida em placa com antígeno colorido para pulorose Exame bacteriológico DIAGNÓSTICO Exame bacteriológico Material para análise bacteriológica: baço, fígado, coração, ovário, conteúdo intestinal e saco da gema Ágar verde brilhante Ágar de MacConkey Confirmação do gênero Anti antígenos somáticos (O) Anti-antígenos flagelares (H) DIAGNÓSTICO Sorologia Soroaglutinação rápida em placa Soroaglutinação lenta em tubos Microaglutinação ELISA 10/05/2024 11 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Encefalomielite aviária Aspergilose Colibacilose Outras salmoneloses Marek TRATAMENTO Sulfonamidas sulfadiazina sulfamerazina sulfatiazol Nitrofuranos Primeiros 5 a 10 dias de vida, reduz a mortalidade Tanto sulfas quanto nitrofuranos reduzem a mortalidade, mas não impedem a sobrevivência de aves infectadas Estes antimicrobianos podem interferir com a resposta sorológica e portanto, são contra-indicados por pelo menos 6 semanas antes do teste de pulorose TRATAMENTO Cloranfenicol* Clortetraciclina Apramicina Pulverização de ovos (antes da incubação) Sulfato de neomicina Redução da mortalidade Antibiograma TIFO AVIÁRIO 10/05/202412 DEFINIÇÃO Doença sistêmica bastante severa Similar à febre tifóide humana S. Typhi Causada por uma Salmonella semelhante à causadora da pulorose Altamente patogênica para aves em qualquer idade Mortalidade: 40-80% DEFINIÇÃO Características de septicemia e toxicemia Destruição de hemácias pelo sistema reticuloendotelial Congestão de órgãos internos e anemia Espleno e hepatomegalia (3-4x) HISTÓRICO Reconhecida pela primeira vez na Inglaterra em 1888 Enfermidade acometeu 400 aves, matou 200 Confundida com a cólera aviária 1889: Klein isolou o agente da doença No Brasil: primeiros registros em 1919 em MG e 1939 em SP IMPORTÂNCIA Doença sistêmica severa Perdas econômicas Alta morbidade Alta mortalidade Queda na produção de ovo Pintainhos de baixa qualidade 10/05/2024 13 No Brasil: Áreas de exploração de aves de postura comercial Pode ocorrer em aves reprodutoras para corte e postura IMPORTÂNCIA ETIOLOGIA Agente etiológico: Salmonella Gallinarum Salmonella imóvel Características semelhantes à S. Pullorum Indistinguíveis na sorologia ETIOLOGIA S. Gallinarum S. Pullorum Dulcitol Fermenta (+) Não fermenta (-) Ornitina (ODC) Não descaboxila (-) Descaboxila rapidamente (+) Provas bioquímicas importantes na diferenciação dos biótipos Antígenos somáticos: 1, 9 e 12 (= S. Pullorum) Virulênica relacionada com: composição do LPS lipossacarídeo (antígenos somáticos) presença de plasmídeos moléculas circulares duplas de DNA capazes de se reproduzir independentemente do DNA cromossômico Cepas com LPS alterado:com isolamento 10/05/2024 24 Pulorose Tifo aviário Enfermidades bacterianas septicêmicas DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Antimicrobianos que atuem sobre Salmonella TRATAMENTO BIOSSEGURIDADE 10/05/2024 25 PREVENÇÃO E CONTROLE Higene Limpeza Desinfecção Controle de Moscas Roedores Pássaros Destino adequado de resíduos e dejetos Exames no início da fase de postura (pulorose Evitar T.V.) Evitar água parada Destino correto de animais mortos PREVENÇÃO E CONTROLE Cuidado: Veículos de transporte Ração Matérias-primas Cama Ovos Monitoramento sorológico e bacteriológico Eliminação de aves portadoras e tratamento dos ovos Evitar criação de diferentes idades COMO EVITAR INFECÇÃO EM HUMANOS?!?! Cozinhar bem a carne de frango antes do consumo Cuidado com contaminação cruzada! E OS OVOS?!?! Se for consumir imediatamente, deve-se lavar o ovo adequadamente, com água abundante e sabão Se for armazenas na geladeira NÃO pode lavar perda da cutícula facilita entrada de microrganismos BOM DESCANSO!