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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI CAMPUS ALTO PARAOPEBA FENÔMENOS TÉRMICOS, ONDULATÓRIOS E FLUIDOS CAPACIDADE TÉRMICA DE UM CALORÍMETRO OURO BRANCO, AGOSTO DE 2015 2 1. INTRODUÇÃO A diferença de potencial entre duas placas é responsável pela criação de campo elétrico e, como há fluxo de corrente elétrica entre essas placas é normal julgarmos que também exista resistência a esse fluxo. Denominamos essa resistência de Resistividade Elétrica. Quanto mais baixa a resistividade, menor será a resistência ao fluxo e consequentemente esse fluxo será maior. Em outras palavras, quanto menor a resistividade, maior será a condutibilidade e vice e versa. Cada objeto tem uma resistência elétrica característica, pois essa depende da sua forma e do tipo de material que é feito. Materiais com alta resistividade são utilizados para a construção de dispositivos elétricos chamados Resistores, os quais tem como finalidade transformar energia elétrica em energia térmica. Sobre a sua organização, assim como os capacitores, os resistores também podem ser combinados em série ou paralelo. 3 2. OBJETIVO Compreender o conceito de resistência e resistividade, e combinar diversos resistores em associações em série e/ou paralelo. 4 3. EQUIPAMENTO _ Placa com 4 fios e pontos de conexão para variação da resistência; _ Resistores com diversos valores; _ Protoboard para montagem dos circuitos; _ Régua; _ Computador com programa de ajustes; _ Multímetro. 5 4. PARTE EXPERIMENTAL 4.1. Parte 1 – Placa para estudo da variação da resistência e obtenção da resistividade Questão 1: Com o auxílio do livro texto obtenha a expressão para a resistência de um fio condutor a partir da resistividade. Considere que o fio tem a área da seção reta dada por A e tem um comprimento L. Indique todas as suposições e aproximações necessárias para esse cálculo. A partir da lei de Ohm: 𝐼 = 𝑣 𝑟 Onde R é a resistência elétrica do fio. Supondo que o fio seja uma barra homogênea de comprimento L e área da seção reta A. Nota-se que a resistência elétrica é proporcional a L. Considerando a barra dividida a diferença de potencial em cada parte de L/2 será de V/2. Como a corrente nas duas partes terá o valor de I, pela equação da lei de Ohm cada parte terá uma resistência igual a R/2. Analisando a barra dividida ao meio por um plano paralelo ao eixo teremos duas barras de área e seção igual a A/2 e o comprimento L mantido. As duas barras estarão submetidas a uma voltagem V e cada barra terá I/2 de corrente transportada. Portanto, cada parte da barra terá resistência igual a 2R. De acordo com as regras de proporcionalidade podemos expressar a resistência na forma: 𝑅 = ρ 𝐿 𝐴 Onde p é a resistividade elétrica característica do material que compõe a barra. (1) A escala de 2000 Ω correta foi definida no multímetro. (2) A resistência interna do multímetro encontrada foi de 0,1 Ω. 6 (3) Ferro (ᴓ 0,51 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,36 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,51 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,72 mm) R L R L R L R L 0,3 Ω 20 cm 2,3 Ω 20 cm 1,1 Ω 20 cm 0,6 Ω 20 cm 0,5 Ω 40 cm 4,3 Ω 40 cm 2,2 Ω 40 cm 1,1 Ω 40 cm 0,7 Ω 60 cm 6,4 Ω 60 cm 3,3 Ω 60 cm 1,6 Ω 60 cm 0,9 Ω 80 cm 8,6 Ω 80 cm 4,4 Ω 80 cm 2,1 Ω 80 cm 1,1 Ω 100 cm 10,7 Ω 100 cm 5,5 Ω 100 cm 2,7 Ω 100 cm Tabela 1 – Variação da resistência com o comprimento de cada fio Fios ( L= 100 cm) Variação da resistência Níquel-Cromo (ᴓ 0,36 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,51 mm) 5,2 Ω Níquel-Cromo (ᴓ 0,36 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,72 mm) 8,0 Ω Níquel-Cromo (ᴓ 0,51 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,72 mm) 2,8 Ω Tabela 2 – Variação da resistência com a espessura (5) Utilizando a Tabela 1 – Variação da resistência com o comprimento de cada fio, a equação ρ = RA/l e o software Excel, obtém-se o Gráfico 1 – Resistividade em função do comprimento do fio. 7 Figura 1 Gráfico de resistividade em função do comprimento do fio 4.2 Parte experimental 2 – Combinação de resistores em série e em paralelo Questão 2: Com o auxílio do seu livro texto, deduza a expressão para a resistência equivalente de um conjunto de resistores em série. Deduza a expressão para a resistência equivalente de um conjunto de resistores em paralelo. Resistência equivalente de um conjunto de resistores em série Figura 2 – Conjunto de resistores em série A corrente elétrica i que passa em cada resistor da associação é sempre a mesma: 0,00E+00 2,00E-07 4,00E-07 6,00E-07 8,00E-07 1,00E-06 1,20E-06 1,40E-06 0,2 0,4 0,6 0,8 1 ρ (Ω.m) l (m) Ferro (ᴓ 0,51 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,36 mm) Níquel-Cromo (ᴓ 0,51 mm) 8 i = i1 = i2 = i3 = i4 . A tensão v no gerador elétrico é igual à soma de todas as tensões dos resistores: V = V1 + V2 + V3 + V4 A equação que calcula a tensão em um ponto do circuito é: V = R . i Então temos que: Req .i=R1 i1 +R2 i2 +R3 i3 +R4 i4 Onde: Req => resistência equivalente Req = R1 + R2 + R3 + R4 Req= ΣRi Resistência equivalente de um conjunto de resistores em paralelo Figura 3 – Conjunto de resistores em paralelo. A tensão em todos os resistores é igual: V = V1 = V2 = V3 = V4 A corrente no resistor equivalente é igual à soma das correntes dos resistores: i = i1 + i2 + i3 + i4 A equação que calcula a corrente em um ponto do circuito é: i = V / R http://www.infoescola.com/fisica/tensao-eletrica/ 9 Logo: V / Req = (V1 / R1) + (V2 / R2) + (V3 / R3) + (V4 / R4) Como toda as tensões são iguais, podemos eliminá-las de todos os termos da equação: 1 / Req = (1 / R1) + (1 / R2) + (1 / R3) + (1 / R4) 1/Req – Σ 1/Ri (1) Valor de fábrica (Vf) Valor medido (Vm) Diferença (Vm-Vf) 330 Ω 328 Ω - 2 Ω 10 Ω 9,8 Ω - 0,2 Ω 220 Ω 216 Ω - 4 Ω 47 Ω 46,9 Ω - 0,1 Ω 1 Ω 1,1 Ω + 0,1 Ω 100 Ω 99,5 Ω - 0,5 Ω 150 Ω 149,7 Ω - 0,3 Ω 10 Ω 10,1 Ω + 0,1 Ω 10 Ω 10 Ω 0 100 Ω 99,4 Ω - 0,6 Ω 2,2 Ω 2,0 Ω - 0,2 Ω 470 Ω 467 Ω - 3 Ω 5,6 KΩ 5,4 KΩ - 0,2 KΩ 1 KΩ 0,8 KΩ - 0,2 KΩ 100 KΩ 99,5 KΩ - 0,5 KΩ TABELA 3 – Resistência dos resistores utilizados no experimento Segundo Cabral (2004, p. 88) Uma fonte de incerteza de um instrumento de leitura digital é a sua resolução. Por exemplo, se numa sequência de leituras repetidas todos os valores forem iguais, a incerteza da medição devida à repetibilidade não poderá ser zero, dado que existe uma gama de sinais que, na entrada do instrumento, formam 10 um intervalo que conduz à mesma indicação, isto é, há um limiar na variação do sinal de entrada abaixo do qual o indicador não consegue mostrar que tal variação existe. Se a resolução do dispositivo indicador for R, o valor da grandeza que produz uma dada leitura X pode-se situar com igual probabilidade em qualquer ponto do intervalo (X - 𝑅 2 ) a (X + 𝑅 2 ). Essa contribuição para a incerteza é então descrita por uma distribuição de probabilidades retangular de largura R, cuja variância será u² = 𝑅2 12 ou, o que é equivalente, com um desvio-padrão u = 𝑅 √12 = 𝑅/2 √3 para qualquer indicação do instrumento. O multímetro utilizado possuía uma escala cujo algarismo menos significativo era 0,1 Ω. A variância devida à resolução desse dispositivo indicador é u² = 0,1 12 Ω² = 0.008333... Ω² e o desvio padrão u = 0,1 √12 = 0,029 Ω Todos os módulos das diferenças expostas na tabela 1 superam a variação calculada. Como este erro é próprio apenas do multímetro, provavelmente a incerteza entre os valores de fábrica e os encontrados pelo mesmo devem-se ao processo de fabricação dos resistores. (2) Com todos os resistores associados em séries, somou-seos valores de todos os resistores. 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅4 + 𝑅5 + 𝑅6 + 𝑅7 + 𝑅8 + 𝑅9 + 𝑅10 + 𝑅11 + 𝑅12 + 𝑅13 + 𝑅14 + 𝑅15 11 O valor teórico da resistência equivalente foi de 120238Ω. Já o valor medido da resistência equivalente pelo multímetro foi de 119700Ω. Ouve uma diferença de 0,45% do valor teórico esperado mas está dentro do intervalo de incertezas que é de 0,8%. O resistor mais importante dessa combinação é o de 100KΩ, pois é o que daria maior diferença no resultado se caso fosse retirado. (1) Com todos os resistores associados em paralelo, usou-se a seguinte fórmula para calcular a resistência equivalente: 1 𝑅𝑒𝑞 = 1 𝑅1 + 1 𝑅2 + 1 𝑅3 + 1 𝑅4 + 1 𝑅5 + 1 𝑅6 + 1 𝑅7 + 1 𝑅8 + 1 𝑅9 + 1 𝑅10 + 1 𝑅11 + 1 𝑅12 + 1 𝑅13 + 1 𝑅14 + 1 𝑅15 O valor teórico da resistência equivalente foi de 0,6895 Ω. Já o valor medido da resistência equivalente pelo multímetro foi de 0,8561Ω. Ouve uma diferença de aproximadamente 20% do valor teórico esperado e não ficou dentro do intervalo de incertezas que é de 0,8%. O resistor mais importante dessa combinação continuou sendo o de 100KΩ, pois é o que daria maior diferença no resultado se caso fosse retirado. (4) Primeiramente calcula-se a resistência dos resistores associados em série, através da fórmula: 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 O valor encontrado através da equação acima foi igual a 330 Ω. Logo após calcula-se a resistência dos resistores associados em paralelo, usando a seguinte equação: 1 𝑅𝑒𝑞 = 1 𝑅1 + 1 𝑅2 + 1 𝑅3 A resistência encontrada foi de 1,11 Ω O circuito que está em série junto com o circuito que está em paralelo, se substituídos por resistores de resistências iguais a do circuito formam um novo circuito em série, cuja resistência equivalente é dada por: 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 12 Assim o valor teórico da resistência total do circuito mostrado na figura 3, é igual a 331,11 Ω. O valor medido, que foi igual a 424 Ω não ficou dentro do intervalo de incertezas que é de 0,8%. Figura 3 – Circuito com 3 resistores em série e 3 resistores em paralelos. 13 (5) Figura 4 - Combinação de resistores cuja resistência equivalente é aproximadamente 755,13 Ω 14 5. CONCLUSÃO Através dos testes feitos, vimos que mesmo que a área da seção transversal e o comprimento dos fios fiquem constantes percebe-se que a resistividade do fio de ferro e bem menor que a do fio da liga níquel-cromo. Observando a resistividade do fio níquel-cromo para diferentes áreas pode afirmar que mesmo que varie a área da seção transversal do um fio sua resistividade não mudará significativamente. Além disso, resistência medida pelo multímetro foi diferente da resistência indicada pela fábrica, isso possivelmente se deve a interferências no processo de fabricação dos resistores. Na combinação de resistores, a resistência equivalente de uma associação em série sempre será maior que o resistor de maior resistência da associação. E a resistência equivalente de uma associação em paralelo sempre será menor que o resistor de menor resistência da associação. 15 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Livro: Chaves, Alaor Física Básica: Eletromagnetismo / Alaor Chaves. – [Reimpr.] – Rio de Janeiro: LTC 2012. • Livro: Sears e Zemansky Física III: eletromagnetismo / Hugh D. Young, Roger A. Freedman – São Paulo, 2004. • Acesso em: 26 nov. 2013. •CABRAL, Paulo. Erros e Incertezas nas Medições. 2004. 116 p. ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto, Porto, 2004. http://www.infoescola.com/fisica/associacao-de-resistores/