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Tutoria: Módulo Agressão e Defesa. Problema:03 Objetivo 01 – Definir e classificar (foco nos Parasitas) as doenças negligencidas. O termo doenças tropicais negligenciadas (DTNs) descreve um grupo de doenças que ocorrem em condições climáticas tropicais e subtropicais. Assim, estão intimamente ligadas às populações que vivem abaixo da linha da pobreza, predominantemente na África, Ásia e América Latina, sendo importantes causas de morbidade e mortalidade mundiais, ocasionando estigma e discriminação nas populações afetadas. As DTNs se expandem em áreas onde o acesso ao saneamento básico, à água potável e à assistência médica são limitados, e as pessoas vivem próximas a animais e vetores de doenças infecciosas, como em áreas rurais, assentamentos informais ou zonas de conflito. Historicamente, a designação “doenças tropicais” existe no vocabulário médico desde o século XIX, se consolidando conforme os microrganismos eram identificados e associados às doenças nos países com condições climáticas quentes e úmidas. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incorporou o nome eclético “doenças negligenciadas”, agrupando-as sob o rol de DTNs. Isso ocorreu após o entendimento de que essas doenças não têm apenas como fator causal a localização geográfica e que, apesar de atingirem e serem causa de morte de uma parte representativa da população mundial, não recebem proporcional atenção dos órgãos de saúde ou de grandes corporações farmacêuticas. Inicialmente, numa lista que não se pretendia ter como definitiva, a OMS listou as treze DTNs mais importantes: dez parasitoses (leishmanioses, doença de Chagas, tripanossomíase africana, ancilostomíase, ascaridíase, tricuríase, esquistossomose, oncocercose, dracunculíase e filariose linfática); e três bacterianas (tracoma, hanseníase e úlcera de Buruli). Ao longo dos últimos anos, essa lista, sob a visão da OMS, aumentou e, além das descritas originalmente, ampliou-se para um total de 20 DTNs, sendo algumas em grupo: equinococose; trematodioses de transmissão alimentar; teníase/cisticercose; dengue; raiva; bouba; micetoma/cromoblastomicose/outras micoses profundas; escabiose/outras ectoparasitoses; e envenenamento por picada de cobra. No Brasil, as DTNs são consideradas um problema de saúde pública, sendo importante causa de incapacidade e morte prematura, uma vez que a maioria dessas doenças são preveníveis e/ou tratáveis com intervenções altamente eficientes. Além disso, afetam indivíduos de todas as idades em todos os estados brasileiros, com maior carga entre os grupos etários do sexo masculino, jovens, crianças (crus mal lavados, como hortaliças, legumes e frutas, ou pela ingestão de água não tratada ou não filtrada. Hábitos inadequados de higiene como não lavar as mãos após utilizar instalações sanitárias, antes da alimentação, ou na manipulação de alimentos são importantes formas de contágio. Já a ancilostomíase ocorre principalmente pela penetração ativa das larvas infectantes do A. duodenale ou N. americanus na pele íntegra do hospedeiro, ou por via oral. O contágio ocorre quando há contato direto da pele com solo contaminado com larvas infectantes ou por sua ingestão com água. No Brasil, mais de 80% das infecções ocorrem pelo N. americanos. Hospedeiro: Os seres humanos são os principais hospedeiros definitivos e reservatórios das geo-helmintíases e são também a única fonte de infecção, o que poderia tornar o controle mais fácil e eficiente. As crianças em idade escolar apresentam um importante papel epidemiológico na disseminação dessas doenças, pois constituem um grupo altamente susceptível e são responsáveis pela eliminação de grandes quantidades de ovos no ambiente, por meio das fezes. Essa condição, tende a se agravar quando as crianças são expostas a precárias condições de higiene e de saneamento básico, fato comum nas populações de baixa renda. A prevalência e intensidade de infecção por A. lumbricoides e T. trichiura comumente atinge os níveis mais elevados entre crianças de 5 a 14 anos, enquanto o nível máximo da infecção por ancilostomídeos ocorre em adultos com mais de 20 anos. Período de transmissibilidade: A transmissão dos geo-helmintos ocorre quando as pessoas infectadas eliminam ovos viáveis no ambiente. A eliminação de ovos depende da sobrevivência dos vermes no intestino, podendo se estender por anos após o contágio e prolongar-se se houver sucessivas reinfecções e o paciente não receber tratamento adequado. Período de incubação: A duração do ciclo evolutivo dos geo-helmintos, que compreende o período do contágio até a eliminação de ovos no ambiente, por meio das fezes, varia de acordo com a espécie infectante, em geral em torno de 40 a 60 dias. Vetores mecânicos Alguns estudos comprovam a importância de insetos como formigas e moscas no carreamento mecânico de ovos dos geo-helmintos que ficam aderidos às suas patas. Esses insetos, principalmente em área onde o saneamento é precário, pousam em fezes contaminadas e esgotos a céu aberto e posteriormente pousam em alimentos que serão consumidos crus ou mesmo em alimentos processados e mal protegidos. Aves, anfíbios e répteis podem transportar os ovos nos seus intestinos e eliminá-los no ambiente por meio de seus dejetos. Chuvas e ventos também contribuem na disseminação dos parasitos, contaminando mananciais de água e sistemas de produção de alimentos. Aspectos Clínicos Patologia e sintomas Na maioria das vezes, os portadores dos geo- helmintos são assintomáticos. Entretanto, altas cargas parasitárias e ocorrência de poliparasitismo podem desencadear algumas manifestações clínicas severas. Na fase inicial, o paciente pode apresentar febre, suor, fraqueza, palidez, náuseas e tosse. Após o surgimento das formas adultas no intestino podem ocorrer desconforto abdominal, cólicas intermitentes, perda de apetite, diarreia, dores musculares e anemia de diversos graus. As principais manifestações clínicas provocadas pela infecção por geo-helmintos dependem da carga parasitária (quantidade de vermes) e estão relacionadas a redução da capacidade de ingestão de alimentos e a má absorção de nutrientes. A migração de grandes quantidades de larvas pelo fígado e pulmão pode ocasionar desconforto na região hepática, ânsia de vômito, febre e tosse, podendo desencadear um quadro de pneumonia verminótica, caracterizada pelos sintomas acima referidos e aumento dos eosinófilos no sangue periférico. A desnutrição ou associação com outras enfermidades pode agravar o quadro clínico. Nas infecções mais intensas com Ascaris, com 100 ou mais vermes, pode ocorrer déficit nutricional do hospedeiro causado pelo consumo de vitaminas, proteínas, carboidratos e lipídios pelos vermes. Outras complicações dessas infecções são a obstrução intestinal, requerendo intervenção cirúrgica em casos graves, e as localizações ectópicas dos vermes na vesícula biliar e pâncreas, causando inflamações. Nos pacientes acometidos pelos ancilostomídeos, é possível verificar lesões cutâneas devido à penetração ativa das larvas e no caso de reinfecções pode haver o desenvolvimento de processos de hipersensibilidade. As lesões cutâneas, na forma de pontos inflamados e com muita coceira, são popularmente conhecidas como “coceira da terra”, muito semelhante à “coceira da água” ou dermatite cercariana pela penetração de formas larvares (cercárias) de diversos trematódeos, entre eles o Schistosoma mansoni. Infecções crônicas com altas cargas parasitárias podem levar a inflamação do intestino, perda de sangue e anemia, causada pela ação direta dos vermes ao se fixarem na mucosa intestinal para se alimentarem do sangue do hospedeiro. Nas infecções por T. trichiura, observam-se manifestações semelhantes às descritas para os ancilostomideos, com a diferença do acometimento de parte do intestino. Infecções por Trichuris localizam-se no ceco e cólon ascendente e por ancilostomideos principalmente no duodeno. Em infecções maciças por Trichuris, o prolapso retal é a manifestação mais importante, em consequência da irritação da mucosa do reto, causa reflexo de defecação, mesmo na ausência de fezes. Em geral, a gravidade da infecção por geo-helmintos está associada principalmente ao impacto crônico e insidioso sobre a saúde, diminuindo a qualidade de vida das pessoas infectadas. Objetivo 03: Explicar e comparar os ciclos/morfologia/tríade dos parasitas citados. Em anexo. Objetivo 04: apresentar fatores de risco das parasitoses citadas. Objetivo 05: apresentar políticas públicas (geriais e indígenas). Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. - 2ª edição - Brasília: Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde, 2002. 3- POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS O propósito desta política é garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura. 4- DIRETRIZES Para o alcance desse propósito são estabelecidas as seguintes diretrizes, que devem orientar a definição de instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e controle das ações de atenção à saúde dos povos indígenas: › organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos Sanitários Especiais e Pólos-Base, no nível local, onde a atenção primária e os serviços de referência se situam; › preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural; › monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas; › articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde; › promoção do uso adequado e racional de medicamentos; › promoção de ações específicas em situações especiais; › promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo comunidades indígenas; › promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena; › controle social. 4.1- DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA 4.1.1- CONCEITO O conceito utilizado nesta proposta define o Distrito Sanitário como um modelo de organização de serviços - orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativobem delimitado -, que contempla um conjunto de atividades técnicas, visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolvendo atividades administrativo- gerenciais necessárias à prestação da assistência, com controle social. A definição territorial dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas deverá levar em consideração os seguintes critérios: › população, área geográfica e perfil epidemiológico; › disponibilidade de serviços, recursos humanos e infraestrutura; › vias de acesso aos serviços instalados em nível local e à rede regional do SUS; › relações sociais entre os diferentes povos indígenas do território e a sociedade regional; › distribuição demográfica tradicional dos povos indígenas, que não coincide necessariamente com os limites de estados e municípios onde estão localizadas as terras indígenas. Taxonomia Morfologia e ciclo de vida Transmissão Patogenia Diagnósticos Epidemiologia Profilaxia Tratamento Reino: Animalia Filo: Nematoda Classe: Secernentea Ordem: Ascaridida Família Ascarididae Gênero: Ascaris Espécie: Ascaris lumbricoides Vermes adultos: – Cilíndricos – Longos: fêmea com 30 a 40 cm e macho com 20 a 30 cm – Quando a infecção é grande, tendem a ser menores pela competição por alimento – Boca com três lábios: 1 dorsal e 2 ventro laterais providas de papila sensoriais - Extremidades afiladas - Presença de ânus • Macho: – Testículos filiformes – canal deferente – canal ejaculador – cloaca. – Presença de espículos – Machos com enrolamento ventral e extremidade caudal espiralada • Fêmea: – Ovários filiformes – ovidutos – útero – vagina – vulva no terço anterior – Fêmea: extremidade posterior retilínea. Morfologia Postura de ovos : aproximadamente 200.000 ovos/dia durante 1 ano Ovos férteis se tornam embrionados no ambiente Apresentam internamente um massa de células germinativas Quando existir menor quantidade de macho , a presença de ovos inférteis nas fezes será maior. Morfologia • Casca do ovo – Formada por 3 camadas: • interna : mais delgada e impermável; • média : bastante espessa composta de proteína e quitina; • Externa: mais grossa e mamilonada, composta de mucopolissacarídeo secretado pela parede uterina. • Ovos inférteis das fêmeas não fecundadas são mais alongados, casca mais delgada e capa albuminosa reduzida ou ausente. Morfologia • Larvas: Crescimento através de mudas ou ecdises Em cada ecdise os parasitos abandonam revestimento cuticular e fabricam nova cutícula Ingestão de ovos larvados presentes em alimentos ou água contaminada. Aspiração de poeira de solo poluído contendo ovos que ficam retidos no muco nasal e depois são deglutidos. Portadores de verminose não são veículos diretos pelo fato de os ovos terem de permanecer certo período no meio externo para se tornarem infectantes. Ovos podem ser veiculados por vetores mecânicos Durante a migração das larvas: – Fígado: Focos hemorrágicos • Necrose Reação inflamatória Aumento do volume hepático Pulmão Quadro pneumônico Edemaciação alveolar com infiltrado eosinofílico *Manifestações alérgicas Febre Tosse produtiva e catarro sanguinolento Verme adulto 3 a 4 vermes: sem manifestação clínica Mais de 30 vermes : Desconforto abdominal Náusea Perda de apetite e emagrecimento Baixo desenvolvimento físico e mental Sensação de coceira no nariz Irritabilidade Sono intranquilo e ranger de dentes. – Enovelamento de vermes Métodos parasitológicos: encontro de ovos nas fezes: Qualitativos: Exame direto e sedimentação espontânea – Quantitativos: Stoll e Kato-Katz. Pesquisa de larva no escarro. Exame de imagem. Métodos imunológicos: Intradermorreação Mais frequentes nas áreas tropicais. 70 a 90% dos casos na faixa etária de 1 a 10 anos. Interferência de fatores econômicos, sociais e culturais. Crescimento desordenado. Epidemiologia • Fatores que interferem na alta prevalência: Grande produção de ovos – 200.000/dia Viabilidade dos ovos infectantes – até um ano Falta saneamento Temperatura média anual aumentada Alta umidade – mínima de 70% Vetores mecânicos Educação sanitária Programas de assistência sanitária Construção de fossas sépticas Hábitos de higiene Proteção dos alimentos Albendazol 400 mg por 3 dias Bloqueia a absorção de glicose pelo parasito Mebendazol 100mg 2 vx /dia durante 3 dias Anti- helmíntico de largo espectro Bloqueia a captação de glicose e altera funções digestivas, gerando processo autolítico Pirantel Produz paralisia espástica do heminto Dose única 10 mg/kg Tratamento • Piperazina Promove paralisia flácida do helminto seguida de expulsão passiva Medicamento de escolha no caso de obstrução Ciclo de vida Monoxênico Ovos chegam ao ambiente através das fezes contaminadas. Geo helmintos: precisam passar um tempo no ambiente para desenvolvimento da larva. Duração do ovo no ambiente: até 1 ano. Ciclo de vida • Ovo no ambiente : ovos férteis 10 a 12 dias após a postura: formação de L1 no interior do ovo – larva rabditóide 8 a 15 dias após a formação de L1 : L2 Nova muda: Ovo torna-se infectante com presença de larva filarióide L3 Ovo com larva L3 pode permanecer no solo por vários meses. Ciclo de vida • Ingestão – meio interno Duodeno- rompimento do ovo pela ação de estímulos orgânicos como pH, temperatura, sais e concentração de CO2 Liberação da larva filarióide L3 que migra para o ceco Atravessam a parede intestinal – vasos linfáticos - veias - fígado – veia cava- coração . Ciclo de vida Fase pulmonar chamada de Ciclo de Loss. São lançadas na artéria pulmonar chegando ao pulmão após 4 ou 5 dias de infecção. Nos capilares pulmonares passam para L4 L4 rompem os capilares pulmonares e caem nos alvéolos sofrendo muda para L5 Deixam os alvéolos, passam pelos brônquios , traquéia e são deglutidas. Ciclo de vida No intestino tornam-se adultos depois de 20 a 30 dias de infecção. Maturação dos órgão sexuais , copulação e postura de ovos – 2 a 3 meses depois da infecção. • Ascaris errático: pode deslocar-se de seu habitat natural: Apêndice cecal Canal colédoco Canal de Wirsung Eliminação pela boca e nariz. intestinal Dose única de 4g 50 a 75 mg/Kg (ou máximo de 3g para crianças) de 2 a 5 dias. Vermes adultos podem viver de 1 a 2 anos no hospedeiro. Trichuris trichiura Reino: Animalia Filo: Nematoda Classe: Adenophorea Superfamília:Trichuroidea Família:Trichuridae Gênero:Trichuris Doença: tricurose • Habitat: intestino grosso • Via de transmissão : ingestão de ovos infectantes • Formas evolutivas: adultos (macho e fêmea), ovo e larva • Parasita monoxeno • Geohelminto Morfologia • Macho: – 4 cm de comprimento. – Cauda enrolada. – Cabeça em forma de fio e boca em estilete. • Fêmea: – 5 cm de comprimento. – Cauda reta. Morfologia • Ovo: – Presença de dois flutuadores preenchidos por material lipídico. – Casca do ovo: • Parte interna: formada de material vitelínico • Parte intermediária: camada quitinosa • Parte externa: camada lipídica Ciclo biológico • Liberação do ovo embrionado através das fezes do hospedeiro. • Embriogênese no ambiente: – 28 dias à 25˚C • Ingestão de ovos infectantes através do consumo de alimentos e líquidos contaminados. • Após 1 hora da ingestão: eclosão da larva pela ação do suco gástrico e pancreático • Larva passa por 4 estágios até verme adulto. Cerca de 60- 90 dias até eliminação de ovos. Ciclo biológico – Forma adulta: • O parasito insere toda camada esofagiana no epitélio damucosa intestinal do hospedeiro e se alimenta de restos dos enterócitos lisados pela ação do parasito. • Porção posterior fica exposta para fecundação e eliminação dos ovos. • Eliminação de 3.000 a 20.000 ovos/dia. • Adultos sobrevivem cerca de 1 a dois anos no hospedeiro. •Disseminados por: – Vento e água. – Vetores mecânicos. – Contaminação de alimentos. – Geofagia realizada pelas crianças. • Infecções intensas limitadas ao intestino. – Diarreia, dor abdominal, sangramento e prolapso retal • Aumento da produção de muco. • Infiltração de células mononucleares. • Processo inflamatório intenso no reto com edema e sangramento da mucosa retal. • O esforço para defecação pode resultar em prolapso retal, reversível com a eliminação dos vermes. • Pesquisa de ovos nas fezes – Método de flutuação: Método de Willis e Método de Faust. – Método de contagem de ovos – Método de katokatz. • Resultado acima de 100.000 ovos/g fezes apresenta perigo de prolápso anal. • Verificação das formas adultas em colonoscopia. Infecção de crianças de 18 a 24 meses. •Intensidade máxima de infecção em crianças de 4 a 10 anos. • Prevalência diminui em jovem e permanece baixa em adultos. Mebendazol – 100mg 2 vx dia por 3 dias consecutivos. • Albendazol – 400 mg/dia por três dias consecutivos. lOMoARcPS D|29362323 TRICHURIS TRICHIURA – TRICURÍASE OU TRICULOSE ✓ Nematódeo, que recebeu esse nome devido ao formato peculiar. Seu diâmetro muda da extremidade anterior (pequeno) para a extremidade posterior (grande). ✓ Esse parasito é chamado de verme chicote devido ao seu formato. MORFOLOGIA ✓ A boca é uma abertura simples e sem lábios, seguida pelo esôfago que ocupa 2/3 do corpo do parasita. ✓ 1/3 restantes correspondem ao sistema reprodutor do parasita e o intestino que termina no ânus. ✓ Vermes adultos são dioicos e com dimorfismo sexual. ✓ Macho: 3-5 cm. Possui um espiralamento na região posterior. O sistema reprodutor é formado por: testículo único canal deferente canal ejaculador espículo, este é protegido por uma bainha recoberta de espinhos. ✓ Fêmea: ovário e útero únicos abrem na vulva, localizada na proximidade da junção entre esôfago e intestino. Produz até 20.000 ovos. OVO Ovo possui uma casca grossa, lisa e não possui camada mamilonar, ainda que possua 3 camadas (externa: lipídica; intermediário: quitinosa; interna: vitelínica). No entanto, há duas protuberâncias preenchidas por material mucoso que é por onde a larva irá sair. Quando os ovos saem nas vezes possui uma célula germinativa e no ambiente se desenvolve até chegar no estágio infectante, ou seja, o ovo infectante contém larva L1, ao contrário do Áscaris que é L3. HABITAT • Como existe a mesma possibilidade do hospedeiro ser co-parasitado por áscaris e Trichure, através da mesma via, a evolução fez com que ocupassem lugares diferentes, para não interferir no desenvolvimento do outro. • Localiza-se no intestino grosso. lOMoARcPS D|29362323 CICLO BIOLÓGICO A eclosão do ovo acontece no intestino delgado, contendo a larva L1. Na medida em que esta caminha para o intestino grosso transforma-se em L2, L3. Para isso, L1 entra na parede de intestino, transforma-se em L2, sai, segue o percurso, entra na parede novamente, realizando outra muda e transformando-se em L3. Quando chega ao intestino grosso, o parasito se transforma em adulto, ocorrendo diferenciação dos esticócitos (cel glandulares esofágicas) • Esse parasito penetra a parte fina na parede do intestino, enquanto a grossa, na luz. • O tempo de vidia do parasita é de 2 a 4 anos, podendo chegar até 8. • Período pré patente: 2 a 3 meses. TRANSMISSÃO ✓ Ingestão de ovos com larvas L1. PATOGENIA ➢ É um parasita silencioso, quase nunca tem sintomas, logo é extremamente adaptado. ➢ A gravidade da tricuríase depende da carga parasitária, idade do hospedeiro, estado nutricional e a distribuição dos vermes adultos no intestino. ➢ Os grau de infecção é determinado pela quantidade de ovos presentes em 1g de fezes do hospedeiro. Assim: • Infecção leve: até 1000 ovos/g de fezes. E não apresenta sintomas. o Inflamação discreta e localizada que não interfere nos processos fisiológicos. • Infecção moderada: 1000 até 10.000 ovos/g de fezes. É sintomática, sendo os sintomas inespecíficos (cefaleia, dor epigástrica e no baixo abdômen, diarreia (não há sangue nas fezes), náusea e vômitos). o Áreas de descamação e infiltração de células mononucleares e eosinófilos em graus variados e elevada produção de muco. • Infecções severas: mais de 10.000 ovos/g de fezes. É sintomática e por ser severa, devido à quantidade, tende a se espelhar por todo o intestino grosso. o Como cada T.trichiuri causa uma pequena inflamação, mais de 10.000 acaba confluindo, intensificando a inflamação. o O parasita se distribui por todo o intestino grosso e íleo distal, podendo provocar edemas e sangramentos intensos e até ulcerações, bem como sintomatologia sistêmica. lOMoARcPS D|29362323 o Em crianças com infecções intensas, é chamada de Síndrome disentérica crônica: dores abdominais, diarreia intermitente, fezes com sangue e muco (aumento do muco que tenta expulsar o parasita), enterorragia (grande quantidade de sangue), tenesmo e prolapso retal (a criança sente uma vontade de defecar devido ao excesso de vermes, fazem muita força podendo exteriorizar o reto). o Sintomas sistêmicos: os parasitas estimulam a liberação da toxina TNF-α provocando a perda de apetite, emagrecimento, anemia, retarda o crescimento, devido a redução do fator de crescimento. Além do comprometimento cognitivo, vômito e desnutrição. o A edemaciação do intestino grosso dificulta a absorção de vitamina do complexo B. o Baquetamento digital – alargamento das pontas dos dedos. o A T. trichiuria no apêndice causa apendicite. o Acúmulo de gases e mic o Casos de perfuração. DIAGNÓSTICO ➢ Um exame quantitativo torna-se válido para Trichuris, pois este não provoca sintomas dependendo da quantidade de parasitas, assim quando se sabe que um paciente está com esse parasita e apresentando sintomas, deve-se quantifica-lo. ➢ O método de MIFC e o de Ritchie realizam a sedimentação por meio de centrífuga. Com isso, tem-se ganho de tempo para a realização do diagnóstico. Assim, se em um EPF apresentar a técnica Blagg ou MIFC ou Ritchie, sabe-se que foi feita por processo de sedimentação forçada. ➢ A diferença dessas duas técnicas é que precisam de conservantes. Estes, que vem dentro de coletores, dependendo da cor corresponde a: formol se for claro; caso seja rosa será o MIF (mercurocromo, iodo, formol e glicerina). ➢ Centrifuga a mistura para que ocorra a sedimentação e consequente presença do ovo no produto sedimentado. Com isso, pega o material com a pipeta e coloca na lâmina para examinar. Para diagnóstico, pode-se utilizar o exame de imagem. Não se utiliza muito o hemograma devido à presença de parasitas serem “silenciosas”, consequentemente haverá pouca alteração no numero de Eosinófilos. lOMoARcPS D|29362323 TRATAMENTO • A eficácia do tratamento é reduzida pela localização do parasito. Para melhorar, divide-se o tratamento em 3 dias. Em não dose oral única. • A utilização do MEBENDAZOL, para o caso de tricuríase, é mais indicada. • É bom refazer o exame, pois caso continue com o verme, muda-se a droga. EPIDEMIOLOGIA • Cosmopolita; Onde tem áscaris tem trichiuri • Geoelminto, logo mais encontrado em países tropicais. • Acomete principalmente crianças; • No Brasil é mais prevalente no norte e nordeste; • Parasita do homem para o homem, mas tem cuidado com o do porco e o do cão que podem infectar o ser humano. • Elevada resistência dos ovos; • Disseminação pela contaminação do solo por fezes humanas. PROFILAXIA ✓ Trichuri suis – menos agressivoe menos adaptado – utilizando esse para o tratamento da doença de Chron (inflamação do intestino grosso, no qual o sistema de defesa se volta para as bactérias da flora intestinal). ✓ Os linfócitos T diferenciam-se nas populações: TH1 e TH2. Para combater os vermes o organismo necessita de um aumento do número de eosinofilos, Hb E e interleucinas. ✓ Os vermes realizam uma modulação, enganando o sistema de defesa pela liberação de substâncias, produzindo interleucinas que são anti-inflamatórias. Curiosidades: lOMoARcPS D|29362323 MORFOLOGIA: - Deve ser feito observando as fases evolutivas do seu ciclo biológico, isto é, os vermes macho, fêmea e o ovo - As formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam extremidades afiladas - O tamanho dos exemplares de A. lumbricoides está na dependência do número de parasitos albergados e do estado nutricional do hospedeiro MACHOS: - Quando adultos medem cerca de 20 a 30 cm de comprimento e apresentam cor leitosa - A boca ou vestíbulo bucal está localizado na extremidade anterior, e é contornado por 3 fortes lábios com serrilha de dentículos e sem interlábios - Apresenta um testículo filiforme e enovelado, que se diferencia em canal deferente, continua pelo canal ejaculador, abrindo-se na cloaca, localizada próximo à extremidade posterior - A extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral é o caráter sexual externo que o diferencia facilmente da fêmea FÊMEAS: - Medem cerca de 30 a 40cm, quando adultas, sendo mais robustas que os exemplares machos - Cor, boca e aparelho digestivo semelhante aos dos machos - Apresentam 2 ovários filiformes e enovelados que continuam como ovidutos, diferenciando em úteros que vão se unir em uma única vagina, que se exterioriza pela vulva OVOS: - Originalmente são brancos e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes - São grandes, ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana externa mamilonada, secretada pela parede uterina e formada por mucopolissacarídeos - Internamente apresentam uma massa de células germinativas - Podemos encontrar nas fezes ovos inférteis, que são mais alongados, possuem membrana mamilonada mais delgada e o citoplasma granuloso - Algumas vezes os ovos férteis podem se apresentar sem a membrana mamilonada HÁBITAT: lOMoARcPS D|29362323 - Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo - Em infecções intensas, eles podem ocupar toda a extensão do intestino delgado - Podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz intestinal CICLO BIOLÓGICO: - É do tipo monoxênico, ou seja, possui apenas um hospedeiro - A 1ª larva forma dentro do ovo e é do tipo rabditoide, isto é, possui o esôfago com 2 dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio - Após uma semana, ainda dentro do ovo, essa larva sofre muda se transformando em L2 e em seguida, nova muda transformando-se em L3 infectante com esôfago tipicamente filarióide (esôfago retilíneo) - Estas formas permanecem infectantes no solo por vários meses podendo ser ingeridas pelo hospedeiro - Após a ingestão, os ovos contendo a L3, atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. A eclosão ocorre devido a fatores ou estímulos fornecidos pelo próprio hospedeiro, como a presença de agentes redutores, o Ph, a temperatura, os sair e a concentração de CO2, cuja ausência inviabiliza a eclosão - As larvas liberadas atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o fígado entre 18 e 24h após a infecção - Em 2 a 3 dias chegam ao coração direito, através da veia cava inferior ou superior e 4 a 5 dias após são encontradas nos pulmões (ciclo de LOSS). - Cerca de 8 dias depois da infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. Sobem pela árvore brônquica e traquéia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, atravessando incólumes o estômago e se fixando no intestino delgado - Se transformam em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção - Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro - Os vermes adultos tem uma longevidade de 1 a 2 anos TRANSMISSÃO: - Ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a L3 - Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovos de A. lumbricoides - Os ovos da Ascaris têm uma grande capacidade de aderência a superfícies, o que é um fator importante na transmissão da parasitose, pois uma vez presente no ambiente ou em alimentos, estes ovos não são removidos com facilidade por lavagens PATOGENIA: - Deve ser estudada acompanhando-se o ciclo deste helminto, ou seja, a patogenia das larvas e dos adultos - A intensidade das alterações provocadas está diretamente relacionada com o número de formas presentes no parasito LARVAS: - Em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma alteração lOMoARcPS D|29362323 - Em infecções maciças encontra-se lesões hepáticas e pulmonares. No fígado, quando se encontra numerosas formas larvares migrando pelo parênquima, podem ser vistos pequenos focos hemorrágicos e de necrose que futuramente se tornam fibrosados. Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos. - A passagem das larvas pelos alvéolos pulmonares, dependendo do número e das formas, pode determinar um quadro pneumônico com: Febre Tosse Dispneia Eosinofilia Edemaciação dos alvéolos com infiltrado parenquimatoso eosinofílico Manifestações alérgicas Bronquite Pneumonia - A esses sinais denomina-se síndrome de Loeffler - Na tosse produtiva o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto - Essas manifestações geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional e imunitário das mesmas VERMES ADULTOS: - Infecções de baixa intensidade (3 a 4 vermes) o hospedeiro não apresenta manifestação clínica - Infecções médias ( 30 a 40 vermes) ou maciças (100 ou mais vermes), podemos encontrar as seguintes alterações: Ação espoliadora os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídios e vitaminas a e C, levando o paciente à desnutrição e depauperamento físico e mental Ação tóxica reação entre antígenos parasitários e anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando edema, urticária, convulsões epileptiformes etc Ação mecânica causam irritação na parede e podem se enovelar na luz intestinal, levando à sua obstrução. As crianças são mais propensas a esse tipo de complicação, causada pelo menor tamanho do intestino delgado e pela intensa carga parasitária Localização ectópica nos casos de pacientes com altas cargas parasitárias ou ainda em que o verme sofra alguma ação irritativa, como febre, uso impróprio de medicamento e ingestão de alimentos muito condimentados o helminto se desloca do seu hábitat normal atingindo locais não habituais. Aos vermes que fazem essa migração nomeamos de áscaris errático - Situações ectópicas que podem levar o paciente a quadros graves necessitando de intervenção cirúrgica: Apêndice cecal causando apendicite aguda Canal colédoco, causando obstrução do mesmo Canal de Wirsung, causando pancreatite aguda Eliminação do verme pela boca e narinas - É comum nas crianças o aparecimento de alteração cutânea, que consiste em manchas, circulares, disseminadas pelo rosto, tronco e braços, essas manchas são denominadas popularmente de “pano” e sãorelacionadas ao parasitismo pelo A.lumbricoides. Parece que seriam causadas pelo verme que consome grande quantidade de vitaminas A e C, provocando despigmentações circunscritas. Após a eliminação do verme, as manchas tendem a desaparecer DIAGNÓSTICO: CLÍNICO: - É pouco sintomática, por isso de difícil diagnóstico clínico - A gravidade da doença é determinada pelo número de vermes que infectam cada pessoa - Como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro LABORATORIAL: - É feita pela pesquisa de ovos nas fezes - O método de Kato modificado por Katz é bastante eficiente e recomentado pela OMS para inquéritos epidemiológicos. Essa técnica permite a quantificação dos ovos e estima o grau de parasitismo dos portadores, comapra dados entre várias áreas trabalhadas e demonstra maior rigor no controle de cura - Em infecções exclusivamente com vermes fêmeas, todos os ovos expelidos serão inférteis, enquanto em infecções com vermes machos o exame de fezes será sempre negativo lOMoARcPS D|29362323 TRATAMENTO: - A OMS recomenta 4 drogas para o tratamento e controle de helmintos transmitidos pelo solo: Albendazol componente dos benzimidazóis com amplo espectro antiparasitário. A droga é encontrada sob a forma de comprimidos de 200 e 400mg, e de suspensão oral de 100mg/5ml. A dose única de 400mg é altamente eficaz contra a ascaridíase, mostrando níveis de cura se de redução de ovos de até 100% Mebendazol derivado dos benzimidazóis com ampla e efetiva atividade anti-helmíntica. É encontrada sob a forma de comprimidos de 100 e 500mg e também em suspensão oral de 100mg/5ml. O mecanismo de ação é o mesmo do Albendazol. A dose única de 500mg mostrou alta efetividade contra a ascaridíase e outras parasitoses. O tratamento com mebendazol alcança níveis de cura entre 93,8% e 100% e taxas de redução de ovos de 97,9% a 99,5% Levamisol é um isômero levogiro do tetramisol e tem boa eficácia contra áscaris. Encontrado em comprimidos de 40mg e administrado em dose única de 2,5mg/kg. Ele inibe os receptores de acetilcolina, causando contração espásmica seguida de paralisia muscular e consequente eliminação dos vermes. Não apresenta capacidade ovicida. Pamoato de pirantel droga derivada da primidina, sendo efetiva contra a ascaridíase e a ancilostomíase. Encontrada em forma de comprimidos de 250mg, sendo administrada em dose única oral de 10mg/kg. Vários artigos demonstraram níveis de cura, para a ascaridíase, de 81 % a 100% e taxas de redução do número de ovos entre 82% a 100%. EPIDEMIOLOGIA: - O A.lumbricoides é o helminto mais frequente nos países pobres, sendo sua estimativa de prevalência de aproximadamente 30% - Atinge cerca de 70% a 90% das crianças de 1 a 10 anos - Ásia 73% de prevalência - África 12% de prevalência - América Latina 8% - A prevalência é baixa em regiões áridas, sendo alta onde o clima é úmido e quente, condição ideal para sobrevivência e embrionamento dos ovos - Áreas desprovidas de saneamento com alta densidade populacional contribuem para o aumento da carga da doença - Fatores que interferem na prevalência da ascaridíase: Grande quantidade de ovos produzidos e eliminados pela fêmea Viabilidade do ovo infectante por até um ano Concentração de indivíduos vivendo em condições precárias de saneamento básico Grande número de ovos no peridomicílio, devido ao hábito que as crianças têm de aí defecarem Temperatura e umidade com médias anuais elevadas Dispersão fácil dos ovos através de chuvas, ventos, insetos e aves Conceitos equivocados sobre a transmissão da doença e sobre hábitos de higiene na população CONTROLE: - 4 Medidas são bem conhecidas par ao controle das infecções por helmintos: 1. Repetidos tratamentos em massa dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas 2. Tratamento das fezes humanas que eventualmente possam ser usadas como fertilizantes 3. Saneamento básico 4. Educação em saúde - Sendo o ovo resistente aos desinfetantes usuais, e o peridomicílio funcionando como foco de infecção, algumas medidas têm de ser tomadas para o controle desta e de outras helmintoses intestinais: Educação em saúde; Construção de redes de esgoto, com tratamento e/ou fossas sépticas; Tratamento de toda a população com drogas ovicidas, pelo menos, durante três anos consecutivos; Proteção dos alimentos contra insetos e poeira - A descentralização do sistema de saúde, a formação adequada de equipes para atuar em municípios e comunidades endêmicas (Programa de Saúde da Família - PSF) e o envolvimento total das populações interessadas são fatores importantes e indispensáveis para se conseguir resultados eficazes e duradouros, não só com relação a ascaridíase, mas em todos os programas em que o controle de parasitoses esteja envolvido lOMoARcPS D|29362323 ANCILOSTOMÍASE – DOENÇA DO JECA TATU Ancylostoma duodenale ou Necator americanus “O Jeca Tatu não é assim; está assim”. Monteiro Lobato relatou com seu conto a realidade do meio rural brasileiro afetado pelo verme ancilostomídeo, a qual mostrava pessoas com depauperamento físico e mental em razão de desnutrição e da expoliação verminosa ao qual estavam sujeitos. Popularmente, a doença é chamada de AMARELÃO. No Brasil, o N. americanus apresenta maior incidência, no entanto ambos os parasitas causam a mesma doença, com os mesmos sintomas e são tratados da mesma forma, sendo portanto, estudados como o mesmo verme. Morfologia: tanto o macho quanto a fêmea das duas espécies possuem aspecto cilíndrico, com cerca de 1 cm ➢ Macho: extremidade posterior munida de bolsa copuladora ➢ Fêmea: extremidade posterior afilada. Ovoposição de 6 à 11 mil ovos. Habitat: duodeno e jejuno, podendo atingir o íleo e o ceco na fase crônica Ciclo biolígico: monoxênico. A larva 1 sempre tem o nome de Rabditoide, e tem o esôfago dilatado. A larva 3 sempre tem o nome de filarioide e é a infectante, com o esôfago cilíndrico. Função das células de Liberkun = produzir muco. Fase aguda: determinada pela migração das larvas e implantação do adulto no intestino delgado. ❖ Penetração das larvas: sensação da picada, prurido, edema ou dermatite urticariforme (erupção pápula-eritematosa, dermatite alérgica). ❖ Infecções secundárias... lOMoARcPS D|29362323 ❖ Alterações pulmonares – tosse de curta ou longa duração, febre. Hemorragia, síndrome de Loeffler: tosse, febre, eosinofilia. Broncopneumonia ❖ Parasitismo intestinal – fase crônica. ❖ Sintomas: prurido na pele, eritema, tosse seca com expectoração, eosinofilia, mal estar abdominal, febre, náusea, vômito, cólica, diarreia, perda de peso ❖ Crianças e subnutridos: apendicite, úlcera duodenal, anemia, insuficiência circulatória, morte. Fase crônica: é quando o verme chega no intestino delgado e torna-se adulto ❖ Parasitismo intestinal (marcante): dor epigástrica, náusea, vômito, diminuição do apetite, indigestão, diarreia sanguinolenta ou não, constipação ❖ Verme adulto, associado a espoliação sanguínea e a deficiência nutricional – anemia ❖ Longevidade do parasito ❖ Sintomas da fase crônica: anemia, cansaço físico, mental, desânimo, fraqueza, vertigens, tonturas, dor muscular, desnutrição. ❖ Anemia, eosinofilia, baixa taxa de hemoglobina, as reservas de ferro e a dieta alimentar de ferro são insuficientes para suprir as perdas deste elemento. ❖ Diminuição do apetite e “síndrome de pica” – geofagia. ❖ Lesões na mucosa duodenal Ancilostomíase crônica está diretamente ligada ao estado nutricional do paciente -> anemia por deficiência de ferro. ➢ A. duodenale – 0,05 a 0,3 ml/sangue/dia ➢ N. americanus – 0,01 a 0,04 ml/sangue/dia Transmissão: penetraçãoativa das larvas filaróides (L3 infectantes) principalmente nos pés, pernas, nádegas (o hospedeiro se senta no chão), mãos, etc. Ingestão das larvas juntos com os alimentos. Sintomas: edema, erupção pruriginosa, eritema. Presença de pontos hemorrágicos nos locais em que as larvas perfuram as paredes alveolares; presença de líquido na luz alveolar (quadro semelhante à pneumonia com tosse, febre, etc.); geofagia • Lesões intestinais: irritativas (verme deixa uma pequena úlcera que sangra algum tempo), anemia por perda sanguínea, baixa na oxigenação do sangue e glicose • Como consequência há um retardamento físico e mental do paciente. Profilaxia: educação sanitária, uso de privadas, uso de calçados, abolir adubação de fezes humanas, alimentação adequada com suplementação de ferro, tratamento de todas as pessoas infectadas, higiene, repetir a medicação. Plantações de hortelã, arruda, erva cidreira etc produzem um odor repelente a esses vermes, podendo ser uma medida natural profilática. Diagnóstico: ▪ Clínico: anamnese e associação de sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais podem levar a uma suspeita de Ancilostomíase, principalmente em áreas na qual ele é endêmico – Nordeste Br. ▪ Laboratorial: fezes/coprocultura: identifica os ovos, obtém as larvas L3. Quantifica o nível de infecção: contagem de L3/grama de fezes: - infecção benigna: 50 vermes lOMoARcPS D|29362323 - infecção clínica/anemia: 50 a 200 vermes - infecção média: 200 a 500 vermes - infecção intensa: 500 a 1000 vermes - infecção muito intensa: mais de mil vermes. Os ovos tanto do A. duodenale quanto do N. americanus é o mesmo. Para descobrir qual verme está causando a patologia deve-se fazer a cultura desses vermes e avaliar as mordidas dos mesmos. Tratamento: deve ser feito objetivando eliminar o parasita e curá-lo da anemia • Mebendazol: 100 mg 2x ao dia • Albendazol: 10 mg/kg • Sulfato ferroso • Repetir a medicação