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APG 5 OBJETIVOS 1. Compreender o ciclo biológico, etiologia,epidemiologia, transmissão, manifestações clínicas e tratamento das parasitoses intestinais ( teníase, oxiuríase, esquistossomose, ascaridíase, giardíase e amebíase 2. Discutir acerca das principais políticas de saneamento básico TENÍASE Diversas espécies de tênias podem causar infecções em pessoas. Incluem • Taenia saginata (tênia das vacas) • Taenia solium (tênia dos porcos) • Taenia asiatica, contraída ao se comer carne de porco na Ásia (tênia asiática) • Diphyllobothrium latum (tênia dos peixes) • Hymenolepis nana (tênia anã) As espécies T. solium e T. saginata são os principais agentes etiológicos das teníases, doenças causadas pelo estágio adulto (tênia) de parasitos cestoides do gênero Taenia. Ambas as espécies possuem o ser humano como hospedeiro definitivo (ABRIGAM OS VERMES ADULTOS) Os hospedeiros intermediários habituais de T. solium e T. saginata, que abrigam as suas formas larvárias, são, respectivamente, os suínos e os bovinos. O ser humano também pode ser um hospedeiro intermediário acidental de T. solium, mas não de T. saginata, condição conhecida como cisticercose. Os ovos, eliminados nas fezes de indivíduos infectados, encontram-se no solo e na vegetação. Uma vez ingeridos pelos hospedeiros intermediários, os ovos eclodem no tubo digestório e as oncosferas liberadas penetram na parede intestinal e chegam a pequenos vasos sanguíneos ou linfáticos do intestino delgado. Pela circulação sanguínea ou linfática, as oncosferas chegam à musculatura esquelética ou ao sistema nervoso central, que são os sítios mais comuns para o desenvolvimento das formas larvárias, os cisticercos Em 8 a 15 semanas, os cisticercos de T. solium (também conhecidos como Cysticercus cellulosae ou C. solium) e de T. saginata (também denominados C. bovis) tornam- se infectantes. Os cisticercos têm aproximadamente 5 mm de diâmetro e permanecem viáveis por aproximadamente 2 anos (20 a 30 meses), quando degeneram e dão origem a pequenos nódulos calcificados. Os cisticercos infectantes, cheios de fluido, contêm no seu interior um único escólex. Se ingerido pelo hospedeiro definitivo humano, o escólex dará origem a um verme adulto. Os vermes adultos de T. solium e T. saginata são similares, mas diferem em alguns aspectos morfológicos. O adulto de T. solium contém 800 a 1.000 proglotes e mede de 1,5 a 4 m, podendo chegar até 8 a 9 m. O adulto de T. saginata é ainda maior, carregando de 1.000 a 2.000 proglotes e atingindo um comprimento total de 4 a 12 m, mas podendo chegar a 25 m. O escólex de T. solium contém quatro ventosas e um rostelo típico, circundado por uma fileira de acúleos. Por ter esses acúleos, ele é chamado de escólex armado. O escólex de T. saginata, por sua vez, também conta com quatro ventosas, mas não apresenta um rostro nem os acúleos. (escólex desarmado) As proglotes grávidas T. solium e T. saginata apresentam padrões distintos de ramificações uterinas, o que possibilita a diferenciação entre as espécies. Em T. solium, o útero grávido tem de 7 a 12 ramificações principais de cada lado da haste uterina, que se ramificam distalmente em um padrão dendrítico. Já em T. saginata, há de 15 a 30 ramificações uterinas de cada lado da haste uterina, que se ramificam distalmente de modo dicotômico. O verme adulto fixa-se, por meio do escólex, à mucosa do jejuno do hospedeiro humano, que normalmente alberga uma única tênia. Por esse motivo, a tênia recebe o nome popular de solitária. Não se conhecem os mecanismos que regulam a quantidade de vermes adultos por hospedeiro, mas infecções por múltiplas tênias só ocorrem em menos de 10% dos casos. Uma tênia adulta pode viver no hospedeiro definitivo por até 25 anos. Entretanto, T. solium só produz e libera, por apólise, proglotes grávidas por um período em torno de 1 ano, com uma frequência de 2 a 3 vezes por semana. Cisticerco de T. solium, também conhecido como Cysticercus cellulosae. A. Escólex da forma larvária evaginada, corado com carmim, mostrando as ventosas e os acúleos. B. Corte histológico de cisticerco cerebral, corado com hematoxilina-eosina. As proglotes de T. solium desprendem-se geralmente em grupos de cinco ou seis e são eliminadas passivamente, junto às fezes. As de T. saginata, por outro lado, desprendem-se comumente uma a uma e deslocam-se ativamente, graças a sua musculatura robusta; podem ser eliminadas junto às fezes ou, por vezes, forçar a sua passagem anal independentemente da evacuação. Ocasionalmente, algumas proglotes grávidas, ovos e eliminados são retidos na região perianal e no períneo. Em uma proglote grávida, há de 30.000 a 50.000 ovos, no caso de T. solium, ou até 100.000 ovos, no caso de T. saginata. Os ovos, morfologicamente idênticos em ambas as espécies, são embrionados – ou seja, contêm uma oncosfera – e caracterizam-se por um envoltório espesso, conhecido como embrióforo, com estrias radiadas. As tênias podem constituir-se de três partes: • A cabeça, que é a parte que se fixa ao intestino • O pescoço, que pode se regenerar • O resto do verme, que consiste em muitos segmentos (chamados proglótides) e que podem conter ovos Se o tratamento não eliminar a cabeça e o pescoço, o verme inteiro pode se regenerar. CICLO DE VIDA DA TÊNIA DOS PORCOS 1. As pessoas se infectam ao comer carne de porco crua ou mal cozida contendo cistos de larvas de tênia (chamadas cisticercos). 2. No intestino, os cisticercos amadurecem em tênias adultas e se fixam à parede do intestino. 3. Tênias adultas produzem segmentos (chamados proglótides) que transportam ovos. As proglótides podem expelir os ovos ou destacar-se do resto da tênia e se deslocar para o ânus. 4. Os ovos, proglótides ou ambos são eliminados nas fezes. 5. Porcos ou, menos frequentemente, pessoas, são infectados ao consumir ovos ou proglótides (por exemplo, em alimentos contaminados com fezes humanas). 6. Depois que os ovos forem consumidos, eles eclodem no intestino e liberam esferas (chamadas oncosferas) que penetram na parede do intestino. 7. As oncosferas passam a se deslocar pela corrente sanguínea até os músculos e o cérebro, fígado e outros órgãos, onde se desenvolvem em cistos. EPIDEMIOLOGIA • Distribuição cosmopolita (onde há criação e consumo de suínos e bovinos) • Os abates clandestinos, realizados sem a inspeção das carcaças, e a ingestão de carne malcozida favorecem a transmissão dos parasitos. • T. soluim pode causar também cisticercose em humanos • Estima-seque cerca de 20 a 50 milhões de indivíduos em todo o mundo alberguem cisticercos de T. solium. • Quantidade de indivíduos com neurocisticercose no mundo, incluindo casos sintomáticos e assintomáticos, é da ordem de 2,5 a 8,3 milhões. • Acredita-se que a neurocisticercose seja a causa de aproximadamente 30% dos casos de epilepsia em países onde T. solium é endêmica • Segundo dados compilados pela OMS, T. solium é responsável por 28.000 mortes anuais, e a principal causa de mortes causadas por doenças transmitidas por alimentos contaminados no mundo • No caso de T. saginata, acredita-se que, em nível mundial, entre 45 e 60 milhões de pessoas estejam infectadas por esse parasito • Taenia saginata é endêmica das américas, europa e no oriente médio, mas as prevalências mais altas de teníase por essa espécie, acima de 20%, são registradas na África Oriental e em algumas regiões da Ásia, como o Tibete. SINTOMAS DE TENÍASE • Geralmente tênias adultas não causam nenhum sintoma, mas pode haver: • Desconforto abdominal (parte superior) • Diarreia • Náusea • fraqueza • Em alguns casos, as pessoas infectadas com tênias podem sentir um pedaço da tênia se mover pelo ânus ou ver nas fezes parte da têniasimilar a uma fita. • A tênia anã tem mais probabilidade de causar sintomas abdominais como enjoo, vômitos, diarreia, desconforto abdominal, perda de apetite e perda de peso do que outras tênias. • Eosinofilia é uma característica comum, mas raramente os eosinófilos representam mais de 15% dos leucócitos circulantes. O quadro clínico da cisticercose humana depende de características dos cisticercos (se são viáveis, metabolicamente ativos ou inativos), da resposta imune do hospedeiro e da quantidade e da localização dos cisticercos presentes. A neurocisticercose é a apresentação clínica mais comum e relevante da cisticercose humana. Os cisticercos podem localizar-se no córtex cerebral, nas meninges ou nos ventrículos. Outra forma clínica potencialmente grave é a cisticercose ocular, com sintomas que variam desde a redução discreta da acuidade visual até a cegueira unilateral. Os cisticercos geralmente alojam-se no humor vítreo, sítio em que os medicamentos antiparasitários não atingem concentrações terapêuticas. Como em outros sítios, a intensa reação inflamatória desencadeada pela morte dos cisticercos provoca extensa lesão tecidual DIAGNÓSTICO • No caso de infecções por T. saginata, o diagnóstico parasitológico, em indivíduos assintomáticos, é frequentemente feito quando ocorre a saída espontânea de proglotes grávidas pelo reto • O diagnóstico da teníase baseia-se geralmente na detecção de ovos nas fezes (parasitológico) • Nas infecções por T. saginata, é comum encontrar ovos nas regiões perianal e perineal, liberados de proglotides grávidas que migraram ativamente para as porções distais do trato digestório independentemente de evacuações. Nesse caso, a técnica de anal swab, frequentemente empregada para o diagnóstico da enterobíase. • munoensaios enzimáticos (ELISA) de captura de antígenos parasitários em amostras de fezes que possibilitam realizar o diagnóstico com grande sensibilidade (em torno de 99%) • A diferenciação entre as espécies que infectam o ser humano é possível mediante a reação em cadeia da polimerase (PCR) TRATAMENTO O tratamento da teníase, independentemente da espécie envolvida, é feito com dose única (10 a 20 mg/kg de peso corporal) de praziquantel ou dose única (400 mg) de albendazol. ENTEROBÍASE OU OXIURÍASE O hábitat de exemplares adultos de E. vermicularis é o ceco, bem como os segmentos adjacentes do intestino delgado e grosso, incluindo o apêndice ileocecal. Os seres humanos são seus únicos hospedeiros conhecidos. • A fêmea adulta mede 8 a 13 mm de comprimento e 0,3 a 0,5 mm de diâmetro • aparentemente, permanece no lúmen intestinal, junto ao revestimento mucoso que recobre o epitélio Quando grávida, migra para a região perianal ou perineal dos hospedeiros, durante a noite, onde ocasionalmente pode ser encontrada; em meninas e mulheres, pode penetrar na vagina. Na região perineal, são expelidos os 5.000 a 17.000 (média de 11.000) ovos existentes em seu útero; alguns destes misturam-se às fezes, enquanto os demais ficam retidos na pele da região perianal. Os ovos recém-eliminados tornam-se infectantes em 6 horas. Medem cerca de 50 a 60 μm por 20 a 30 μm; um lado de sua casca é achatado assimetricamente. Em condições ideais, os ovos permanecem viáveis no meio externo por até 13 dias. Quando ingeridos, os ovos liberam uma larva L1 no duodeno, de 150 a 154 μm de comprimento. A larva rabditoide sofre duas mudas, provavelmente nas criptas da mucosa, antes de chegar ao jejuno e ao íleo superior. A cópula entre os vermes adultos ocorre no ceco. Todo o ciclo ocorre no lúmen intestinal, sem migração visceral. Cerca de 5 semanas depois da ingestão dos ovos (período que pode variar de 2 semanas a 2 meses) ocorre a primeira migração de fêmeas adultas para a região perianal, geralmente durante a noite, e a oviposição. As fêmeas vivem 1 a 3 meses, e os machos, cerca de 7 semanas. EPIDEMIOLOGIA • distribuição cosmopolita, mas mais comuns em países de clima frio • helminto intestinal mais comum em países desenvolvidos • crianças são mais frequentemente infectadas • carga parasitária : 5K -10k por paciente MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • A maior parte das infecções é assintomática e autolimitada • Prurido e irritação na região perianal, perineal e do vestíbulo vaginal • Sintomas mais intensos a noite O prurido induz o ato de coçar, que aumenta o risco de autoinfecção externa pela contaminação dos dedos, especialmente do leito subungueal. é possível encontrar vermes adultos na cavidade uterina, nas trompas, na cavidade peritoneal e na bexiga urinária. Não é raro o encontro de E. vermicularis no apêndice ileocecal, mas provavelmente não há uma relação causal com a apendicite aguda. TRATAMENTO Como a transmissão intrafamiliar é extremamente comum, recomenda-se tratar todos os membros da família sempre que algum de seus membros (em geral, uma criança) recebe o diagnóstico de enterobíase. ESQUITOSSOMOSE Das 22 espécies de esquistossomos descritas até o momento, sete são frequentemente encontradas no ser humano • Schistosoma haematobium, S. guineensis e S. intercalatum, parasitos humanos frequentemente referidos como “esquistossomos do grupo haematobium”. Os ovos das três espécies têm uma espícula terminal característica, que facilita seu diagnóstico laboratorial. Todas as três espécies são encontradas no continente africano – no caso de S. haematobium, também no Oriente Médio – e compartilham o mesmo hospedeiro intermediário, um caramujo de água doce do gênero Bulinus. • S.mansoni: se instala nas américas Schistosoma mansoni, bem como os demais membros desse gênero, difere dos digenéticos típicos por seu formato, mais longo do que largo, e pela presença de dimorfismo sexual. Os esquistossomos são, portanto, vermes dioicos; o macho adulto é maior do que a fêmea. Seu corpo dobra-se, formando o chamado canal ginecóforo, onde a fêmea, de corpo cilíndrico, se aloja durante a cópula. S. MANSONI O principal hospedeiro vertebrado no ciclo de vida de S. mansoni é o homem. (podendo ser tmb: roedores, primatas não humanos e marsupiais) Discute-se ainda o possível papel de ruminantes como hospedeiros de S. mansoni em áreas endêmicas brasileiras. S. mansoni foi introduzido nas Américas a partir da África Ocidental, com o tráfico transatlântico de escravos entre os séculos XVI e XIX. • Vermes adultos: 0,6 e 2,5 cm • alojam-se, aos pares, em vênulas terminais do plexo mesentérico inferior, que drenam a parede do intestino grosso, especialmente o reto e o cólon sigmoide • A cada dia, cerca de 300 ovos medindo 110 a 180 μm por 45 a 70 μm são eliminados pela fêmea no interior das vênulas. • Os ovos possuem um espícula lateral grande • A casca dos ovos é bem rígida e porosa • entre um terço e metade dos ovos eliminados pelas fêmeas chegue ao meio externo, misturados às fezes. • A inflamação que a presença dos ovos desperta no hospedeiro, especialmente pela liberação de glicoproteínas antigênicas, resulta em ruptura da parede da vênula, liberando os ovos nos tecidos perivasculares e finalmente no lúmen intestinal. • Parte dos ovos eliminados, no entanto, fica retida no tecido fibroso resultante da inflamação em torno das vênulas, sem chegar ao lúmen intestinal. • Finalmente, alguns ovos são arrastados pela corrente sanguínea, até os capilares do espaço- porta hepático, despertando uma intensa reação inflamatória. Mais raramente, são encontrados ovos, levados pela circulação colateral até a circulação sistêmica, em locais como os pulmões e o sistema nervoso central. CICLO DE VIDA • Ovos viáveis de 2 A a 5 dias em fezes formadas. • Luminosidade, agua doce baixo nícel de NaCl : boas condições para a eclosão dos ovos • Temperatura:10° e 37°C • De dentro do ovo, é liberada uma larva de vida livre ciliada, denominada miracídio, completamente desenvolvida, capaz de movimentar-se ativamente e romper a casca do ovo transversalmente • Os miracídios medem 160 a 180 μm por 60 μm • Devem encontrar o hospedeiro intermediário, um caramujo do gênero Biomphalaria, até 8 horas após a sua liberação. Graças ao batimento de cílios que recobrem sua superfície, os miracídios nadam em alta velocidade à procura do hospedeiro intermediário, especialmente nas primeiras 5 horas depois de liberados na água. • A localização do hospedeiro intermediário é facilitada pela secreção, pelos caramujos, de glicoconjugados que estimulam a movimentação dos miracídios. Tanto os miracídios como os caramujos são atraídos pela luz (ou seja, apresentam fototaxia positiva), fator que facilita seu encontro no ambiente aquático. A luminosidade parece também estimular a exposição, pelo molusco, de sua massa cefalopodal, que é o sítio mais comum de penetração dos miracídios. miracídio • Localizado o hospedeiro intermediário, o processo de invasão leva 10 a 15 minutos. Cerca de dois terços das tentativas de invasão são bem-sucedidas em condições experimentais. • O contato com o tegumento do molusco induz uma mudança estrutural na papila apical do miracídio, que assume a forma de ventosa. Ocorre a descarga do conteúdo das glândulas adesivas, principalmente enzimas proteolíticas, que digerem os tecidos do hospedeiro. Cerca da metade dos miracídios que penetraram consegue desenvolver-se no interior do molusco. Os miracídios transformam-se em uma estrutura sacular alongada, com 50 a 100 células germinativas em seu interior, conhecida como esporocisto primário. Cada célula germinativa dará origem a uma estrutura semelhante, o esporocisto secundário, com cerca de 250 μm de comprimento. Nesse processo, formam-se inicialmente aglomerados de células germinativas nas paredes do esporocisto primário, que se organizam dando origem a septos. A partir deles, formam-se os esporocistos secundários ao final de 2 semanas após a penetração, desde que sob uma temperatura ideal entre 25°C e 28°C. Ao final de 3 semanas, os esporocistos secundários migram ativamente até o hepatopâncreas do caramujo, um local rico em nutrientes; mais raramente, a glândula reprodutiva do caramujo, chamada de ovotéstis, é também alvo de migração, podendo haver castração do hospedeiro. Cerca de 4 a 7 semanas após a penetração, originam-se, a partir de esporocistos secundários, numerosas formas larvárias, conhecidas como cercárias. Aproximadamente 1.000 a 3.000 cercárias, resultantes desse processo de reprodução por poliembrionia, são eliminadas por dia. Um único miracídio chega a originar 300.000 cercárias, todas do mesmo sexo. A maioria das cercárias maduras encontra-se na região cefalopodal do caramujo. As cercárias deixam os moluscos seguindo um ritmo circadiano, com maior eliminação nas horas com maior luminosidade e mais quentes do dia. Apresentam uma ventosa oral e uma ventosa ventral, esta maior e crucial para a fixação na pele do hospedeiro definitivo durante o processo de penetração. Seu hábitat são as coleções de água doce, onde elas permanecem viáveis por um curto espaço de tempo. Precisam encontrar o hospedeiro vertebrado em 24 a 36 horas, tarefa facilitada pela agitação na água criada pela presença de animais e seres humanos, que estimula sua locomoção. O movimento helicoidal da cauda auxilia na movimentação. As cercárias são atraídas por ácidos graxos livres e peptídeos com arginina terminal e L-arginina livre, liberados pela pele humana. Localizado o hospedeiro, a penetração na pele dá-se com o auxílio de proteases secretadas por glândulas de penetração, localizadas em sua extremidade cefálica. A cauda das cercárias é deixada para trás logo no início da penetração, que dura poucos minutos. O corpo transforma-se em esquistossômulo, que atravessa a epiderme e a derme e chega aos vasos sanguíneos e linfáticos da pele e do tecido subcutâneo. Transformações dramáticas ocorrem rapidamente, especialmente no tegumento, para garantir a sobrevida do esquistossômulo. A membrana da cercária, recoberta por espesso glicocálix, é substituída por um epitélio multilamelar, ao qual são incorporadas moléculas do hospedeiro. Esse epitélio, com extensas microvilosidades, será responsável pela nutrição do esquistossômulo e por sua defesa contra a resposta imune humoral do hospedeiro, mediada por anticorpos circulantes e componentes do sistema complemento. Os esquistossômulos sobreviventes acometem as câmaras cardíacas direitas, os capilares pulmonares e o coração esquerdo. O parasito realiza, portanto, um ciclo pulmonar sem abandonar o lúmen dos vasos. Levados pela circulação sistêmica, os esquistossômulos disseminam-se para vários órgãos e tecidos. Somente os esquistossômulos que chegam ao sistema porta hepático, cerca de 3 semanas depois da penetração das cercárias, são capazes de amadurecer e originar vermes adultos. A maturação do sistema digestório, que é incompleto (com o intestino terminando em fundo cego), possibilita o repasto sanguíneo. O sangue ingerido é digerido por enzimas proteolíticas, principalmente hemoglobinases semelhantes às catepsinas humanas, e os metabólitos são eliminados pela ventosa oral, junto às secreções do parasito. O sistema reprodutor também se desenvolve completamente somente depois da chegada dos vermes ao fígado. RESUMO 1. No hospedeiro humano, os ovos contendo miracídios são eliminados com as fezes ou a urina na água. 2. Na água, os ovos eclodem e liberam os miracídios. 3. Os miracídios nadam e penetram em um caramujo (hospedeiro intermediário). 4. Dentro do caramujo, os miracídios progridem através de 2 gerações de esporocistos para se tornarem cercárias. 5. As cercárias nadadoras livres são liberadas do caramujo e penetram na pele do hospedeiro humano. 6. Durante a penetração, as cercárias perdem sua cauda bifurcada, tornando-se esquistossômulos. Os esquistossômulos são transportados através da vasculatura até o fígado. Lá, se transformam em vermes adultos. 7. O par (macho e fêmea) de vermes adultos migra (dependendo da espécie) para as veias intestinais no intestino ou no reto, ou para o plexo venoso do trato geniturinário, no qual vivem e botam ovos. ASPECTOS CLÍNICOS • Evidência de penetração: prurido transitório e exantema papular (dermatite cercariana) Não exige exposição prévia ao parasito para manifestar- se e decorre da morte das cercárias que tentam penetrar na pele. Geralmente dura de 2 a 3 dias, podendo-se observar febre baixa e episódios transitórios de urticária durante 2 semanas • Forma aguda: início após incubação de 16 a 90 dias o Pode ser assintomática o Ou quadros graves (febre ou síndrome de Katayama -MAIS COMUM EM CRIANÇAS) o O quadro agudo pode manifestar- se de modo inespecífico, com febre, cefaleia, prostração, anorexia e náuseas. Tosse e broncospasmo podem ocorrer, assim como dores abdominais e diarreia, às vezes com fezes mocussanguinolentas. o O exame radiológico pode mostrar um infiltrado pulmonar. Exantemas maculopapular ou urticariforme são comuns. o Poliadenopatia e hepatoesplenomegalia dolorosas são achados de exame físico. o O hemograma mostra leucocitose com eosinofilia intensa, com contagens chegando a mais de 1.000 eosinófilos/mm3 de sangue, que despertam a atenção do clínico para o possível diagnóstico o ELEVAÇÃO DE ENZIMAS HEPÁTICAS ▪ Dermatite cercariana ▪ Esquistossomose aguda sintomática (febre de Katayama) ▪ Esquistossomose crônica ∘ Forma intestinal: no início, ulcerações da mucosa intestinal causadas por S. mansoni, S. japonicum, S. mekongi ou S. intercalatum pode sangrar e resultarem diarreia sanguinolenta. Com o progredir das lesões, podem se desenvolver fibrose focal, estenose, fístulas e papilomas no intestino. ∘ Forma hepatointestinal : ∘ Forma hepatoesplênica • Complicações: Hipertensão pulmonar e cor pulmonale, Lesão renal (glomerulopatia), Neuroesquistossomose, Forma pseudoneoplásica, Infecções associadas DIAGNÓSTICO Na fase aguda da infecção, relacionada à migração e ao amadurecimento dos vermes, normalmente não são encontrados ovos nas fezes; o diagnóstico, portanto, exige o uso de métodos laboratoriais indireto Na esquistossomose crônica, as principais estratégias diagnósticas baseiam-se no achado de ovos de S. mansoni nas fezes ou em tecido • Exame microscópico das fezes ou urina (S. haematobium) para ovos • Testes para antígenos • Testes sorológicos TRATAMENTO • PRAZIQUANTEL Recomenda-se um dia de tratamento oral com praziquantel (20 mg/kg duas vezes ao dia, para S. haematobium, S. mansoni e S. intercalatum; 20 mg/kg 3 vezes ao dia S. japonicum e S. mekongi). Praziquantel é eficaz contra os esquistossomos adultos, mas não contra o esquistossômulo em desenvolvimento, que ocorrem no início da infecção. Portanto, para viajantes assintomáticos expostos à água doce potencialmente contaminada, o tratamento é adiado por 6 a 8 semanas após a última exposição. Efeitos adversos do praziquantel são, geralmente, leves e incluem dor abdominal, diarreia, cefaleia e tontura. Falhas terapêuticas foram relatadas, mas é difícil determinar se são decorrentes de reinfecção, resistência relativa dos esquistossomas imaturos ou esquistossomas adultos resistentes ao praziquantel. Se houver ovos no momento do diagnóstico, sugere-se o exame de acompanhamento 1 a 2 meses após o tratamento para ajudar a confirmar a cura. O tratamento é repetido se ainda houver ovos. O tratamento da esquistossomose aguda (febre de Katayama) baseia-se em dados limitados. Corticoides podem melhorar os sintomas graves; o tratamento com prednisona, 20 a 40 mg, diariamente, por 5 dias, em adultos é geralmente eficaz. Depois de os sintomas diminuírem, administra-se tratamento com praziquantel como detalhado acima, que é repetido 4 a 6 semanas mais tarde depois de os parasitas alcançarem a idade adulta. Nos pacientes com ovos nas fezes ou urina no momento do diagnóstico da esquistossomose aguda ou crônica, deve-se examinar à procura de ovos vivos 1 a 2 meses após o tratamento. Um microscopista experiente pode diferenciar entre ovos viáveis e cascas vazias com base na presença de miracídio vivo. Indica-se novo tratamento se ovos viáveis estão presentes. ASCARIS LUMBRICOIDES - ASCARIDÍASE • Também conhecida como: ascaridiose, ascaríase ou ascariose • Popularmente conhecida como: “lombriga” ou “bicha” • Helmintíase causada pelo Ascaris lumbricoides • Acomete o intestino delgado • OMS: 1B de pessoas infectadas no mundo • Frequente em crianças, principalmente em idade escolar • Geralmente é assintomática ou oligossintomática • Geralmente tem boa evolução. MAS, pode acontecer a obstrução do lúmen intestinal • A família ascaridae comporta: A. Lumbricoides, A. sunn e A. ovis. **** A.sunn há relatos de infestação em humanos ASPECTOS MORFOLÓGICOS ▪ Corpo alongado, cilíndrico, fino e com extremidades afiladas ▪ Cobertos por cutícula lisa, brilhante ▪ Não segmentados e sem ventosas ▪ Cor: branco-marfim ou leve rosado ▪ Se aloja no lúmen do intestino do hospedeiro Na extremidade anterior tem a boca, estrutura central com 3 grandes lábios: 1 dorsalmente e 2 latero- ventralmente ▪ Os lábios possuem serrilhas com dentículos e papilas sensoriais ▪ Comprimento: 20-40 cm; fêmea: 35-40cm; macho: 20 a 30cm. ▪ 200.000 ovos por dia ▪ o Ovos geralmente brancos, mas adquirem coloração marrom-acastanhada por absorver pigmentos biliares das fezes. ▪ o Podem ser férteis ou não. ▪ o Possuem uma membrana de 3 camadas: uma interna mais fina que confere proteção por ser impermeável. Média: composta por polissacarídeo quitina e outras proteínas. Externa: formada por uma substância pegajosa composta por mucopolissacarídeos secretados pela parte uterina ▪ Essa camada externa confere ao ovo um aspecto mamilonar, sendo por esse reconhecido • Habitat preferencial: lúmen do delgado, mas se concentram no jejuno e íleo Em infecções intensas, todo o intestino delgado pode estar acometido. Nessas circunstâncias, a ocupação pelo helminto também pode ocorrer em lugares menos comuns, como: vias biliares, ducto pancreático, apêndice cecal, vias do trato urinário, laringe, traqueia e aparelho lacrimal. CAUSANDO: eliminação do helminto pelos olhos, nariz, boca e ânus O A. lumbricoides pode permanecer fixo, aderido à mucosa graças aos seus fortes lábios, causando a espoliação do hospedeiro, ou pode se movimentar livremente por toda a extensão do intestino, migrando de um local para outro. • Se alimenta de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos) + vitaminas A e C CICLO BIOLÓGICO • Monoxênico • Fecundação dos óvulos: pela cópula com o verme masculino • Os ovos, ainda não embrionados, são liberados para o ambiente, onde , se houver situações favoráveis (27°C, umidade e O2) se tornam embrionados • Ovos embrionados dão origem ao primeiro estágio larval (L1) EM 15 DIAS. ***larva rabditoide • Após mais 7 dias, há a evolução para o segundo estágio larval (L2). **** larva rabditoide • No estágio larval 3 (L3) AS LARVAS JÁ SÃO FILARIOIDES (INFECTANTE) • Podem permanecer no solo por até 7 anos **** Para que isso aconteça, a larva, ainda no interior do ovo, reduz significativamente seu metabolismo e somente completa o seu ciclo quando deglutida INGESTÃO • Após a ingestão os ovos atravessam o tubo gastrointestinal para eclodirem no intestino delgado. • Ovo se ROMPE devido às condições favoráveis: subs. Biliares, temperatura, pH e PRINCIPALMENTE concentração de CO2 • Após saírem do ovo, as larvas L3 migram para o intestino grosso , atravessam a parede intestinal na altura do ceco e alcançam as correntes linfáticas e sanguíneas. • EM SEGUIDA, migram em direção aos pulmões pelo caminho: Circulação porta -> fígado -> veia cava inferior -> coração -> artéria pulmonar • Nos pulmões as larvas sofrem uma nova mudança e evoluem para L4 (+/- 8 dias após a ingestão dos ovos) • As larvas L4 rompem os capilares pulmonares, chegando aos alvéolos. Nos alvéolos L4 -> L5 • DOS ALVÉOLOS, as larvas L5 migram: Árvore brônquica -> traqueia -> laringe -> FARINGE • O muco existente na FARINGE confere resistência ao ácido do estômago. • Desse ponto as larvas podem ser: expelidas pelo reflexo da tosse ou deglutidas • SENDO DEGLUTIDAS: chegam ao intestino delgado novamente e amadurecem para a fase adulta, concluindo o ciclo biológico. Da ingestão dos ovos até o desenvolvimento do A. lumbricoides em sua forma adulta, o hiato de tempo necessário é de aproximadamente 60 dias. A longevidade observada desse helminto varia de 1 a 2 anos. APRESENTAÇÃO CLÍNICA A manifestação clínica ou não reflete a carga parasitária • A maioria dos pacientes imunocompetentes não tem sintomas. • Pancreatite aguda (passagem do verme pelo ducto de Wirsung) • Colecitite aguda e colangite aguda (passagem do verme pelo canal colédoco) • Urticária e edema • Sono agitado • Ranger de dentes • Mudança comportamental • CRIANÇAS: manchas esbranquiçadas e circulares pelo corpo (“pano branco”) (consumo de vitamina A e C pelo helminto) ÓRGÃOS ACOMETIDOS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fígado e vias biliares • Hepatomegalias, hiperglobulinemia, mal-estar geral, febre • Abscesso hepático: febre, dor no hipocôndrio direito, icterícia. Leucocitose, geralmente com desvio para a esquerda. Elevação variável deAST e ALT. Coleção intra-hepática visualizada à US. • Hepatite: pródromo de febre, mal-estar, hiporexia, mialgias, náuseas. Dor leve no hipocôndrio direito, associada a hepatomegalia, icterícia, colúria, hipocolia. Elevação de AST e ALT, mais importantes que FA e GGT • Colangite: icterícia, febre e dor no hipocôndrio direito. Hipotensão arterial sistêmica e rebaixamento do nível de consciência em situações de maior gravidade. Elevação de FA e GGT mais importante que de AST e ALT. US pode mostrar dilatação de via biliar principal. Pulmão: • Síndrome de Löffler: febre, tosse (escarro com cristais de Charcot-Leyden), broncospasmo, dispneia, sibilos, dor retroesternal, hemoptise, edema pulmonar, opacidades “migratórias” à radiografia de tórax e, em alguns casos, insuficiência respiratória. • Pneumonia: febre alta, mal-estar, tosse produtiva, dor pleurítica, taquipneia, fadiga Intestino: • Abdome proeminente, dor abdominal em cólica, diarreia, náuseas, vômitos, anorexia, desnutrição. • Obstrução mecânica: distensão abdominal, parada de eliminação de flatos e fezes, peristalse de luta, vômitos fecaloides, intensa dor abdominal, isquemia intestinal, perfuração intestinal com peritonite fecal, intussuscepção, vólvulo. • Apendicite aguda: dor difusa ou periumbilical, que posteriormente se localiza no quadrante inferior direito do abdome, progressiva, associada a febre, náuseas, vômito. Peritonite fecal em caso de supuração. GIARDÍASE Giardíase é a infecção causada pelo protozoário flagelado Giardia duodenalis (G. lamblia, G. intestinalis). A infecção pode ser assintomática ou provocar sintomas que variam de flatulência intermitente a má absorção crônica. O diagnóstico é feito identificando o organismo nas fezes a fresco ou conteúdo duodenal, ou por ensaios de antígeno de Giardia ou teste molecular para o DNA do parasita nas fezes. O tratamento é feito com metronidazol, tinidazol, ou nitazoxanida; ou, durante a gestação, paromomicina. Trofozoítos de Giardia prendem-se firmemente à mucosa duodenal e ao jejuno proximal e multiplicam-se por divisão binária. Alguns parasitas transformam-se no ambiente em cistos resistentes, que são disseminados pela via fecal-oral. Infecção por Giardia é prevalente em todo o mundo particularmente em regiões com condições sanitárias precárias. Giardíase é a doença parasitária intestinal mais comum nos EUA. A transmissão pela água é a principal fonte de infecção (1), mas a transmissão também pode ocorrer pela ingestão de alimentos contaminados ou pelo contato direto entre uma pessoa e outra. Cistos de Giardia permanecem viáveis na superfície da água e são resistentes aos níveis rotineiros de cloração da água potável. Dessa forma, corredeiras provenientes de montanhas, assim como a cloração de sistemas de abastecimento de água municipais com filtração deficiente, foram implicadas nas epidemias transmitidas pela água. Infecções também estão associadas à puericultura, especialmente envolvendo crianças com fraldas; contato próximo com familiares ou membros do agregado familiar que têm giardíase; ingestão de água ou gelo de água não tratada ou tratada inadequadamente de lagos, córregos ou poços; mochileiros, andarilhos e campistas que bebem água insegura ou não praticam boa higiene das mãos; ingerir água ao nadar ou brincar em lagos, lagoas, rios ou córregos; ou exposição a fezes durante contato sexual. Há 8 grupos genéticos (conjuntos) de G. duodenalis. Dois infectam seres humanos e animais; os outros só infectam animais. As manifestações clínicas parecem variar de acordo com o genótipo. SINAIS E SINTOMAS Trofozoítos de Giardia prendem-se firmemente à mucosa duodenal e ao jejuno proximal e multiplicam-se por divisão binária. Alguns parasitas transformam-se no ambiente em cistos resistentes, que são disseminados pela via fecal-oral. Infecção por Giardia é prevalente em todo o mundo particularmente em regiões com condições sanitárias precárias. Giardíase é a doença parasitária intestinal mais comum nos EUA. A transmissão pela água é a principal fonte de infecção (1), mas a transmissão também pode ocorrer pela ingestão de alimentos contaminados ou pelo contato direto entre uma pessoa e outra. Cistos de Giardia permanecem viáveis na superfície da água e são resistentes aos níveis rotineiros de cloração da água potável. Dessa forma, corredeiras provenientes de montanhas, assim como a cloração de sistemas de abastecimento de água municipais com filtração deficiente, foram implicadas nas epidemias transmitidas pela água. Infecções também estão associadas à puericultura, especialmente envolvendo crianças com fraldas; contato próximo com familiares ou membros do agregado familiar que têm giardíase; ingestão de água ou gelo de água não tratada ou tratada inadequadamente de lagos, córregos ou poços; mochileiros, andarilhos e campistas que bebem água insegura ou não praticam boa higiene das mãos; ingerir água ao nadar ou brincar em lagos, lagoas, rios ou córregos; ou exposição a fezes durante contato sexual. Há 8 grupos genéticos (conjuntos) de G. duodenalis. Dois infectam seres humanos e animais; os outros só infectam animais. As manifestações clínicas parecem variar de acordo com o genótipo. DIAGNÓSTICO • Imunoensaio enzimático à procura de antígenos ou teste molecular do DNA do parasita nas fezes • Exame microscópico das fezes O EIA para detectar antígeno de parasita em fezes é mais sensível que o exame microscópico. Trofozoítos característicos ou cistos em fezes confirmam o diagnóstico, mas a eliminação de parasita é intermitente e em baixos níveis nas infecções crônicas. Portanto, o diagnóstico microscópico pode requerer exames de fezes repetidos. A amostra dos conteúdos intestinais superiores também pode apresentar trofozoítos, mas é raramente necessária. Há testes moleculares disponíveis para DNA do parasita nas fezes. TRATAMENTO • Tinidazol, metronidazol, ou nitazoxanida Para giardíase sintomática, pode-se usar tinidazol, metronidazol, o nitazoxanida Resistência e falhas do tratamento podem ocorrer com qualquer um deles. O tinidazol é tão eficaz quanto o metronidazol, mas o tinidazol é mais bem tolerado e administrado como dose única desta maneira: • Adultos: 2 g, por via oral, 1 vez • Crianças: 50 mg/kg (máximo de 2 g), por via oral, 1 vez. Metronidazol pode ser administrado como a seguir: • Adultos: 250 mg por via oral 3 vezes ao dia por 5 a 7 dias • Crianças: 5 mg/kg por via oral 3 vezes ao dia por 5 a 7 dias Efeitos adversos do metronidazol incluem náuseas e cefaleia. Metronidazol e tinidazol não devem ser administrados para gestantes. Deve-se evitar álcool porque esses fármacos têm efeito semelhante ao do dissulfiram. Em termos dos efeitos gastrintestinais adversos, tinidazol geralmente é mais bem tolerado que metronidazol. Administra-se nitazoxanida por via oral durante 3 dias como a seguir: • De 1 a 3 anos de idade: 100 mg 2 vezes ao dia • De 4 a 11 anos de idade: 200 mg 2 vezes ao dia • ≥ 12 anos de idade (incluindo adultos): 500 mg 2 vezes ao dia Nitazoxanida está disponível em solução oral para crianças. A segurança da nitazoxanida durante a gestação não foi avaliada. Se a terapia não puder ser postergada por causa de sintomas graves, o aminoglicosídio não absorvível paromomicina (8 a 11 mg/kg por via oral 3 vezes ao dia, durante 5 a 10 dias) é uma opção se o benefício supera o risco. Furazolidona, quinacrina ou albendazol são raramente utilizados por causa da potencial toxicidade, baixa eficácia ou custo. Mesmo após a cura parasitológica, os pacientes podem experimentar intolerância à lactose, síndrome do intestino irritável ou fadiga. AMEBÍASE Amebíase é uma infecção causada por Entamoeba histolytica. É adquirida por transmissão fecal-oral. A infecçãocostuma ser assintomática, mas sintomas que variam de diarreia leve e disenteria grave podem ocorrer. Infecções extraintestinais incluem abscessos no fígado. O diagnóstico é pela identificação de E. histolytica em amostras de fezes e confirmado com imunoensaios que detectam antígeno nas fezes, ou por testes sorológicos se há suspeita de doença extraintestinal. O tratamento da doença sintomática é feito com metronidazol ou tinidazol, seguido por paromomicina ou outro fármaco ativo contra cistos na luz do cólon. EPIDEMIOLOGIA Amebíase é causada por E. histolytica e tende a ocorrer em regiões com condições socioeconômicas desfavoráveis e saneamento precário. O parasita está presente em todo o mundo, mas a maioria das infecções ocorre na América Central, no oeste da América do Sul, no oeste e sudeste da África e no subcontinente da Índia. Em países com suprimento sanitário de alimentos e água (p. ex., EUA), a maioria dos casos ocorre entre imigrantes e viajantes recentes que retornam de regiões endêmicas. A cada ano em todo o mundo, estima-se que 50 milhões de pessoas desenvolvam colite amebiana ou doença extraintestinal, e até 100.000 morrem. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/s%C3%ADndrome-do-intestino-irrit%C3%A1vel-sii/s%C3%ADndrome-do-intestino-irrit%C3%A1vel-sii https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/s%C3%ADndrome-do-intestino-irrit%C3%A1vel-sii/s%C3%ADndrome-do-intestino-irrit%C3%A1vel-sii FISIOPATOLOGIA Entamoeba spp existem em 2 formas: ▪ Trofozoíto ▪ Cisto O trofozoíto móvel alimenta-se de bactérias e tecidos, reproduz-se, coloniza o lúmen e a mucosa do intestino grosso e, às vezes, invade tecidos e órgãos. Trofozoítos predominam nas fezes líquidas, mas morrem rapidamente fora do corpo e, se ingeridos, seriam destruídos pelos ácidos gástricos. Alguns trofozoítos no lúmen do cólon se tornam cistos, que são excretados com as fezes. Trofozoítos E. histolytica aderem a células epiteliais do cólon e leucócitos polimorfonucleares (PMN), podem eliminá-los e causar disenteria com sangue e muco, mas com poucos PMN nas fezes. Também secretam proteases que degradam a matriz extracelular e permitem a invasão da parede intestinal e além desta. Trofozoítos podem se disseminar via circulação portal e provocar abscessos necróticos no fígado. A infecção pode se disseminar por extensão direta do fígado para o espaço pleural direito, pulmão, pele ou, raramente, da corrente sanguínea ao cérebro e outros órgãos. Os cistos predominam em fezes formadas e são resistentes à destruição no ambiente externo. Podem se disseminar tanto diretamente, de pessoa para pessoa, quanto indiretamente, por alimentos ou água. A amebíase pode ser transmitida sexualmente por contato oral-anal. SINTOMAS A maioria das pessoas com amebíase é assintomática, mas transmite os cistos nas fezes de forma crônica. Os sintomas que ocorrem na invasão dos tecidos no colo intestinal geralmente se desenvolvem 1 a 3 semanas após a ingestão dos cistos e incluem ▪ Alternância entre constipação e diarreia ▪ Flatulência ▪ Dor abdominal em cólica Podem ocorrer sensibilidade no fígado ou cólon ascendente e febre, e as fezes podem conter muco e sangue. Disenteria amebiana A disenteria amebiana, comum nos trópicos, manifesta- se com episódios de fezes frequentes semilíquidas que, na maioria das vezes, contêm sangue, muco e trofozoítos vivos. Achados abdominais variam de leve sensibilidade à dor abdominal intensa, com febre alta e sintomas sistêmicos tóxicos. Sensibilidade abdominal comumente acompanha colite amebiana. Às vezes, colite fulminante complicada por megacólon tóxico ou peritonite pode se desenvolver. Entre recaídas, os sintomas diminuem para cólicas recorrentes e fezes soltas ou muito moles, mas podem se desenvolver emagrecimento e anemia. Sintomas sugestivos de apendicites podem ocorrer. A cirurgia, nesses casos, pode resultar em disseminação peritoneal de amebas. Infecção amebiana crônica do cólon Infecção amebiana crônica do cólon pode mimetizar a doença inflamatória intestinal e se manifesta como diarreia intermitente não disentérica acompanhada de dor abdominal, muco, flatulência e perda ponderal. A infecção crônica também pode se apresentar como massas palpáveis, amolecidas, ou como lesões anulares (amebomas) semelhantes a carcinomas no ceco e no cólon ascendente. O ameboma pode ser confundido com carcinoma de colo intestinal ou abscesso piogênico. Doença hepática ou outra doença extraintestinal amebiana Doença amebiana extraintestinal origina-se da infecção no cólon e pode comprometer qualquer órgão, mas o abscesso hepático é forma a mais comum. Abscesso hepático é geralmente único e no lobo direito. Pode estar presente em pacientes que não tiveram sintomas prévios, é mais comum em homens do que em mulheres (7:1 a 9:1) e pode se desenvolver de forma insidiosa. Os sintomas incluem dor ou desconforto sobre o fígado, que é ocasionalmente referido no ombro direito; febre intermitente; sudorese; calafrios; náuseas; vômitos; fraqueza e perda ponderal. Icterícia não é comum e, quando presente, é de grau leve. O abscesso pode ser perfurado no espaço subfrênico, na cavidade pleural direita, no pulmão direito, ou em outros órgãos adjacentes (p. ex., pericárdio). Lesões de pele são algumas vezes observadas, em especial ao redor do períneo e da região glútea na infecção crônica, podendo ocorrer também em feridas traumáticas ou operatórias. DIAGNÓSTICO Infecção intestinal: exame microscópico e, quando disponível, imunoensaio enzimático de fezes, testes moleculares para DNA do parasita nas fezes e/ou sorologia Infecção extraintestinal: exames de imagem e sorologia ou prova terapêutica com um amebicida TRATAMENTO ▪ Inicialmente, metronidazol, tinidazol ou, às vezes, nitazoxanida ▪ Iodoquinol, paromomicina, ou furoato de diloxanida subsequentemente para erradicação de cistos Para sintomas gastrintestinais e amebíase extraintestinal, usa-se um dos seguintes: ▪ Metronidazol oral, 500 a 750 mg 3 vezes ao dia em adultos (12 a 17 mg/kg 3 vezes ao dia em crianças), durante 7 a 10 dias. ▪ Tinidazol, 2 g, por via oral uma vez ao dia em adultos (50 mg/kg [máximo de 2 g] por via oral uma vez ao dia em crianças > 3 anos de idade) por 3 dias para sintomas gastrintestinais moderados, 5 dias para sintomas gastrintestinais graves, e 3 a 5 dias para abscesso hepático amebiano. Metronidazol e tinidazol não devem ser administrados para gestantes. Deve-se evitar álcool porque esses fármacos têm efeito semelhante ao do dissulfiram. Em termos dos efeitos gastrintestinais adversos, tinidazol geralmente é mais bem tolerado que metronidazol. A nitazoxanida é uma alternativa eficaz para a amebíase intestinal não invasiva (500 mg por via oral, 2 vezes ao dia, durante 3 dias, ingerida com alimentos), mas a eficácia contra a doença invasiva não é conhecida; portanto, só deve ser usada se outros tratamentos são contraindicados (1, 2). Terapia para pacientes com sintomas gastrintestinais significativos deve incluir reidratação com líquidos e eletrólitos e outras medidas de suporte. Embora metronidazol, tinidazol e nitazoxanida tenham alguma atividade contra cistos de E. histolytica, não são suficientes para erradicá-los. Consequentemente, usa- se um 2º fármaco oral para erradicar os cistos residuais no intestino. Opções para a erradicação dos cistos são ▪ Iodoquinol, 650 mg por via oral 3 vezes ao dia, depois das refeições, em adultos (10 a 13 mg/kg por via oral 3 vezes ao dia [máximo de 2 g/dia], para crianças), durante 20 dias ▪ Paromomicina, 8 a 11 mg/kg por via oral 3 vezes ao dia, com as refeições, durante 7 dias ▪ Furoato de diloxanida 500 mg 3 vezes ao diapara adultos (7 mg/kg 3 vezes ao dia para crianças), durante 10 dia O furoato de diloxanida não está disponível comercialmente nos EUA, mas pode ser obtido em algumas farmácias de manipulação. A patogenicidade do E. moshkovskii e E. bangladeshi é incerta. Foram identificados nas fezes principalmente em crianças com e sem diarreia que vivem em regiões pobres onde há contaminação fecal de alimentos e água. Testes diagnósticos moleculares para identificá- los só estão disponíveis em contextos de pesquisa. O tratamento ideal é desconhecido, mas é provável que respondam aos fármacos utilizados contra E. histolytica. Deve-se tratar as pessoas assintomáticas que transmitem os cistos de E. histolytica com paromomicina, iodoquinol ou furoato de diloxanida (ver acima para as doses) a fim de prevenir o desenvolvimento da doença invasiva e a disseminação para outros locais no corpo e para outras pessoas. O tratamento não é necessário para infecções por E. dispar, E. moshkovskii e E. bangladeshi assintomáticas até que se conheça mais sobre sua patogenicidade. POLITICAS PUBLICAS DE SANEAMENTO A Política Nacional de Saneamento, instituída pela Lei Federal nº 11.445, de 20071, define saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas.As políticas públicas de saneamento básico são essenciais para a promoção da saúde e da qualidade de vida nas comunidades, pois possibilitam um ambiente livre dos vetores (animais e insetos) que propagam parasitas, bactérias ou agentes patogênicos, o que contribui para a redução e o controle de doenças, como hepatite, dengue, diarreias, cólera, toxoplasmose e outras.Apesar dos avanços no alcance dos serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto registrados no País nas últimas décadas, principalmente em áreas urbanas, a parcela de esgoto que é efetivamente tratada se mostra insuficiente: mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso a este serviço. Grande quantidade de esgotos é lançada diretamente nos corpos d'água sem receber o devido tratamento, fato que traz grandes impactos ambientais e prejuízos à saúde e à qualidade de vida das pessoas.A atualização do Marco Legal do Saneamento Básico, por meio da Lei Federal nº 14.026, de 20202, teve como principal objetivo universalizar e qualificar a prestação dos serviços no setor. Segundo a norma, os contratos de prestação dos serviços públicos de saneamento deverão definir metas de universalização que garantam o atendimento de 99% da população com água potável e de 90% da população com coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro de 2033, assim como metas quantitativas de não intermitência do abastecimento, de redução de perdas e de melhoria dos processos de tratamento. Caso a prestação dos serviços de saneamento seja regionalizada e inviável economicamente a universalização até a data mencionada, fica permitida a dilação do prazo, desde que não ultrapasse 1º de janeiro de 2040 e haja anuência prévia da agência reguladora.O novo marco regulatório também extingue os contratos de programa firmados sem licitação entre os municípios e as empresas estaduais de saneamento. A lei torna obrigatória a realização de processo licitatório, ao qual poderão concorrer empresas públicas e privadas.Outra mudança prevista na lei se refere ao atendimento a pequenos municípios, com poucos recursos e sem cobertura de saneamento. Pelo modelo anterior, as grandes cidades atendidas por uma mesma empresa estatal ajudavam a financiar a expansão do serviço às menores. A nova lei determina que os estados, no intuito de atender aos pequenos municípios, componham grupos ou blocos, que poderão contratar os serviços de forma coletiva. Municípios de um mesmo bloco não precisam ser vizinhos. Esses blocos deverão implementar planos municipais e regionais de saneamento básico; e a União poderá oferecer apoio técnico e financeiro para a execução dessa tarefa3.Com o novo marco legal, exercem a titularidade dos serviços públicos de saneamento básico: Os municípios, no caso dos serviços públicos de interesse local, ou seja, quando as infraestruturas e instalações operacionais dos serviços de saneamento atenderem a um único município; O estado em conjunto com os municípios, no caso dos serviços públicos de interesse comum, ou seja, quando os serviços forem prestados em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões instituídas por lei complementar estadual em que se verifique o compartilhamento de infraestrutura e de instalações operacionais entre dois ou mais municípios. Com relação aos resíduos sólidos, a nova lei estabelece prazo para que a disposição final dos resíduos seja feita de forma ambientalmente adequada, determinando o fim dos lixões no País. Para municípios que não elaboraram planos de resíduos sólidos, a data final é 31 de dezembro de 2020. Para os municípios com planos elaborados, 2 de agosto de 2021, em caso de capitais e regiões metropolitanas; e 2 de agosto de 2022, para municípios com mais de 100 mil habitantes. Já para aqueles com população entre 50 e 100 mil habitantes, a disposição adequada dos resíduos deve ser feita até 2 de agosto 2023; e em cidades com menos de 50 mil habitantes, o prazo é 2 de agosto de 2024. Nas situações em que a disposição de rejeitos em aterros sanitários for economicamente inviável, poderão ser adotadas outras soluções, observadas normas técnicas e operacionais para evitar danos à saúde pública e à segurança e minimizar os impactos ambientais. O cumprimento das metas estabelecidas no novo marco legal será periodicamente verificado. Conforme diretrizes para a função de regulação estabelecidas na Lei nº 11.445, de 2007, a Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico — ANA —, por meio de ato normativo, estabelecerá os requisitos e procedimentos que deverão ser observados pelos titulares e por suas entidades reguladoras e fiscalizadoras. Quanto ao planejamento, em nível nacional, o Plano Nacional de Saneamento Básico — Plansab4 — foi elaborado pelo governo federal, em processo coordenado pelo Ministério das Cidades, que se iniciou em 2008 e se encerrou em 2013, com a edição do Decreto Federal nº 8.141, de 20135, e da Portaria Interministerial nº 571, de 20136. O plano estabelece metas de curto, médio e longo prazos, com horizonte de planejamento de 2014 a 2033, definidas em função do déficit em saneamento básico, dos investimentos no setor, dos programas e ações do governo federal, de uma avaliação político-institucional e de cenários prospectivos. Os investimentos necessários para alcance das metas foram estimados em R$ 508,4 bilhões, distribuídos ao longo de 20 anos. A União seria responsável por 59% dos recursos, ficando os demais 41% a cargo dos governos estaduais e municipais, prestadores de serviços públicos e privados, e organismos internacionais.O Plansab se encontra em início de implantação. Suas primeiras metas foram estipuladas para o ano de 2018, razão pela qual ainda, não se pode fazer uma avaliação de seu estágio. De todo modo, já é possível afirmar que o cenário escolhido para balizar as metas do plano foi muito otimista. A recessão econômica em que o Brasil se encontra representa um quadro pior que o cenário mais pessimista admitido na elaboração do Plansab, o que compromete principalmente a previsão de investimentos federais. REFERÊNCIAS • Manual msd (site) • Parasitologia comtemporânea
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