Prévia do material em texto
Exercício de revisão – Crimes em Espécie I
1. Dario, funcionário de uma Organização Social (OS) contratada pelo Município de Vila
Velha/ES para gerir um hospital público, responsável pelo almoxarifado, termina seu
turno de trabalho e, ao deixar o depósito onde ficam armazenados diversos insumos
médicos, distraído com um vídeo a que assiste em seu telefone celular, deixa de trancar a
porta. Durante a madrugada, Elisa, enfermeira da mesma OS, escorrega num piso
molhado e acaba esbarrando na porta deixada destrancada por Dario, que se abre. Curiosa,
Elisa entra no cômodo, onde avista valiosos medicamentos. Ela, então, começa a colocar
algumas caixas dos medicamentos em sua bolsa, na intenção de ficar com o material,
porém, ainda no interior do depósito, é flagrada por um segurança do hospital, que
desconfia de sua presença ali, e, percebendo o que estava acontecendo, a detém. Diante
do caso narrado, é correto afirmar que:
D) Dario não cometeu crime algum, ao passo que Elisa praticou o delito de furto tentado,
com a pena aumentada, por ter sido praticado durante o repouso noturno.
2. Silvio, mediante emprego da ameaça de "esquartejá-la com sua espada", arrancou o
cordão de ouro do pescoço de Ana. Após tal subtração, Silvio foi perseguido por policiais
militares, que lograram prendê-lo em flagrante delito e recuperar o bem subtraído da
vítima.
D) roubo consumado.
3. Nélio, colocando a mão sob sua camisa e simulando estar armado, aborda Olimpia, de
15 anos de idade, e determina que ela o masturbe, sob ameaça de morte. Temendo por
sua vida, por acreditar que ele realmente estivesse armado, Olimpia cumpre a ordem
Diante do caso narrado, Nélio deverá responder por:
D) estupro, em sua forma qualificada;
4. Alberto, servidor lotado na área de recursos humanos da Câmara Municipal de
Blumenau, com livre acesso aos dados cadastrais a partir dos quais é gerada a folha de
pagamento do referido ente público, neles insere informações de pessoa que não exercia
qualquer atividade laborativa na Casa Legislativa, com o propósito de ficar com a
remuneração destinada a tal pessoa, que sequer tinha conhecimento do fato.
B) cometeu o crime de inserção de dados falsos em sistema de informações e, caso restitua
voluntariamente ao erário todos os valores recebidos indevidamente, antes do
recebimento da denúncia, deverá ter a pena reduzida;
5. Alberto, mágico profissional, em uma relojoaria, pede ao vendedor para ver um relógio
suíço, de elevado valor. O vendedor atende a seu pedido, e Alberto coloca o relógio em
seu pulso, sob o pretexto de querer ver se o acessório fica bem em seu braço. Ato contínuo,
ele distrai o vendedor, tirando-lhe a atenção, momento em que, valendo-se da ligeireza
de seus movimentos, retira rapidamente o relógio do pulso, substituindo-o por uma cópia
idêntica, que traz em seu bolso, e a entrega ao vendedor, que nada percebe. Alberto, então,
agradece a atenção, pergunta quanto custa o relógio e, depois de afirmar que vai pensar
um pouco mais, deixa a loja, levando consigo a peça.
Diante do caso narrado, Alberto deverá responder por
C) furto qualificado.
6. João, após adentrar uma casa vazia, subtrai, sem violência ou grave ameaça, R$
20.000,00 em espécie, evadindo-se na sequência. No dia seguinte, ao assistir ao noticiário
televisivo, João toma ciência de que os valores seriam empregados para o pagamento de
cirurgia que uma criança, em breve, realizaria. Assim sendo, sem que houvesse qualquer
inquérito policial ou ação penal em andamento, o agente devolve os valores pecuniários
aos legítimos proprietários.
Considerando as disposições do Código Penal, é correto afirmar que João:
B) responderá pelo crime praticado, mas a pena do agente será reduzida de um a dois
terços, por força do arrependimento posterior;
7. Arthur resolveu furtar os cabos de eletricidade da linha férrea de sua cidade, a fim de
revender o cobre, clandestinamente. Contudo, após iniciar o corte para retirar os fios de
cobre, foi surpreendido pelo trem, que o atropelou, vindo a sofrer a amputação dos
membros inferiores. Arthur foi denunciado como incurso nas penas do delito de furto.
Sobre o caso, assinale a afirmativa que apresenta a linha de defesa correta.
A) Deve ser reconhecida a tentativa, com a correspondente diminuição da pena, já que o
delito não chegou a se consumar.
8. Américo, conhecido roubador, em comunhão de ações e desígnios com Guilherme,
servidor público, decidiu invadir a repartição pública em que este trabalhava e de lá
subtrair computadores e demais itens de valor. A invasão seria facilitada pela condição
de servidor ostentada por Guilherme. Conforme o ajuste entre eles, os comparsas
deveriam ingressar e sair sem serem notados. Entretanto, ao saírem do prédio, foram
abordados pelo vigilante da repartição.
A manutenção da posse dos bens subtraídos foi possível porque Américo portava a arma
que usualmente utilizava em suas atividades criminosas e exerceu grave ameaça para
impedir a reação do vigilante.
Considerando o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
C) Américo deve responder por roubo impróprio, ao passo que Guilherme deve responder
por peculato com causa de aumento em razão da ação de Américo.
9. João e José, em comunhão de ações e desígnios, aproximaram-se de Maria, que
aguardava, no interior do seu automóvel, o sinal de trânsito abrir. Em assim sendo, os
agentes bateram na janela do veículo e determinaram que a vítima entregasse os seus
pertences, sob ameaça de morte.
Após subtraírem o telefone celular e o relógio da ofendida, os autores do delito tentaram
se evadir, mas foram alcançados, cem metros à frente, por policiais militares que
passavam pela região, sendo capturados em flagrante.
Nesse cenário, considerando as disposições do Código Penal, assinale a opção que indica
o crime pelo qual João e José responderão.
A) Roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas, na modalidade consumada.
10. Dexter ingressou em um ônibus e, mediante grave ameaça, consistente em emprego
de arma de fogo, determinou que os passageiros lhe entregassem os seus bens. Nesse
contexto, três diferentes passageiros, sem qualquer vínculo entre si, entregaram os seus
telefones celulares ao autor do delito, o qual, ato contínuo, evadiu-se.
Nesse cenário, considerando o disposto no Código Penal e a jurisprudência dominante
dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que Dexter responderá pela prática de:
C) três crimes de roubo, circunstanciados pelo emprego de arma de fogo, em concurso
formal;
11. Silvio, mediante emprego da ameaça de “esquartejá-la com sua espada”, arrancou o
cordão de ouro do pescoço de Ana.
Após tal subtração, Silvio foi perseguido por policiais militares, que lograram prendê-lo
em flagrante delito e recuperar o bem subtraído da vítima.
É correto afirmar que Silvio cometeu crime de
D) roubo consumado.
12. Após sacar dinheiro no Banco, retornando a pé para casa, Maria foi surpreendida por
Túlio que, ostentado arma de fogo, exigiu que ela entregasse sua bolsa com seu aparelho
celular. Amedrontada, Maria entregou seus pertences. De posse dos objetos, Túlio correu
pela rua, mas logo foi abordado por policiais que iniciavam o patrulhamento no local,
para azar do meliante. Túlio foi detido com os bens subtraídos e levado para a Delegacia,
tendo a arma de fogo sido periciada e comprovada a sua potencialidade lesiva.
Acerca da hipótese, é correto afirmar que Túlio praticou
E)roubo consumado, com aumento de pena pelo emprego de arma de fogo.
13. Ricardo combinou de se encontrar com Bruna, uma garota que conheceu pelas redes
sociais. O encontro foi marcado no ap de Ricardo, que pede que o seu amigo Carlos fique
escondido no quarto, dentro do guarda-roupa e filme todo o encontro, p que manterá
relações sexuais com a moça e deseja gravar as cenas para guardá-las para si. Carlos entra
dentro do móvel e c ato sexual entreRicardo e Bruna, sem que ela saiba de nada. Diante
dos fatos, assinale a alternativa correta:
C) trata-se de registro não autorizado da intimidade sexual, crime tipificado no código
penal.
14. Glória é contratada como secretária de Felipe, um grande executivo de uma sociedade
empresarial. Felipe se apaixona por Glória, mas ela nunca lhe deu atenção fora daquela
necessária para a profissão. Felipe, então, simula a existência de uma reunião de negócios
e pede para que a secretária fique no local para auxiliá-lo. À noite, Glória comparece à
sala do executivo acreditando que ocorreria a reunião, quando é surpreendida por este,
que coloca uma faca em seu pescoço e exige a prática de atos sexuais, sendo, em razão
do medo, atendido. Após o ato, Felipe afirmou que Glória deveria comparecer
normalmente ao trabalho no dia seguinte e ainda lhe entregou duas notas de R$ 100,00.
Diante da situação narrada, é correto afirmar que Felipe deverá responder pela prática do
crime de
D) Estupro.
15.Nélio, colocando a mão sob sua camisa e simulando estar armado, aborda Olímpia, de
15 anos de idade, e determina que ela o masturbe, sob ameaça de morte. Temendo por
sua vida, por acreditar que ele realmente estivesse armado, Olimpia cumpre a ordem.
Diante do caso narrado, Nélio deverá responder por:
D) estupro, em sua forma qualificada:
16. Camilo, 40 anos, é vizinho de Jaqueline, que é mãe de Maria Clara, uma pré-
adolescente de 12 anos. Enquanto conversava com Maria Clara, sem violência ou grave
ameaça à pessoa, Camilo passava as mãos nos seios e nádegas da pré-adolescente,
conduta flagrada pela mãe da menor, que imediatamente acionou a polícia, sendo Camilo
preso em flagrante. Preocupada com eventual represália e tendo interesse em ver o autor
do fato punido, em especial porque sabe que Camilo cumpre pena em livramento
condicional por condenação com trânsito em julgado pelo crime de latrocínio, a família
de Maria Clara procura você, na condição de advogado(a), para esclarecimento sobre a
conduta praticada. Por ocasião da consulta juridica, deverá ser esclarecido que o crime
em tese praticado por Camilo é o de:
A)estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP), não fazendo jus Camilo, em caso de eventual
condenação, a novo livramento condicional.
Gabriela trabalha como profissional do sexo para sustentar seu filho de 8 anos, José. Ela
atende seus clientes em sua residência, onde mora com o menino. É uma casa bem
pequena, com apenas 3 cômodos, um quarto, um banheiro e uma cozinha, ficando a cama
de José ao lado da cama da mãe. Em uma determinada madrugada, Gabriela acerta um
"programa sexual" com Calebe e o leva até sua casa. Durante o ato sexual, José acorda e
presencia tudo, sem que Gabriela ou Calebe percebam que ele está assistindo à cena. No
dia seguinte, José vai para a escola e conta o fato a um amigo, o qual, por sua vez, relata
a história para Josefa, sua mãe. Esta, abismada com a história, procura a delegacia do
bairro e narra os fatos acima descritos. Diante do caso hipotético apresentado, assinale a
alternativa correta do ponto de vista legal.
A) Gabriela e Calebe responderão pelo delito de satisfação de lascivia mediante a
presença de criança ou adolescente.
18. Ao final da instrução, em que foram respeitadas todas as exigências legais, o juiz, em
decisão fundamentada, condena Antônio a 2 (dois) anos de reclusão pela prática do crime
de furto qualificado pela utilização de chave falsa, consumado, com base no artigo 155,
§ 4º, III, do CP.
Nesse sentido, levando em conta apenas os dados contidos no enunciado, responda aos
itens a seguir.
a) É correto afirmar que o crime de furto praticado por Antonio atingiu a
consumação? Justifique.
Sim, o crime de furto praticado por Antônio atingiu a consumação. O entendimento
majoritário, com base na Teoria da Amotio, é que o furto consuma-se no momento em
que a coisa subtraída passa para o poder do agente, ainda que por curto espaço de tempo,
retirando-a da esfera de vigilância da vítima. Alternativamente, pela Teoria da Ablatio, o
crime também seria considerado consumado, pois houve o deslocamento da coisa para
outro local. Ambas as teorias convergem no caso narrado, confirmando a consumação.
b) Considerando que Antônio não preenche os requisitos elencados pelo STF e STJ
para aplicação do principio da insignificância, qual seria a principal tese defensiva a
ser utilizada em sede de apelação? Justifique.
A melhor tese defensiva seria o reconhecimento do furto qualificado e privilegiado,
conforme o artigo 155, § 2º, combinado com o § 4º, III, do Código Penal. A qualificadora
de chave falsa tem natureza objetiva, sendo compatível com o privilégio, que é de
natureza subjetiva, conforme entendimento consolidado do STF (Informativo 580) e STJ.
O furto privilegiado pode beneficiar Antônio com a substituição da pena de reclusão por
detenção, a redução da pena de 1/3 a 2/3 ou a aplicação da pena de multa, trazendo uma
resposta penal mais proporcional.
19) Em inquérito policial, Antonio é indiciado pela prática de crime de estupro de
vulnerável, figurando como vitima Joana, filha da grande amiga da Promotora de Justiça
Carla, que, inclusive, aconselhou a família sobre como agir diante do ocorrido.
Segundo consta do inquérito, Antônio encontrou Joana durante uma festa de música
eletrônica e, após conversa em que Joana afirmara que cursava a Faculdade de Direito,
foram para um motel onde mantiveram relações sexuais, vindo Antônio, posteriormente,
a tomar conhecimento de que Joana tinha apenas 13 anos de idade.
Recebido o inquérito concluído, Carla oferece denúncia em face de Antonio, imputando-
lhe a prática do crime previsto no Art. 217-A do Código Penal, ressaltando a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que, para a configuração do
delito, não se deve analisar o passado da vitima, bastando que a mesma seja menor de 14
anos.
Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Antonio, responda aos
itens a seguir.
A) Existe alguma medida a ser apresentada pela defesa técnica para impedir Carla de
participar do processo? Justifique.
Sim, o advogado de Antônio deveria apresentar exceção de suspeição contra a promotora
Carla, nos termos do artigo 95, inciso I, e artigo 104 do CPP, considerando a causa de
suspeição prevista no artigo 254, incisos I e IV, do CPP. Embora o artigo 254 trate de
impedimento e suspeição de juízes, o artigo 258 do CPP estende essas hipóteses ao
Ministério Público. Carla é amiga íntima da mãe da vítima e aconselhou diretamente a
família sobre como agir, demonstrando claro envolvimento pessoal com o caso e
comprometendo sua imparcialidade. Como a promotora não se declarou suspeita, cabe à
defesa suscitar a exceção, para que seja substituída por outro membro do Ministério
Público.
B) Qual a principal alegação defensiva de direito material a ser apresentada em busca
da absolvição do denunciado? Justifique.
A principal alegação defensiva é a ocorrência de erro de tipo inevitável, conforme o artigo
20 do Código Penal. Antônio desconhecia que Joana tinha apenas 13 anos, elemento
essencial para a configuração do crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). A
vítima afirmou cursar a faculdade de Direito, levando Antônio a acreditar que era maior
de idade. O contexto social de uma festa de música eletrônica reforça a ausência de
qualquer indício que justificasse suspeitas sobre sua idade real.
O erro de tipo exclui o dolo, e, mesmo que fosse considerado vencível (hipótese remota),
não seria possível responsabilizar Antônio, pois o tipo penal não admite modalidade
culposa. A jurisprudência sobre a irrelevância do passado da vítima não se aplica, já que
o ponto central é a ausência de dolo pela ignorância de Antônio quanto à idade da vítima,
elemento normativo do tipo penal.
20. Mauricio, jovem de classe alta, rebelde e sem escrúpulos, começa a namorar Joana,
menina deboa família, de classe menos favorecida e moradora de área de risco em uma
das maiores comunidades do Brasil. No dia do aniversário de 18 anos de Joana, Mauricio
resolve convidá-la para jantar num dos restaurantes mais caros da cidade e,
posteriormente, leva-a para conhecer a suite presidencial de um hotel considerado um dos
mais luxuosos do mundo, onde passa a noite com ela. Na manhã seguinte, Mauricio e
Joana resolvem permanecer por mais dois dias. Ao final da estada, Mauricio contabiliza
os gastos daqueles dias de prodigalidade, apurando o total de R$ 18.000,00 (dezoito mil
reais). Todos os pagamentos foram realizados em espécie, haja vista que, na noite
anterior, Mauricio havia trocado com sua mãe um cheque de R$20.000,00 (vinte mil
reais) por dinheiro em espécie, cheque que Mauricio sabia, de antemão, não possuir
fundos. Considerando apenas os fatos descritos, responda, de forma justificada, os
questionamentos a seguir.
A) Mauricio e Joana cometeram algum crime? Justifique sua resposta e, caso seja
positiva, tipifique as condutas atribuídas a cada um dos personagens,
desenvolvendo a tese de defesa.
Joana não cometeu crime algum, pois não tinha ciência nem poderia suspeitar da origem
ilícita dos recursos utilizados por Maurício, o que afasta qualquer conduta típica.
Maurício não cometeu crime punível, pois sua conduta, embora típica e ilícita, está
protegida pela escusa absolutória prevista no art. 181, II, do Código Penal, que exclui a
punibilidade de crimes patrimoniais cometidos em prejuízo de ascendentes,
descendentes, cônjuge ou convivente. Essa proteção decorre de um juízo de valor legal
que considera a conduta destituída de reprovabilidade penal no contexto familiar.
Entretanto, caso o prejuízo fosse causado a terceiros, Maurício responderia pelo crime
de fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, VI, do CP).
B) Caso Maurício tivesse invadido a casa de sua mãe com uma pistola de
brinquedo e a ameaçado, a fim de conseguir a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais), sua situação juridica seria diferente? Justifique.
Sim, Maurício incidiria no crime de roubo simples (art. 157, caput, do CP), uma vez que
usou grave ameaça, configurada pelo uso da pistola de brinquedo, para subtrair o dinheiro
de sua mãe. Apesar de o objeto não ser uma arma de fogo real, a jurisprudência
consolidada reconhece que armas de brinquedo possuem potencial intimidatório
suficiente para caracterizar grave ameaça. Por outro lado, o roubo qualificado pelo uso de
arma (art. 157, § 2º, I, do CP) não se aplica, uma vez que o STJ cancelou a Súmula 174,
excluindo armas de brinquedo do rol de qualificadoras. Além disso, Maurício incorreria
na agravante do art. 61, II, “e”, do CP, pois o crime foi praticado contra sua mãe, o que
aumenta a gravidade da conduta.
21. Pretendendo subtrair bens do escritório onde exerce a função de secretária particular
do diretor, Júlia ingressa no respectivo imóvel arrombando a janela. Júlia é auxiliada por
seu irmão Luiz, a quem coube a função de permanecer de vigília na porta. Ao escutar um
barulho que a faz acreditar existir alguém no escritório, Júlia foge, deixando no local seu
comparsa, que vem a ser preso por policiais. Diante da situação hipotética, aponte o(s)
delito(s) perpetrado(s) por Júlia e Luiz:
Análise Jurídica dos Delitos Perpetrados por Júlia e Luiz
1. Júlia: Furto qualificado tentado (Art. 155, §4º, c/c Art. 14, II, do Código Penal)
● Júlia, ao arrombar a janela do escritório e ingressar no local com a intenção de
subtrair bens, deu início à execução do crime de furto qualificado pela destruição
ou rompimento de obstáculo (art. 155, §4º, inciso I, do Código Penal).
● Contudo, o crime não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade
(presença de um barulho que a fez acreditar na aproximação de alguém),
configurando o crime na modalidade tentada (art. 14, inciso II, do Código Penal).
Tipificação:
● Art. 155, §4º, I, do CP: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel, com
destruição ou rompimento de obstáculo.
● Art. 14, II, do CP: Considera-se tentativa quando o agente dá início à execução,
mas o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade.
2. Luiz: Furto qualificado tentado (Art. 155, §4º, c/c Art. 14, II, e Art. 29 do Código Penal)
● Luiz, ao permanecer de vigília na porta para auxiliar Júlia durante a subtração,
atuou como coautor no crime, mesmo não ingressando no local. De acordo com o
art. 29 do Código Penal, quem concorre para o crime comete o mesmo delito, na
medida de sua culpabilidade.
● Assim como Júlia, Luiz responde pelo crime de furto qualificado tentado, já que
participou do iter criminis e o crime não se consumou.
Tipificação:
● Art. 155, §4º, I, do CP: Subtrair coisa alheia móvel com destruição ou rompimento
de obstáculo, em coautoria.
● Art. 14, II, do CP: Crime tentado.
● Art. 29 do CP: Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas.
Conclusão
Tanto Júlia quanto Luiz praticaram o crime de furto qualificado pela destruição ou
rompimento de obstáculo, na modalidade tentada (art. 155, §4º, I, c/c art. 14, II, e art. 29,
todos do Código Penal).
Pena prevista para o crime:
● Reclusão de 2 a 8 anos e multa, reduzida de um a dois terços pela tentativa (art.
14, parágrafo único, do CP).
===============
QUESTÃO 22. Em inquérito policial, Antônio é indiciado pela prática de crime de
estupro de vulnerável, figurando como vítima Joana, filha da grande amiga da Promotora
de Justiça Carla, que, inclusive, aconselhou a família sobre como agir diante do ocorrido.
Segundo consta do inquérito, Antônio encontrou Joana durante uma festa de música
eletrônica e, após conversa em que Joana afirmara que cursava a Faculdade de Direito,
foram para um motel onde mantiveram relações sexuais, vindo Antônio, posteriormente,
a tomar conhecimento de que Joana tinha apenas 13 anos de idade.
Recebido o inquérito concluído, Carla oferece denúncia em face de Antônio, imputando-
lhe a prática do crime previsto no Art. 217-A do Código Penal, ressaltando a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que, para a configuração do
delito, não se deve analisar o passado da vítima, bastando que a mesma seja menor de 14
anos.
Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Antônio, Qual a
principal alegação defensiva de direito material a ser apresentada em busca da absolvição
do denunciado? Justifique.
Como advogado(a) de Antônio, a principal alegação de direito material seria a ausência
de dolo (intenção) na conduta de Antônio, baseando-se no argumento de erro de tipo
essencial inevitável (art. 20, §1º, do Código Penal), que exclui o dolo e,
consequentemente, afasta a responsabilidade penal pelo crime de estupro de vulnerável.
Fundamentação Jurídica
1. Erro de Tipo Essencial Inevitável (art. 20, §1º, do CP):
o O erro de tipo ocorre quando o agente, por ignorância ou falsa percepção
da realidade, não compreende ou não tem consciência dos elementos
objetivos do tipo penal.
o No caso, Antônio não sabia e não tinha como saber que Joana tinha 13
anos, já que ela:
▪ Estava em um ambiente social típico de adultos (uma festa de
música eletrônica).
▪ Declarou ser universitária, cursando a Faculdade de Direito, o que
indicava que era maior de idade.
o Esse erro foi inevitável, considerando o contexto apresentado, o que afasta
o dolo necessário à configuração do crime de estupro de vulnerável.
2. Natureza do Crime de Estupro de Vulnerável (art. 217-A do CP):
o O crime é de natureza dolosa, exigindo que o agente atue com a intenção
de manter conjunção carnal ou ato libidinoso com alguém menor de 14
anos.
o Se Antônio desconhecia a idade de Joana e não tinha como suspeitar que
ela era menor de 14 anos, não pode ser considerado culpado pelo delito,
pois não houve dolo.
3. Jurisprudência Aplicável:
o O Superior Tribunal de Justiça(STJ) admite o reconhecimento do erro de
tipo essencial no crime de estupro de vulnerável quando o agente não tinha
meios razoáveis de constatar a menoridade da vítima e agiu acreditando
tratar-se de pessoa maior de idade (HC 389.788/MG, 2018; RHC
145.582/SP, 2021).
o Em casos semelhantes, os tribunais superiores têm reconhecido que a
exclusão do dolo impede a configuração do crime, afastando a
responsabilidade penal.
4. Ações e Contexto:
o Antônio acreditou, de boa-fé, que Joana era maior de idade, com base em
suas declarações e comportamento social.
o Não há indicação de que ele tenha agido de forma dolosa ou que tenha
desconsiderado sinais óbvios de que Joana era menor de idade.
Conclusão
A defesa deve sustentar que Antônio agiu em erro de tipo essencial inevitável, excluindo
o dolo necessário para a configuração do crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do
Código Penal). Nesse sentido, deve ser pedida a absolvição de Antônio, com base na
ausência de responsabilidade penal.
QUESTÃO 23. Um médico ginecologista, durante a realização de exame de rotina em
sua paciente — pessoa maior e capaz —, afirmou existir um novo procedimento
ginecológico — fato esse inverídico e anormal. Para exemplificá-lo, ele esfregou as mãos
na vagina de sua paciente, demonstrando claramente que sua lascívia estava sendo saciada
com os reiterados toques na genitália. Ato contínuo, a paciente compareceu a uma
delegacia de polícia e narrou o fato à autoridade policial.
Tendo em vista que, na análise de um crime e de sua autoria, o delegado de polícia deverá
conhecer todo o iter criminis percorrido pelo agente, a fim de — no momento do
indiciamento do suposto autor do fato — enquadrar o fato delituoso em um dos muitos
preceitos legais de crimes existentes, responda aos seguintes questionamentos, relativos
à situação hipotética acima apresentada. Nesse sentido, considere que a ocorrência do fato
descrito e a sua autoria já tenham sido comprovadas pela autoridade policial.
Qual o crime praticado pelo médico? Tipifique-o de forma fundamentada.
O crime praticado pelo médico é o de violação sexual mediante fraude, tipificado no art.
215 do Código Penal. A fundamentação para essa tipificação está detalhada a seguir.
Dispositivo Legal Aplicável
Art. 215 do Código Penal:
"Constranger alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação de vontade, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso."
Pena: reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Análise da Conduta do Médico
1. Elemento objetivo do tipo penal:
o O médico, mediante fraude, constrangeu sua paciente a permitir que ele
realizasse atos libidinosos (toques reiterados na genitália) sob a alegação
de estar realizando um "novo procedimento ginecológico".
o A fraude está configurada na afirmação inverídica e anormal de que o
procedimento seria algo legítimo, o que levou a vítima a acreditar na
justificativa dada.
2. Elemento subjetivo (dolo):
o O médico agiu com dolo, ou seja, com a intenção de satisfazer sua lascívia,
utilizando-se do engano para praticar os atos libidinosos.
3. Consentimento viciado:
o Embora a vítima tenha, em tese, permitido o ato, seu consentimento foi
viciado pela fraude, o que caracteriza a tipificação do art. 215, uma vez
que a liberdade de decisão foi comprometida pela mentira do médico.
4. Diferenciação de outros crimes sexuais:
o Estupro (art. 213): O crime de estupro exige violência ou grave ameaça, o
que não ocorreu na hipótese apresentada, já que o ato foi obtido mediante
fraude.
o Importunação sexual (art. 215-A): Embora esse crime também envolva
atos libidinosos, ele se configura quando não há consentimento algum,
enquanto, no caso em questão, o consentimento foi obtido por meio
fraudulento.
Iter Criminis e a Dinâmica do Crime
● Cogitação: O médico elaborou a ideia de cometer o ato lascivo sob o pretexto de
um procedimento médico falso.
● Preparação: Ele formulou a justificativa fraudulenta, baseada na criação de um
"novo procedimento ginecológico".
● Execução: Durante o exame, ele realizou os atos libidinosos (toques reiterados na
genitália) que saciaram sua lascívia.
● Consumação: O crime se consumou no momento em que a vítima, induzida em
erro pela fraude, permitiu os atos libidinosos.
Conclusão
O médico praticou o crime de violação sexual mediante fraude (art. 215 do CP), pois
utilizou-se de fraude para constranger a paciente a permitir atos libidinosos, violando a
sua dignidade sexual e satisfazendo sua própria lascívia. A conduta é punível com
reclusão de 2 a 6 anos, conforme previsto no Código Penal.
QUESTÃO 24. Geraldina, 13 anos, namora há mais de 02 (dois) anos com Vitelino, 18
anos, com o conhecimento e consentimento de seus genitores. O pai da infante ficou
sabendo que o casal mantém conjunção carnal há meses e, inconformado, levou a notitia
criminis à Autoridade Policial, que instaurou procedimento investigatório.
Na sequência, Vitelino foi denunciado como incurso nas penas do artigo 217-A, c.c. o
artigo 71, ambos do Código Penal. A vítima, em juízo, esclareceu que consentiu com
todas as relações sexuais, aproximadamente 42 (quarenta e duas) e que pretende se casar,
em breve, com o réu e, inclusive, ter filhos. O genitor de Geraldina admitiu conhecer o
acusado e sua família há anos, tendo consentido com o namoro, mas exigiu respeito a sua
filha.
Em seu interrogatório, Vitelino destacou seu amor pela ofendida e admitiu as relações
sexuais por ela consentidas há meses, antes e depois de completar 18 anos. Acrescentou
que está em novo emprego e que pretende contrair núpcias, tão logo termine o processo.
Em alegações finais, o Ministério Público requer a condenação nos termos da denúncia.
Argumenta que o consentimento de menor de 14 anos não pode prevalecer. Requer, uma
vez acolhida a pretensão acusatória, o indeferimento do recurso em liberdade, pois o
acusado se evadirá do distrito da culpa e reiterará suas condutas, como ambos declararam
em juízo.
A Defensoria, a seu turno, pleiteia a absolvição, sustentando que há vínculo de afeto e
que as relações sexuais foram consentidas. Ademais, o namoro era do conhecimento e
consentimento dos genitores da ofendida. Destaca que a presunção do artigo 217-A do
Código Penal deve ser relativizada para casos extremos como ora analisado,
reconhecendo-se a atipicidade material do fato.
Considerando o problema apresentado, responda:
Interpretando a lição de Nelson Hungria: qui velle no potuit, ergo noluit, no crime de
estupro, a vulnerabilidade deve ser considerada como absoluta ou relativa? O
entendimento do citado autor estaria de acordo com a atual jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça na análise do tipo penal previsto no artigo 217-A do Código Penal?
1. A Vulnerabilidade no Crime de Estupro de Vulnerável: Absoluta ou Relativa?
De acordo com a doutrina majoritária e a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), a vulnerabilidade prevista no
artigo 217-A do Código Penal é absoluta.
Lição de Nelson Hungria:
A expressão citada, "qui velle no potuit, ergo noluit" ("quem não pode querer, não quis"),
refere-se ao entendimento de que menores de 14 anos, devido à sua imaturidade física e
emocional, não possuem capacidade jurídica ou psicológica para consentir com atos de
natureza sexual. Esse princípio embasa a construção do art. 217-A do Código Penal, que
considera como absoluta a incapacidade da vítima menor de 14 anos para manifestar
consentimento válido.
2. Atual Jurisprudência do STJ e do STF:
O entendimento dos tribunais superiores é que a vulnerabilidade no crime de estupro de
vulnerável não admite relativização, mesmo em situações de relacionamento amoroso
duradouro, consentido, e com conhecimento dos pais. O crime é de natureza objetiva,
sendo irrelevante o consentimento da vítima ou o afeto entre as partes.
FundamentosJurisprudenciais:
1. Presunção Absoluta de Incapacidade:
o Para fins penais, qualquer menor de 14 anos é considerado vulnerável,
independentemente de maturidade, consentimento ou relação afetiva. A
simples prática de conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de
14 anos caracteriza o crime.
o Exemplo: STJ, HC 381.267/SP (2018) – Reforça que a proteção integral
do menor prevista no ECA e no art. 217-A do CP não admite
consentimento como excludente de ilicitude.
2. Proteção Integral da Criança e do Adolescente:
o A Constituição Federal (art. 227) e o Estatuto da Criança e do Adolescente
(art. 4º) garantem proteção integral e absoluta prioridade à criança e ao
adolescente, conferindo maior rigor aos delitos sexuais praticados contra
menores.
3. Irrelevância do Consentimento:
o O STJ já se manifestou que o consentimento da vítima menor de 14 anos,
o conhecimento ou mesmo o consentimento dos pais não afastam a
configuração do crime de estupro de vulnerável (RHC 101.936/MG).
3. Caso Concreto e Posição da Defesa:
A Defensoria Pública sustenta a relativização da presunção de vulnerabilidade,
argumentando:
● A existência de vínculo afetivo duradouro e intenção de casamento;
● O conhecimento e consentimento dos pais do relacionamento;
● A ausência de violência, abuso ou coerção.
Embora tais argumentos busquem fundamentar a atipicidade material do fato, a
jurisprudência não reconhece relativizações nesses casos. Portanto, o entendimento atual
não corrobora com a tese da defesa.
4. Conclusão:
A vulnerabilidade no crime de estupro de vulnerável, nos termos do artigo 217-A do
Código Penal, é considerada absoluta, segundo a jurisprudência do STJ e do STF. Assim,
o entendimento de Nelson Hungria está em conformidade com a interpretação atual,
reafirmando que menores de 14 anos são incapazes de consentir validamente para atos de
natureza sexual, o que resulta na criminalização objetiva da conduta de Vitelino,
independentemente de vínculo afetivo ou consentimento da vítima e de seus pais.
QUESTÃO 25. No ano de 2007, a adolescente Zara, então com 12 (doze) anos de idade,
conheceu a maior e imputável Munira, através da rede social Facebook. Zara sentiu-se
atraída pelas fotografias publicadas por Munira, nas quais esta aparecia em passeios de
barco, carros de luxo e vestida com roupas de grifes. E, assim, Zara deixou a casa dos
pais, mediante o informal consenso destes e passou a conviver sob os cuidados de Munira,
a qual indagou se a adolescente tinha interesse em fazer programas sexuais. Havendo o
assentimento de Zara, Munira apresentou a adolescente para o imputável Tufi, à época
solteiro e com 35 (trinta e cinco) anos de idade, com quem Zara passou a manter relações
sexuais consensuais, consistentes em conjunções carnais periódicas, desde o ano de 2007
até o ano de 2008, recebendo o valor de R$1.000,00 (mil reais) por programa sexual e
entregando R$500,00 (quinhentos reais) para Munira, como remuneração pela
intermediação dos encontros. Somente no ano de 2014, quando Zara já contava com 19
(dezenove) anos de idade, o Ministério Público do Estado do Paraná, incidentalmente a
outra investigação criminal, tomou ciência dos fatos acima narrados. Destaca-se que não
houve manifestação anterior de Zara ou de seus pais, no sentido de noticiar os fatos às
autoridades. De acordo com o entendimento assente no Supremo Tribunal Federal e no
Superior Tribunal de Justiça, responda: em quais figuras típicas se enquadram, em tese,
as condutas de Munira e Tufi?
1. Munira: Exploração sexual de vulnerável
Munira praticou condutas que podem ser enquadradas no crime de favorecimento da
prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente (art. 218-B,
§1º, do Código Penal), que prevê:
Art. 218-B: Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual
alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou impedir ou dificultar que o
abandone:
Pena: reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§1º: Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage ou de qualquer modo
intermedeia a participação de pessoa nas condições referidas no caput em programa de
prostituição ou exploração sexual.
● Munira induziu Zara, uma menor de 18 anos, a participar de programas sexuais,
caracterizando exploração sexual.
● Além disso, Munira intermediava os programas em troca de remuneração, o que
reforça o elemento de agenciamento e intermediação previsto no §1º.
2. Tufi: Estupro de vulnerável
Tufi, ao manter relações sexuais com Zara, uma adolescente de 12 anos à época dos fatos,
cometeu o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal):
Art. 217-A: Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena: reclusão de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
● A legislação presume que menores de 14 anos não têm capacidade de consentir
para atos de natureza sexual, independentemente de haver aparente concordância
ou pagamento. A conjunção carnal nesse caso configura estupro de vulnerável,
pois o consentimento de Zara é irrelevante juridicamente.
3. Considerações sobre a prescrição e o lapso temporal
● Os fatos chegaram ao conhecimento do Ministério Público apenas em 2014,
quando Zara tinha 19 anos. No caso do estupro de vulnerável, a prescrição começa
a contar somente a partir do momento em que a vítima completa 18 anos (art. 111,
inciso V, do Código Penal). Assim, o prazo prescricional deve ser calculado a
partir de 2013, quando Zara alcançou a maioridade.
● Para Munira, a exploração sexual de vulnerável também está sujeita às mesmas
regras de prescrição, considerando a relevância do interesse público em proteger
menores.
Conclusão
● Munira: Crime de favorecimento da prostituição ou exploração sexual de menor
(art. 218-B, §1º, do Código Penal).
● Tufi: Crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal).
Ambos os crimes, caso não tenham prescrito, podem ser denunciados e julgados conforme
as normas penais aplicáveis.