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Curso online FERIDAS E CURATIVOS DISPONÍVEL 24 HORAS POR DIA LÍDER EM CUSTO BENEFÍCIO EM CONFORMIDADE COM AS LEIS VIGENTES Técnicas e tratamentos SUMÁRIO Anatomia e fisiologia da pele ...................................................................................... Ferida ............................................................................................................................ Fisiologia da Cicatrização ........................................................................................... Avaliação de enfermagem .......................................................................................... Protocolo para o tratamento de feridas crônicas e do pé diabético ...................... Úlcera de pressão (UPP) ............................................................................................ Úlcera venosa ............................................................................................................... Avaliação de risco ........................................................................................................ Bota de Unna ................................................................................................................ Úlcera arterial ............................................................................................................... Cuidados de enfermagem para Úlcera arterial ........................................................ Úlcera neuropática / Pé diabético ............................................................................. Estratégias terapêuticas ortopédicas para o pé diabético ...................................... Feridas oncológicas ..................................................................................................... Aspecto nutricional ...................................................................................................... Reflexões sobre infecções em feridas ....................................................................... Referências .................................................................................................................. 2 4 5 6 9 11 14 15 18 19 21 22 26 28 29 32 34 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE 2 Protetora de estruturas internas; Termorreguladora; Protetora imunológica; Perceptora; Secretora; Absortiva; Sintetizadora de vitaminas. Epiderme: Suas células estão constantemente sendo substituídas e, à medida que morrem, se convertem em escamas de queratina, que se desprendem da superfície da pele. A epiderme é a camada mais externa da pele e é composta por células epiteliais e células de Langerhans, responsáveis pela defesa imunológica. Ela possui as seguintes camadas: Camada Córnea: É composta por células anucleadas com citoplasma rico em filamentos de queratina (proteína). Sua espessura varia conforme a região do corpo, sendo mais espessa nas palmas das mãos e plantas dos pés. As células de Langerhans têm função imunológica. A epiderme também é responsável pela formação de anexos cutâneos, como unhas, pelos e glândulas sebáceas e sudoríparas, que estão imersos na derme. Camada Granulosa: A presença de grânulos contribui para a queratinização da pele. Camada Espinhosa: Mantém a coesão das células epidérmicas e favorece a resistência ao atrito, pressão e fricção. Camada Basal: É formada pelas células basais e pelos melanócitos, que produzem a melanina responsável pela coloração da pele e pela proteção contra os raios ultravioletas. A pele é um órgão vital que faz parte do sistema tegumentar, juntamente com seus anexos. Representando cerca de 15% do peso corpóreo, ela desempenha um papel fundamental como revestimento protetor contra agentes nocivos. Além disso, a pele está em perfeita sintonia com o resto do organismo e pode refletir o estado geral de saúde. Sua espessura pode variar e sua elasticidade está relacionada à idade. A secreção sebácea e sudorípara influenciam o pH da pele, que normalmente fica em torno de 5,4 a 5,6, com variações topográficas. A pele é composta por duas camadas principais: a epiderme e a derme, e abaixo delas, há uma camada subcutânea denominada tecido subcutâneo ou hipoderme. Funções da pele: Estruturas da pele: 1. 2. Mucopolissacarídeos; Vasos sanguíneos; Glândulas sebáceas; Terminações nervosas; Fibras de colágeno; Vasos linfáticos; Fibras elásticas e reticulares; Folículos pilosos; Glândulas sudoríparas. 3. Derme: Localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo, a derme possui função de flexibilidade, elasticidade e resistência. É rica em fibras colágenas e elásticas, que conferem à pele sua capacidade de distender-se quando tracionada. Além disso, é bem irrigada por extensas redes capilares e é constituída por: 4. Tecido Subcutâneo (Hipoderme): Essa é a camada mais profunda da pele e fornece proteção contra traumas. Além disso, atua como isolante térmico e facilita a mobilidade da pele em relação às estruturas adjacentes. 3 Feridas Cirúrgicas Agudas Feridas Não Cirúrgicas Crônicas FERIDA Uma ferida é caracterizada como qualquer lesão que cause a interrupção do tecido corpóreo, resultando na perda de suas funções básicas. Essas lesões podem ser provocadas tanto de forma intencional, como em procedimentos cirúrgicos, quanto acidental, ocorrendo por meio de traumas. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS: QUANTO À CAUSA: 1. 2. As Feridas Agudas são aquelas que cicatrizam espontaneamente sem complicações, seguindo as três fases normais da trajetória da cicatrização: inflamação, proliferação e remodelação. Por outro lado, as Feridas Crônicas são aquelas que falharam no processo de cicatrização normal, seja por uma sequência desordenada ou por um tempo prolongado de reparação tecidual. Em alguns casos, mesmo passando pelo processo de reparação, essas feridas não alcançam uma restauração anatômica completa e não apresentam resultados funcionais satisfatórios (Lazarus et al, 1992). 4 5 Fisiologia da Cicatrização: Processo de Remodelação Tecidual Etapa Trombocítica: Nessa etapa, ocorre a ativação da cascata de coagulação e a hemostasia, garantindo a parada do sangramento. Etapa Granulocítica: Uma grande concentração de leucócitos realiza a fagocitose das bactérias, promovendo a "limpeza" do local da ferida. Etapa Macrofágica: Os macrófagos liberam enzimas, substâncias vasoativas e fatores de crescimento, auxiliando na reparação do tecido. Desenvolvimento do Tecido de Granulação: Células endoteliais, fibroblastos e queratinócitos trabalham em conjunto para formar o tecido de granulação, uma estrutura fundamental para a recuperação da área afetada. Elaboração de Colágeno: O colágeno é produzido continuamente no interior da lesão, contribuindo para a formação da nova matriz extracelular. Diminuição da Vascularização e dos Fibroblastos: A medida que a cicatrização progride, a vascularização e o número de fibroblastos diminuem gradativamente. Aumento da Força Tensil: Durante a fase reparadora, a cicatriz adquire gradualmente uma maior resistência mecânica, tornando-se mais forte. Reordenação das Fibras de Colágeno: As fibras de colágeno se organizam e realinham para aumentar a integridade estrutural do tecido cicatricial. A cicatrização é um processo totalmente orquestrado pelo próprio organismo, que desencadeia e realiza todas as etapas necessárias. O conhecimento das diferentes fases evolutivas é essencial para um tratamento adequado da ferida. Fase Inflamatória: Essa fase tem início no momento da lesão e pode durar de três a seis dias: Fase Proliferativa: Essa fase é marcada pela intensa divisão celular e acontece aproximadamente em três semanas: Fase Reparadora: Essa fase tem início por volta da terceira semana após a lesão e pode se estender por até dois anos: Ao entender e acompanhar as diferentes fases do processo cicatricial, torna-se possível adotar abordagens terapêuticas adequadas para promover uma cicatrização mais eficiente e um resultado final satisfatório. 6 Fluxograma de atendimento ENCAMINHAMENTO AO ESPECIALISTA SEMPRE QUE NECESSÁRIO AVALIAÇÃODE ENFERMAGEM A avaliação de enfermagem é uma etapa essencial do processo de cuidados de saúde, incumbindo ao enfermeiro realizar essa avaliação de forma sistematizada, a cada período mínimo de 30 dias ou sempre que necessário. Para garantir um tratamento eficiente, o enfermeiro é responsável por projetar um caminho clínico adequado para a cicatrização, valendo-se do uso de algoritmos de tratamento e planejamento de cuidados preventivos específicos para cada caso, levando em consideração a etiologia do paciente. Além disso, é crucial que o enfermeiro esteja plenamente ciente das condições sistêmicas do indivíduo em tratamento, a fim de promover uma abordagem mais holística e personalizada. Para tanto, poderá solicitar exames complementares necessários para fundamentar o tratamento de forma adequada. 7 Sempre que a situação demandar, o enfermeiro deve assegurar o encaminhamento do paciente para outras especialidades ou profissionais de saúde, garantindo uma assistência integral e colaborativa em benefício do bem- estar do indivíduo em tratamento. Essa atuação interdisciplinar é fundamental para alcançar os melhores resultados possíveis no processo de cuidado e recuperação do paciente. Tipos de Tecidos: A. Epitelização: É um novo tecido de revestimento mais delicado que a epiderme. B. Granulação: Refere-se à formação de um novo tecido de revestimento, caracterizado pela proliferação de tecido conjuntivo fibroso. C. Necrose: Descreve tecido morto. Existem dois tipos principais: esfacelo, que é a necrose úmida, e escara, que é a necrose seca. Evite friccionar o leito da ferida. Caso o curativo esteja aderido, umedeça-o com solução fisiológica morna (exceto em feridas hemorrágicas ou queimaduras) antes de removê-lo. Lave a pele ao redor da ferida e o pé, se aplicável, utilizando água e sabão neutro. Durante o banho, não molhe o curativo nem a ferida. CUIDADOS IMPORTANTES: 1. 2. 3. 4. DESBRIDAMENTO: Remoção de Tecidos Inviáveis para Cicatrização Adequada O desbridamento, também conhecido como desbridamento, é uma técnica utilizada para a remoção de tecidos inviáveis por meio de diferentes abordagens, tais como autolítica, enzimática, mecânica ou cirúrgica. O tecido necrótico, caracterizado por uma elevada carga bacteriana e células mortas, pode prejudicar o processo de cicatrização. Portanto, a manutenção do desbridamento, quando indicado, é essencial para proporcionar um leito propício à cicatrização. A escolha do método mais adequado deve ser feita em conjunto pelo enfermeiro e médico. O desbridamento mecânico é geralmente mais rápido, contudo, a decisão deve considerar o estado da ferida, a competência profissional envolvida e o cumprimento das normas regulatórias. É importante evitar um desbridamento excessivo, pois isso poderia levar a uma reintensificação do processo inflamatório e resultar na diminuição das citocinas inflamatórias. 8 Conforme o artigo 11, inciso I, alínea "m" da Lei 7.498/86, regulamentada pelo Decreto 94.406/87, o enfermeiro possui competência legal para assumir cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica, que exigem conhecimentos baseados em evidências científicas e a capacidade de tomar decisões imediatas. Dado que o desbridamento é um procedimento que requer conhecimento e avaliação periódica, é responsabilidade do enfermeiro, devidamente capacitado por meio de cursos específicos, realizar o desbridamento mecânico, respeitando a exclusividade do desbridamento cirúrgico, que é de competência exclusiva do médico. 9 Tecidos viáveis: granulação e epitelização. Tecidos inviáveis: necrose seca e úmida. PROTOCOLO PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS CRÔNICAS E DO PÉ DIABÉTICO O protocolo a seguir tem como objetivo fornecer diretrizes básicas para o tratamento de úlceras crônicas e do pé diabético, com base na avaliação da lesão. Neste momento, não abordaremos a etiologia da lesão nem as doenças que podem interferir no processo de cicatrização, pois serão tratadas em um capítulo específico posteriormente. É fundamental avaliar a ferida, identificando cuidadosamente as estruturas presentes: 1. 2. Com base nessas informações, será possível determinar a abordagem básica de tratamento. É importante lembrar que outras condutas além das descritas neste documento podem ser realizadas, entretanto, o profissional responsável necessitará de um embasamento teórico-prático mais amplo para fazê-lo com segurança. IMPORTANTE OBSERVAÇÃO: No caso de feridas infectadas, é imprescindível trocar a cobertura secundária diariamente. Consulte o capítulo sobre infecção para obter mais informações detalhadas. Além disso, é fundamental evitar a combinação simultânea de produtos. 10 FERIDAS CIRÚRGICAS Ferida aguda intencional FERIDAS TRAUMÁTICAS a)Abrasão: lesão superficial da pele por atrito de esfoliação ÚLCERA DE PRESSÃO (UPP) A úlcera de pressão (UPP) é uma ferida causada pela interrupção do fornecimento de sangue para uma determinada área do corpo, resultante de fatores externos como pressão constante, cisalhamento ou fricção. Essas condições adversas podem levar ao desenvolvimento de lesões cutâneas graves, prejudicando a circulação sanguínea local e, consequentemente, comprometendo a saúde da pele na região afetada. Plano de cuidados: A)Avaliar áreas de Risco 11 b) Laceração: ruptura por trauma B) Classificação das Úlceras por Pressão As úlceras por pressão são classificadas de acordo com a proposta mais amplamente utilizada pela NPUAP (National Pressure Ulcer Advisory Panel): Estágio I: Neste estágio, observa-se eritema não esbranquiçado na pele, que permanece intacta. Estágio II: Neste estágio, há perda parcial da epiderme e/ou derme. Pode-se notar a presença de bolhas, abrasões ou ulcerações. Estágio III: Aqui, há perda total da pele, podendo ou não haver comprometimento de tecidos adjacentes. Estágio IV: Neste estágio avançado, há comprometimento de estruturas profundas, incluindo ossos, órgãos e tendões. Observação: Existem casos impossíveis de estadiamento, nos quais as úlceras apresentam quase 100% de tecidos inviáveis. C) Avaliar Risco de desenvolver 12 13 MEDIDAS DE PREVENÇÃO SEGUNDO SCORE DA ESCALA DE BRADEN É fundamental aplicar continuamente medidas preventivas de acordo com o score apresentado. No ESTÁGIO I, é recomendado utilizar AGE (Aplicação de Gaze embebida em solução salina) duas vezes ao dia ou filme transparente por até sete dias. Para o ESTÁGIO II, a utilização de placa de HIDROCOLÓIDE CAMADA FINA é indicada, ou é possível seguir o algoritmo de tratamento. O tratamento deve ser conduzido de acordo com a apresentação da ferida, seguindo o algoritmo de tratamento específico. Além disso, é importante associar medidas preventivas de acordo com o score apresentado. D)Tratamento Prevenção e Tratamento de Úlceras por Pressão em Diferentes Estágios Úlceras por pressão Estágio I e II: Úlceras por pressão Estágio III e IV: 14 A aplicação contínua de medidas preventivas de acordo com o score apresentado é essencial. Deve-se realizar o desbridamento dos tecidos inviáveis. Após o desbridamento, a estadia da úlcera deve ser avaliada e classificada adequadamente. Úlceras por pressão impossíveis de estadiamento: É importante ressaltar que o tratamento e prevenção adequados das úlceras por pressão são essenciais para a promoção da cicatrização e para evitar complicações mais graves. Sempre consulte um profissional de saúde para obter orientações personalizadas para cada caso. ÚLCERA VENOSA - CUIDADOS E DIAGNÓSTICO A úlcera venosa é uma ferida que se desenvolve em decorrência da insuficiência venosa crônica. Antes de iniciar o tratamento, é fundamental identificar corretamente a causa da úlcera na perna. Um diagnóstico equivocado pode levar a abordagens inadequadas, especialmente no que se refere à aplicação essencial de compressão externa no tratamento das úlceras venosas. Origem Primária: Nessa categoria, estão incluídas as causas de varizes, dormência, cãibras, edema vespertino, gestações, sensação de peso,varicorragia e tromboflebite. Origem Secundária (trombótica): Nessa categoria, estão compreendidas as causas de edema pós-parto, pós-operatório, fraturas, tabagismo, uso de anticoncepcionais e períodos prolongados de imobilização (como estar acamado). PALPAÇÃO DE PULSOS POPLÍTEO, TIBIAL POSTERIOR E PEDIOSO: A ausência de pulsos não deve ser considerada como um indicativo isolado de comprometimento arterial. É essencial avaliar esses pulsos em conjunto com outros indicativos. TESTE DE DIGITO-COMPRESSÃO OU PERFUSÃO PERIFÉRICA: Pressionar a região da cabeça do metatarso e da polpa plantar por 3 segundos e observar o retorno da coloração normal. Este teste ajuda a verificar a adequada circulação sanguínea nos tecidos periféricos. A avaliação da circulação arterial é obrigatória para pacientes com úlceras na perna. A palpação dos pulsos distais e a medida do IPTB (Índice de Pressão Tornozelo/Braço) fornecem os elementos básicos necessários para realizar o diagnóstico diferencial com feridas isquêmicas. Garantir uma correta diferenciação entre úlceras venosas e isquêmicas é fundamental para um tratamento adequado e eficaz. Portanto, ao lidar com úlceras venosas, é imprescindível realizar uma avaliação minuciosa para determinar a origem da ferida, possibilitando a aplicação das terapias adequadas e promovendo a melhora do quadro clínico do paciente. A atenção aos detalhes diagnósticos e o cuidado com as intervenções terapêuticas contribuirão significativamente para um resultado positivo no tratamento das úlceras venosas. As origens das condições venosas podem ser classificadas em duas categorias: AVALIAÇÃO DE RISCO 15 ÍNDICE TORNOZELO-BRAÇO (ITB): O ITB é um teste indicado para classificação do risco cardiovascular, embora não forneça informações precisas sobre a localização da obstrução. É uma ferramenta útil para a detecção precoce de doença arterial oclusiva dos membros inferiores (DAOMI). Colocar o paciente em posição deitada de costas por 5 minutos antes de iniciar o teste. Medir a circunferência do braço para selecionar o tamanho adequado do manguito, Realizar a aferição da pressão arterial (PA) sistólica nos membros superiores (artéria braquial) com o auxílio do Doppler vascular, proporcionando maior precisão em relação ao uso do estetoscópio. Aferir a PA nos membros inferiores (região pediosa ou tibial posterior), posicionando o manguito a aproximadamente 3cm acima do maléolo. Procedimento de medição da pressão arterial: 16 17 Maior pressão no tornozelo direito (entre o pulso pedioso e o tibial posterior). Maior pressão nos membros superiores (MMSS). Maior pressão no tornozelo esquerdo (entre o pulso pedioso e o tibial posterior). Maior pressão nos membros superiores (MMSS). AVALIAÇÃO DO ÍNDICE TORNOZELO-BRAÇO (ITB) E RESULTADOS: ITB Direito: ITB Esquerdo: Resultados: Valores Avaliação ≥ 1,30 0,71 a 0,89 0,41 a 0,7 ≤ 0,4 0,9 a 1,30 Artérias não compressíveis DAOMI Leve DAOMI Moderada DAOMI Grave, dor isquêmica Aceitável – Circulação Normal Nota: ITB é o Índice Tornozelo-Braço, e os valores indicam o grau de compressibilidade das artérias e a condição circulatória. Valores menores que 1,0 sugerem problemas circulatórios, sendo que valores menores que 0,9 podem indicar doença arterial obstrutiva periférica (DAOMI) em diferentes níveis de gravidade. Valores maiores ou iguais a 1,30 geralmente indicam artérias não compressíveis. Repouso relativo: A cada 2 horas, é recomendado um repouso com as pernas elevadas por 15 a 20 minutos. Elevação da cama: Os pés da cama devem ser elevados em torno de 15 a 20 centímetros. Fisioterapia: É indicada a realização de sessões de fisioterapia para auxiliar na recuperação. Caminhadas: Entre os períodos de repouso, é recomendado caminhar para estimular a circulação. TRATAMENTO PARA ÚLCERAS VENOSAS Para o tratamento adequado de úlceras venosas, é importante seguir um algoritmo específico, que inclui as seguintes medidas: 18 Compressão: A terapia de compressão é essencial para diminuir a dor, controlar o refluxo venoso, melhorar a circulação e reduzir o edema. Existem dois tipos de compressão recomendados: inelástica, realizada com a Bota de Unna, e elástica. A aplicação da Bota de Unna pode ser feita desde que o Índice Tornozelo- Braquial (ITB) seja ≥ 0,9, e na ausência de diabetes, hipertensão e úlcera mista. Caso algum desses fatores esteja presente ou haja dúvidas, é necessário encaminhar o paciente ao médico vascular para avaliação e prescrição adequada. É importante estar atento a sinais de rejeição ao produto ou a uma colocação inadequada, como aumento da dor, piora do edema, cianose nas extremidades ou agravamento da úlcera. A redução do edema deve ser avaliada por meio de medições da circunferência da panturrilha e tornozelo em cada troca da bota. A colocação preferencialmente deve ocorrer pela manhã, após um repouso prévio de 15 minutos com as pernas elevadas. O paciente deve ser questionado se a compressão está confortável, evitando apertar demasiadamente. A bota deve ser trocada a cada 7 dias, porém, após a primeira aplicação, o paciente deve retornar em 2 dias para a troca do curativo secundário e avaliação da terapêutica. O paciente deve ser orientado a procurar o serviço de saúde imediatamente em caso de aumento significativo da dor e edema. Em alguns casos, a úlcera pode ser tratada apenas com a Bota de Unna, mas, em outras situações, pode ser necessário o uso de terapia compressiva elástica, prescrita apenas por médicos especializados em ambulatórios ou hospitais. Uso diário de meias de compressão prescritas pelo médico; Prevenção de acidentes ou traumas nas pernas; Procurar avaliação em unidade básica ao primeiro sinal de ruptura da pele ou lesão no membro; BOTA DE UNNA: O tratamento cirúrgico para correção de insuficiência venosa crônica é indicado em nível hospitalar. Recomendações para prevenção de recorrência após a cura: 19 Cuidados adequados com a pele, evitando o uso de produtos que possam causar sensibilização; Reavaliação periódica com base em sintomas e causas subjacentes em serviços de referência; Práticas posturais adequadas, incluindo a elevação dos membros inferiores por períodos prolongados, caminhadas controladas e exercícios para melhorar a função da articulação do tornozelo e o bombeamento dos músculos da panturrilha, bem como pausas ativas nas atividades diárias para evitar posições estáticas prolongadas em pé ou sentado. ÚLCERA ARTERIAL: CUIDADOS E TRATAMENTO A úlcera arterial é uma ferida isquêmica causada pela insuficiência arterial, frequentemente associada à aterosclerose. Seus sintomas mais comuns incluem claudicação intermitente e dor severa. Avaliação: Para a avaliação adequada, é importante buscar os fatores de risco que contribuem para a condição, como tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão arterial, hiperlipidemia e doença coronariana. Além disso, devem ser observados sinais como a queda de pelos, unhas quebradiças, claudicação, dor em repouso, impotência, diminuição de pulso, palidez do pé, cianose rubra, pés frios e atrofia muscular. 20 Realizar exercícios de "Buerger-Allen" para promover a circulação sanguínea nos membros afetados. Caminhar regularmente, até o limite de tolerância, para estimular o fluxo sanguíneo adequado. Evitar traumatismos na área afetada para não agravar a lesão. Manter os membros afetados posicionados abaixo do nível do coração, sempre que possível, para facilitar o retorno venoso. Evitar o uso de bandagens apertadas, que possam comprometer ainda mais a circulação. Deite-se de costas em uma superfície confortável. Eleve as pernas acima do nível do coração, mantendo-as nessa posição por 2 a 3 minutos. Essa posição ajuda a reduzir a pressão nas extremidades inferiores e a promover o retorno venoso, melhorando a circulação. Plano de Cuidados: Avaliar Risco É essencial encaminhar o paciente sempre para avaliação com um cirurgião vascular, a fim de determinar a conduta adequada, o tratamento necessário e, se for o caso, os encaminhamentosadicionais. Cuidados para o Tratamento: Visando o tratamento efetivo da úlcera arterial, é fundamental reduzir os fatores de risco envolvidos. Recomenda-se fortemente que o paciente não fume e mantenha um controle rigoroso da hipertensão arterial e diabetes mellitus. Além disso, manter um peso ideal é importante para a melhoria da circulação. Outras medidas que podem ajudar a melhorar a circulação colateral e contribuir para a cicatrização adequada da úlcera incluem: É importante lembrar que o tratamento da úlcera arterial deve ser realizado sob a supervisão e orientação de profissionais de saúde especializados, especialmente cirurgiões vasculares, para garantir os melhores resultados e evitar complicações. O exercício Buerger-Allen é uma técnica utilizada para melhorar a circulação sanguínea nas extremidades dos membros inferiores, como pés e pernas. É comumente recomendado para pessoas que têm problemas circulatórios, como a doença arterial periférica ou outras condições que afetam o fluxo sanguíneo nessas áreas. A seguir, vou detalhar as três posições do exercício Buerger-Allen: 1° Deitado: 21 Sente-se em uma cadeira ou banco com as pernas pendentes e relaxadas. Exercite os pés e os artelhos movendo-os para cima e para baixo, e para dentro e para fora. Faça esses exercícios por 3 minutos. Essa posição também ajuda a estimular a circulação e a aliviar a sensação de formigamento ou dormência nas pernas e pés. Deite-se de costas em uma superfície confortável. Coloque as pernas no mesmo nível do coração, mantendo-as nessa posição por 5 minutos. Essa posição ajuda a equilibrar a circulação sanguínea nas extremidades inferiores. 2° Sentado: 3° Deitado novamente: Recomenda-se realizar essa série de exercícios seis vezes por dia (4 vezes ao longo do dia), mas o tempo de intervalo entre cada série pode variar de acordo com a preferência do indivíduo ou a orientação do profissional de saúde. No entanto, é essencial interromper o exercício imediatamente se ocorrer dor significativa ou se houver uma mudança importante na coloração da pele das pernas ou dos pés. Esses sinais podem indicar problemas circulatórios graves que precisam ser avaliados por um profissional de saúde. Lembre-se de que qualquer programa de exercícios ou técnica terapêutica deve ser realizado com orientação médica ou de um profissional de saúde qualificado, especialmente se houver condições de saúde subjacentes. Higiene adequada: Utilizar sabão neutro para a limpeza da região afetada e garantir a secagem completa entre os dedos. Utilize toalhas macias para evitar atritos e danos à pele sensível. Proteção dos espaços interdigitais: É importante utilizar gazes esterilizadas para proteger os espaços entre os dedos afetados pela úlcera arterial. Enfaixamento não compressivo: Ao tratar feridas decorrentes da úlcera, utilize enfaixamento não compressivo. Nesse caso, utilize gazes de algodão para promover o aquecimento adequado da área. CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA ÚLCERA ARTERIAL Para tratar adequadamente úlceras arteriais, é essencial seguir os cuidados de enfermagem corretos. Abaixo estão as diretrizes recomendadas: 22 Técnica asséptica: Mantenha rigorosamente uma técnica asséptica durante o procedimento de curativo. Isso é fundamental para minimizar o risco de infecções. Não realizar debridamento: O debridamento da úlcera arterial deve ser feito exclusivamente pelo médico responsável. Não tente fazer isso por conta própria. Verificar o uso adequado de calçados: Certifique-se de que o paciente está utilizando calçados adequados e confortáveis. Calçados inadequados podem piorar o quadro e agravar as úlceras arteriais. É fundamental seguir essas orientações com atenção e buscar a supervisão adequada para garantir a eficácia do tratamento e a recuperação adequada do paciente. A colaboração entre a equipe de enfermagem e o médico é essencial para o manejo adequado das úlceras arteriais e a promoção da saúde do paciente. PÉ DIABÉTICO / ÚLCERA NEUROPÁTICA: UMA CONDIÇÃO COMPLEXA" O termo "Pé Diabético" é usado para descrever uma condição que envolve infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associados a anormalidades neurológicas e diferentes graus de doença vascular periférica em indivíduos com diabetes. A Diabetes pode afetar o sistema nervoso periférico, resultando na perda da sensibilidade protetora na planta dos pés. A pressão constante sobre esses pés insensíveis pode levar ao desenvolvimento de lesões. Além disso, outros fatores como insuficiência vascular, alterações tegumentares e ortopédicas também contribuem para o surgimento de úlceras. Os pés diabéticos são classificados em neuropáticos, angiopáticos e mistos, dependendo da causa subjacente. A neuropatia que afeta as extremidades inferiores pode ser categorizada em três tipos: autonômica, sensorial e motora. As úlceras estão fortemente associadas à deformidade dos pés, que podem ocorrer quando os indivíduos utilizam calçados inadequados para o seu tipo de pé ou quando há um corpo estranho dentro do calçado, resultando em lesões que podem evoluir para úlceras. Inicialmente, as úlceras podem passar despercebidas por um certo período, o que pode levar a infecções e, em casos mais graves, à necessidade de amputação. Outra condição que pode afetar os pés diabéticos é a neuroartropatia, também conhecida como Pé de Charcot ou artropatia neuropática, que consiste em um processo destrutivo, mas indolor, das articulações do pé e tornozelo. 23 Para diagnosticar a neuropatia diabética nos pés, há muito tempo são utilizados os monofilamentos de Semmes-Weinstein, que já comprovaram sua eficácia e são considerados altamente confiáveis para esse propósito. AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE PROTETORA NOS PÉS DE INDIVÍDUOS COM DIABETES. Neste procedimento, utiliza-se um monofilamento de 10 gramas para identificar áreas em que o paciente não apresenta sensação tátil, de acordo com uma ilustração específica. Inicialmente, o paciente é orientado sobre o procedimento, mostrando-lhe o monofilamento e demonstrando como o teste será realizado. Isso permite que o paciente observe e compreenda a sensação esperada. Após a explicação, o campo visual do paciente é ocluído e a avaliação é iniciada. O profissional toca firmemente pontos específicos nos pés do paciente, utilizando o monofilamento e solicitando que o paciente informe a sensação e a localização percebida em resposta aos estímulos aplicados. 24 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO: Classificação de Colleman Classificação do “Pé diabético” segundo Wagner, 1981 TRATAMENTO DE PROBLEMAS COMUNS Alguns problemas comuns nos pés podem causar desconforto e requerem atenção adequada. Os principais problemas incluem: 25 Bolhas / Calos: Bolhas ou calos são acúmulos de pele espessada causados por atrito e pressão repetitivos. O tratamento envolve limpeza adequada da área afetada e o uso de proteções adequadas para aliviar a pressão. Infecção por micose interdigital: A infecção por micose entre os dedos dos pés é comum e pode causar coceira e desconforto. O tratamento geralmente envolve antifúngicos tópicos para eliminar a infecção. Pequenas Infecções nas unhas: Infecções menores ao redor das unhas podem ocorrer devido a lesões ou cortes. A limpeza adequada da área e, em alguns casos, o uso de antibióticos tópicos podem ajudar a resolver o problema. Unha encravada: Uma unha encravada acontece quando a borda da unha cresce para dentro da pele, causando dor e inflamação. Em casos leves, pode- se fazer a correção do corte da unha, mas em situações mais graves, pode ser necessário consultar um profissional de saúde. Pequenos Ferimentos: Cortes e arranhões nos pés são comuns e podem ser tratados com limpeza adequada da ferida, aplicação de pomada antibiótica e cobertura com um curativo estéril. Fissura: Fissuras são rachaduras na pele, geralmente encontradas nos calcanhares. Hidratação regular e o uso de cremes específicos para pés podem ajudar a prevenir e tratar esse problema. Mantenha os dedos sempre secos. Procure avaliaçãomédica. Mantenha o local bem ventilado. Opte por meias de algodão. Após o banho, certifique-se de secar bem os pés. Hidratação com AGE ou óleos vegetais Cuidados para Micose Interdigital: Tratamento de bolha serosa: Utilize hidrocolóide em camada fina até que a bolha se rompa ou por sete dias, aplicando uma vez ao dia. Cuidados com as Unhas: • Manter o corte na forma quadrada. • Evitar o uso de objetos pontiagudos para a limpeza. • Não utilizar espátulas para descolar as unhas da base. • Realizar o corte a cada 4 semanas, no máximo. Tratamento de fissuras: 26 Medidas preventivas Atentar para sinais de infecção Lubrificação com hidratante ou AGE. Colocar protetores ou palmilhas vazadas. Não recortar com tesouras ou alicates. Proteção com hidrocolóide camada fina. Tratar com profissional especializado em cuidados podais. Tratar conforme o algoritmo de tratamento. Debridamento da queratose com profissional habilitado. Tratamento para calos: Tratamento para ferida: Evite fumar ou ingerir bebidas alcoólicas. Mantenha as extremidades aquecidas. Esteja atento(a) a bolhas, cortes ou arranhões e comunique-os imediatamente. Compre sapatos ao final do dia, garantindo o ajuste adequado. Evite calçados apertados, largos demais ou sandálias com tiras entre os dedos. Não utilize sapatos novos por mais de 2 horas. Inspecione e palpe o interior dos sapatos diariamente. Evite andar descalço. Utilize meias macias, sem costuras e feitas de algodão. Não use meias apertadas. ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS ORTOPÉDICAS PARA O PÉ DIABÉTICO O tratamento ortopédico para o pé diabético engloba cinco grandes grupos com características clínicas distintas: pé diabético com ferida, pé diabético sem ferida, Artropatia de Charcot, pé diabético séptico e cenários especiais. A cirurgia ortopédica desempenha um papel crucial na prevenção de lesões, na restauração funcional da extremidade e no tratamento urgencial do pé diabético infectado. Isso resulta em uma significativa redução dos índices de recorrência de úlceras, infecções e amputações, contribuindo para uma grande melhoria na qualidade de vida do paciente. Orientações para Prevenção de Úlceras em MMII: 27 No frio, use meias de lã com sapatos largos. Troque as meias diariamente. Coloque algodão entre os dedos que atritam entre si. Evite bolsas de água quente. Evite cruzar as pernas. Hidrate os pés, exceto entre os dedos. Lave os pés com água morna e sabão neutro, secando-os com toques suaves em vez de fricção. Após o banho, corte as unhas sempre de forma reta, não arredondada. Identifique fatores de risco através da inspeção regular dos pés. Caso tenha visão prejudicada, procure ajuda para cuidar dos pés, como cortar as unhas e fazer a inspeção diária. Não utilize produtos químicos para remover calos. Não retire a cutícula dos dedos, apenas empurre-a delicadamente. Utilize trajetos comuns em casa para evitar traumas nos pés. Não utilize medicamentos ou produtos por conta própria. Queimadura de 1º grau ou superficial: Provocada pelo excesso de sol, resulta em uma destruição superficial da epiderme. Geralmente seca, sem bolhas, com edema mínimo, eritema e dor. Queimadura de 2º grau ou parcial: Pode ser superficial ou profunda. A superficial limita-se à destruição do terço superior da derme, formando flictemas com edema intersticial. Quanto mais superficial, maior a exsudação e o surgimento de bolhas, que, se rompidas, podem causar dor intensa. A profunda atinge totalmente a derme, apresentando pele brilhosa, úmida e com exsudato, tecido necrosado aderido profundamente e esbranquiçado, além de dor em menor intensidade. As queimaduras profundas podem deixar sequelas. Queimadura de 3º grau ou profunda: Atinge todos os extratos cutâneos, incluindo tecido subcutâneo, fáscia muscular, músculos e até ossos. Pode acarretar necrose ou ter um aspecto vermelho vivo, edema e destruição das terminações nervosas, resultando na ausência de dor. A gravidade dessa queimadura depende do tempo de contato com o agente causador. Classificação de Queimaduras: As queimaduras são lesões agudas que podem ser provocadas por diversas causas, como calor, produtos químicos, eletricidade e radiação. Elas são classificadas em três graus: 1. 2. 3. 28 GRAVIDADE: • Porcentagem da área corporal queimada; • Idade do paciente; • Lesões pulmonares; • Presença de moléstias associadas. FERIDAS ONCOLÓGICAS: UM GUIA DE ESTÁGIOS Feridas oncológicas referem-se à infiltração de células malignas nas estruturas da pele, incluindo vasos sanguíneos e/ou linfáticos, podendo originar-se de tumores primários ou metastáticos. Dentre os cânceres mais frequentemente associados a esse tipo de ferida, estão mama, cabeça e pescoço, rim, pulmão, ovário, cólon, pênis, bexiga, linfoma e leucemia. Essas feridas podem começar de forma imperceptível, progredindo gradualmente para afetar a derme e o tecido subcutâneo, formando nódulos palpáveis ou não. Em estágios mais avançados, elas podem assumir uma aparência irregular, assemelhando-se a vegetações, sendo então denominadas feridas fungosas malignas. Para classificar as feridas neoplásicas ou tumorais, utiliza-se a classificação proposta por Haisfield-Wolfe e Baxendale-Cox em 1999, que descreve os estágios da seguinte maneira: Estágio 1: A pele está intacta, com tecido de coloração violácea e/ou avermelhada. Há um nódulo visível e delimitado, e a ferida é assintomática. Estágio 1N: A ferida pode estar fechada ou apresentar uma abertura superficial com orifícios de drenagem de exsudato límpido, amarelado ou com aspecto purulento. O tecido ao redor da ferida é avermelhado ou violáceo, podendo estar seco ou úmido. Pode haver dor e prurido, mas não há odor, tunelização ou formação de crateras. 29 Estágio 2: A ferida encontra-se aberta, envolvendo a epiderme e a derme. Pode apresentar ulcerações superficiais que são friáveis e sensíveis à manipulação, com pouca ou nenhuma exsudação (lesões secas) ou com exsudação em pequena quantidade (lesões úmidas). Há um processo inflamatório intenso ao redor da ferida, caracterizado por tecido vermelho e/ou violáceo, mas a ferida não atinge o tecido subcutâneo e não forma tunelizações. Estágio 3: As feridas envolvem a epiderme, derme e subcutâneo. Apresentam profundidade regular, mas com saliências e formação irregular. São friáveis, com áreas de ulceração e tecido necrótico liquefeito ou sólido e aderido. Exsudam de forma fétida, exibindo aspecto vegetativo, mas sem ultrapassar o subcutâneo. Podem apresentar lesões satélites em risco de ruptura iminente. O tecido apresenta coloração avermelhada ou violácea, enquanto o leito da ferida é predominantemente amarelado. Estágio 4: As feridas invadem profundas estruturas anatômicas, possuindo profundidade expressiva, sendo que, às vezes, seus limites não são visíveis. Exsudam abundantemente, possuem odor fétido e causam dor intensa. O tecido ao redor da ferida exibe coloração avermelhada ou violácea, enquanto o leito da lesão é predominantemente amarelado. ASPECTO NUTRICIONAL O processo cicatricial está diretamente relacionado com o estado nutricional do indivíduo, uma vez que diversos nutrientes participam da formação de novos tecidos. A reparação e reconstrução tecidual necessitam de quantidades adequadas de energia, proteínas, vitaminas e minerais, para alimentar os mecanismos fisiológicos. Frequentemente observamos orientações nutricionais errôneas que acabam por prejudicar a cicatrização, já que suspendem alimentos importantes neste processo. Segundo SOUZA, uma nutrição adequada é um dos mais importantes aspectos para o sucesso do processo de cicatrização, pois no processo de regeneração tecidual todas as fases exigem elementos nutricionais para uma boa cicatrização. A recuperação nutricional pode trazer melhores resultados no tempo de cicatrização. Todas as recomendação a seguir são referentes a fase adulta. 30 AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DA DOR EM TRATAMENTO DE FERIDAS O gerenciamento da dor é de suma importância no tratamento de feridas, sendo considerado poralguns autores como o 5° sinal vital, uma vez que afeta diretamente a adesão ao tratamento. Antigamente, a dor durante a troca de curativos era encarada tanto por profissionais da saúde quanto pelos pacientes como uma consequência inevitável do processo. No entanto, atualmente, há uma crescente preocupação com o controle e até mesmo a prevenção da dor nesse contexto. Várias escalas de avaliação da dor estão sendo aplicadas, e foram desenvolvidos curativos atraumáticos para minimizar o desconforto. É imprescindível avaliar a intensidade e a qualidade da dor em cada procedimento realizado, buscando ativamente proporcionar alívio para o paciente e sua queixa dolorosa. Dessa forma, é possível garantir uma abordagem mais humanizada e eficaz no tratamento de feridas. 31 ESCALAS O gerenciamento da dor é de suma importância no tratamento de feridas, sendo considerado por alguns autores como o 5° sinal vital, uma vez que afeta diretamente a adesão ao tratamento. Antigamente, a dor durante a troca de curativos era encarada tanto por profissionais da saúde quanto pelos pacientes como uma consequência inevitável do processo. No entanto, atualmente, há uma crescente preocupação com o controle e até mesmo a prevenção da dor nesse contexto. Várias escalas de avaliação da dor estão sendo aplicadas, e foram desenvolvidos curativos atraumáticos para minimizar o desconforto. É imprescindível avaliar a intensidade e a qualidade da dor em cada procedimento realizado, buscando ativamente proporcionar alívio para o paciente e sua queixa dolorosa. Dessa forma, é possível garantir uma abordagem mais humanizada e eficaz no tratamento de feridas. Escalas Nota zero Nota seis Nota oito Nota dez Nota três Dor ausente ou sem dor A dor não é esquecida, mas não impede exercer atividades da vida diária A dor não é esquecida, e atrapalha todas as atividades da vida diária, exceto alimentação e higiene DAOMI Grave, dor isquêmica Dor presente, havendo períodos em que é esquecida 32 REFLEXÕES SOBRE INFECÇÃO EM FERIDAS Toda ferida, especialmente as abertas, é naturalmente colonizada por bactérias. No entanto, é importante ressaltar que isso não retarda o processo de cicatrização, nem significa que todas as feridas serão automaticamente infectadas. Ao realizar uma boa limpeza, é possível minimizar uma colonização crítica e até mesmo prevenir a infecção. Microbiologia comum das lesões: Colonizantes S. epidermidis Streptococcus spp Corinebacterium spp S. aureus Infectantes Streptococcus spp Clostridium spp Klebsiella spp S. Aureus Proteus spp P. aeruginosa Bacteroids spp Proteus spp E. coli P. aeruginosa Prolongamento do processo de cicatrização. Destruição do tecido. Retardo na síntese do colágeno. Inibição da epitelização. Lave a ferida com soro fisiológico. Utilizando um bisturi, retire 3 a 4 mm da lesão. Coloque o tecido em um tubo estéril. Cultive-o dentro de 1 hora ou imerja em tioglicolato. A presença de infecção em uma ferida pode acarretar diversos problemas, tais como: A infecção interfere no estágio inflamatório da cicatrização, uma vez que as células têm que combater uma grande quantidade de bactérias. Além disso, ela também inibe a capacidade dos fibroblastos de produzirem colágeno. Se houver suspeita de infecção, é importante colher uma biópsia do tecido para cultura. Procedimento para a biópsia de tecido: 33 Remover o excesso de exsudato. Minimizar a colonização bacteriana. Prevenir infecções. Promover a cicatrização. A troca do curativo tem os seguintes objetivos: O desenvolvimento de uma infecção em uma ferida pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, causando dor, ansiedade e representando uma ameaça à saúde. No caso de infecção, o tratamento com antibioticoterapia (após prescrição médica) deve ser considerado, juntamente com o uso de terapia tópica à base de prata. Um fenômeno a ser observado é o biofilme, que consiste na formação de uma comunidade microbiana envolta em uma matriz de substância polimérica extracelular, firmemente aderida à superfície da ferida. REFERÊNCIAS Ayello E, Franz R. Competency-based nursing curricula for pressure ulcer prevention and treatment. Dermatology Nursing, 15(1), 44-65, February 2003. Bajay HM. Registro da evolução de feridas: elaboração e aplicabilidade de um instrumento. 2001. Tese (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade de Campinas, Campinas. Bergstrom N et al. Pressure ulcer treatment. 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