Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Faculdade de Minas 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM E TRATAMENTO DE 
OSTOMIAS, FERIDAS E QUEIMADURAS 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
3 
Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 5 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 6 
ESTOMATERAPIA .......................................................................................... 7 
Evolução e possíveis complicações ............................................................. 8 
Atribuições do Enfermeiro com Especialidade em Estomaterapia ............. 10 
Equipamentos Coletores ........................................................................ 11 
Acessórios .............................................................................................. 12 
Adjuvantes de proteção e segurança ..................................................... 13 
Aquisição, controle e distribuição ............................................................... 14 
Cuidados com a ostomia ........................................................................ 15 
FERIDAS ....................................................................................................... 21 
Classificação Da Ferida ............................................................................. 21 
Morfologia ............................................................................................... 24 
Mensuração da Ferida ............................................................................ 25 
Feridas neoplásicas ................................................................................... 26 
Definição................................................................................................. 26 
Dados epidemiológicos .......................................................................... 26 
Fisiopatologia ......................................................................................... 27 
Avaliação do paciente e da ferida .............................................................. 30 
Hemorragia ............................................................................................. 32 
Odor ....................................................................................................... 33 
Dor .......................................................................................................... 35 
Sinais de infecção .................................................................................. 36 
Ferida Traumática ...................................................................................... 36 
CARACTERÍSTICA DO LEITO DA FERIDA .............................................. 37 
Cicatrização Da Ferida ........................................................................... 37 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
4 
Tipos De Cicatrização ............................................................................ 39 
Fatores Que Interferem No Processo De Cicatrização ........................... 39 
Complicações Da Cicatrização De Feridas ............................................ 40 
Condições Ideais Para O Processo De Cicatrização .............................. 40 
Estado Nutricional No Processo De Cicatrização ................................... 41 
Desbridamento Da Ferida....................................................................... 42 
Limpeza da Ferida ..................................................................................... 46 
Pele Ao Redor Da Lesão ........................................................................ 46 
A Escolha Do Curativo ........................................................................... 46 
Tipos de curativos .................................................................................. 49 
Tipos de coberturas de curativo ............................................................. 50 
Técnicas de curativos utilizados ............................................................. 50 
Curativos tradicionais ............................................................................. 50 
Curativo interativo e bioativo em feridas abertas .................................... 51 
Qual curativo utilizar? ................................................................................. 51 
LESÕES POR PRESSÃO ............................................................................. 52 
QUEIMADURAS ............................................................................................ 54 
Tratamento do Paciente Queimado ........................................................... 57 
Assistência de Enfermagem ao Paciente Queimado ................................. 58 
REFERÊNCIAS: ............................................................................................ 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
5 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
6 
INTRODUÇÃO 
 
O paciente ao passar por uma estomia, se vê diante de diversas 
modificações do contexto físico, psicológico, espiritual, social e sexual, fato que é 
capaz de provocar consideráveis limitações em seu cotidiano. A saúde, em sua 
visão holística, enfoca a necessidade de atenção do paciente estomizado voltada 
para a representação desse estoma para a sociedade, uma vez que é muito 
complicado para o indivíduo enfrentar o preconceito de pessoas que não costumam 
conviver com estomizados. Frente esse contexto, a maior parte dos paciente 
sentem-se mutilados após a cirurgia, e vivem em um período de luto com o próprio 
corpo. Diversos fatores influenciam o autocuidado do paciente, bem como a adesão 
e motivação para o tratamento, conhecer esses fatores é fundamental para a 
compreensão dos desafios do processo de cuidar em estomaterapia. 
A assistência prestada a pacientes estomizados vem sendo cada vez mais 
enfocada na área de Enfermagem, uma vez que o enfermeiro é responsavel pelo 
tratamento do estoma. Este possui um papel extremamente relevante em ações de 
educação em saúde, garantindo que o paciente compreenda seu quadro e se 
adapte a ele, auxiliando também na sua autonomia perante o auto cuidado. 
Pacientes queimados manifestam dor intensa e grande impacto emocional, fatores 
estes que interferem em sua recuperação. É preciso que o profissional de 
enfermagem possua conhecimento sobre a etiologia da queimadura, para decidir as 
medidas e intervenções terapêuticas a serem adotadas, direcionando os cuidados 
da equipe, assegurando, assim, melhora e evolução do paciente. A gravidade da 
queimadura está diretamente relacionada com sua extensão e profundidade da 
lesão gerada no organismo. 
Pacientes portadores de feridas necessitam de uma assistênciana pele ao redor da ferida em 
risco de maceração, como na região da fralda em pacientes com 
incontinência. 
A Escolha Do Curativo 
 
O curativo escolhido deve atender as seguintes funções: 
• Promover desbridamento autolítico; 
• Regular a umidade; 
• Favorecer a angiogênese; 
• Aumentar a granulação; 
• Proteger terminações nervosas (diminui a dor); 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
47 
• Facilitar a reepitelização (sem machucar ou macerar a borda); 
• Proporcionar barreira bacteriana; 
• Impermeável à água; 
• Permeável à vapor (permite que a pele respire); 
• Fácil remoção, sem prejudicar os tecidos novos. 
Coberturas e sua utilização 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
48 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
49 
 
Quadro: 3 
 
Tipos de curativos 
 
Incisões cirúrgicas com bordos aproximados, cicatrização por primeira 
intenção: a partir de 24 horas já podem ficar expostas, pois já se formou a rede de 
fibrina protetora impossibilitando a entrada de microorganismos· 
Se o usuário desejar que a incisão fique coberta, poderá ser realizado apenas 
um curativo passivo. 
● Feridas abertas: Irrigação com solução fisiológica 0,9%, morna (em torno 
de 37°C) , utilizando seringa de 20ml e agulha 40X12 (a pressão exercida no leito 
da lesão não deve ultrapassar 15 psi, a fim de preservar os neotecidos formados). 
● Lesões fechadas: Consiste no curativo tradicional, com uso de pinças. 
● Drenos: É considerado um curativo complexo. O dreno tem como objetivo: 
proporcionar a drenagem de sangue, exsudato, bile e outros fluidos corpóreos, 
evitando acúmulo destes na cavidade. 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
50 
Tipos de coberturas de curativo 
 
Passivo: Somente protegem e cobrem as feridas. 
Interativos: Proporcionam um micro-ambiente ótimo para a cura da ferida. 
Biotivos: Resgatam ou estimulam a liberação de substâncias durante o 
processo de cura. 
 
Técnicas de curativos utilizados 
 
Estéril: Curativo realizado na unidade de saúde, com material estéril (pinças 
ou luvas), solução fisiológica 0,9% aquecida e cobertura estéril. 
Limpa: Curativo realizado no domicílio, pelo usuário e/ou familiar. Realizado 
com material limpo, água corrente ou soro fisiológico 0,9% e cobertura estéril. 
 
Curativos tradicionais 
Material 
● Pacote de curativo (normalmente tem 1 pinça hemostática e/ou Kocher, 1 
anatômica e 1 dente de rato); 
● Pacote de compressa cirúrgica 7,5x7,5 cm estéreis; 
● Saco de lixo hospitalar (se necessário); 
● Chumaço (s/n); 
● Cuba rim; 
● Atadura (s/n); 
● Luvas de procedimento; 
● Solução fisiológica a 0,9% aquecida (37°C) ou com solução Phmb 0,2%; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
51 
● Micropore ou rede tubular (s/n). 
 
Curativo interativo e bioativo em feridas abertas 
 
 Material 
● Cobertura adequada à ferida (de acordo com a prescrição 
de Enfermagem); 
● Luvas de procedimento; 
● Pacote de curativo previamente escolhido conforme 
características da lesão; 
● Cuba rim; 
● Saco de lixo hospitalar (s/n); 
● Pacote de gaze estéril; 
● Cuba redonda estéril; 
● Seringa de 20 ml; 
● Agulha 40x12; 
● Solução fisiológica 0,9% (37°C) ou com solução Phmb 0,2%; 
 
Qual curativo utilizar? 
 
A seleção dos curativos é apenas um componente do tratamento de feridas; 
● Não existe mágica em nenhum tratamento de lesões. Cada tratamento é 
uma sequência de ações, orientações e cuidados; 
● Cada ferida e cada paciente devem ser vistos de forma única e individual; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
52 
● Nem todos os produtos são apropriados para todas as feridas e suas fases 
de cicatrização. Cada qual tem sua fase específica; 
● Para que a equipe tenha sucesso no tratamento da ferida, o profissional 
deve criar um plano de cuidados personalizado para cada paciente, dentro do 
protocolo 
● Os princípios básicos de tratamento de feridas devem sempre nortear todo 
o tratamento. 
 
Os curativos devem atender ao máximo as funções a seguir: 
 
● Promove desbridamento autolítico; 
● Regular a umidade; 
● Favorecer a angiogênese; 
● Aumentar a granulação; 
● Proteger terminações nervosas (diminui a dor); 
● Facilitar a reepitelização (sem machucar ou macerar a borda); 
● Proporcionar barreira bacteriana; 
● Impermeável à água; 
● Permeável à vapor (permite que a pele respire); 
● Fácil remoção, sem prejudicar os tecidos novos. 
 
LESÕES POR PRESSÃO 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
53 
Lesões localizadas na pele, provocadas pela interrupção do fornecimento de 
sangue para a área, consequentes da pressão, cisalhamento, fricção ou 
combinação desses três elementos. 
O termo “escara” não deve ser utilizado para a definição de lesão por 
pressão, e sim para designar apenas a parte necrótica ou crosta da ferida. 
As LPs são indicadores da qualidade da assistência prestada, assim devem 
ser uma preocupação constante das políticas públicas de saúde, pois elevam os 
custos da assistência, denigrem a imagem dos serviços e dos profissionais que 
neles atuam. 
 
Categoria Descrição 
I Eritema esbranquiçado, com pele 
intacta. 
II Perda parcial da epiderme e/ou derme. 
Pode ter bolha, abrasão ou ulceração 
III Perda total da pele, com ou sem 
comprometimento de tecidos 
adjacentes. 
IV Comprometimento de estruturas 
profundas (ossos, órgãos e tendões). 
 
Suspeita de 
lesão tecidual 
profunda 
Área localizada de pele intacta de cor 
púrpura ou castanha ou bolha 
sanguinolenta devido a dano no tecido 
mole, decorrente de pressão e/ou 
cisalhamento. 
 
Inclassificável 
Perda da espessura tecidual total onde a 
profundidade real da ulcera não é visível 
devido a presença de tecido necrótico 
de liquefação e ou tecido necrótico de 
coagulação (escara) 
Quadro 4 - Classificação das Lesões por Pressão. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
54 
Locais de maior incidência das LPs: região sacral, calcanhares, cotovelos, 
maléolos laterais, trocânter maior e região isquiática. 
Prevenção de LP é uma prioridade no cuidado de acamados e cadeirantes, 
sendo imprescindível que se avalie os fatores de risco para o desenvolvimento das 
mesmas, utilizando a Escala de Braden. 
As LPs podem aparecer também em áreas de tecidos moles, onde não 
apresentam proeminências ósseas. Devido à relação intensidade e duração da 
pressão, precisamos ter cuidado nas fixações dos dispositivos médicos. 
A manutenção da integridade da pele dos pacientes restritos ao leito tem por 
base o conhecimento e a aplicação de medidas de cuidado relativamente simples. 
A maioria das recomendações para avaliação da pele e as medidas 
preventivas podem ser utilizadas de maneira universal, ou seja, tem validade tanto 
para a prevenção de LP como para quaisquer outras lesões da pele. 
As recomendações para prevenção devem ser aplicadas a todos os 
indivíduos vulneráveis em todos os grupos etários. As intervenções devem ser 
adotadas por todos os profissionais de saúde envolvidos no cuidado de pacientes e 
de pessoas vulneráveis, que estejam em risco de desenvolver lesões por pressão e 
que se encontrem em ambiente hospitalar, em cuidados continuados, em lares, 
independentemente de seu diagnostico ou das necessidades de cuidados de saúde. 
 
QUEIMADURAS 
 
No Brasil, os casos de queimaduras indicam um considerado agravo de 
saúde pública. Estudos demonstram que na maior parte das situações notificadas 
no país, ocorre no interior da residência da vítima. As crianças e os idosos 
representam os grupos de alto risco para queimaduras, em razão da menor 
capacidade de reação que estes apresentam. As queimaduras podem ser definidas 
como lesões dos tecidos orgânicos provocadas por trauma de origem térmica, 
química ou elétrica. O fator influenciador da gravidade do ferimento é a 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
55 
profundidade da queimadura, isto é, a quantidade de estruturas da pele e abaixo 
dela que foram atingidos. As queimaduras representam um ambiente idealpara 
evolução de uma infecção, como consequência do acometimento da pele. A 
infecção encontra-se associada a vários fatores de risco, especialmente aqueles 
referentes ao agente infeccioso em si, como a sua capacidade de virulência 
replicação, e resistência às barreiras de defesa naturais ou terapias antimicrobianas. 
Além disso, fatores como idade, estado nutricional, extensão e profundidade da 
queimadura são capazes de interferir nesse processo. 
O paciente grande queimado encontra-se mais propenso a adquirir infecções, 
isso devido à perda de cobertura cutânea e imunossupressão. É importante 
destacar também que internações longas em conjunto com a realização de 
procedimentos invasivos como a cateterização vascular e vesical, deixam esses 
pacientes mais expostos a infecções nosocomiais. Os avanços da saúde no 
tratamento de queimaduras têm melhorado a qualidade de vida das vítimas de 
queimaduras, no entanto as complicações infecciosas continuam sendo um 
obstáculo a ser superado. A infecção é uma das mais frequentes e graves 
complicações no paciente queimado. 
Queimaduras de primeiro grau 
São caracterizadas pelo eritema (vermelhidão), que clareia quando sofre 
pressão. Existe dor e edema, mas usualmente há bolhas. 
 
 
Imagem: 5 
Queimaduras de segundo grau 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
56 
São caracteristicamente avermelhadas e dolorosas, com bolhas, edema 
abaixo da pele e restos de peles queimadas soltas. São mais profundas, provocam 
necrose e visível dilatação do leito vascular. Em queimaduras de segundo grau 
superficiais não há destruição da camada basal da epiderme, enquanto nas 
queimaduras secundárias profundas há. Não há capacidade de regeneração da 
pele. A dor e ardência local são de intensidade variável. 
 
Queimaduras de terceiro grau 
São aquelas em que toda a profundidade da pele está comprometida, 
podendo atingir a exposição dos tecidos, vasos e ossos. Como há destruição das 
terminações nervosas, o acidentado só acusa dor inicial da lesão aguda. São 
queimaduras de extrema gravidade. Quanto maior a extensão da queimadura, maior 
é o risco que corre o acidentado. Por exemplo, uma queimadura de primeiro grau, 
que possua uma vasta extensão, é considerada de alta gravidade. O grande 
queimado é caracterizado por hipovolemia com hemoconcentração, e pelo intenso 
desequilíbrio hidroeletrolítico decorrente da grande perda de líquidos causada por 
ação direta da temperatura ambiental sobre estruturas adjacentes à pele; 
modificação da permeabilidade vascular; sequestro de líquidos, eletrólitos e 
proteínas na área queimada. 
O quadro se agrava com a destruição das hemácias e infecção, que se 
instala imediatamente ao trauma e, mais lentamente, nos períodos subjacentes. 
Estas alterações fisiopatológicas são diretamente proporcionais à extensão da lesão 
e ao peso do acidentado. Para melhor entendermos a avaliação da extensão das 
queimaduras, é importante conhecermos a chamada "regra dos nove", um método muito útil 
para o cálculo aproximado da área de superfície corporal queimada, assunto abordado na 
apostila sobre assistência de enfermagem ao paciente queimado. O grau de mortalidade 
das queimaduras está relacionado com a profundidade e extensão da lesão e com a idade 
do acidentado. Queimaduras que atinjam 50% da superfície do corpo são geralmente fatais, 
especialmente em crianças e em pessoas idosas. 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
57 
Tratamento do Paciente Queimado 
 
 Tratamento I - queimaduras de espessura parcial 
Neste tipo de queimaduras é esperada a reepitelização a partir dos anexos 
dérmicos. Nenhum produto tópico, exceto talvez fatores de crescimento utilizados 
experimentalmente, podem acelerar o processo de cicatrização. Portanto, o 
princípio básico do tratamento é o de não agredir mais a pele. 
O primeiro atendimento deve consistir de: 
• Anamnese: como, quando, onde e com o que ocorreu a queimadura; 
• Analgesia; 
• Comprovação da imunização antitetânica; 
• Limpeza da superfície queimada com clorexidine 1%; 
• Curativo primário não aderente com murim com AGE; 
• Curativo secundário absorvente com chumaços de gaze; 
• Curativo terciário com ataduras e/ou talas para conforto. 
• As bolhas íntegras quando presentes no primeiro curativo, se o tempo 
decorrido da queimadura até o atendimento for menor que 1 hora devem ser 
aspiradas com agulha fina estéril, mantendo-se íntegra a epiderme como 
uma cobertura biológica à derme queimada, já que a retirada do líquido da 
flictena remove também os mediadores inflamatórios presentes, minimizando 
a dor e evitando o aprofundamento da lesão. Caso o período seja maior que 
1 hora deve-se manter a flictena íntegra, e se a flictena estiver rota, fazer o 
desbridamento da pele excedente. 
Após 48 horas o curativo deve ser trocado com degermação da superfície 
queimada e curativo fechado com sulfadiazina de prata creme ou, 
preferencialmente, por coberturas que permaneçam por 5 a 7 dias, evitando a troca 
frequente, mantendo o processo de reepitelização. É recomendável que os curativos 
sejam inspecionados a cada 48 horas para monitorar o processo de cicatrização e o 
aparecimento de infecção. Dentre os curativos que podem ser utilizados como 
“permanentes” cita-se os hidrocolóides e rayon com prata nanocristalina de 
liberação lenta. Antibióticos não estão indicados, exceto se for observada na troca 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
58 
de curativos, secreção purulenta, celulite peri-queimadura, edema, petéquias e 
sinais sistêmicos como febre e comprometimento geral. 
Em geral, ao final de 21 dias, o processo de reepitelização se completa, 
permanecendo a área queimada com aspecto hipercrômico, usualmente 
avermelhado ou róseo, que tende a desaparecer. O acompanhamento ambulatorial 
deve incluir neste momento, uso de cremes hidratantes em grande quantidade, 
acompanhado de massagem no local, evitar o sol por 06 meses e monitoramento 
durante 01 ano para o aparecimento de cicatrizes hipertróficas. 
Tratamento II – queimaduras de espessura total 
O tecido queimado deve ser tratado com degermação – balneoterapia diária 
com clorexidina 1% – e uso de agentes antimicrobianos como sulfadiazina de prata 
para evitar a proliferação bacteriana no tecido queimado. Concentrações muito 
baixas são letais para a maioria dos microrganismos, agindo na membrana celular e 
na parede celular bacteriana. Após o enxágüe da clorexidina, ela é aplicada em uma 
camada fina, sobre a superfície queimada. O tratamento deve ser contínuo, com 
aplicação 1 vez ao dia, após o banho. Está sempre indicada a excisão e enxertia de 
pele, portanto o usuário deverá ser encaminhado ao hospital para a realização do 
procedimento. 
 
Assistência de Enfermagem ao Paciente Queimado 
 
O paciente queimado apresenta características próprias, como estresse, e 
ansiedade que vão intensificar o sintoma da dor, influenciando diretamente em 
todos os demais sintomas presentes no quadro clínico do queimado. A qualidade da 
assistência de enfermagem é decisiva na recuperação precoce do paciente e na 
prevenção de sequelas físico-psicossocias. O paciente deve ser recebido em sala 
própria para atendimento de queimados até 24 horas após o acidente (considerado 
não infectado); colocado em mesa revestida de campo estéril, removidos toda 
vestimenta, jóias e demais objetos de adorno, para melhor observação da área 
queimada. A equipe deve estar devidamente paramentada, isto é, usando avental, 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
59 
gorro, máscara e luvas estéreis. A assistência, para fins didáticos está dividida em 
local e sistêmica. 
Tratamento geral ou sistêmico imediato: visa prevenir os sintomas de anóxia, 
dor, choque e infecção que devem ser tratados o mais precocemente possível. 
Tratamento da anóxia 
A anóxia pode ser resultante da insuficiência respiratória ou da anóxia 
tecidual. Deve ser corrigida imediatamente,através de administração de O2 úmido 
por cateter nasal, principalmente nos casos evidentes de acidentes ocorridos em 
ambientes fechados com inalação de fumaça. O paciente pode apresentar, além de 
rouquidão, queimadura total ou parcial dos pelos das narinas e edema. Quando 
associada às queimaduras da face e pescoço que apresentam edema acentuado, o 
paciente corre o risco de edema de orofaringe, o que deve ser evitado, mediante 
observação constante e, se necessário, intubação ou traqueostomia. O material 
necessário para estes procedimentos deves estar em condições de uso na sala de 
urgência. Os pacientes com este quadro deverão ser observados constantemente 
durante 48 horas após o acidente. 
Tratamento do Choque 
O tratamento do choque se caracteriza pelo restabelecimento e manutenção 
do volume líquido circulante. O desencadeamento do choque se dá só pela perda 
de líquidos, mas por vários outros fatores já descritos anteriormente. O choque é um 
dos sintomas principais da fase aguda das queimaduras e se não prevenido ou 
tratado precocemente causa vários problemas, chegando a ser irreversível e 
levando o paciente à morte prematura. O tratamento consiste na reposição dos 
líquidos perdidos, a qual deverá ser iniciada imediatamente após a coleta de 
amostra de sangue para exames e da sedação do paciente na sala de urgência. A 
via escolhida deve ser a periférica, até a avaliação geral da necessidade quantitativa 
de hidratação. Para o cálculo dos líquidos que serão infundidos deverão ser 
consideradas a extensão e profundidade da área queimada, o peso do paciente e 
fatores de risco, como idade, patologias preexistentes que influenciarão no estado 
geral do paciente, entre elas, as cardiopulmonares, as nefropáticas, vasculares e 
outras. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
60 
Em geral, adultos com queimaduras acima de 20% de Superfície Corporal 
Queimada e crianças com queimaduras acima de 10% de (SCQ) deverão ser 
hidratadas por via endovenosa, além da oral. Em todos os casos de grandes 
queimados e em alguns de médio queimados, a hidratação deverá ser fita através 
de uma veia calibrosa (flebotomia ou intracath). 
Controle de reposição de líquidos 
O cálculo da quantidade e volume dos líquidos a ser reposta não deve ser 
inflexível e sim adaptado às necessidades específicas de cada paciente, evitando a 
super ou sub- hidratação. O indicador mais preciso da quantidade adequada é o 
volume urinário. Porém, há outros fatores que devem ser observados, como: 
- Condições gerais do acidentado; 
- Exame do sistema cardiovascular ou respiratório; 
- Idade (geriátricos e crianças toleram menos infusões rápidas, devido às 
características do sistema cardiorrespiratório); 
- Outras patologias preexistentes. 
Controle laboratorial 
O hematócrito permite acompanhar a regressão ou progressão da 
hemoconcentração na fase aguda. Outros fatores podem surgir, interferindo nas 
características e no volume sanguíneo, como hemólise das hemácias, úlcera de 
Curling e outros, alterando o resultado do hematócrito a ponto de não servir mais 
como parâmetro para a hidratação adequada. 
Controle da diurese 
Deverá ser cateterizada a bexiga com sonda vesical de demora. O volume 
urinário horário no adulto deve manter-se entre 30 a 60 ml/h, principalmente nas 
primeiras 48 horas e, na criança, 1 ml/kg de peso. A redução da diurese indica 
hidratação insuficiente e consequentemente problema renal. O volume aumentado 
indica administração hídrica excessiva ou lesão renal. Estas alterações deverão ser 
corrigidas mediante mudança na conduta terapêutica. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
61 
Prevenção De Infecção 
A prevenção da infecção deve ser iniciada o mais precocemente possível, já 
no atendimento de urgência, usando sala asséptica, pessoal treinado e 
adequadamente paramentado. Em alguns casos, onde as condições higiênicas da 
queimadura são precárias, utiliza-se antibiótico profilático. Rotineiramente, é feita a 
prevenção do tétano em queimados. Esta infecção é grave e quase sempre fatal. Os 
pacientes não imunizados ou que receberam vacina completa há mais de 10 anos, 
ou aqueles que não receberam as 3 doses da vacina, devem receber imunização 
ativa e passiva. Alguns serviços preferem fazer a imunização completa nos 
pacientes com mais de 5 anos de vacinação, com 3 doses, fundamentados no 
princípio do risco da conservação inadequada da vacina. 
Imunização ativa: Compreende a administração de um antígeno para 
estimular a formação de anticorpos contra o tétano. Em geral, são necessárias 2 a 3 
semanas para se formarem os anticorpos. 
Imunização passiva: Compreende a administração de anticorpos formados 
previamente, tem vida curta de atuação, em torno de 3 semanas 
Tratamento imediato, no local da área queimada 
O tratamento local tem por objetivo aliviar e tratar os sinais e sintomas que 
surgem na queimadura, como a dor, perda de líquidos, destruição dos tecidos e 
infecção. A realização de curativo local visa isolamento e proteção da lesão do meio 
ambiente por tempo suficientemente capaz de recuperá-la. O manejo consciente da 
área queimada é de extrema importância, visando à profilaxia de infecções e a 
epitelização rápida da área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
62 
REFERÊNCIAS: 
 
BLANES, Leila. Tratamento de feridas. Cirurgia vascular: guia ilustrado. 
São Paulo, 2004. 
CARTILHA DO HOMEM OSTOMIZADO I coordenação de Cândida 
Carvalheira. -Rio de Janeiro: ABRASO, 200424 p. : 15 x 21 cm. 
CESARETTI, I. U. R. Assistência em estomaterapia: cuidando de pessoas 
com estomia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2015.p. 83-101. 
CEZARETI, Isabel Ribeiro; GUIDI, Mônica Ethel. Assistência de enfermagem 
em estomaterapia: atividade independente. Acta Paul Enferm., v. 7, n. 1, p. 11-18, 
1994. 
DE AGUIAR PRADO, Athaynne Ramos et al. O saber do enfermeiro na 
indicação de coberturas no cuidado ao cliente com feridas. Estima–Brazilian 
Journal of Enterostomal Therapy, v. 14, n. 4, 2016. 
DELAVECHIA, R. P. et al. A percepção de si como ser-estomizado: um 
estudo fenomenológico. Revista de Enfermagem da UERJ, Rio de Janeiro, v. 18, 
n. 2, p. 223-228, abr./jun. 2010. 
ESPÍRITO SANTO. Secretaria de Saúde. Manual De Orientação Aos 
Serviços De Atenção Às Pessoas Ostomizadas. 2017 
FLORIANÓPOLIS. Secretaria Municipal de Saúde. Vigilância em Saúde. 
Protocolo de cuidados de feridas / Coordenado por Antônio Anselmo Granzotto 
de Campos; organizado por Lucila Fernandes More e Suzana Schmidt de Arruda. 
Florianópolis: IOESC, 2007. 
GAMA, A. H.; ARAÚJOS, E. A. Estomias intestinais: aspectos conceituais e 
técnicos. In: SANTOS, V. L. C. G.; CESARETTI, I. U. R. Assistência em 
estomaterapia: cuidando do ostomizado. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2001. p. 39-
54. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
63 
GEMELLI, Lorena Moraes Goetem; ZAGO, Márcia Maria Fontão. A 
interpretação do cuidado com o ostomizado na visão do enfermeiro: um estudo de 
caso. Revista Latino-americana de enfermagem, v. 10, p. 34-40, 2002. 
GONÇALVES, Tathiane Souza Oliveira et al. Assistência de enfermagem 
com pacientes queimados. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 11, n. 1, p. 31-
37, 2012. 
GRECO JÚNIOR JB, Moscozo MVA, Lopes Filho AL, Menezes CMG, 
Tavares FMO, Oliveira GM, et al. Tratamento de pacientes queimados 
internados em hospital geral. Rev Soc Bras Cir Plást. 2007;22(4):228-32. 
MANUAL DE ORIENTAÇÃO AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO ÀS PESSOAS 
OSTOMIZADAS- Governo do Estado do Espírito Santo, 2017. 
Probst S, Grocott P, Graham T, GethIn: G. Recomendations for the care of 
patients with malignant fungating wounds. European Oncology Nurs-ing Society 
(EONS). 1ª ed. London, 2015. 
SANTOS, Vera Lúcia Conceição de Gouveia; SAWAIA, Bader Burihan. A 
bolsa na mediação" estar ostomizado"-" estar profissional": análise de uma 
estratégia pedagógica. Revista latino-americana de enfermagem, v. 8, p. 40-50, 
2000. 
SÃO PAULO,Prefeitura do Municipal. Secretaria Municipal da Saúde - SMS – 
SP. Manual de Padronização de Curativos. 2021 
SILVA, ANA CATARINA DE OLIVEIRA et al. As principais coberturas 
utilizadas pelo enfermeiro. Uningá Journal, v. 53, n. 2, 2017. 
VIÉGAS. Máuria Cavalcante; SILVA, Beatriz Cristine da Costa. Coberturas 
para feridas. Procedimento operacional Padrão. Comissão De Prevenção E 
Tratamento De Feridas. EBSERH- Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. 
2018.de 
enfermagem que não esteja restrita à lesão cutânea, mas que contemple ações 
voltadas para as dimensões biológicas, sociais e psicológicas desses indivíduos. É 
necessário ter uma visão holística do paciente, da área lesionada até os fatores 
sistêmicos e psicossociais que podem alterar o processo de cicatrização. Desse 
modo, visando suprir todas as necessidades de saúde e de doença do paciente, é 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
7 
fundamental o uso de tecnologias que contemplem a integralidade do cuidado de 
enfermagem. 
 
ESTOMATERAPIA 
 
 Os termos estoma, estomia, ostomia e ostoma possuem origem grega, 
estas possuem como significado “abertura” ou “boca”, sendo usadas para 
demonstrar a exteriorização de qualquer víscera corporal oca. A denominação dos 
estomas é realizada conforme o segmento exteriorizado, como por exemplo: no 
intestino delgado (íleo)- ileostomia, na traqueia- traqueostomia. A técnica consiste 
na abertura de um órgão através de ato cirúrgico, formando uma boca que passa a 
ter contato com o meio externo para eliminações de dejetos, secreções, fezes e/ou 
urina (SANTOS; SAWAIA, 2000). 
As causas que levam à realização de uma ostomia são diversas, sendo as 
mais comuns as doenças congênitas, os traumatismos, as doenças inflamatórias, os 
tumores e o câncer intestinal. De acordo com a etiologia da doença, o médico 
determina a realização de uma ostomia temporária ou definitiva. As ostomias 
temporárias são realizadas para proteger uma anastomose, tendo em vista o seu 
fechamento num curto espaço de tempo. As ostomias definitivas são realizadas 
quando não há a possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal, os pacientes 
com esse tipo de estoma necessitam de apoio contínuo uma vez que seus 
problemas são duradouros e cíclicos (GEMELLI; ZAGO, 2002). 
A formação específica de profissionais é essencial para a assistência ao 
ostomizado, neste contexto em 1950 surgiu nos Estados Unidos, a especialidade de 
estomaterapia. O estomaterapeuta é o enfermeiro que possui conhecimento, 
treinamento e habilidade para prestar cuidados aos ostomizados, portadores de 
fístulas, feridas crônicas e agudas e incontinência urinária e fecal. A formação do 
estomatoterapeuta está regulamentada pela International Association for 
Enterostomal Therapis (CEZARETI; GUIDI, 1994) 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
8 
 Evolução e possíveis complicações 
 
Evolução esperada: nos primeiros dias após a cirurgia, o estoma pode 
apresentar edema, regredindo com o passar do tempo. O estoma é vermelho ou 
rosa vivo similar à mucosa do interior da boca, a pele periestomal (pele em volta do 
estoma) deve permanecer lisa, sem lesões ou ferimentos. Como o estoma não 
contém terminações nervosas, o paciente não sente dor ao tocá-lo, porém pode 
apresentar um pequeno sangramento. Realizada a estomia, o organismo passa por 
uma adaptação, a consistência das fezes e a frequência da evacuação mudarão em 
cerca de 30 dias após a cirurgia. 
Possíveis Complicações: as possíveis complicações do estoma são 
referentes a vários fatores, como por exemplo: alimentação, idade, esforço físico 
precoce, técnica cirúrgica inadequada, infecções, deficiência no autocuidado e 
localização inadequada do estoma. As complicações físicas do estoma são 
classificadas conforme o período, contando a partir da intervenção cirúrgica. As 
imediatas aparecem nas primeiras 24 horas de pós-operatório, precoces surgem 
entre o 1º e 7º dia no pós-operatório (pós-operatório mediato), e as tardias, se 
manifestam após a alta hospitalar. Os tipos de complicações mais comuns são os 
seguintes: 
Abscesso: pode surgir no estoma ou no orifício de exteriorização da alça 
intestinal. Geralmente causada por fungos ou germes anaeróbicos, podendo ser 
decorrente, ou não, de isquemia parcial do estoma. Já a infecção que ocorre ao 
redor do estoma pode acometer todo o trajeto da parede abdominal, normalmente 
devido contaminação no momento da passagem da alça pelo trajeto ou da 
contaminação no período da manutenção. 
Dermatite: pode ocorrer devido contato com efluente ou produtos usados na 
pele periestomal. Esses agentes provocam distúrbios nos mecanismos de defesa da 
pele, possibilitando a penetração de substâncias nocivas e desenvolvendo processo 
inflamatório. A dermatite alérgica pode acontecer pela aplicação de produtos 
contínuos ou errôneos nos cuidados com estomas, que podem acarretar uma 
reação. As causas mais comuns de dermatite por trauma mecânico incluem técnicas 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
9 
de limpeza ou retirada traumática do dispositivo, fricção ou pressão continua de 
dispositivos mal adaptados, ou troca frequente de bolsa coletora. 
Edema: ocorre devido mobilização da alça intestinal, por trauma local, 
especialmente pela passagem ao longo de um trajeto estreito da parte abdominal 
para exteriorização da alça. A sua evolução deve ser acompanhada, pois pode 
gerar necrose, por redução da irrigação sanguínea. 
Estenose: normalmente aparece no terceiro mês de pós-operatório, quando 
há um estreitamento da luz do estoma, observada no nível cutâneo e na fáscia. Na 
fase inicial observa-se fezes afiladas, ocorrendo dificuldade crescente para eliminar 
o conteúdo intestinal, podendo levar a quadro de sub-oclusão. A correção poderá 
necessitar de tratamento cirúrgico. 
Foliculite: causada pela remoção traumática dos pelos da região periestomal 
ou remoção inadequada da bolsa, provocando lesão ou inflamação na epiderme ao 
redor do folículo piloso. 
Varizes periestomais: ocorrem com a dilatação das veias cutâneas ao redor 
do estoma de cor roxo-azulado em pessoas ostomizadas, portadores de cirrose e 
hipertensão portal. 
Hemorragia: pode ocorrer nas primeiras horas após a confecção do estoma, 
podendo ser da borda do estoma, do intestino que está preso na parede do 
abdômen, ou de ambos, ou até da parede abdominal como músculos ou 
subcutâneo, geralmente em decorrência da hemostasia inadequada durante a 
construção do estoma. Ressalta-se que um pequeno sangramento inicial pode ser 
normal, mas se for contínuo e abundante um atendimento hospitalar deve ser 
imediatamente procurado. 
Hérnia periestomal: está relacionada à confecção de um orifício abdominal 
grande ou, em caso de pessoas obesas e com mau estado geral ou, ainda, pelo 
aumento da pressão intra-abdominal e localização do estoma em incisão operatória 
anterior. A hérnia surge quando existe um espaço entre o segmento intestinal que 
forma o estoma e o tecido circundante, configurando um defeito fascial, sendo o 
resultado uma saliência total ou parcial na base do estoma. Quando associada à 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
10 
fragilidade muscular periestomal de menor intensidade, o que ocorre em muitos 
usuários com estomia, esses podem permanecer sem correção cirúrgica. O 
aparecimento de hérnia periestomal é tão comum que pode ser considerada como 
inevitável. Indica-se cirurgia corretiva apenas quando a hérnia está causando muitos 
transtornos às atividades de vida diária. Nesses casos, prioriza-se mudar a estomia 
de lugar e corrigir a fraqueza abdominal. 
Necrose: pode ocorrer por isquemia arterial (insuficiência na chegada de 
sangue), ou por isquemia venosa (drenagem venosa do segmento exteriorizado), 
sendo mais frequente em usuários obesos e com distensão abdominal. 
Prolapso: exteriorização inesperada total ou parcial do segmento da alça 
intestinal pelo estoma. Esta complicação não é letal, mas causa problemas de pele 
e grande dificuldade no cuidado ao estoma, requerendo cuidados médicos. 
Retração: ocorre devido à má fixação ou insuficiente exteriorização da alça 
intestinal levando ao deslocamento do estoma para a cavidade abdominal. 
 
Atribuições do Enfermeiro com Especialidade em 
Estomaterapia 
 
a) Atender, individualmente, o usuário e, quando necessário, acompanhado do 
cuidador. Proceder à entrevista, exame físico,prescrição dos dispositivos, 
registro do atendimento, em formulário próprio, e evolução de enfermagem 
no prontuário único, conforme Resolução COFEN –358/2009; 
b) Orientar os familiares para os cuidados básicos preventivos com a pele, 
devendo procurar o serviço para reavaliação, em caso de complicações; 
c) Orientar sobre uso, manuseio e cuidados com equipamentos, dispositivos e 
acessórios, prevenindo agravos, visando melhor aproveitamento e 
incentivando o autocuidado; 
d) Realizar curativos, quando necessário, orientar e acompanhar a evolução do 
quadro, mediante os cuidados propostos; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
11 
e) Encaminhar para avaliação médica, nutricional, psicológica e social, quando 
houver necessidade; 
f) Indicar o equipamento apropriado para cada usuário, determinando tipo e 
quantidade, conforme estabelecido no SIA/SUS, avaliando os casos que, 
excepcionalmente, apresentem uma demanda diferenciada; 
g) Realizar laudo técnico para o usuário que apresentar necessidade de 
atendimento diferente do padronizado; 
h) Reavaliar os usuários em períodos estabelecidos, conforme o plano 
terapêutico; 
i) Promover ações educativas especializadas; 
j) Participar de reuniões de equipe. 
 
Equipamentos Coletores 
 
a) Bolsas para colostomia/ileostomia, recortáveis, drenáveis, de uma 
peça, adulto/infantil: são indicadas para usuários que possuem 
colostomia/ileostomia; 
b) Bolsas para colostomia/ileostomia, recortáveis, drenáveis, de duas 
peças adulto/infantil: são, preferencialmente, indicadas para usuários 
que possuem ileostomia, embora não sejam restritas a esses; 
c) Bolsas para colostomia/ileostomia convexas, recortáveis ou pré-
cortadas, drenáveis, de uma ou de duas peças adulto/infantil: são, 
preferencialmente, indicadas para usuários que possuem estoma retraído 
ou nivelado com pele; 
d) Bolsas para colostomia, recortáveis, fechadas ou descartáveis 
adulto: são indicadas para usuários que possuem colostomia; 
e) Bolsas para colostomia, recortáveis, protetoras de estoma, fechadas, 
descartáveis adulto: são indicadas para usuários que possuem 
colostomia e realizam técnica de irrigação, para usuários com fistula de 
baixo débito e para estoma não funcionante; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
12 
f) Bolsas para colostomia/ileostomia, pré-cortadas, drenáveis, de uma 
peça ou de duas peças, adulto: são ideais para usuários com problemas 
oftalmológicos, psiquiátricos e para presidiários (visando dispensar uso de 
material perfuro-cortante) ou, ainda, para usuários com estomas que 
tenham tamanho inferior a 3 (três) milímetros do seu diâmetro; 
g) Sistema oclusor/obturador de colostomia: são indicadas para usuários 
que possuem colostomia definitiva e realizam técnica de irrigação; 
h) Dispositivo para incontinência fecal: são indicadas para usuários que 
possuem colostomia perineal definitiva e realizam técnica de irrigação; 
i) Kit Irrigação: é indicado para usuários que possuem colostomia 
abdominal e perineal de categoria definitiva, dentre outros critérios 
avaliados na consulta de enfermagem prévia; 
j) Bolsas para urostomia, recortáveis, drenáveis, de uma peça, 
adulto/infantil: são indicadas para usuários que possuem urostomia; 
k) Bolsas para urostomia, recortáveis, drenáveis, de duas peças, 
adulto/infantil: indicadas para usuários que possuem urostomia; 
l) Bolsas para urostomia, pré-cortadas, drenáveis, de uma peça ou de 
duas peças, adulto: são ideais para usuários com problemas 
oftalmológicos, psiquiátricos e para presidiários, ou, ainda, para usuários 
com estomas que tenham tamanho inferior a três milímetros do seu 
diâmetro. 
Acessórios 
 
Clamps: usados para o fechamento das bolsas coletoras intestinais 
drenáveis; 
Medidor de estomas: usado para marcar o tamanho dos orifícios nas placas 
recortáveis; 
Coletor de urina: indicado para uso noturno, uma vez que armazena 2000 
ml, proporcionando maior conforto para o usuário. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
13 
Adjuvantes de proteção e segurança 
 
Creme Barreira: indicado para prevenção de irritações cutâneas, com ação 
hidrofóbica. Deve ser usada ao redor do estoma e em toda área de fixação da bolsa, 
criando uma barreira protetora; 
Pó: indicado para pele peritestomal macerada. Mostra-se eficaz na absorção 
de umidade, exsudatos e efluentes, mantendo a pele seca, evitando futuras 
irritações e cicatrizando as lesões; 
Pasta: indicada para tratar granulomas e proteger à pele, aumentar a adesão 
das bolsas à pele, para nivelar dobras e irregularidades da pele próxima ao estoma. 
Não deve ser utilizada em pele que apresente feridas, pois contém álcool e provoca 
dor; 
Protetor Cutâneo Spray: aplicada à pele, forma uma película protetora 
incolor e transparente, tornando-se uma barreira contra fluídos corpóreos, advindos 
de ostomias, fístulas e lesões cutâneas provocadas por trocas frequentes de 
curativos e/ou bolsas coletoras (produtos adesivos); 
Anel Convexo: indicado para o ajuste de dispositivos de 1 ou 2 peças em 
estomas com retração ou nivelação. Trata-se de uma barreira de resina sintética 
não estéril em formato de anéis convexos, que podem ser moldados, obtendo ajuste 
perfeito ao dispositivo de estomia; 
Fita: indicada para aumentar a fixação de bolsa de ostomia no sistema de 
uma peça de hidrocolóide; 
Placa de barreira cutânea: indicada para manutenção da pele seca. Deve 
ser aplicada ao redor da colostomia/ileostomia; apresenta propriedade absorvente e 
hidrofóbica; 
Cinto elástico ajustável reutilizável: Indicado para melhor sustentação da 
bolsa de ostomia, sendo compatível com algumas bolsas de ostomia intestinal e 
urinária; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
14 
Espessante: indicado para efluentes líquidos que, em contato com o produto, 
adquire consistência gelatinosa; 
Lenço barreira protetora de pele, formadora de película: forma um filme 
protetor entre a pele e a bolsa; 
Desodorante lubrificante para bolsas de ostomias: consiste em um gel 
fluído indicado para lubrificação da bolsa, evitando a aderência dos efluentes e 
reduzindo os odores característicos; 
Lenço descartável removedor de adesivo: indicado para higienização da 
área perístoma e peri-fístulas. 
 
Aquisição, controle e distribuição 
 
A equipe do serviço, em conjunto com os setores administrativos das 
Superintendências de Saúde, possui como dever a manutenção do registro e 
controle de estoque atualizados, com intuito de facilitar o verificação anual do 
quantitativo essencial ao atendimento dos usuários, acatando o que é legalmente 
determinado e levando em consideração a previsão de uma margem de segurança 
para prováveis alterações no perfil dos usuários. 
O quantitativo dos materiais essenciais para o atendimento, no decorrer do 
exercício, precisa fundamentar-se na anotação de controle de estoque, parra 
assegurar tempo hábil na adoção de providências refrentes ao processo de 
compras, evitando que o serviço seja descontinuado. 
O processo de compras deve ter início através da equipe técnica do serviço, 
elaborando o Termo de Referência e respectiva aprovação do gestor da unidade 
com objetivov de uma posterior autuação do processo. A seguir, deve encaminhá-lo 
aos setores competentes para as providências pertinentes à tramitação do processo 
licitatório. Cabe à equipe técnica do Serviço de Atenção ao Ostomizado o 
acompanhamento do trâmite processual, bem como a conferência das amostras, de 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
15 
acordo com o descritivo padrão, e a emissão de Parecer Técnico junto à Comissão 
de Padronização e ao(s) fiscal (is) do contrato. 
No exercício de suas atribuições, referentes ao processo de aquisição de 
insumos, as equipes técnicas serão assessoradas pela Comissão de Padronização 
de Equipamentos Coletores e Adjuvantes de Proteção e Segurança, cujas 
atividades voltam-se para elaboração dos descritivos e dos pareceres técnicos nos 
referidos processos.O setor de almoxarifado será o responsável pelo recebimento 
das mercadorias no ato da entrega pelas empresas, devendo proceder à 
conferência do material, conforme estabelecido no edital, observando os prazos de 
entrega e validade do produto. Cabe ainda, ao almoxarifado, o registro dessas 
mercadorias em sistema informatizado próprio, o acondicionamento dos materiais, 
conforme normas vigentes, entrega da mercadoria ao usuário, sob um termo de 
autorização de fornecimento do serviço e encaminhamento mensal à equipe do 
serviço de relatório do quantitativo distribuído e em estoque. 
As equipes técnicas dos Serviços de Atenção devem se manter atualizadas 
sobre as novas tecnologias à disposição no mercado, para que sejam propostas 
melhorias na assistência prestada aos usuários. Os interessados na apresentação 
de uma nova tecnologia devem encaminhar uma proposta à Comissão de 
Padronização de Equipamentos por meio do Formulário para avaliação de 
tecnologias novas em cojunto com amostras indicadas. A indicação e distribuição 
dos produtos aos usuários precisam obedecer aos critérios determinados pelo 
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), considerando as 
especificidades de cada usuário, indicações e laudos médicos, assim como 
avaliações da equipe técnica do Serviço. 
 
Cuidados com a ostomia 
 
• No banho não é necessário retirar a bolsa, deve-se evitar o jato forte do 
chuveiro diretamente na abertura da ostomia, pois pode provocar 
sangramento. Fazer a troca preferencialmente na hora do banho, pois é 
mais fácil descolar o adesivo sem danificar a pele; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
16 
• É necessário conhecer a durabilidade e o ponto de saturação (ponto 
máximo de durabilidade da bolsa), a coloração da placa protetora (resina 
sintética) é amarela. Trocar o dispositivo quanto ela estiver ficando quase 
totalmente branca (ponto de saturação); 
• A limpeza da pele ao redor do estoma deve ser feita com água e sabão 
neutro, sem esfregar com força, nem usar esponjas ásperas; 
• Os pelos ao redor do estoma devem ser aparados com tesoura; 
• Expor a pele ao redor do estoma (sempre que possível) ao sol da manhã, 
de 15 a 20 minutos por dia; 
• Tenha o cuidado de sempre proteger o estoma com gaze umedecida; 
• Não utilizar substâncias agressivas à pele, como álcool, benzina, colônias, 
tintura de benjoim, mercúrio, pomadas e cremes. Estes produtos podem 
ressecar a pele, ferindo e causando reações alérgicas; 
• Quando apresentar assadura ao redor do estoma ou na pele devido 
extravasamento de fezes pode-se utilizar uma pomada a base de óxido de 
zinco, observando para não interferir na área de colagem da bolsa 
coletora (placa); 
• Para reduzir os odores dos gazes pode-se utilizar pastilhas de carvão 
ativado; 
• Não há nenhuma dieta especial para o ostomizado, no entanto ao 
experimentar um alimento novo, deve ser em pequena quantidade. O 
paciente deve buscar descobrir como seu organismo reage a cada tipo de 
alimento; 
• Alguns alimentos produzem gases, como os ovos, feijão, bebidas 
gasosas. Outros alimentos favorecem o amolecimento das fezes como as 
verduras e frutas cruas, lentilhas, ervilhas, bagaços de laranjas etc; 
• Há alimentos que provocam constipação como a batata o inhame, maçã 
cozida, banana prata, arroz branco; 
• Atenção aos alimentos que produzem cheiros fortes, como a cebola, alho 
cru, ovos cozidos, repolho, frutos do mar. Temos alimentos que 
neutralizam odores tais como cenoura, chuchu, espinafre, maisena; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
17 
• O paciente deve manter sempre um conjunto de placa e bolsa reserva, 
orientá-lo para levar junto com material de higiene quando sair. 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
18 
 
Figura 1: Troca da bolsa de ostomia (de uma peça) 
Como trocar a bolsa de uma peça? 
 
1. Retire delicadamente a bolsa para não traumatizar a pele. 
Use gaze ou algodão embebido em água morna, ou faça 
isso durante o banho. pois facilita a retirada da bolsa. 
2. Jogue a bolsa usada no lixo. 
3. Limpe delicadamente a pele ao redor do ostoma com 
sabão neutro e água morna. 
4. Seque bem ao redor do estoma. 
5. Recorte a bolsa no tamanho do estoma. Se for 
necessário, use o m e n s u r a d o r para ostomas. Se 
melhor lhe convir, poderá deixar a bolsa recortada antes 
das trocas. 
6. Retire o papel que protege a resina. 
7. Coloque a bolsa de baixo para cima. 
8. Certifique-se de que a bolsa esteja bem adaptada à pele. 
9. Retire o ar de dentro da bolsa. 
10. Feche com o "clamp". 
Fonte: www.inca.gov.br 
 
 
 
 
http://www.inca.gov.br/
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
19 
Figura 2: Troca da bolsa de ostomia (de duas peças) 
Como trocar a bolsa de duas peças? 
1. Retire o "clamp" e esvazie-o completamente. 
2. Desconecte a bolsa da placa colada ao corpo. 
3. Embaixo do chuveiro, procure soltar a placa, suavemente 
pressionando a pele e ao mesmo tempo soltando o adesivo. 
4. Limpe durante o banho apele periestomal e o próprio estoma 
com movimentos suaves. 
5. Use sabão neutro, retirando o restos de fezes, urina ou de 
adesivos. 
6. Após o banho, depois de secar o corpo, procure secar bem a 
pele periestomal. 
7. Retire o papel que proteje a resina e segure-o com as duas 
mãos. 
8. Procure posicionar o estoma em frente ao espelho, 
procurando esticar o corpo durante a colocação. 
9. Adapte aplaca de baixo para cima, parte por parte, 
procurando encaixá-la no estoma, do centro para a 
extremidade. 
10. Procure não deixar pregas ou bolhas de ar que facilitem vazamentos e que 
acabam fazen que o dispositivo descole. 
11. Certifique-se de que a placa esteja bem adaptada à pele. 
12. Encaixe a bolsa coletora na placa. 
13. Retire o ar de dentro da bolsa e coloque o "clamp" para fechar. Se você 
utiliza o cinto, coloque-o após todos estes passos. 
Fonte: www.inca.gov.br 
http://www.inca.gov.br/
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
20 
Figura 3: Declaração dos direitos dos ostomizados 
Declaração dos Direitos dos Ostomizados 
É objetivo principal da "International Ostomy Association" que todas 
as pessoas ostomizadas tenham direito a uma qualidade de vida 
satisfatória após suas cirurgias e que esta Declaração seja reconhecida 
em todos os países do mundo. 
 
1. Receber orientação pré-operatória. a fim de garantir um total 
conhecimento dos benefícios da operação e os fatos essenciais a 
respeito de viver com uma ostomia. 
2. Ter um ostoma bem feito, local apropriado, proporcionando 
atendimento integral e conveniente para o conforto do paciente. 
3. Receber apoio médico experiente e profissional. cuidados de 
enfermagem especializada no período pré-operatório e pós- 
operatório, tanto no hospital como em suas próprias 
comunidades. 
4. Ter acesso a informações completas e imparciais sobre o 
fornecimento e produtos adequados disponíveis em seu país. 
5. Ter a oportunidade de escolha entre os diversos equipamentos 
disponíveis para ostomia sem preconceito ou constrangimento. 
6. Ter acesso a dados acerca de sua Associação Nacional de 
Ostomizados e dos serviços e apoio que podem ser oferecidos. 
7. Receber apoio e informação para benefício da família,dos 
cuidadores e dos amigos afim de aumentar o entendimento sobre 
as condições e adaptações necessárias para alcançar um padrão 
de vida satisfatório para viver com a ostomia. 
8. Assegurar que os dados pessoais a respeito da cirurgia de 
ostomia serão tratados com discrição e confiabilidade, afim de 
manter privacidade. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
21 
FERIDAS 
Avaliar a ferida é descrevê-la de forma que os registros sejam fidedignos a 
sua característica clínica. Antes de avaliar a ferida, deve-se avaliar o paciente na 
sua integralidade. Na anamnese, deve-se levantar a queixa principal relacionada à 
ferida, o tempo de início da lesão, tratamentos anteriores, presença de fatores que 
podem interferir na cicatrização e doenças associadas.Na realização do exame 
físico é preciso que o enfermeiro se mantenha atento as condições gerais do 
paciente, estado nutricional, oxigenação, condições para o autocuidado, higiene, 
condições da pele, presença de calosidades, atrofias, edema, pulsos, sensibilidade, 
dor, sinais flogísticos e sinais de infecção. 
Os profissionais devem avaliar o risco nutricional, uma vez que este paciente 
pode evoluir rapidamente para desnutrição, influenciando o processo de perda da 
integridade tecidual e interferindo no processo de cicatrização. A desnutrição 
clássica caracteriza-se por exemplo pelas proeminências ósseas salientes e 
visíveis, desidratação e descamação da pele. É necessário também avaliar a 
anamnese alimentar, história de perda de peso, alterações de ingesta, controle 
rigoroso de ingesta alimentar durante a internação, sintomas gastrointestinais, peso 
e altura aproximados. 
 
Classificação Da Ferida 
 
As feridas podem ser classificadas de diversas formas e estas auxiliam na 
avaliação e evolução da lesão. Consideraremos a classificação quanto à etiologia, 
tempo de evolução e acometimento tecidual. A etiologia de ferida deve ser 
determinada para tratar a causa da lesão e também direcionar o tratamento. Quanto 
à etiologia, as feridas podem ser: 
a) Cirúrgicas: provocadas por instrumentos cirúrgicos, com finalidade 
terapêutica, podem ser: 
➢ Incisivas: perda mínima de tecido 
➢ Excisivas: remoção de áreas de pele. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
22 
b) Traumáticas: provocadas acidentalmente por agentes que podem ser: 
➢ Mecânicos: prego, espinho, por pancadas; 
➢ Físicos: temperatura, pressão, eletricidade; 
➢ Químicos: ácidos, soda cáustica; 
➢ Biológicos: contato com animais, penetração de parasitas. 
c) Ulcerativas: lesões escavadas, circunscritas, com profundidade variável, 
podendo atingir desde camadas superficiais da pele até músculos. As úlceras 
são classificadas conforme as camadas de tecido atingido, conforme 
apresentado abaixo: 
Estágio I: pele avermelhada, não rompida, mácula eritematosa bem delimitada, 
atingindo epiderme. 
Estágio II: pequenas erosões na epiderme ou ulcerações na derme. Apresenta-
se normalmente com abrasão ou bolha. 
Estágio III: afeta derme e tecido subcutâneo. 
Estágio IV: perda total da pele atingindo músculos, tendões e exposição óssea. 
Tempo de cicatrização 
As feridas agudas ocorrem quando a vascularização é rompida 
desencadeando imediatamente o processo de hemostasia. Na reação inflamatória 
aguda, as modificações anatômicas dominantes são vasculares e exsudativas, e 
podem determinar manifestações localizadas no ponto de agressão ou ser 
acompanhada de modificações sistêmicas. Estas geralmente respondem rápido ao 
tratamento e cicatrizam sem complicações. As feridas crônicas ocorrem quando há 
desvio na sequência do processo cicatricial fisiológico, geralmente de longa duração 
ou de recorrência frequente, como as úlceras crônicas. No processo de cicatrização 
normal, a fase inflamatória dura em torno de 72 a 96 horas após a lesão, a fase de 
proliferação ocorre em torno de duas semanas após a fase inflamatória e a 
remodelação pode durar do 20º dia até dois anos após a lesão. 
Conteúdo Bacteriano 
Quanto ao conteúdo bacteriano a ferida pode ser subdivida em: 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
23 
• Limpa: lesão feita em condições assépticas e isenta de microrganismos; 
• Limpa contaminada: lesão com tempo inferior a 6 horas entre o trauma e 
o atendimento e sem contaminação significativa; 
• Contaminada: lesão com tempo superior a 6 horas entre o trauma e o 
atendimento e com presença de contaminantes, mas sem processo 
infeccioso local; 
• Infectada: presença de agente infeccioso local e lesão com evidência de 
intensa reação inflamatória e destruição de tecidos, podendo haver pus; 
Presença de Transudato e Exsudato 
• O transudato é uma substância altamente fluida que passa através dos 
vasos e com baixíssimo conteúdo de proteínas, células e derivados 
celulares. 
• O exsudato seroso é caracterizado por uma extensa liberação de 
líquido, com baixo conteúdo protéico, que conforme o local da 
agressão origina-se de soro sanguíneo ou das secreções serosas das 
células mesoteliais. Esse tipo de exsudato inflamatório é observado 
precocemente nas fases de desenvolvimento da maioria das reações 
inflamatórias agudas, encontrada nos estágios da infecção bacteriana. 
• O exsudato sanguinolento é decorrente de lesões com ruptura de 
vasos ou de hemácias. Não é uma forma distinta de exsudação, é 
quase sempre, um exsudato fibrinoso ou supurativo, acompanhado 
pelo extravasamento de grande quantidade de hemácias. 
• O exsudato purulento é um líquido composto por células e proteínas, 
produzida por um processo inflamatório asséptico ou séptico. Alguns 
microrganismos (estafilococos, pneumococos, meningococos, 
gonococos, coliformes e algumas amostras não hemolíticas dos 
estreptococos) produzem de forma característica, supuração local e 
por isso são chamados de bactérias piogênicas (produtoras de pus). 
• Exsudato fibrinoso é o extravasamento de grande quantidade de 
proteínas plasmáticas, incluindo o fibrinogênio, e a participação de 
grandes massas de fibrina. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
24 
Morfologia 
 
A. Quanto à localização: as feridas ulcerativas frequentemente acometem 
usuários que apresentam dificuldades de deambulação. 
• Áreas de risco para pessoas que passam longos períodos acamados: 
✓ Região sacrococcígea; 
✓ Região trocantérica, isquiática espinha ilíaca; 
✓ Joelhos (face anterior, medial e lateral); 
✓ Tornozelos; 
✓ Calcanhares; 
✓ Cotovelos; 
✓ Espinha dorsal; 
✓ Cabeça (região occipital e orelhas). 
 
B. Quanto às dimensões: Extensão – área = cm². 
✓ Pequena: menor que 50 cm²; 
✓ Média: maior que 50 cm² e menor que 150 cm²; 
✓ Grande: maior que 150 cm² e menor que 250 cm²; 
✓ Extensa: maior que 250 cm². 
 
C. Quanto ao número: existindo mais de uma ferida no mesmo membro ou 
na mesma área corporal, com uma distância mínima entre elas de 2 cm, 
far-se-á a somatória de cada uma. 
 
D. Quanto à profundidade: 
 
• Feridas planas ou superficiais: envolvem a epiderme, derme e tecido 
subcutâneo; 
• Feridas profundas: envolvem tecidos moles profundos, tais como 
músculos e fáscia; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
25 
• Feridas cavitárias: caracterizam-se por perda de tecido e formação de 
uma cavidade com envolvimento de órgãos ou espaços. Podem ser 
traumáticas, infecciosas, por pressão ou complicações pós-cirúrgica. 
 
Mensuração da Ferida 
 
Serve para avaliar o comprimento X largura X profundidade. Diversas 
técnicas podem ser empregadas para executar este procedimento, destacando-se: 
• Medida simples: consiste em mensurar uma ferida, medindo-a em seu maior 
comprimento e largura, utilizando a régua dividida em unidade de medida 
linear (cm). É aconselhável associá-la à fotografia. 
• Medida cavitária: consiste em, após a limpeza da ferida, preencher a 
cavidade com SF 0,9%, aspirar com seringa estéril o conteúdo e observar em 
milímetro o valor preenchido. 
• Outra técnica utilizada é a través da introdução de uma espátula ou seringa 
estéril na cavidade da ferida, para que seja marcada a profundidade. Após, 
verificar o tamanho com uma régua. 
Deve-se mensurar a ferida em relação à maior extensão da lesão, no eixo 
céfalo-podálico (vertical) e látero-lateral (horizontal) considerando um ângulo de 90° 
entre eles. Utilizar régua graduada em centímetros para executar a medição. Se for 
de papel esta deve ser descartada após o uso. Se for de plástico esta não deve 
encostar na ferida e após o uso, deve ser lavada com água e sabão e desinfetada 
por fricção com álcool a 70%. Quando ocorrerem duas lesões com uma distância 
mínima de 2 cm entre elas, considerar a somatória de suas maiores extensões 
(vertical e horizontal). A profundidade pode ser verificada introduzindoa pinça do 
material de curativo, na profundidade máxima da ferida, demarcando o ponto que 
delimita o nivelamento com a epiderme, realizando a conversão da medida obtida 
em centímetros com a utilização de régua. As feridas com perda parcial geralmente 
são superficiais e apresentam uma profundidade de 1 a 4 mm e as feridas com 
perda total costumam ser maiores que 4 mm. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
26 
Para avaliação de túnel e ou áreas de descolamento de tecido, pode-se 
utilizar zaragatoa (swab), cotonete, sonda, pinça ou seringa, utilizando-se a técnica 
do relógio, de acordo com a escala horária para descrever a sua direção, 
respeitando os pontos cardeais ou o sentido céfalo-podálico e latero-lateral, onde a 
cabeça corresponde à marca de 12 horas, os pés às 6 horas e as laterais 
correspondem às 9 e 3 horas. Túnel é uma cavidade com espaço morto em fundo 
cego. O descolamento de tecido envolve área maior de espaço morto e não é visível 
na superfície da ferida. A profundidade do descolamento de tecido permite 
identificar as diferentes medidas no interior da lesão e esta pode ser obtida pela 
mensuração nas diversas direções, de acordo com a escala horária, pelo método 
semelhante à mensuração da profundidade de túneis. 
 
Feridas neoplásicas 
 
Definição 
 
As feridas neoplásicas são lesões decorrentes da infiltração de células 
malignas no epitélio, que podem ocorrer como resultado de um câncer primário ou 
metastático, da implantação acidental de células malignas sobre o epitélio durante 
processos de diagnós-ticos ou cirúrgicos, e podem se desenvolver em feridas 
crônicas de longa duração, como a úlcera de Marjolin. 
 
Dados epidemiológicos 
 
Estatísticas internacionais apontam que 5% a 15% dos pacientes com câncer 
avançado desenvolvem esse tipo de ferida. O principal sítio anatômico de 
ocorrência metastática é a mama, con-tudo tumores de cabeça e pescoço, colo do 
útero, vulva e outros como rim, pulmão, cólon, pênis, bexiga, linfoma e leucemia, 
tam-bém podem desenvolver metástase para a pele e, consequentemente, progredir 
para o desenvolvimento de uma ferida maligna. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
27 
Em estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Câncer, na Unidade de 
Cuidados Paliativos, verificou-se que 14% a 20% dos pacientes evoluem com 
feridas neoplásicas, e o maior sítio de ocorrência é na cabeça e no pescoço (49%), 
na mama (45%), na pelve (4%) e nos membros inferiores (2%)2. 
 
Sinônimos 
No que se refere à uniformização na linguagem de desig-nação dessas 
lesões, a literatura internacional mostra os termos feridas oncológicas ou feridas 
tumorais como sinônimos. No entanto, alguns autores estudiosos desse tipo de 
ferida adotam a designação conceitual pelo aspecto visual que a ferida adquire na 
proliferação sobre o epitélio rompido. É chamada de ferida ulcera-tiva maligna 
quando a lesão se apresenta em forma de ulceração; ferida fungosa maligna, 
quando tem aspecto de formação vegeta-tiva, semelhante à couve-flor; ferida 
fungosa maligna ulcerada, por se apresentar de forma ulcerativa e fungosa em uma 
mesma lesão. Vale ressaltar que o termo ferida vegetante também é empregado 
para se referir à ferida fungosa. 
 
Fisiopatologia 
 
As feridas neoplásicas originam-se do crescimento tumoral e surgem como 
um nódulo que, progressivamente, romperá a pele. O tumor progride de forma 
avançada, por meio da angiogênese e da invasão basal de células saudáveis ao 
redor do leito tumoral. A partir do crescimento anormal, desorganizado e refratário 
ao tratamento curativo da doença de base, a ferida ocasiona desmoplasia no tecido 
ao redor (doença do colágeno) e evolui para uma massa que, posteriormente, 
sofrerá hipóxia evolutiva, contaminação por microorganismos aeróbicos e 
anaeróbicos e necrose. O crescimento pode ocorrer de forma exofítica 
(protuberante, para fora do corpo) ou endofítica (para dentro do corpo). 
Essas feridas, geralmente, desfiguram segmentos do corpo e alteram a 
imagem corporal. Essas lesões também se apresentam, na maioria dos casos, 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
28 
friáveis, secretivas, dolorosas e fétidas, com consequente risco de infestação por 
miíase. Por causa disso, podem gerar problemas psíquicos, emocionais, sociais e 
espirituais (PROBST et al., 2015). 
Estadiamento 
A classificação para o estadiamento de feridas foi proposta pelas enfermeiras 
Haisfield-Wolfe e Baxendale-Cox, em 1999, que se basearam no sistema de 
classificação em estágios da úlcera por pressão, criado pelo National Pressure Ulcer 
Advisory Panel (NPU-AP), em 1989. Esse estadiamento foi divulgado na literatura 
brasileira com tradução livre e informação da fonte, em 2005, e em 2009, foi 
adotado e divulgado pelo Instituo Nacional de Câncer, através de sua Unidade de 
Cuidados Paliativos (Unidade IV) – HC IV. O estadiamento classifica e caracteriza 
os estágios pelo qual a ferida se desenvolve, da fase proliferativa até a de 
destruição. Essa classificação procurou definir o grau de acometimento tecidual (por 
proliferação e por destruição) e a associação de sinais e sintomas característicos 
desse processo6. O quadro 1, abaixo, descreve o estadiamento. 
 
Classificação e graduação das feridas oncológicas 
Estádio 1: Nódulo visível, bem delimitado, porém, sem o rompimento da pele, que é 
mantida na mesma íntegra. Poderá apresentar coloração rósea ou avermelhada. 
Assintomática. 
Estádio 1N: Ferida tumoral fechada, que pode ou não apresentar orifício superficial 
que drena exsudato, o qual pode ser límpido, purulento ou amarelado. Portanto, 
essa ferida poderá ser seca ou úmida, mas já cur-sará com alguns sintomas, como 
dor ou prurido intermitente. Normalmente sem odor. 
Estádio 2: Ferida tumoral com perda da integridade da pele, que acome-te a 
epiderme e a derme. Pode ser friável, seca ou úmida. Região perilesional com 
características de processo inflamatório. Pode causar dor e odor. 
Estádio 3: Ferida tumoral que acomete o tecido subcutâneo; pode apre-sentar 
lesões satélites. A coloração amarelada é predominante em seu leito; pode ser 
friável, com odor fétido e tecido necrótico. 
Estádio 4: Ferida tumoral que acomete as estruturas anatômicas profundas, difícil 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
29 
de visualizar limites; pode apresentar exsudato abundan-te, odor fétido e dor. 
Quadro 1- Estadiamento das feridas oncológicas 
 
 
Ferida tumoral - estadiamentos 1 e 2, respectivamente 
 
Ferida tumoral - estadiamentos 2 e 3, respectivamente 
Figura: 1 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
30 
 
Ferida tumoral - estadiamento 4 
Figura: 2 
 
Avaliação do paciente e da ferida 
 
Avaliar o paciente e a ferida é essencial para formular um plano de cuidados 
centrado nas necessidades individuais que o cliente apresenta, assim como os 
sintomas desenvolvidos pela lesão, por isso precisa ser feita criteriosamente, de 
forma a encontrar o máximo de informações possíveis, a fim de nortear o 
profissional de Enfermagem a cuidar da melhor forma possível, com vistas a 
melhorar a qualidade de vida do paciente, sobretudo durante o processo de 
terminalidade. 
Para avaliar o paciente, é necessário contemplar seus antecedentes e seus 
dados atuais objetivos e subjetivos e da doença oncológica. Os dados objetivos 
podem ser encontrados durante a entrevista com a pessoa e/ou familiares e por 
meio da observação, do exame físico, da história clínica e de exames 
complementares. Os dados subjetivos estão relacionados às dimensões psíquicas e 
espirituais do paciente. Nesse caso, o enfermeiro encaminha o paciente para o 
Serviço de Psicologia e Capelania. 
No que se refere aos dados objetivos, é imprescindível encontrar as 
informações que seguem logo abaixo. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
31 
1. Data do diagnóstico e progressão da doença oncológica; 
2. Patologias associadas à doença oncológica; 
3. Prognóstico do processooncológico; 
4. Capacidade funcional do paciente (de fazer as atividades da vida diária); 
5. Estado nutricional do paciente (uma vez que é elevada a incidência de 
desnutrição na doença oncológica); 
6. Aspectos psicológicos do paciente (autoestima e imagem corporal). 
 
Quanto ao papel do enfermeiro em relação aos cuidados com o paciente que 
tem ferida neoplásica, seguem algumas intervenções de enfermagem. 
1. Realizar entrevista clínica e anamnese do paciente de acordo com suas 
necessidades biopsicossociais e espiritu-ais; 
2. Identificar as necessidades biopsicossociais e espirituais do paciente, 
elencando os diagnósticos e as intervenções de enfermagem; 
3. Identificar as necessidades do cuidador quanto aos cuidados com a ferida; 
4. Avaliar a lesão; 
5. Realizar cuidados básicos da lesão (limpeza); 
6. Realizar cuidados específicos da lesão (controle dos sinais e dos 
sintomas); 
7. Escolher as coberturas de acordo com a avaliação da ferida; 
8. Avaliar sistematicamente a evolução da ferida; 
9. Registrar todos os cuidados realizados; 
10. Solicitar ao paciente a anuência para registrar as fotografias. 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
32 
No que se refere à ferida, o profissional de Enfermagem deve procurar 
encontrar as seguintes informações: tamanho, configuração, área de envolvimento, 
tipo de tecido, extensão, presença de fístula, presença e nível de odor, quantidade e 
natureza da secreção, quantidade e episódios de sangramento, natureza e tipo de 
dor, prurido, condição da pele ao seu redor, sinais de infecção, acometimento ou 
invasão de órgãos e sistemas, fístulas, tunelizações, tempo de evolução e processo 
infeccioso. 
 
Hemorragia 
 
O sangramento em feridas neoplásicas está relacionado à fisiopatologia 
adjacente e a fatores associados à malignidade, como trombocitopenia e 
coagulação intravascular disseminada (CID). Nesse sentido, recomenda-se, 
prioritariamente, o uso de coberturas não aderentes, como os de silicone, a fim de 
evitar aderência sobre o leito da lesão e possível sangramento durante as trocas de 
curativo. Os curativos não aderentes são aplicados diretamente sobre o leito da 
lesão, não causam traumas significativos ao ser removidos e exigem cobertura 
secundária. Outros fatores importantes que devem ser ressaltados para prevenir 
sangramento são a irrigação com solução salina do curativo anterior (quando forem 
utilizadas coberturas aderentes) e a limpeza da ferida com a técnica de irrigação. No 
entanto, como as feridas neoplásicas apresentam friabilidade, o profissional de 
saúde pode lançar mão de várias modalidades, a depender do grau de fluxo 
sanguíneo que a lesão esteja apresentando (espontâneo ou profuso, por exemplo). 
Uma variedade de agentes hemostáticos, podem ser aplicados topicamente para 
controlar a hemorragia, que variam de acordo com a aplicação e os mecanismos 
fisiopatológicos. 
Grau de sangramento Manejo clínico 
Pouca quantidade Pressão local 
Crioterapia 
 Compressas superabsorventes 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
33 
 
 
Moderada quantidade 
Alginato de cálcio e sódio 
Curativos à base de colágeno e celulose 
oxidada regenerada 
Esponjas hemostáticas cirúrgicas 
Gaze saturada de adrenalina 
Nitrato de prata 
Pasta de sucralfato 
 
 
Grande quantidade 
Ácido tranexâmico COM 
Ácido aminocaproico CPM 
Vitamina K CPM 
Sutura de vaso sangrante CPM 
Hemoconcentrados CPM 
Cauterização elétrica CPM 
Radioterapia anti-hemorrágica CPM 
Quadro 1 – Manejo clínico da hemorragia/sangramento 
 
Odor 
 
Com o crescimento desorganizado e anormal do tumor, no leito da lesão, 
forma-se uma massa tumoral necrótica, em que, geralmente, há contaminação por 
microrganismos aeróbios e anaeróbios, que liberam ácidos graxos voláteis, como 
ácido acético, caproico, entre outros. Esses microrganismos podem conter gases 
putrescina e cadaverina, que são responsáveis por provocar odor fétido nas feridas. 
As feridas fétidas podem ter um impacto profundamente negativo na qualidade de 
vida do paciente e de seus cuidadores e causar sentimentos de culpa e de repulsa 
que levam ao isolamento social e à depressão. 
O odor é classificado em três tipos de grau: 
► o grau I é definido como aquele em que o odor é sentido somente ao se 
abrir o curativo; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
34 
► o grau II é de um odor mais forte, sentido ao se aproximar do paciente, 
sem abrir o curativo; 
► e a ferida com grau III apresenta um odor muito forte e/ou nauseante, 
sentido no ambiente, mesmo sem se abrir o curativo. 
 
Odor Manejo clínico 
 
 
 
 
 
 
Grau I 
Antissepsia com clorohexidina 
degermante 
Limpeza com PHMB 
Sulfadiazina de prata 
Carvão ativado 
Cadexômero de iodo 
Copolímero de amido 
Curativo impregnado de cloreto de sódio 
Metronidazol tópico (gel) 
Gaze ou compressa embebida de 
solução intravenosa de me-tronidazol 
Comprimidos de metronidazol 
macerados colocados sobre a superfície 
da ferida 
Pomada de açafrão/curcumina 
 
 
 Grau II 
Idem anterior 
Proceder com escarotomia em tecido 
necrótico endurecido, para, depois, 
proceder à aplicação de uma das 
coberturas supracitadas. 
 Grau III Idem anterior e metronidazol sistêmico 
Quadro 2 – Manejo clínico do odor 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
35 
Dor 
 
A dor é um sintoma subjetivo e considerado pelos pacien-tes com doença 
oncológica avançada um dos sintomas cruciantes, uma vez que o episódio álgico 
altera atividades diárias simples da vida. Por isso é importante estabelecer objetivos 
realistas para o tratamento analgésico, farmacológico e complementar e tentar, o 
máximo possível, minimizar as experiências dolorosas. Para alcançar esse objetivo, 
devem-se empregar métodos adequados para avaliar a experiência dolorosa 
através de medidas unidimensio-nais e multidimensionais, que favoreçam o 
diagnóstico de efetividade do tratamento proposto. 
A avaliação da dor deve contemplar informações sobre a ferida e a dor 
experimentada pelo paciente e suas reais necessidades diárias. A avaliação inicial 
deve explorar sentimentos, percepções, expectativas e repercussões da dor na vida 
diária do paciente e de sua família. Nessa conjuntura, o enfermeiro deve estar 
atento aos detalhes durante a escuta terapêutica e observar as respostas. Além 
disso, é imprescindível documentar todas as intervenções realizadas, com vistas a 
avaliar o plano proposto e a ferida propriamente dita e a evolução dos episódios 
álgicos e as necessidades individuais. 
A dor sempre é relatada pelos pacientes com doença oncológica como um 
dos piores aspectos da vida, sobretudo naqueles que apresentam feridas malignas 
cutâneas, que impactam a qualidade de sua vida. A dor relacionada à ferida é 
experimentada frequentemente, durante as trocas de curativos, principalmente 
quando as coberturas aderem à superfície frágil da lesão. 
Nesse sentido, a seleção cuidadosa de coberturas com interfaces 
atraumáticas e não aderentes têm sido utilizadas com frequência, com a finalidade 
de limitar danos à pele e, consequentemente, reduzir a dor quando se vai remover o 
curativo. Estudos vêm ressaltando o uso de medicamentos orais, injetáveis e 
tópicos, assim como procedimentos invasivos ou não para controlar a dor. Nesse 
sentido, é mister avaliar a intensidade da dor e determinar o mecanismo 
fisiopatológico subjacente (nociceptivo ou neuropático) para que sejam definidas as 
opções de tratamento mais adequadas.Uma vez identificada a fisiopatologia 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
36 
subjacente, o tratamento deve ser iniciado. Geralmente, os pacientes com doença 
oncoló-gica apresentam quadros de dor mista, em que estão presentes os 
componentes nociceptivos e os neuropáticos. 
 
Sinais de infecção 
 
O manejo da infecção envolve o tratamento da infecção e da causa 
subjacente, portanto, para minimizara concentração de bactérias, o debridamento 
de tecidos pode ser apropriado. No entanto, o método de debridamento é baseado 
na apresentação clínica, nos objetivos do tratamento do paciente e no conhecimento 
dos recursos clínicos e disponíveis. Devido ao aumento da tendência ao 
sangramento, o debridamento cirúrgico não é indicado, sobretudo nos pacientes que 
usam anticoagulantes e/ou estão em tratamento quimioterápico e radioterápico. 
Nesse sentido, o debridamento autolítico ou enzimático é o método preferido em 
feridas neoplásicas.É promovido pelo uso de coberturas que mantenham o leito da 
ferida úmido, como hidrogéis e hidrofibras. 
Pacientes que se encontram na fase paliativa da doença não necessitam de 
cultura, a menos que, para melhorar a qualidade de vida e ter conforto seja 
necessário. Nesse caso, a cultura com swab é indicada quando a condição clínica 
exige intervenção com anti-bióticos ou em que microrganismos resistentes 
requeiram medidas de controle de infecção especial. 
 
Ferida Traumática 
 
É uma lesão tecidual, causada por um agente vulnerante (energia mecânica 
ou força viva) que, atuando sobre qualquer superfície corporal, de localização 
interna ou externa, promove uma alteração na fisiologia tissular. A gravidade dos 
danos infligidos, está na dependência direta, não exclusivamente do objeto 
agressor, mas também na maior ou menor resistência da estrutura envolvida e de 
sua importância funcional. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
37 
A energia elétrica, as variações de temperatura, as substâncias ácidas e 
alcalinas, podem produzir lesões traumáticas com graves repercussões sobre o 
aspecto anátomo-funcional do corpo humano. 
Basicamente, apresentam aspectos semelhantes no que concerne ao 
processo de reparação em respostas aos diversos agentes traumáticos. 
Geralmente são produzidas por agentes vulnerantes dotados de energia 
mecânica ou força viva que, de forma passiva ou ativa, atuam sobre os tecidos 
causando lesões. 
 
CARACTERÍSTICA DO LEITO DA FERIDA 
 
Com relação ao leito da ferida, a identificação das características do tecido 
presente na ferida, através de sua observação, são importantes indicadores da 
evolução do processo de cicatrização. 
• Granulação: de aspecto vermelho vivo, brilhante, úmido, ricamente 
vascularizado; 
• Epitelização: revestimento novo, rosado e frágil. 
Os tecidos inviáveis compreendem: 
• Necrose de coagulação: (escara) caracterizada pela presença de crosta 
preta e/ ou bem escura; 
• Necrose de liquefação: (amolecida) caracterizada pelo tecido amarelo/ 
esverdeado e/ ou quando a lesão apresentar infecção e/ ou presença de 
secreção purulenta; 
• Desvitalizado ou Fibrinoso: tecido de coloração amarela ou branca, que 
adere ao leito da ferida e se apresenta como cordões ou crostas grossas, 
podendo ainda ser mucinoso. 
 
Cicatrização Da Ferida 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
38 
A cicatrização 
É um processo fisiológico dinâmico que visa a restauração da continuidade 
dos tecidos. É preciso conhecer a fisiopatologia da cicatrização, compreendendo os 
fatores que podem retardá-la ou acelerá-la, para de modo a tornar favorável o 
processo cicatricial. 
Além disso é necessário conhecer as fases da cicatrização para possibilitar a 
implementação do cuidado correto com a ferida. 
Fase de inflamação ou exsudativa 
 A primeira fase de hemostasia e inflamação iniciam-se com a ruptura de 
vasos sanguíneos e o extravasamento de sangue. A lesão de vasos sanguíneos é 
seguida rapidamente pela ativação da agregação plaquetária e da cascata de 
coagulação, resultando na formação de moléculas insolúveis de fibrina e 
hemostasia. Durante este processo ocorre o recrutamento de macrófagos e 
neutrófilos, ou seja, ocorre reação completa do tecido conjuntivo vascularizado em 
resposta à agressão do tecido, cujo objetivo é interromper a causa inicial (dor, calor 
rubor e edema). 
Fase proliferativa (granulação e reepitelização) 
Caracteriza-se pela neovascularização e proliferação de fibroblastos, com 
formação de tecido róseo, mole e granular na superfície da ferida (3 a 4 dias). 
Contudo, a formação do tecido de granulação é estimulada por níveis baixos de 
bactérias na ferida, mas é inibida quando o nível de contaminação é elevado. 
Fase de Maturação ou remodelagem do colágeno 
É a fase final de cicatrização de uma ferida que se caracteriza pela redução e 
pelo fortalecimento da cicatriz. Durante esta fase, os fibroblastos deixam o local da 
ferida, a vascularização é reduzida, a cicatriz se contrai e torna-se pálida e a cicatriz 
madura se forma (de 3 semanas a 1 ano a mais). O tecido cicatricial sempre vai ser 
menos elástico do que a pele circundante. 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
39 
Tipos De Cicatrização 
 
1ª intenção ou primária: a cicatrização primária envolve a reepitelização, na 
qual a camada externa da pele cresce fechada. As células crescem a partir das 
margens da ferida e de fora das células epiteliais alinhadas aos folículos e às 
glândulas sudoríparas. As feridas que cicatrizam por primeira intenção normalmente 
são superficiais, agudas, sem perda de tecido e resultam em queimaduras de 
primeiro grau e cirúrgicas em cicatriz mínima, por exemplo. Levam de 4 a 14 dias 
para fechar; 
 
2ª intenção ou secundária: é uma ferida que envolve algum grau de perda 
de tecido. Podem envolver o tecido subcutâneo, o músculo, e possivelmente, o 
osso. As bordas dessa ferida não podem ser aproximadas, geralmente são feridas 
crônicas como as úlceras. Existe um aumento do risco de infecção e demora à 
cicatrização que é de dentro para fora. Resultam em formação de cicatriz e têm 
maior índice de complicações do que as feridas que se cicatrizam por primeira 
intenção; 
 
3ª intenção ou terciária: ocorre quando intencionalmente a ferida é mantida 
aberta para permitir a diminuição ou redução de edema ou infecção ou para permitir 
a remoção de algum exsudato através de drenagem como, por exemplo, feridas 
cirúrgicas, abertas e infectadas, com drenos. Essas feridas cicatrizam por 3ª 
intenção ou 1ª intenção tardia. 
Fatores Que Interferem No Processo De Cicatrização 
 
O processo de cicatrização pode ser afetado por fatores locais e sistêmicos e 
também por tratamento tópico inadequado. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
40 
• Fatores locais: Localização e infecção local (bacteriana) e profundidade da 
ferida; edema, grau de contaminação e presença de secreções; trauma, 
ambiente seco, corpo estranho, hematoma e necrose tecidual; 
• Fatores sistêmicos: fatores relacionados ao cliente como idade, faixa etária, 
nutrição, doenças crônicas associadas, insuficiências vasculares úlceras, uso 
de medicamentos sistêmicos (anti-inflamatórios, antibióticos, esteroides e 
agentes quimioterápicos); 
• Tratamento tópico inadequado: a utilização de sabão tensoativo na lesão 
cutânea aberta pode ter ação citolítica, afetando a permeabilidade da 
membrana celular. A utilização de soluções antissépticas também pode ter 
ação citolítica. Quanto maior for à concentração do produto maior será sua 
citotoxicidade, afetando o processo cicatricial. Essa solução em contato com 
secreções da ferida tem a sua ação comprometida. 
 
Complicações Da Cicatrização De Feridas 
 
As complicações mais comuns associadas à cicatrização de feridas são: 
Hemorragia interna (hematoma) e externa podendo ser arterial ou venosa; 
Deiscência: separação das camadas da pele e tecidos. É comum entre 3º e 
11º dias após o surgimento da lesão; 
Evisceração: protrusão dos órgãos viscerais, através da abertura da ferida; 
Infecção: drenagem de material purulento ou inflamação das bordas da 
ferida; quando não combatida, pode gerar osteomielite, bacteremia e septicemia; 
Fístulas: comunicação anormal entre dois órgãos ou entre um órgão e a 
superfície do corpo. 
 
Condições Ideais Para O Processo De Cicatrização 
 
 
 
 
 
 
Faculdade deMinas 
41 
• Temperatura: a temperatura ideal, para que ocorram as reações químicas, é 
cerca de 36,4° C a 37,2° C. Caso a temperatura varie, o processo celular 
pode ser prejudicado ou interrompido. Desse modo, limpeza da lesão com 
soro fisiológico aquecido, menor exposição da lesão no momento da limpeza 
e cobertura adequada, são fatores importantes para preservação da 
temperatura; 
• Ph do tecido lesional: as secreções das glândulas sudoríparas e sebáceas 
promovem um pH ácido importante para a pele, garantindo que a penetração 
ou colonização por microrganismos seja impedida. O pH do tecido de uma 
ferida é ligeiramente ácido para que as funções celulares ocorram 
adequadamente; este pode ser afetado por secreções (urina, fezes) e certos 
antissépticos, desse modo deve ser avaliado de forma criteriosa sua 
utilização; 
• Níveis bacterianos na ferida: 
✓ Contaminadas: presença de microrganismos, porém, sem proliferação. 
Colonizadas: presença e proliferação de microrganismos, sem 
provocar reação no hospedeiro. 
✓ Infectadas: bactérias invadem o tecido sadio e desencadeiam resposta 
imunológica do hospedeiro. O controle da colonização nas feridas 
depende da limpeza adequada, uso de técnica asséptica na troca do 
curativo, uso de curativos que promovam barreira e que ajudem no 
controle microbiano. 
• Umidade no leito da lesão: a atividade celular adequada ocorre em meio 
úmido, facilitando a migração e a reprodução celulares. 
 
Estado Nutricional No Processo De Cicatrização 
 
A cicatrização de feridas envolve uma série de interações físico-químicas que 
requerem vários nutrientes em todas as suas fases: 
Fase inflamatória: inicia-se na formação da ferida e se encerra normalmente 
em quatro ou seis dias. Nutrientes necessários: aminoácidos, vitamina E, vitamina C 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
42 
e Selênio, para fagocitose e quimiotaxia; vitamina K, para síntese de protrombina e 
fatores de coagulação. 
Fase proliferativa: seu início ocorre por volta do 3º dia, podendo se estender 
por semanas. Há proliferação de células epiteliais e fibroblastos. Nutrientes 
necessários: aminoácidos, vitamina C, Ferro, vitamina A, Zinco, Manganês, Cobre, 
ácido pantotênico, tiamina e outras vitaminas do complexo B. 
Fase de maturação: diz respeito ao processo de estabilização da síntese de 
colágeno e aumento da retração da ferida. O período pode se estender por mais de 
dois anos. Nutrientes requeridos: aminoácidos (principalmente histidina), vitamina C, 
Zinco e Magnésio. 
 
Desbridamento Da Ferida 
 
O desbridamento de tecido inviável é o fator mais importante na gerência de 
lesões, uma vez que a cicatrização não ocorre na presença de tecido necrótico. 
Áreas de tecido necrótico podem conter escondidos líquidos subjacentes ou 
abscessos. O tecido necrótico pode ser amarelo e úmido ou cinza, e está separado 
do tecido viável. Caso o tecido necrótico e úmido seque, a ferida apresentada será 
uma escara preta, grossa e dura. No entanto, mesmo que o desbridamento seja 
doloroso, é necessário para prevenção de infecção e cicatrização da ferida, Os 
métodos de desbridamento podem ser: 
• Instrumental, conservador e cirúrgico: utilizam-se materiais cortantes 
como tesouras, lâminas de bisturis e outros. É indicado para remover grande 
quantidade de tecidos ou em extrema urgência. É realizado por médicos 
cirurgiões, incisões em tecidos vivos, e na tentativa de transformar feridas 
crônicas em feridas agudas. 
• Mecânico: o desbridamento mecânico envolve curativos úmidos a secos, 
utilizados normalmente em feridas com excesso de tecido necrótico e 
secreção mínima, exigem a realização de técnica apropriada, e o material 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
43 
usado no curativo é fundamental ao seu desfecho. Também funciona por 
fricção, irrigação e hidroterapia. 
• Autolítico: é através de um processo fisiológico, o qual o ambiente é mantido 
úmido estimulando as enzimas auto digestivas do corpo. Embora, este 
processo seja mais demorado não é doloroso, é de fácil realização e é 
apropriado para usuários que não toleram outro método. Se a ferida estiver 
infectada, o desbridamento autolítico não é a melhor opção terapêutica. 
 
Avaliação das Feridas 
Na avaliação da lesão é importante que o profissional classifique a ferida e 
identifique o estágio da cicatrização antes da aferição, para que possa realizar uma 
estimativa do processo cicatricial e quais os fatores que irão interferir neste 
processo. A avaliação deve ser registrada de forma detalhada sobre a ferida, 
descrevendo a localização, etiologia, tamanho, tipo, a coloração de tecido no leito 
da lesão, quantidade e característica do exsudato, odor, aspecto da pele ao redor, 
entre outros, também os aspectos relacionados às condições gerais do usuário, tais 
como: estado nutricional, doenças crônicas concomitantes, imunidade, atividade 
física, condições socioeconômicas e para os acamados, local onde permanece a 
maior parte do tempo, condições do local entre outros precisam ser avaliados. 
Este processo de avaliação também envolve o seu estadiamento, que poderá 
variar de acordo com a sua etiologia. Por exemplo, as úlceras de pressão são 
estadiadas por estágios, enquanto as úlceras por pé diabético, em graus. Após 
avaliação minuciosa, a equipe multidisciplinar deverá registrar os dados coletados 
no prontuário do paciente ou na ficha de avaliação de feridas, considerando dados 
específicos do exame da lesão quanto do estado geral do mesmo. A seguir será 
realizado o acompanhamento semanal deste usuário para verificar a evolução e 
adesão do tratamento. 
Todas as lesões devem ser avaliadas e documentadas atendendo aos 
seguintes critérios: 
1. Localização, tamanho, estágio: incluindo comprimento, largura, 
profundidade, forma e bordas; 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
44 
• Espessura parcial: 
Estágio 1 (somente epiderme, inclui escoriações); 
Estágio 2 (em camada dérmica). 
• Espessura total: 
Estágio 3 (envolvendo tecido subcutâneo); 
Estágio 4 (tecido subcutâneo e estruturas subjacentes). 
2. Área Peri-Lesional (dentro de 4 cm de bordas de ferida), edema, eritema, 
dor, maceração, erupção cutânea, bordas ressecadas, corpos estranhos (drenos, 
suturas, etc.) 
3. Aparência e cor da base da ferida 
• Tecido saudável: granulação/epitelização (vermelho/rosa) 
• Tecido necrosado: necrose de liquefação (amarelo, bronzeado); necrose 
(preto, marrom) 
4. Evidência de túneis, passagem sob a pele estendendo-se em qualquer 
direção através de tecido mole que cria um espaço morto com potencial para 
formação de abscesso ou área de destruição tecidual ao longo das margens da 
ferida subjacente à pele intacta 
5. Exsudato: quantidade, cor, tipo (sero-sanguinolento, sangramento vivo, 
fibrina, purulento) 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
45 
 
Imagem: 3 Tipos de Tecido 
 
 
Imagem: 4 Reconhecendo Tecidos 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
46 
Limpeza da Ferida 
• Limpe suavemente a ferida e a pele ao redor (não esfregue) no momento de 
cada troca de curativo usando Soro Fisiológico ou solução de Limpeza com 
PHMB; 
• Aplique pressão suficiente para limpar a ferida sem danificar o tecido ou levar 
bactérias para a lesão; 
• A pressão de irrigação geralmente é adequada para limpar a superfície da 
ferida sem causar trauma ao leito da ferida; 
• Pode ser usado uma seringa de 20 ml com agulha 40x12 para criar uma 
pressão de irrigação. Esta irrigação ajuda na remoção de material aderente 
no leito da ferida. 
 
Pele Ao Redor Da Lesão 
 
• Aplique protetor cutâneo na área circundante à ferida para protegê-la. 
• O cuidado com a pele ao redor da lesão reduz a maceração, mantém a pele 
seca e facilita a aplicação de curativos. Indicado o uso de protetor cutâneo 
spray. Ao borrifar o spray, proteger o leito da ferida, para que o protetor não 
fique sobre o tecido a ser tratado. 
• Creme protetor cutâneo podem ser aplicados

Mais conteúdos dessa disciplina