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BOM NEGÓCIO! O crescimento e a importância dos orquidários comerciais no País O SURGIMENTO DESSE GRUPO DE HÍBRIDOS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Brassolaeliocattleya PASSO A PASSO Aposte na casca de amendoim como substrato AS VANTAGENS DO CULTIVO ORGÂNICO DE ORQUÍDEAS 1Capa CCO44.qxp_1 Capa-CCO 03/03/2020 11:51 Página 1 Blc. Suzuki’s Wine Drop Telegram @clubederevistas https://t.me/clubederevistas 3 Por mais que o número de colecionadores de orquí- deas seja restrito, o negócio gerado pela produção e co- mercialização dessas plantas é muito grande e bastante significativo. Conheça detalhes sobre esse “outro lado” do mundo que envolve as orquidáceas. Veja também os benefícios obtidos com a adoção do cultivo orgânico. É preciso pouco para ter exempla- res mais saudáveis e ao mesmo tempo contribuir para a preservação ambiental! E saiba ainda a maneira ade- quada de usar a casca de amendoim como substrato. Apesar dos híbridos não estarem na lista de orquí- deas prediletas dos orquidófilos, pode-se afirmar que as Brassolaeliocattleya são uma das exceções. Como Cultivar Orquídeas relata os cruzamentos realizados pa- ra sua obtenção e suas principais características. editorial 03 Editorial:Base CCO 2010 29.07.10 17:12 Página 3 Telegram @clubederevistas índice 14 HISTÓRIA Participando de incursões a matas, Luiz Filipe Klein Varella descobriu e se encantou pelas orquidáceas 18 PASSO A PASSO Aposte na casca de amendoim como substrato no plantio e replantio 20 CULTIVO Detalhes sobre os cruzamentos que originaram as Brassolaeliocattleya e sua forma de cultivo 26 MERCADO DE ORQUIDÁRIOS Os números e a importância desse negócio 30 CULTIVO ORGÂNICO Os benefícios resultantes da adoção de adubos e defensivos naturais 38 GUIA DE ORQUÍDEAS 49 CONTATOS 50 ARTIGO Por René Rocha 6 \ C omo Cult ivar Orquídeas 06 Indice:Base CCO 2010 30.07.10 16:00 Página 6 Diretores Luiz Fernando Cyrillo Renato Sawaia Sáfadi FALE CONOSCO Atendimento em geral: atendimento@casadois.com.br Dúvidas, críticas e sugestões: editorial@casadois.com.br Nossos produtos em seu ponto de venda: revenda@casadois.com.br WhatsApp (11) 99748-4778 Esta é uma publicação da CASADOIS EDITORA, CNPJ 00.935.104/0001-98. 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SAÚDE: Coleção Guia Saúde Hoje e Sempre e Saúde Hoje e Sempre. Telegram @clubederevistas 14 \ C omo C ult ivar Orquídeas história Das bromélias às orquídeas Texto Fernanda Oliveira Fotos Eduardo Liotti Luiz Filipe Klein Varella, de Porto Alegre, RS, é coleciona- dor de orquídeas, com especial encantamento pelas espécies nativas da região Sul do País. Este seu intenso envolvimento te- ve início na década de 1990 por meio de outro grupo botâni- co, o Bromeliaceae. “Antes das orquídeas vieram as bromélias que comecei a apreciar ao conhecê-las em seu habitat, principalmente nas idas à Santa Catarina, durante as férias de Verão com a família”, conta o orquidófilo. Ele continua relatando que a princípio apenas notava a gran- de quantidade de bromeliáceas vegetando nas árvores situa- das nas margens das estradas. Eram plantas de diversos gêne- ros como Aechmea, Nidularium, Tillandsia e Vriesea. Ao constatar que diferentes espécies de Tillandsia poderiam vegetar em um mesmo galho, por exemplo, T. aeranthos, T. gard- neri, T. geminiflora, T. mallemontii e T. stricta, o simples ato de observar se transformou em interesse real. “Foi o primeiro pas- so para admirar, comparar e analisar essas plantas. Até hoje sou entusiasta da T. aeranthos e suas diversas variedades de cores.” E AS ORQUÍDEAS? “Com o tempo, comecei a examinar as orquídeas também. Então, em passeios pela Serra Gaúcha, sobretudo na região de São Francisco de Paula, descobri o mundo das micro-orquí- deas”, lembra o colecionador, acrescentando que sua primeira foi uma Capanemia superflua. “Ela me cativou. Descobri-a por meio de um exemplar en- contrado praticamente por acaso em uma caminhada à beira de uma rodovia em Canela, RS. Avistei um galho caído com uma pequena touceira dessa espécie com as flores quase abrin- do. Assim teve início minha paixão pelas orquídeas.” Segundo Varella, esse envolvimento se estreitou devido a dois fatores fundamentais: a fotografia e o fascínio pelos locais repletos de orquidáceas, mais especificamente, trechos da Ma- ta Atlântica e da Floresta de Araucárias da região Sul. “Nas matas nativas que ainda restam nesses dois ecossistemas, exis- te um infindável número de orquídeas e bromélias. Tudo isso se tornou um 'coquetel' irresistível para mim.” Logo, seu grande interesse passou a exigir mais informa- ções, o que o levou a fazer um curso sobre cultivo de orquídeas com Sérgio Inácio Englert, orquidófilo e proprietário do Ricsel – Orquídeas e Bromélias, da capital gaúcha. Com o tempo, além de observá-las em seu habitat, deu início a sua própria co- leção, implantando um orquidário em casa. “Vale dizer que, talvez pela forma como tomei contato com essas plantas, nunca me dediquei aos híbridos. Aprecio-os e admiro seus cultivadores, inclusive, possuo alguns exemplares, mas decididamente minha relação com as orquídeas está vin- culada às espécies, sobretudo as brasileiras, com dedicação especial às gaúchas e catarinenses. Também gosto de estudar taxonomia botânica e ferramentas que hoje estão à disposição para pesquisá-la”, ressalta. Foi justamente essa aproximação com a família Orchida- ceae (sem esquecer as bromélias) que tornou a fotografiaainda mais instigante para o orquidófilo, que passou a retratá-las. “Unir fotografia às orquídeas é um grande prazer e ao mesmo tempo uma excelente forma de conhecer sua anatomia. É evidentemente uma via de duas mãos: aprendi a fotografar melhor com as flo- res e aprendi mais sobre elas fotografando-as.” Este hobby é tão levado a sério que atualmente Varella tem várias de suas fotos publicadas em sites especializados em or- quidáceas. Dentre suas parcerias, pode-se destacar a com Ame- rico Docha Neto e Dalton Holland Baptista, estudiosos que mantêm o site do Projeto Orchidstudium, e a com Sérgio Amo- retty que desenvolveu uma proposta de classificação da Cat- tleya intermedia. 14-17 Historia:Base CCO 2010 29.07.10 17:18 Página 14 Telegram @clubederevistas 15 14-17 Historia:Base CCO 2010 29.07.10 17:18 Página 15 Telegram @clubederevistas 16 \ C omo C ult ivar Orquídeas MUNDO ORQUIDÓFILO Para Varella, adentrar nas matas com o intuito de observar as orquídeas em seu habitat continua sendo uma experiência primordial. “Há muitos anos cultivo esse hábito com seguidas incursões na companhia de amigos orquidófilos. Boa parte das mais de 400 espécies de ocorrência catalogada no Rio Gran- de do Sul pude observar e registrar na natureza”, orgulha-se. Além do contato próximo com as plantas em seu ambiente natural, o colecionador também procura adquirir mais conhe- cimento por meio da troca de experiências através da internet. Ele participa de dois grupos de discussão, Mundo Orquidófilo e Microorquídeas (e outro direcionado às bromeliáceas, Mun- do das Bromélias), e possui um álbum on-line com mais de 17 mil fotos, sendo a maioria de orquídeas e bromélias (http://www.flickr.com/photos/luizfilipevarella/). No entanto, as relações interpessoais não se restringem ao virtual. Desde 2006 é membro do Círculo Gaúcho de Orqui- dófilos (CGO), sendo seu atual presidente. “Minha entrada no CGO foi uma tentativa de fazer novos amigos e obter mais in- formações. Felizmente, isto tem sido uma constante graças aos muitos colecionadores experientes que fazem parte da enti- dade”, enfatiza. Ele também acredita que exposições e visitas a orquidá- rios particulares e comerciais são ótimas oportunidades para adquirir tanto conhecimento como novas plantas, mas nada comparado à observação de orquídeas na natureza (sempre com o intuito de aprender mais sobre essas plantas, já que é contra a retirada de exemplares das matas apenas para o au- mento de coleções). “Tenho que confessar que entre ir a uma exposição e realizar uma excursão a matas jamais hesitarei e sempre optarei por uma visita ao habitat.” Para saciar sua “sede” por informações, é adepto do es- tudo, dividindo-o em duas frentes. Primeiro, o formal e clássi- co das obras editadas de grandes taxonomistas e botânicos, por exemplo, Frederico Carlos Hoehne, Barbosa Rodrigues e Guido Pabst. E o segundo dedicado a pesquisas modernas que apontam novas tendências, às quais tem acesso com o au- xílio da internet e de bibliografia recente. “Decididamente minha relação com as orquídeas está vinculada às micro-orquídeas, sobretudo as brasileiras, com dedicação especial às gaúchas e catarinenses” Epidendrun secundum Anacheilum fragans Acervo Pessoal Capanemia superflua 14-17 Historia:Base CCO 2010 30.07.10 16:08 Página 16 Telegram @clubederevistas 17 Atualmente, a coleção de orquídeas de Varella apresenta cerca de 300 variedades diferentes. O colecionador tem especial carinho pelas espécies nativas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina PROJETOS Em parceria com o amigo Jacques Klein, de São Fran- cisco de Paula, o colecionador está preparando um site so- bre orquídeas nativas do Rio Grande do Sul, que está em fase de testes. Em breve, será lançado, mas já pode ser acessadoatravésdoendereçowww.orquideasgauchas.net. Outro projeto da dupla é a produção de um livro fotográ- fico que reunirá imagens de espécies gaúchas feitas por ambos nas matas do Sul do País. VERDADEIRA PAIXÃO Hoje a coleção de orquídeas de Varella apresenta cerca de 300 espécies diferentes. É durante a manhã que ele se dedica ao cuidado de seus exemplares, além de fotografá-los, apro- veitando a luz das primeiras horas do dia. Apesar do carinho por todos, o colecionador tem seus favoritos: os pertencentes ao gênero Oncidium. “Há muito tempo que é meu grupo predileto. Sigo a no- menclatura adotada pelo Projeto Orchidstudium com a divisão das espécies brasileiras de Oncidium em diversos outros gêne- ros. No entanto, agora com a revisão de Chase e Williams, transferindo-os para o gênero Gomesa, novas conclusões deve- rão vir. De qualquer forma, dentre aqueles derivados de Onci- dium, minha preferência recai sobre os chamados 'charutinhos' (espécies reunidas em Baptistonia) e as orquídeas dos grupos Alatiglossum, Coppensia e Rhinocidium. Todos bem repre- sentados no Rio Grande do Sul.” Ele cita ainda o Carenidium ottonis por encontrá-lo em abun- dância em seu habitat e ter contribuído na combinação taxo- nômica, enviando espécimes para Docha Neto e acompanhando seu estudo até a publicação. Para completar, inclui na sua lista de preferidas as plantas dos diversos gêneros das subtribos Pleu- rothallidinae e Maxillarinae. De acordo com o colecionador, muito dessa admiração se dá devido à variabilidade populacional das espécies. “Não can- so de examinar e registrar, por exemplo, as diferentes formas e cores que se pode observar em plantas do grupo Oncidium, como os inúmeros desenhos das pétalas e sépalas da Baptis- tonia cornigera e da Baptistonia riograndense.” E adiciona: “Além disso, considero fascinante encontrar uma orquídea vegetando em seu habitat (por mais comum que a plan- ta seja) e sobrevivendo, muitas vezes, em condições adversas. Assim, é possível analisar todos os fatores relacionados ao seu crescimento e desenvolvimento, como as relações com os poli- nizadores, o ambiente e as outras plantas.” Varella finaliza creditando à família Orchidaceae um apren- dizado útil para diferentes aspectos da vida. “As orquídeas me ensinaram a ter paciência, a ouvir e a experimentar, resignan- do-me com as quedas e os necessários recomeços. E ao falar de orquidofilia associo não apenas a plantas, mas também a amizades. Não sou orquidófilo há tanto tempo assim, mas já tenho amigos para muitos outros anos de orquidofilia.” 14-17 Historia:Base CCO 2010 30.07.10 16:12 Página 17 Telegram @clubederevistas passo a passo 18 \ Como Cultivar Orquídeas Na última edição de Como Cultivar Orquídeas, a reporta- gem “Riquezas regionais” falou sobre materiais encontrados em abundância em determinadas regiões brasileiras e que podem ser utilizados como substrato para orquídeas, tanto sozinhos co- mo misturados a outros elementos. Assim como foi dito na reportagem, a partir desta edição, mostraremos como utilizar alguns desses produtos. O primeiro é a casca de amendoim, já que pode ser obtida facilmente em qualquer localidade do País. De acordo com Sergio Ostetto, orquidófilo e proprietário do Ostetto Orquídeas, de Campo Grande, MS, o substrato serve apenas de apoio para as plantas epífitas, permitindo que se agarrem e permaneçam firmes, além de contribuir para a re- tenção de umidade da rega e de nutrientes da adubação. O profissional testou a casca de amendoim em Cattleya no- bilior e vários híbridos de Cattleya. “Todos enraizaram bem com a aplicação de fertilizante químico NPK 30-10-10 mais micro- nutrientes que, após seis meses, foi trocado por NPK 20-20-20 mais micronutrientes. Ao final de um ano, o substrato começou a entrar em decomposição”, revela. Sendo assim, sua durabilidade é baixa, exigindo replantes anuais para garantir a boa saúde do exemplar e evitar que suas raízes apodreçam. Porém, isso não significa que seja inade- quado para orquidáceas. Ao alcance de todos Texto Renata Putinatti Fotos Gabriel Guimarães Também é válido que cultivadores testem esse material em diferentes condições climáticas e com espécies ou híbridos va- riados, pois é possível que obtenham melhores resultados.A casca de amendoim é muito fácil de ser trabalhada, co- mo mostra Mirene Kazue Haga Saab, orquidófila e proprietá- ria do Orquidário Oriental, de Mogi das Cruzes, SP. VOCÊ VAI PRECISAR DE exemplar de orquídea, casca de amendoim e vaso de cerâmica Antonio Di Ciommo 18-19 PAP Substratos:Base CCO 2010 29.07.10 17:26 Página 18 Telegram @clubederevistas 19 SEM SEGREDO Para esse replantio, Mirene usou uma muda de Cattleya hí- brida com três polegadas (cerca de 1 ano e 6 meses de vida). Primeiramente, umedeça o substrato para facilitar a retirada da planta do vaso, que deve ser puxada delicadamente pela par- te mais robusta junto ao rizoma (1). Elimine todo o substrato antigo, destacando-o com as pon- tas dos dedos (2). “Esse exemplar não tinha raiz podre, então, não precisou de limpeza. Mas, se apresentar raízes velhas ou malformadas, podem ser cortadas com uma tesoura de poda esterilizada”, esclarece a profissional. Meça a orquídea no vaso de cerâmica. Ela deve ser um pou- co maior que o recipiente (3). Encoste a frente da planta na la- teral do vaso (4) e preencha todo o espaço interno com a cas- ca de amendoim (5). “Se o vaso for de plástico, é preciso co- locar um material drenante no fundo (como caco de telha, bri- ta ou isopor) antes de acomodar a planta e o substrato. Dessa forma, evita-se o excesso de umidade”, avisa. Depois de adicionar a casca de amendoim até próximo da borda do recipiente, aperte-a levemente para facilitar a com- pactação (6). Não é preciso muita força, pois o material pode se quebrar em pedaços pequenos, acelerando o processo de decomposição. Além disso, as partes grandes ajudam a man- ter a aeração das raízes. Ao finalizar o procedimento, forneça água e espere a plan- ta se adequar ao novo ambiente antes de adubar. “Quando co- meçar a emitir novas raízes, o que deve levar cerca de três se- manas, pode-se iniciar a adubação periódica”, finaliza Mirene. 1 2 3 4 5 6 O Orquidário Oriental não comercializa a casca de amendoim. 18-19 PAP Substratos:Base CCO 2010 29.07.10 17:27 Página 19 Telegram @clubederevistas 20 \ Como Cultivar Orquídeas cultivo Blc. Memoria Tiang [5] Uma história 20-25 Cultivo:Base CCO 2010 29.07.10 17:20 Página 20 Telegram @clubederevistas 21 Blc. Chunyeah “N 17” de fama e beleza Texto Renata Putinatti Fotos [1] Daniel Mansur, [2] Evelyn Müller, [3] Hamilton Penna, [4] Sérgio Gloor e [5] Tatiana Villa As espécies de orquídeas sempre despertam grande admi- ração em especialistas e iniciantes no assunto. Na contramão dessa tendência, as plantas do gênero híbrido Brassolaelio- cattleya (Blc.) costumam roubar a atenção em exposições e dei- xam muitos colecionadores apaixonados pela sua exuberância e pelo seu maravilhoso colorido. Como o próprio nome sugere, é resultante da combinação dos gêneros Brassavola, Laelia e Cattleya. Sua história soma mais de cem anos e, por isso, gera algumas contradições. Sa- be-se que o primeiro cruzamento data do final do século 19. “Cultivadores ingleses começaram a hibridar espécies de Cat- tleya com a hondurenha Brassavola digbyana, criando as pri- meiras Brassocattleya, que, em seguida, foram cruzadas às Lae- lia, especialmente L. purpurata e L. tenebrosa, originando o hí- brido trigenérico Brassolaeliocattleya”, explica Roland Brooks Cooke, engenheiro agrônomo e proprietário do Orchidcastle Agrícola, de Petrópolis, RJ. Também existe a versão de que o cruzamento inicial foi en- tre Cattleya e Laelia, sobretudo, a L. purpurata. “Este fato pos- sibilitou a união do belo labelo tubular e da flor grande da L. purpurata com o colorido e a boa forma das Cattleya do gru- po das labiatas, produzindo as vistosas e grandes flores das Lae- liocattleya. Em meados do século 20, introduziu-se a Brassavo- la glauca para produzir um labelo mais amplo e curto e flores com maior substância. Isso gerou a Brassolaeliocattleya, que apresenta flores duradouras e labelo, embora menor, bem mais vistoso”, afirmam Josélio Durigan e Célia Regina Zem Durigan, sócios-proprietários do Orquidário Durigan, de Curitiba, PR. Eles ainda comentam que no final do século 20 foi incor- porado a esses cruzamentos o grupo das Cattleya bifoliadas, que tem labelo trilobado e lobo frontal em forma de pá. “As plantas resultantes contam com flores de textura cerosa e bri- lhante, muita substância e colorido pintalgado. Uma delas é a Blc. Durigan.” [2] 20-25 Cultivo:Base CCO 2010 29.07.10 17:20 Página 21 Telegram @clubederevistas 22 \ C omo C ult ivar Orquídeas GENÉTICA A SEU FAVOR Demodogeral,asBrassolaeliocattleya sãomorfologicamente muito semelhantes às Cattleya, tanto no aspecto vegetativo co- mo no floral, e têm porte de médio a vigoroso, resultado da des- cendência da B. digbyana. A partir do rizoma surgem as raí- zes, os bulbos e as folhas, além disso, a haste floral aparece do pedicelo (estrutura modificada do caule) na base da folha. Coo- ke lembra que ao combinar as Cattleya com a B. digbyana o objetivo foi transferir para os híbridos resultantes o grande la- belo franjado dessa espécie, o que foi plenamente atingido. Segundo José Antônio Coelho, proprietário do Orquidário Amarílis, de Cachoeira do Sul, RS, suas características são bas- tante variáveis, pois depende das matrizes. “Por exemplo, ad- quiri dois frascos de Blc. Judy Fuchs “Oro de Cali” x Blc. Wai- kiki Gold “Lea”. Alguns exemplares produziram bulbos altos (em torno de 40 cm), enquanto outros não cresceram mais do que 25 cm. Todos, entretanto, apresentaram várias flores ama- relas e de tamanho médio. Isso demonstra os diferentes atribu- tos que plantas-irmãs podem trazer.” As Blc. possuem de duas a cinco flores por haste, que podem durar de sete a 30 dias. Seu colorido exuberante é proveniente das Laelia; já o tamanho e a forma das flores geralmente são transmitidospelasCattleya. “Sãobastanteperfumadas, cadaqual com seu aroma particular, de adocicado, floral e cítrico até ama- deirado”, descrevem os profissionais do Orquidário Durigan. Blc. Chia Lin “New City” [1] 20-25 Cultivo:Base CCO 2010 30.07.10 15:41 Página 22 Telegram @clubederevistas As cores são variadas, desde claras até mais escuras, de- pendendo do cruzamento, porém, com predominância de tons róseos. Coelho acrescenta que se pode dividi-las em dois gru- pos principais: as amarelas e as magentas. Em ambas, a C. do- wiana contribui com alto percentual – às vezes, com mais de 50%, como no caso das famosas Blc. Toshie Aoki, Blc. Mal- worth e Blc. Chunyeah. Não há uma época de floração específica, pois como com- binam a genética de muitas espécies, existem exemplares flori- dos durante todos os meses do ano. Entretanto, pode-se dizer que ocorre maior concentração no Outono. Graças às flores robustas (em torno de 20 cm de diâmetro), à beleza das cores e à boa substância e forma, esse é um dos híbridos de maior presença no mercado, fazendo grande su- cesso não apenas no Brasil, mas também no exterior. Segundo o proprietário do Orchidcastle Agrícola, no País a representante mais destacada é a Blc. Pastoral (Blc. Deesse x C. Mademoiselle Louise Pauwels), criada pelo Orquidário Flo- rália, da capital fluminense, em 1963. “É encontrada em tons que vão do branco puro ao róseo, com flores sempre grandes, vistosas, perfumadas e duráveis. Multiplicada por via clonal di- versas vezes, a Blc. Pastoral “Innocence”AM/AOS é uma pre- sença constante nas exposições durante o Outono”, salienta, ao adicionar que, atualmente, as tendências de hibridação no gê- nero buscam colorido mais intenso de amarelo a vermelho por terem maior impacto visual e procura por parte dos consumi- dores. “Existem inúmeras plantas famosas nesta linha, comoBlc. Chia Lin, Blc. Chunyeah e Blc. Goldenzelle.” Para o profissional gaúcho, entre as amarelas se destacam Blc.Malworth “Orchidglade”, Blc.Goldenzelle “Lemon Chif- fon”, Blc. Toshie Aoki “Robin”, Blc. Kure Beach “Lenette” e Blc. Orglade’s “Charm Crystelle”. Durigan e Célia recordam que desde 2005 a Blc. Durigan (Blc. Waianae Leopard x C. Corcovado) vem ganhandomuitos prêmios no Brasil e no exterior, com plantas que rece- beramoHighly Commended Certificate (HCC) e tambémoAward of Merit (AM), por exemplo, Blc. Durigan “Sirius”, Blc. Duri- gan “Orquilanda”, Blc. Durigan “Aquarius”, Blc. Durigan “Cygnus”, entre outras. 23 Blc. Durigan ”Sirius” HCC [4] [2] Blc.Blc. Malworth “Orchidglade” 20-25 Cultivo:Base CCO 2010 30.07.10 15:42 Página 23 Telegram @clubederevistas 24 \ C omo C ult ivar Orquídeas GARANTIA DE BOA FLORAÇÃO Além da extrema beleza, o fácil cultivo é outro fator que con- tribui para o sucesso das Blc. entre os colecionadores. Elas cres- cem bem e florescem em qualquer região do Brasil, desde ci- dades praianas até serranas. Por serem oriundas da Cattleya, sofrem essa forte influência genética e, por isso, suas necessidades são muito similares, como alta luminosidade, boa ventilação, temperaturas de amenas a tro- picais (de 12 a 25°C), substrato drenante e rega frequente. Apreciam bastante água durante a fase de crescimento ve- getativo, geralmente na Primavera-Verão, época na qual o for- necimento deve ser diário. Durante os períodos mais frios do In- verno no Centro-Sul, pode-se realizá-lo a cada dois dias. “Cor- rem o risco de perder as raízes caso o substrato permaneça úmi- do por muito tempo. Costumo dizer que não gostam de muita água, mas adoram a umidade no ar. Em climas secos, como na região central do País, recomendo molhar praticamente todos os dias, especialmente o chão do orquidário”, orienta Coelho. Os especialistas de Curitiba afirmam que elas precisam de bastante claridade, entretanto, não toleram sol direto. “É melhor mantê-las emambiente àmeia-sombra,mas com claridade abun- dante. Também devem ficar em local bem ventilado para evitar o surgimento de pragas e doenças.” A luminosidade adequada é essencial na obtenção de flo- rações abundantes e com flores de bom tamanho e duráveis. “Sendo descendentes da B. digbyana, que vegeta sob alta lu- minosidade no seu habitat, é natural que exijam grande inten- sidade de luz para florir. Podem ser colocadas sob tela sombrite de 70% ou debaixo de plástico translúcido. Quando dispostas em árvores, é importante cuidar para que a copa não as som- breie em demasia”, explica Cooke. Como não suportam encharcamento, o substrato tem que per- mitir o rápido escoamento da água. O engenheiro agrônomo su- gere casca de pinus, fibra de coco, esfagno e carvão em propor- ções variadas, conforme o gosto do cultivador. As Brassolaelio- cattleya ainda se adaptam facilmente a placas de madeira. [5] [3] Blc. Suzuki’s Wine Drop 20-25 Cultivo:Base CCO 2010 04.08.10 13:25 Página 24 Telegram @clubederevistas 25 “Em nosso orquidário, depois de várias experiências, pa- dronizou-se da seguinte forma: primeiro são colocados cubos de isopor até a metade do vaso, depois pedra em decomposi- ção (uma espécie de saibro) e casca de pinus autoclavada”, de- talha o profissional gaúcho. É indicado o uso quadrimestral do adubo orgânico bo- kashi, que pode ser complementado com adubo químico NPK 20-20-20 hidrossolúvel (diluído em água de acordo com as instruções do fabricante) aplicado semanalmente no Verão e uma vez ao mês no Inverno. “Este último, também chamado de foliar, deve ser pulverizado em toda a planta, não apenas nas folhas, já que as raízes captam a maior parte do fertili- zante”, diz o proprietário do Orquidário Amarílis. Um ambiente equilibrado, ventilado, com boa umidade do ar e adubação regular previne a maioria das pragas. No en- tanto, as Blc. não estão livres do ataque de cochonilhas, les- mas, tripes e caramujos. O tratamento é feito com defensivos in- dicados por um profissional da área. “As doenças mais comuns são fungos de folha (Cercospo- ra sp) e os que causam podridão (Pythium sp, Fusarium sp etc). Para seu combate, são receitados fungicidas específicos após o diagnóstico do agente causador, realizado por um técnico qualificado”, ressalta o especialista do Orchidcastle Agrícola. Segundo ele, assim como para a maioria das orquídeas, as Brassolaeliocattleya devem ser replantadas quando houver bro- tação em franco desenvolvimento, para que haja um enraiza- mento mais acelerado, além da sua rápida recuperação pós- plantio. “Esse procedimento é recomendado se o substrato esti- ver em decomposição e por necessidade de acomodar o exem- plar em vaso maior ou de dividi-lo. O amador deve dar prefe- rência aos recipientes de cerâmica, baixos e largos, não muito grandes.” Se forem feitas mudas, aconselha-se dividir a planta deixando-a com pelo menos quatro pseudobulbos. Coelho finaliza dizendo que a última exigência das Blc. para uma boa floração é a dedicação do cultivador. “Poucas horas por semana são suficientes para acompanhar seu desenvolvimento.” Blc. Toshie Aoki “Pizzaz” 20-25 Cultivo:Base CCO 2010 29.07.10 17:21 Página 25 Telegram @clubederevistas mercado de orquidários 26 \ C omo C ult ivar Orquídeas A todo vapor O cultivo de orquídeas está se tor- nando cada vez mais popular no Brasil e no exterior. O setor vive um forte aqueci- mento, com crescimento notável no nú- mero de orquidários físicos e virtuais e também na variedade de espécies e hí- bridos disponíveis para compra. DeacordocomAntonioHélio Junqueira, engenheiro agrônomo e consultor da Hór- ticaConsultoriaeTreinamento,deSãoPau- lo, SP, houve um inegável aumento das es- calas de produção e melhorias no acesso ao produto. Por exemplo, a maior oferta e exposição dessas plantas em supermer- cados. “Com isso, veio também a dimi- nuição dos preços, o que tem servido pa- ra aumentar a demanda. Outro fator im- portante é sua superexposição, especial- mentedasPhalaenopsis, em revistas,mos- tras e reportagens sobre decoração. Tudo isso produz uma associação como item de bom gosto e distinção, acentuando o de- sejo de consumo e dinamizando as ven- das”,afirma.Emconsequência,atualmente é possível comprar uma orquídea por cer- ca de R$ 5, uma queda no preço de qua- se 90% em dez anos. Deolho na lucrativa oportunidade, Ra- fael Bianchi Galati, há cinco anos, abriu o Orquidário da Terra, em Embu das Ar- tes, SP. Antes de montar o negócio, foi realizada uma pesquisa de mercado pa- ra saber o melhor local para sua implan- tação, além de um planejamento estraté- gico elaborado por uma empresa espe- cializada, a fim de determinar a viabili- dade do projeto e quanto tempo precisa- ria para equilibrar o fluxo de caixa. “Co- mecei com três funcionários em uma área total de 1.400 m² com 700 m² de área construída. No início, tinha por volta de 300 plantas floridas e cerca de cem mu- das em consignação. A média de clientes por mês era de 200 pessoas, sendo que a venda mensal não passava de 120 va- sos”, revela. Texto Renata Putinatti Fotos [1] Evelyn Müller, [2] Felipe Panfili e [3] Tatiana Villa [1] 26-29 Rep1-Mercado:Base CCO 2010 30.07.10 17:42 Página 26 Telegram @clubederevistas 27 Rapidamente Galati começou a co- lher bons frutos, experimentando um cres- cimento médio de 20% ao ano. Hoje, o volume de venda alcança 600 plantas pormês, tendo disponível 500 orquídeas em floração e uma média de 3 mil mu- das. Ele também apostou na diversifica- ção e, desde a inauguração, houve um aumento de mais de 2.000% no núme- ro de produtos do orquidário. “Com o passar dos anos, fui adquirindo expe- riência e maturidade e conhecendo meu público. Assim, pude arriscar mais nas compras e ampliar os contatos com im- portantes produtores do Brasil e do ex- terior. Mas, é válido dizer que também tive um grande acréscimo nos gastos fi- xos e variáveis. Como arrisquei mais, so- fri uma perda de 10%, diminuindo meu lucro”, admite. ProprietáriodoManoelOrquídeas, de Jundiaí, SP, e colecionador de orquídeas há 36 anos, Manoel Romero Cortegoso também viu neste segmento uma próspe- ra fonte de renda e resolveu abrir seu or- quidário há 12 anos. “A empresa era fa- miliar, comandada pela minha esposa e por mim. No começo, tínhamos cerca de 2 mil exemplares, sendo a maioria repe- tida. Vendíamos de quatro a cinco vasos por semana”, lembra.No entanto, por conta de um pro- blema de saúde na família, Cortegoso não conseguiu dedicar muito tempo ao negócio nos últimos oito anos, mesmo as- sim, com o setor aquecido, as vendas continuavam subindo e a clientela au- mentava a cada dia. “Há oito meses con- segui retomar com afinco a frente do ne- gócio e já percebi um incremento nas vendas de 30%. Hoje comercializo de 30 a 50 plantas floridas por semana. Além de ampliar a variedade e a diver- sidade para cerca de 12 mil espécies e híbridos, adicionei ao meu leque de pro- dutos os insumos de cultivo, como adu- bos, etiquetas de identificação, recipientes cerâmicos e plásticos etc”, explica. Cortegoso iniciou o orquidário com 2 mil orquí- deas. Hoje possui 12 mil e acrescentou ao seu portfólio insumos para cultivo. “Nos últimos oito meses as vendas subiram 30%”, diz. [1] [1] 26-29 Rep1-Mercado:Base CCO 2010 30.07.10 17:42 Página 27 Telegram @clubederevistas 28 \ C omo C ult ivar Orquídeas MUITO A SER EXPLORADO Não existem dados concretos sobre o número de produtores no País, sabe-se que a maior concentração de profissio- nais que produzem híbridos comerciais está nos estados de São Paulo, principal- mente nas regiões de Atibaia e Mogi das Cruzes, e Rio de Janeiro. Os que traba- lham com espécies nativas são encontra- dos sobretudoemEspíritoSanto,MatoGros- so e Santa Catarina. Além disso, há co- lecionadores e amadores espalhados por todo o território nacional. O número de exemplares produzidos internamente está estimado em 12 mi- lhões por ano. Seu ritmo acelerado de expansão acompanha o setor de flores e plantas ornamentais, contabilizando um crescimento de 8 a 9% anualmente. “O mercado está em ascensão para va- riedades de Phalaenopsis, Cymbidium e Oncidium, que apresentam consumo mais acentuado. Vanda e Cattleya des- pontam para mercados mais seletos”, as- segura Junqueira. Ele acrescenta que, embora esteja em “ebulição”, o consumo interno de flores ainda é baixo se comparado aos padrões internacionais. “Frente a isso e conside- rando a manutenção das boas condições de emprego, financiamento e renda pre- valecentes no País, pode-se esperar que as vendas ainda tenham muito para cres- cer. Portanto, existe um amplo mercado para as orquídeas no Brasil. Talvez venha a ocorrer algum saturamento para varie- dades muito determinadas em faixas de renda, como Phalaenopsis. Por outro la- do, espécies e cultivares novos sempre chamam a atenção e despertam novos de- sejos de consumo”, aponta. Galati e Cortegoso tambémacreditam que existe bastante espaço no segmento orquidófilo, tanto para o varejo como pa- ra o produtor. Há diversos lugares do Bra- sil que sofrem com a carência de orqui- dários e,mesmoos centros commaior con- centraçãodeles, comoSãoPaulo, têmcon- dições de ser melhor explorados. Para obter sucesso no varejo, o pro- fissional de Embu das Artes ressalta seis fatores essenciais: fazer um bom plano de negócio, encontrar um local de fácil aces- so e de grande circulação, ter uma equi- pe bem treinada, manter contato com pro- dutores e fornecedores, saber a necessi- dade do seu público e sempre investir em publicidade. “Se você está montando um orquidário, está montando uma loja es- pecializada, então deve estar preparado e entender do assunto para sanar todas as dúvidas dos clientes.” Para o engenheiro agrônomo e con- sultor, o produtor comercial deve estar atento ao fato de que o consumidor bra- sileiro, via de regra, prefere as orquídeas com cachos e as de flores grandes, dan- do menor importância para as de flores pequenas ou de cores e formatos menos exuberantes ou chamativos. “Trata-se, no casodestasúltimas,deplantas relacionadas mais especificamente aos colecionadores que, apesar de comprarem menos que as pessoas em geral, costumam pagar mui- to bem pelo que adquirem.” CONCENTRAÇÃO DE PRODUTORES NO BRASIL RIO DE JANEIRO MATO GROSSO SANTACATARINA ESPÍRITO SANTO HÍBRIDOS ESPÉCIES SÃO PAULO Cymbidium Cattleya Oncidium [3][1][1] 26-29 Rep1-Mercado:Base CCO 2010 30.07.10 17:46 Página 28 Telegram @clubederevistas 29 Em cinco anos, Galati teve um crescimento de seis vezes na quantidade de exemplares vendi- dos e aumentou em 2.000% o número de pro- dutos do orquidário. “Com o passar dos anos, fui adquirindo experiência e maturidade e co- nhecendo meu público”, afirma.0 10 20 30 40 50 60 Seguindo essa demanda, ele assegu- ra que a produção comercial brasileira es- tá absolutamente centrada na exploração de híbridos importados, especialmente de Phalaenopsis,CymbidiumeDendrobium. PANORAMA GLOBAL Ocomércio mundial de orquídeas mo- vimentou US$ 20 bilhões em 2009, onde se destacam os maiores produtores: Esta- dos Unidos, Alemanha, Holanda e Malá- sia. A participação do Brasil no cenário internacional se resume apenas a mudas e não a flores envasadas ou cortadas e prontas para o consumo. Nosso ponto forte são espécies nativas e alguns de seus híbridos, sendo que omer- cado comprador é constituído essencial- mente por colecionadores não focados na multiplicação.Então, estamospresentes em umnicho ondepequenas quantidades ofer- tadassãocompensadaspelosmelhorespre- ços unitários. Diferentemente dos líderes de comércio que se baseiam na produção em larga escala de híbridos comerciais que possuem longos cachos repletos de flores. Segundo um levantamento realizado pela Hórtica Consultoria e Treinamento, as exportações brasileiras desse segmen- to tiveram um crescimento em 2009 de 9,05% em relação ao ano anterior, so- mando um valor total de US$ 219,86 mil. Os principais países de destino foram Ja- pão (53,08%), Alemanha (21,74%), Es- tadosUnidos (12,27%)eHolanda (8,08%), além de Taiwan, Hong Kong e Chile. O Japão se transformou no principal cliente, com um crescimento de 242,23% sobre as importações de2008.Constatou- se ainda a abertura comercial em outros destinos não tradicionais, como Ucrânia e África do Sul. Para Junqueira, o País não é um player concorrente no mercado internacional de orquídeas e os valores exportados são pequenos e pouco interferem na movi- mentação global. No entanto, dados parciais de um es- tudo realizado pela empresa de consulto- ria mostra que o Brasil se destaca pelo constanteepersistente crescimento.Nopri- meiro semestre de 2010, acumulou omon- tante de US$ 87,8 mil, valor 2,27%maior que o mesmo período do ano passado. Ainda foi possível verificar que as mu- das exportadas no primeiro semestre des- te ano foram provenientes de Mato Gros- sodoSul (51,11%),EspíritoSanto (14,64%), Rio de Janeiro (13,86%), Santa Catarina (13,02%) e Rio Grande do Sul (7,37%). MAIORES IMPORTADORES DE ORQUÍDEAS BRASILEIRAS BALANÇA COMERCIAL DA FLORICULTURA BRASILEIRA EM 2009 (SALDO DE US$ 11,323 MILHÕES) Japão bulbos, tubérculos, rizomas e similares (em repouso vegetativo) outras mudas mudas de outras ornamentais mudas de orquídeas Alemanha EstadosUnidos Holanda 53,08% 21,74% 12,27% 8,08% Acervo pessoal Dendrobium VandaPhalaenopsis [1][1][2] 26-29 Rep1-Mercado:Base CCO 2010 30.07.10 17:43 Página 29 Telegram @clubederevistas cultivo orgânico 30 /C omo C ult ivar Orquídeas Beneficiando as plantas e o meio ambiente 30-31 Rep2-Cultivo organico:Base CCO 2010 30.07.10 16:16 Página 30 Telegram @clubederevistas 31 Preservar florestas, proteger animais, usar defensivos natu- rais e reciclar o lixo são apenas algumas das inúmeras ações pró meio ambiente que têm se disseminado em nossa socieda- de. Atualmente, muitas pessoas sabem da importância de pen- sar e agir de forma ecologicamente correta, tentando fazer sua parte a favor da conservação do planeta. O mundo orquidófilo já assumiu essa postura. É comum en- contrar associações que realizam excursões para reintroduzir orquidáceas nativas nas matas, profissionais e estudiosos que reproduzem plantas em extinção em laboratório e coleciona- dores que divulgam a proibição do uso do xaxim (espécie em risco de extinção) como substrato, incentivando o emprego de materiais alternativos. Entre essas atitudes conscientes, pode-secitar também o cultivo orgânico de orquídeas, que segue o mesmo princípio da produção orgânica de alimentos, ou seja, sendo o mais na- tural possível. Ainda não é um método amplamente adotado por produtores e colecionadores de orquidáceas, mas está avançando. É apenas uma questão de tempo para sua disse- minação, como aconteceu com tantos outros hábitos ambien- talmente corretos. Segundo Darly Machado de Campos, orquidólogo e presi- dentedaAssociaçãoBrasileiradeOrquidólogos (ABO), deCam- pinas, SP, o cultivo orgânico se diferencia do tradicional por não utilizar defensivos, adubos e substratos químicos. “No lu- gar desses produtos são empregadas alternativas naturais, por exemplo, extratos vegetais e óleos para a defesa contra pragas e micro-organismos causadores de doenças. Resumidamente, o cultivo orgânico se baseia no natural”, completa Roberto Jun Ta- kane, engenheiro agrônomo e professor da Universidade Fe- deral do Ceará (UFC), de Fortaleza, CE. EXPERIÊNCIAS E VANTAGENS Na Takane Agrifloricultura, o engenheiro agrônomo fez tes- tes do cultivo orgânico antes de implantá-lo de fato em sua pro- dução de orquídeas do gênero Cattleya. De acordo com ele, os resultados foram positivos em relação ao crescimento e à pro- dutividade das plantas. Além disso, cita a maior resistência das orquidáceas, observada quando o sistema orgânico foi real- mente adotado em 2006. Campos também lida com esse método nos projetos de re- posição de orquídeas em árvores de parques públicos realiza- dos pela ABO. “Temos notado que a volta dos polinizadores é mais rápida do que quando utilizávamos plantas provenientes de cultivo tradicional”, ressalta o orquidólogo, acrescentando que também observou maior resistência natural, além de flora- ções mais abundantes. Com isso, conclui-se que realmente há uma série de vanta- gens para as plantas. Mas elas não se restringem às orquídeas, já que a ausência de produtos químicos evita a contaminação da natureza e a intoxicação do próprio cultivador. “Com cer- teza, os produtos utilizados no cultivo orgânico são menos tó- xicos para o meio ambiente e para a saúde humana. No en- tanto, vale lembrar que de qualquer forma o produtor/cultivador deve usar equipamentos de proteção individual (EPI) ao lidar com esses insumos”, destaca Campos. Para implantar essa metodologia, Takane sugere um bom conhecimento das plantas cultivadas, identificando muito bem suas necessidades, do ambiente onde será feito o cultivo e dos produtos alternativos que podem ajudar na obtenção de bons resultados. Para completar, o presidente da ABO sugere aten- ção aos fatores preventivos, evitando ataques nocivos em gran- de escala (é essencial o cuidado na fase de transição de méto- dos, já que as plantas ainda não desenvolveram grande resis- tência natural). Somente com dedicação e sobretudo conhecimento que as vantagens serão obtidas. O engenheiro agrônomo cita como exemplo um equívoco sério: o uso do bokashi junto com a apli- cação de fungicida. O bokashi é um biofertilizante que possui em sua composição bactérias e fungos benéficos, que, no ca- so, são exterminados pelo fungicida. “É um erro grosseiro. Pa- ra evitar esse e outros, é muito importante um estudo aprofun- dado sobre o assunto.” No entanto, o grande contratempo para a adoção do culti- vo orgânico é o aspecto financeiro, pois muitos acreditam que ele é mais caro, o que, segundo ambos especialistas, não é ver- dade. O engenheiro agrônomo afirma que, no caso de uma produção, há uma redução considerável na perda de plantas, o que resulta em economia. Enquanto para o orquidólogo émais uma forma de agregar valor às orquídeas, tornando seu valor comercial mais elevado. “Ainda estamos ‘engatinhando’. Acredito que o maior obs- táculo que encontramos é a venda ilegal de adubos orgânicos sem certificação de órgãos oficiais. Como a composição exata desses produtos é desconhecida, pode haver agentes nocivos que contaminarão as plantas ao longo do tempo. Num primei- ro momento, pode parecer que estão proporcionando benefí- cios, mas depois levam à perda de muitos exemplares pelos con- taminantes incorporados ou que atraem pragas e insetos malé- ficos”, alerta Campos. Texto Fernanda Oliveira Foto Tatiana Villa 30-31 Rep2-Cultivo organico:Base CCO 2010 29.07.10 18:26 Página 31 Telegram @clubederevistas guia de orquídeas 38 \ Como Cultivar Orquídeas Cattleya trianae “Vitoria de Castro” Origem: Colômbia Condições ideais: clima de frio a ameno, com temperaturas variando de 5 a 28oC Curiosidades: trata-se de um clone oriundo da autofecundação da C. trianae Sladen. É uma planta bastante valorizada por orquidófilos, pois é uma cultivar de ótima forma Cultivo: Orquidário Epiphanio (Rio Claro/SP) Evelyn M üller 38-44 Guia:Base CCO 2010 29.07.10 17:32 Página 38 Telegram @clubederevistas 39 Campylocentrum aromaticum Origem: Brasil Condições ideais: sombreamentode50% e temperaturas variando entre 10 e 35oC Curiosidades: floresce no Verão e as flores têm cerca de 1,2 cm de diâmetro Cultivo: Americo Docha Neto (Poços de Caldas/MG) Edu Castello 38-44 Guia:Base CCO 2010 29.07.10 17:32 Página 39 Telegram @clubederevistas Dyakia Nender Soniane Origem: híbrido Condições ideais: necessita de bastante umidade, clima quente e boa luminosidade, mas sem exposição direta aos raios solares Curiosidade: floresce mais de uma vez ao longo do ano Cultivo: Orquidário Morumby (São Paulo/SP) 40 \ Como Cultivar Orquídeas Ta tia na Vi lla 38-44 Guia:Base CCO 2010 29.07.10 17:32 Página 40 Telegram @clubederevistas Vanda Oriental Fuji Origem: híbrido Condições ideais: pode ser cultivado em locais úmidos, bem ventilados e com sombreamento mediano Curiosidades: planta resultante do cruzamento entre V. Madame Rattana e V. Gold Spots Cultivo: Orquidário Oriental (Mogi das Cruzes/SP) 41 Tatiana Villa 38-44 Guia:Base CCO 2010 29.07.10 17:32 Página 41 Telegram @clubederevistas 42 \ Como Cultivar Orquídeas Phragmipedium Sorcerer’s Apprentice (Phrag. longifolium x Phrag. sargentianum) Origem: híbrido Condições ideais: desenvolve-se em locais de clima tropical e subtropical, em ambientes ensolarados e úmidos Cursiosidade: o gênero Phragmipedium é nativo das Américas do Sul e Central Cultivo: Aranda Orquídeas (Teresópolis/RJ) Tatiana Villa 38-44 Guia:Base CCO 2010 29.07.10 17:32 Página 42 Telegram @clubederevistas 43 Laeliocattleya Remo Prada Origem: híbrido Condições ideais: aprecia umidade elevada, sombreamen- to mediano e boa ventilação Curiosidades: produz flores grandes e com um vistoso splash de cor do labelo às pétalas. É originário do cruzamento Lc. Wilmoss x Cattleya trianae Cultivo: Orquidário Morumby (São Paulo/SP) Tatiana Villa 38-44 Guia:Base CCO 2010 29.07.10 17:32 Página 43 Telegram @clubederevistas Angraecum cultriformis Origem: África do Sul, Quênia e Tanzânia Condições ideais: clima ameno e quente e rega controlada. Deve ser cultivado em locais com até 1.800 m de altitude Curiosidades: as flores, que aparecem de outubro a abril, são pe- quenas, apresentando cerca de 3,5 cm de diâmetro Cultivo: Dalton Holland Baptista (Piracicaba/SP) 44 \ Como Cultivar Orquídeas Evelyn M üller 38-44 Guia:Base CCO 2010 29.07.10 17:32 Página 44 Telegram @clubederevistas 49 contatos EMPRESAS Aranda Orquídeas Teresópolis/RJ (21) 2742-0628 www.aranda.com.br Associação Brasileira de Orquidólogos (ABO) Campinas/SP (19) 3252-1831 Associação Orquidófila de Betim Betim/MG aob.orquideas@hotmail.com Biofert Contagem/MG 0800-6008432 Caiana.com Joinville/SC (47) 3026-6677 www.caiana.com.br Círculo Orquidófilo Rioclarense (CRO) Rio Claro/SP croorquideas@gmail.com www.croorquideas.webnode.com.br Colibri Orquídeas São Lourenço da Serra/SP (11) 4686-1129 www.colibriorquideas.com Hórtica Consultoria e Treinamento São Paulo/SP (11) 3887-7396 www.hortica.com.br Manoel Orquídeas Jundiaí/SP (11) 4533-3154 Orchidcastle Agrícola Petrópolis/RJ rolandbrookscooke@gmail.com Orchiland Mogi das Cruzes/SP (11) 8174-3743 www.orchiland.com.br Orquidário AmarílisCachoeira do Sul/RS (51) 3723-8193/3723-1490 www.orquidarioamarilis.com.br Orquidário Chácara Suíça Curitiba/PR (41) 3335-8340 www.orquidariochacarasuica.com.br Orquidário da Mata São Paulo/SP (11) 5542-7627/5092-5637 www.orquidariodamata.com.br Orquidário da Terra Embu das Artes/SP (11) 9308-9864 www.orquidariodaterra.com.br Orquidário do Sol Salto/SP (11) 4024-1466/9989-4936 Orquidário Durigan Curitiba/PR (41) 3372-0072 www.orquidariodurigan.com.br Orquidário Epiphanio Rio Claro/SP (19) 3524-3624/3524-9588 www.orquidarioepiphanio.com Orquidário Maripá Maripá/PR (44) 3687-1678 www.bazar10.com.br Orquidário Morumby São Paulo/SP (11) 5041-2391 www.morumby.com.br Orquidário Oriental Mogi das Cruzes/SP (11) 4724-9619 www.orquidariooriental.com.br Orquidário Santa Bárbara Santa Bárbara d’Oeste/SP (19) 3406-5274/3463-8349 www.orquidariosantabarbara.com Ostetto Orquídeas Campo Grande/MS (67) 3382-5342/3027-4821 www.ostetto.com.br RF Orquídeas Campo Largo/PR (41) 9963-8108 www.rforquideas.com Sociedade Orquidófila Cantareira (Socan) São Paulo/SP socan.orquideas@gmail.com www.socan.com.br Universidade Federal do Ceará (UFC) Fortaleza/CE (85) 3366-7300 www.ufc.br PROFISSIONAIS Americo Docha Neto Orquidófilo e estudioso do Projeto Orchidstudium Poços de Caldas/MG docha@orchidstudium.com Antonio Hélio Junqueira Engenheiro agrônomo e consultor da Hórtica Consultoria e Treinamento São Paulo/SP (11) 3887-7396 Célia Regina Zem Durigan Sócia-proprietária do Orquidário Durigan Curitiba/PR (41) 3372-0072 Dalton Holland Baptista Orquidófilo e estudioso do Projeto Orchidstudium Piracicaba/SP dalton@orchidstudium.com Darly Machado de Campos Orquidólogo e presidente da ABO Campinas/SP darly.machado@ig.com.br José Antônio Coelho Proprietário do Orquidário Amarílis Cachoeira do Sul/RS (51) 3723-8193/3723-1490 Josélio Durigan Sócio-proprietário do Orquidário Durigan Curitiba/PR (41) 3372-0072 Luiz Filipe Klein Varella Orquidófilo Porto Alegre/RS lvarella@via-rs.net Manoel Romero Cortegoso Proprietário do Manoel Orquídeas Jundiaí/SP (11) 4533-3154 Mirene Kazue Haga Saab Orquidófila e proprietária do Orquidário Oriental Mogi das Cruzes/SP (11) 4724-9619 Rafael Bianchi Galati Proprietário do Orquidário da Terra Embu das Artes/SP (11) 9308-9864 Roberto Jun Takane Engenheiro agrônomo e professor da UFC Fortaleza/CE takane@uol.com.br Roberto Alves Ferreira Diretor de exposição do CRO Rio Claro/SP croorquideas@gmail.com Roland Brooks Cooke Engenheiro agrônomo e proprietário da Orchidcastle Agrícola Petrópolis/RJ rolandbrookscooke@gmail.com Sergio Ostetto Orquidófilo e proprietário do Ostetto Orquídeas Campo Grande/MS (67) 3382-5342/3027-4821 Solange Menezes Presidente da Socan São Paulo/SP solange.menezes@ig.com.br Valdir Gonçalves Machado Presidente da Associação Orquidófila de Betim Betim/MG aob.orquideas@hotmail.com 49 Contatos:Base CCO 2010 30.07.10 16:13 Página 49 Telegram @clubederevistas 50 \ Como Cultivar Orquídeas artigo Para um programa básico e eficaz de adubação, não invente muito. É primordial escolher um fertilizante químico hidrossolú- vel de marca confiável com formulação balanceada e completa e estabelecer um dia da quinzena ou mesmo da semana para adubar com regularidade. Lembre-se de que está cultivando or- quídeas, então, não use produtos para culturas de solo, por exem- plo, milho, feijão e café. ADUBO HIDROSSOLÚVEL COM FORMULAÇÃO BALANCEADA E COMPLETA A formulação campeã para orquídeas é NPK 20-20-20 – Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K) somados aos macro- nutrientes essenciais secundários Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S) e aos micronutrientes Zinco (Zn), Ferro (F), Boro (B), Manganês (Mn), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Sódio (Na), Molibdê- nio (Mb) e Níquel (Ni). Também existem estudos sobre a utilidade do Silício (Si) pa- ra orquídeas no aumento da resistência a doenças. Quanto ao Cálcio (Ca), deve-se aplicá-lo separadamente e apenas quan- do necessário, afinal, poucas regiões brasileiras possuem ca- rência desse elemento, pois a água tratada (de torneira) tem sua dosagem corrigida. Também são macronutrientes essenciais os elementos gaso- sos como Carbono em forma de gás carbônico (CO2), Oxigê- nio (O2) e Hidrogênio (H2), sendo que todos são retirados nor- malmente do ar pela planta. Logo, um fertilizante é essencial quando contém N, P e K. É balanceado quando tem a mesma proporção desses ele- mentos. É completo quando também contém os macro e mi- cronutrientes. Para orquídeas, são mais utilizadas as propor- ções 20-20-20, 15-15-15 e 10-10-10, que contribuem para o crescimento ou a manutenção. De funções específicas e não balanceados são aqueles co- mo 30-10-10, para acelerar o crescimento de seedlings, ou 15-30-15 e 10-30-15, para favorecer a floração. Essa identi- ficação tríplice-numérica corresponde à quantidade, respecti- vamente, de N (Nítrico, NO3- e Amoniacal, NH4+), P (P2O5) e K (K2O) em cada 100 g de adubo. Os elementos químicos são conduzidos pelo transporte ati- vo entre raízes e folhas, “sugando” de baixo para cima solu- ções de água e nutrientes. A absorção se dá em quase sua to- talidade através das raízes, por isso para cultivar adequada- mente uma orquídea aprenda primeiro a cuidar de suas raízes. REGULARIDADE NAS APLICAÇÕES Decida adubar semanalmente com a metade da dosagem recomendada pelo fabricante do produto escolhido ou se para você for mais prático adubar quinzenalmente, na dosagem re- comendada (geralmente 1 g do adubo solúvel por litro de água). O que não pode é ficar adubando no dia que dá ou quando tem vontade e, então, pular as datas pré-estabelecidas. Logo, a ideia “como não deu tempo, aplico em dias seguidos ou com dosagemmaior para compensar” é totalmente equivocada.Não faça isso, pois estará passando “mensagens químicas” des- controladas para suas plantas. Com conhecimentos sobre pH e condutividade das soluções, vá sofisticando e usando fórmulas específicas para crescimento e floração ou com adubações mistas (química e orgânica ou or- ganomineral). Ao aplicar elementos químicos, lembre-se de que a diferença entre remédio e veneno está apenas na dosagem e na sua mistura. Além disso, adubo de fonte orgânica não pas- sará (no final) dos mesmos elementos químicos disponíveis pa- ra a absorção da planta. E cuidado com a ideia equivocada de que todo produto orgânico é natural e saudável. Para finalizar, vale destacar que adubos de má qualidade podem trazer con- taminantes maléficos para suas orquídeas. *René Rocha é professor, de Areado, MG, e autor do livro ABC do Orquidófilo. Contatos: renerocha@ip3.com.br e www.abcdoorquidofilo.vai.la. *Por René Rocha Ac er vo pe ss oa l Hamilton Penna Hamilton Penna O ABC da adubação 50 Artigo:Base CCO 2010 29.07.10 17:30 Página 50 Telegram @clubederevistas https://t.me/clubederevistas