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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E 
ORÇAMENTÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá! 
Nesta aula, abordaremos as principais contas contábeis que constituem o 
capital de giro das organizações. Ao longo do capítulo, será possível distinguir entre 
a exigência de capital de giro pontual no negócio e a demanda constante por capital 
de giro. 
Por último, serão destacados alguns cálculos relacionados à necessidade 
de capital de giro em uma empresa, visando consolidar o entendimento adquirido. 
A partir desta leitura, também será possível compreender a função dos 
orçamentos e identificar as ferramentas essenciais para a gestão eficaz e eficiente 
das tarefas financeiras. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 05 – 
ADMINISTRAÇÃO DO 
CAPITAL DE GIRO 
 
 
5 CRÉDITO 
O crédito desempenha um papel crucial para indivíduos, empresas, 
organizações e nações, derivando do termo latino creditu, que traduz a ideia de 
"confiança em algo". No âmbito financeiro, o conceito de crédito implica a expectativa 
de que o valor emprestado será reembolsado. Em essência, o crédito representa 
confiança, sendo o credor aquele que empresta dinheiro a um indivíduo ou instituição, 
confiando que terá a quantia restituída. Por sua vez, o tomador, quem solicita o 
empréstimo, assume a obrigação de pagar ou liquidar a dívida em um momento futuro. 
A provisão de financiamento às empresas é um dos temas centrais quando se 
aborda o crescimento econômico. O crédito atua como um impulsionador essencial 
no desenvolvimento e operação das empresas, desempenhando um papel crucial na 
sobrevivência, na condução das atividades, na aquisição de maquinário e 
equipamentos, e, sobretudo, no aprimoramento da capacidade de gestão. 
Do ponto de vista financeiro, o crédito representa uma soma que uma empresa 
confia a outra empresa ou a um indivíduo. Por exemplo, ao vender algo a prazo, o 
comerciante está concedendo crédito ao comprador, pois a entrega do produto ou 
serviço ocorre antes do recebimento imediato do pagamento. Dessa forma, o crédito 
estimula a troca de bens e serviços, simplificando o consumo das pessoas e a 
produção das empresas. 
Sem dúvida, a ausência de crédito resulta na redução do consumo das 
pessoas. Como resultado, as empresas diminuem sua produção, levando a um 
aumento do desemprego e, consequentemente, à queda da renda das pessoas (HOJI, 
2014). Nessa perspectiva, o crédito desempenha um papel fundamental na sociedade 
de consumo, um fato corroborado pela evidência histórica e econômica. Portanto, é 
imperativo possuir conhecimento sobre o tema e adotar uma abordagem criteriosa em 
relação ao crédito, seja ele pessoal, empresarial ou para outras finalidades. 
No contexto empresarial, a relevância do crédito é particularmente destacada. 
Segundo Assaf Neto (2014), por uma estratégia de crédito adotada pelas 
organizações que proporciona novas oportunidades de negócios e desempenha um 
papel crucial no gerenciamento do fluxo de caixa da empresa. Além disso, a inovação 
é considerada essencial para a manutenção da competitividade no mercado. No 
entanto, vale ressaltar que o suporte financeiro representa um dos obstáculos à 
inovação no país, uma vez que as instituições bancárias desempenham um papel 
 
limitador nesse contexto, uma vez que estas instituições proporcionam: Restrições de 
crédito; Longo período para o processamento de um empréstimo; Altas taxas para a 
tomada de crédito. Assim, na ausência de suporte financeiro e investimento 
direcionado à inovação, as empresas enfrentam a inevitabilidade da falência. Embora 
algumas possam resistir por mais tempo, as dificuldades financeiras têm a tendência 
de comprometer o empreendimento. Em outras palavras, o crédito desempenha um 
papel essencial no fomento do empreendedorismo e da inovação no cenário nacional 
(BRAGA, 1989). 
O crédito pode ser descrito como uma fonte adicional de fundos, proveniente 
de entidades externas como bancos, financeiras e cooperativas de crédito, entre 
outras. Essa fonte viabiliza a aquisição antecipada de bens ou a contratação de 
serviços, conforme explicado por Silva (2012). Do ponto de vista financeiro, essa 
prática implica fornecer recursos financeiros a um tomador para cobrir despesas, 
realizar investimentos ou financiar a aquisição de bens, entre outras finalidades. 
Dessa forma, o crédito é concebido como uma transação na qual bens ou 
serviços atuais são trocados por bens ou serviços futuros. A Figura 1 ilustra o ciclo de 
crédito entre o tomador e o credor (ou financiador). 
Figura 1 - Ciclo de crédito entre tomador e financiador 
Fonte: Adaptada de Matias (2014). 
Em outras palavras, crédito refere-se à ação, vontade ou disposição de uma 
pessoa em conceder temporariamente uma parte de seu patrimônio a um terceiro, 
com a expectativa de que essa porção seja devolvida integralmente após um período 
predeterminado. Conforme Braga (1989) destaca, o crédito representa um valor 
disponibilizado por uma entidade a terceiros por um intervalo acordado entre as 
partes. 
A entidade que recebe o crédito deve reembolsar o montante concedido com 
 
uma compensação, além de fornecer alguma forma de garantia ao credor em troca do 
valor solicitado. Dessa maneira, é possível afirmar que o crédito implica em senso 
comum, raciocínio, confiança, garantia e conhecimento, envolvendo também um 
elemento de risco. 
Quando uma empresa busca oferecer seus produtos com pagamento a prazo, 
a decisão central está associada à concessão de crédito. O ato de conceder crédito a 
um cliente envolve uma avaliação minuciosa sobre a concessão do crédito e quais 
são os limites quantitativos que podem ser autorizados (HOJI, 2014). 
As organizações realizam transações comerciais em escala global, facilitando 
a compra eletrônica sem a necessidade de conhecer a identidade do vendedor. Isso 
aumentou o risco de empresas não receberem o pagamento, levando o mercado a 
desenvolver ferramentas de análise para reduzir esse risco. Ao conceder crédito, a 
empresa destina parte de seus recursos para financiar seus clientes, assumindo, 
assim, um risco associado a essa concessão. 
De acordo com Assaf Neto (2014), o risco de crédito refere-se à possibilidade 
de o credor enfrentar prejuízos devido ao não cumprimento das obrigações pelo 
tomador nos termos acordados. Silva (2012) afirma que a deterioração na qualidade 
de crédito do tomador não resulta em perdas imediatas para as organizações 
credoras; entretanto, aumenta a probabilidade de ocorrência de um inadimplemento. 
Cada instituição estabelece sua própria definição de inadimplemento, geralmente 
associada ao atraso no pagamento de compromissos assumidos pelo tomador, como 
por exemplo, por um período de 60 ou 90 dias. 
Conforme Padoveze (2010), a avaliação do risco de crédito envolve seus 
componentes, que envolvem o risco de inadimplência, o risco de exposição e o risco 
de recuperação. O risco de recuperação está sujeito ao tipo de inadimplência ocorrida 
e às características específicas da operação de crédito, como valor, prazo e garantias. 
O risco de inadimplência, também conhecido como "risco do cliente", está 
ligado às características inerentes ao tomador de crédito. Os riscos de exposição e 
recuperação são considerados riscos operacionais, pois estão relacionados a fatores 
específicos da operação de crédito. 
Em outras palavras, o risco operacional refere-se à possibilidade de perdas ou 
impactos decorrentes de sistemas de informação, controles inadequados ou 
insuficientes, falhas na gestão ou erros humanos. Em resumo, a mensuração do risco 
de crédito consiste no processo de quantificar a probabilidade de as empresas 
 
sofrerem perdas caso as previsões de fluxo de caixa, pagamentos e operações de 
crédito não se concretizem. 
5.1 Os 5 Cs do Crédito 
A eficácia da análise de crédito é influenciadapor diversos fatores, incluindo o 
conhecimento, a disponibilidade de material técnico de qualidade, a suficiência, a 
completude e a consistência das informações sobre o cliente em análise, além das 
habilidades na utilização desse material para gerar análises que aprimorem a 
qualidade da avaliação dos clientes. Todos os recursos disponíveis na empresa, como 
cadastro completo e atualizado, balanços ou registros de faturamento dos clientes, 
histórico de negociações, pontualidade de pagamento e outros, devem ser 
empregados nessa análise. 
Esses princípios, quando considerados individualmente, conferem uma 
perspectiva específica sobre a empresa, e a combinação de todas essas abordagens 
proporciona uma visão mais completa do cliente, mais clara do que aquela obtida ao 
utilizar apenas uma abordagem. Cada abordagem tem sua importância ponderada na 
análise. Quanto maior a habilidade em equilibrá-las, melhor será a qualidade da 
representação e maior será a segurança ao decidir se a empresa deve ou não realizar 
vendas a prazo, ou até que ponto está disposta a arriscar seu capital nessa transação 
(MATIAS, 2014). 
Muitos autores se referem aos "5 Cs do crédito" Como uma ferramenta para a 
análise de crédito dos clientes: Caráter, Capacidade, Condições, Capital e Colateral. 
Esses aspectos serão explorados a seguir: 
Caráter: O primeiro "C" diz respeito ao caráter do indivíduo que solicita o crédito, 
sendo definido pela disposição em cumprir os compromissos assumidos. Está 
estreitamente relacionado à honestidade e se manifesta no empenho em cumprir uma 
obrigação, na intenção genuína de efetuar os pagamentos. É um princípio essencial 
na avaliação do cliente, sendo o ponto de partida para essa análise. 
Capacidade: Considerando que a integridade da pessoa seja irrepreensível, em 
algumas situações, se ela não apresentar a competência necessária para conduzir 
suas atividades, poderá encontrar dificuldades em cumprir seus compromissos. 
Mesmo possuindo uma conduta impecável, se a pessoa analisada não possuir a 
 
habilidade de gerar receitas, sua capacidade financeira para cumprir tais 
compromissos pode ser comprometida. 
De acordo com Assaf Neto (2014, p. 307), "[...] a capacidade procura avaliar o 
potencial de geração de recursos do cliente com o objetivo de liquidar o crédito 
conforme solicitado". A capacidade refere-se à habilidade maior ou menor dos 
gestores em administrar estratégica e operacionalmente os negócios da empresa. 
Condições: As empresas operam em um contexto específico e em um ambiente 
determinado, e as condições desse ambiente têm impacto tanto positivo quanto 
negativo no desempenho de suas operações. Essas condições refletem as influências 
do comportamento da conjuntura econômica na capacidade de pagamento do cliente, 
conforme destacado por Assaf Neto (2014). Em situações em que as condições de 
mercado são favoráveis, a empresa encontra estímulo para alcançar o sucesso nos 
negócios e, consequentemente, para cumprir com facilidade seus compromissos. No 
entanto, condições desfavoráveis podem representar obstáculos para o 
desenvolvimento adequado das atividades e, como resultado, podem criar 
dificuldades no momento do pagamento. 
Capital: Mesmo que uma pessoa demonstre boa índole, evidencie habilidades 
administrativas sólidas e atue em um ambiente favorável, ela ainda pode encontrar 
dificuldades para cumprir um compromisso assumido se sua situação econômico-
financeira não estiver alinhada com a obrigação assumida. Em conformidade com as 
palavras de Gitman (2010), a definição de capital para uma organização está 
intrinsecamente ligada à relação entre a dívida e o patrimônio líquido. 
Há outros fatores que exercem influência no capital da empresa em análise. 
Segundo Silva (2012), a análise dos demonstrativos contábeis fornece informações 
valiosas sobre o desempenho e a solidez da empresa, configurando-se, assim, como 
uma ferramenta eficaz para a tomada de decisões de crédito. 
Colateral (covenants): Dentre os "Cs" considerados, o colateral, ou garantia, é o 
menos rigoroso, visto que a garantia é subordinada a uma operação de crédito, e, por 
conseguinte, sua relevância é meramente relativa. Conforme a perspectiva de Assaf 
Neto (2014), o termo colateral é utilizado para avaliar os ativos que um cliente pode 
oferecer como meio de assegurar seu crédito. O colateral é apenas um elemento 
secundário na análise. Silva (2012) destaca que a garantia representa uma forma de 
 
segurança adicional e, em algumas circunstâncias, é requerida para compensar 
eventuais problemas decorrentes de outros fatores de risco. 
Dessa forma, torna-se evidente quais são os Cs do crédito e como cada uma 
das variáveis é examinada (PADOVEZE, 2010): 
 Caráter – cadastro; 
 Capacidade – mercado; 
 Condições – estratégia, estrutura, domínio técnico; 
 Capital – capacidade financeira; 
 Colateral/covenants – garantias reais e pessoais. 
5.2 Política de Crédito 
Considerando que a utilização adequada do crédito requer princípios gerais e 
constantes que orientem o comportamento dos analistas de crédito, esses princípios 
são resumidos na política de crédito. Conforme apontado por Silva (2012), as políticas 
são ferramentas que estabelecem padrões de decisão para resolver problemas 
semelhantes. 
Por outro lado, Matias (2014) argumenta que a política de crédito engloba 
diversos elementos, como os prazos concedidos, os critérios de aceitação de crédito 
e os critérios para estabelecer limites de crédito. Em uma análise preliminar, também 
conhecida como análise inicial, é crucial que a empresa solicite informações básicas 
dos clientes, incluindo: 
 Dados cadastrais (nome, endereço, documentos); 
 Informações sobre restrições (protestos, negativações, cheques sem fundo); 
 Análise financeira (relatórios contábeis); 
 Fontes de informações adicionais (lista negra de clientes, histórico de 
relacionamento, histórico bancário). 
Segundo Braga (1989), a análise de crédito envolve a avaliação e atribuição de 
valores a um conjunto de fatores, possibilitando a elaboração de uma avaliação sobre 
uma determinada transação de crédito. Isso evidencia que, ao examinar os diversos 
fatores em jogo, é factível formar uma opinião que ofereça uma visão sobre o 
comportamento futuro do cliente, baseada na análise de seu histórico. 
 
Diante do exposto, fica evidente que uma base essencial para a eficácia na 
administração de uma empresa é a implementação de uma política de crédito 
claramente definida, estabelecendo padrões desejados que previnam possíveis 
problemas relacionados à inadimplência. Segundo Assaf Neto (2014), algumas 
políticas de crédito devem ser utilizadas conforme o momento e os objetivos 
específicos do negócio. Quando empregada de maneira estratégica, a política de 
crédito se transforma em um diferencial competitivo para a empresa. 
Conforme Megliorini (2009), apesar de representar um recurso crucial para 
garantir a estabilidade financeira do negócio e promover o crescimento da empresa, 
a política de crédito muitas vezes não recebe a devida consideração. 
Em diversas empresas, a política de crédito não está claramente delineada. 
Quando existe, costuma ser baseada em critérios generalistas que não consideram a 
especificidade do negócio, ou, em alguns casos, a política não é efetivamente 
aplicada. Nessas situações, a decisão de conceder ou não o crédito muitas vezes se 
baseia no conhecimento pessoal que a empresa e seus gestores ou diretores têm de 
determinado cliente. 
Cada empresa deve estabelecer uma política de crédito eficaz, adaptada às 
características específicas de seu negócio e alinhada com seus objetivos estratégicos. 
A utilidade da política de crédito pode atender diversos propósitos, como minimizar os 
riscos de inadimplência ou aumentar do número de clientes, dependendo das 
necessidades específicas da empresa. Em outras palavras,as estratégias variam 
conforme a definição dos objetivos da organização. Portanto, o que é eficaz para uma 
empresa pode não ser necessariamente a solução para as questões de todas as 
outras, destacando, dessa forma, a importância de personalizar a política de crédito. 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: 
Atlas, 1989. 
GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 
2010. 
HOJI, M. Administração financeira e orçamentária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
MATIAS, A. B. Finanças corporativas de curto prazo: a gestão do valor do capital 
de giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
MEGLIORINI. Evandir. Administração financeira: uma abordagem brasileira. São 
Paulo: Pearson, 2009. 
PADOVEZE, C. L. Introdução à administração financeira. 2 ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2010. 
SILVA, J. P. da. Análise financeira das empresas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

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