Prévia do material em texto
2020 1ª Edição CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Célia Agostinho Lins de Sales PREFEITA Helena Patrícia Costa Alves VICE-PREFEITA Francisco José de Amorim de Brito SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO Eduardo Jorge de Melo Martins Matheus Júlio Lyra Rego ASSESSORES JURÍDICOS Edvaldo da Silva Medeiros SECRETÁRIO EXECUTIVO Sílvia Helena Vasconcelos da Silva DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO Ednalda Martins César DIRETORA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Amaro Laércio da Silva Júnior DIRETORIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Jorge José Lopes Junior DIRETORIA DE INFRAESTRUTURA GERENTES DA DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO Iracilda Ramos da Silva GERÊNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL Silvana Gomes Nascimento GERÊNCIA DO ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS INICIAIS Maria do Rosário Ferreira de Oliveira GERÊNCIA DO ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS FINAIS Iêda Alves da Silva Mariano GERÊNCIA DAS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL Kátia Suely Marques de Oliveira GERÊNCIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Ana Lúcia Vasconcelos Simone Maria da Silva Souza GERÊNCIA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Maria da Conceição da Silva Chagas GERÊNCIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Erick Valdevino Bernardo GERÊNCIA DE PROJETOS E PROGRAMAS GERENTES DA DIRETORA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Luciano Costa de Vasconcelos Júnior GERÊNCIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Andréia Fernanda Fonseca de Oliveira GERÊNCIA DE TRANSPORTES Aldenice Pereira da Silva de Almeida GERÊNCIA DE ALIMENTAÇÃO Wellington Menezes dos Santos GERÊNCIA DE CONTRATOS E LICITAÇÕES Valdemir José Dutra dos Santos GERÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS Luiz Eduardo Wanderley Buarque de Barros GERÊNCIA DE LOGÍSTICA Rivson de Castro e Souza GERÊNCIA DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL GERENTES DA DIRETORIA DE PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Vilma Morais de Oliveira GERÊNCIA DE AVALIAÇÃO Luiz José Rodrigues dos Santos GERÊNCIA DE NORMATIZAÇÃO Rosival Romisson de Lima GERÊNCIA DE INSPEÇÃO ESCOLAR GERENTE DA DIRETORIA DE INFRAESTRUTURA Sérgio Roberto Sodré Raposo GERÊNCIA DE INFRAESTRUTURA CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 08 PERCURSO DE CONSTRUÇÃO E MARCOS LEGAIS DO DOCUMENTO 10 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 O CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO INTEGRAL 13 1.2 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DOCUMENTO 16 1.3 A PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 21 1.4 PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM 23 1.5 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 27 1.6 A ALFABETIZAÇÃO, O LETRAMENTO E OS (MULTI)LETRAMENTOS EM TODAS AS ÁREAS DO CONHECIMENTO 30 1.7 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES 34 1.7.1 Competências gerais 36 1.8 CRITÉRIOS ORIENTADORES 38 1.8.1 Objetivos da educação escolar no município 40 1.8.2 Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental 41 1.8.3 Política de formação docente 42 1.8.4 Educação em tempo integral 46 1.8.5 Visão de futuro para a educação 50 1.9 TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS E INTEGRADORES 51 1.10 MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA NA PERSPECTIVA INCLUSIVA 59 1.10.1 Educação especial na perspectiva da educação inclusiva 59 1.10.2 Educação de pessoas jovens, adultas e idosas 65 1.10.3 Educação do campo 75 REFERÊNCIAS 91 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 2 A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 108 2.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO TERRITÓRIO DO IPOJUCA 108 2.2 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA, CRIANÇA E EDUCAÇÃO INFANTIL 109 2.3 PRINCÍPIOS ÉTICOS, POLÍTICOS E ESTÉTICOS 111 2.3.1 Direitos de aprendizagem 112 2.4 FUNÇÃO SOCIOPOLÍTICA E PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 113 2.5 OBJETIVO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 114 2.6 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: INTERAÇÕES E BRINCADEIRAS 115 2.7 RELAÇÃO UNÍSSONA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA 116 2.8 PERFIL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 117 2.9 A ORGANIZAÇÃO DO COTIDIANO E SUA RELAÇÃO COM OS TEMPOS E OS ESPAÇOS 119 2.10 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 120 2.11 AS TRANSIÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CASA/CRECHE, CRECHE/PRÉ-ESCOLA E PRÉ-ESCOLA/ANOS INICIAIS 122 2.12 CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS E DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO 125 2.13 ORGANIZADOR CURRICULAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL 135 2.13.1 Estrutura do Organizador 135 2.13.2 Organizador curricular 138 REFERÊNCIAS 174 3 A ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL 179 3.1 ESTRUTURAÇÃO DO DOCUMENTO E OS CÓDIGOS UTILIZADOS 181 4 ÁREA DE LINGUAGENS 185 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 4.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS 188 4.2 LÍNGUA PORTUGUESA 191 4.3 ORGANIZADOR CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA 204 4.4 EDUCAÇÃO FÍSICA 337 4.5 ORGANIZADOR CURRICULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA 345 4.6 LÍNGUA INGLESA 357 4.7 ORGANIZADOR CURRICULAR DE LÍNGUA INGLESA 366 4.8 ARTE 384 4.9 ORGANIZADOR CURRICULAR DE ARTE 393 5 ÁREA DE MATEMÁTICA 410 5.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA 412 5.2 MATEMÁTICA 415 5.3 ORGANIZADOR CURRICULAR DE MATEMÁTICA 426 6 ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA 453 6.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA 457 6.2 CIÊNCIAS 461 6.3 ORGANIZADOR CURRICULAR DE CIÊNCIAS 467 7 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS 487 7.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS HUMANAS 489 7.2 GEOGRAFIA 492 7.3 ORGANIZADOR CURRICULAR DE GEOGRAFIA 503 7.4 HISTÓRIA 518 7.5 ORGANIZADOR CURRICULAR DE HISTÓRIA 529 8 ÁREA DE ENSINO RELIGIOSO 552 8.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ENSINO RELIGIOSO 554 8.2 ENSINO RELIGIOSO 556 8.3 ORGANIZADOR CURRICULAR DE ENSINO RELIGIOSO 564 REFERÊNCIAS 572 FICHA TÉCNICA 588 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 8 APRESENTAÇÃO A Prefeitura do Ipojuca tem como uma de suas metas prioritárias a qualidade da educação que oferece aos seus munícipes, e através da Secretaria Municipal de Educação programa e desenvolve ações para subsidiar o trabalho docente e, consequentemente, favorecer a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem para todos os estudantes. Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental e Educação Infantil em 2017, os Estados e Municípios em regime de colaboração, passaram a discutir seus referenciais curriculares junto aos profissionais de educação. Nesse contexto, oportunizou-se a todos os professores, equipe gestora e técnica diversos momentos formativos com o objetivo de incluí-los no processo de implementação e apropriação da BNCC, na Rede Municipal de Ensino. Essa ação serviu de base e resultou no trabalho coletivo para o início da construção do Referencial Curricular do Ipojuca. O ano de 2019 foi repleto de desafios para a educação ipojucana, dentre os quais a construção do Currículo Referência do Ipojuca tão sonhado por todos. O processo foi bastante intenso e pode-se contar com uma equipe técnica, competente e compromissada com a educação do município, que trabalhou de maneira articulada e democrática com professores e profissionais da rede, realizando discussões nas escolas, momentos formativos, organizando seminários e fóruns. Em 2020 o desafio de concluir o Currículo Referencial teve uma intensidade ainda maior, devido ao distanciamento social causado pela pandemia da COVID-19. Houve a necessidade de redirecionar o trabalho para a forma remota, através de plataformas digitais e consulta on-line para a conclusão do documento. A construção da proposta curricular contou com aproximadamente duas mil e quinhentas contribuições de professores e membros da sociedade civil, tendo a aprovação do Conselho Municipal de Educação. O documento Referencial é resultado de um grande trabalho coletivo e participativo que busca uma aprendizagem significativa e uma educação equitativa, dialógica, emancipatória e multicultural para todos os estudantes. Optou-se por envolver todose pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes e indissociáveis: a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio de aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização (SOARES, 2004, p.14). A autora traz à tona a necessidade de elucidação de algumas facetas que permeiam as análises dos processos acerca da alfabetização. Essas se referem, fundamentalmente, às perspectivas psicológica (condições intelectuais, fisiológicas e neurológicas do sujeito), psicolinguística (condições de maturidade linguística, relação entre linguagem e memória, interação entre a informação visual e não visual no processo da leitura), sociolinguística e propriamente linguística (estritamente ligada aos usos sociais da língua) do processo de construção da escrita condicionadas a fatores sociais, culturais, econômicos e políticos. Essas facetas suscitam outras concepções que norteiam métodos relacionados ao ensino e a aprendizagem da escrita e que se dissociam de acordo com o objeto da aprendizagem e os objetivos que se almejam, como a faceta linguística da língua escrita – representação visual da cadeia sonora da fala cujo objeto de conhecimento é a apropriação do sistema alfabético- ortográfico e das convenções da escrita; a faceta interativa da língua escrita – veículo de interação entre as pessoas, de expressão e compreensão de mensagens cujo objeto envolve as habilidades de compreensão e produção de texto; e a faceta sociocultural da língua escrita – os usos, funções e valores atribuídos à escrita em contextos socioculturais cujo objeto são os eventos sociais e culturais que envolvem a escrita. Assim sendo, é importante reiterar a distinção dos processos que compõem o letramento e a alfabetização, sabendo que a primeira é a imersão do sujeito na cultura escrita, participação em experiências variadas com a leitura e a escrita, conhecimento e interação com diferentes tipos e gêneros de material escrito; enquanto que a segunda é a consciência fonológica e fonêmica, identificação das relações fonema-grafema, habilidades de codificação e decodificação da língua escrita, conhecimento e reconhecimento dos processos de tradução sonora da fala para a forma gráfica da escrita. Mediante o exposto, pode-se inferir que a alfabetização necessita ser vista para além de representação de fonemas e grafemas e de grafemas em fonemas, e que, indissociavelmente, o processo de alfabetização deve estar a serviço da cultura oral e escrita e do letramento. Assim como o processo de alfabetização, o processo de letramento ou de cultura escrita não acontece 33 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA de modo espontâneo e exige mediação com intencionalidade pedagógica. Dessa forma, o papel reflexivo que o educador assumir poderá propiciar um desenvolvimento no ensino da alfabetização que crie possibilidades de construção de conhecimento e, desse modo, é de suma importância pensar em atividades que objetivem que a criança interaja com a escrita, compreenda a sua função e se aproprie dela. Rego (2006, p. 7) esclarece o que se objetiva nas classes de alfabetização: Portanto, temos defendido uma proposta pedagógica que dê suporte ao pleno desenvolvimento desses dois aspectos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita desde o início da escolaridade, distribuindo o tempo pedagógico de forma equilibrada e individualizada entre atividades que estimulem esses dois componentes: a língua através de seus usos sociais e o sistema de escrita através de atividades que estimulem a consciência fonológica e evidencie de forma mais direta para a criança as relações existentes entre as unidades sonoras da palavra e sua forma gráfica. Nesse contexto é fundamental ter um olhar sobre a diversidade encontrada em sala de aula, as especificidades dos estudantes e a percepção destes como sujeitos da aprendizagem. Evidenciar um trabalho didático sobre os aspectos relacionados ao uso da língua e, ao mesmo tempo, que forneça o suporte para que o estudante se aproprie do sistema de escrita, isto é, essencialmente, o alfabetizar letrando. Nesse viés, Magda Soares (2010, p. 21) enfatiza que “letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno”. Buscando propiciar aos estudantes uma efetiva relação entre o conhecimento obtido na escola e o uso deste nas práticas sociais, é necessário considerar que, com o advento da globalização, a sociedade mudou e novas formas de comunicação e informações estão cada vez mais presentes e, consequentemente, novas práticas de letramento são cada vez mais exigidas. Assim, devido à heterogeneidade das práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade atual, percebe-se que, em vez de letramento, teriam-se multiletramentos ou letramentos múltiplos, visto que estes consideram as mais variadas práticas existentes de leitura e de escrita que circulam na sociedade, sejam escolares ou não escolares, sejam locais ou globais, valorizadas ou não valorizadas. Segundo Rojo e Moura (2012, p. 13): [...] o conceito de multiletramentos – é bom enfatizar – aponta para dois tipos específicos e importantes de multiplicidade presentes em nossas sociedades, principalmente urbanas, na contemporaneidade: a multiplicidade cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica. Assim, esse conceito difere do conceito de “letramentos múltiplos”, que não faz senão apontar para a multiplicidade e variedade das práticas letradas, valorizadas ou não nas 34 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA sociedades em geral (ROJO; MOURA, 2012). Na perspectiva dos letramentos múltiplos ou multiletramentos, o ato de ler envolve a articulação entre as diferentes modalidades de linguagem além da escrita, como a imagem (estática e em movimento), a fala e a música. Nesse sentido, refletindo as mudanças sociais e tecnológicas atuais, ampliam-se e diversificam-se não só as maneiras de disponibilizar e compartilhar informações e conhecimentos, mas também de lê-los e produzi-los. O desenvolvimento de linguagens híbridas4 envolve, dessa forma, desafios para os leitores e para os agentes que trabalham com a língua escrita, entre eles, a escola e os professores. Percebe-se que a reflexão sobre a necessidade de uma mudança de postura no contexto educacional que ressalta a multimodalidade ou multissemiose5 presente nos textos atuais, demandando uma abordagem como a proposta pelos multiletramentos, faz-se urgente, pois “[...] textos compostos de muitas linguagens (ou modos, ou semioses) [...] exigem capacidades e práticas de compreensão e produção de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar.” (ROJO; MOURA, 2012, p. 19). Portanto, para possibilitar que a alfabetização, o letramento e os multiletramentos se estabeleçam no currículo, em todas as áreas do conhecimento e nas práticas educativas do processo de ensino e de aprendizagem com os estudantes, sujeitos pós-modernos6, vislumbra- se o desenvolvimento de um ensino atrativo e desafiador. Quer dizer, uma proposta que viabilize a esses estudantes perceber a relação entre os conteúdos e a realidade que os cerca, emitindo diferentes compreensões e significados, de modo que a escola seja um espaço plural, capaz de promover novos conhecimentos e itinerários formativos mais consolidados. 1.7 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES As demandas da sociedade atual exigem novasposturas no campo educacional para que os indivíduos aprendam a identificar e a descobrir conhecimentos (conceitos e procedimentos) e mobilizem atitudes e valores, além de saber aplicá-los de forma contextualizada. Ser 4 Linguagem híbrida, segundo Rojo (2013), é aquela que mescla múltiplas linguagens, isto é, o mapa, o texto, a imagem, o som. Essa forma de linguagem é marcada por um processo de desterritorialização e de descoleção, em que cada pessoa pode fazer sua própria coleção e manifestar-se por meio de múltiplas linguagens, em especial, pelas novas tecnologias. 5 No dizer de Dionísio (2005; 2011), a Multimodalidade refere-se às mais distintas formas e modos de representação utilizados na construção linguística de uma dada mensagem, tais como: palavras, imagens, cores, formatos, marcas/ traços tipográficos, disposição da grafia, gestos, padrões de entonação, olhares etc. 6 Hall (2000) define o sujeito pós-moderno como aquele que vive na era em que as identidades são formadas e transformadas continuamente com influência nas formas que entram em contato com o indivíduo proveniente de sistemas culturais. Ela é definida historicamente e não biologicamente. 35 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA competente não é realizar uma mera assimilação de conhecimentos suplementares, gerais ou locais, mas, sim, compreender a construção de esquemas que permitem aplicar esses conhecimentos na situação certa e com discernimento. Compreendendo a importância de saber como ensinar e como avaliar, considerando as competências (mobilização de conhecimentos) e habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais) que devem ser desenvolvidas, faz-se necessária a construção de um currículo que não esteja ancorado em um ensino por conteúdos, fragmentado, pouco flexível, pautado no encadeamento de disciplinas e desprovido do dinamismo necessário para atender às frequentes demandas do mundo atual. Uma abordagem por competências enaltece o que o estudante aprende por si, o aprender a aprender, a construção pessoal do saber através da interação. Enaltece o conhecimento enquanto instrumento de aquisição de competências. Valoriza o percurso pedagógico e a aprendizagem, superando a dicotomia teoria-prática e enraizando os valores educativos da escola do século XXI (COSTA, 2004). Ao construir competências, considera-se o contexto de aprendizagem, a implicação do sujeito na tomada de decisão, a resolução de situações problemáticas e o próprio processo de construção de conhecimento. Uma abordagem por competências defende que o sujeito constrói os seus próprios saberes, numa interação afetiva que possibilita o aprender a aprender. Em contexto educativo, com os outros, o sujeito (re)descobre, (re)inventa novas possibilidades de ação que lhe permitem situar-se crítica e autonomamente na sociedade atual. Desta forma, ressaltamos a importância do educador no processo de ensino quanto à escolha de metodologias e/ou estratégias didáticas intencionais e sistematizadas que propiciem o desenvolvimento de competências essenciais ao sujeito. A construção de currículos orientados por competência seleciona conteúdos legítimos que possam ser mobilizados em situações práticas de aprendizado. As práticas pedagógicas procuram assegurar “novas formas de apropriação e compreensão de conhecimentos e saberes que possibilitem a formação dos sujeitos numa perspectiva integral, dinâmica e contemporânea.” (PERNAMBUCO, 2019, p. 23). Enfatizamos que esse modelo de currículo não desconsidera a organização disciplinar prevista no currículo tradicional, mas estabelece competências que são desenvolvidas no âmbito de diversos componentes, promovendo a interdisciplinaridade ou transversalidade. Enfocar competências não libera o currículo de pensar sobre o conhecimento, sobre a sua assimilação e incorporação no cotidiano da escola, mas propõe integrá-lo ao processo de formação do estudante de forma inovadora, criativa, instigante, crítica e reflexiva. 36 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.7.1 Competências Gerais A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017) é o documento que aponta alguns dos direitos básicos de aprendizagem de todo o estudante cursando a Educação Básica e apresenta dez competências gerais que contêm um conjunto de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que buscam promover o desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões: intelectual, física, social, emocional e cultural e nortearão o trabalho das escolas e dos professores em todos os anos e componentes curriculares. As Competências Gerais devem ser tratadas de forma transdisciplinar, visto que estão presentes em todas as áreas de conhecimento e etapas da educação. Elas estão sintetizadas a partir dos direitos assegurados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e apontam características fundamentais para a vida do século XXI: C o n h ec im en to 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. P en sa m en to C ie n tí fi co , C rí ti co e C ri at iv o 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. R ep er tó ri o C u lt u ra l 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. C o m u n ic aç ão 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 37 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA C u lt u ra D ig it al 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. T ra b al h o e P ro je to d e V id a 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. A rg u m en ta çã o 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. A u to co n h ec im en to e A u to cu id ad o 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. E m p at ia e C o o p er aç ão 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimentoe valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 38 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA R es p o n sa b il id ad e e C id ad an ia 10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais. FONTE: Adaptado de BRASIL, 2017; PERNAMBUCO, 2019. Todas as competências ressaltam o que os estudantes devem aprender, do mesmo modo que apontam com que finalidade determinada competência deverá ser desenvolvida, esclarecendo a sua importância para a formação do estudante da Educação Básica. É importante ressaltar que as Competências Gerais se mantêm as mesmas da Educação Infantil ao Ensino Médio, mas se desdobram ao longo de cada uma dessas etapas da educação para adequarem-se às particularidades de cada fase do desenvolvimento dos estudantes. A rede educacional ipojucana compreende a necessidade do desenvolvimento de competências frente a formação integral dos seus estudantes, como também, entende que as habilidades desenvolvidas nesse processo fornecem subsídios importantes para a resolução de questões vivenciadas no cotidiano, o exercício da sua cidadania, a superação das desigualdades sociais e preconceitos, ajudando os estudantes a intervir conscientemente na sociedade e fazendo-a mais justa e democrática. Face ao exposto, o município ressalta a importância de contar com a anuência dos que fazem a escola e assume o compromisso de investir em reorganização dos processos formativos que propiciem ação-reflexão-ação de todos aqueles que estejam envolvidos no ato de educar. 1.8 CRITÉRIOS ORIENTADORES Os critérios orientadores constituem um conjunto de proposições que orientam as escolhas feitas e que colocam intenções em prática, considerando as dimensões ética, estética e política de efetivação dos Direitos de Aprendizagem e de Desenvolvimento Humano, os critérios orientadores perpassam por concepções e diretrizes de educação que devem desaguar na escola e na sala de aula, buscando promover a formação de pessoas responsáveis, autônomas, solidárias, que conheçam e exerçam seus direitos e deveres com espírito democrático, criativo, crítico e pluralista. Considerar as dimensões ética, estética e política das práticas pedagógicas é 39 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA compreender o propósito de pensar que o saber pedagógico, além de uma dimensão epistemológica – um conjunto de noções e conceitos (instrução, ensino, aprendizagem, formação, entre outros) – que configuram um campo de reflexão sobre as práticas educativas, expressa-se num conjunto de preceitos fundamentais para orientar as ações político- educacionais que gestam o desenvolvimento da vida. Assim sendo, A dimensão ética refere-se ao cuidado de si, no embate do próprio indivíduo, na distância entre o que concebe enquanto anseios e a sua limitação pelas práticas de liberdade. Envolve valores que permeiam as relações entre os sujeitos do processo e a própria natureza. Aponta para a transformação da prática do educando/educador e da proposta curricular constituída, ou seja, ética no desenvolvimento do currículo não se limita ao ensino de um componente curricular, mas perpassa pelas práxis que se dão no interior do processo educativo. Nessa perspectiva, a ética considera a alteridade como condição fundamental para a construção de práticas formativas mais humanas. A dimensão estética é experiência ressignificada pela linguagem simbólica. Essa linguagem representa o mundo e essa consciência humana é formada por símbolos carregados de sentidos e significados. A palavra possibilita que os sujeitos se voltem a si mesmos e façam reflexões sobre a vida, suas subjetividades e sensibilidade nas interações com o outro e com o saber. Na proposta curricular, se imprime olhares diversos, embebidos de situações, compreensões, experiências do cenário educacional com todas as personas e de toda a complexidade que os envolvem. A dimensão política refere-se à relação de forças, do envolvimento entre as pessoas e o mundo, na efetivação das contra condutas, no sentido de não ser governado de uma determinada maneira, de ser participativo à luz de sua visão de mundo e da forma como se exerce a cidadania. O cuidado político de si perpassa as relações interindividuais, tais como as relações de gênero, do trabalho, da educação, da família e do engajamento social. Possibilita numa proposta curricular, por exemplo, que as vozes de uma coletividade sejam consideradas, que os contextos sejam respeitados e que a participação seja um território de todos. 40 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.8.1 Objetivos da Educação Escolar no Município O Currículo do Ipojuca apresenta objetivos alinhados às competências gerais da BNCC, que devem ser alcançados pelos educandos de forma integrada nos diferentes níveis, etapas ou modalidades ofertadas no Sistema Municipal de Ensino. Espera-se que no transcurso da trajetória escolar os alunos sejam capazes de: 1. Usufruir da escola como um espaço formativo e colaborativo, democrático e de transformação social, agindo com autonomia, respeito aos direitos humanos, consciência socioambiental e posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta; 2. Desenvolver competências, optando pelas habilidades reflexivas e investigativas no processo de construção de conhecimento, exercitando a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas complexos da vida cotidiana, além de propor soluções; 3. Atuar como sujeitos críticos e reflexivos capazes de exercerem plenamente a sua cidadania na efetivação de seu projeto de vida com autonomia, consciência crítica e responsabilidade, à luz das novas relações permeadas pelos valores da solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais; 4. Utilizar o diálogo como dimensão democrática da educação na resolução de conflitos de qualquer natureza, respeitando o outro em suas diversidades como forma de suplantar os diferentes tipos de preconceitos existentes na sociedade atual; 5. Fazer uso das diversas fontes de informação e tecnologias para a construção do conhecimento, contribuindo efetivamente para uma sociedade justa, sustentável, democrática e inclusiva; 6. Exercer o protagonismo como fruto de uma educação integral, pautada nos vínculos de identidade e afetividade com a família e a comunidade escolar, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas; 7. Valorizar a pluralidade e a diversidade do patrimônio artístico e cultural do Brasil, resgatando as várias manifestações de sua comunidade e como agente produtor e difusor de práticas diversificadas das múltiplas culturas. 41 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.8.2 Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental É imprescindível que a escola garanta a continuidade dos processos de aprendizagens das crianças nos momentos de transição, tornando significativas as experiências a elas oportunizadas, considerando que são protagonistas de sua própria aprendizagem e, portanto, produtoras de saber. É preciso que conheçam suas especificidades, seus desejos, medos e expectativas, criando estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição por elas vivenciados. A transição de casa para a instituição de Educação Infantil é, sem dúvida, uma ruptura movida por muita emoção e muito amor. É nesse momento que a instituição intervém de forma a tornar menosdolorosa a separação, ainda que temporária, da criança com sua família. É importante que pense em estratégias de acolhimento às famílias, inclusive apresentando uma proposta pedagógica da instituição para envolvê-las nas atividades de socialização com seus filhos. Essas ações manifestam um ato de amor que gera confiabilidade para os pais e/ou responsáveis que estão deixando seus filhos pela primeira vez na escola. Da mesma forma, para as transições vividas no interior das instituições (da creche para a pré-escola, ou de uma turma para outra), toda mudança gera insegurança e cabe à instituição, através de uma proposta pedagógica sólida, com rotinas bem definidas e atividades significativas, explorar os tempos e espaços satisfatoriamente, a fim de dar condições para que essa criança se desenvolva de forma autônoma e segura. Na transição da educação infantil para o ensino fundamental, é necessário que haja um diálogo de continuidade entre as propostas pedagógicas dessas instituições e os profissionais de educação das duas etapas de ensino, através de diferentes estratégias: visitas, vivência de projetos, compartilhamento de relatórios, pareceres e portfólios, planejamento de ações que permitam um diálogo constante entre as duas etapas da educação básica. É possível promover uma proposta de continuidade do desenvolvimento infantil, ancorada numa transição que respeite o tempo que a criança precisa para constituir-se enquanto sujeito desse processo histórico, garantido através dos campos de experiências, consolidados nos direitos de aprendizagem e sustentados na integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças nas diferentes etapas. Por isso, o ingresso das crianças, nas instituições escolares, não importando a etapa de ensino, precisa assegurar-lhes a oportunidade de experienciar relações plurais daquelas que participam em diferentes contextos. Nessa direção, a chegada da criança no Ensino Fundamental merece um olhar atencioso, pois a adaptação, ainda que em proporções diferentes, gera inquietudes comportamentais. O 42 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA ingresso nessa etapa não deve deixar para trás o ambiente acolhedor necessário ao seu desenvolvimento; pelo contrário, deve assegurar, sobretudo, a integração e a continuidade dos processos de aprendizagens, respeitando suas idades, características, seus estilos e ritmos de aprender, suas potencialidades e necessidades específicas como sujeitos ativos. Desse modo, faz-se necessário “estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo” (BNCC, 2017, p. 49). Assim, a progressão do processo de aprendizagens das crianças no Ensino Fundamental anos iniciais para os finais tem como referência as aprendizagens esperadas nos Campos de Experiências com seus objetivos a serem apreendidos definidos no currículo infantil, mas o continuum precisa integrar e fundamentar as práticas pedagógicas e as aprendizagens que são organizadas em áreas de conhecimento e componentes curriculares, segundo a BNCC (2017). As etapas possuem, portanto, suas particularidades e proporcionam níveis de complexidade diferenciados que precisam ser respeitados. A articulação entre esses níveis de ensino é de grande importância e nela inclui-se, principalmente, a relação entre os anos iniciais e finais do ensino fundamental, haja vista serem nessas fases que se intensificam as rupturas decorrentes do gradativo desenvolvimento da maturidade dos estudantes e a consequente adequação teórico-metodológica às capacidades cognitivas destes por parte da escola, por meio das práticas pedagógicas ali desenvolvidas (MESOMO, 2014). A orientação pedagógica norteará a identificação dos direitos de aprendizagem da Educação Infantil, assim como as competências e habilidades escolares do Ensino Fundamental a serem construídas, possibilitando uma práxis dialógica de ensino, que ressignifica o novo momento do processo educativo em que o sujeito de aprendizagem se encontra, numa relação de trocas entre parceiros sociais, através dos processos de interação e mediação. 1.8.3 Política de Formação docente O pensamento deve estar a favor da vida, e não ao contrário; por isso não importa uma formação voltada para a erudição, que acumula e empilha dados, mas uma formação que tenha como alvo a cultura, e que nos facilite o acesso ao que a humanidade construiu de melhor, ao mesmo tempo que nos impulsione a continuar criando, produzindo cultura (MOSÉ, 2019, p. 148-149). A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação (LDBEN), Lei n. 9394/1996, trouxe para o campo de currículo uma nova ideia, um novo conceito, ao introduzir a expressão diretriz 43 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA curricular para se referir à base que deveria orientar a organização do currículo, tanto na Educação Básica quanto na Educação Superior e Profissional. Desse modo, as Diretrizes Nacionais definidas para a Formação de Professores da Educação Básica por meio do Parecer CNE/CP n.009/2001 e pelas Resoluções CNE/CP n.01 e n.02/2002, elaboradas à luz do debate desencadeado pelas novas orientações emanadas a partir da LDBEN de 1996, complementadas pelas Orientações Curriculares dos Cursos de Graduação inscritas no Parecer/CES n. 776/1997, período esse em que estavam sendo discutidas e formuladas as diretrizes curriculares para as diferentes etapas e modalidades da Educação Básica, apontam desafios da formação de professores no contexto das políticas curriculares, os quais engendram e determinam processos e práticas formativas. Isso porque, por um lado, a formação docente, seus currículos não podem ser pensados deslocados dos acontecimentos que se vivenciam na educação; por outro lado, porque a interação com a realidade escolar, seus pares, seus itinerários pedagógicos contribuem para o enfrentamento dos percalços institucionais. Na última década, vários movimentos se efetivaram direcionados a repensar a formação de profissionais do magistério da educação básica, incluindo questões e proposições atinentes à valorização desses profissionais. No âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE), houve movimentação em direção à busca de maior organicidade para a formação desses profissionais, incluindo a rediscussão das Diretrizes e outros instrumentos normativos acerca da formação inicial e continuada. Merecem ser ressaltadas, ainda, as deliberações da Conferência Nacional de Educação (Conae) e da meta 16 do Plano Nacional de Educação (2010) e do Plano Municipal de Educação (2015), que cumpriram papel singular nesse processo ao destacar a articulação entre Sistema Nacional, políticas de Educação e valorização dos profissionais, na defesa de que as instituições formadoras institucionalizem projeto de formação com identidade própria, em consonância com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. Os princípios políticos da Política Nacional de Profissionais do Magistério da Educação Básica dão centralidade aos princípios da formação inicial e continuada, conforme se verifica em: Por essa razão e associados à busca de maior direcionamento na formação de professores, em sintonia com o Documento Final da Conae (2014), princípios da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, definidos no Art. 2º do Decreto nº 6.755/2009 [...]: I. Sólida formação teórica e interdisciplinar dos profissionais; II. A inserção dos estudantes de licenciatura nas instituições de educação básica da rede pública de ensino, espaço privilegiado da práxis docente; III. O contexto educacional da região onde será desenvolvido; IV. Atividades de socialização e avaliação dos impactos; V. Aspectos relacionados à ampliaçãoe ao aperfeiçoamento do uso da língua 44 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA portuguesa e à capacidade comunicativa, oral e escrita, como elementos fundamentais da formação dos professores e à aprendizagem de Libras; VI. Questões socioambientais, éticas, estéticas e relativas à diversidade étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa, de faixa geracional e sociocultural como princípios de equidade. (DOURADO, 2015, p. 306). De acordo com o arcabouço apresentado, a política pública para a formação de professores do Ipojuca se constitui em um conjunto de ações sistemáticas planejadas e direcionadas à produção de efeitos específicos, no caso, a melhoria da aprendizagem e a valorização dos profissionais de educação. Nesse sentido, somente a reflexão e o diálogo vão fortalecer a concepção de educação como uma tarefa que exige complementaridade de saberes entre os professores, gestores, pedagogos, analistas e técnicos educacionais, coordenadores pedagógicos. A proposta pedagógica da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) propõe que a escola desenvolva no estudante as competências e habilidades do século XXI. Sendo assim, faz-se necessário romper com o paradigma predominante de ensino centralizado na docência e avançar na direção de um processo de ensino e aprendizagem dialógico, reflexivo e colaborativo. A partir de uma postura crítico-reflexiva, como defende Nóvoa (1992, p. 25), é preciso redimensionar [...] as ações formativas focalizando o trabalho docente nas relações diretas com as práticas desenvolvidas na sala de aula, no contexto escolar, a fim de possibilitar a articulação entre os conhecimentos básicos da função docente e os conhecimentos indispensáveis ao desenvolvimento profissional. Do mesmo modo, é fundamental que as escolas se transformem em espaços abertos de formação, porque é nelas que está sua complexidade, a tensão entre o pensamento e a ação, entre as tomadas de decisão, a construção de conhecimentos e a avaliação de seus feitos. Nesse território educativo, vários atores entram em cena, além dos professores e estudantes. A escola precisa se tornar lócus de ação-reflexão-ação de seu próprio fazer, onde a equipe gestora escolar assume o papel de investir em atitudes colaborativas e investigativas, objetivando a melhoria da qualidade da educação por meio de práticas coletivas. Assim: O trabalho do conjunto de educadores de uma escola é maior do que a soma das partes individuais (BRANSFORD; DARLING-HAMMOND; LEPAGE, 2005). Os professores que trabalham em uma mesma escola e compartilham o mesmo público devem também partilhar o mesmo foco, colaborando uns com os outros para alcançar os mesmos objetivos. (ESPÍRITO SANTO, 2018, p. 20). 45 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Para tanto, acreditamos que possibilitar diferentes ambientes formativos cria oportunidades de compartilhamento de saberes, concepções, dúvidas, inquietações e diálogos sobre possibilidades para o enfrentamento de desafios, envolvendo os profissionais de educação (PASSOS; ANDRÉ, 2016). Segundo as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2015), a formação continuada compreende dimensões coletivas, organizacionais e profissionais, bem como o repensar do processo pedagógico, dos saberes, valores e envolve atividades de extensão, grupos de estudos, reuniões pedagógicas, cursos, programas e ações para além da formação mínima exigida ao exercício do magistério na educação básica, tendo como principal finalidade a reflexão sobre a prática educacional e a busca de aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético e político do profissional docente. A formação continuada decorre de concepção de desenvolvimento profissional que leva em conta: I. os sistemas e redes de ensino, o projeto pedagógico das instituições de educação básica, bem como os problemas e os desafios da escola e do contexto onde ela está inserida; II. a necessidade de acompanhar a inovação e o desenvolvimento associados ao conhecimento, à ciência e à tecnologia; III. o respeito ao protagonismo do professor e a um espaço-tempo que lhe permita refletir criticamente e aperfeiçoar sua prática; IV. o diálogo e a parceria com atores e instituições competentes, capazes de contribuir para alavancar novos patamares de qualidade ao complexo trabalho de gestão da sala de aula e da instituição educativa. (DOURADO, 2015, p. 306) O processo formativo precisa possibilitar que, no período de implementação e/ou readequação do Currículo Referência do Ipojuca, os profissionais de educação, essencialmente os docentes, possam se apropriar e estar sendo orientados, acompanhados no que diz respeito ao entendimento dos fundamentos pedagógicos, conceitos, terminologias, organizadores curriculares e eixos estruturadores do documento, por se tratar de um instrumento norteador da prática educativa. No horizonte desenhado para a organização e o desenvolvimento curricular na Educação Básica, a política de formação de professores do Ipojuca precisa alargar o olhar no tocante ao apoio das condições concretas — sejam humanas, tecnológicas ou materiais, que provoquem o desejo do professor de ultrapassar os limites da sala de aula, os conteúdos e as metodologias — e ao incentivo aos professores de trabalhar cooperativamente em equipe, de compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os instrumentos produzidos ao longo da evolução tecnológica, científica e organizativa nos contextos reais de ensino. 46 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.8.4 Educação em Tempo Integral Concebemos que as premissas da Educação como direito sejam garantidas a todos os cidadãos. Essa garantia se dá quando construímos uma escola com todos, e não apenas “para” todos, ou “de” todos. Sendo assim, um currículo de forma alguma parte da lógica da padronização ou de uma organização pautada em estereótipos ou preconceitos sobre os sujeitos, tempos ou espaços da educação. Nesse sentido, entenda-se a integralidade da educação como um dos princípios fundantes do Currículo Ipojucano, assim como a intersetorialidade, transversalidade, diálogo escola-comunidade, territorialização, trabalho em rede e convivência escolar, pois consideramos que esses princípios podem possibilitar aos estudantes a ampliação das oportunidades de conhecimentos e, consequentemente, o fortalecimento da participação cidadã. A concepção de educação integral nesses moldes nos permite organizá-la, desconsiderando a hierarquização dos saberes, garantindo a construção do conhecimento a partir das diversas dimensões humanas: intelectual, social, emocional, física, cultural e política, por isso, compreendendo-o em sua integralidade. Considerando o exposto, enfatizamos a concepção de currículo como processo e não como produto, como comumente se compreende, percebendo-o como experiência vivida e como tal envolve não só o levantamento dos conteúdos a serem "ensinados", mas também práticas, atitudes, formas de organização do trabalho. Nessa perspectiva, ratificamos uma Educação em Tempo Integral que promova uma prática pedagógica que aperfeiçoe a formação integral e integrada do estudante, tanto nos aspectos cognitivos quanto nos socioemocionais. Diante do campo das políticas sociais e suas ações, a Educação em Tempo Integral está respaldada por legislação consistente, como a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), as quais mostram que o dever do Estado para a Educação Básica vai além da escola, incluindo, assim, o atendimento aos estudantes, em virtude de transformações sociais, econômicas e políticas, as quais exigem a ampliação do tempo de ensino obrigatório no Brasil, conforme segue: Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanênciana escola. [...] § 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. O Plano Nacional de Educação (PNE), Lei N.º 13.005/2014, também garante a oferta 47 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA de Educação Integral em seus Objetivos e Metas (Meta 6, Estratégia 6.1), some-se a isto a ação do governo federal que criou, em 2007, o FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que substituiu o FUNDEF (1996) para custear as propostas de política educacional e implementar o aumento da jornada de tempo escolar que culminou através da Portaria interministerial N.º 17, em um envolvimento dos ministérios da Educação, da Cultura, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do Esporte, no programa Mais Educação, cujo objetivo é orientar recursos para “fomentar a educação integral de crianças, adolescentes e jovens, por meio de atividades socioeducativas no contraturno escolar” (BRASIL, 2007, online). Todos esses esforços nos apontam para o reconhecimento da importância e da necessidade de uma educação comprometida com o desenvolvimento de competências, que incluem o domínio do conhecimento, mas também que vão para além dele, pois pressupõe o domínio de habilidades e atitudes necessárias para viver, atuar e intervir no mundo. Importante mencionar que não se trata do desenvolvimento de habilidades a serem adquiridas de forma mecanicista, justaposta e fragmentada, que ao fim se chega numa atuação compartimentada, repetitiva, superficial e externa a quem a executa. Gomes explica que: [...] as competências são sistemas complexos, pessoais, de compreensão e de atuação, ou seja, combinações pessoais de conhecimentos, habilidades, emoções, atitudes e valores que orientam a interpretação, a tomada de decisões e a atuação dos indivíduos humanos em suas interações com o cenário em que habitam, tanto na vida pessoal e social como na profissional (PÉREZ GÓMEZ, 2015, p. 74). Nessa perspectiva não devemos limitar o trabalho pedagógico a uma organização rígida de conteúdos a serem ensinados e aprendidos, mas é preciso pensar como e quais são as competências e habilidades, que traduzidas em direitos de aprendizagem contribuirão para a formação integral dos estudantes. É preciso trazer para o currículo ipojucano as capacidades que envolvam repertório cultural, empatia, responsabilidade, cultura digital e projeto de vida, portanto, é preciso desenvolver um currículo integrado, interdisciplinar e interdimensional, no qual o estudante atue como sujeito, construtor de aprendizagens integradas que façam sentido para ele. As estratégias para o desenvolvimento dessas aprendizagens devem considerar as múltiplas formas de aprender das novas gerações. Todos esses aspectos têm impulsionado as discussões em torno da educação integral a partir das três dimensões essenciais que a caracterizam: tempos, espaços e oportunidades educacionais. A maneira como cada dimensão é concebida interfere enormemente nos modos de fazer, 48 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA nos movimentos desses pilares e fazem com que cada escola, rede ou mesmo ONG acabe executando uma proposta singular. Relacionamos o tempo à ampliação da jornada escolar que não visa somente elevar os índices de aprendizagem ou proporcionar proteção à infância e à adolescência, mas trazer também para o centro das discussões a função social7 da educação e da escola, bem como de todos os sujeitos da aprendizagem. Vale salientar que o simples aumento do tempo na escola não garante processos de aprendizagem mais significativos, tampouco favorece o desenvolvimento de aspectos subjetivos e sociais dos indivíduos; assim, mais tempo em período escolar não quer dizer necessariamente mais aprendizagem, o que torna ainda mais importante a reflexão sobre as diferentes dimensões da Educação Integral. Porém, não há dúvida de que a ampliação do tempo é ação necessária ainda que não suficiente! E, ao falar em ampliação necessária do tempo, estamos falando numa ampliação qualificada do tempo no qual o estudante estará exposto a situações intencionais de aprendizagem. Outra dimensão importante que devemos ressaltar é o caráter educativo do espaço- tempo escolar, pois muitas discussões a respeito da extensão do tempo, para o desenvolvimento das aprendizagens de crianças e jovens, consideram, prioritariamente, outros espaços educativos, existentes além da escola. Como afirma Viñao-Frago: [...] esses lugares e tempos são determinados e determinam uns ou outros modos de ensino e aprendizagem. [...] Em síntese, o espaço e o tempo escolares não só conformam o clima e a cultura das instituições educativas, mas também educam. (VIÑAO-FRAGO, 2000, p. 99 apud PESSANHA; DANIEL; MENEGAZZO, 2004, p. 65). Assim sendo, ainda que possamos estender tal consideração para outras discussões, como a importância da intersetorialidade das políticas públicas, focando na vertente educacional, o que está em debate é o aumento de oportunidades ou a ampliação das condições de aprendizagem. O que podemos considerar que permeia e qualifica tais discussões é a concepção de educação integral que deve estar como pano de fundo para fundamentar sua execução, seja na ampliação da jornada escolar, seja na articulação da escola com outros espaços públicos de aprendizagens, governamentais ou não-governamentais. 7 A função social da escola consiste em promover mudanças nos sujeitos e na realidade. Concordando com Freire ao afirmar que o homem deve ser sujeito da sua própria história, a forma como a escola desempenha a função social poderá contribuir na construção de um sujeito capaz de compreender e melhorar, através do conhecimento, o mundo em que vive. Por isso, não se pode aceitar a escola como espaço de alienação, de controle social (FREIRE, 2002, p. 60). 49 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Mediante o exposto, abordar a educação integral e o desenvolvimento de uma escola em tempo integral implica em um compromisso com a educação pública que extrapole interesses imediatos; que se engaje politicamente numa perspectiva de desenvolvimento de uma escola pública que cumpra com sua função social, qual seja, a de socializar as novas gerações, permitindo-lhes o acesso aos conhecimentos historicamente acumulados, contextualizando-os e contribuindo na ampliação do capital simbólico8 existente, propiciando às crianças e jovens conhecer o mundo em que vivem e compreender as suas contradições, o que lhes possibilitará a sua apropriação e transformação. Um compromisso ético-existencial tão bem enunciado por Hannah Arendt e que diz respeito a todos nós, educadores: A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável, não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens. A educação é, também, onde (sic) decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá- las de nosso mundo e abandoná-las aos seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as, em vez disso, com antecedência, para a tarefa de renovar um mundo comum (ARENDT, 1979, p. 247). Percebemos que é preciso ousar e rever o ensino regular para dar conta de educar uma geração que nasceu na era da informação, da tecnologia e da velocidade. Visto que a educação deve acontecer de uma maneira contextualizada e articulada ao universo sociocultural, de modo que os currículos reflitam esse contexto e compartilhem sua intencionalidade com as comunidades. Tal concepção de ensino e aprendizagem exige que a escola se abra ao seu entorno, que novos espaços de aprendizagem sejam incorporados, que a maneira de ensinar sejamais dinâmica, não apenas na oferta de atividades extracurriculares, mas também nos modos de fazer e de aprender. Nesse sentido é imprescindível um currículo para Educação Integral que seja comprometido com a construção intencional de processos educativos que visam o desenvolvimento humano em sua integralidade, superando uma visão disciplinar, e que para isso promovam a interligação dos saberes, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua 8 Bourdieu apresenta a estrutura social como um sistema hierarquizado de poder e privilégio, determinado tanto pelas relações materiais e/ou econômicas (salário, renda) como pelas relações simbólicas (status) e/ou culturais (escolarização) entre os indivíduos. Dessa forma, a diferente localização dos grupos nessa estrutura social deriva da desigual distribuição de recursos e poderes de cada um de nós. Por recursos ou poderes, Bourdieu entende mais especificamente o capital econômico (renda, salários, imóveis), o capital cultural (saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas e títulos), o capital social (relações sociais que podem ser revertidas em capital, relações que podem ser capitalizadas) e por fim, mas não por ordem de importância, o capital simbólico (o que vulgarmente chamamos prestígio e/ou honra) (BOURDIEU, 2007). 50 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA aprendizagem e na construção do seu projeto de vida e de sua atuação cidadã. Pressupõe ainda a articulação da escola com pais, comunidade e demais instituições e a melhoria qualitativa do tempo na escola para o atendimento à formação integral do sujeito. 1.8.5 Visão de Futuro para a Educação Espera-se que o Currículo Referência do Ipojuca possa ser um dos instrumentos que possibilite uma nova forma de gestar políticas públicas educacionais integradas. Cumpre-se salientar que na visão de futuro para a nossa educação têm-se a escola e seus atores como protagonistas da transformação decorrente do que se constrói no presente, sendo as instituições escolares, as redes de ensino e, em especial, os professores, os profissionais que precisam, com seu trabalho conjunto e consciente, garantir o rebatimento das políticas educacionais nas salas de aula. Ademais, pretende-se contribuir para que seja superada a fragmentação das políticas educacionais, fortalecida pelo Regime de Colaboração, a fim de construir uma educação de todos, com todos e para todos. Que se possa desenvolver uma educação com qualidade social, como direito humano e como processo que poderá colaborar na mudança estrutural da sociedade. Como consequência da ação educacional a ser desencadeada, também tem-se a intenção de formar estudantes com competências, habilidades e conhecimentos considerados essenciais para o século XXI, incentivando a modernização dos recursos e das práticas pedagógicas e promovendo a atualização dos profissionais de educação; e de firmar as ações pedagógicas, assumindo o compromisso de que toda criança tenha acesso à escola e na idade certa da mesma forma que os estudantes possam permanecer na escola, assegurados em seus direitos de aprendizagem. Para que possamos construir um novo cenário na educação municipal, precisamos entender que, mais do que acúmulo de conhecimentos, precisamos de profissionais que fomentem o desenvolvimento de competências socioemocionais como empatia, liderança, iniciativa e resiliência, e que considerem o contexto de cada estudante, tanto em relação aos saberes clássicos a eles conferidos quanto aos saberes práticos, preconizadores da convivência humana, a fim de contribuir na formação de sujeitos criativos, críticos, autônomos e éticos que saibam dialogar com as informações cada vez mais disponíveis, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicando conhecimentos para resolver problemas, tomar decisões, ser proativo, buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças 51 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA e as diversidades, podendo a gestão municipal garantir as condições necessárias de realização. Portanto, compreender o conceito de competências socioemocionais é de suma importância, quando se enxerga o sujeito na sua integralidade, ou seja, entende-se que o processo formativo de desenvolvimento dos indivíduos passa pelas suas múltiplas dimensões: física, intelectual, social, emocional e simbólica, logo, envolve o estudo e o manejo das emoções, com empatia e pela tomada de decisão responsável. Várias abordagens multidisciplinares como a Neuropsicologia, Psicopedagogia, Biologia apresentam a importância e relevância das competências socioemocionais no contexto escolar, assim como aponta a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco, ECG,2014-2021) e a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,2017) nas suas novas diretrizes. Sendo assim, na BNCC, as competências socioemocionais estão presentes em todas as 10 competências gerais e até 2020, no Brasil, todas as escolas deverão contemplar as competências socioemocionais em seus currículos. Diante dessa demanda, precisamos conhecer mais sobre a educação socioemocional (Social Emotional Learning – SEL) e, consequentemente, estimular o processo de desenvolvimento emocional dos nossos estudantes ipojucanos, com apoio sistemático e formação multidisciplinar, se possível. A complexidade dos problemas que se acumularam historicamente na Educação, por meio dela exige políticas articuladas e convergentes, tanto as que precisam ser recorrentes quanto as inovadoras. Assim, balizar a construção da educação com responsabilidade social é corresponder ao que a sociedade deseja e ao que o estudante ipojucano merece, reafirmando nosso compromisso de que educação de qualidade não pode ser privilégio de alguns; mas um direito a ser assegurado a todos, com oportunidades iguais, como forma de fazer acontecer a justiça social. 1.9 TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS E INTEGRADORES Como forma de promover uma integração entre os conteúdos trabalhados em cada componente curricular e as vivências em sociedade, temas transversais e integradores são elencados no documento curricular. Os temas elencados buscam colaborar para um trabalho que considere o ser humano de forma holística, e relacionam-se a diversos componentes, “garantindo uma abordagem interdisciplinar, transversal e integradora” (PERNAMBUCO, 2019, p. 23). Sendo eles: 52 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA QUADRO 01: Temas Contemporâneos Transversais e Integradores TEMAS TRANSVERSAIS E INTEGRADORES Educação em Direitos Humanos - EDH (Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, 2006, Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/2012) Direitos da Criança e Adolescente (Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 12.852/2013 - Estatuto da Juventude, Lei nº 13.257/2016 - Marco Legal da Primeira Infância, de 08 de março de 2016) Processo de Envelhecimento, Respeito e Valorização do Idoso (Lei nº 10.741/2003) Educação Ambiental (Lei nº 9.795/1999, Parecer CNE/CP nº14/2012, Resolução CNE/CP nº 2/2012 e Programa de Educação Ambiental de Pernambuco - PEA/PE 2015) Educação para o Consumo e Educação Financeira e Fiscal (Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/2010) Educação das Relações Étnico-raciais e Ensino da História e Cultura Afro- brasileira, Africana e Indígena (Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004, Resolução CNE/CP nº 1/2004 e Parecer CNE/CEB nº 14/2015) Diversidade Cultural (Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/2010) Relações de Gênero (Parecer CNE/CEB nº 07/2010, Resolução CNE/CEB nº 02/2012, Lei no 11.340/2006 - Lei Maria da Penha, Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos,2006, Instrução Normativa da SEE nº 007/ 2017 e Portaria MEC nº 33/2018) Educação Alimentar e Nutricional (Lei nº 11.947/2009) Educação para o Trânsito (Lei nº 9.503/1997) Trabalho, Ciência e Tecnologia (Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/2010) Saúde, Vida Familiar e Social (Parecer CNE/CEB nº 11/2010, Resolução CNE/CEB nº 7/2010, Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/2012) FONTE: Currículo de Pernambuco, 2019. 53 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Nesse contexto, o Currículo de Pernambuco (2019) estabelece diretrizes para o desenvolvimento do trabalho pedagógico com os doze temas transversais, citados no quadro acima, que se inter-relacionam e perpassam, ao longo da educação básica, todos os componentes curriculares, articulando-se na construção de conhecimentos e habilidades, assim como na formação de atitudes e valores. Educação em Direitos Humanos – EDH – A Educação em Direitos Humanos – EDH, alicerçada no respeito e proteção à dignidade da pessoa humana, compreende o conjunto de práticas educativas fundamentadas nos direitos humanos, tendo como objetivo formar o sujeito de direito. Nesse contexto, a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, nas últimas décadas, assumiu a EDH como norteadora das políticas educacionais do estado de Pernambuco e pautou-a no compromisso pela construção de uma escola que se reconheça como espaço pleno de vivências de direitos, premissa fundamental para embasar as relações humanas que acontecem na escola em todos os seus âmbitos. As Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (Resolução CNE/CP nº 1/2012) prescrevem que, na Educação Básica, o currículo poderá ser estruturado, tomando por base a perspectiva disciplinar, transversal ou mista, fundindo disciplinaridade e transversalidade. Ao fazer a opção por tratar a EDH na perspectiva transversal, o estado de Pernambuco filia-se ao entendimento de que a cultura dos direitos humanos, conteúdo da EDH, não cabe apenas em um componente curricular, devendo, assim, ganhar espaço no conjunto dos componentes que compõem o currículo. Materializada na perspectiva transversal, a EDH fortalece os paradigmas da educação integral, considerando os estudantes em todas as suas dimensões. Além disso, sedimenta uma cultura de paz na escola, fundamentada na defesa e reconhecimento da igualdade de direitos, valorização das diferenças e das diversidades, laicidade do estado e democracia na educação. A escola, na perspectiva da EDH, deve desenvolver uma educação pautada em várias dimensões necessárias à formação cidadã: ciências, artes, cultura, história, ética, afetividade, entre outras. Assim, a escola é concebida como espaço sociocultural, lugar de convivência inclusiva, respeitosa e afetiva. O ambiente escolar deve proporcionar, também, uma convivência acolhedora, de autorresponsabilidade com o desempenho de cada estudante, de cada professor, consigo mesmo, bem como de cuidado com o outro, considerando a dignidade de todo ser humano. 54 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Direitos da Criança e Adolescente (Lei nº 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 12.852/2013 –- Estatuto da Juventude, Lei nº 13.257/2016 – Marco Legal da Primeira Infância, de 08 de março de 2016) – No campo da discussão dos Direitos da Criança e do Adolescente, o direito de brincar da criança e também o direito de ser cuidada por profissionais qualificados, na primeira infância, devem ser prioridade nas políticas públicas. A criança tem, sobretudo, o direito a ter a presença da mãe, pai e/ou cuidador em casa nos primeiros meses por meio da licença-maternidade e paternidade concedida para cumprimento dos cuidados. Por sua vez, o direito à educação deve ser garantido a todas as crianças e adolescentes, observando o pleno desenvolvimento de suas potencialidades por meio de uma preparação cultural qualificada, uma base científica e humana na perspectiva de contribuir para a superação das desvantagens decorrentes das condições socioeconômicas e culturais adversas. Nessa direção, situamos também o Estatuto da Juventude, que vem corroborar a inserção social qualificada do jovem como lei complementar ao Estatuto da Criança e do Adolescente, visando garantir direitos de quem tem entre 15 e 29 anos de idade. O Estatuto da Juventude propõe expansão das garantias dadas à infância e à adolescência, além da compreensão de que o jovem deve ser visto nas suas necessidades no momento presente e não a posteriori. Desse modo, as aprendizagens essenciais devem ser contempladas, proporcionando o desenvolvimento das competências e habilidades necessárias, e possibilitando às crianças, adolescentes e jovens, o direito a uma educação de qualidade para que possam atuar socialmente na construção de um mundo mais justo, equitativo, democrático e humano. O contexto escolar deve ser preparado, visando a uma formação cidadã em que todas as crianças e adolescentes devem ser protegidos contra práticas que fomentem a exploração do trabalho infantil e discriminação étnico-racial, religiosa, sexual, de gênero, pessoa com deficiência ou de qualquer outra ordem. Processo de Envelhecimento, Respeito e Valorização do Idoso – O envelhecimento é um fenômeno natural da condição humana. Para além da cronologia, há um conjunto amplo de aspectos que também configuram essa etapa do desenvolvimento humano: biológicos, culturais, históricos, psicológicos e sociais. Embora o envelhecimento humano seja uma condição natural, as representações e sentimentos são construídos socialmente. Dessa forma, faz-se necessário que as escolas incluam, em suas práticas curriculares, ações que visem ao desenvolvimento de comportamentos e atitudes que aproximem as gerações, estimulem os estudantes para o convívio, destituído de preconceitos, com pessoas idosas e sejam educados 55 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA para o envelhecimento humano. O objetivo é garantir o respeito, a dignidade e a educação ao longo da vida. Assim, no âmbito escolar, deve-se também reconhecer o protagonismo da pessoa idosa enquanto estudante e como sujeito que, munido de experiências e saberes, aprende mais sobre si mesmo e sobre o mundo. Educação Ambiental – A Educação Ambiental é um processo contínuo, dinâmico, participativo e interativo de aprendizagem das questões socioambientais. Dessa forma, a Educação Ambiental constitui uma das dimensões do direito ao meio ambiente equilibrado e sustentável, prioridade na garantia da qualidade de vida das pessoas por meio de concepções e práticas inter/transdisciplinares, contínuas e permanentes, realizadas no contexto educativo. Priorizando as questões ambientais, devemos despertar no estudante a importância de manter relações harmoniosas entre a sociedade e a natureza, preservando a biodiversidade e as culturas. É nessa perspectiva que as atividades educativas devem envolver a escola e a comunidade em seu entorno, refletir sobre atitudes de proteção e preservação da natureza, dialogando por meio dos diferentes componentes curriculares. Educação para o Consumo e Educação Financeira e Fiscal – Esses temas apontam para abordagens na escola que proporcionem ao estudante ter uma compreensão sobre finanças e economia, consumo responsável, processo de arrecadação financeira e a aplicação dos recursos recolhidos como também sua importância para o valor social dos tributos, procedência e destinação. De modo geral, essas abordagens devem possibilitar ao estudante analisar, fazer considerações fundamentadas, tomar decisões e ter posições críticas sobre questões financeiras que envolvam a sua vida pessoal, familiar e da realidade social e, por conseguinte, compreender a cidadania, a participação social, a importância sobre as questões tributárias, o orçamento público, seu controle, sua execução e sua transparência,bem como a preservação do patrimônio público. Educação das Relações Étnico-raciais e Ensino da História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena – essa temática deve ser trabalhada articulada a diferentes componentes curriculares, mas também no âmbito do currículo como um todo. Deve assegurar o conhecimento e o reconhecimento desses povos na formação cultural, social, econômica e histórica da sociedade brasileira, ampliando as referências socioculturais da comunidade escolar na perspectiva da valorização da diversidade étnico-racial, contribuindo para a construção e afirmação de diferentes identidades. É necessário que as práticas escolares 56 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA contemplem nos seus currículos o ensino da história e cultura afro-brasileira, africanas e indígenas como forma de reconhecimento da contribuição que diversos povos deram para a história e cultura nacional. Desta maneira, será alcançada uma educação das relações étnico- raciais que respeite a diversidade brasileira e que busque a erradicação da desigualdade e discriminação, ensejando a construção de uma sociedade baseada no reconhecimento das diferenças e na verdadeira democracia racial. Diversidade Cultural – Ao abordarmos a diversidade cultural, biológica, étnico-racial, devemos considerar a construção das identidades, o contexto das desigualdades e dos conflitos sociais. Este tema aborda a construção histórica, social, política e cultural das diferenças que estão ligadas às relações de poder, aos processos de colonização e dominação. Este currículo propõe ações e práticas educativas que contemplem essa temática na sala de aula e em toda comunidade escolar para que se promova o combate ao preconceito e à discriminação. É importante, no contexto escolar, possibilitar a compreensão de que a sociedade humana, sobretudo a brasileira, é composta por vários elementos que formam a diversidade cultural e a identidade de cada povo e de cada comunidade. A partir dessa perspectiva, devem ser desenvolvidas atitudes de respeito às diferenças, considerando que a completude humana é construída na interação entre as diferentes identidades. Relações de Gênero – A relação de gênero é entendida como uma categoria de análise que ajuda a pensar a maneira como as ações e posturas dos homens e das mulheres são determinadas pela cultura em que estão inseridos (SCOTT, 1990). Deve ser também compreendida como um conceito baseado em parâmetros científicos de produção de saberes que transversaliza diversas áreas do conhecimento, sendo capaz de identificar processos históricos e culturais que classificam e posicionam as pessoas a partir de uma relação sobre o que é entendido como feminino e masculino, essencial para o desenvolvimento de um olhar referente à reprodução de desigualdades no contexto escolar. A perspectiva da ‘igualdade de gênero’, no currículo, é pauta para um sistema escolar inclusivo que crie ações específicas de combate às discriminações e que não contribua para a reprodução das desigualdades que persistem em nossa sociedade. Não se trata, portanto, de anular as diferenças percebidas entre as pessoas, mas sim de fortalecer a democracia à medida que tais diferenças não se desdobrem em desigualdades. A garantia desse debate e a elaboração de estratégias de enfrentamento às diversas formas de violência são, portanto, direitos assegurados por lei. Esses são pautados em demandas emergenciais e que reafirmam a necessidade dos espaços escolares serem lócus 57 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA de promoção da cidadania e respeito às diferenças. Para efetivar isso, é necessária a implementação de ações com a perspectiva de eliminar atitudes ou comportamentos preconceituosos ou discriminatórios relacionados à ideia de inferioridade ou superioridade de qualquer orientação sexual, identidade ou expressão de gênero. Educação Alimentar e Nutricional – Esse tema deve ser vivenciado por toda comunidade escolar de forma contínua e permanente, visando desenvolver práticas educativas, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional, que respeitem a cultura, as tradições, os hábitos alimentares saudáveis e as singularidades dos estudantes. Perpassa pela valorização da alimentação escolar, o equilíbrio entre qualidade e quantidade de alimentos consumidos, além do estudo sobre macro e micronutrientes necessários para a formação do indivíduo. Dessa forma, o currículo traz a educação alimentar e nutricional, inserindo conceitos de alimentação e nutrição nas diferentes etapas de ensino, considerando o acesso à alimentação saudável como algo fundamental para o crescimento e desenvolvimento dos indivíduos. Nessa dimensão, é necessário que o currículo desenvolva a percepção de que uma alimentação adequada e saudável é um direito humano, e que seja adquirida e consumida garantindo a segurança alimentar e nutricional. Educação para o Trânsito – A alta incidência de violência no trânsito, inclusive com mortes, remete à necessidade de incentivar a conscientização por meio de um trabalho de educação para o trânsito, envolvendo valores e princípios fundamentais para um convívio social saudável: respeito ao próximo, solidariedade, prudência e cumprimento às leis. É preciso promover práticas educativas e intersetoriais que problematizem as condições da circulação e convivência nos espaços públicos desde a própria escola, seja no campo ou na cidade, para que se promova a convivência mais harmoniosa nos espaços compartilhados, de modo a incentivar uma circulação mais segura de forma eficiente e, sobretudo, mais humana. A educação para o trânsito deve prever, no currículo da Educação Básica, a construção de valores direcionados ao comportamento respeitoso, ao cuidado com as pessoas e com o meio ambiente, considerando o direito humano à vida, que se constitui no seu bem maior. Trabalho, Ciência e Tecnologia – Trazer essa temática para o currículo da Educação Básica contribui para a compreensão do Trabalho enquanto princípio educativo que envolve não só discussões acerca do mundo do trabalho, mas também acerca do desenvolvimento de capacidades humanas para transformação da realidade material, social. Relaciona-se ainda à 58 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA compreensão da Ciência e Tecnologia enquanto dimensões capazes de provocar reflexões e intervenções sobre o mundo nos aspectos sociais e naturais sem perder de vista o caráter da sustentabilidade. Nesse sentido, é fundamental que os currículos e as práticas dos professores promovam a pesquisa, como princípio pedagógico, associada a uma abordagem reflexiva dos conteúdos que considere a relação complexa entre os potenciais do Trabalho, da Ciência e da Tecnologia para resolução de problemas, a ampliação da capacidade produtiva e empreendedora, bem como para a garantia de um espaço de reflexão e atuação crítica e ética sobre suas influências nos impactos ambientais e sociais. É importante que o currículo da Educação Básica, ao abordar essa temática, promova uma reflexão sobre as diversas formas de trabalho, o uso das tecnologias, suas respectivas funções e organização social em torno de cada profissão, a contribuição dessas para o desenvolvimento da sociedade, bem como sobre as relações sociais e de poder que se estabelecem em torno do mundo do trabalho. Saúde, Vida Familiar e Social – A temática saúde é um conceito que nos remete não só a ausência de doença, mas, sobretudo, ao completo bem-estar que permeia as pessoas saudáveis. A concepção que se entende por saúde tem relações diretas com o meio cultural, social, político, econômico, ambiental e afetivo em que se vive. A visão histórica dos diversos significados de saúde também sofre variações ao longo do tempo. O currículo, ao desenvolver esse tema, deve considerar a saúde numa perspectiva mais ampla que envolve as várias dimensões do ser humano,tais como: saúde mental, comportamental, atitudinal, orgânica, física, motora, afetiva, sensorial, entre outras. É necessário que a pessoa se perceba em sua multidimensionalidade e que a esfera da saúde seja reconhecida sob os diversos aspectos que envolvem uma vida saudável. O contexto político relativo a como a sociedade está organizada também interfere na dimensão da saúde do cidadão. A estrutura da saúde pública, o planejamento das cidades, o saneamento básico, o estilo de vida do/no campo ou da/na cidade, o sistema de transporte e habitacional, as relações familiares e sociais poderão interferir na saúde das pessoas. Esses aspectos devem ser considerados e refletidos no currículo de forma a levar os estudantes a compreenderem e buscarem um estilo de vida mais saudável. FONTE: Adaptado de PERNAMBUCO, 2019, p. 24-28. Pensar nas possibilidades de articulação entre os temas contemporâneos transversais e integradores implica uma mudança de concepção de ensino e aprendizagem como também da própria organização do trabalho pedagógico como um todo. É preciso que todos os envolvidos no processo educativo sejam protagonistas no exercício do seu papel. 59 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA O trabalho com esses temas institui uma nova visão à escola como local de produção de conhecimento que possibilita ao aluno situações, experiências, instrumentos e conceitos que favoreçam a construção sociocognitiva da aprendizagem. 1.10 MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA NA PERSPECTIVA INCLUSIVA 1.10.1 Educação especial na perspectiva da educação inclusiva A diferença é de todos, tudo é diferença [...] e não há, deste modo, alguma coisa que não seja diferença, alguma coisa que possa deixar de ser diferença, alguma coisa que possa ser o contrário, o oposto das diferenças (SKLIAR, 2006, p. 31). A concepção de inclusão que pauta a educação especial do município do Ipojuca acompanha o movimento mundial de reconhecimento da singularidade e diversidade humana e da necessidade contemporânea de se efetivar uma educação na qual o acesso, permanência, participação e aprendizagem sejam de fato assegurados por meio da equidade. Nessa perspectiva, os princípios básicos da Educação Inclusiva se fundamentam principalmente a partir dos marcos legais e pressupostos teóricos que compõem as conquistas oficializadas das pessoas com deficiência. Nas últimas décadas, muitos países têm passado por significativas transformações referentes a políticas e práticas voltadas à educação inclusiva. Segundo Carvalho (2000), ao final do século XX, muitos conflitos e transformações aconteceram e, conforme destaca Sassaki (2012), a trajetória da educação especial dividiu-se em períodos históricos bem claros que são descritos através de quatro grandes paradigmas: Exclusão (rejeição social), Institucionalização (segregação), Integração (modelo médico da deficiência) e Inclusão. Logo, este último vai se afirmando no contexto educacional até o que está proposto nos dias atuais, ou seja, o paradigma inclusivo. No Brasil, as principais mudanças foram decorrentes da publicação da Constituição Federal que, a fim de concretizar o direito fundamental à educação, apresenta, no Art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Nesse percurso, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) define que a educação especial é uma modalidade de ensino transversal a todos os níveis, etapas e modalidades; realiza o atendimento educacional especializado; disponibiliza 60 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA os serviços e recursos próprios desse atendimento; orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular; vem ressignificar e orientar os sistemas educacionais a promover respostas às necessidades educacionais específicas de maneira individualizada. Como ressalta o Currículo de Pernambuco (2019), essa política traz à tona a necessidade de assegurar o ingresso, a permanência, a participação e a aprendizagem do público-alvo da educação especial (estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação) nos diferentes níveis de ensino com igualdade de oportunidades e desenvolve o conceito de Atendimento Educacional Especializado – AEE, com enfoque exclusivamente pedagógico, complementar ou suplementar à formação desses estudantes preferencialmente em Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs). Ainda mais recente, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – LBI implementa avanços, principalmente, relacionados à inibição da recusa de matrícula de crianças e adolescentes com deficiência no ensino regular, seja na educação pública ou privada. Em continuidade a esse pensamento, temos, no Capítulo IV, intitulado “Do Direito à Educação”, o Art. 27, dispondo o seguinte: A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem (BRASIL, 2015, online). A fim de alcançar uma educação de qualidade, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – LBI traz, no Art. 27, parágrafo único: “É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência”. Desse modo, recomenda-se que todos os atores que constituem o cenário educacional atuem coletivamente na busca da ressignificação de um sistema educacional inclusivo, no qual atitudes e práticas sociais, tanto no âmbito político- administrativo quanto no didático-pedagógico, favoreçam o desenvolvimento biopsicossocial do estudante com deficiência. Entretanto, essas transformações apontam outras demandas que não as restritas unicamente ao universo escolar, mas que revelam, entre outras coisas, os impactos da relação estabelecida entre a família e a escola e direciona para a necessidade de se pensar e efetivar práticas que inter-relacionam outros setores da sociedade. Pois, conforme Schneider e Hernandorena (2012, p. 9): 61 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA [...] as práticas interdisciplinares e intersetoriais devem convergir para a construção de redes de apoio, tanto em sua dimensão afetiva (solidárias, familiar, etc.), como em sua dimensão social no que tange aos serviços socioassistenciais, como também os serviços das demais políticas públicas. O que se evidencia aqui é a necessidade de redes de apoio à escola visto que esta vem arcando com demandas que vão além do fazer pedagógico. A escola, nas últimas décadas, acabou por absorver demandas da ordem da saúde, da assistência social e de outros setores. Demandas absorvidas, mas sem o suporte adequado das outras instâncias que poderiam colaborar em relação a esses aspectos. A escola, antes de tudo, é uma rede de apoio às famílias no processo educacional e ambas necessitam estar interligadas, uma vez que, no campo da educação inclusiva, a intersetorialidade tem sido observada como um dos elementos presentes em políticas públicas reconhecidas como exitosas e consistentes. Políticas estas que buscam promover estratégias de gestão baseadas na articulação das diferentes áreas que compõem a administração pública. Porquanto, tem-se, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Art. 12, Inciso VI, que “[...] os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comunsos professores da Rede Municipal de Ensino através de atividades formativas que pudessem subsidiar as dimensões pedagógicas de forma democrática para a construção do Currículo. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 9 O Referencial Curricular do Ipojuca vai além de um documento que organiza as competências e diretrizes da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Especial e Educação do Campo, obtendo por objetivo nortear a educação Ipojucana para seguir um novo caminho nos próximos anos, de acordo com a realidade educacional e com maior legitimidade para o desenvolvimento das práticas pedagógicas nas Escolas da Rede Municipal. Acredita-se que o Referencial Curricular do Ipojuca permitirá a reflexão e a implementação de uma aprendizagem significativa, voltada à construção de uma escola cidadã que favoreça a produção do saber, a diversidade, liberdade de expressão e diálogo entre os docentes e discentes. Esse documento norteador registra o pensamento pedagógico de todos que contribuíram e acreditam em uma educação com foco no desenvolvimento integral e inclusivo do sujeito. Ao integrar o Comitê Municipal de Mobilização e participar do processo de Construção do Referencial Curricular, buscou-se promover avanços no tocante às ações da educação do Ipojuca, apesar das crises pandêmica e econômica pelas quais atravessa o País. O Sistema Municipal de ensino vem elevando os índices educacionais, e para Ipojuca isto é um indicador de que as práticas de gestão adotadas pela Secretaria Municipal de Educação estão nos conduzindo ao fortalecimento de políticas educacionais eficientes. Nesse sentido, registra-se o agradecimento a todos que contribuíram na construção desse Referencial e dizer que é com muita satisfação e alegria que se apresenta a sociedade e a comunidade educacional o Currículo Referência do Ipojuca, que norteará e orientará nosso sistema de ensino a partir de 2021. Francisco José Amorim de Brito SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO Silvia Helena Vasconcelos da Silva DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO Luíz Carlos Nogueira Botelho PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO IPOJUCA CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 10 PERCURSO DE CONSTRUÇÃO E MARCOS LEGAIS DO DOCUMENTO A construção do currículo do Ipojuca emergiu como uma ação singular no contexto da educação municipal, após a homologação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017a), e da necessidade de sua implementação no país, conforme preconiza a Portaria nº 1570, de 20 de dezembro de 2017 (BRASIL, 2017b), publicada pelo Ministério da Educação, explicitando a garantia dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento a ser observada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. Inegavelmente, no transcurso da história da educação do Ipojuca, inúmeras ações corroboraram para este documento. O lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997) e do Programa de desenvolvimento profissional continuado – Parâmetros em Ação (BRASIL, 1999) no início da década passada e sua efetivação no município já sinalizavam a tendência e a importância de um alinhamento da educação municipal com a política nacional de educação nos cenários de um processo ainda incipiente de redemocratização da educação brasileira, assegurada na Constituição Federal (BRASIL, 1988) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (BRASIL, 1996). Dessa iniciativa, e utilizando-se dos PCNs como um documento capaz de apoiar e orientar a prática docente nas unidades da Rede Municipal de Ensino, diversos grupos de trabalho foram criados por etapas, modalidades e componentes curriculares, com o objetivo de promover a organização de conteúdos, estratégias e formas de avaliação. Os Parâmetros Curriculares Nacionais tornaram-se, então, um elemento norteador para uma nova concepção de educação instaurada no país, apesar das inúmeras críticas ressurgentes à política educacional, instrumentalizando os educadores para a efetivação de um fazer pedagógico que resultasse numa formação autônoma, crítica e cidadã fundamentada nos novos princípios constitucionais e na pluralidade cultural brasileira. Reafirmam-se, ainda, como pressupostos para a definição de Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (BRASIL, 2013) através do Parecer CNE/CEB nº 7/2010 de 09 de julho de 2010 (BRASIL, 2010), visando a estabelecer bases comuns nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem como para as modalidades com que podem se apresentar nos vários sistemas de ensino. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 11 Numa instância local, o Plano Municipal de Educação, aprovado através da Lei Municipal nº 1806, de 22 de junho de 2015 (IPOJUCA, 2015), ratificou na Meta 2 e Estratégia 10 a necessidade de “construção de proposta pedagógica e curricular para o município do Ipojuca” no Ensino Fundamental. Mas foi a partir da homologação da BNCC em 2017 e das orientações e normativas publicadas para a sua implementação na Educação Infantil e no Ensino Fundamental que Ipojuca deu uma atenção especial ao processo de construção do currículo para a educação municipal. No ano subsequente, e como premissa ao fortalecimento do regime de colaboração entre os entes federados para apoio técnico na elaboração, revisão e implementação dos currículos nos respectivos municípios pernambucanos, a Secretaria Estadual de Educação iniciou um conjunto de ações integrando representação de todas as regiões do estado para, inicialmente, vivenciar o dia “D” de discussão da Base nas redes públicas de ensino, oportunizando a todas as escolas a apropriação, o conhecimento e a reflexão da BNCC, além de fundamentação de todos os seus profissionais para posterior construção do Currículo de Pernambuco. Nessa perspectiva, com a homologação do Currículo de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2019a, 2019b), conforme Parecer CEE/PE Nº114/2018, aprovado pelo Plenário em 20 de dezembro de 2018 (PERNAMBUCO, 2018), profissionais que compõem as equipes técnicas da Secretaria de Educação Municipal e das Unidades de Ensino de Ipojuca integraram os momentos formativos na Rede Estadual e elaboraram o Plano de Trabalho para a construção do Currículo do Ipojuca. A formação do Comitê Municipal, com a participação do Conselho Municipal de Educação e da Equipe de Coordenação de Articulação Municipal, validou a estruturação das comissões compostas por coordenadores, mediadores, redatores e profissionais de apoio técnico, discutindo atribuições e encaminhamentos que possibilitaram uma ampla e democrática participação das comunidades escolares e de toda a sociedade civil. É relevante lembrar que, durante os últimos dois anos, a Secretaria Municipal de Educação possibilitou aos seus profissionais a participação em frequentes encontros para a escuta e o intercâmbio de informações com membros do Conselho Federal de Educação, integrantes de Comissões do Ministério de Educação e renomados palestrantes com significativas reflexões sobre os processos de construção curricular, os fundamentos pedagógicos da BNCC, a implementação de currículos oficiais e suas implicações no cotidiano escolar. Oportunamente, essas iniciativas também motivaram a realização de eventos como o Fórum da Educação de Jovens e Adultos (EJA), o Fórum da Educação Infantil e o Seminário de Implementação do Currículo e de Educação Física, todos realizados em sua primeira versão no segundo semestre de 2019. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 12 Diante do exposto, essas iniciativas, somadas a encontros com as diversas comissões e os momentos formativos realizados para todas as etapas, componentes curriculares e modalidades de ensino, ratificaram o diálogo com os múltiplos profissionais e, consequentemente,e as do seu sistema de ensino, deverão articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola”. Fazendo um paralelo com o que diz a LDBEN, podemos observar que a educação não deve ser compromisso somente da família e da escola, mas de um processo conjunto no qual exista um planejamento das ações que integrem educação, saúde, assistência social, transporte, segurança, entre outros, em benefício de toda a comunidade escolar e extraescolar. Isso mostra que a intersetorialidade é uma das estratégias da gestão pública educacional que torna factível a existência de uma gama de serviços de apoio suficientemente ampla para atender o público da educação inclusiva. Nesse sentido, o Plano Nacional de Educação (PNE, 2014-2024) prevê o seguinte (BRASIL, 2014b, p. 11): “Um segundo grupo de metas que diz respeito especificamente à redução das desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para a equidade”. Dentro dessas discussões, é importante salientar que a questão da equidade vem trazer um olhar diferenciado acerca das questões inclusivas. Nessa direção, a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, UNESCO (1996), garante às diversas comunidades linguísticas no mundo o direito de manter suas línguas, culturas e nacionalidades. Sendo o universo escolar, um espaço democrático, multicultural e plurilíngue onde se desenvolvem múltiplas relações entre sujeitos, corroboramos com a Base Nacional Curricular Comum – BNCC que ressalta ser relevante, no espaço escolar, conhecer e valorizar as realidades nacionais e internacionais da diversidade linguística (BNCC, 2019; UNESCO, 1996). https://diversa.org.br/educacao-inclusiva/como-transformar-escola-redes-ensino/politicas-publicas#intersetorialidade 62 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Ressalta-se que, no Brasil, com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto N.º 5.626, de 22 de dezembro de 2005, oficializou-se a Língua Brasileira de Sinais (Libras) que, por sua vez, torna possível, em âmbito nacional, realizar discussões relacionadas à necessidade do respeito às particularidades linguísticas da comunidade surda e do uso dessa língua nos ambientes escolares, cenário em ascensão também no município de Ipojuca. Além disso, o PNE (2014-2024), meta 4, estratégia 4.7, visa garantir a oferta de educação bilíngue em Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS como primeira língua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua em salas bilíngues ou classes inclusivas. Portanto, ao tratarmos de equidade, podemos pensar em igualdade de oportunidades como é proposto na LBI, em seu Art. 4°, ao mencionar que “Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”. Diante disso, tem-se como primordial: [...] universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014a, online). Assim sendo, encontramos pensamento semelhante no documento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – PNEEPEI (2008, p. 5), no qual se lê: A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. Nessa perspectiva, com a amplitude do conceito de inclusão, a proposta de educação inclusiva vem a consagrar o princípio de igualdade de acesso de todos os alunos, bem como sua permanência em todas as etapas e modalidades de ensino do sistema educacional. No entanto, seu acesso ao conhecimento ainda necessita de muitos avanços, pois a escola inclusiva: [...] é o conjunto de princípios e procedimentos implementados pelos sistemas de ensino para adequar a realidade das escolas à realidade do alunado que, por sua vez, deve representar toda a diversidade humana. Nenhum tipo de aluno poderá ser rejeitado pelas escolas. As escolas passam a ser chamadas inclusivas no momento em que decidem aprender com os alunos o que deve ser eliminado, modificado, substituído ou acrescentado nas seis áreas de acessibilidade, a fim de que cada aluno possa aprender pelo seu estilo de aprendizagem e com o uso de todas as suas múltiplas inteligências. (SASSAKI, 2003, p. 15). 63 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Não obstante, para transformar esse ideal baseado em leis, decretos e tantos outros documentos que evidenciam os caminhos para uma educação inclusiva, faz-se necessário que o princípio da inclusão se estenda e seja compreendido em todos os âmbitos da comunidade escolar e extraescolar a fim de construir-se uma sociedade inclusiva. Diante desse novo panorama escolar que visa uma escola para todos, mostra-se importante compreender o conceito de deficiência para assim vislumbrar a complexidade que a escola inclusiva demanda. Portanto, no tocante ao conceito de deficiência, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil como decreto em 2009, apresenta, em seu Artigo 1°: “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas”. Esse pensamento encontra-se ainda de acordo com o exposto no preâmbulo do texto, no qual se pode ler o seguinte: e) Reconhecendo que a deficiência é um conceito em evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras atitudinais e ambientais que impedem sua plena e efetiva participação na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. (BRASIL, 2009, online). O reposicionamento acerca da questão da deficiência, agora partindo das questões sociais e culturais que introduzem barreiras e limitações no acesso das pessoas com deficiência a direitos fundamentais, evidencia, desse modo, que a deficiência não é mais vista como algo intrínseco à pessoa, como divulgavam as definições puramente médicas (impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial): a deficiência está na sociedade, não na pessoa. Esse deslocamento no pensamento, acerca da pessoa com deficiência, revela, entre outras coisas, a precariedade ou ausência de acesso dessas pessoas, nos mais diferentes ambientes da sociedade, e como isso acaba por limitar/anular sua atuação como cidadãos. Todavia, ao tratarmos das questões de inclusão anteriormente apontadas, faz-se necessário pensar em como elas vêm impactando a atual realidade do município do Ipojuca, local ao qual este referencial curricular destina-se, pois, apesar de apresentar dificuldades nos processos de ensino e aprendizagem deste público, as mudanças efetuadas apontam na direção de uma educação efetivamente inclusiva. É importante ressaltar que tais mudanças ocorridas no município podem ser notadas pela presença de profissionais de Libras e Braille no quadro de professores, na implementação de salas de recursos multifuncionais (SRMs) para atendimento educacional especializado (AEE) em unidades escolares da rede, bem como no esforço de firmar parcerias com a Secretaria de Saúde, através do Centro de Reabilitação de Nossa Senhora 64 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA do Ó, e implantação de Atendimento Psicopedagógico Educacionalnas escolas. Entende-se, pois, que a garantia do direito à educação de estudantes com deficiência pressupõe a criação e manutenção de um conjunto de serviços intersetoriais articulados por meio da implementação de políticas públicas conforme descrito na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) – LBI, Artigo 28, Inciso XVIII. Porquanto, apenas a instituição escolar não é suficiente para alcançar todas as instâncias sociais em que os estudantes estão inseridos, necessitando assim de redes de apoio que contribuam nesse processo e possibilitem os direitos dos estudantes com deficiência. Dentro dessa visão, a Educação Especial na Perspectiva Inclusiva no município do Ipojuca comunga dos seguintes princípios norteadores sinalizados na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente: a. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação e à plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; b. Toda pessoa é singular e aprende de modos diferentes; c. O convívio no ambiente escolar comum beneficia a todos através do reconhecimento das diferenças e respeito às pessoas com deficiência, como parte da diversidade humana; d. A Acessibilidade e a Educação Inclusiva dizem respeito a todos. Dessa forma, o município do Ipojuca visa a uma construção curricular que valorize as diferenças e o respeito à diversidade, bem como propõe que a inclusão vá além de um simples acesso à escola, para ser compreendida como um desafio constante dentro de uma sociedade plural. Compreende-se assim que os desafios em direção a uma escola inclusiva envolvem a formação global do professorado e o uso de métodos e técnicas que potencializem os processos de ensino e aprendizagem desses alunos, entre outras ações integradas. Sabendo-se que é essencial compreender que essas questões não ocorrem apenas no município do Ipojuca, mas trata-se de uma perspectiva mais ampla que encontra embasamento, dentre outros documentos legais, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96), em seu Artigo 59: [...] os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração (leia-se, inclusão) desses educandos nas classes comuns (grifo nosso). Assim, evidencia-se a necessidade da formação continuada para esses profissionais que atuam com público tão diversificado, bem como com conceitos e práticas educativas que avançam e alteram-se constantemente em função de novas legislações e teorias que vêm afirmar os direitos básicos à educação de qualidade com os suportes necessários, sejam eles materiais (livros, equipamentos etc.) e/ou humanos (profissionais de apoio escolar especializado, 65 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA atendimento psicopedagógico nas escolas, entre outros profissionais que formam uma rede de suporte aos educandos), direitos estes já afirmados desde a Constituição Federal. A proposta curricular é para todos os estudantes, mas é indispensável pensar que as estratégias pedagógicas sejam diversificadas, com base nos interesses, habilidades e necessidades de cada um. Só assim se torna viável a participação efetiva, em igualdade de oportunidades, para o pleno desenvolvimento de todos os alunos, com e sem deficiência. Pensar sobre currículo, desse modo, é pensar em todos os sujeitos que estão inseridos na escola independentemente de terem dificuldades de aprendizagem, deficiência ou qualquer outra questão que esteja impedindo a aprendizagem de algum modo. Sendo assim, no processo educativo não há uma receita pronta, um protocolo a ser seguido indicando como os estudantes aprenderão. Essa “fórmula” será apreendida no dia a dia, na interação com os sujeitos e suas possibilidades de aprender, o que requer, antes de qualquer coisa, estar disponível ao outro e estar disposto a aprender junto ao outro. Afinal, nas palavras de Mosé (2015, p. 36) “[…] o homem não é uma essência imutável, ele está aberto ao mundo, completa-se nos signos, no outro, na troca com a exterioridade”. No mesmo caminho, Pagni (2006, p. 39-40) evidencia que “a alteridade deve ser entendida como um exercício compreensivo da experiência formativa dos estudantes e como uma tarefa ética imprescindível na atualidade para a arte pedagógica”. A escola precisa ser repensada e, portanto, uma das formas de fazer isso é conceber o ser humano não mais como um padrão, como unidade, mas como diferença em constante transformação. Segundo Pierucci (1999, p. 7), “Somos diferentes de fato e queremos ser, agora, diferentes de direito, na escola e fora dela. Pautamo-nos, pelo direito de ser, sendo diferentes”. Então, compreende-se que é na escola que podem ser iniciados processos de desconstrução de modelos únicos de saberes e o currículo nessa perspectiva apresenta-se como alternativa para um ensino plural e inclusivo. 1.10.2 Educação de pessoas jovens, adultas e idosas 1.10.2.1 Marcos legais vigentes A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino com características próprias e público diferenciado que, por alguma circunstância, não conseguiu concluir o ensino regular no tempo correto ou que nunca se matriculou em uma escola, e essa realidade, de modo geral, faz da EJA uma modalidade singular, cuja situação no Brasil ainda é grave. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) do ano de 66 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 2008/IBGE, em nosso país, existem 14 milhões de analfabetos. Esse dado mostra a triste realidade da elevada taxa de analfabetismo no Brasil (BARCELOS, 2014), que vai de encontro ao direito que é assegurado no Art. 205 da Constituição Federal, A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2016, p. 123). Nessa linha, o Art. 208 da referida Constituição estipula que: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria.” (BRASIL, 2016, p. 123). Sendo assim, todos os jovens, adultos e idosos têm direito público subjetivo face à educação básica, cabendo aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. Conforme preceitua o Artigo 37, da Lei Federal nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN), “A EJA será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação ao longo da vida.”. Desse modo, esse público (jovem, adulto e idoso) poderá, ao longo da escolaridade na EJA: estimular a capacidade cognitiva, resgatar experiências e conhecimentos prévios, aprender novos conceitos, desenvolver habilidades e competências e obter formação profissional. A partir da EJA, como modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio (conforme a Lei 9.394/96), e diante do Parecer da Câmara de Educação Básica (CEB), nº 11/2000, de 10 de maio de 2000, do Conselho Nacional de Educação (CNE) que diz que "A EJA é uma categoria organizacional constante da estrutura da educação nacional, com finalidades e funções específicas" (BRASIL, 2000a, p. 5), faz-se necessário que as redes de ensino adotem ou construam para a EJA um modelo pedagógico específico, considerando as diretrizescurriculares estabelecidas, os perfis e as necessidades de aprendizagem dos estudantes jovens, adultos e idosos. Seguindo essa linha de raciocínio, os cursos da EJA, [...] preferencialmente tendo a Educação Profissional articulada com a Educação Básica, devem pautar-se pela flexibilidade, tanto de currículo quanto de tempo e espaço, para que seja desenvolvida a agregação de competências para o trabalho. (Inciso IV, do § 2º, da Resolução n° 4/2010). 67 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Dentre as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), destacam-se duas metas fundamentais para a modalidade em questão: 1) a Meta 9 que estabelece como objetivo elevar a taxa de alfabetização da população acima dos 15 anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) e erradicar até 2024 o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional; 2) a Meta 10 que determina que deve oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de EJA, nos ensinos fundamental, na forma integrada à educação profissional. Dessa forma, uma vez implementadas, a meta 9 contribui para a conquista da alfabetização plena pela maioria dos cidadãos brasileiros; já a meta 10 amplia para os estudantes da EJA a oferta de formação profissional. No Plano Municipal de Educação do Ipojuca (PME 2015-2025), a Meta 9 estabelece como diretrizes: implementar programas de capacitação tecnológicas da população jovem e adulta, direcionados para os segmentos com baixos níveis de escolarização formal e para os estudantes com deficiência, além de considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos, as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políticas de erradicação do analfabetismo, acesso às tecnologias educacionais e atividades recreativas, culturais e esportivas; e à implementação de programas de valorização e compartilhamento dos conhecimentos e experiências dos idosos. Destaca-se, na meta 9 do PME, o compromisso do poder público de executar uma política pública educacional voltada para o acesso dos jovens, adultos e idosos (incluindo os estudantes com deficiência) às tecnologias digitais. A oferta de capacitação tecnológica para os estudantes da EJA configura-se no alfabetismo digital, no acesso às diversas práticas culturais e na promoção de troca de experiências. Logo, é uma meta que, ao ser executada, contribuirá para a erradicação do analfabetismo e para a efetivação de direitos. Na concepção de Souza (2010, p. 103), [...] a importância da utilização das novas tecnologias na EJA de modo que seja possível manter a Educação em consonância com o mundo real, com o entorno que está repleto de tecnologia, bem como acredita que seu uso mais amplo pode quebrar o paradigma do hábito antropológico milenar, [...] segundo o qual o professor ensina/dita e o aluno cópia, repete e aprende, pois esse hábito está fortemente enraizado na cultura dos alunos de EJA e, realmente, pode ser quebrado com o uso das tecnologias. Nessa perspectiva, as Diretrizes Operacionais para a oferta da Educação de Jovens e Adultos aponta: 68 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA A EJA necessita desenvolver, nos estudantes, habilidades e competências que são indispensáveis para o usufruto dos direitos de cidadão e sua inserção no mundo do trabalho, das novas tecnologias e linguagens. Por isso, são indispensáveis a ampliação da oferta por meio de diferentes projetos e programas e a reorganização do currículo que corresponda às necessidades do estudante jovem e adulto. (PERNAMBUCO, 2016, p. 10). Por fim, a Resolução CNE/CP Nº 2/2017 afirma que a BNCC é documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais, como direito das crianças, jovens e adultos no âmbito da Educação Básica escolar, e orienta sua implementação pelos sistemas de ensino das diferentes instâncias federativas, bem como pelas instituições ou redes escolares. O Artigo 7º do referido documento diz que Os currículos escolares relativos a todas as etapas e modalidades da Educação Básica devem ter a BNCC como referência obrigatória e incluir uma parte diversificada, definida pelas instituições ou redes escolares de acordo com a LDB, as Diretrizes Curriculares Nacionais e o atendimento das características regionais e locais, segundo normas complementares estabelecidas pelos órgãos normativos dos respectivos Sistemas de Ensino. (BRASIL, 2017, p. 6). 1.10.2.2 Os sujeitos da educação: as experiências culturais dos jovens, adultos e idosos É nesta modalidade de ensino nas escolas públicas do Ipojuca onde encontramos um grande número de pessoas (jovens, adultas e idosas) excluídas socialmente, marginalizadas, porque não tiveram acesso à educação em idade “adequada” e que buscam, na escola, uma oportunidade de melhoria da qualidade de vida, de igualdade social e de ascensão profissional. De acordo com Arroyo (2014, p. 14), “As categorias mais frequentes com que são vistos [...] têm sido marginalizados, excluídos, desiguais, inconscientes”. A diversidade de sujeitos da EJA é tão extensa quanto são os representantes das camadas mais empobrecidas da população. Estamos falando de: operários, domésticas, camponeses, cortadores de cana, desempregados, estudantes em situação de Liberdade Assistida (LA), representantes das diversas juventudes, entre outros – todos oriundos das áreas urbana e rural do Ipojuca. A entrada nas escolas desses sujeitos, que ainda lutam para concluir seus estudos e ao mesmo tempo sustentar suas famílias, nos leva a pensar sobre o perfil dos que estudam na EJA. Compreender quem são e saber em quais contextos socioeconômicos situam-se permite ao educador tomar consciência de que eles são pessoas que necessitam ter seus direitos básicos garantidos, no caso em questão, a escolaridade. Sobretudo, é fundamental considerar que os estudantes da EJA não são carentes de 69 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA capacidade intelectual; como também é indispensável valorizar seus saberes, experiências, inteligências, incentivá-los a aprender e enxergá-los como sujeitos de direitos. Essa linha de pensamento [...] faz lembrar que a ausência da escolarização não pode e nem deve justificar uma visão preconceituosa do analfabeto ou iletrado como inculto ou "vocacionado" apenas para tarefas e funções "desqualificadas" nos segmentos de mercado. Muitos destes jovens e adultos dentro da pluralidade e diversidade de regiões do país, dentro dos mais diferentes estratos sociais, desenvolveram uma rica cultura baseada na oralidade da qual nos dão prova, entre muitos outros, a literatura de cordel, o teatro popular, o cancioneiro regional, os repentistas, as festas populares, as festas religiosas e os registros de memória das culturas afro-brasileira e indígena. (BRASIL, 2000a, p. 5). Logo, considerar as experiências e os saberes dos estudantes da EJA [...] implica necessariamente o respeito ao contexto cultural. A localidade dos educandos é o ponto de partida para o conhecimento que eles vão criando do mundo. ‘Seu’ mundo, em última análise, é a primeira e inevitável face do mundo mesmo. (FREIRE, 1992, p. 86). 1.10.2.3 Concepções de educação As concepções de educação adotadas para a modalidade de ensino EJA se baseiam nos fundamentos pedagógicos presentes na BNCC, tendo como propósito educativo o conhecimento como grandeza da emancipação humana. Nessa linha, o primeiro enfoque define que o processo de ensino e aprendizagem deve estar voltado para a construção de competências. Ao escolher essa perspectiva, [...] a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos,habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na BNCC. (BRASIL, 2017, p. 13). O segundo enfoque é o compromisso com a educação integral, esta deve objetivar o desenvolvimento do estudante em sua totalidade, “[...] rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral do jovem e do adulto.” (BNCC, 2017, p. 14). O trabalho pedagógico deve estar pautado, em especial, no respeito às diferenças e diversidades. O terceiro enfoque adotado para a EJA é o interdisciplinar, este “[...] constitui condição 70 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA para a melhoria da qualidade do ensino mediante a superação contínua da sua já clássica fragmentação, uma vez que orienta a formação global do homem.” (LUCK, 2013, p. 53). Luck (2013, p. 53-54) afirma ainda que o contexto de desenvolvimento interdisciplinar “[...] consiste num esforço de busca da visão global da realidade, como superação das impressões estáticas, e do hábito de pensar fragmentado e simplificador da realidade.”. Assume-se também, na modalidade em questão, a concepção humanizadora de educação, que significa adotar uma postura pedagógica pautada no diálogo, na criticidade e na amorosidade de que fala Freire (1997, p. 54). Daí que, para esta concepção como prática da liberdade, a sua dialogicidade comece, não quando o educador-educando se encontra com os educandos-educadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estes. Esta inquietação em torno do conteúdo do diálogo é a inquietação em torno do conteúdo programático da educação. Assim, as concepções defendidas para a EJA concretizam-se nas posturas teórico- práticas assumidas durante o processo de ensino e aprendizagem, considerando os estudantes como seres sociais, históricos e não conclusos, que, no processo de conquista de suas escolaridades, vão se tornando sujeitos autônomos, com capacidade de construir seus próprios conhecimentos, com vistas à formação humana e à transformação social. 1.10.2.4 A perspectiva da educação profissional: na educação a distância (EAD) e na intersetorialidade De acordo com as legislações que embasam a EJA, a escolaridade básica “[...] deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento” (§ 3º, do Art. 27, da LDBEN 9.394/1996), assim, deve-se adotar a maleabilidade de tempo, espaço e currículo, para que se possa dar atenção e promover o suporte às várias necessidades dos estudantes da EJA no processo de formação profissional articulado à escolaridade. Sabe-se também que os estudantes dessa modalidade de ensino são reféns de circunstâncias relacionadas à evasão e ao analfabetismo, portanto, necessitam fortalecer os conhecimentos já construídos ao longo de suas experiências de vida, aprender novas habilidades e melhorar sua qualificação profissional por meio da educação escolar. Nessa linha de pensamento, “A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.” (§ 2º, Art. 1º, da LDBEN nº 9.394/1996), logo, as instituições de ensino da EJA têm o papel de formar o indivíduo para atuar tanto em sua vida social quanto na 71 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA profissional, e isto requer o desenvolvimento de competências. Destacam-se, em especial, na atualidade, as competências que envolvem diretamente os processos comunicativos por meio das tecnologias digitais, a saber: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (BNCC, 2017, p. 9). Para Gadotti (2000, p. 250 apud ROCHA, 2020, online), “[...] não existe tempo ou espaço próprio para a aprendizagem, à aprendizagem está em todo lugar e é preciso aprender sempre [...]”, assim, a escola, ao possibilitar para os estudantes o acesso às tecnologias digitais de informação e comunicação, contribui para os discentes desenvolverem aprendizagens fundamentais para a atuação na vida profissional ou social. Nesse contexto e em consonância com a Lei Federal nº 9.394/1996, visa-se promover e assegurar para a modalidade do ensino fundamental EJA, para além da alfabetização funcional, considerando ainda a realidade local e suas peculiaridades (situação econômica, perfil de aprendizagem, faixa etária etc.), uma proposta que assuma, como principal compromisso, a oferta de educação de qualidade social e formação para o mundo do trabalho. Cumprindo, então, o que determina as legislações que abrangem a oferta dessa modalidade. Assim, adota-se, no Currículo do Ipojuca na modalidade EJA, a integração entre o processo de escolarização e a qualificação profissional, inicialmente por meio de ações que assegurem o estudo das demandas, o estabelecimento de parcerias com diversos setores da sociedade e a oferta de cursos profissionalizantes presenciais e por meio de Educação a Distância (EAD). 1.10.2.5 Perfil do professor da EJA no município do Ipojuca Os professores da EJA, na Rede Municipal do Ipojuca, em sua grande maioria, possuem como formação inicial o curso de Pedagogia e/ou Licenciatura, dentre eles, muitos dispõem de especialização e, em número mais reduzido, de mestrado e doutorado. De acordo com dados do Sistema Educacional do Ipojuca (SEI, 2019), constata-se que a maior parte desses docentes encontra-se em situação de vínculo efetivo, trabalha como professor em outro vínculo (na mesma rede de ensino ou em outro município da região metropolitana do Recife), atua como docente da EJA há mais de 4 (quatro) anos e se desloca diariamente de outro município para trabalhar em Ipojuca. 72 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Outro aspecto a ser destacado no perfil do professor da EJA é que há um maior número de profissionais do sexo feminino, confirmando uma característica que faz parte da profissão docente no Brasil, principalmente quando se trata do ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental ou na modalidade correspondente. Não podemos negar que há professores, nas salas de aula da EJA, com vasta experiência na docência nesta modalidade de ensino, o que é fundamental, porém isso por si só não basta. Pois, ao falar do perfil do professor da EJA, faz-se necessário levar em conta pelo menos duas dimensões da formação humana: de um lado a formação acadêmica, do outro a formação política desses sujeitos. Ao se referir a essas duas dimensões da formação do professor, Freire (1996, p. 103) diz: Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas de minha atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o ensino dos conteúdos, é o meu testemunho ético ao ensiná-los. É a decência com que o faço. 1.10.2.6 Formação continuada dos educadores Ensinar para jovens, adultos e idosos não se resume apenas a ministrar currículos formais, mas implica, sobretudo, adotar uma prática pedagógica pautada na valorização do ser humano, enquanto sujeito de direitos, fundamentada na ética, no respeito às diferenças, na solidariedade e na humanidade. ParaFreire (1996, p. 24), na formação docente, é fundamental [...] saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. [...] É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento – não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser – ontológica, politica, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido. Dessa forma, cabe destacar que todos os seres humanos são capazes de aprender e trazem consigo conhecimentos prévios, por isso o professor deve considerar as características de cada público para o qual ensina. Considerando os estudantes da EJA que, em sua maioria, estão há muito tempo sem estudar, faz-se necessário que a equipe escolar realize um trabalho diferenciado para esses estudantes, tendo como princípios a equidade e o respeito às diferenças. Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade, diferenças e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio. (BRASIL, 2000b, Art.5). 73 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Nesse contexto, a formação continuada dos profissionais para a EJA do Ipojuca pautar- se-á pela Resolução nº 1, de 5 de julho de 2000, do Conselho Nacional de Educação (CNE) – que estabelece As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Esta determina que os processos formativos dos educadores da EJA [...] têm como referência as diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental e para o ensino médio e as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores, apoiada em: I – ambiente institucional com organização adequada à proposta pedagógica; II – investigação dos problemas desta modalidade de educação, buscando oferecer soluções teoricamente fundamentadas e socialmente contextuadas; III – desenvolvimento de práticas educativas que correlacionem teoria e prática; IV – utilização de métodos e técnicas que contemplem códigos e linguagens apropriados às situações específicas de aprendizagem. (BRASIL, 2000b, Art. 17). Compreende-se que a implementação do Currículo Referência do Ipojuca demanda aos docentes da EJA inteirar-se e apropriar-se do documento aqui apresentado, dos conceitos e terminologias nele presentes para que o trabalho em sala de aula realmente se alinhe aos direitos de aprendizagem previstos em sua organização. Portanto, [...] a concepção de educação, de ensino e de aprendizagem proposta a partir do novo currículo, requer novas formas de planejar e estruturar o trabalho pedagógico, de organizar didática e metodologicamente os componentes curriculares, tendo em vista as habilidades e as competências que precisam ser desenvolvidas na educação básica (MINAS GERAIS, 2019, p. 1). Nessa direção, corroborando com o exposto nos parágrafos §1º e § 2º do Art. 62 da LDBEN (Lei 9394/96), que asseguram os processos de formação continuada, a Secretaria de Educação do Ipojuca promove sistematicamente o desenvolvimento profissional dos docentes da EJA, por meio de: • encontros formativos mensais, sob a responsabilidade dos profissionais técnicos educacionais da rede de ensino municipal; • formação bimestral com profissionais especializados para equipe técnica da rede municipal de ensino; • participação em eventos pedagógicos/acadêmicos relacionados à prática educativa; • cursos de educação presenciais e a distância (EAD) com conteúdos que versem sobre a EJA. Assim sendo, segundo o decreto N.º 8.752, Art. 2º, Inciso I, tem-se como princípio o “[...] compromisso com um projeto social, político e ético que contribua para a consolidação de uma nação soberana, democrática, justa, inclusiva e que promova a emancipação dos indivíduos e dos grupos sociais [...]” (BRASIL, 2016). 74 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.10.2.7 Relação comunidade e escola Como sabemos, parcerias configuram-se como relações que promovem ajuda mútua, troca de conhecimentos, ideias, ações. Mas também remetem à junção de indivíduos que têm objetivos em comum, que agem para a mesma finalidade. Nesse sentido, é que deve ocorrer a relação, a sintonia entre escola e comunidade. Sabendo-se, entretanto, que cada parte deve reconhecer e realizar efetivamente suas atribuições. Desse modo, cabe à escola desempenhar seu papel no sentido de ensinar, instruir, capacitar o aluno e zelar pela sua aprendizagem por meio de avaliações, (re)ensino. Além do papel fundamental no desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, faz parte também das atribuições da escola, entre outras ações, tornar o ambiente escolar interessante e atrativo, estratégia que contribui para a permanência do estudante na escola. No entanto, as atribuições da escola extrapolam seus muros, pois, por estar inserida em uma determinada localidade, tanto influencia quanto sofre influência dessa comunidade como um todo. Nesse sentido, a relação entre escola e comunidade pode ser algo positivo ou negativo, mas com certeza constitui-se como algo inevitável. Segundo Montandon e Perrenoud (1987, p. 7), “[...] de uma maneira ou de outra, onipresente ou discreta, agradável ou ameaçadora, a escola faz parte da vida cotidiana de cada família”. Significa dizer que a comunidade não pode agir de maneira indiferente à escola, ao contrário, a comunidade deve sentir-se pertencente ao ambiente escolar, apoiando os professores, diretores, funcionários em geral no sentido de cuidar, fiscalizar e ajudar a escola. A parceria entre os integrantes da comunidade escolar e o seu entorno pode ser realizada por meio de várias estratégias, mas, principalmente, por meio da promoção de atividades que desenvolvam no estudante o conhecimento, o pensamento crítico e o protagonismo frente às questões sociais que o cercam. Partindo dessa perspectiva, há diversos âmbitos que podem ser temas de projetos com os quais a escola pode convidar a comunidade para ser partícipe: na área de meio ambiente, saúde, economia, tecnologia, entre outras. O mais importante é que o estudante sinta-se protagonista no processo de ensino-aprendizagem e a comunidade seja beneficiada, valorizada nas práticas pedagógicas desenvolvidas pelas instituições escolares. Em relação à modalidade EJA, há um leque de possibilidades as quais favorecem a parceria entre estudantes e escola. Partindo do exposto, a instituição escolar deve desenvolver ações no sentido de resgatar a autoestima desses alunos, por meio de atividades, projetos, que visem: à valorização das variações linguísticas trazidas pelos alunos; à expressão de culturas, 75 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA vivências, experiências vividas por eles que possam, inclusive, servir de motivação para os demais; ao resgate da cidadania, por exemplo, por meio de parcerias com outros órgãos para emissão de documentos necessários ao jovem/adulto/idoso exercer seus direitos cidadãos, entre eles, adentrar ou retornar ao mercado de trabalho e ter acesso aos serviços públicos disponíveis. Por fim, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) “[...] para que aconteça a interação entre a escola e a comunidade, é preciso buscar formas para que a escola esteja mais presente no dia a dia da comunidade e também o inverso [...]” (BRASIL, 1998, p. 32). Isto implica em propor atividades que possam envolver estudantes, professores, demais profissionais da escola, moradores do entorno a fim de direcionar ações voltadas para o bem- estar da comunidade. Assim, a relação entre escola e comunidade faz-seimprescindível, principalmente quando ambas têm em comum o objetivo de ajudar a desenvolver as habilidades e potenciais humanos e são capazes de reconhecer e realizar suas atribuições de maneira satisfatória, pensando no bem comum, coletivo. 1.10.3 Educação do campo 1.10.3.1 Trajetória Histórica e Constituição de Marcos Legais A Educação no Campo é uma modalidade da educação responsável pelo atendimento educacional de populações campesinas. Trata-se de uma modalidade que deve se desenvolver, prioritariamente, em espaços denominados rurais; destinada, portanto, às comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas, agropecuárias, caiçaras e extrativistas. Educar no campo implica considerar a diversidade contida nesses espaços – que deverão ser contemplados no currículo escolar – e vão desde as características de cada local, bem como suas culturas e saberes. O termo Educação no Campo foi adotado no início dos anos 2000 pela legislação educacional brasileira, em substituição ao termo Educação Rural. Essa transição é resultado da luta dos movimentos sociais do campo no intuito de ressignificar o trabalho educacional desenvolvido nas comunidades campesinas. Na década de 1950, com a evolução do processo de industrialização, que desencadeou um expressivo êxodo rural, estimulado principalmente pela precarização e desvalorização do trabalho no campo e a busca de oportunidades nos grandes centros urbanos, os camponeses remanescentes organizaram-se socialmente na luta pela reconquista da sua cidadania. Esse movimento buscou, essencialmente, desenvolver uma 76 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA educação que superasse o modelo vigente – que tinha maior foco no espaço rural que em seus sujeitos. Ao espaço rural visto como o lugar do atraso, do abandono, da escassez, restava uma educação com viés segregativo, limitante, estagnado. Portanto, o deslocamento do termo Educação Rural para Educação do Campo não representa apenas uma mudança de nomenclatura. É, sobretudo, uma tentativa de romper com estruturas que sustentam um sistema que acentua as desigualdades e injustiças sociais, desvaloriza a diversidade cultural e submete trabalhadores à exploração. O processo histórico, em que foi forjada a Educação do Campo, articula discursos de “[...] diferentes coletivos com características próprias, culturas, histórias de vida e modos de produção”, fortalecendo esses povos e garantindo sua representatividade frente ao sistema (SILVA, 2017, p. 118). Ao questionar suas realidades e se contrapor à concepção ruralista, os movimentos sociais do campo ressignificam-se, passando a assumir posições políticas, os campesinos tornam-se atores sociais que atuam como sujeitos e autores de suas histórias e sua educação, unindo-se na luta pela terra, onde produzem seu sustento, mas também pela conquista da sua educação e outros direitos sociais e políticos (SILVA, 2017, p. 122). A Educação do Campo é um conceito em construção que vem desenvolvendo-se através da luta social pelo direito à educação, travada pelos trabalhadores das comunidades campesinas. Caldart (2012, p. 261) dá ênfase ao protagonismo das populações campesinas, nesse processo, ao argumentar que se trata de uma luta “[...] feita por eles mesmos e não apenas em seu nome [...]”; em prol da conquista de uma educação do campo que “[...] não é para nem apenas com, mas sim, dos camponeses, expressão legítima de uma pedagogia do oprimido”. Vale ressaltar que a constituição de um modelo de educação que inclua certas populações é determinante para as condições de existência dessas populações. Pensar uma educação genuinamente do campo só é possível com a efetiva participação das populações campesinas. Os sistemas educacionais e os movimentos de educação, de forma geral, refletem condições sociais, políticas e econômicas da sociedade que ajudam a constituir, por isso influenciam e sofrem influências do movimento histórico que transforma economias, sociedades e lutas por poder político. A educação, as metas para esta educação e as políticas de educação se desenvolvem a partir de uma determinada concepção de Estado e determinada situação social que representa a realidade da qual fazem parte, sem deixar de considerar seu caráter histórico (SILVA, 2017, p. 122). Portanto, não se trata de um processo simples, nem linear. Envolve uma diversidade de interesses, conflitos, tensões, negociações. A luta pela constituição de uma educação do campo, com foco nos seus sujeitos – uma educação que se revele contra-hegemônica, com caráter 77 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA inclusivo, emancipatório – durou mais de meio século, até a conquista da normatização desse novo modelo. Foram muitos os percalços enfrentados pelos movimentos sociais do campo ao longo desse período. No entanto, as normativas oriundas do processo de democratização do nosso país fortaleceram esses movimentos e alicerçaram essas conquistas, a exemplo da Constituição Federal Brasileira de 1998 que, no seu Artigo 205, versa sobre a universalidade do acesso à educação, e no seu artigo 206, Inciso I, estabelece o princípio da igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Mais tarde, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), no seu Artigo 53, determina que o direito ao acesso à escola pública e gratuita deve ocorrer em unidade educacional próxima da residência do educando. Em 1996, com o advento da Lei 9.394, que estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a educação para povos do campo começa a ser delineada, quando no seu Artigo 28, a LDBEN determina: Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. O texto reconhece a singularidade dessas populações e estabelece condições específicas para oferta dessa modalidade de educação. Mais adiante, a Lei 12.960/14 acrescenta um parágrafo único ao artigo supracitado, estabelecendo que o fechamento de escolas do campo: [...] será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar (BRASIL, 2014, Art. 28). Essas normativas já contemplavam, em muitos aspectos, os anseios das organizações sociais do campo. No entanto, havia muitas outras expectativas não contempladas pelo texto. Nesse contexto, respaldadas pelo que já dispunham nas legislações vigentes, as organizações sociais do campo foram em busca da elaboração de normativas específicas para essa modalidade. O debate público sobre educação do campo foi ampliado no fim da década de 1990, lembra Santos (2017). No ano de 1997, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem 78 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Terra) realizou o I Encontro de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (ENERA), com apoio da Universidade de Brasília e outras entidades. Na ocasião, os educadores foram instigados a refletir sobre uma educação pública destinada aos povos do campo, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. E ainda, “[...] sua maneira de conceber o tempo, espaço, meio ambiente, produção, organização coletiva, família, trabalho, entre outros aspectos” (SANTOS, 2017, p. 216). No ano seguinte, foi criada a Articulação Nacional Por Uma Educação do Campo responsável por promover e gerir nacionalmenteações conjuntas pela escolarização dos povos campesinos. A Articulação realizou duas Conferências Nacionais Por Uma Educação Básica do Campo, nos anos de 1998 e 2004. O primeiro evento ficou marcado pela conquista do reconhecimento do campo como “[...] espaço de vida e de sujeitos que reivindicam sua autonomia e emancipação” (SANTOS, 2017, p. 216). Na ocasião, foram debatidas as condições de escolarização, acesso, permanência e promoção dos estudantes. Questões como a qualidade do ensino, condições de trabalho e a formação docente, modelos pedagógicos inovadores para o campo integraram o debate. Esse foi o primeiro passo para a construção de uma proposta de Educação do Campo e não mais Educação Rural. Como resultado desses movimentos, tivemos a Resolução n° 1/2002 do CNE/CEB, que estabelece Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, representando-se como a primeira lei que estabelece políticas para Educação do Campo. O documento define que essa modalidade de educação deve voltar-se para a historicidade rural dos educandos, além de buscar estabelecer um alinhamento com a política educacional brasileira. Outros movimentos foram se formando, a exemplo do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo, instituído pela Portaria nº 1.374, de 3 de junho de 2003. O trabalho desenvolvido pelo grupo deu origem ao documento Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo (Brasil, 2004). O documento define elementos da identidade das escolas do campo e estabelece princípios da Educação do Campo. Outro marco importante foi a publicação do Decreto 7.352/2010, que dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). O documento representa um grande avanço da legislação para povos do campo. Logo no seu Artigo 1°, apresenta conceito de População do Campo e Escola do Campo. Mais adiante, define princípios norteadores para o desenvolvimento da Educação no Campo. O texto defende a equidade do sistema de ensino, respeito à diversidade; também a formulação de projetos políticos pedagógicos específicos. A definição de políticas de formação de 79 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA profissionais da educação e a defesa da participação efetiva da comunidade e dos movimentos sociais do campo com a escola representam os grandes diferenciais desse documento. Sobre esse longo percurso, permeado por muitas lutas e conquistas, Caldart (2012, p. 259) esclarece: A realidade que produz a Educação do Campo não é nova, mas ela inaugura uma forma de fazer seu enfrentamento. Ao afirmar a luta por políticas públicas que garantam aos trabalhadores do campo o direito à educação, especialmente à escola, e uma educação que seja no e do campo [...]. É nesse bojo que vem se constituindo as políticas educacionais para populações do campo cada vez mais inclusivas e condizentes com as necessidades dessas populações. No entanto, vale ressaltar que muitos aspectos presentes nos documentos que regulamentam a educação do campo ainda precisam ser acessados, compreendidos e efetivamente vivenciados nas escolas campesinas. 1.10.3.2 Concepções de Educação do Campo e Inclusão A transição do termo “Educação Rural” para “Educação no Campo”, além de possibilitar a amplitude semântica, constitui-se a partir de uma ampla mudança de paradigmas, concepções educativas e dos educandos no e do campo. A Educação do Campo tornou-se objeto de interesse crescente dos estudiosos da educação. Esses estudos, entre outras questões, ocuparam-se em elaborar concepções de Educação do Campo. A Educação do Campo deve ser aquela que assume a identidade do meio rural, comprometida com um projeto político pedagógico que considere as causas, desafios, sonhos, história e cultura daqueles que vivem e atuam no campo, defende Morigi (2003). Trata-se de uma educação que não perde de vista o ser humano em seu envolvimento no processo de formação e de construção da sociedade. Para Caldart (2004), a Educação do Campo perpassa os muros da escola, mas a luta pela escola tem sido uma de suas principais bandeiras, tendo em vista que a negação do direito à escola revela o modelo de educação imposto aos sujeitos do campo. Para a autora, a escola pode desempenhar um papel de destaque “[...] na disputa de hegemonia de projeto de campo, de sociedade e de formação humana” (CALDART, 2004, p. 10). No que se refere à identidade da Educação do Campo, para Rocha, Passos e Carvalho ([2013?] online), esta deve ser definida pelos seus sujeitos sociais e estar vinculada a uma 80 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA cultura que se produz por meio de relações mediadas pelo trabalho, ou seja, como produção material e cultural de existência humana. Isso só será possível a partir de uma interpretação da realidade que possibilite a construção de conhecimentos potencializadores, de modelos de agricultura, de novas matrizes tecnológicas, da produção econômica e relações de trabalho e da vida a partir de estratégias solidárias que garantam a melhoria da qualidade de vida dos que vivem e sobrevivem no e do campo. Desse modo, o papel da escola será de ressignificar os conhecimentos da própria comunidade e incentivar o aprimoramento e a produção de novos conhecimentos. Conforme afirma Garcia (2004), o currículo seria abrangente, de acordo com as necessidades e experiências vivenciadas pelos alunos, com conteúdo próprio e metodologia própria para os diferentes níveis de ensino. Um currículo que, sobretudo, reconheça e preserve a identidade e autonomia das populações campesinas, mas que propicie uma educação cidadã, comprometida com a democracia, com a conquista da sua dignidade e a do outro; que corrobore com a formação de cidadãos ativos, capazes de atuar na elaboração, execução e avaliação de políticas públicas. Sujeitos que reconheçam seu lugar no mundo, que compreendam e transformem suas realidades (SILVA, 2017). Pensar a educação do campo inclui considerar as atividades dos povos que nele residem: nas suas peculiaridades culturais, nas atividades e nos costumes que envolvem a população campesina, como o trabalho do campo, dos agricultores, dos povos indígenas, dos pescadores, dos sem-terra, enfim, todos os sujeitos do campo. É necessário que aspectos como esses se façam presentes nas escolas e nas propostas pedagógicas oferecidas para o campo, reafirmando, assim, a garantia de educação pública de qualidade, para os diversos níveis, etapas e modalidades de ensino e, nesse liame, incluindo os alunos público-alvo da educação especial que estudam nas escolas do campo (KUHN, 2017). A inclusão de estudantes com necessidades especiais em escolas do campo é regulamentada pelo Parecer CNE/CEB nº 02/2008, que no Artigo 1º, Parágrafo 5º, determina: Os sistemas de ensino adotarão providências para que as crianças e os jovens portadores de necessidades especiais, objeto da modalidade de Educação Especial, residentes no campo, também tenham acesso à Educação Básica, preferentemente em escolas comuns da rede de ensino regular. O texto reforça o que estava preconizado na LDB, de 1996, garantindo aos estudantes com necessidades especiais, oriundos do campo, serem devidamente incluídos no processo educativo. O documento que versa sobre a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva salienta que: 81 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA A interface da educação especial na educação indígena, do campo e quilombola deve assegurar que os recursos, serviços e atendimento educacional especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos (BRASIL, 2008a, p. 17). Desenvolver uma pedagogia da inclusão requer intencionalidade política que, sobretudo,rompa com o estigma da anormalidade atribuído aos estudantes com necessidades especiais. Conforme argumenta Freire (2001, p. 23), uma pedagogia da inclusão se constrói através da: Busca de uma educação séria, rigorosa, democrática, em nada discriminadora nem dos renegados nem dos favorecidos. Isso, porém, não significa uma prática neutra, mas desveladora das verdades, desocultadora, iluminadora das tramas sociais e históricas. Uma prática fundamentalmente justa e ética contra a exploração dos homens e das mulheres e em favor de sua vocação de ser mais. O respeito às singularidades e a inclusão são os alicerces da educação do campo. A legislação que regulamenta essa modalidade garante o acesso a uma educação qualificada desde a Educação Infantil, a exemplo do que dispõe a Resolução Nº 2/2008, que estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo. No que se refere à Educação Infantil, o documento, no Artigo 3°, orienta que se deve priorizar a oferta dessa modalidade na própria comunidade, de modo a evitar nucleações e deslocamento desses estudantes. O Parágrafo 2º acrescenta que “Em nenhuma hipótese serão agrupadas em uma mesma turma crianças de Educação Infantil com crianças do Ensino Fundamental” (BRASIL, 2008b). A normativa visa atender o melhor interesse das crianças residentes nas comunidades campesinas. Cumprir a normativa, na sua integralidade, tem sido o grande desafio das redes de ensino, especialmente num contexto em que a redução da natalidade, as migrações internas e/ou o êxodo rural têm reduzido significativamente as populações de muitas comunidades campesinas no território ipojucano. Vale lembrar que a obrigatoriedade da matrícula na Educação Infantil é relativamente recente. Os esforços para garantir esse acesso qualificado, em todo o país, ainda é incipiente. Mas o município tem se esforçado em garantir o acesso dessas crianças à escola, seja construindo unidades escolares específicas para esta modalidade ou ampliando as escolas existentes. A oferta da Educação Infantil no campo ainda destoa do que determina a legislação. Especialmente por conta do contingente populacional, muitas escolas adotam como medida paliativa a composição de turmas de educação infantil integradas ao Ensino Fundamental. 82 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Algumas comunidades apresentam demandas muito baixas de matrículas nessa modalidade. Não é raro identificar escolas em que a matrícula para Educação Infantil não ultrapassa duas crianças. Em geral, esses problemas ocorrem em comunidades mais isoladas, com dificuldade de acesso, que também enfrentam a recusa de muitos profissionais em lecionar nessas regiões. Uma das medidas adotadas pela rede de ensino, visando solucionar esse problema, tem sido as nucleações9 que, apesar de não recomendadas para essa modalidade, têm se mostrado bastante eficazes na tentativa de se garantir o acesso à escola, em maior conformidade com a legislação, promovendo uma educação de qualidade para esse público. O documento supracitado também aborda aspectos da oferta da modalidade Educação de Jovens e Adultos no campo, garantindo atendimento aos trabalhadores do campo, que “[...] não tiveram acesso ou não concluíram seus estudos, no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, em idade própria” (BRASIL, 2008b, Art. 1°, Par. 4°). Cada uma das normativas que regulamentam a educação do campo representam conquistas educacionais das populações campesinas e são frutos de longos processos de diálogos e lutas que se desenvolveram, ao longo de décadas, pelos movimentos sociais do campo, no intuito de incluir esses sujeitos e corrigir injustiças. Em qualquer modalidade, os sujeitos do campo têm garantido, na forma da lei, acesso aos instrumentos, programas e projetos educacionais semelhantes a qualquer estudante da rede de ensino em que estão inseridos. No entanto, é reservado à Educação do Campo: currículo, metodologias e princípios pedagógicos próprios, de modo que atenda aos interesses dessas comunidades. 1.10.3.3 Princípios Pedagógicos da Educação do Campo e a Identidade Escolar No ano de 2002, foi instituído, pela Portaria nº 1.374, o Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo. As discussões desenvolvidas por essa equipe deram origem ao documento Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo (BRASIL, 2004). O documento versa sobre elementos da identidade das escolas do campo e define princípios pedagógicos da Educação do Campo. São eles: 9 O processo de nucleação escolar consiste em reunir estudantes de escolas desativadas, por funcionarem em condições adversas (classes multisseriadas, em áreas de risco, etc.), em centros maiores. A nucleação escolar tem por finalidade elevar a qualidade do ensino ofertada, à medida que favorece a inserção dos estudantes em turmas separadas em conformidade com sua idade e desenvolvimento, alocação em prédios com melhor infraestrutura, possibilitando melhores condições de trabalho aos professores. Está prevista na legislação, devendo ocorrer com apresentação de justificativa e consentimento da comunidade, conforme a Lei 12.960/2014. 83 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA I. O Princípio Pedagógico do papel da escola enquanto formadora de sujeitos articulada a um projeto de emancipação humana Refere-se ao desenvolvimento de uma educação focada nos seus sujeitos, que considere suas histórias, lutas sociais, sonhos, individualidades, pela constituição de um currículo que enxergue esses sujeitos na sua pluralidade, suas necessidades individuais e coletivas, a construção e reconstrução das relações com a terra, com o outro e com o meio ambiente. Os modos de produção agrícola, suas tecnologias, relações de trabalho e comunitárias, bem como o desenvolvimento de uma cultura de paz e justiça social, devem estar presentes no currículo e no cotidiano da escola que busca construir uma educação emancipatória. Tal princípio prevê uma escola que preconize a formação humana, que desenvolva processos educativos que incorporem conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos na formação do sujeito livre, crítico, criativo e ético. II. O Princípio Pedagógico da valorização dos diferentes saberes no processo educativo Trata-se da defesa da valorização e convivência entre os diversos saberes. Do resgate e apropriação dos conhecimentos que os educandos, suas famílias e comunidade possuem, para uso em sala de aula, estabelecendo um diálogo permanente com os saberes produzidos pelas diversas áreas do conhecimento, de modo que contribuam para melhoria da qualidade de vida desses sujeitos. Tal princípio coloca os povos do campo como coautores de uma educação significativa, crítica, inclusiva e transformadora. Desse modo, o projeto educativo que se realiza na escola precisa ser do campo e no campo e não para o campo. Ter o estudante como protagonista da sua aprendizagem e o incentivo à pesquisa é fundamental nesse processo. III. O Princípio Pedagógico dos espaços e tempos de formação dos sujeitos da aprendizagem Versa sobre a amplitude da Educação do Campo, que deve extrapolar o espaço e tempo escolar. Envolve saberes, métodos, tempos e espaços físicos diferenciados. Desenvolve-se nos espaços comunitários, nos seus territórios, que se distanciam de uma lógica meramente produtivista da terra e do seu próprio trabalho. Incorpora os diversos saberes e vivências, 84 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA compreende a sala de aula como um “[...] espaço específico de sistematização, análise e de síntese das aprendizagens se constituindo assim, num local de encontro das diferenças, pois é nelas que se produzem novas formas de ver, estar e se relacionar com o mundo” (BRASIL, 2004, p.38). IV. O Princípio Pedagógico do lugar da escola vinculado à realidade dos sujeitos Consiste em fazer uma educação vinculada à realidade dos sujeitos, que perpasse o espaço geográfico e incorpore elementos socioculturais que traduzam os modos de vida desses sujeitos. Construir uma educação do campo requer fazer uma escola que propicie enriquecimento de experiências de vida, mas que possibilite aos educandos expandir suas fronteiras; que valorize o espaço rural e as relações ali estabelecidas, mas que proporcione a esses sujeitos condições de optarem conscientemente sobre o lugar onde desejam viver, de modo que se supere o estigma de que se estuda para sair do campo. V. O Princípio Pedagógico da educação como estratégia para o desenvolvimento sustentável Um currículo para Educação do Campo deve preconizar uma formação voltada ao desenvolvimento sustentável, reinventando a relação com o território, evidenciando suas potencialidades, valorizando o trabalho coletivo na gestão das políticas públicas, sempre fundamentado em valores humanistas como: solidariedade, justiça social, respeito à natureza seus ciclos e movimentos (BRASIL, 2004). Pensar um currículo para Educação do e no Campo requer pensar seus sujeitos na sua integralidade, na construção da cidadania, de modo que sejam integrados ao processo produtivo com justiça social, bem-estar social e econômico. Nesse processo, a construção de relações sustentáveis do homem com o meio ambiente bem como o respeito à diversidade e individualidade histórica, recursos disponíveis, anseios e necessidades de cada comunidade camponesa são fundamentais. VI. O Princípio Pedagógico da autonomia e colaboração entre os sujeitos do campo e o sistema nacional de ensino 85 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Pensar uma educação para a autonomia implica considerar os diversos aspectos que cercam o sujeito da educação. Implica, sobretudo, em torná-los coautores do pensar e do fazer a política educacional própria, mas alinhada à política nacional. O campo é o lugar da diversidade, da heterogeneidade, de modo que não se pode pensar, para tal espaço, uma política educacional homogeneizante. Por isso, a importância da participação social na construção dos planos educacionais que preservem a identidade do campo, produzidos a partir de um processo de ampla investigação da realidade, mas que, ao mesmo tempo, esteja conectada aos projetos nacionais e regionais, em observância ao que preconiza o Artigo 12 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1.10.3.4 Perfil dos Profissionais da Educação do Campo A Educação do Campo, no município do Ipojuca, tem se organizado cada vez mais alinhada às normativas nacionais e observância aos Princípios Pedagógicos para Educação do Campo. Paulatinamente, educadores do campo têm se apropriado dos textos legais e discussões pertinentes a essa modalidade. A oferta dessa modalidade conta com uma equipe ampla, que tem buscado aperfeiçoamento contínuo. A equipe técnica, responsável pela administração e apoio pedagógico aos educadores do campo, é predominantemente formada por pedagogos, que têm buscado constante aperfeiçoamento profissional e acadêmico nos diversos segmentos da educação. Especializações nas áreas de Gestão Educacional e Coordenação Pedagógica, Educação Inclusiva e Psicopedagogia predominam nos currículos desses profissionais. Áreas como Educação Ambiental, Pedagogia Empresarial, Formação de Professores e Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa também integram os currículos dessa equipe. Ainda contamos com mestrandas, mestras e doutora em Ciências da Educação. Os professores que atuam nas escolas do campo possuem, em extensa maioria, vínculo efetivo com a administração pública municipal, submetidos ao regime estatutário, conforme dados cadastrais do Sistema Educacional do Ipojuca (SEI), em 2019. Todos cursaram o Ensino Superior, predominantemente na área de Pedagogia. Encontramos alguns profissionais com formação em Letras e até com mais de uma graduação. Dispomos também de um expressivo número de especialistas, nas diferentes áreas, embora haja uma concentração de interesses na área de Psicopedagogia. Gestão Educacional e/ou Escolar e Coordenação Pedagógica também destacam-se entre as formações dos docentes da rede, seguidas de Educação Infantil, Educação Inclusiva, Alfabetização e Letramento, Processos Educacionais e Gestão de Pessoas. Educação 86 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Ambiental, Ensino da Matemática, Pedagogia Empresarial e Educação do Campo também compreendem o campo de formação dos educadores do campo. Ainda em áreas como Ensino da Biologia, Gestão do Campo, Formação de Professores, Ensino de Geografia, Neurociência, Ciências da Educação, Orientação e Supervisão Educacional, Zoologia, História da África, História das Artes e Religiões, Literatura Infantojuvenil, Recursos Humanos, Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa e Espanhola, Voz, há pelo menos um profissional especializado. A equipe também é composta por professores mestres e doutores nas áreas de Ciências da Educação, Psicanálise Educacional, Meio Ambiente e Extensão Rural. O quadro demonstra uma equipe com ampla formação inicial e diversidade de interesses. Mas um inexpressivo interesse por formações voltadas para o campo e suas interfaces, o que sinaliza uma necessidade de maior investimento em formação continuada nessa perspectiva. 1.10.3.5 Formação Continuada dos Educadores A formação continuada é uma conquista dos profissionais da educação, regulamentada pelo Artigo 62 da LDBEN. Complementar à formação inicial, desenvolve-se através de um permanente e constante processo de aperfeiçoamento dos saberes necessários à atividade dos educadores. Propicia a esses profissionais agregar conhecimentos que impactam na qualidade do processo ensino e aprendizagem. Para a constituição de uma formação continuada inovadora, os processos de formação devem incorporar novas perspectivas que, conforme argumenta Imbernón (2010, p. 10), devem levar em consideração: [...] a relação entre professores, as emoções e atitudes, a complexidade docente, a mudança de relações de poder nos cursos de formação, a autoformação, a comunicação, a formação com a comunidade, a influência da sociedade na informação. Ao desenvolver-se de forma conjunta, a formação continuada rompe o isolamento do professor, promove trocas de experiências, melhoria na comunicação, gerando transformação e impacto nos contextos profissional e escolar. A formação de professores do campo é uma etapa importante na construção da Educação do Campo. Para Caldart (2004), o processo de formação deve cultivar uma nova identidade de educador, mas sem deixar de considerar toda tradição pedagógica, conhecimentos e fazeres pedagógicos, que devem ser preservados e utilizados nas práticas educativas do 87 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Campo. Para tanto, deve-se refletir sobre dois aspectos: o profissional de educação que precisamos formar e como a sua formação deve ser realizada. Refletir, sobretudo, como tais educadores têm se formado nas suas experiências de construção da Educação do Campo e “[...] potencializar esses saberes em programas e políticas de formação específicas” (CALDART, 2004, p. 10). Para além da valorização dos saberes, Santos (2017) destaca os fatores sociopolíticos que cercam os sujeitos do campo e que devem integrar a formação ofertada aos professores do campo. A formação específica para os educadores do campo significa garantia de práticas coerentes com os valores e princípios do campo, reconhecendo as relações sociais que ali se estabelecem. Tal formação aponta o território campesino com suas formas peculiares de viver e não como extensãoda cidade. Portanto, não se pode analisar a formação específica somente na perspectiva de valorização de saberes. É preciso compreendê-la, especialmente, na dimensão da autonomia e na organização de outra sociedade que negue qualquer forma de opressão. As demandas apresentadas nas instituições do campo necessitam de profissionais cuja formação possibilite entender a atual realidade do campo. Campo este pressionado pelo modelo econômico excludente, exigindo dos seus sujeitos, maior capacidade de resistência. (SANTOS, 2017, p. 218). A formação continuada para educadores do campo deverá propiciar maior conhecimento sobre os fenômenos sociais, processos históricos, aspectos legais que regulamentam a educação do campo, bem como a apropriação de metodologias de ensino que valorizem e incorporem saberes do campo e tenham seus sujeitos como coparticipantes. Esse processo requer produção de materiais de estudo específicos para orientar e ampliar a formação dos educadores que atuam nessa modalidade. Um aspecto importante na constituição de uma Educação do Campo que tem sido negligenciado, especialmente na formação inicial dos docentes, é a vinculação da educação à produção do trabalho na terra, aponta Silva (2017). É imprescindível e urgente a oferta de formação de professores que os possibilite relacionar trabalho, aprendizagem e produção do conhecimento; de modo que possam compreender e lidar com as demandas inerentes à vida no campo. Nesse contexto, reafirmamos o compromisso de promover a formação continuada para educadores do campo. Formação que esteja vinculada aos debates e propostas gerais da rede de ensino, mas que não perca de vista as necessidades mais específicas do campo, de modo que venha suprir possíveis lacunas na formação inicial, refletir sobre os problemas reais enfrentados nessa modalidade e superar desafios que interferem na atuação dos profissionais e no desempenho escolar dos estudantes do campo. 88 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.10.3.6 Relação Família e Escola Família e escola são as principais instituições responsáveis pelo processo educativo. Embora assumam tarefas distintas, no processo de formação humana, ambas compartilham da grandiosa tarefa de preparar crianças e adolescentes para o convívio social, formando sujeitos conscientes, críticos, participativos e produtivos. Estabelecer uma relação cooperativa entre família e escola não tem sido uma tarefa simples. Especialmente, definir as contribuições e limites de atuação de cada segmento no desenvolvimento da educação escolar. A experiência do campo não é diferente. Há uma necessidade urgente de restabelecer, sob os moldes dos princípios pedagógicos da Educação do Campo, a relação família/escola. Precisamos desenvolver estratégias que reforcem a participação das comunidades no cotidiano da escola. Os espaços de participação e controle social da política educacional, como conselhos escolares, são importantes nesse processo. Mas precisamos, sobretudo, desenvolver metodologias que possibilitem a apropriação e inserção dos saberes dos povos do campo no currículo e cotidiano escolar. Saberes que estão relacionados com suas atividades laborais, no campo e fora dele; que refletem seus modos de vida, necessidades e anseios; manifestações culturais, seja nas produções artísticas, festejos ou religiosidades, entre outros. Conforme argumenta Caetano (2004), deve partir da escola a iniciativa de aproximação e melhoria das relações estabelecidas com as famílias, tendo em vista que os profissionais que ali atuam dispõem de formação específica que os permite conhecer amplamente aspectos do processo educativo. O intercâmbio de saberes é um caminho promissor para aproximar a escola da comunidade com suas famílias. O campo dispõe de uma riqueza de saberes que precisam estar inseridos na rotina das suas escolas. Nossas comunidades camponesas apresentam uma gama de conhecimentos dos seus povos; seja na sua lida nas atividades extrativistas, na piscicultura, no ramo da indústria, hotelaria, no corte da cana, agricultura familiar e trabalhos com materiais reciclados; seja por meio dos artesãos, que utilizam as mais diversas matérias-primas extraídas do espaço rural; ou mesmo as doceiras que, com seus talentos culinários, melhoram a vida do seu povo; há também memórias vivas das histórias e lendas do campo; e ainda os guardiões dos folguedos e das tradições festivas e religiosas. Todos esses sujeitos precisam ter seus saberes acolhidos, registrados e compartilhados dentro e fora do espaço escolar. O campo é pura poesia, mas também apresenta muitos desafios. Muitas comunidades têm sido atingidas por problemas comuns ao meio urbano, a exemplo da violência, drogadição, 89 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA que têm afetado as escolas do campo. A escola tem por dever discutir esses fenômenos, construir um debate com a comunidade que culmine no desenvolvimento de políticas públicas mais específicas para as necessidades dessas populações. R E F E R Ê N C IA S T ex to s In tr o d u tó ri o s CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 91 REFERÊNCIAS PERCURSO DE CONSTRUÇÃO E MARCOS LEGAIS DO DOCUMENTO BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: . Brasília, 1988. Acesso em: 16 dez. 2019. _______. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Programa de desenvolvimento profissional continuado: Brasília: A Secretaria, 1999. _______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer nº 7/2010, de 07 de abril de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília, 2010. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017a. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Portaria nº 1570, de 20 de dezembro de 2017. Brasília, 2017b. Diário Oficial da União, Brasília, nº 244, seç. 1, 21 dez. 2017, p.146. IPOJUCA. Lei n.º 1.806, de 22 de junho de 2015. Aprova a atualização do Plano Municipal de Educação do Ipojuca – PME 2015-2025 e dá outras providências. Ipojuca, 2015. Disponivel em: . Acesso em: 14 mar. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdfa coleta de subsídios para a construção dos escritos preliminares do Currículo do Ipojuca através da comissão redatora. Entretanto, a apreciação e validação dos profissionais da Rede Pública Municipal e de toda a sociedade deu-se a partir da reflexão, debate, reescrita, realização de audiências, consulta pública, novos seminários, além do alinhamento da formação continuada para maior fundamentação teórica e metodológica desta proposta para Ipojuca. Essas foram ações imprescindíveis, anteriores à apreciação do documento pelo pleno do Conselho Municipal de Educação, e, consequentemente, sua aprovação e posterior homologação. Foi nas trilhas de um percurso dialógico e democrático, envolvendo todos os segmentos que integram a educação no município, que o Currículo do Ipojuca tomou forma e foi, gradualmente, consolidando-se como um instrumento norteador para a efetivação de uma política educacional que reestruture os processos de ensinar e aprender: “como”, “o que”, “para quem” e em “que condições”. A reorganização dos espaços e tempos pedagógicos, a formação continuada e o desenvolvimento dos profissionais da educação municipal devem ser encaradas como as condições basilares, com vistas a possibilitar a melhoria do ensino, por meio da implementação do currículo, como também do redimensionamento dos projetos políticos- pedagógicos, dos ambientes de aprendizagens e das práticas pedagógicas dos docentes. Nessa perspectiva, a conjugação de esforços para a reorganização da Política Municipal de Educação deverá ser de corresponsabilidade de todos os setores da sociedade. Para isso, contudo, foi fundamental que o currículo do Ipojuca contemplasse as características da região em que se localiza o município, para que os aspectos políticos, sociais, econômicos, culturais e identitários da cidade e da população fossem, além de respeitados, inseridos nos processos formativos da comunidade escolar, visando, dessa forma, à garantia da superação das desigualdades socioeducacionais e à promoção de uma formação sólida, integral, crítica, autônoma e transformadora para todos os ipojucanos. 13 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1 INTRODUÇÃO 1.1 O CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO INTEGRAL O currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, “curriculum vitae”: no currículo se forja nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade (SILVA, 2015, p. 150). Para avançar nos preceitos trabalhados ao longo de todo o documento, e destacados na Apresentação, precisa-se compreender o currículo de fato como um “documento de identidade” no qual se entrecruzam saberes, práticas de significação, de identidade social e de poder, pois ele “está centralmente envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos, naquilo que nos tornaremos. O currículo produz, o currículo nos produz” (SILVA, 2010, p. 27). Nessa perspectiva, o currículo está sujeito a uma multiplicidade de interpretações, por ser fruto de um genuíno esforço colaborativo que norteia e fundamenta as práticas pedagógicas escolares, sendo o centro da ação educativa. “Por causa disso, é o território mais cercado, mais normatizado. Mas também o mais politizado, inovado, ressignificado” (ARROYO, 2013, p. 13). Ou seja, ele é um instrumento político, social e culturalmente definido, produzido em contextos históricos determinados, que perpassa lugares/espaços/territórios e tempos diferentes. Em suma, o currículo é um empreendimento ético, um empreendimento político, que pode possibilitar aos sujeitos da educação o direito à riqueza de conhecimentos e de cultura produzidos socialmente. Não há como evitá-lo. Ele “[...] traduz a escola, norteia as relações que são estabelecidas dentro e fora dela e se constitui como um dos elementos responsáveis pela formação humana na instituição escolar.” (PERNAMBUCO, 2019, p. 19). Por isso, ao longo do texto, é importante refletirmos sobre a seguinte questão: Como incorporar nossa rica diversidade de sujeitos, de experiências sociais e de saberes no direito do conhecimento no nosso Currículo? No cerne desse processo, o currículo ipojucano assume o compromisso coletivo de transformar as práticas pedagógicas em nossas escolas, versando sobre a pluralidade de ideias, identidades e expressões do Ipojuca, alinhando-as com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 2010, 2013), os Parâmetros Curriculares de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2012), a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) e o Currículo de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2019a, 2019b). Dessa forma, reconhece outros documentos como ponto de partida, ou seja, como textos 14 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA que precisam ser cotejados com a realidade e o movimento de cada escola, distrito ou região do Ipojuca. Só assim as orientações deste documento “farão sentido” no seu cotidiano, por inscrever suas vivências, saberes, valores, culturas, leituras de si, dos outros e do mundo. O currículo é um espaço vivo que apresenta retalhos de nossa história. Espera-se, portanto, que o Currículo do Ipojuca e o Projeto Político-Pedagógico (PPP) de cada escola indiquem caminhos éticos-políticos que reconheçam os sujeitos e suas experiências sociais no processo de educar-ensinar-aprender, dando centralidade à riqueza de conhecimentos e de culturas produzidos e em constante transformação. Valorizando sua identidade, seu território, seu lugar de vida, de produção, de moradia (ARROYO, 2013). Nesse sentido, o Currículo do Ipojuca da Educação Infantil e do Ensino Fundamental alicerça-se no princípio da Educação Integral1, por entender que, por meio dele, promover-se- á uma formação que visa o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. Assim, corroborando com a BNCC, o currículo do Ipojuca: demonstra o interesse em atender às necessidades de ensino e de aprendizagem pelo olhar sistêmico – por parte dos profissionais da educação; assume uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem, do adulto e do idoso, considerando-os como sujeitos de aprendizagem; promove uma educação voltada ao acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno de todos nas suas singularidades e diversidades; e considera a escola como espaço de aprendizagem, de cultura e de democracia inclusiva (BRASIL, 2017). Por essa acepção, para construir uma educação que forme o sujeito em sua integralidade, favorecendo a formação humana em suas múltiplas dimensões, é imprescindível abrir o currículo do Ipojuca à riqueza de pensamentos, experiências e conhecimentos e à diversidade de nossos sujeitos históricos, políticos e culturais. Nosso currículo considera a perspectiva humanística da educação como formação integral. De acordo com Gadotti (2009, p. 33), ao assumir essa proposta, precisamos compreender que “as diversas experiências de Educação Integral têm em comum tanto uma dimensão quantitativa (mais tempo na escola e no entorno) quanto uma dimensão qualitativa (a formação integral do ser humano). Essas duas dimensões são inseparáveis”. Em outras palavras, integração – no que concerne à educação como constituinte do 1 Quando esse termo é utilizado surge certa confusão conceitual entre Escola em Tempo Integral e Educação Integral. Porém, a concepção de Educação Integral não está vinculada necessariamente ao tempo de permanência na escola. Ela vai além. A integralidade apontada nesta seção do documento abarca os aspectos biológico- corporais, do movimento humano, da sociabilidade, da cognição, do afeto, da moralidade, em um contexto tempo- espacial. Portanto, discorreremos sobre as contribuições do ensino em tempo integral em outra seção do documento (Critérios Orientadores).http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5367-pceb007-10&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5367-pceb007-10&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://www.ipojuca.pe.gov.br/ CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 92 PERNAMBUCO. Secretaria de Educação. Conselho Estadual de Educação. Parecer nº 114/2018, de 20 de dezembro de 2018. Apreciação do Currículo de Pernambuco para a Educação Infantil e Ensino Fundamental. Recife, 2018. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2020. ______________. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: educação infantil. Recife: A secretaria, 2019a. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. ______________. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: ensino fundamental. Recife: A secretaria, 2019b. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. 1.1 O CURRÍCULO E A EDUCAÇÃO INTEGRAL ARROYO, Miguel Gonzalez. Currículo, território em disputa. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília, 2010. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. FREIRE, P. A educação na cidade. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999. GADOTTI, M. Educação Integral no Brasil: inovações em processo. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009. http://www.cee.pe.gov.br/wp-content/uploads/2019/01/PARECER-CEE.PE-N%C2%BA-114.2018-CEE-converted.pdf http://www.cee.pe.gov.br/wp-content/uploads/2019/01/PARECER-CEE.PE-N%C2%BA-114.2018-CEE-converted.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 93 GUARÁ, I. M. F. R. É imprescindível educar integralmente. Cadernos Cenpec: Nova série, v. 1, n. 2, ago. 2006. ISSN 2237-9983. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2020. PERNAMBUCO. Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares de Pernambuco. Recife, 2012. ______________. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: educação infantil. Recife: A secretaria, 2019a. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. ______________. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: ensino fundamental. Recife: A secretaria, 2019b. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. SILVA, T. T. O currículo como fetiche: a poética política do texto curricular. 1ª ed., 4ª reimp. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. ______. Documento de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. 1.2 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DOCUMENTO BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: . Brasília, 1988. Acesso em: 16 dez. 2019. _______. Secretaria Especial dos Direitos Humanos/Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. http://cadernos.cenpec.org.br/cadernos/index.php/cadernos/article/view/168 http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdfhttp://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/file http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?%20option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?%20option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?%20option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 94 LIMA, J. F. (Org.). Educação municipal de qualidade: princípios de gestão estratégica para secretários e equipes. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2014. MENDONÇA, N. A. Pedagogia da humanização: a pedagogia humanista de Paulo Freire. São Paulo: Paulus, 2008. – Coleção pedagogia e educação. SOUZA, J. F. Atualidade de Paulo Freire: contribuição ao debate sobre a educação na diversidade cultural. Recife: Bagaço/UFPE-NUPEP, 2001. 1.3 A PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T. C.; CRUZ, A. C. J. A diferença e a diversidade na educação. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, Departamento e Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar, 2011, n. 2. p. 85-97. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. BRASIL. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, 2008. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. CAMARGO, E. P. Inclusão social, educação inclusiva e educação especial: enlaces e desenlaces. Ciência & Educação (Bauru), Bauru, v. 23, nº 1, p. 1-6, mar. 2017. Disponível em: . Acesso em: 25 jun. 2020. FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. 15ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984. MANTOAN, M T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. SANTOS, B. S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: ______. A gramática do tempo. São Paulo: Cortez, 2006. PIERUCCI, A. F. Ciladas da diferença. São Paulo: Editora 34, 2000. YOUNG, I. M. Representação política, identidade e minorias. Lua Nova, São Paulo, nº 67, p. 139-190, 2006. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. 1.4 PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília, 2010. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. http://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/38/20 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132017000100001&lng= http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132017000100001&lng= https://www.scielo.br/pdf/ln/n67/a06n67.pdf/ http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 95 _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 25ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. _______. A importância do ato de ler: em ter artigos que se completam. 51ª ed. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção questões de nossa época; v. 22). GADOTTI, M. Escola Cidadã. 13ª ed. São Paulo: Cortez, 2010. MEIER, M.; GARCIA, S. Mediação da Aprendizagem: contribuições de Feuerstein e de Vygotsky. Curitiba: Edição do autor, 2007. PERNAMBUCO. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: educação infantil. Recife: A secretaria, 2019a. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. ______________. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: ensino fundamental. Recife: A secretaria, 2019b. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. VEIGA, I. P. A. (Org.). Lições de Didática. 2ª ed. Campinas: Papirus, 2006. 1.5 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. CHUEIRI, Mary Stela Ferreira Concepções sobre a avaliação escolar. Estudos em avaliação educacional, São Paulo, v. 19, nº 39, p. 49-64, jan./abr., 2008. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192https://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1418/1418.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 96 LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. 2ª ed. Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2005. _________. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22ª ed. São Paulo: Cortez, 2011. HOFFMANN, J. Avaliar para promover: As setas do caminho. 15ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2014. IPOJUCA. Secretaria Municipal de Educação. Instrução Normativa SME/PMI nº 01/2019, de 20 de março de 2019. Ipojuca, 2019. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. PERNAMBUCO. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: educação infantil. Recife: A secretaria, 2019a. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. ______________. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: ensino fundamental. Recife: A secretaria, 2019b. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. RAPHAEL, H. S. Avaliação: questão técnica ou política? Estudos em avaliação educacional, São Paulo, nº 12, 1995, p. 33-44. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. 1.6 A ALFABETIZAÇÃO, O LETRAMENTO E OS (MULTI)LETRAMENTOS EM TODAS AS ÁREAS DO CONHECIMENTO BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Pró-letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, 2008. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. DIONÍSIO, A. P. Multimodalidade discursiva na atividade oral e escrita (atividades). In: MARCUSCHI, L. A.; DIONÍSIO, A. (Orgs.). Fala e Escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p. 177-196. DIONÍSIO, A. P. Gêneros Textuais e Multimodalidade. In: KARWOSKI, Acir Mário; https://www.educacao.ipojuca.pe.gov.br/Arquivos/downloadAction.do?&actionType=download&idArquivo=5fa992b3-9142-4266-ae50-08027d90d33b https://www.educacao.ipojuca.pe.gov.br/Arquivos/downloadAction.do?&actionType=download&idArquivo=5fa992b3-9142-4266-ae50-08027d90d33b http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20EDUCA%C3%87%C3%83O%20INFANTIL%203.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/view/2299/2250 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6002-fasciculo-port&category_slug=julho-2010-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6002-fasciculo-port&category_slug=julho-2010-pdf&Itemid=30192 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 97 GAYDECZKA, Beatriz; BRITO, Karim Siebeneicher (Orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. 4ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2011, p. 137-152. HALL, S. Identidade Cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. REGO, L. L. B. Alfabetização e letramento: refletindo sobre as atuais controvérsias. Conferência apresentada no Seminário Alfabetização e letramento em debate. Ministério da Educação, Brasília, 2006. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. ROJO, R. H. R.; MOURA, E. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. ROJO, R. H. R. Gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin e multiletramentos. In: ROJO, Roxane Helena Rodrigues. (Org.). Escola conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola, 2013. p. 13-36. SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. jan/abr. n. 25, 2004. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. ________. Letramento: um tema em três gêneros. 4. ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2010. 1.7 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. COSTA, T. A. A noção de competência enquanto princípio de organização curricular. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, nº 29, maio/ago. 2005, p. 52-62. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. PERNAMBUCO. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. União dos Dirigentes Municipais de Educação. Currículo de Pernambuco: ensino fundamental. Recife: A secretaria, 2019. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2020. 1.8 CRITÉRIOS ORIENTADORES CANDIOTTO, C. Ética e política em Michel Foucault. Trans/Form/Ação, Marília, v. 33, n. 2, p. 157-175, 2010. Disponível em . Acesso em: 20 out 2020. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me03176a.pdf https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n29/n29a05.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/17691/CURRICULO%20DE%20PERNAMBUCO%20-%20ENSINO%20FUNDAMENTAL.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 98 MARANHÃO, R. D. S. A.; VALENÇA, K. A experiência estética na constituição do sujeito: o que dizem as pesquisas em educação. [200-?]. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2020. 1.8.2 TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 mar. 2020. MESOMO, O. L. C. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE: Produções Didático-Pedagógicas. Pato Branco: Secretaria de Educação do Estado do Paraná, 2014. Disponível em: .Acesso em: 14 mar. 2020. 1.8.3 POLÍTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE AGUIAR, M. A. S.; OLIVEIRA, J. F. (org.). Valorização dos profissionais da educação: formação e condições de trabalho. Camaragibe, PE: CCS Gráfica e Editora, 2016. ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. ARROYO, M. G. Os movimentos sociais e a construção de outros currículos. Educar em Revista. Curitiba: Editora UFPR. l, n. 55, p. 48, jan/mar. 2015. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília: Senado Federal, 1988. _______. Parecer CNE/CES n.º 776, 03 de dezembro de 1997. Orienta para as Diretrizes Curriculares de Graduação. Brasília-DF, 03 de dezembro de 1997. Sala das Sessões, pág.1-3. _______. Parecer CNE/CP n.º 9, de 8 de maio de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília: Diário Oficial da União, 18 de janeiro de 2002, Seção 1, p. 31. _______. Conselho Nacional de Educação. CNE/CP N.º 1, de 18 de fevereiro de 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Despacho do Ministro em 17/1/2002. Brasília: Diário Oficial da União, de 18 de janeiro de 2002, Seção 1, p. 31. Disponível em . Acesso em: 14 de março de 2020. _______. Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009. Institui a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, disciplina a atuação da Coordenação de https://www.ufpe.br/documents/39399/2406246/MARANHA~O%3B+VALENC%C2%B8A+-+2015.1.pdf/f183f76e-c9e0-4ec4-8b04-57483629fca6 https://www.ufpe.br/documents/39399/2406246/MARANHA~O%3B+VALENC%C2%B8A+-+2015.1.pdf/f183f76e-c9e0-4ec4-8b04-57483629fca6 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com%20docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf2&category_slug=%20dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com%20docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf2&category_slug=%20dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com%20docman&view=download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf2&category_slug=%20dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_unicentro_ped_pdp_oivete_de_lucia_chioqueta_mesomo.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_unicentro_ped_pdp_oivete_de_lucia_chioqueta_mesomo.pdf http://portal.mec.gov.br/cne/arquivo CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 99 Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES no fomento à programas de formação inicial e continuada, e dá outras providências. _______. Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica. 3ª versão do Parecer. Brasília: Diário Oficial da União, 18 de setembro de 2009. Disponível em . Acesso em 14 de março de 2020. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer n.º 7, de 7 de abril de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 2010, Seção 1, p.10. _______. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Resolução CNE/CEB n.º 4, de 13 de julho de 2010. Brasília, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824, 2010. _______. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CNE/CEB Nº 04/2010. Resolução n.º 4, de 13 de julho de 2010 e Parecer n. 7/2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação. Brasília: Diário Oficial da União, 2010. Disponível em .Acesso em 12 jan. 2020. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer n.º 11, de 7 de outubro de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 2010, Seção 1, p.28. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução n.º 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 2010, Seção 1, p.34. _______. Conferência Nacional de Educação (Conae) 2010. Brasília, DF: Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: O Plano Nacional de Educação, diretrizes e estratégias: Documento Final. Brasília, DF: MEC, 2010. Disponível em . Acesso em: 14 de março de 2020. _______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer n.º 17, de 6 de junho de 2012. Orientações sobre a Organização e /ou funcionamento da Educação infantil, inclusive sobre a formação docente, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2012. _______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edição Câmara, 2015. _______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução n.º 2, 1 de Julho de 2015. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica. Diário Oficial da União. Brasília, 2015. _______. Ministério da Educação. Decreto nº 8.752, de 9 de maio de 2016. Dispõe sobre a Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica. Brasília: Diário Oficial http://www.capes.gov.br/ http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_1.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 100 da União, 10/05/2016. Seção 1, p. 5-6. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. _______. Ministério da Educação. Portaria nº 33, de 17 de janeiro de 2018. Diário Oficial da União, de 18 de janeiro de 2018. DOURADO, L. F. Diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério da educação básica: concepções e desafios. Educ. Soc., Campinas , v. 36, n. 131, p. 299-324, June 2015 . Disponível em . Acesso em: 20 Out. 2020. ESPÍRITO SANTO. Secretaria de Estado da Educação. Política de Formação de Professores do Espírito Santo. Vitória, ES, 2018. IPOJUCA. Lei n.º 1.806, de 22 de junho de 2015, aprova a atualização do Plano Municipal de Educação do Ipojuca – PME 2015-2025 e dá outras providências. Ipojuca, PE, 22 jun. 2015. MOSÉ, V. A espécie que sabe: do Homem Sapiens à crise da razão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019. NÓVOA, A. Formação de professores e formação docente. In: Os professores e a sua formação, do mesmo autor. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1992. PASSOS, L.; ANDRÉ. M. O trabalho colaborativo, um campo de estudo. In: ALMEIDA, L.; PLACCO, V. O coordenador pedagógico e o trabalho colaborativo na escola. São Paulo: Loyola, 2016. 1.8.4 EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL ARENDT, H. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1979. p. 221-247. BOURDIEU, P. O poder simbólico. 10. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN. 9.394/96, Diário Oficial da União, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: . Acesso em: 06 jun. 2017. _______. Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprovao Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2001. Disponível Em: . Acesso em: 16 fev. 2020. _______. Ministério da Educação. Portaria Normativa Interministerial Nº 17, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa Mais Educação [...]. Diário Oficial da União, nº 80, de 26 de abril de 2007. Disponível em: . Acesso em: 16 fev. 2020. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 101 _______. Ministério da Educação. Portaria 1.145, de 10 de outubro de 2016. Institui o Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral, criada pela Medida Provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016. Diário Oficial da União, nº 196, de 11 de outubro de 2016. Disponível em: . Acesso em: 16 fev. 2020. _______. Lei nº 13.415, de 16 fevereiro 2017. Altera as Leis n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: . Acesso em: 16 fev. 2020. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. GÓMEZ, A. I. P. Educação na Era Digital: a escola educativa. Penso: Porto Alegre: Penso, 2015. PESSANHA, E. C.; DANIEL, M. E. B.; MENEGAZZO, M. A. Da história das disciplinas escolares à história da cultura escolar: uma trajetória de pesquisa. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 27, p. 57-69, dez. 2004. 1.8.5 VISÃO DE FUTURO PARA A EDUCAÇÃO ARRETCHE, M. T. S. “Dossiê agenda de pesquisas em políticas públicas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.18, no.51, (pp. 7-10). São Paulo, ANPOCS, 2003. DEMO, P. A educação do futuro e o futuro da educação. 2005. GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. São Paulo, 1997. IMBERNÓN, F. A educação no Século XXI. Porto Alegre, 2000. NUNES, P. A. Educação Inclusiva e Igualdade Social. São Paulo, 2006. 1.9 TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS E INTEGRADORES PERNAMBUCO. Governo do Estado. Secretaria de Educação. Currículo de Pernambuco para Educação infantil e Ensino fundamental. Recife: SEDE-PE, 2019. 1.10.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2020. _______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 102 _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2020. _______. Decreto n.º 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2020. _______. Plano Nacional de Educação 2014-2024 [recurso eletrônico]: Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014a. Disponível em: . Acesso em: 01 de jul. 2020. _______. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. Ministério da Educação / Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (MEC/SASE), 2014b. Disponível em: . Acesso em: 01 jul. 2020. _______. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, 2015. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. CARVALHO, R. E. Temas em educação especial. 2ª ed. Rio de Janeiro: WVA, 2000. MOSÉ, V. A escola e os desafios contemporâneos. Organização e apresentação Viviane Mosé. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015. ONU. Convenção Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Nova Iorque, Estados Unidos, 2006. ____. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assembleia Geral das Nações Unidas em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 103 Paris. 10 dez. 1948. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2019. PAGNI, P. A. Infância, experiência formativa e filosofia. In: TREVISAN, A. L.; TOMAZETTI, E. M. (org.). Cultura e alteridade: confluências. Ijuí: Ed. Unijuí, 2006. PERNAMBUCO. Governo do Estado. Secretaria de Educação. Currículo de Pernambuco para Educação infantil e Ensino fundamental. Recife: SEDE-PE, 2019. PIERUCCI, Antônio Flávio. As ciladas da diferença. São Paulo: Editora 34, 1999. SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. 5.ed. Rio de Janeiro: WVA, 2003. _________. Causa, impedimento, deficiência e incapacidade, segundo a inclusão. Revista Reação, São Paulo, ano XIV, n. 87, jul./ago. 2012. SCHNEIDER, G. M.; HERNANDORENA, M. do C. A. (Org.). Serviço Social na educação: perspectivas e possibilidades. Porto Alegre: CMC, 2012. SKLIAR, C. A inclusão que é “nossa” e a diferença que é do “outro”. IN.: RODRIGUES, David (org.). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Linguísticos. Barcelona.1996. Disponível em . Acesso em: 01 jul. 2020. 1.10.2 EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS, ADULTAS E IDOSAS ARROYO, M. Outros sujeitos, outras pedagogias. Petrópolis: Vozes, 2014. BARCELOS, V. Avaliação na Educação de Jovens e Adultos. Petrópolis: Vozes, 2014. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em Acesso em: 1 nov. 2019. _______. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.Disponível em: . Acesso em: 1 nov. 2019. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiros e quarto ciclos do Ensino Fundamental: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília, DF, 1998. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Carlos Roberto Jamil Cury (relator). Parecer CEB 11/2000 - Diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. Brasília, DF, 10 maio, 2000a. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2020. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000139423 http://www.penclubeportugues.org/comites/declaracao-universal-dos-direitos-linguisticos/ http://www.penclubeportugues.org/comites/declaracao-universal-dos-direitos-linguisticos/ http://www.penclubeportugues.org/comites/declaracao-universal-dos-direitos-linguisticos/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7%C3%A3o.htm http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pceb011_00.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 104 _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CP Nº 1, de 05 de julho de 2000. Estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília, DF, 05 julho, 2000b. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2020. _______. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Rio de Janeiro, v. 29, p.1-129, 2008. _______. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Resolução CNE/CEB nº 4/2010. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Diário Oficial da União. Brasília, 2010. _______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF., 26 jun 2014. Disponível em:. Acesso em: 24 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Decreto nº 8.752, de 9 de maio de 2016. Dispõe sobre a Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica. Brasília: Diário Oficial da União, 10/05/2016. Seção 1, p. 5-6. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CP Nº 2, de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de dezembro de 2017, Seção 1, pp. 41 a 44. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2020. FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. _______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. _______. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1997. IPOJUCA. Lei nº 1.806, de 22 de junho de 2015. Aprova a atualização do Plano Municipal de Educação – PME 2015-2025 e dá outras providências. Ipojuca, PE, 22 jun 2015. LUCK, H. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teóricos-metodológicos. 18 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. MINAS GERAIS. Plano de ação para implementar a formação continuada em regime de colaboração a partir de 2019. Secretaria de Estado de Minas Gerais – SEE/MG e seccional de Minas Gerais da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME/MG. Disponível em: Acesso em: 25 mar. 2020. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB012000.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images%20/historico/RESOLUCAOCNE_CP222DEDEZEMBRODE2017.pdf http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images%20/historico/RESOLUCAOCNE_CP222DEDEZEMBRODE2017.pdf http://consed.org.br/media/download/5c36220dc811b.pd CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 105 MONTANDON, C.; PERRENOUD, P. Entre parents et enseignants: un dialogue impossible? Paris: Peter Lang, 1987. PERNAMBUCO. Diretrizes Operacionais para a Oferta da Educação de Jovens, Adultos e Idosos, Secretaria de Desenvolvimento da Educação (SEDE), 2016. ROCHA, E. S. O uso de recursos tecnológicos na educação de jovens e adultos. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2020. SOUZA, J. E. P. Informática na EJA: Contribuições da Teoria Histórico-cultural. 2010. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010. 1.10.3 EDUCAÇÃO DO CAMPO BRASIL. Constituição Federal do Brasil de 05 de outubro de 1988. Presidência da República Casa Civil. Brasília, DF, 1988. Presidência da República Casa Civil. Brasília, DF, 1988. _______. Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2020. _______. Lei n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Presidência da República Casa Civil. Brasília, DF, 1996. _______. Resolução CNE/CEB Nº, 1 de 03 abril de 2002. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Brasília, DF, 2002. _______. Ministério da Educação. Grupo de Trabalho de Educação do Campo. Referências para uma política nacional de educação do campo. Caderno de Subsídios, Brasília, DF, 2004. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008a. Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2020. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CP Nº 2, de 28 de abril de 2008b. Estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo. Disponível em: . Acesso em: 03 dez. 2019. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara da Educação Básica. Parecer CNE/CEB n° 13/2009. Diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado na educação básica, modalidade educação especial. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2009. https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-uso-recursos-tecnologicos-na-educacao-jovens-adultos.htm https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-uso-recursos-tecnologicos-na-educacao-jovens-adultos.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/resolucao0208.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 106 _______. Decreto n° 7352 de 04 de novembro de 2010. Dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. Presidência da República Casa Civil. Brasília, DF, 2010. _______. Lei nº 12.960 de 27 de março de 2014. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Presidência da República Casa Civil. Brasília, DF, 2014.CAETANO, L. M. (2004). Relação escola e família: uma proposta de parceria. Dialógica, 1 (1), 51-60. CALDART, R. S. Elementos para construção do projeto político pedagógico da educação do campo. Brasília, DF: [s.n.], 2004. CALDART, R. S. Educação do Campo. In: Dicionário da Educação do Campo. CALDART, R. S., PEREIRA, I. B., ALENTEJANO, P., FRIGOTTO, G. (Orgs). São Paulo: Expressão Popular, 2012, p. 257- 265. FREIRE, P. Política e educação. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. GARCIA, R. M. C. Políticas públicas de inclusão: uma análise no campo da educação especial brasileira. 2004. Tese (Doutorado em Educação). UFSC. Florianópolis, 2004. IMBERNÓN, F. Formação Continuada de Professores. Porto Alegre: Artmed, 2010. KUHN. E. R. Educação Especial na Educação do Campo: as configurações de uma escola da Rede Municipal de Ensino. 2017. Dissertação (Mestrado em Educação). UFSM. Santa Maria, 2017. MORIGI, V. A escola do MST: uma utopia em construção. Porto Alegre: Mediação, 2003. ROCHA, E. N.; PASSOS, J. C.; CARVALHO, R. A. Educação do Campo: Um olhar panorâmico. Disponível em: . Acesso em: 03 dez. 2019. SANTOS, R. B. História da Educação do Campo no Brasil: o protagonismo dos movimentos sociais. Teias, v. 18, n. 51, p. 210-224, (Out./Dez.), Rio de Janeiro, 2017. SILVA, J. P. Educação do Campo: um olhar sobre as políticas públicas, o Programa Escola da Terra (no estado de Pernambuco) e a formação docente. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, 2017. http://educampoparaense.locasite.com.br/arquivo/pdf/18Texto_%20Base_ http://educampoparaense.locasite.com.br/arquivo/pdf/18Texto_%20Base_ CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 108 2 A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 2.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO TERRITÓRIO DO IPOJUCA A condução do trabalho pedagógico da Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos no município do Ipojuca, antes da vigência da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), foi orientada pelos documentos oficiais publicados pelo Ministério da Educação, a saber: Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil – DCNEI (BRASIL, 2010) e Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), bem como pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (BRASIL, 1990). Aliado a isso, a implantação e a continuidade de programas e de projetos que englobaram propostas pedagógicas em consonância com a proposta nacional também se fizeram presentes até alguns anos atrás, em meio ao início dos trabalhos com as creches municipais e centros municipais de educação infantil. Pode-se citar os dois mais recentes, por terem sido bastante relevantes na rede, tendo, inclusive, estado à frente dos processos de formação continuada dos profissionais de Educação Infantil: O Alfa & Beto, que esteve na rede até o final do ano letivo de 2012, e o projeto “Entrelinhas”, que foi implantado na rede entre os anos de 2014 e 2015. Diante da necessidade de cumprimento do Plano Nacional de Educação 2014/2024 (BRASIL, 2014), que tem como uma de suas metas a ampliação da oferta de creches para crianças de até três anos de idade, surgem as primeiras unidades escolares para esse atendimento, nos distritos de Camela, Nossa Senhora do Ó e de Porto de Galinhas. Tais mudanças na atenção à primeira infância direcionaram a equipe técnica da Secretaria de Educação, as equipes escolares e os profissionais da educação infantil a se debruçarem no estudo do bebê, da criança e na riqueza do encontro entre esses pequenos seres e aqueles que lhe dão um lugar de sujeito em potencial, já que “educar é criar as condições para o surgimento de um sujeito” (MARIOTTO, 2009, p. 12). Segundo a LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional): Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (BRASIL, 1996, on-line). Tal como preconiza a lei, fez-se necessária uma discussão mais aprofundada acerca das necessidades locais inerentes à educação infantil com o objetivo de construir uma identidade CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 109 própria para essa etapa do ensino, tendo em vista as diferentes realidades que constituem este município. Uma dessas diferenças, por exemplo, materializa-se na realidade geográfica do município, configurada em divisão campo/cidade, verificando-se, ao longo do tempo, uma certa diferença de números de matrículas1 entre esses dois territórios, explicitando que o trabalho pedagógico desenvolvido no campo precisa considerar as suas especificidades, uma vez que as famílias campesinas têm a necessidade de que seus filhos, em idade de creche, sejam atendidos conforme preconiza as diretrizes orientadoras da Educação Infantil. Considerando as peculiaridades migratórias das comunidades rurais e a implementação de políticas públicas, a fim de ofertar educação de qualidade em turmas específicas de cada etapa de ensino, por meio da nucleação de escolas em algumas localidades e seguindo as premissas que versam a Resolução nº 02, de 28 de abril de 2008, em seu artigo 4ª e parágrafo único, a qual, por sua vez, diz: Quando os anos iniciais do Ensino Fundamental não puderem ser oferecidos nas próprias comunidades das crianças, a nucleação rural levará em conta a participação das comunidades interessadas na definição do local [...]; quando se fizer necessária a adoção do transporte escolar, devem ser considerados o menor tempo possível no percurso residência-escola e a garantia de transporte das crianças do campo para o campo. (BRASIL, 2008, on-line). Para tanto, a Educação Infantil seguirá junto com as demais etapas e modalidades para o destino mais próximo definido em comum acordo, entre comunidades (local e escolar) e órgãos representativos (Secretaria Municipal de Educação do Ipojuca, Conselho Municipal de Educação, Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e Sindicato dos professores), a fim de garantir equidade de acesso e qualidade no serviço prestado à população. 2.2 CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA, CRIANÇA E EDUCAÇÃO INFANTIL Para compreender a concepção de infância, de criança e de educação infantil que norteia este documento, faz-se necessário entender o significado atribuído à infância, bem como o contexto ao qual está associado, visto que a BNCC apresenta uma mudança relevante ao reconhecer a Educação Infantil como uma etapa essencial da educação básica, convalidando-a como fundamental para a construção da identidade e da subjetividade da criança. 1 Alguns dados demonstram que em 2015 (ano de implementação do PME 2015 - 2025) o total de matrículas de Educação Infantil em unidades urbanas eram 389, enquanto que na área rural eram 494. Em 2018 com as estratégias para o alcance das metas traçadas no PNE e no PME, as matrículas urbanas de Educação Infantil passaram para 3.404, enquanto as da rural passaram para 603. Em 2018, havia 41 unidades escolares no campo e hoje (2020), tem-se 36. Os números informam que, por mais que exista uma diferença quantitativa entre campo e cidade, as demandas existem e precisam ser atendidas em igualdade de condições (QEDU, 2020). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 110 Nesse sentido, a Base reconhece especificidades dos diferentes grupos etários que constituem a etapa da educação infantil, organizando-os em três grupos por faixa etária - bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas – “[...] que correspondem, aproximadamente, às possibilidades de aprendizagem e às característicasdo desenvolvimento das crianças” (BRASIL, 2017, p. 44). Assim, a organização de uma proposta curricular deve colocar a criança no centro do processo educativo, de modo a enfatizar noções, habilidades, atitudes, valores e afetos que as crianças devem desenvolver do 0 aos 5 anos e 11 meses, buscando garantir os direitos de aprendizagem dos pequenos. Nessa perspectiva, a criança precisa ser vista como sujeito de seu processo de desenvolvimento por meio da aprendizagem, a qual é construída no diálogo com o outro, nas vivências e experimentações. Busca-se, para isso, a produção de aprendizagem pela própria criança, na interação criança/criança e criança/adulto; a promoção progressiva do autoconhecimento da criança; o desenvolvimento e habilidades de comunicação e expressão; a socialização, a manifestação e a compreensão das emoções próprias e a dos outros; a progressiva estruturação da iniciativa, em um ambiente enriquecedor e estimulador de experiências geradoras de aprendizagem, culminando na formação de cidadãos críticos, conscientes, participantes e democráticos, promovendo, assim, a conquista progressiva da autonomia e do espírito questionador. Sobre esse papel de atividade da criança, em Escritos Criativos e Devaneios, Freud (1908[1907]/1980) delineia uma aproximação entre a poesia e o brincar infantil, interrogando- se se a forma como a criança constrói seu mundo de linguagem e de brinquedo não admitiria nela um escritor criativo. Sobral e Viana (2014, p. 436) afirmam que: Ao brincar, a criança articula elementos fundamentais à estruturação psíquica. O movimento pulsional do seu corpo passa a se estruturar em um ato de fala e as palavras, como significantes, são usadas em sua potência criativa. Nomeando, a criança pode situar seu desejo em uma fala, no laço com o outro. Esse modo como Freud (1908[1907]/1980), Sobral e Viana (2014) olham a criança permite entender a importante inovação trazida pela BNCC, na qual o conhecimento advém com a experiência que cada criança vai viver no ambiente escolar, a partir de suas relações com o professor, com outras crianças e com outros adultos. Em outras palavras, o educador vai sustentar que as manifestações interpessoais advindas das crianças (seja o bebê, a criança bem pequena e/ou a criança pequena) podem ser lidas como manifestações de sujeito. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 111 Segundo Kupfer (2007, p. 220), o sujeito “[...] é efeito dos discursos, mas ao irromper, cria e recria, refaz e transforma aquilo mesmo que o fez emergir. Incide sobre os discursos de que se valeu para dizer-se”. Desse modo, as manifestações de sujeito são aquelas inscritas no laço social. Sobre isso, Faria e Salles (2007, p. 44) esclarecem que: Considerar a criança como sujeito é levar em conta, nas relações que com ela estabelecemos, que tem desejos, ideias, opiniões, capacidades de decidir, de inventar, que se manifestam, desde cedo, nos seus movimentos, nas suas expressões, no seu olhar, nas suas vocalizações, na sua fala. Assim, o papel da Educação Infantil nesse processo também é o de inserir a criança em uma infância respeitosa e estabelecer uma relação de cuidado com seus professores e colegas, que a conduz na sua interação saudável com o mundo. Desse modo, [...] abranger a infância em toda sua magnitude exige perceber nas crianças a sua singularidade, o coletivo diverso do qual elas fazem parte e imergir nas diferentes culturas e saberes que produzem. É necessário respeitar suas formas de se relacionar com o mundo e entender como se desenvolvem e aprendem, sem que o adulto determine o nível de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. (PERNAMBUCO, 2019, p. 57). Nessa perspectiva, é essencial que as práticas do professor estejam comprometidas com as necessidades e os interesses da criança, para que a vivência se transforme em uma experiência e tenha, de fato, um propósito educativo que estimule o desenvolvimento cognitivo, físico e socioemocional da criança. 2.3 PRINCÍPIOS ÉTICOS, POLÍTICOS E ESTÉTICOS Considerando as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), as quais foram norteadoras para as práticas da Rede Municipal de Ensino ao longo dos últimos anos, os princípios éticos, políticos e estéticos podem assim ser definidos: Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. (BRASIL, 2010, p. 16). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 112 De acordo com o Currículo de Pernambuco para Educação Infantil (PERNAMBUCO, 2019), os princípios éticos, políticos e estéticos reúnem uma série de aspectos que permitem à criança se constituir enquanto um sujeito consciente, crítico, detentor de uma percepção ampla da diversidade cultural e artística, capaz de interagir com o mundo por meio da ludicidade e da criatividade, de maneira solidária, respeitosa e atenta à coletividade. A Rede Municipal do Ipojuca considera essencial que seja oportunizada a vivência de experiências que valorizem a manifestação dessa criatividade de forma individual e coletiva, possibilitando uma construção saudável da autoestima de cada criança, bem como a convivência coletiva que permite à equipe perceber as necessidades e sentimentos uns dos outros e apoiar as conquistas de todos. Tais experiências se materializam em direitos de aprendizagem que devem ser garantidos a essas crianças no contexto escolar e fora dele por meio do diálogo com a família e com a comunidade. 2.3.1 Direitos de Aprendizagem CONVIVER democraticamente com outras crianças e adultos, com eles se relacionar e partilhar distintas situações, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à natureza, à cultura e às diferenças entre as pessoas. BRINCAR cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros adultos e crianças, ampliando e diversificando as culturas infantis, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. PARTICIPAR ativamente, junto aos adultos e às outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola quanto da realização das atividades da vida cotidiana, da escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. EXPLORAR movimentos, gestos, sons, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza - no contexto urbano e do campo -, espaços e tempos das instituições, interagindo com diferentes grupos e ampliando seus saberes, linguagens e conhecimentos. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 113 EXPRESSAR, como sujeito criativo e sensível, com diferentes linguagens, sensações corporais, necessidades, opiniões, sentimentos e desejos, pedidos de ajuda, narrativas, registros de conhecimentos elaborados a partir de diferentes experiências, envolvendo tanto a produção de linguagens quanto a fruição das artes em todas as suas manifestações. CONHECER-SE e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações e brincadeiras vivenciadas na instituição de Educação Infantil. (PERNAMBUCO, 2019, p. 77-78, grifo original) Considerando sempre as diferentes realidades geográficas, socioeconômicas e culturais encontradas noterritório de Ipojuca, os direitos de aprendizagem devem ser garantidos a todas as crianças integrantes da Educação Infantil do Município e nos convidam a pensar a criança enquanto ativa e capaz de se apropriar do conhecimento e ampliar seu repertório de experiências por meio da ação. Esses direitos convocam também o professor a diversificar suas práticas e refletir sobre suas ações para construir uma nova identidade de trabalho, alinhada com o perfil necessário ao profissional dessa etapa do ensino. 2.4 FUNÇÃO SOCIOPOLÍTICA E PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil, nas últimas décadas, vem consolidando os aspectos relacionados ao cuidado e ao acolhimento como prioritários. A educação e o fazer pedagógico junto ao bebê, à criança bem pequena e à criança pequena não descartam, de forma alguma, as formas de cuidado/acolhimento. Algo já preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), na qual estabeleciam que cuidar e educar são dimensões inseparáveis, constituindo-se em duas faces de uma experiência única. A BNCC reforça esse conceito de que as ações de cuidado estão plenamente integradas com as ações de conhecer e explorar o mundo, criando campo propício para a sistematização dos conhecimentos. E enfatiza isso ao afirmar que “a entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se incorporarem a uma situação de socialização estruturada” (BRASIL, 2017, p. 36). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 114 Nesse sentido, tem-se um movimento de igualdade quando se pensa no cuidar e no educar, visto que, para definir o educar, é necessário fazer referência ao cuidar e, para definir o cuidar, é preciso perceber que este é parte da educação, ainda que exija habilidades que não sejam eminentemente pedagógicas. Desse modo, as funções do cuidar e educar, no contexto da educação infantil, passam a funcionar como um binômio, o que acarreta uma indissociabilidade presente por definição. O sentido de educar é, portanto, construído na relação com o cuidar, passando pelo pedagógico, mas sem ser significado unicamente por ele. Assim, cuidar e educar são funções indissociáveis e para dar lastro ao dizer e ao fazer do educador, ou seja, para fundamentar sua ação no âmbito educativo, Mariotto (2009) propõe que o binômio cuidar/educar seja entendido não como duas faces de uma moeda, mas como um movimentar passando de um ao outro. A dignidade humana se confirma nos atos de respeito, assegurando uma educação de qualidade para todos. Nesse sentido, o planejamento das práticas educativas deve ter organização e intencionalidade. Para tal, as interações e brincadeiras tornam-se o centro do trabalho pedagógico, trabalho este que ocorre dentro da sala de aula e fora dela, até mesmo em momentos de atendimento de necessidades básicas, como alimentação, higiene, troca de fraldas e troca de roupas. A criança, ao ter suas necessidades respeitadas e conduzidas, aprende, desde muito cedo, a importância e o significado do respeito à dignidade humana. Assim, à medida que se pensa a criança como um sujeito que cria, produz e aprende através de experiências significativas, as intervenções feitas a essas experiências exigem disponibilidade e apoio por parte de seus educadores. Tais práticas visam, no futuro, a uma democratização social através das ações de cidadãos conscientes e bem posicionados, uma vez que estes tiveram vivências educativas saudáveis como base para a construção de uma postura de curiosidade, busca e gosto pela aprendizagem, pela relação com o outro e pelo respeito às diferenças em quaisquer contextos de convivência. 2.5 OBJETIVO DA EDUCAÇÃO INFANTIL A educação infantil ipojucana, tendo como base os princípios e objetivos já explicitados anteriormente e embasados pelos documentos oficiais já publicados, tem por objetivo desenvolver todas as potencialidades físicas, cognitivas, afetivas e emocionais das crianças até cinco anos e 11 meses de idade, promovendo experiências saudáveis, interessantes e lúdicas, com respeito, empatia e alteridade, garantindo o acesso aos direitos de aprendizagem e possibilitando, assim, o direcionamento necessário para as próximas etapas de ensino, fazendo CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 115 com que essas crianças construam conhecimento de maneira efetiva e no tempo adequado para o seu desenvolvimento. 2.6 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: INTERAÇÕES E BRINCADEIRAS Partindo do pressuposto de que as experiências vivenciadas na Educação Infantil devem ter como ponto de partida os eixos das interações e brincadeiras, estes já definidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (BRASIL, 2010), considera-se que as aprendizagens para esta etapa da educação devem ser pensadas e organizadas em situações que promovam momentos de socialização, valorização da criança e do respeito aos conhecimentos que já foram construídos, proporcionando o seu desenvolvimento integral, a aquisição da autonomia e garantindo a efetivação dos direitos de aprendizagem – conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se – em contextos significativos. Sobre os eixos interações e brincadeiras, de acordo com a BNCC: A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções (BRASIL, 2017, p. 35). Assim, embasando-se nesses documentos oficiais, percebe-se a necessidade de compreender que a criança aprende através da promoção de diversas experiências (sensoriais, expressivas e corporais) relacionadas às diferentes linguagens (oralidade, sonoridade, escrita, imagens, desenhos, gestos, dentre outros), as quais se concretizam através de ações intencionais educativas, práticas pedagógicas significativas e conteúdos que tenham relação com a sua vida cotidiana e estejam articuladas à interação durante o brincar. Para além dessas finalidades, também é importante que o docente que atua na etapa da educação infantil no município constitua-se como um mediador2 para a criação de contextos de experiências, envolva-se e vivencie as concepções sobre o currículo da criança de 0 a 5 anos e 11 meses, promovendo, assim, um atendimento diversificado e equitativo que se traduz em uma prática pedagógica inclusiva, que garante não apenas o acesso e permanência das crianças, mas também o seu pleno desenvolvimento. Essa postura, na maioria das vezes, irá requerer desses profissionais atitudes que incluam processos de descobertas, adaptações e inovações das práticas educativas já existentes. 2 “Conceito utilizado para caracterizar o professor que trabalha com a mediação pedagógica, significando uma atitude e um comportamento do docente que se coloca como facilitador ou motivador da aprendizagem, que ativamente colabora com e para que o aprendiz chegue aos seus objetivos.” (MENEZES; SANTOS, 2001, online). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 116 Acerca da educação inclusiva em todas as etapas da educação, Sassaki (1998, p. 8) enfatiza que esta “ocorre em escolas de qualquer nível preparadas para propiciar um ensino de qualidade a todos os alunos independentemente de seus atributos pessoais, inteligências, estilos de aprendizagem e necessidades comuns ou especiais”. Nesse sentido, sob o viés da inclusão, a instituição escolar deve ser capaz de acolher todos os seus alunos e oferecer-lhes uma educação de qualidade, garantindo estrutura física e ambientes planejados e adequados, Salas de Recursos Multifuncionais e profissionais especializadospara o Atendimento Educacional Especializado (AEE), proposta pedagógica que contemple a parceria com a família e profissionais de áreas afins, assim como os planejamentos pedagógicos os quais observem as especificidades da Educação Inclusiva, conforme aponta o Currículo de Pernambuco para Educação Infantil (PERNAMBUCO, 2019). Tais elementos fazem-se necessários, uma vez que, quando se referem às práticas escolares inclusivas, consequentemente, refletem acerca de questões que envolvem não apenas a garantia dos pontos acima citados, mas também daquelas relacionadas ao entendimento do estudante da rede municipal de ensino como um ser único, um sujeito que se constitui através das relações que são construídas nos diversos ambientes do seu convívio e que são cheios de significado, que está situado em um contexto coletivo, devendo este escutar o seu dizer e tomá- lo como fundamento das práticas inclusivas (KUPFER; PATTO; VOLTOLINI, 2017), oportunizando tudo o que for necessário para o seu desenvolvimento. Dessa forma, de acordo com o Currículo de Pernambuco para Educação Infantil (PERNAMBUCO, 2019), ainda é importante que haja a flexibilização nos horários do atendimento para os estudantes quando necessário e formações para professores do AEE e da sala de aula regular com temáticas específicas da Educação Inclusiva. Não menos importante, o Projeto Político Pedagógico precisa estar coerente com essa visão, contemplando em suas ações o atendimento a sujeitos diversos, com metodologias adequadas às suas necessidades, bem como contemplar adequações curriculares as quais possam contribuir com o processo de aprendizagem na trajetória escolar dos estudantes. 2.7 RELAÇÃO UNÍSSONA ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA A educação é um direito fundamental compartilhado entre Estado, família e sociedade. A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205, descreve que a educação “será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 117 Diante dessa afirmativa e considerando que a família representa o primeiro contexto social e educativo das crianças a se ampliar para o espaço da instituição escolar, o Parecer CNE/CEB n. º 20/2009 (BRASIL, 2009a) enfatiza que, nas instituições de Educação Infantil, é primordial a construção de vínculos nas interações com as famílias, visando ao acompanhamento participativo da aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Sobre isso, o documento ainda ressalta que, em suas propostas curriculares, as instituições de Educação Infantil criem momentos para a participação, o diálogo e a escuta das famílias. Quanto a essa participação, entende-se que pode ser pensada e promovida através de propostas pedagógicas que contemplem, dentre outras ações, o acompanhamento das vivências dos estudantes por meio de reuniões, entrega de relatórios sobre as aprendizagens e percursos de desenvolvimento, como também, através da flexibilização de horários para o atendimento das famílias e acolhimento diante das necessidades específicas que possam surgir, numa tentativa constante de aproximação, conforme apontam os Indicadores de Qualidade da Educação Infantil (BRASIL, 2009c). Dessa forma, as famílias dos nossos estudantes devem ser percebidas como aliadas para o desenvolvimento das propostas pedagógicas e as escolas devem ser a ponte para o estabelecimento de vínculos que cooperem para a formação integral das crianças, incluindo estratégias que favoreçam uma maior participação da família em diversos momentos. Nesse sentido, percebe-se que levar em consideração a perspectiva de uma relação uníssona da instituição escolar com os pais e familiares requer também o estabelecimento de relações baseadas no respeito e no reconhecimento da função destes, o que significa “que o modo como o educador acolhe a criança deve incluir o fazer e o saber familiar ao invés de destituí-los” (MARIOTTO, 2009, p. 137). 2.8 PERFIL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Considerando o que preconiza a Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009 em seu Art. 8º acerca da proposta pedagógica das instituições que atendem crianças de 0 a 5 anos e 11 meses de idade, entende-se que esta deve ter como objetivo: [...] garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças (BRASIL, 2009b). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 118 Partindo dessa premissa e diante da grande tarefa que cabe a essas instituições, os profissionais que atuam nesta etapa da educação básica, independentemente da função que exercem, desempenham uma função educativa e devem estar preparados para enriquecer e ampliar as experiências já vivenciadas pelas crianças. Fundamentando essa concepção, destaca-se o que nos diz Felipe (1998) ao afirmar que todas as pessoas que colaboram para o desenvolvimento das atividades realizadas nas instituições de educação infantil, afora cuidar e educar as crianças, possui um papel crucial no processo de desenvolvimento infantil, pois são esses profissionais que mediam as situações entre as crianças e o meio em que vivem. Nessa perspectiva é importante garantir aos profissionais da educação infantil condições para que exerçam suas funções, sintam-se valorizados e possam qualificar-se permanentemente. Quanto aos profissionais que atuam nas salas de aula, entende-se que devem, a partir das observações diárias, do conhecimento das características do desenvolvimento das crianças e do respeito às suas individualidades, ter sempre uma atitude investigativa da própria prática e, consequentemente, encontrarem-se em processo contínuo de formação. Assim, segundo Garanhani (2010), é importante que ampliem os conhecimentos adquiridos na formação inicial e estejam inseridos num processo de constante reflexão e redimensionamento de suas práticas, o que, consequentemente, irá favorecer o enriquecimento profissional e a melhoria da qualidade do atendimento ofertado na educação infantil. Considerando esses princípios, concorda-se com Leite e Carvalho (2015, p. 922) quando, ao discorrerem sobre a formação desses profissionais, enfatizam que é essencial uma formação que colabore para a concretização de uma prática significativa. Nesse sentido, as autoras afirmam que é imprescindível que os professores adquiram “uma fundamentação crítica coerente para com isso criar estratégias e atuar de forma comprometida, desvalorizando o uso de receituários e/ou manuais”, enriquecendo assim, o seu desenvolvimento intelectual e profissional, como também, buscando promover a atuação da criança no mundo como um sujeito social, histórico e cultural. Desempenhando o papel de mediador no processo de ensino e aprendizagem e compreendendo as peculiaridades próprias do universo das crianças, pensa-se que o docente também precisa abraçar “o compromisso com a profissão escolhida e ter consciência de que suas intenções e ações contribuem na formação humana de nossas crianças ainda pequenas” (GARANHANI, 2010, p. 196), podendo fazer, então, um diferencial no percurso escolar dos estudantes da rede municipal de ensino. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 119 2.9 A ORGANIZAÇÃO DO COTIDIANO E SUA RELAÇÃO COM OS TEMPOS E ESPAÇOS A organização do tempo e do espaço nas instituições de educação infantil do município do Ipojuca deve estar voltada para a promoção do desenvolvimento das crianças. Segundo Barbosa e Horn (2001 apud NONO, 2011), é importante levar em consideração as necessidades das crianças, suas brincadeiras, ambientes preferidos, contexto cultural em15 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA processo de humanização – não significa apenas aumentar o horário integral, o tempo integral ou a jornada integral dos estudantes na escola, mas: [...] responder a uma multiplicidade de exigências do próprio indivíduo e do contexto em que vive. Assim, a educação integral deve ter objetivos que construam relações na direção do aperfeiçoamento humano. Ao colocar o desenvolvimento humano como horizonte, aponta para a necessidade de realização das potencialidades de cada indivíduo, para que ele possa evoluir plenamente com a conjugação de suas capacidades, conectando as diversas dimensões do sujeito (cognitiva, afetiva, ética, social, lúdica, estética, física, biológica). (GUARÁ, 2006, p. 16). Portanto, é importante que a Educação Integral seja assumida por todos os envolvidos no processo educativo, porque favorece práticas pedagógicas que perpassam todos os sujeitos e suas múltiplas relações, dimensões e saberes, provocando uma ruptura estrutural na lógica de poder que desconsidera saberes e fazeres constituídos e em constituição pelos sujeitos em seus espaços de vida. Nesse sentido, é fundamental o estabelecimento do diálogo entre os diferentes saberes, e que esse processo dialógico não se constitua em uma ruptura entre os saberes trazidos pelos estudantes e os saberes sistematizados na escola. A perspectiva democrática e libertadora que reveste a prática educativa deve ser exercida como processo de superação do senso comum e não como anulação desse saber, como propõe Paulo Freire (1999, p. 82-83): A priorização da “relação dialógica” no ensino que permite o respeito à cultura do aluno, à valorização do conhecimento que o educando traz, enfim, um trabalho a partir da visão do mundo do educando é sem dúvida um dos eixos fundamentais sobre os quais deve se apoiar a prática pedagógica de professoras e professores. Esta proposta é muito séria e muito profunda porque a participação do aluno não deve ser entendida de forma simplista. O que proponho é um trabalho pedagógico que, a partir do conhecimento que o aluno traz, que é uma expressão da classe social à qual os educandos pertencem, haja uma superação do mesmo, não no sentido de anular esse conhecimento ou de sobrepor um conhecimento ao outro. O que se propõe é que o conhecimento com o qual se trabalha na escola seja relevante e significativo para a formação do educando. Só assim, consequentemente, vamos superar as concepções de currículo escolar como prescrição de conteúdos e a fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, valorizando “[...] o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida” (BRASIL, 2017, p. 13). Nesse contexto, o currículo do Ipojuca considera algumas práticas pedagógicas essenciais para o desenvolvimento da formação integral: 16 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA O educar na e para a alteridade; A consciência política e histórica da diversidade; O reconhecimento, a valorização da diferença e o fortalecimento das identidades e das singularidades; A sustentabilidade socioambiental; O pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; A laicidade do município e da escola pública; A igualdade de direitos para acesso, permanência e aprendizagem na escola de todos os estudantes, independentemente de suas especificidades humanas. Conjugada por essas práticas pedagógicas, a organização curricular no território ipojucano dá ênfase aos princípios norteadores pautados na educação integral e na perspectiva de uma educação inclusiva. 1.2 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DOCUMENTO Analisando o transcurso da educação nacional, observa-se que os princípios e diretrizes da educação brasileira foram assumindo significados diversos nos diferentes contextos históricos e sociais em conformidade com as concepções de educação, de escola e de cidadão que permeiam a sociedade brasileira. Partindo dessa premissa, a Constituição Cidadã2, em seu Art. 208 (BRASIL, 1988), preconiza a educação como direito público, subjetivo e inalienável a todo ser humano. 2 A Constituição Brasileira de 1988 é também conhecida como Constituição Cidadã por ter sido elaborada com ampla participação da sociedade civil durante o processo de redemocratização brasileira, bem como por ter se tornado num importante instrumento para a garantia das liberdades civis e dos direitos sociais a todos os cidadãos brasileiros. 17 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Para garantir a oferta da educação pública a partir dessa ótica, torna-se necessário a promoção de uma educação que supere os entraves históricos que marcam ainda hoje o sistema educacional brasileiro e que possa estar intrinsecamente balizada, sobretudo, nos princípios de direito humano, qualidade, equidade e inclusão, formação integral, dialogicidade e multiculturalidade. Esses princípios que fundamentam este documento devem transversalizar todas as etapas, níveis e modalidades ofertadas pela educação municipal. A propósito, defender a educação pública na perspectiva de direitos humanos, por sua vez, implica reconhecer a educação como princípio constitucional que garante a dignidade da pessoa, independentemente de sua condição de classe social, étnico-racial, de gênero, de opção política, ideológica e religiosa, e de orientação sexual. A obrigatoriedade da educação como direito humano, assegurado na legislação educacional vigente no país, corresponde a [...] um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direito articulando as dimensões de apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos; a afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos; a formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente nos níveis cognitivos, sociais, éticos e políticos; o desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva; o fortalecimento de práticas individuais e sociais geradoras de ações e instrumentos a favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, assim como da reparação de suas violações. (BRASIL, 2007, p. 25). Assim sendo, entende-se que a garantia da educação como direito é assegurada ainda nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2013) como condição primeira para o exercício pleno dos direitos humanos, tanto dos direitos sociais e econômicos quanto dos direitos civis e políticos. Desse modo, à medida que os processos educacionais desenvolvem-se, o educando constitui-se de capacidade crítica e reflexiva, instrumentaliza-se de uma autonomia que o permite posicionar-se como cidadão consciente de seu papel no mundo que o cerca. Nesse sentido, a educação como processo de formação e emancipação é um meio não apenas de intervenção, mas de desenvolvimento humano e de transformação política e social. Para isso, a educação deve não apenas ser um direito garantido pela democratização do acesso, mas uma via onde a permanência com sucesso seja efetivada cotidianamente no espaço escolar. Isso nos remete a pensar numa escola onde a oferta seja de uma educação pública, gratuita, democrática e de qualidade para todos. Necessariamente, há de envidar-se esforços, integrando todos os setores da sociedade para a garantia da tão desejada educação de qualidade. Constata-se que a qualidade social da 18 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA educação só se tornará plena na escola quando todos os agentes da comunidade escolar forem capazes de encontrar “alternativas políticas, administrativas e pedagógicas que garantam o acesso, a permanência e o sucesso escolar, não apenas pela redução da evasão, da repetência e da distorção idade-ano-série,que se inserem, além da proposta pedagógica das instituições escolares. Diante desse contexto, o tempo e o espaço devem ser planejados e organizados de modo que favoreçam a aprendizagem dos estudantes e colaborem para a efetivação dos direitos que lhes são garantidos. Quando se entende a organização do espaço como uma ferramenta para a construção de um trabalho educativo de qualidade, colabora-se para que ele seja “um parceiro pedagógico de excelência. Quanto mais rico e desafiador este espaço for, mais qualificadas serão as aprendizagens das crianças” (HORN, 2004 apud PERNAMBUCO, 2018, p. 66). Assim, esses espaços físicos devem ser limpos, seguros, inclusivos, acolhedores e desafiadores, com acessibilidade, estética, ventilação, insolação, luminosidade, acústica, com higiene e interatividade, de sorte a permitir a participação efetiva nas explorações e descobertas nas relações e interações entre crianças/crianças; crianças/professor (PERNAMBUCO, 2018, p. 66, 67). Considerando as orientações no documento supracitado, percebe-se também a necessidade de promoção e adequação de espaços para a realização de atividades que permitam múltiplas experiências e que incluam os brinquedos e as brincadeiras no cotidiano infantil. Vale ressaltar ainda que a rotina na educação infantil exerce papel fundamental para que a criança se oriente na relação tempo-espaço em seu caráter de elemento estruturante das atividades sequenciais que acontecem diariamente no cotidiano das escolas. Por isso, a rotina também deve ser entendida como um instrumento norteador para o desenvolvimento do planejamento e da organização do trabalho dos docentes, o qual deverá resultar na elaboração de atividades em que o tempo seja favorável ao desenvolvimento integral das crianças. Por fim, concorda-se com Pires e Moreno (2015) quando afirmam que é fundamental considerar as necessidades dos professores da educação infantil, pois estes definirão a organização do trabalho pedagógico da rotina. Organizar a rotina com as crianças proporciona- lhes entender e compreender o tempo, além de habilitá-las a desempenhar papel ativo na construção desse contexto de aprendizagem. Outrossim, os ambientes das instituições de CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 120 educação infantil devem possibilitar, acima de tudo, a valorização das expressões e linguagens infantis; do convívio e da diversidade; da construção de valores e identidades; da cooperação e autonomia. 2.10 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM O desenvolvimento humano, na perspectiva vygotskiana, se dá na interação e mediação entre os sujeitos, considerando os aspectos motor, afetivo, sensorial, cognitivo e social. Nesse sentido, o município do Ipojuca busca alternativas que garantam essa formação global das crianças na Educação Infantil através de práticas educativas que consideram a aprendizagem uma “janela” de oportunidades para que esse desenvolvimento se dê. Para tanto, propõem-se ações organizadas e adequadas a diferentes grupos etários com foco nas brincadeiras e interações, inclusive com adultos. Para Vygotsky (1994 apud Pernambuco, 2019, p. 55), [...] a brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento do próprio pensamento da criança. É através dela que a criança se apropria do mundo real, domina conhecimentos, interage com o meio e com a cultura. Através da brincadeira, a criança imagina diferentes situações e assume diversos papéis. Para o filósofo, a essência da brincadeira está na relação do significado e da percepção visual da criança, entre situações do pensamento e situações reais. Essa relação permeia toda a atividade lúdica e indica o desenvolvimento da criança, influenciando-a na forma de encarar suas ações no mundo. Nesse sentido, a avaliação assume um papel primordial como ferramenta de reflexão e tem como foco as instituições e as práticas educativas que ali se realizam, constituindo-se em uma importante ferramenta de investigação e mediação das ações vivenciadas na escola. Não é possível avaliar apenas a aprendizagem sem considerar o contexto que se criou para que a aprendizagem aconteça. Para tanto, as instituições devem garantir práticas educativas que fujam da lógica da avaliação como medição de aprendizagem e considerem a criança como protagonista do fazer pedagógico, oportunizando a escuta sensível, em diversificadas atividades previstas no planejamento, registradas de diferentes maneiras para análises, intervenção e replanejamento. As equipes pedagógicas devem apoiar as ações que promovam o desenvolvimento individual e coletivo das crianças, nas diferentes faixas etárias, favorecendo o desenvolvimento integral do sujeito nos diferentes aspectos (sensorial, motor, cognitivo e afetivo). Como diz Hoffmann CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 121 (2018, p. 13), “[...] avaliar não é julgar, mas acompanhar3 um percurso de vida da criança, durante o qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões com a intenção de favorecer o máximo possível seu desenvolvimento”. É necessário que o profissional da educação infantil tenha um olhar investigativo, provocativo e desafiador, entendendo que a avaliação é processual e está ancorada na práxis e submetida ao desenvolvimento integral da criança nas diferentes situações de aprendizagem propostas pelos profissionais que ali estão inseridos. O professor deve ser mediador para que novas descobertas sejam realizadas por suas crianças e, ao mesmo tempo, o espectador que vai assistir, maravilhado, a esse momento de descoberta; o incentivador que busca promover o encantamento da criança e a garantia dos direitos básicos de aprendizagens para esta etapa de ensino. Segundo as DCNEI (2013, p. 95), Para acompanhar e avaliar as crianças, é importante a observação sistemática, crítica e criativa do comportamento de cada uma, dos grupos, das brincadeiras e interações entre elas no cotidiano. Além disso, é fundamental a utilização de múltiplos registros, realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.) em diversificados momentos. Conhecer as preferências das crianças, a forma de elas participarem nas atividades, seus parceiros prediletos para a realização de diferentes tipos de tarefas, suas narrativas, pode ajudar o/a professor/a a reorganizar as atividades de modo mais adequado ao alcance dos propósitos infantis e das aprendizagens coletivamente trabalhadas. Não é demais enfatizar que não devem existir práticas inadequadas de verificação da aprendizagem, tais como provinhas, nem mecanismos de retenção das crianças na Educação Infantil. É na observação que o educador encontra elementos para a elaboração de relatórios e pareceres avaliativos das crianças, como também repensa o fazer pedagógico propondo um diálogo entre a escola, os adultos, o contexto familiar e a comunidade; cria memórias da vida individual e coletiva das crianças que se constituem como material pedagógico para a reflexão do processo educativo, como base para a discussão e ressignificação das práticas educativas na perspectiva de conhecer melhor cada criança, sua individualidade, suas preferências, suas maneiras particulares de se relacionar com as diferentes situações cotidianas. Durante o período da infância, a criança vive momentos únicos de transformação, descoberta de um mundo novo a cada instante, cabendo ao professor ser o observador/mediador que irá oferecer desafios para a consolidação desse aprendizado de forma sistemática. 3 “Esse é o sentido que atribuo ao termo ‘avaliar é acompanhar’, ou seja, acompanhar, em avaliação mediadora, é permanecer atento a cada criança, pensando em suas ações e reações, ‘sentindo’, percebendo seus diferentes jeitos de ser e de aprender.” (HOFFMANN, 2018, p. 14). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 122 A documentaçãodessas observações e outros dados sobre a criança devem acompanhá-la ao longo de sua trajetória da Educação Infantil e ser entregue por ocasião de sua matrícula no Ensino Fundamental para garantir a continuidade dos processos educativos vividos pela criança (BRASIL, 2013, p. 95). Dessa forma, as equipes pedagógicas e demais profissionais das escolas municipais do Ipojuca devem atualizar o Projeto Político Pedagógico (PPP), a fim de que esse documento dialogue com outros de cunho normativo e que fundamente a prática pedagógica, fortalecendo o processo de aprendizagem e desenvolvimento da Educação Infantil, trazendo a criança para o cerne das discussões. 2.11 AS TRANSIÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CASA/CRECHE, CRECHE/PRÉ- ESCOLA E PRÉ-ESCOLA/ANOS INICIAIS A transição dos bebês e das crianças pequenas sugere momentos de muitos desafios para os educadores desta etapa de ensino. A primeira transição da Educação Infantil ocorre quando a criança deixa sua família e ingressa na instituição. Nesse momento, há uma ruptura que envolve muitos sentimentos, como em qualquer outra fase da vida, gerando inseguranças e incertezas. Sendo assim, a adaptação na Educação Infantil precisa ser compreendida na perspectiva do acolhimento. Segundo as DCNEI, caberá às instituições de Educação Infantil “[...] planejar e efetivar o acolhimento das crianças e de suas famílias” (2013, p. 95). A primeira etapa desse acolhimento dá-se na ocasião em que a família chega à escola para realizar a matrícula. Nesse momento é possível conhecer um pouco a história da criança. Sugere-se então que a equipe gestora e a equipe pedagógica viabilizem um atendimento que permita à família e à escola compartilharem suas especificidades, suas expectativas e necessidades. Pois, através do envolvimento entre a família e a escola, dos esclarecimentos das atividades que darão subsídio na aprendizagem e no desenvolvimento integral da criança, criam-se laços de respeito e admiração pelos papéis desempenhados em prol de um bem comum. Assim, uma instituição segura em relação à sua proposta pedagógica favorece o processo de acolhimento da família, do mesmo modo que uma família segura proporciona segurança à criança no momento da transição casa/creche. É importante estabelecer uma relação harmoniosa e, para tanto, pode-se recorrer às reuniões específicas, preenchimento de questionário, entrevista individual, a fim de conhecer melhor as famílias em prol da garantia do bem-estar da criança. Saber os gostos e comportamentos típicos de cada criança pode, efetivamente, amenizar inseguranças, angústias, ansiedades de ambas as partes. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 123 Após esse processo de acolhimento, a criança, gradativamente, é inserida na creche ou na pré-escola, e aos poucos cria outros laços afetivos constituídos na relação adultos/crianças mediados pelo(a) professor(a) no ambiente escolar. Portanto, o bebê e a criança pequena devem sentir-se seguros em um ambiente acolhedor e divertido que desperte a curiosidade para o mundo até então desconhecido, mas capaz de ser desvendado. O último ano da pré-escola deve ser marcado pela parceria entre instituição de Educação Infantil e escolas de Ensino Fundamental, considerando “A criança, centro do planejamento curricular [...]” e que, portanto, [...] é considerada um sujeito histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. (BRASIL, 2013. p. 86). A criança deve ser percebida como protagonista desse processo e deve ser oportunizada a ela momento de escuta e participação nas vivências diárias que englobe os princípios éticos, políticos e estéticos previstos nas DCNEI, dando continuidade aos direitos de conviver, brincar, interagir, explorar, participar e conhecer-se em ações pedagógicas planejadas, minimizando os impactos sofridos na mudança para a etapa seguinte. Faz-se necessário, então, que o planejamento pedagógico das unidades de Educação Infantil do município do Ipojuca dialoguem com as diferentes fases da Educação Infantil (creches, pré-escola) e Ensino Fundamental, cabendo a equipe pedagógica da unidade escolar manter atualizado o PPP da escola, viabilizando momentos de estudo sobre esse documento e sobre as teorias que abordam as fases do desenvolvimento infantil, que promovam troca de experiências/intercâmbio entre as turmas transitórias (creche/pré-escola, pré-escola/ensino fundamental); propiciar estudo e análise dos relatórios e pareceres pedagógicos das crianças, planejamento de aulas e projetos, valorização e socialização de práticas exitosas. Além de promover encontros e vivências em que crianças dos diferentes grupos etários da Educação Infantil e/ou da etapa subsequente, convivam em espaço coletivo, em ação pedagógica planejada sempre sob a observação intencional do adulto responsável, que ora observa e ora participa da ação, possibilitando o fortalecimento das relações constituídas nas interações durante as brincadeiras. Sendo assim, [...] para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico (BRASIL, 2017, p. 53). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 124 Nesse sentido, tomando-se por base os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento previstos na BNCC, apresenta-se um quadro síntese das aprendizagens a serem alcançadas em cada um dos campos de experiência que devem ser entendidos como elementos balizadores em toda a educação infantil e posteriormente aprofundados no ensino fundamental, não sendo considerados como pré-requisito para o acesso à etapa subsequente. Quadro 1 - Síntese das aprendizagens da Educação Infantil. SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM O eu, o outro e o nós ● Respeitar e expressar sentimentos e emoções. ● Atuar em grupo e demonstrar interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizando-se com os outros. ● Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifestando respeito pelo outro. Corpo, gestos e movimentos ● Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis. ● Apresentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir- se e no cuidado com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo. ● Utilizar o corpo intencionalmente (com criatividade, controle e adequação) como instrumento de interação com o outro e com o meio. ● Coordenar suas habilidades manuais. Traços, sons, cores e formas ● Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir com a música, percebendo-a como forma de expressão individual e coletiva. ● Expressar-se por meio das artes visuais, utilizando diferentes materiais. ● Relacionar-se com o outro, empregando gestos, palavras, brincadeiras, jogos, imitações, observações e expressão corporal. Escuta, fala, pensamento e imaginação ● Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por diferentes meios. ● Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzida. ● Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 125 ● Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão dafunção social da escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações ● Identificar, nomear adequadamente e comparar as propriedades dos objetos, estabelecendo relações entre eles. ● Interagir com o meio ambiente e com fenômenos naturais ou artificiais, demonstrando curiosidade e cuidado com relação a eles. ● Utilizar vocabulário relativo às noções de grandeza (maior, menor, igual etc.), espaço (dentro e fora) e medidas (comprido, curto, grosso, fino) como meio de comunicação de suas experiências. ● Utilizar unidades de medida (dia e noite; dias, semanas, meses e ano) e noções de tempo (presente, passado e futuro; antes, agora e depois), para responder a necessidades e questões do cotidiano. ● Identificar e registrar quantidades por meio de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de números, organização de gráficos básicos etc.). Fonte: BRASIL, 2017, p. 54. 2.12 CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS E DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO As DCNEI definem a brincadeira e as interações como eixos estruturantes das práticas pedagógicas que fundamentam o processo de construção das aprendizagens e desenvolvimento das crianças constituído nas relações com o mundo natural, físico e social ao qual estão inseridas. Dessa forma, propõem um arranjo curricular que acolhe as diversas experiências vivenciadas pelas crianças nos espaços educativos, promovidas pelo convívio entre elas e o adulto e pelos processos pedagógicos a elas submetidos nos diferentes contextos, problematizados pelos professores que instigam e articulam seus saberes, cruzando-os nos diferentes campos de atuação. Sendo assim, o município do Ipojuca considera que os Campos de Experiências trazem uma abordagem sustentada pela lógica do conhecimento e materializam-se através das experiências vivenciadas nas práticas habituais, constituindo-se em um arranjo curricular adequado à educação da criança de 0 a 5 anos e 11 meses. Nesse sentido, a escola tem um papel fundamental na atribuição de significados às diversas situações concretas que as crianças vivenciam. Para tanto, os campos de experiências buscam entrelaçar as ações vivenciadas no cotidiano das crianças com os saberes que fazem parte de nosso patrimônio cultural. De acordo com o que preconiza a BNCC (2017), os campos de experiências são: CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 126 I O EU, O OUTRO E O NÓS; II CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS; III TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS; IV ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO; VI ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES. Partindo do exposto, a Educação Infantil do município do Ipojuca, seguindo os pressupostos do currículo da Educação Infantil do Estado de Pernambuco, este construído em regime de colaboração com os entes federados e, portanto, com a participação deste município, reconhece que a concepção dos Campos de Experiências pressupõe um arcabouço coerente com práticas multidisciplinares, organizadas a partir da articulação do conhecimento, das práticas sociais e das linguagens. Segundo Fochi (2015 apud PERNAMBUCO, 2019, p. 73), esses campos apresentam: • As experiências concretas da vida cotidiana em virtude de nelas residirem situações importantes a serem consideradas e problematizadas para as crianças, tais como as atividades de higiene, alimentação, sono. • O convívio no espaço da vida coletiva nas interações com outras crianças e com os adultos. • A aprendizagem da cultura na articulação dos saberes das crianças com aqueles que a humanidade já sistematizou, na apropriação de rituais e modos de funcionamento de cada cultura. • A produção de narrativas individuais e coletivas através de diferentes linguagens, já que as crianças aprendem porque querem compreender o mundo em que vivem. • As crianças vivem suas brincadeiras de modo narrativo porque formulam e contam histórias ao mesmo tempo em que dramatizam. Nessa perspectiva, os campos de experiências superam a visão fragmentada do conhecimento, pois permitem conhecer e trabalhar as culturas plurais da criança, dialogando com a diversidade, o respeito ao próximo, o combate ao preconceito e às discriminações culturais, de gênero, étnico-raciais, de classe social. Os campos de experiências permitem ao educador desenvolver práticas diversificadas e inovadoras que fundamentem importantes processos de aprendizagens que terão continuidade nas demais etapas da Educação Básica, nas áreas de conhecimento e seus respectivos componentes curriculares, agregados na educação infantil em cinco grandes campos de atuação multidisciplinar que se complementam nos direitos e objetivos de aprendizagens e desenvolvimento. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 127 I O EU, O OUTRO E O NÓS É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo em que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos. (BRASIL, 2017, p. 36). Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do campo da experiência “O eu, o outro e o nós”: CONVIVER com crianças e adultos em pequenos e grandes grupos, reconhecer e respeitar as diferentes identidades e pertencimento étnico-racial, de gênero e de religião. BRINCAR com diferentes parceiros, envolver-se em variadas brincadeiras e jogos de regras, reconhecer o sentido do singular, do coletivo, da autonomia e da solidariedade, constituindo as culturas infantis. PARTICIPAR das situações do cotidiano, tanto daquelas ligadas ao cuidado de si e do ambiente como das relativas às atividades propostas pelo/a professor/a, e de decisões relativas à escola, aprendendo a respeitar os ritmos, os interesses e os desejos das outras pessoas. EXPLORAR ambientes e situações, de diferentes formas, com pessoas e grupos sociais diversos, ampliando a sua noção de mundo e sua sensibilidade em relação aos outros. CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 128 EXPRESSAR as outras crianças e/ou adultos suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, oposições, utilizando diferentes linguagens, de modo autônomo e criativo, e empenhando-se em entender o que os outros expressam. CONHECER-SE nas interações e construir uma identidade pessoal e cultural, valorizar suas próprias características e as das outras crianças e adultos, constituindo uma confiança em si e uma atitude acolhedora e respeitosa em relação aos outros. (PERNAMBUCO, 2019, p. 73-74, grifo original). II CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro,sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.). (BRASIL, 2017, p. 36-37). Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do campo de experiência “Corpo, gestos e movimentos”: CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 129 CONVIVER com crianças e adultos e experimentar, de múltiplas formas, a gestualidade que marca sua cultura e está presente nos cuidados pessoais, dança, música, teatro, artes circenses, jogos, escuta de histórias e brincadeiras. BRINCAR, utilizando movimentos para se expressar, explorar espaços, objetos e situações, imitar, jogar, imaginar, interagir e utilizar criativamente o repertório da cultura corporal e do movimento. PARTICIPAR de diversas atividades de cuidados pessoais e do contexto social, de brincadeiras, encenações teatrais ou circenses, danças e músicas; desenvolver práticas corporais e autonomia para cuidar de si, do outro e do ambiente. EXPLORAR amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas; descobrir modos de ocupação e de uso do espaço com o corpo e adquirir a compreensão do seu corpo no espaço, no tempo e no grupo. EXPRESSAR, corporalmente, emoções, ideias e opiniões, tanto nas relações cotidianas como nas brincadeiras, dramatizações, danças, músicas, contação de histórias, dentre outras manifestações, empenhando-se em compreender o que outros também expressam. CONHECER-SE nas diversas oportunidades de interações e explorações com seu corpo; reconhecer e valorizar o seu pertencimento de gênero, étnico-racial e religioso. (PERNAMBUCO, 2019, p. 75, grifo original). III TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 130 espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem da cultura e a reconfigurem permanentemente e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas. (BRASIL, 2017, p. 37). Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do campo de experiência “Traços, sons, cores e formas”: CONVIVER e fruir das manifestações artísticas e culturais da sua comunidade e de outras culturas – artes plásticas, música, dança, teatro, cinema, folguedos e festas populares – ampliando a sua sensibilidade, desenvolvendo senso estético, empatia e respeito às diferentes culturas e identidades. BRINCAR com diferentes sons, ritmos, formas, cores, texturas, objetos, materiais, construindo cenários e indumentárias para brincadeiras de faz de conta, encenações ou para festas tradicionais, enriquecendo seu repertório e desenvolvendo seu senso estético. PARTICIPAR de decisões e ações relativas à organização do ambiente (tanto no cotidiano como na preparação de eventos especiais), à definição de temas e à escolha de materiais a serem usados em atividades lúdicas e teatrais, entrando em contato com manifestações do patrimônio cultural, artístico e tecnológico, apropriando se de diferentes linguagens. EXPLORAR variadas possibilidades de usos e combinações de materiais, substâncias, objetos e recursos tecnológicos para criar e recriar danças, artes visuais, encenações teatrais, músicas, escritas e mapas, apropriando-se de diferentes manifestações artísticas e culturais. EXPRESSAR, com criatividade e responsabilidade, suas emoções, sentimentos, necessidades e ideias, brincando, cantando, dançando, esculpindo, desenhando, encenando, compreendendo e usufruindo o que é comunicado pelos demais colegas e pelos adultos. CONHECER-SE, no contato criativo com manifestações artísticas e culturais locais e de outras comunidades, identificando e valorizando o seu pertencimento étnico-racial, de CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 131 gênero e de crença religiosa, desenvolvendo sua sensibilidade, criatividade, gosto pessoal e modo peculiar de expressão por meio do teatro, música, dança, desenho e imagens. (PERNAMBUCO, 2019, p. 78-79, grifo original). IV ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO Ainda no ventre da mãe, o bebê participa de situações comunicativas, pois, nesse momento, as palavras proferidas pela genitora em tom carinhoso, sussurradas numa comunicação de afeto e confiança, preparam a criança para o mundo. Esse repertório será ampliado após seu nascimento nas relações com quem dele cuida e embala ao som das cantigas de ninar, dos acalantos e dos brincos4 presentes em todas as culturas, criando os primeiros vínculos afetivos e comunicativos com os bebês que, por sua vez, interagem através dos “[...] movimentos do seu corpo, do olhar, da postura corporal, do sorriso, do choro e de outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro” (BRASIL, 2017, p. 42). Portanto, tais experiências vivenciadas na infância servirão de base para as crianças irem “[...] progressivamente ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação” (BRASIL, 2017, p. 42). Sendo assim, deve-se pensar a Educação Infantil como espaço significativo de resgate das culturas populares que insere a literatura infantil, nesse contexto, dando-lhe a importância merecida nas práticas pedagógicas com intencionalidade educativa, despertando na criança o gosto pela escuta/leitura, o estímulo à imaginação, à ampliação do pensamento que se configura como uma necessidade de todos os homens e uma importante forma de conhecimento de si mesmo, dos outros e do mundo, de ordenação da existência e da humanização. Segundo Cândido (2004,p. 175), “[...] a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo”. 4 Brincos são as brincadeiras rítmico-musicais com que os adultos entretêm e animam as crianças, como “Serra, serra, serrador, serra o papo do vovô”, e suas muitas variantes encontradas pelo país afora, que é cantarolado enquanto se imita o movimento do serrador. “Palminhas de guiné, pra quando papai vier...”, “Dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos...”, “Upa, upa, cavalinho...” são exemplos de brincos que, espontaneamente, os adultos realizam junto aos bebês e crianças (PORTAL EDUCAÇÃO, 2020, online). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 132 Dessa forma, a literatura infantil deve aprimorar a relação do bebê e da criança com a linguagem, promovendo, através das práticas pedagógicas, vivências de experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, considerando-se que falar e ouvir são atividades primárias, “[...] pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que esse pequeno se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social” (BRASIL, 2017, p. 42). Cabe, então, a instituição de educação infantil promover a familiaridade da criança com livros de diferentes gêneros literários, pois esse acesso, além de ser um direito, deve caracterizar-se como uma experiência pessoal na qual a criança ao explorá-la o faça brincando, adquirindo, de modo próprio e gradativo, de acordo com seu próprio ritmo, familiaridade com a escrita, promovendo assim seu ingresso progressivo no mundo letrado em que As crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram, por meio de contextos sociais funcionais, que a escrita é um objeto interessante que merece ser conhecido (como tantos outros objetos da realidade aos quais dedicam seus melhores esforços intelectuais) (FERREIRO, 1999, p. 25). Contudo, “[...] a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer.” (BRASIL, 2017, p. 42). É natural que elas manifestem curiosidades, uma vez que o que as levam a pensar sobre a escrita e a construírem hipóteses para responder suas indagações é a participação ativa em práticas sociais nas quais a leitura e a escrita são elementos fundamentais para as interações. Para isso, é essencial que haja interlocução, mediações eficazes e instigadoras. Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação”: CONVIVER com crianças e adultos, compartilhando situações comunicativas cotidianas, constituindo modos de pensar, imaginar, sentir, narrar, dialogar e conhecer. BRINCAR com parlendas, trava-línguas, adivinhas, textos de memória, rodas, brincadeiras cantadas e jogos, ampliando o repertório das manifestações culturais da CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 133 tradição local e de outras culturas, enriquecendo a linguagem oral, corporal, musical, dramática, escrita, dentre outras. PARTICIPAR de rodas de conversa, de relatos de experiências, de contação e leitura de histórias e poesias, de construção de narrativas, da elaboração e descrição de papéis no faz de conta, da exploração de materiais impressos, analisando as estratégias comunicativas, as variedades linguísticas e descobrindo as diversas formas de organizar o pensamento. EXPLORAR gestos, expressões, sons da língua, rimas, imagens, textos escritos, além dos sentidos das falas cotidianas, das palavras nas poesias, parlendas, canções e nos enredos de histórias, apropriando-se desses elementos para criar novas falas, enredos, histórias e escritas, convencionais ou não. EXPRESSAR sentimentos, ideias, percepções, desejos, necessidades, pontos de vista, informações, dúvidas e descobertas, utilizando múltiplas linguagens, entendendo e considerando o que é comunicado pelos colegas e adultos. CONHECER-SE, a partir de uma apropriação autoral da(s) linguagem(ns), interagindo com os outros, reconhecendo suas preferências por pessoas, brincadeiras, lugares, histórias. (PERNAMBUCO, 2019, p. 77-78, grifo original). VI ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 134 de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano. (BRASIL, 2017, p. 38-39). Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do campo de experiência “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”: CONVIVER com crianças e adultos e com eles criar estratégias para investigar o mundo social e natural, demonstrando atitudes positivas em relação a situações que envolvam diversidade étnico-racial, ambiental, de gênero, de língua, de religião. BRINCAR com materiais e objetos cotidianos, associados a diferentes papéis ou cenas sociais, e com elementos da natureza que apresentam diversidade de formas, cheiros, cores, tamanhos, pesos, densidades, experimentando possibilidades de transformação. PARTICIPAR de atividades que oportunizem a observação de contextos diversos, atentando para características do ambiente e das histórias locais, utilizando ferramentas de conhecimento e instrumentos de registro, orientação e comunicação, como bússola, lanterna, lupa, máquina fotográfica, gravador, filmadora, projetor, computador e celular. EXPLORAR e identificar as características do mundo natural e social, nomeando-as, reagrupando-as e ordenando-as, segundo critérios diversos. EXPRESSAR suas observações, hipóteses e explicações sobre objetos, organismos vivos, fenômenos da natureza, características do ambiente, personagens e situações sociais, registrando-as por meio de desenhos, fotografias, gravações em áudio e vídeo, escritas e outras linguagens. CONHECER-SE e construir sua identidade pessoal e cultural, identificando seus próprios interesses na relação com o mundo físico e social, apropriando-se dos costumes, das crenças e tradições de seus grupos de pertencimento e do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico. (PERNAMBUCO, 2019, p. 80-81, grifo original). CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 135 2.13 ORGANIZADORCURRICULAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL 2.13.1 Estruturação do Organizador O organizador curricular proposto pelo município do Ipojuca desenha uma estruturação que contempla os grupos etários – bebês (de zero a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (de 4 anos a 5 anos e 11 meses) – apresentados na BNCC e no Currículo de Pernambuco. Figura 1: Organização da Educação Infantil, 2020. FONTE: Adaptado da BNCC (BRASIL, 2017). Portanto, na Educação Infantil, o quadro de cada faixa etária organiza-se em cinco colunas – relativas aos campos de experiência – nas quais estão detalhados os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Para a compreensão dos objetivos, é importante fazer a leitura atenciosa sobre o que cada campo de experiência e seus respectivos direitos apresentam, considerando que essa leitura acurada possibilite a formulação de estratégias pedagógicas que darão concretude às orientações curriculares, a exemplo: CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 136 ● As crianças apresentam ritmos de aprendizagem e desenvolvimento diferenciados e, consequentemente, precisam ser acompanhadas considerando a sua maturação cognitiva. ● É importante reiterar que os objetivos propostos são flexíveis e, ainda que não sejam alcançados, não implicam problemas de aprendizagem. ● No organizador curricular, os campos de experiências e os objetivos apresentam-se em colunas distintas, mas, na prática educativa, eles estão articulados nas experiências cotidianas das crianças. ● Na descrição dos objetivos de aprendizagem, há uma relação de continuidade e progressividade de um grupo etário para o outro, como também entre os Campos de Experiências. (PERNAMBUCO, 2019). Na descrição dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento foram utilizados códigos, a exemplo: Quadro 3 - Código alfanumérico dos objetivos de aprendizagem da Educação Infantil. CÓDIGO ALFANUMÉRICO (EI02CG04IP) (EI02CG04PE-IP) EI O primeiro par de letras indica a etapa da Educação Infantil. 02 O primeiro par de números indica o grupo por faixa etária: 01 = Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) 02 = Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) 03 = Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) CG O segundo par de letras indica o campo de experiências: EO = O eu, o outro e o nós CG = Corpo, gestos e movimentos TS = Traços, sons, cores e formas EF = Escuta, fala, pensamento e imaginação ET = Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações 04 O último par de números indica a posição do objetivo na numeração sequencial do campo de experiências para cada grupo/faixa etária. PE-IP O sistema municipal de ensino validou o objetivo de aprendizagem e desenvolvimento do Currículo de Pernambuco. IP O sistema municipal de ensino modificou e/ou construiu um novo objetivo de aprendizagem e desenvolvimento a partir do Currículo de Pernambuco. FONTE: Adaptado de PERNAMBUCO, 2019, p. 83-84. O R G A N IZ A D O R C U R R IC U L A R E d u ca çã o I n fa n ti l 138 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 2.13.2 Organizador Curricular da Educação Infantil FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI01EO01IP) Perceber que suas ações têm efeitos em si, nas outras crianças, nos adultos e no meio em que vive, constituindo relações de amizade, em diversos ambientes sociais e culturais, a partir de situações do cotidiano e de brincadeiras. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI01CG01PE-IP) Movimentar as partes do corpo para expressar emoções, necessidades e desejos, ampliando suas estratégias comunicativas. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI01TS01PE-IP) Explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF01PE-IP) Reconhecer quando é chamado por seu nome e reconhecer os nomes de pessoas com quem convive, interagindo em balbucios e conversas. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET01PE-IP) Explorar e descobrir as propriedades de objetos e materiais concretos (odores, cores, sabores, temperaturas, consistências, texturas e formas). 139 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI01EO02PE-IP) Perceber suas possibilidades e os limites de seu corpo nas brincadeiras e interações das quais participa no seu convívio social. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI01CG02PE-IP) Experimentar as possibilidades corporais nas brincadeiras e interações, em ambientes internos e ao ar livre, acolhedores e desafiantes, que possibilitem a autonomia dos bebês. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI01TS02PE-IP) Traçar marcas gráficas, em diferentes suportes (papelão, parede, chão, caixas, madeiras, etc.) usando o próprio corpo e instrumentos riscantes e tintas. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF02PE-IP) Demonstrar interesse ao ouvir a leitura de poemas e músicas, valorizando a tradição oral. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET02PE-IP) Explorar relações de causa e efeito (transbordar, tingir, misturar, mover e remover, etc.) na interação com o mundo físico. 140 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI01EO03PE-IP) Interagir com crianças da mesma e de outras faixas etárias e com adultos, ao explorar espaços, materiais, objetos, brinquedos e brincadeiras. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI01CG03PE-IP) Imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos, animais, objetos, elementos e fenômenos da natureza, entre outros. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI01TS03PE-IP) Explorar diferentes fontes sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias, valorizando as manifestações e tradições culturais. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF03PE-IP) Demonstrar interesse ao ouvir histórias lidas ou contadas, observando as ilustrações e os movimentos de leitura do adulto-leitor (modo de segurar o portador e de virar as páginas). ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET03PE-IP) Explorar o ambiente pela ação e observação, manipulando, experimentando e fazendo descobertas, identificando nos seres vivos, tamanho, cheiro, som, cores, e percebendo o movimento de pessoas e etc. 141 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI01EO04PE-IP)Comunicar necessidades, desejos e emoções, utilizando gestos, balbucios, palavras. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI01CG04PE-IP) Participar das rotinas usando o corpo, as expressões faciais e a voz para comunicar suas reações nos momentos de cuidado e da promoção de seu bem-estar, durante a troca de fraldas, banho, alimentação, descanso, etc. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI01TS04PE-IP)Perceber a intensidade dos sons e dos ritmos, movimentando-se de acordo com a melodia. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF04PE-IP) Reconhecer elementos das ilustrações de histórias dos livros, por si só ou a pedido do adulto-leitor. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET04PE-IP)Manipular, experimentar, arrumar e explorar diferentes espaços com diversos desafios, por meio de experiências de deslocamentos de si e dos objetos. 142 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI01EO05PE-IP) Reconhecer as sensações do seu corpo em momentos de alimentação, higiene, brincadeira e descanso. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI01CG05PE-IP) Brincar de utilizar os movimentos de preensão, encaixe e lançamento, ampliando suas possibilidades de manuseio de diferentes materiais e objetos na interação com outras crianças e adultos. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI01TS05IP) Manipular objetos (caixas, cilindros, caixotes, etc) de tamanhos variados que sirvam como suporte para estimular a autonomia, para se levantar e se locomover. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF05PE-IP) Imitar as variações de entonação e gestos realizados pelos adultos ao ler histórias e ao cantar, experimentando as múltiplas linguagens. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET05PE-IP) Manipular materiais diversos e variados para perceber as diferenças e semelhanças entre eles. 143 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI01EO06PE-IP) Interagir com outras crianças da mesma e de outras faixas etárias e com adultos, adaptando-se ao convívio sociocultural, através de experiências cotidianas lúdicas. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI01CG06PE-IP) Participar de Brincadeiras que possibilitem exploração de formas básicas do movimento (dançar, saltar, girar, cair, deslocar-se, gesticular, etc.). TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF06PE-IP) Comunicar-se com outras pessoas usando movimentos, gestos, balbucios, fala e outras manifestações expressivas. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET06PE-IP) Vivenciar diferentes ritmos, velocidades e fluxos nas interações e brincadeiras (em danças, balanços, escorregos, etc.). 144 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI01EO07IP)Vivenciar experiências de troca, divisão e compartilhamento de lanches com os pares e com os adultos para demonstrar suas preferências e construir comportamento solidário. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI01CG07IP) Explorar diversos brinquedos e objetos sensoriais em atividades individuais e coletivas com as crianças de sua faixa etária e de faixas etárias diferentes com autonomia. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF07PE-IP) Conhecer e manipular materiais impressos e audiovisuais em diferentes portadores (livro, revista, gibi, cartaz, CD, etc.) demonstrando preferência por alguns. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET07PE-IP) Vivenciar brincadeiras que despertem interesse e curiosidade por fenômenos da natureza (chuva, seca, vento, correnteza, etc.). 145 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF08PE-IP) Participar de situações de escuta de textos em diferentes gêneros textuais (parlendas, poemas, canções e histórias). ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET08PE-IP) Experimentar livremente as diversas formas de deslocamento no espaço (correr, pular, andar, engatinhar, rolar, subir, descer entre outros). 146 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF09PE-IP) Conhecer e manipular diferentes suportes de escrita, (livros variados, como: livro brinquedo, livro de imagem, livro com texto, CD e recursos audiovisuais). ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI01ET09PE-IP) Explorar o ambiente natural externo da unidade por meio de passeios. 147 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF10IP) Apreciar a escuta de histórias clássicas e contemporâneas da literatura infantil, vivenciando momentos de montagem de personagens com apoio de ateliês de faz de conta. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES 148 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: BEBÊS (ZERO A 1 ANO E 6 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI01EF11IP) Brincar de faz de conta com manipulação de livro de historinhas já vivenciadas. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES 149 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO01IP) Demonstrar e valorizar atitudes de cuidado, solidariedade e respeito na interação com crianças, adultos e com o ambiente socio-cultural nas atividades cotidianas. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI02CG01PE-IP) Explorar gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nas diversas brincadeiras corporais e de faz de conta. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS01PE-IP) Criar sons com materiais, objetos e instrumentos musicais para acompanhar diversos ritmos e músicas por meiode brincadeiras, valorizando as diferentes culturas. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF01PE-IP) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos, opiniões, aprendizagens e experiências. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET01PE-IP) Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e propriedades dos objetos (textura, massa, tamanho, etc.), através da manipulação do material concreto. 150 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO02IP) Demonstrar imagem positiva de si e apreciar a imagem do outro, a fim de construir confiança para evitar ou enfrentar dificuldades e desafios nos contextos de multiculturalidade. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI02CG02PE-IP) Deslocar seu corpo no espaço, orientando-se por noções como: em frente, atrás, em cima, embaixo, dentro, fora, etc., ao se envolver em brincadeiras diversas, valorizando as explorações dos ambientes internos e externos das instituições. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS02PE-IP) Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar, etc.), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e volumes ao criar objetos tridimensionais. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF02PE-IP) Identificar e criar ludicamente diferentes sons, reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e textos poéticos. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET02PE-IP) Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.). 151 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO03PE-IP) Compartilhar, explorar e organizar os objetos e os espaços com crianças e adultos. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI02CG03PE-IP) Explorar formas de deslocamentos no espaço (pular, saltar, dançar, correr, etc.), combinando movimentos e orientações diversas que estejam relacionadas ao prazer e as conquistas dos desafios alcançados. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS03PE-IP) Utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente (cantos dos pássaros, barulho do vento, da chuva e etc.) em canções, músicas, melodias e brincadeiras cantadas de diferentes culturas. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02TS03PE-IP) Utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente (cantos dos pássaros, barulho do vento, da chuva e etc.) em canções, músicas, melodias e brincadeiras cantadas de diferentes culturas. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET03PE-IP) Compartilhar e explorar, com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços da instituição e fora dela, despertando para consciência ambiental e a formação cidadã. 152 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO04PE-IP) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê- los e fazendo-se compreender. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI02CG04PE-IP) Demonstrar progressiva valorização das características do seu corpo nas diversas atividades das quais participa, como momento de cuidado de si e do outro. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS04PE-IP) Apreciar as diversas manifestações artísticas (visuais e musicais), respeitando suas produções e as do outro. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF04IP) Formular e responder perguntas oralmente sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos a partir das ilustrações de elementos apresentados. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET04PE-IP) Identificar relações espaciais (dentro e fora, em cima, embaixo, acima, abaixo, longe e perto, entre e do lado) e temporais (antes, durante e depois), em diversas situações do cotidiano. 153 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO05PE-IP) Perceber que as pessoas têm preferências e características físicas diferentes (altura, cor de olhos, cor da pele, tipos de cabelos, etc.), respeitando essas diferenças. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI02CG05PE-IP) Desenvolver progressivamente, num contexto significativo e prazeroso, habilidades manuais para desenhar, pintar, rasgar, folhear entre outras. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS05PE-IP) Produzir diferentes Instrumentos musicais com apoio do adulto, utilizando materiais reciclados e valorizando a sua construção. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF05PE-IP) Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos entre outros. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET05PE-IP) Classificar objetos, a partir de determinados atributos (tamanho, massa, cor, forma, espessura, etc.), utilizando materiais concretos. 154 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO06IP) Fazer uso de normas sociais, participando de brincadeiras, pertencentes à cultura local, regional e nacional. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI02CG06IP) Demonstrar interesse em escolher personagens entre várias opções para caracterização, atuação e imitação de seus gestos e modos de acordo com as histórias trabalhadas. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS06PE-IP) Expressar-se livremente através de variadas estratégias e linguagens, utilizando variadas cores, traços e sons para expressar a sua percepção. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF06PE-IP) Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens, objetos ou temas sugeridos. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET06PE-IP) Utilizar conceitos básicos (agora, depois, depressa, devagar), nas situações diversas do cotidiano. 155 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO07PE-IP) Utilizar suas habilidades comunicativas, ampliando a compreensão das mensagens dos colegas para resolução de conflitos. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI02CG07IP)Apreciar e vivenciar a interpretação cênica de histórias infantis clássicas e contemporâneas. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS07PE-IP) Expressar livremente emoções, necessidades e ideias, através de suas produções artísticas, nas interações e brincadeiras. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF07PE-IP) Manusear diferentes portadores textuais (livros, revistas, gibis, Jornais, cartazes, etc.), demonstrando reconhecer seus usos sociais. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET07PE-IP) Contar oralmente objetos, pessoas, livros, etc., nas situações diversas e em contextos significativos. 156 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI02EO08IP) Reconhecer as letras de seu primeiro nome e dos colegas nos momentos de chamadas diárias, por meio da manipulação de diversos materiais (argila, massinha, vazada, cordão, areia, etc) CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI02TS08IP) Manipular as letras de seu primeiro nome no formato bastão para conhecimento, reconhecimento e reprodução livre. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF08PE-IP) Explorar textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com diferentes gêneros textuais (parlendas, histórias de aventura, tirinhas, cartazes de sala, cardápios, notícias, etc.). ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI02ET08PE-IP) Registrar quantidades em diferentes formas (números, gráficos, objetos, etc.), nas situações diversas e em contextos significativos. 157 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF09PE-IP) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos, de forma espontânea e significativa (convites de festas de aniversários, bilhetes, cartões, etc.). ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES 158 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF10PE-IP) Produzir textos coletivamente (relatos de passeios, agenda do dia, listas diversas, entre outros), tendo o professor como escriba, grafando em letra maiúscula de imprensa (letra bastão). ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES 159 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF11PE-IP) Reconhecer a escrita do seu primeiro nome, grafado em letra maiúscula de imprensa (letra bastão), em situações significativas. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES 160 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS BEM PEQUENAS (1 ANO E 7 MESES A 3 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI02EF12PE-IP) Interessar-se pela escrita de outras palavras significativas, além do seu próprio nome. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES 161 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO01IP) Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes caracteristicas, sentimentos, necessidades e maneiras de pensar, agir, falar e ser, respeitando as diferenças sociais, religiosas, étnico- raciais, culturais e de gênero, bem como deficiências físicas e intelectuais. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI03CG01PE-IP) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro, música, favorecendo a liberdade de expressão e construindo uma imagem positiva de si mesmo. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI03TS01PE-IP) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações, criações musicais, festas, valorizando a diversidade cultural. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF01PE-IP) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão, comunicando-se com diferentes intenções e em diferentes contextos. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET01PE-IP) Estabelecer relações de comparação entre objetos, observando suas propriedades e especificidades. 162 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO02PE-IP) Agir de maneira independente, perseverando frente a desafios e conflitos, confiando em suas capacidades, reconhecendo suas conquistas e limitações. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI03CG02PE-IP) Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias, rodas de conversas, atividades artísticas e culturais entre outras possibilidades. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI03TS02PE-IP) Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura, modelagem, gravura, fotografia, escultura, visitas a museus e locais de produção e divulgação de arte visual, criando produções bidimensionais e tridimensionais, valorizando as produções individuais e coletivas. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF02PE-IP) Inventar brincadeiras cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações e ritmos, valorizando a diversidade cultural. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET02PE-IP) Observar e descrever mudanças em diferentesmateriais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais. 163 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO03PE-IP) Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação, percebendo e respeitando o outro nas suas diferenças. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI03CG03PE-IP) Criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras, jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música que possibilitem a expressão das suas preferências, interesses e necessidades, através da exploração e valorização da cultura regional. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI03TS03PE-IP) Reconhecer as qualidades do som como duração (curtos ou longos), altura (graves ou agudos), intensidade (fracos e fortes) ou timbre (que qualifica os sons a partir da fonte que os origina) utilizando-os em suas produções sonoras nas brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF03IP) Folhear livros e escolher aqueles que mais gostam para ler, procurando orientar-se por temas e ilustrações, tentando identificar letras e palavras conhecidas. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET03IP) Identificar e selecionar fontes de informações, para responder a questões sobre a natureza, seus fenômenos, sua conservação, destacando a especificidade local e regional. 164 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO04PE-IP) Comunicar suas ideias e sentimentos a pessoas e grupos diversos, identificando suas emoções e regulando-as quando necessário, através de experiências positivas. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI03CG04PE-IP) Adotar hábitos de autocuidado relacionados à higiene, à alimentação, ao conforto e à aparência, através de ações com o próprio corpo, valorização de alimentos saudáveis e interesse pela participação do cuidado nos espaços coletivos. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI03TS04PE-IP) Perceber a intensidade dos sons e os ritmos das melodias ecoados do próprio corpo, o que lhe estimulará a produzir outros sons e ritmos. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF04PE-IP) Criar e/ou recontar histórias ouvidas e planejar coletivamente roteiros de vídeos e de encenações, definindo os contextos, os personagens, a estrutura da história, criando cenários, trama, ação e intenção dos personagens, sequência cronológica entre outros. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET04PE-IP) Registrar observações, manipulações e medidas, usando múltiplas linguagens (oral, desenho, registro por números ou escrita espontânea), em diferentes suportes. 165 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO05PE-IP) Demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as características dos outros (crianças, adultos e idosos) com os quais convive. Aceitando e adaptando-se ao grupo social em que está inserido. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS (EI03CG05PE-IP) Coordenar suas habilidades manuais (Empilhar, encaixar, rosquear, pinçar, chutar, arremessar, receber etc.) no atendimento adequado a seus interesses e necessidades em situações diversas. TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS (EI03TS05PE-IP) Desenvolver habilidades de apreciação e leitura de imagens das artes visuais, desenhos, quadros, audiovisuais, fotografias, esculturas entre outros. ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF05PE-IP) Recontar histórias ouvidas para produção de reconto escrito, ampliando e desenvolvendo sua imaginação e oralidade, tendo o professor como escriba, grafando em letra maiúscula de imprensa (letra bastão). ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET05PE-IP) Classificar objetos e figuras de acordo com suas semelhanças e diferenças. 166 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO06PE-IP) Manifestar interesse em (re) conhecer pessoas de sua comunidade (padeiro, pescador, roceiro, comerciante, etc.), e de outros grupos sociais, respeitando as diversas culturas e modos de vida. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF06PE-IP) Produzir seus próprios textos orais e escritos (escrita espontânea), em situações com função social significativa a partir de seus conhecimentos prévios. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET06PE-IP) Relatar fatos importantes sobre seu nascimento e desenvolvimento, valorizando o conhecimento de si mesmo, história dos seus familiares e da sua comunidade. 167 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO07PE-IP) Usar diferentes estratégias simples para resolver problemas relacionais, buscando compreender a posição e sentimento do outro, pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas interações com crianças, jovens, adultos e idosos. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF07IP) Levantar hipóteses sobre gêneros textuais (conto, fábula, poema, receita, convite, bilhete, listas com os nomes das crianças, entre outros) veiculados em portadores conhecidos (livro de história infantil livro de receitas, jornais, revistas entre outros) recorrendo a estratégias de observação gráfica e/ou de leitura. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET07PE-IP) Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o antes, o depois e o entre em uma sequência a partir das brincadeiras e em diferentes situações cotidianas. 168 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS (EI03EO08IP) Conhecer e explorar os espaços do cotidiano, com atitude de curiosidade, desenvolvendo o sentimento de pertencimento local e regional. CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF08PE-IP) Selecionar livros e textos de gêneros conhecidos e variados para a leitura de um adulto e/ou para sua própriamas também pelo aprendizado efetivo.” (LIMA, 2014, p. 25). É com base nesse pressuposto que a qualidade da educação torna-se fundamental para que a escola exerça plenamente e com efetividade a sua função social: o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem. O princípio básico da qualidade social da educação deve transcender as marcas do fracasso escolar e das desigualdades enunciadas pela falta de igual oportunidade ao acesso, à promoção e ao sucesso tão presentes nas nossas práticas educativas. Defender uma educação pública e para todos significa trazer para o centro da escola o debate das condições de igualdade no acesso e permanência com sucesso dos alunos no ambiente escolar. Isso é pensar para além da igualdade, mas de uma equidade que seja propulsora para que todos os alunos alcancem uma aprendizagem significativa. A promoção da equidade requer, sobretudo, a capacidade de reconhecer a pluralidade de nossas demandas, constatando que as diferenças encontradas nos espaços escolares são decorrentes de uma ampla diversidade geográfica e sociocultural que singularizam o município do Ipojuca. Para isso, deve instigar o respeito a essas diferenças com vistas a possibilitar o acolhimento de todos e a oferta de uma educação em espaços e tempos pedagógicos de acordo com as suas especificidades. Incluir está para além de trazer para perto. Nessa diversidade, o desafio é tornar o ambiente escolar um espaço de acolhimento, convivência, respeito e de igualdade de oportunidades, observando e apoiando os estudantes que necessitam de um esforço maior e de condições específicas para o desenvolvimento da aprendizagem. Outrossim, dissipar as formas de discriminação e preconceito, priorizando e respeitando a diversidade em suas múltiplas formas, será um dos caminhos a ser trilhado para a superação do fracasso e o alcance do almejado sucesso nesta rede de ensino. Um outro aspecto importante a ser considerado é a educação integral, premissa da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) para a educação brasileira. Nesse sentido, pressupõe-se o desenvolvimento humano global dos estudantes para a construção de uma sociedade mais justa, democrática, inclusiva, sustentável e solidária. A prática educativa deve estar alicerçada em todas as suas dimensões, quer seja, intelectual, física, emocional, social e cultural. Diferentemente do que se defendeu em momentos pretéritos, a escola deve preocupar- 19 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA se com uma formação humana mediante as exigências da atualidade, onde o desenvolvimento de suas ações priorize a aprendizagem nas diferentes formas não estando focadas apenas nos procedimentos de ensino. Desse modo, é tarefa dos que se debruçam a pensar a escola suscitar o engajamento de todos para repensar não apenas os ambientes de aprendizagem, mas também as suas opções metodológicas. Se por um lado o aluno deve se tornar um sujeito no processo de construção de conhecimento, o professor como mediador deve tornar significativo o conteúdo por meio dos objetivos atitudinais, procedimentais e conceituais, contextualizando o que deve ser apreendido, apontando a transversalidade dos saberes e a construção de alternativas para a vivência da interdisciplinaridade. Entretanto, numa perspectiva freireana, pensar numa formação integral é apontar o diálogo como uma necessidade existencial que evidencia o encontro dos seres humanos. Enfatizar a prática do diálogo como princípio para a construção de uma educação democrática suplanta a ideia de pensar o diálogo como comunicação entre as pessoas. Isso é apontado por Mendonça (2008) a partir de uma releitura das clássicas obras de Paulo Freire, a exemplo da Educação como prática da liberdade, ao apontar uma educação alicerçada na dialogicidade, e Educação e atualidade brasileira, afirmando o diálogo como um compromisso do ser humano com a sua própria existência e como fruto de uma consciência capaz de apreender a realidade de modo problematizado e crítico. Já a Pedagogia do Oprimido e Conscientização assinalam que esse diálogo não deve reduzir-se a depositar ideias nos outros nem tão pouco converter-se num simples intercâmbio de ideias a serem consumidas pelos permutantes, nem numa discussão hostil, polêmica entre os homens que buscam anular o outro para impor a sua própria verdade. O ato dialógico é um ato de humanização entre os homens que se apoia no amor, no respeito ao outro, na humildade e crença no próprio ser humano. Nesse sentido, a educação como base e o currículo como instrumento para a transformação social apoiam-se nas práticas educativas que promovam a capacidade do encontro e da construção coletiva, da reflexão, da crítica e do diálogo como meios de superação das relações autoritárias, antidialógicas e desumanizadoras. Essas relações, ainda tão presentes no cenário da realidade educacional, inviabilizam a capacidade de “estarmos no mundo” e “com o mundo” como agentes que, mais do que pensam, exercem a práxis, e, se pensam e mudam, lutam efetivamente para a educação acontecer. Mas, se o diálogo é uma condição essencial para a dimensão democrática da educação, esta se torna indispensável para a efetividade da escola como um lugar eminentemente plural. 20 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Essa condição reafirma o papel da escola como um espaço de exercício do diálogo entre as diferentes culturas, onde o currículo deve ser pensado, construído e implementado numa dimensão mais ampla e multicultural numa sociedade que se torna cada vez mais seletiva, excludente e desigual. Assim, no dizer de Mendonça (2008, p. 141) compreende-se a multiculturalidade como uma ação de resistências às ideologias reprodutoras de discriminação e como possibilidade de construção de atitudes democráticas viabilizadoras de convivências sociais humanizadas entre as diversas culturas, na intenção da concretização da unidade na diversidade. É uma construção histórica, fruto de um processo de luta e embate social, não sendo fenômeno natural, espontâneo. Nessa perspectiva, sendo o ato de produzir cultura própria dos seres humanos, apreendida e produzida apenas pelos diferentes grupos sociais, é necessário o entendimento de que cultura é tudo aquilo que é produzido pela humanidade, seja no plano concreto ou no plano imaterial. Reconhecer a pluralidade cultural presente na escola em suas diferentes faces, promovendo a ruptura da hierarquização que acentua o preconceito e a discriminação cultural, poderá ser uma possibilidade para contemplar e valorizar a cultura do estudante no bojo da proposta curricular e pedagógica. Sendo assim, para atender a esse propósito, é preciso abrir espaço para um diálogo intercultural crítico e solidário, em que a cultura, percebida como complexo de conhecimentos e de toda habilidade humana empregada socialmente, consolide práticas educativas que favoreçam a transposição de uma pluriculturalidade ou diversidade cultural através da interculturalidade (diálogo entre as culturas e das culturas), numa multiculturalidade (SOUZA, 2004). Com esse olhar multicultural focado no ambiente escolar, é possível pensar numa educação pautada no contexto real dos educandos que construa a autonomia, a criticidade e a prática da liberdade humana. Ressalta-se, porém, que os princípios desse documento são orientadores e devem ser considerados de forma integrada na sua totalidade, além de considerados indissociáveis para o fomento e a consolidação da educação municipal. Ademais, são estruturadores para as ações de implementação do currículo, de construção das propostas e dos projetos políticos pedagógicos das unidades da rede e, consequentemente, para a superação dos desafios postos pela realidade educacional contemporânea. 21 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.3 A PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA3leitura, identificando elementos da estrutura de gêneros textuais, como apresentar um livro pela leitura do título, uma história mostrando a capa do livro, o título e o nome do autor, leitura de poemas reconhecendo palavras que rimam etc. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET08IP) Estimar e expressar medidas (peso, altura, etc.) construindo gráficos básicos, incentivando as crianças a refletir sobre comparações e as relações de medidas, a partir de experiências exploratórias e investigativas. 169 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF09PE-IP) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando registros de palavras e textos por meio de escrita espontânea. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET09PE-IP) Utilizar conceitos básicos (agora, antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, lento, rápido, etc.) nas situações diversas do cotidiano. 170 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF10PE-IP) Produzir textos coletivamente, tendo o professor como escriba, grafando em letra maiúscula de imprensa (letra bastão), ampliando as finalidades da escrita e identificando os destinatários dos textos. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES (EI03ET10IP) Registrar quantidades, com escrita numérica (convencional ou não convencional), a partir do uso social do número. 171 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI003EF11IP) Escrever seu nome (escrita espontânea ou convencional com a utilização de fichas ou outros materiais) utilizando letras bastão. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES 172 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA FAIXA ETÁRIA: CRIANÇAS PEQUENAS (4 ANOS A 5 ANOS E 11 MESES) DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO CONVIVER BRINCAR PARTICIPAR EXPLORAR EXPRESSAR CONHECER-SE EU, O OUTRO E O NÓS CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO (EI03EF12PE-IP) Reconhecer semelhanças e diferenças entre o seu nome e o de seus colegas, quanto à grafia e aos segmentos sonoros. ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES R E F E R Ê N C IA S E d u ca çã o I n fa n ti l CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 174 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: . Brasília, 1988. Acesso em: 16 dez. 2019. _______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2020. _______. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2020. _______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 2, de 28 de abril de 2008. Estabelece diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo. Brasília, 2008. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2020. _______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer CNE/CEB nº 20/2009, de 11 de novembro de 2009. Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília. 2009a. Disponível em: . Acesso em: 16 dez. 2019. _______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília/DF, 2009b. Disponível em: . Acesso em: 23 mar. 2017. _______. Indicadores da Qualidade na Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2009c. Disponível em: Acesso em: 16 jun. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/resolucao_2.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb020_09.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2298-rceb005-09&category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2298-rceb005-09&category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil.pdf CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 175 _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2020. _______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília, 2014. Disponível em: Acesso em: 11 mar. 2020. _______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília/DF, 2017. CÂNDIDO, A. Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2004. FARIA,Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza. (SANTOS, 2006, p. 462). Partindo da citação de Boaventura de Sousa Santos, pode-se dizer que: pensar uma educação com inclusão é pensar uma educação com diversidade, uma escola com todos(as), e não apenas “para” todos(as), ou “de” todos(as). Diante dessa premissa, antes de adentrar no texto, é importante salientar os motivos que levaram a escolha do termo “diversidade”. Por que não “diferença”? Para alargar nossa compreensão, vários questionamentos foram construídos, alguns dos quais se sistematizam aqui: o que é diversidade, diferença e inclusão? Quais são as relações estabelecidas entre essas concepções? Por que se coíbem as discussões sobre as diferenças e a diversidade, buscando minimizá-las ou mesmo não reconhecê-las como tal? Como a inclusão promove, reconhece e valoriza a diversidade e a diferença? Qual é a relação entre desigualdade social e diversidade cultural? Quais são as possíveis implicações da definição desses conceitos sobre o currículo? Existem diferentes respostas para essas perguntas (que, por sinal, não se esgotam nas possibilidades disponíveis neste texto), repletas de concepções fluidas, sobrepostas e divergentes, dispersas tanto no espaço como no tempo. Frutos de um amplo processo histórico de discussão coletiva no qual nos inscrevemos. O próprio conceito de diversidade é uma construção social, constituinte dos processos históricos, culturais, políticos, econômicos e educacionais que ainda não foi devidamente equacionado pelas políticas de Estado, pelas escolas e seus currículos. Portanto, trata-se aqui da expectativa de se construir respostas em âmbito coletivo, sem ser prescritivos, normativos e seletivos, reconhecendo a diversidade e a diferença como um direito fundamental que traz novos desafios para as políticas educacionais do Ipojuca. A palavra diferença e diversidade nunca foram sinônimos! 3 “A inclusão é um paradigma que se aplica aos mais variados espaços físicos e simbólicos. Os grupos de pessoas, nos contextos inclusivos, têm suas características idiossincráticas reconhecidas e valorizadas” (CAMARGO, 2017, p. 1). A Educação Inclusiva e a Educação Especial quase sempre são tomadas como sinônimas no contexto educacional. Porém, quando evocamos essas expressões de forma equivocada, “uma questão de pano de fundo nos é imposta: quais são os estudantes foco da educação inclusiva? A resposta é: todos(as). Quer dizer, ela se estende aos alunos, público-alvo da educação especial [...], e àqueles que não são público-alvo dessa modalidade de ensino” (CAMARGO, 2017, p. 2). Portanto, inclusão é uma prática social e Educação Especial (que será tratada em uma seção específica) é “[...] uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular” (BRASIL, 2008, p. 7). 22 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Por isso, não se pretende utilizar de forma indiscriminada no nosso currículo o termo diversidade como “um campo esvaziado da diferença”, ou como algo inovador, progressista, emancipatório, humanitário e politicamente neutro e correto, mas como um movimento de reconhecimento, valorização, incitação, criação e produção das diferenças que não camuflem ou fragmentem identidades (ABRAMOWICZ, RODRIGUES; CRUZ, 2011; YOUNG, 2006; PIERUCCI, 2000). Nesse sentido, acredita-se que a perspectiva inclusiva acolhe e preserva as relações, as identidades e as singularidades, ao estar no mundo e com o mundo, fazendo, principalmente, com que os sujeitos aprimorem a "pluralidade na própria singularidade", refletindo sobre a diversidade e sobre a diferença como multiplicidade de culturas (FREIRE, 1984, p. 40). Portanto, entende-se que, para acolher a diversidade e as múltiplas formas de ver-ouvir- sentir, compreendendo o significado e a singularidade de cada território e contexto ipojucano, deve-se assegurar a participação e ao mesmo tempo compreender cada sujeito e suas vivências sócio-históricas e culturais numa lógica libertadora, transformadora e inovadora. Em outras palavras, pensar uma educação com a inclusão é pensar numa reviravolta, livre das desigualdades construídas historicamente que criam e legitimam “tipos ideais” de sujeitos e de vivências a serem seguidas e exercitadas na sociedade. Essa reviravolta exige, em nível institucional, a extinção das categorizações e das oposições excludentes — iguais X diferentes, normais X deficientes — e, em nível pessoal, que busquemos articulação, flexibilidade, interdependência entre as partes que se conflitavam nos nossos pensamentos, ações e sentimentos. (MANTOAN, 2003, p. 14). Desse modo, ainda que as normas e categorizações excludentes busquem estabelecer “verdades” sobre os sujeitos e suas vivências, todos são impulsionados pelo Currículo Referência do Ipojuca a repensar os discursos e práticas reconhecendo as diferentes culturas e a pluralidade das manifestações intelectuais, sociais e afetivas a partir da perspectiva de uma Educação Inclusiva. Se, assim, o currículo for compreendido, o debate sobre ele se estenderá a toda a vida – social, escolar – e a todos os sujeitos que buscam ampliar as possibilidades de ser e estar no mundo, respeitando, sobretudo, toda nossa diversidade geográfica e territorial, de gênero e de sexualidade, étnico-racial, linguística, religiosa, além das condições físicas, sensoriais, intelectuais e mentais e de linguagens diferenciadas, dentre outras. E isso, como conclui Mantoan (2003, p. 12), “[...] implica representar o mundo a partir de nossas origens, de nossos valores e sentimentos”. 23 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Por esse viés, o que se propõe é o avanço epistemológico, político e objetivo que efetivamente destitua com a lógica centralizadora e seus efeitos no exercício arbitrário do poder, que tem historicamente desconsiderado uma educação com, para e pela inclusão. Por tudo isso, a inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora. Ela provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a identidade do aluno. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais. O direito à diferença nas escolas desconstrói, portanto, o sistema atual de significação escolar excludente, normativo, elitista, com suas medidas e seus mecanismos de produção da identidade e da diferença. (MANTOAN, 2003, p. 20). Confirma-se, então, professores(as), que é necessário (re)pensar nossas escolas. Pois, uma abertura à inclusão pode ser um grande passo para uma configuração democrática e participativa de todos(as) nos processos educativos. E, certamente, essa é a configuração que se deseja nos ambientes escolares do Ipojuca, da educação infantil ao ensino fundamental. Portanto, assim como Mantoan (2003, p. 48), entende-se que [...] a escola prepara o futuro e, de certo que, se as crianças aprenderem a valorizar e a conviver com as diferenças nas salas de aula, serão adultos bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para entender e viver a experiência da inclusão! O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que ainda seja muito contestado, pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio educacional, convence a todos pela sua lógica e pela ética de seu posicionamento social. Ao denunciar o abismo existente entre o velho e o novo na instituição escolar brasileira, a inclusão é reveladora dos males que o conservadorismo escolartem espalhado pela nossa infância e juventude estudantil. Penso que o futuro da escola inclusiva depende de uma expansão rápida dos projetos verdadeiramente imbuídos do compromisso de transformar a escola, para se adequar aos novos tempos [...] A inclusão é um sonho possível! Por fim, ressalta-se que este texto não finda nas palavras aqui escritas. Ele contém intrínseca a ideia de mobilidade e transitoriedade, pois o currículo é um processo contínuo de aprendizagem, reflexão e discussão que não se esgota na complexidade da perspectiva inclusiva. Em outras palavras, ele é manifestação e experiência dos grupos sociais. Ou seja, atravessa todos os lugares/espaços/territórios, tornando-os o seu lugar. 1.4 PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM Discorrer sobre os processos de ensino e aprendizagem na contemporaneidade implica repensar a função da escola como espaço privilegiado para a produção do conhecimento na sociedade da informação. 24 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Inicialmente, faz-se necessário evidenciar que, sob diversos olhares, imputou-se à escola diferentes papéis no transcurso das tendências e movimentos que assinalaram a história da educação brasileira, assumindo um caráter de reprodutora das desigualdades sociais, como lócus para a construção de saber e até mesmo como um espaço político para a organização da sociedade. Na atualidade, para responder aos desafios imponentes na sociedade global, a escola deve ser pensada, numa perspectiva cidadã, como espaço colaborativo mais democrático e menos excludente, onde, em meio às adversidades, ela se transforme, mas que transforme também a estrutura social vigente na sociedade brasileira. Outrossim, no esforço de apontar a escola que luta pela sua existência e que procura reafirmar o seu papel social no processo de formação humana, Gadotti (2010, p. 69-70) assinala que: O que a caracteriza é a formação para a cidadania. A Escola Cidadã, então, é a escola que viabiliza a cidadania de quem está nela e de quem vem a ela. Ela não pode ser uma escola cidadã em si e para si. Ela é cidadã na medida mesma em que se exercita na construção da cidadania de quem usa o seu espaço. A Escola Cidadã é uma escola coerente com a liberdade. É coerente com o seu discurso formador, libertador. É toda escola que, brigando para ser ela mesma, luta para que os educandos-educadores também sejam eles mesmos. E como ninguém pode ser só, a Escola Cidadã é uma escola de comunidade, de companheirismo. É uma escola de produção comum do saber e da liberdade. É uma escola que vive a experiência tensa da democracia. (GADOTTI, 2010, p. 69-70). Nesse sentido, a escola, enquanto espaço de promoção, organização e emancipação humana, deve ser um lugar de todos e para todos, que se contrapõe à organização linear do conhecimento e promove uma formação integral do educando estruturada em seu Projeto Político Pedagógico e alicerçada no fortalecimento dos vínculos com a família numa diversidade de recursos tecnológicos e humanos, além de espaços, tempos e formas distintas de aprendizagem. Para melhor ressignificar-se, a escola promoverá relações de aprendizagem que assegurem a “inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando as várias manifestações de cada comunidade” (BRASIL, 2010, online) e aquelas habitualmente presentes no cotidiano escolar. É nesse espaço de busca pela reafirmação de seu papel e de efetivo exercício para a cidadania que se estabelece uma relação indissociável dos processos de ensino e de aprendizagem entre educadores e educandos. Se a escola é desafiada a reencontrar o seu caminho como resposta às exigências das demandas atuais na sociedade brasileira, é indiscutível o aprimoramento do processo didático 25 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA que, para Veiga (2006, p. 13), tem por objetivo dar respostas a uma necessidade: ensinar. O resultado de ensinar é dar respostas a uma outra necessidade: a do aluno que procura aprender. Ensinar e aprender envolvem o pesquisar. E essas três dimensões necessitam do avaliar. Esse processo não se faz de forma isolada; implica interação entre sujeitos e objetos. Caberá, então, ao professor possibilitar situações desafiadoras aos seus alunos, a fim de transpor didaticamente o conteúdo de modo que se torne compreensível para todos. Deve exercer com criatividade o papel de coautor, convivendo e incorporando em suas práticas as novas tecnologias e colocando-as a serviço da aprendizagem de seus estudantes para aprenderem mutuamente através da interação com elas. Para isso, é preciso fazer escolhas, tomar decisões, reinventar-se, repensando o fazer pedagógico, lutando por direitos e assumindo com grande maestria e compromisso social o ofício da docência. A sua prática, anteriormente centrada no ensino, deve pautar-se na aprendizagem, cujos objetos de conhecimentos prioritariamente selecionados no currículo escolar serão trabalhados por meio dos objetivos: atitudinais, procedimentais e conceituais. O professor, ao assumir esse posicionamento, faz opção política pelo papel de agente problematizador. Ao instigar o estudante, promovendo reflexões e apresentando desafios na busca do desvelamento da realidade, estabelece vínculos por meio de atos cognoscentes entre educadores e educandos que pensam, analisam e criticam o mundo em que vivem. Ambos, ensinam e aprendem, pois o educador enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Tornam-se partícipes dos mesmos processos, protagonizando a criação e recriação da realidade que os cercam. Crescem juntos e, com seus pares, horizontalizam suas relações, ampliando a capacidade dialógica construída num contínuo processo de transformação em que, ao se transformarem, transformam também o mundo em que vivem e com o qual se confrontam, humanizando-os. São elos que articulam o ensinar e o aprender com vistas a uma educação crítica, revolucionária e libertadora, desafiante para os contextos social e escolar do mundo em que vivemos. Não obstante, pontua Freire (2011, p. 39): Só educadoras e educadores autoritários negam a solidariedade entre o ato de educar e o ato de serem educados pelos educandos; só eles separam o ato de ensinar do de aprender, de tal modo que ensina quem se supõe sabendo e aprende quem é tido como quem nada sabe. Por perceber-se como um agente mobilizador dos processos de ensino e aprendizagem, o educador impulsiona o estudante ao desenvolvimento intelectual, optando pelas habilidades 26 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA reflexivas e investigativas no processo de construção. Faz da escola um espaço em reconstrução e da educação um meio de transformação social, deixando de ser sujeito e agindo como problematizador e mediador da aprendizagem. Segundo Meier e Garcia (2011, p. 72): Mediar significa, portanto, possibilitar e potencializar a construção do conhecimento pelo mediado. Significa estar consciente de que não se transmite conhecimento. É estar intencionalmente entre o objeto de conhecimento e o aluno de forma a modificar, alterar, organizar, enfatizar, transformar os estímulos provenientes desse objeto a fim de que o mediado construa sua própria aprendizagem, que o mediado aprenda por si só. Nessa perspectiva da problematização e mediação enunciada por Paulo Freire, “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1998, p. 68). Em sua clássica obra Pedagogia do Oprimido, os mediados passam a ser a centralidade da ação pedagógica e são orientados a aprender a aprender, a caminhar na busca do novo, a mergulhar no mundo da leitura da vida e do mundo, a seguir na direção de ações educativas na condiçãode investigadores. Situam-se no mundo e com o mundo marcado pela informação e são capazes de fazer uso dos recursos tecnológicos, rompendo paradigmas nas diversas temporalidades, identificando problemas e buscando resoluções complexas da vida cotidiana. Tornam-se sujeitos críticos e reflexivos à luz das novas relações em que se desenvolvem como gestores do conhecimento de acordo com as suas individualidades, mediadas pela indissociabilidade entre ensinar e aprender. Nessa mesma direção, ao retomar as ideias de Meier e Garcia (2011), ratifica-se a relevância da mediação desses processos para a construção da autonomia e desenvolvimento dos educandos: A mediação é necessária para o desenvolvimento das ações cognitivas do sujeito, entretanto, tão importante quanto beneficiar-se das ações mediadas provenientes do mediador, o sujeito precisa também desenvolver sua própria autonomia na busca da aprendizagem e da construção do conhecimento de forma independente. O processo de aprender a aprender depende desse desenvolvimento, dessa autonomia na busca pelo crescimento, pela maturidade. (MEIER; GARCIA, 2011, p. 73-74) Em conformidade com as prerrogativas da BNCC (BRASIL, 2017) e do Currículo de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2019a, 2019b), o ensino e a aprendizagem na perspectiva do Currículo do Ipojuca devem mobilizar o aluno para a construção de competências e habilidades, atitudes e valores que o possibilitem aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver, bases estruturantes assentadas numa avaliação formativa e processual que emanam da formação integral dos educandos, possibilitando a inserção deles no mundo do trabalho e o pleno exercício da cidadania. 27 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA 1.5 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM No âmbito educacional, a avaliação deve ser exercida como um instrumento a serviço da aprendizagem do educando, pois contribui para a análise e para a decisão de quais ações pedagógicas deverão ser tomadas durante o processo de ensino, ou seja, a avaliação pode ser considerada um ponto de partida ou um elemento a mais para repensar e planejar a ação pedagógica e a gestão educacional, visto que, ao assumir um papel formativo a serviço da melhoria da aprendizagem, dá a possibilidade de verificar quais os conteúdos, competências, habilidades e atitudes foram ou não apreendidas e, dessa forma, definir estratégias de intervenção que impactem o planejamento educacional, curricular, escolar ou de ensino na intenção de garantir a aprendizagem de todos. Desse modo, vale salientar que os pontos de chegada são o direito de aprender e o avanço na melhoria da qualidade do ensino. E, para que isso ocorra, é importante que todos os profissionais envolvidos no processo educativo compreendam os dados e informações produzidas pelas avaliações de tal modo que, além de utilizá-los para a elaboração e implementação de suas práticas pedagógicas, desmistifiquem a ideia de que a avaliação é apenas um instrumento de controle, ou, ainda, que a sua função é comparar escolas ou determinar a promoção ou retenção dos estudantes. Nesse sentido, cabe distinguir brevemente as práticas avaliativas das examinativas. Segundo Luckesi (2011, p. 29, grifo original), “[...] o ato de examinar se caracteriza, especialmente (ainda que tenha outras características) pela classificação e seletividade do educando, enquanto o ato de avaliar se caracteriza pelo seu diagnóstico e pela inclusão.”. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) possibilita novos olhares sobre os princípios de avaliar como parte do processo de ensino e aprendizagem, o que é confirmado em seu Art. 24 quando estabelece que “a verificação do rendimento escolar observará critérios, dentre eles podemos destacar: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre quantitativos, e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais”. Sabe-se que a avaliação não se constitui somente de um conceito teórico ou que esteja ligada diretamente aos processos educacionais, mas é pertencente a processos de formações, à concepção de educação, de sociedade, a qual é citada por Caldeira (2000, p. 122 apud CHUEIRI, 2008, p. 51) como “[...] um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica.”. Também é explicitada por Raphael (1995, p. 34) que nos chama a atenção para: 28 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA A qualidade técnica de um processo avaliativo que reside, essencialmente, no aprimoramento dos instrumentos utilizados. Estes instrumentos têm o objetivo de obter dados de medida que formarão um conjunto ao qual será atribuído o juízo de valor. Estes dados que servirão ao julgamento necessitam ter qualidades técnicas para que o juízo seja aceitável. Devem ainda ser coerentes com a totalidade do processo, pois nesta fase são decididas questões como: para que servem os dados? Que informações são necessárias? Como serão obtidas as informações? A quem caberá esta tarefa? Desse modo, percebemos que a avaliação não ocorre apenas em um momento específico, e, sim, que está presente em todo o processo educacional, tornando-se um instrumento que se concebe desde o início até a finalização do trabalho do professor. Ainda como uma prática pedagógica, o professor não deve abster-se de seu papel como avaliador no processo de ensino e de aprendizagem, de forma que esse instrumento torne-se um elemento presente em seu cotidiano. Entendendo que o ato de avaliar requer uma tomada de decisão que se baseia em um julgamento de valor concebido pelo avaliador, percebemos que, na prática escolar, essa ação não será neutra. O avaliador, como qualquer outra pessoa, tem suas próprias concepções, vivências e conhecimentos e, de forma involuntária ou não, interpreta as avaliações com base nelas (CHUEIRI, 2008). Mas, apesar disso, o avaliador tem um compromisso pedagógico e ético de avaliar o estudante a partir da concepção instituída na proposta político-pedagógica explicitada no currículo. A partir desse pressuposto, Hoffmann (2014, p. 18) afirma que tal fato: [...] passa a conferir ao educador uma grande responsabilidade por considerá-lo indelevelmente comprometido com o objeto da avaliação e com a sua própria tomada de consciência a respeito do que significa avaliar os alunos. Percebe-se que a avaliação é uma das tarefas didáticas permanente no trabalho do professor, ela deve acompanhar todos os passos do processo de ensino e aprendizagem. Através dela comparam-se os resultados obtidos no decorrer do trabalho docente juntamente com seus estudantes, conforme os objetivos propostos, a fim de verificar os processos, as dificuldades e orientar o trabalho para as correções necessárias. Nesse sentido, entende-se a avaliação como um processo contínuo que assume funções importantes, a saber: A avaliação diagnóstica visa identificar o ponto de partida de cada estudante no processo educativo, identificando seus conhecimentos prévios, bem como seus ritmos, vivências, crenças, contextos e aptidões, para que auxilie o professor no planejamento de 29 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA estratégias mais adequadas aos seus discentes. A avaliação formativa tem por objetivo acompanhar a aprendizagem dos estudantes ao longo do processo educativo, identificando se as aprendizagens estão ocorrendo de acordo com o esperado, bem como realizando ajustes nas atividades e abordagens escolhidas no planejamento inicial. Ao final do processo, ocorre então a avaliação somativa, que verifica o que os estudantes aprenderam e tem o compromisso de dar visibilidade à continuidade e não à terminalidade das aprendizagens, levando em consideração seu percurso ao longo dos anos escolares.As funções da avaliação, apesar de diferentes, não devem ser vistas de modo fragmentado. Elas fazem parte de todo o processo, e, assim, integram-se e complementam-se com o objetivo maior de colocar-se a serviço da aprendizagem e do trabalho docente para reorientar o processo educativo. Nesse sentido, a avaliação deve ter parâmetros claros para identificar o desenvolvimento e a aprendizagem dos estudantes, assim como para acompanhar o trabalho pedagógico. Considerando o exposto, o município do Ipojuca afirma na sua Instrução Normativa nº 01/2019 (IPOJUCA, 2019) que os princípios que alicerçam o processo de avaliação na rede seguem consonantes com a LDBEN (BRASIL, 1996), Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) e o Currículo de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2019a, 2019b), quando preconiza uma prática de avaliação que acompanhe a construção do conhecimento numa perspectiva crítico-reflexiva, propondo um (re)direcionamento do ensino através da análise e escolha das práticas pedagógicas que colaborem para a consolidação do conhecimento, percebendo a singularidade do estudante, mas também observando outros aspectos que compõem um crescimento integral, constituindo, assim, uma avaliação contínua e com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos, numa educação voltada para a garantia dos direitos de aprendizagem de todos os estudantes. Observe-se que esses procedimentos suscitam acompanhamento do que é planejado, das ações em sala de aula e da aprendizagem dos estudantes, utilizando-se de instrumentos e de estratégias diversificadas que permitam identificar o ponto de partida e aonde se quer chegar ao longo do processo de todas as etapas da educação básica. Dessa forma, para que a avaliação da aprendizagem seja realizada de uma maneira mais abrangente e integradora, precisam ser considerados os diferentes tipos de saberes envolvidos na ação de ensino e aprendizagem, como também a diversidade dos instrumentos construídos no âmbito da comunidade escolar, contextualizados ao modo de como foi promovida a aprendizagem e coerentes com o que se 30 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA espera, para possibilitar a identificação de necessidades e potencialidades e o alcance dos resultados esperados, tendo em vista a diversidade e as condições que compõem o contexto educativo. É importante destacar que o currículo ipojucano almeja uma concepção de avaliação formativa, mas também emancipatória; sabendo que esta não se consolida sem que ocorra uma transformação da práxis pedagógica que se ponha a serviço da aprendizagem e da formação plena de todos os estudantes. Para que essa concepção se desenvolva, é preciso que as escolas invistam na constituição de um coletivo pedagógico engajado com o ensino e a aprendizagem, no incentivo da participação dos estudantes, do colegiado escolar e da família. A proposta pedagógica nessa perspectiva propõe a autoavaliação da instituição escolar, dos estudantes e da família que colaborarão para a construção da autonomia e emancipação necessárias num processo dialógico e coparticipativo. Por fim, suscita-se uma reflexão aos professores para romper com velhos paradigmas da prática avaliativa e vislumbrar essa mudança através do olhar de Cipriano Luckesi (2005, p. 56): A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não voltada para a seleção de uns poucos, como se comportam os exames. Por si, a avaliação, como dissemos, é inclusiva e, por isso mesmo, democrática e amorosa. Por ela, por onde quer que se passe, não há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia permanente, em busca do melhor. Sempre! Portanto, a partir dessas reflexões, compreende-se que avaliar é acima de tudo promover o conhecimento de mundo tanto do educador quanto do educando e, mais do que isso, é servir de ponte entre essas duas partes para que se realize a aprendizagem. 1.6 A ALFABETIZAÇÃO, O LETRAMENTO E OS (MULTI)LETRAMENTOS EM TODAS AS ÁREAS DO CONHECIMENTO Definir alfabetização, para muitos, seria fácil, pois comumente se acredita que alfabetizar é o ato de ensinar a ler e escrever, uma ação de codificação e decodificação. As concepções que permeiam a alfabetização sofreram diversas modificações ao longo do tempo e, nessa trajetória, ocorreram várias mudanças e aprimoramentos das práticas para alfabetizar, visando garantir o direito e o aprendizado da leitura e da escrita aos estudantes. Na prática tradicional de alfabetização, havia uma aprendizagem do código 31 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA desvinculado dos usos sociais da leitura e escrita. Com o aprofundamento dos estudos sobre essa temática, ficou evidenciado que a escrita alfabética não é um código que se aprende memorizando. O Sistema de Escrita Alfabética é um sistema notacional e a aquisição desse conhecimento deve ser promovida através da reflexão e não de repetição. Magda Soares (2010, p. 19), ao referir-se ao termo alfabetizado, diz que “[ele] nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e a escrever, não aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e da escrita, incorporando as práticas sociais que as demanda”. Ainda segundo a autora, alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado (SOARES, 2010, p. 47). Assim, no processo de aquisição da escrita alfabética, o letramento envolve a compreensão, o saber lidar com diferentes gêneros textuais. O letramento envolve o estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita. Vale ressaltar que tanto a alfabetização quanto o letramento possuem especificidades e é preciso entender a diferença que existe entre o processo de aquisição e o de desenvolvimento da língua escrita e oral: este último dá-se ao longo da vida e não se esgota com a aprendizagem da leitura e da escrita. Deve-se conceber a alfabetização e o letramento como dois processos diferentes, porém simultâneos e indissociáveis, visto que, a alfabetização, em seu sentido estrito, envolve ações específicas de ler e escrever, isto é, supõe o acesso instrumental ao mundo da leitura e da escrita, extrapolando a ideia de que escrever é codificar e ler é decodificar. Não se trata de escolher entre alfabetizar e letrar, trata-se de alfabetizar-letrando. Também não se trata de ensinar os dois processos como sequenciais, isto é, vindo um depois do outro, como se o letramento fosse uma espécie de preparação para a alfabetização ou, então, como se a alfabetização fosse condição indispensável para o início do processo de letramento. O Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem (2008) suscita que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla, de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento. Soares (2004) completa que a alfabetização é um fenômeno de natureza complexa e multifacetada, visto que esta mobiliza um conjunto de habilidades, e afirma que: 32 CURRÍCULO REFERÊNCIA DO IPOJUCA Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional da escrita – a alfabetização,