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CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS Unidade 3 Currículo por competências e itinerários CEO DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ALESSANDRA FERREIRA Gerente Editorial LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria MARLY SAVIOLI TATIANE KUCKEL 4 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 A U TO RI A Marly Savioli Olá! Meu nome é Marly Savioli e sou mestre em Educação, pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola, graduada em Pedagogia, especializada em Administração Escolar e Supervisão Escolar com uma experiência técnico-profissional na área educacional de mais de 35 anos. Como educadora exerci nas escolas diversos papéis, tais como: professora, orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vice-diretora e diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de mudar o mundo por meio da educação, atualmente trabalho para a Fundação Lemann, como formadora de educadores e gestores educacionais, orientando e subsidiando seus trabalhos com caminhos mais eficazes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Tatiane Kuckel Olá. Meu nome é Tatiane Kuckel e sou Mestre em Educação e Novas Tecnologias. Sou formada em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e em Gestão da Informação pela Universidade Federal do Paraná. Tenho mais de 15 anos de experiência em processos e projetos para EAD, arte visuais, sistemas de informação, monitoramento informacional e games. Possuo trabalhos publicados nas linhas de Inteligência Artificial, EaD, Gamificação e Artes visuais. Atualmente, sou Gerente de Projetos e Inovação na Onilearning. 5CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 ÍC O N ESEsses ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem nos seguintes casos: OBJETIVO No início do desenvolvimento de uma nova competência. DEFINIÇÃO Caso haja a necessidade de apresentar um novo conceito. NOTA Quando são necessárias observações ou complementações. IMPORTANTE Se as observações escritas tiverem que ser priorizadas. EXPLICANDO MELHOR Se algo precisar ser melhor explicado ou detalhado. VOCÊ SABIA? Se existirem curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo. SAIBA MAIS Existência de textos, referências bibliográficas e links para aprofundar seu conhecimento. ACESSE Se for preciso acessar sites para fazer downloads, assistir vídeos, ler textos ou ouvir podcasts. REFLITA Se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido. RESUMINDO Quando for preciso fazer um resumo cumulativo das últimas abordagens. ATIVIDADES Quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada. TESTANDO Quando uma competência é concluída e questões são explicadas. 6 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 SU M Á RI O Seleção e organização dos conteúdos curriculares na escola .......................................................................................... 9 Conteúdo .............................................................................................................11 Conteúdos factuais e conceituais ....................................................17 Conteúdos Procedimentais ...............................................................22 Conteúdos Atitudinais ........................................................................24 O currículo numa abordagem por competências ................ 27 Formas de Construção de Currículos Escolares .......................................... 35 O Currículo como Ampliação das Possibilidades de Convivência Social e Profissional ..........................................................................................................40 Organização do Itinerário Formativo às Características Locais e ao Projeto Político Pedagógico ..........................................................................................42 Definição das Cargas Horárias Curriculares ................................................. 44 Itinerários formativos e a flexibilidade curricular .............. 48 Itinerários formativos ........................................................................................48 A flexibilidade curricular ..................................................................................53 Educação inclusiva e a flexibilização do currículo ....................................... 55 Métricas e cargas horárias curriculares ............................... 60 Exemplos Práticos: ............................................................................................66 Desafios e Soluções ...........................................................................................68 7CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 A PR ES EN TA ÇÃ O Você sabia que a área de currículos e programas pedagógicos é uma das mais cruciais na educação e desempenha um papel fundamental na formação dos futuros profissionais da nossa sociedade? Isso mesmo. A elaboração cuidadosa de currículos escolares é essencial para preparar os alunos para os desafios do mundo moderno. Esta unidade letiva explora as complexidades envolvidas na seleção e organização dos conteúdos curriculares na escola, bem como as abordagens baseadas em competências, os itinerários formativos e as métricas e cargas horárias curriculares. Ao longo desta jornada acadêmica, você vai mergulhar nesse universo intrigante e compreender como a educação é moldada para atender às necessidades da nossa sociedade em constante evolução. Preparado para embarcar nessa jornada? Avante! 8 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 O BJ ET IV O S Olá! Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 3, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Analisar as formas de construção de currículos escolares; 2. Interpretar o currículo como forma de ampliação das possibilidades de convivência social e profissional; 3. Organizar o itinerário formativo às características locais e ao Projeto Político Pedagógico; 4. Explorar as formas de definir cargas horárias curriculares. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! 9CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Seleção e organização dos conteúdos curriculares na escola OBJETIVO Ao término deste capítulo, você estará apto a compreender como a seleção e organização dos conteúdos curriculares na escola desempenham um papel fundamental na formação dos alunos. Essa competência é essencial para todos os profissionais da área educacional, uma vez que os conteúdos são a base do processo de ensino e aprendizagem. Aqueles que tentaram abordar essa tarefa sem o devido conhecimento enfrentaram desafios ao tentar proporcionar uma educação de qualidade. Portanto, estar preparado para navegar por esse universo de conteúdo é crucial para o sucesso na educação. Você está motivado para adquirir essa competência e explorar como os diferentes tipos de conteúdos, sejam eles factuais, conceituais, procedimentais ou atitudinais, impactam a formação dos alunos? Se sim, vamos juntos embarcar nessa jornada de aprendizado e descoberta. Avante! Quando fui dar minha primeira aula, em 1983, recebi um documento que me apresentaram como o currículo da série. Nele estavam elencados diversos conteúdos a serem trabalhados até o final do ano com meus alunos. Em nenhum momento me foi explicado como eu poderia realizar esse trabalho e qual a função daqueles objetivos. Eu simplesmente peguei o documento e fui dar minha primeira aula. Isso é corriqueiro em muitas escolas. Os professores recém-formados chegam e são praticamente “lançados” em suas salas com um papel que denominam currículo. Muitos se perguntam: o que devo fazer com isso? 10 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Para quepropõe os mesmos objetivos e adapta os caminhos para se atingir. 56 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Imagem 3.12 – Flexibilização curricular para pessoas com deficiência Fonte: Freepik A flexibilização curricular desempenha um papel crucial na promoção da educação inclusiva. Ao lidar com a inclusão de estudantes portadores de deficiência na escola, é importante reconhecer que o desafio vai além da simples garantia de vaga e mobilidade. Envolve garantir que esses alunos tenham acesso às mesmas oportunidades de aprendizagem que os demais, adaptando o processo educacional de acordo com suas necessidades individuais. IMPORTANTE É fundamental destacar que a flexibilização curricular não deve ser confundida com adaptação do currículo. A flexibilização busca proporcionar os mesmos objetivos de aprendizagem para todos os alunos, adaptando as estratégias pedagógicas e simplificando algumas complexidades quando necessário. Isso é essencial para promover uma educação inclusiva que atenda às necessidades de todos os estudantes. 57CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Uma das questões-chave é o currículo. Muitas vezes, os currículos escolares são simplificados para atender a certos alunos, o que pode resultar na diminuição dos conteúdos propostos. No entanto, a flexibilização curricular não deve ser interpretada como uma redução de expectativas, mas como uma abordagem que adapta as estratégias pedagógicas e simplifica algumas complexidades para garantir que todos os alunos tenham a oportunidade de alcançar os mesmos objetivos educacionais. É importante destacar a diferença entre flexibilização e adaptação do currículo. Enquanto a adaptação pode envolver mudanças significativas no currículo para acomodar as necessidades de um aluno específico, a flexibilização busca manter os mesmos objetivos educacionais para todos os alunos, variando as abordagens e estratégias de ensino para se adequar às diferentes necessidades. Portanto, a flexibilização curricular visa criar uma educação inclusiva que ofereça oportunidades iguais a todos os alunos, independentemente de suas diferenças. Isso atende aos princípios de equidade na educação e enriquece o ambiente de aprendizagem ao reconhecer e valorizar a diversidade dos estudantes. Os professores desempenham um papel crucial nesse processo, precisando de orientação e recursos para implementar efetivamente a flexibilização curricular em suas práticas pedagógicas. 1. Apoio Multidisciplinar: s flexibilização curricular muitas vezes envolve a colaboração de uma equipe multidisciplinar, que inclui professores, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais. Eles trabalham juntos para criar estratégias de ensino personalizadas para os alunos com necessidades especiais. 58 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 2. Tecnologia Assistiva: a tecnologia desempenha um papel importante na flexibilização curricular. Ela pode ser usada para criar recursos educacionais acessíveis, como softwares de leitura de texto para alunos com deficiência visual ou ferramentas de comunicação alternativa para alunos com dificuldades na fala. 3. Plano Individualizado: muitas vezes, os alunos com necessidades especiais têm um Plano Individualizado de Ensino (PIE) que detalha as adaptações e estratégias específicas que serão usadas para apoiar sua aprendizagem. Isso ajuda a garantir uma abordagem personalizada. 4. Treinamento de Professores: os professores desempenham um papel fundamental na implementação bem-sucedida da flexibilização curricular. Portanto, é essencial oferecer treinamento e desenvolvimento profissional para capacitá-los a atender às necessidades variadas de seus alunos. 5. Acessibilidade Física: além do currículo, é importante garantir que as instalações escolares sejam acessíveis a todos os alunos. Isso inclui rampas, banheiros adaptados e outros recursos que facilitam a participação de alunos com deficiência. 6. Parceria com Famílias: a colaboração entre escolas e famílias é fundamental. Os pais e responsáveis desempenham um papel importante no apoio aos alunos e na comunicação de suas necessidades à escola. 7. Legislação e Políticas: muitos países têm leis e políticas que promovem a inclusão na educação. É importante estar ciente dessas regulamentações e garantir que a escola esteja em conformidade. 59CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 A flexibilização curricular é uma abordagem dinâmica que busca equilibrar os objetivos educacionais com a individualidade dos alunos. Quando implementada de maneira eficaz, ela contribui significativamente para criar um ambiente educacional inclusivo, onde todos os alunos têm a oportunidade de aprender e prosperar. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a flexibilidade curricular e os itinerários formativos desempenham papéis cruciais na construção de uma educação inclusiva e adaptada às necessidades dos estudantes. No decorrer deste capítulo, exploramos como a flexibilização do currículo não se resume à simplificação, mas sim a oferecer oportunidades igualitárias de aprendizado a todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência. Discutimos a importância de reconhecer a diversidade de estilos de aprendizagem e como a flexibilização curricular permite diferentes caminhos para alcançar os mesmos objetivos educacionais. Além disso, destacamos a relevância de considerar as necessidades individuais dos estudantes e adaptar as estratégias pedagógicas de acordo com elas. Portanto, ao concluir este capítulo, esperamos que você tenha adquirido um entendimento sólido sobre como a flexibilidade curricular e os itinerários formativos podem contribuir para uma educação mais inclusiva e adaptada, permitindo que todos os estudantes tenham a oportunidade de prosperar em seu processo de aprendizagem. Continue explorando esse tema e buscando maneiras de implementar esses conceitos em sua prática educacional. O conhecimento adquirido aqui certamente o ajudará a se tornar um educador mais eficaz e inclusivo. 60 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Métricas e cargas horárias curriculares OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam as métricas e cargas horárias curriculares. Esse conhecimento será fundamental para o exercício de sua profissão como educador, pois as métricas e cargas horárias desempenham um papel crucial na organização e avaliação de programas educacionais. Pessoas que tentaram lidar com esses aspectos sem a devida instrução muitas vezes enfrentaram desafios significativos ao planejar currículos e garantir que atendam às necessidades dos estudantes. A compreensão das métricas curriculares permite uma avaliação mais precisa do desempenho dos alunos e do impacto das estratégias pedagógicas. Além disso, a gestão eficaz das cargas horárias curriculares é essencial para equilibrar a distribuição do tempo de ensino entre diferentes disciplinas e áreas de conhecimento. Portanto, este capítulo se propõe a fornecer o conhecimento necessário para que você possa dominar as métricas e cargas horárias curriculares, capacitando-o a planejar currículos eficazes e adequados às necessidades de seus alunos. Pronto para desenvolver essa competência e aprimorar sua prática educacional? Vamos em frente! A palavra “métrica” provém da ideia de medir. Podemos medir uma distância com uma fita métrica, ou um aprendizado com uma nota consequente de uma avaliação, e até mesmo o resultado de um projeto com a realização de uma atividade final. Afinal, como diria Peter Ferdinand Drucker: “Se você não pode medir, não pode gerenciar”. 61CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Considerando a força dessa palavra(métrica), podemos relacioná-la ao currículo de uma forma que consiga ser organizado em quantidades de conteúdos e seus respectivos tempos para realização em sala de aula. Não se descarta ainda a importância de mensurar esses conhecimentos para verificar se foram aprendidos ou não. A grade curricular envolve as disciplinas obrigatórias e optativas de um curso e suas respectivas horas de trabalho efetivo em sala de aula. Cabe aos estudantes ficarem atentos as grades oferecidas para certificarem-se de que o curso escolhido atende às suas expectativas. As escolas definem suas grades curriculares sempre com base nos textos oficiais e, por isso, vamos verificar o que encontramos de importante na LDB 9394/1996 sobre cada etapa de ensino. Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; 62 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão. Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 1o São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 2o O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. Art. 35, § 5º- A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de acordo com a definição dos sistemas de ensino. Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. 63CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 § 1o As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo, os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de avaliação, obrigando- se a cumprir as respectivas condições, § 3o É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a distância. A organização das grades curriculares é de extrema importância para o planejamento. Essa organização garantirá ou não a qualidade do que é oferecido ao estudante. Existe uma lógica básica de organização que precisamos deixar claro. A grade curricular de uma disciplina é dividia por ano série e, em cada período, serão elencadas as disciplinas básicas para o seguimento da aprendizagem em outras séries. Por isso, as disciplinas de Química e Física, por exemplo, aparecem a partir do 7º ano do Ensino Fundamental. O aluno antes de realizar essas disciplinas precisa ter domínio sobre cálculo e interpretação de situações-problema. Caso contrário ele não conseguirá entender os desafios propostos e nem realizar os cálculos necessários que exigem esses programas escolares. Cada seguimento da educação tem suas peculiaridades e, atendendo a elas, terão que ser priorizadas disciplinas e tempos preestabelecidos que levem o estudante a se formar com a base mínima proposta. 64 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 imagem 3.13 – Exemplo de grade curricular de um curso Ensino Fundamental I COMPONENTES CURRICULARES NÚMERO DE AULAS POR SEMANA 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano Fu nd am en ta çã o Le ga l Le i n . 9 .3 94 /9 6, L ei n º 11 .2 74 /0 6 e Re s. C N E/ CE B nº 0 7/ 10 BA SE N AC IO N AL C O M U M LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Língua Portuguesa 7 7 7 7 7 Arte 2 2 2 2 2 Educação Física 2 2 2 2 2 MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Matemática 4 7 7 7 7 CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Ciências 2 3 3 3 3 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS História e Geografia 3 História 2 2 2 2 Geografia 2 2 2 2 PA RT E D IV ER SI FI CA D A LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Língua Inglesa 2 2 2 2 2 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Ensino Religioso 1 1 2 2 2 Projetos e Assembleias 2 2 1 1 1 Brincar 5 TOTAL GERAL 30 30 30 30 30 Fonte: Elaborado pela autoria (2020) É preciso prever detalhes. Quanto tempo um estudante de ciências deve ter reservado no laboratório para atividades práticas? Quantas horas semanais são primordiais para se desenvolver os conteúdos de matemática? São questões como essa que devem permear a construção das cargas horárias curriculares. 65CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Acreditando que as grades curriculares devem ser avaliadas todos os anos, antes de defini-la é importante um estudo dos resultados das grades anteriores. Mensurar os resultados ajudará a avaliar a efetividade do que está posto e sua necessidade de aprimoramento. Por isso, o ideal é que esses estudos sejam realizados com a equipe escolar, envolvendo diversos seguimentos, pois essa visão sistêmica ajudará nas melhores decisões. IMPORTANTE O Projeto Político Pedagógico da escola deve considerar todos os aspectos abordados nas unidades estudadas. Considere que no PPP devemos ter todos esses aspectos abarcados, incluindo a caracterização da comunidade, as metodologias que irão consagrar a aprendizagem, as possibilidades de flexibilização, a legislação vigente, a grade curricular e assim por diante, contando com a participação de toda a comunidade escolar. Passo-a-passo: Veja um exemplo de como parte do currículo poderá ser organizado de forma resumida. 1. Atender as legislações vigentes; 2. Definir com a equipe escolar o currículo mínimo a ser desenvolvido; 3. Definir, no Projeto Político Pedagógico (PPP), a caracterização da comunidade escolar, suas necessidades e a metodologia adequada para atendê- los de forma eficaz; 4. Definir temas transversais que serão desenvolvidos em cada etapa e ano de ensino; 66 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 5. Definir a grade curricular para cada etapa e ano de ensino; 6. O professor, em posse de todas essas informações, define os planos de aula. Exemplos Práticos: Aqui estão alguns exemplos práticos de como as métricas e cargas horárias curriculares são aplicadas em escolas ou programas educacionais: 1. Grade Curricular do Ensino Fundamental • Uma escola de ensino fundamental planeja sua grade curricular de acordo com as diretrizes do Ministério da Educação. Ela reserva um número específico de horas para disciplinas como Matemática, Língua Portuguesa, Ciências e Artes, distribuindo o conteúdo ao longo do ano letivo. • A escola também define um tempo mínimo para aulas de Educação Física e atividades extracurriculares, garantindo que os alunos tenham uma educação equilibrada. 2. Ensino Médio e Optativas • No ensino médio, os alunos podem ter a opção de escolher disciplinas eletivas, como Filosofia ou Informática. A escola deve alocar um número apropriado de horas para essas disciplinascom base na demanda dos alunos. • Métricas são usadas para avaliar o desempenho dos alunos nessas disciplinas eletivas, ajudando a determinar se elas continuam sendo oferecidas no currículo. 67CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 3. Avaliação de Progresso • Durante o ano letivo, os professores avaliam o progresso dos alunos em relação aos objetivos de aprendizado estabelecidos. Eles podem usar testes, trabalhos e projetos para medir o desempenho dos alunos em diferentes áreas do currículo. • Essas métricas de desempenho são registradas e compartilhadas com os alunos e seus responsáveis para acompanhamento. 4. Alocação de Recursos • Uma escola decide investir em recursos adicionais para melhorar o desempenho dos alunos em Matemática. Com base em métricas anteriores, eles identificaram que os alunos têm dificuldades nessa disciplina. • A escola aloca horas extras de aulas de reforço em Matemática e contrata professores adicionais para atender a essa necessidade específica. 5. Avaliação de Programas Educacionais • Uma instituição de ensino superior avalia a eficácia de um programa educacional oferecido aos estudantes. Eles medem o sucesso dos alunos em alcançar os objetivos do programa e a taxa de conclusão. • Com base nessas métricas, a instituição pode fazer ajustes no programa, como revisar a carga horária de certas disciplinas ou adicionar recursos de apoio. 6. Avaliação de Cursos On-line • Uma plataforma de ensino on-line rastreia o tempo médio que os alunos gastam em diferentes módulos de cursos. Eles usam essas métricas para identificar 68 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 quais partes do curso são mais desafiadoras ou menos envolventes para os alunos. • Com base nas métricas, a plataforma pode redesenhar o curso para torná-lo mais eficaz e envolvente. Esses exemplos práticos ilustram como as métricas e cargas horárias curriculares são aplicadas na educação, ajudando a orientar o planejamento, a avaliação e a melhoria contínua dos programas educacionais. Eles demonstram a importância de medir o progresso dos alunos e adaptar o currículo para atender às necessidades específicas de aprendizado. Desafios e Soluções Aqui estão algumas ferramentas, recursos e software que podem auxiliar na organização e medição de métricas curriculares: 1. Sistema de Gestão Escolar (SGE) • Ferramentas como o SGE são essenciais para escolas e instituições de ensino. Eles permitem que as escolas gerenciem informações acadêmicas, incluindo a grade curricular, registros de alunos, notas e frequência. 2. Planilhas Eletrônicas (Excel, Google Sheets) • Planilhas eletrônicas são úteis para criar modelos personalizados de grade curricular e acompanhar métricas de desempenho dos alunos. Elas podem ser usadas para calcular médias, gerar relatórios e gráficos. 3. Software de Planejamento Curricular Existem softwares específicos projetados para o planejamento curricular. Eles permitem que os educadores criem, editem e gerenciem currículos de forma eficiente. Alguns exemplos incluem o Atlas Curriculum Management e o Curriculum Mapper. 69CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 4. Plataformas de Aprendizado On-line • Para instituições que oferecem cursos on-line, plataformas de aprendizado como Moodle, Canvas e Blackboard fornecem recursos para planejar currículos, criar atividades e avaliar o progresso dos alunos. 5. Sistemas de Avaliação On-line • Ferramentas de avaliação on-line, como Kahoot! e Quizlet, podem ser usadas para criar questionários e testes interativos que medem o conhecimento dos alunos em diferentes áreas do currículo. 6. Sistemas de Gerenciamento de Avaliação • Para escolas que desejam automatizar a avaliação de métricas de desempenho dos alunos, sistemas como o SABER permitem criar e gerenciar avaliações padronizadas. 7. Plataformas de Análise de Dados Educacionais • Plataformas como Tableau e Power BI ajudam as instituições de ensino a analisar dados acadêmicos e criar painéis interativos para visualizar métricas curriculares. 8. Aplicativos de Planejamento de Aulas • Educadores podem usar aplicativos como o Planboard e o Common Curriculum para planejar aulas de acordo com a grade curricular, definindo objetivos de aprendizado e atividades. 9. Plataformas de Compartilhamento de Conteúdo • Plataformas como Google Classroom e Edmodo permitem que os professores compartilhem materiais 70 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 de ensino, atribuições e informações relacionadas ao currículo com os alunos. 10. Software de Gerenciamento de Projetos Educacionais • Para projetos educacionais complexos, ferramentas como o Trello podem ajudar a organizar tarefas, prazos e recursos necessários. Essas ferramentas e recursos podem ser úteis para educadores, gestores escolares e instituições de ensino na organização, medição e otimização de métricas curriculares, facilitando o processo de planejamento e avaliação educacional. A escolha da ferramenta dependerá das necessidades específicas de cada instituição e do nível de ensino. Aqui estão alguns dos desafios comuns e possíveis soluções ou melhores práticas para superá-los: Desafio 1: Diversidade de Alunos e Necessidades Educacionais • Desafio: as escolas muitas vezes têm uma diversidade de alunos com diferentes necessidades educacionais, o que torna difícil criar uma grade curricular única que atenda a todos. • Solução: implementar a flexibilidade curricular é fundamental. Oferecer opções de disciplinas e itinerários formativos que permitam aos alunos escolherem com base em seus interesses e habilidades. Além disso, a adaptação curricular individualizada pode ser necessária para alunos com necessidades especiais. 71CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Desafio 2: Mudanças na Legislação Educacional • Desafio: as leis e regulamentações educacionais podem mudar, afetando as métricas e cargas horárias curriculares. Solução: manter-se atualizado com as mudanças na legislação é crucial. As escolas devem ter um comitê ou equipe dedicada a acompanhar essas mudanças e ajustar suas grades curriculares de acordo. Desafio 3: Avaliação de Desempenho dos Alunos • Desafio: medir o desempenho dos alunos de forma eficaz pode ser complicado, especialmente com abordagens tradicionais de avaliação. • Solução: implementar uma variedade de métodos de avaliação, incluindo avaliações formativas e somativas, projetos práticos, portfólios e autoavaliação dos alunos. Isso fornece uma imagem mais abrangente do progresso dos alunos. Desafio 4: Equilíbrio de Cargas Horárias • Desafio: distribuir efetivamente as horas de ensino entre diferentes disciplinas e áreas de conhecimento é um desafio constante. • Solução: realizar análises periódicas das cargas horárias para garantir que sejam distribuídas de forma equilibrada. Considerar a importância de cada disciplina e suas contribuições para os objetivos educacionais. Desafio 5: Envolvimento da Comunidade Escolar • Desafio: o envolvimento de professores, pais e alunos na definição das métricas curriculares pode ser limitado. 72 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 • Solução: promover a participação ativa da comunidade escolar na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP). Realizar reuniões e consultas para ouvir as opiniões e necessidades de todas as partes interessadas. Desafio 6: Atualização e Avaliação Contínua • Desafio: as grades curriculares precisam ser atualizadas e avaliadas continuamente para se manterem relevantes. • Solução: estabelecer um ciclo de revisão curricular regular. Realizar pesquisas educacionais, coletar feedback dos alunos e professores e fazer ajustes conforme necessário. Desafio 7: Recursos Limitados • Desafio: escolas com recursos limitados podem enfrentar dificuldades para oferecer uma ampla gama de disciplinas e atividades. • Solução:buscar parcerias com outras instituições, utilizar recursos educacionais digitais e procurar subsídios ou financiamento para expandir as ofertas curriculares. Lidar com métricas e cargas horárias curriculares requer flexibilidade, adaptabilidade e envolvimento de toda a comunidade escolar. Ao enfrentar esses desafios com soluções adequadas, as escolas podem proporcionar uma educação de alta qualidade que atenda às necessidades dos alunos e esteja alinhada com as metas educacionais. 73CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 RESUMINDO Neste capítulo, exploramos a importância das métricas e cargas horárias curriculares na organização e avaliação de programas educacionais. Abordamos exemplos práticos, desafios comuns e soluções, bem como ferramentas e recursos que auxiliam na implementação desses conceitos na prática educacional. Apresentamos exemplos práticos de como as métricas e cargas horárias curriculares são aplicadas em escolas e programas educacionais. Esses exemplos demonstram como a organização das grades curriculares, a distribuição das cargas horárias e a flexibilidade curricular impactam diretamente a experiência de aprendizado dos alunos. Compreender esses exemplos é essencial para planejar currículos eficazes e adequados às necessidades dos estudantes. Discutimos os desafios comuns enfrentados pelas escolas ao lidar com métricas e cargas horárias curriculares. Exploramos soluções e melhores práticas para superar esses desafios, destacando a importância da flexibilidade, avaliação de desempenho dos alunos, equilíbrio de cargas horárias e envolvimento da comunidade escolar. Abordamos também a necessidade de atualização e avaliação contínua das grades curriculares. Indicamos ferramentas, recursos e softwares que podem auxiliar na organização e medição de métricas curriculares. Essas ferramentas incluem software de gestão escolar, aplicativos de planejamento curricular e outras tecnologias educacionais que facilitam o acompanhamento e a análise das métricas. Esses recursos são essenciais para uma gestão eficaz das grades curriculares. 74 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Em resumo, este capítulo oferece uma visão abrangente das métricas e cargas horárias curriculares, destacando sua relevância na educação. Aprendemos que esses conceitos desempenham um papel fundamental na garantia da qualidade do ensino, na adaptação às necessidades dos alunos e na conformidade com as regulamentações educacionais. Agora que exploramos esses tópicos, você deve ter adquirido um entendimento sólido sobre como funcionam as métricas e cargas horárias curriculares e como aplicá-las de maneira eficaz em contextos educacionais. Estamos prontos para avançar e continuar nossa jornada de aprendizado. 75CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 RE FE RÊ N CI A S BERGER FILHO, R. L. Formação baseada em competências numa concepção inovadora para a formação tecnológica. In: CONGRESSO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DOS PAÍSES DO MERCOSUL. 5, 1998, Pelotas. Anais […], Pelotas, 1998. BRASIL. Lei nº 13.415, de fevereiro de 2017. Altera as Leis n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Diário Oficial da União, Brasília, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/ l13415.htm. Acesso em: 24 nov. 2023. BRASIL. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l9394.htm. Acesso em: 24 nov. 2023. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf. Acesso em: 24 nov. 2023. BRASIL. Pronatec: um caminho de oportunidades pela educação profissional e tecnológica. Portal MEC. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=35391-pronatec-apresentacao- pdf&Itemid=30192. Acesso em: 24 nov. 2023. BRASIL. Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Diário http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=35391-pronatec-apresentacao-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=35391-pronatec-apresentacao-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=35391-pronatec-apresentacao-pdf&Itemid=30192 76 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Oficial da União, Brasília, 2018. Disponível em: https://www. in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/ id/51281622/do1-2018-11-22-resolucao-n-3-de-21-de-novembro- de-2018-51281310. Acesso em: 24 nov. 2023. BRASIL. Resolução nº 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Diário Oficial da União, Brasília, 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ d o c m a n & v i e w = d o w n l o a d & a l i a s = 1 1 6 6 3 - r c e b 0 0 6 - 1 2 - pdf&category_slug=setembro-2012-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 24 nov. 2023. CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2012. COLL, C., POZO, J. I., SARABIA, B., VALLS, E. Los contenidos en la reforma: Enseñanza y aprendizaje de conceptos, procedimientos y actitudes. Madrid: Santillana, 1992. CONTEÚDO. Dicionário Priberam. Disponível em: https:// dicionario.priberam.org/conte%C3%BAdo. Acesso em: 22 fev. 2021. COUTO, P. O óbvio precisa ser dito: essa e mais sete lições que aprendi na trajetória de RP. Fantástico Mundo RP, 2020. Disponível em: https://medium.com/fmrp. Acesso em: 22 dez. 2020. DALLAN, E. M. C. 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F. N. A formação do psicólogo: clínica, social e mercado. São Paulo: Escuta, 2004. NUNEZ, I.; RAMALHO, B. A noção de competência nos projetos pedagógicos de ensino médio: reflexões na busca de sentidos. In: NUNEZ, I. B.; RAMALHO, B. L. (orgs.). Fundamentos do ensino- aprendizagem das ciências naturais e da matemática: o novo ensino médio. Porto Alegre: Sulina, 2004. MACHADO, L. Currículo em bases contínuas. São Paulo: IIEP, 2005. MACEDO, L. de. Ensaios pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto Alegre: Artmed, 2005. MORAES, M. O paradigma educacional emergente. Campinas/ SP: Papirus, 2000. MORAES, M. C.; TORRE, S. Os fundamentos do sentipensar. In: MORAES, M. C.; TORRE, S. Sentipensar: fundamentos e estratégias para reencantar a educação. Petrópolis: Vozes, 2004. PERRENOUD, P. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. PERRENOUD, P. A arte de construir competências. Revista Nova Escola, p. 19-31, 2000. PERRENOUD, P. 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Aprendi com minha experiência que Priscila Couto (2020, on-line) tem razão ao afirmar que o “óbvio precisa ser dito”: O que é explícito para um pode não ser para outro. Nas estratégias de comunicação, nos briefings enviados para os fornecedores, nos veículos internos, no diálogo; o óbvio precisa ser dito. É possível mitigar vários desvios e ruídos revalidando o que foi falado, mesmo que seja algo que “pareça” implícito. Seja na aprovação de peças com o fornecedor ao repetir o papel e formato validados, seja na comunicação com os colaboradores, seja nos veículos é preciso reforçar a informação e buscar a clareza e objetividade. A transparência é fundamental para gerar engajamento, confiança e assertividade no resultado. É preciso amarrar todas as pontas. A indicação de Priscila vem ao encontro do que acontece na educação, já que muitos estudantes não entendem determinados conteúdos, pois o professor julga óbvio que eles saibam de alguns detalhes que o alicerçam na aprendizagem. Da mesma forma, os professores acabam rejeitando muitas sugestões para melhor desenvolver seu trabalho, pois quando recebe essa indicação, ainda lhe faltam informações e justificativas. Aquilo que não fica claro ao professor, ele não entende e acaba recebendo como uma imposição. 11CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Em função disso, vamos esclarecer até mesmo as questões mais óbvias, como, por exemplo, o que é conteúdo. Conteúdo Segundo do Dicionário Priberam, a palavra “conteúdo” refere-se a um assunto, aos dizeres de uma carta, ao que está contido em uma caixa ou um invólucro. Imagem 3.1 – Conteúdos selecionados para ensinar leitura de uma pauta musical Compasso musical Notas musicais Figuras de tempo Armaduras de claves Leitura de uma pauta musical 1 2 3 4 Fonte: Elaborado pela autoria (2020) A Imagem 1.1 nos mostra os conteúdos contidos dentro do assunto geral “leitura de uma pauta musical”, isto é, tudo que está relacionado ao tema que leva ao conhecimento final que é, nesse caso, ler uma pauta musical. Dessa forma, é possível entendermos que, para alcançar um objetivo de aprendizagem, o processo de seleção de 12 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 conteúdos é primordial. A leitura de uma pauta musical depende de sabermos antes como ler as notas musicais, as figuras de tempo, a armadura de clave e o que é compasso musical. Por isso, esses conteúdos passam a fazer parte do caminho para a leitura e, consequentemente, a interpretação. No que concerne a conteúdos curriculares, Sacristan (2007) assinala que o currículo tem que ser entendido a partir: [...] (d)aquilo que é, na realidade, a cultura nas salas de aula, fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a vida internadas salas de aula e os conteúdos se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação etc. Definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 26, os currículos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter uma base nacional comum a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura da economia e da clientela. Abaixo, discriminamos partes da legislação que nos mostram essa realidade: § 1º – Os currículos devem abranger obrigatoriamente o estudo da lingua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e darealidade social e política, especialmente do Brasil. 13CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 § 2° – O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. § 3° – A Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo sua prática facultativa ao aluno que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a 06 horas; maior de 30 anos; que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar estiver o lerigado a prática da Educação Física; amparado pelo decreto Lei nº 1044, de 21 de outubro de 1969; que tenha prole. § 4º – O ensino da história do Brasil levará em conta as contribuiçoes das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. § 5° – Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente,a partir do 6º ano, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição. Os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão ainda cumprir as seguintes diretrizes: • A difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; 14 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 • Consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; • Orientação para o trabalho; • Promoção do desporto educacional e apoio às práticas educativas não formais. Dessa forma, podemos pensar em conteúdo, de forma bem simplificada, como os conhecimentos que serão transmitidos aos alunos, observando que devem atender aos objetivos de cada disciplina que compõe o currículo. Imagem 3.2 – Seleção de conteúdos a serem trabalhados em sala de aula, a partir de cada disciplina CONTEÚDOS CONTEÚDOS CONTEÚDOS CONTEÚDOS CONTEÚDOS DISCIPLINAS LÍNGUA PORTUGUESA MATEMÁTICA HISTÓRIA GEOGRAFIA CIÊNCIAS Fonte: Elaborado pela autoria (2020) VOCÊ SABIA? A Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDB), sancionada há 23 anos, especificamente em 20 de dezembro de 1996, teve importância crucial nas transformações ocorridas desde então. Servindo à Educação, como a Constituição atende para o conjunto da legislação brasileira, a LDB abriu espaço para consolidar medidas que ampliaram o acesso e melhoraram o financiamento do ensino no Brasil. 15CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Considerando que cada disciplina tem seus objetivos, cabe às equipes técnico-pedagógicas orientar os professores sobre o desenvolvimento desse currículo, e também como transformá-lo significativamente para os estudantes. Caberá ter conhecimento da realidade local, das características dos alunos para uma seleção desses conhecimentos que comporão o currículo em cada série/ano do processo escolar. A partir da consciência de quem são os estudantes que estão sob nossa responsabilidade é que podemos criar uma sequência de estudos e formas de ensinar que contemplem essa realidade. REFLITA Imagine uma escola indígena. Qual estratégia de aula ficará mais adequado para esses estudantes? 1. O professor lançar situações-problema sobre compras no shopping center; 2. O professor lançar situações-problema sobre caça e pesca. Qual dessas opções é mais significativa para esse grupo? Fica muito claro que trabalhar sobre a perspectiva da realidade deles, ou seja, a caça e a pesca, trará mais significado e relevância para a aprendizagem. Zabala (1988) refere-se ao conteúdo selecionado a ser trabalhado em sala de aula da seguinte forma: • Conteúdos factuais/conceituais; • Conteúdos procedimentais; • Conteúdos atitudinais. Conhecer o que cada conteúdo significa e como ele se desenvolve no currículo ajudará o professor a escolher objetivos e metodologias didáticas para sua atuação. 16 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOSU ni da de 3 É importante ter em vista de que o conteúdo escolar não envolve apenas os conceitos, mas procedimentos e atitudes que devem ser inseridos no processo de ensino e aprendizagem de forma inter-relacionados. (Coll et al., 1992) Antes de especificarmos o que cada tipologia de conteúdo abrange, será importante também lembrarmos dos quatro pilares da educação estabelecidos pela UNESCO para a educação do século XXI, nos cadernos elaborados por Werthein e Cunha (2000) e sua relação com os conteúdos. São eles: • Aprender a conhecer – ensinar ao aluno que ele pode descobrir o saber, pesquisar e criar. • Aprender a fazer – ligada à formação profissional, às necessidades do mercado de trabalho e à capacidade em realizar o que se aprendeu. • Aprender a conviver – ligada à percepção do outro, à vida em grupo, ao respeito etc. • Aprender a ser – para desenvolver, o melhor possível, a personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. 17CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Imagem 3.3 – 4 pilares da educação Aprender a conhecer Aprender a ser Aprender a fazer Aprender a conviver 4 Pilares da educação Fonte: Elaborado pela autoria (2020) Veremos na sequência que muito desses saberes estão relacionados à classificação de conteúdo. Conteúdos factuais e conceituais Os conteúdos conceituais e factuais consistem em fatos, informações, conceitos construídos na história e na ciência. Relacionando aos quatro pilares da educação, seria “aprender a conhecer”. Todo conhecimento tem base teórica, científica, intelectual, filosófica, calculista ou mesmo conhecimento popular. Conhecer essa fundamentação desenvolve parte cognitiva dos estudantes fortalecendo o raciocínio, a memória e proporcionando a construção do conhecimento. Exemplo: Um professor que ensina história selecionará conhecimentos do período específico objetivado e trará informações sobre os acontecimentos da época. 18 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Vejamos a sugestão do currículo de História em 2011, do Estado de São Paulo, para o início do ano das quintas séries do Ensino Fundamental: • Sistemas sociais e culturais de notação de tempo ao longo da história; • As linguagens das fontes históricas; • • Documentos escritos, mapas, imagens, entrevistas; • A vida na Pré-história e a escrita, e os suportes e instrumentos da escrita. Podemos retomar aqui que, além de conhecer esses aspectos, também de forma oculta poderá ser trabalhada uma série de valores, que também devem fazer parte do currículo. A palavra “conhecer” garante a aprendizagem? O fato de escutarmos um professor discorrendo sobre um assunto nos garante que apreendemos realmente seu valor diante do cotidiano de vida? Podemos ter várias aulas de um determinado conteúdo e nem por isso aprendermos sobre ele. Quem se lembra ainda como aplicar os cálculos de química para determinar o “Ph” de algum elemento natural? São informações que muitas vezes possibilitam a entrada em universidades, porém, se não for realmente significativo para o estudante, esse conhecimento cairá no esquecimento. Nesse caso, devemos entender que esse conteúdo conceitual deveria ser explorado de forma que os alunos pudessem se posicionar diante da informação e usar esses conhecimentos para sua vida futura social ou mesmo profissional. Reafirmado por Zabala (1988, p.23): 19CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Na aprendizagem conceitual, os conteúdos e princípios abordados pelo professor devem ser trazidos para o mundo real das ideias, a fim de que se possa utilizá-lo para a interpretação de situações corriqueiras. Imagem 3.4 – Conhecer o aluno para contextualizar o conhecimento Fonte: Elaborado pela autoria (2020) Para uma estudante, filha de pais agricultores, qual a sua realidade? É essa pergunta que fará emergir o que se pode usar da realidade em que vive para ensinar e estabelecer um processo de aprendizagem personalizado e contextualizado. Normalmente as escolas concentram seus esforços no ensino de conteúdos factuais e conceituais, ignorando as demais propostas de conteúdo, e essa questão pode e deve ser trabalhada como tema de formação dos professores pela equipe técnico-pedagógica. Criar espaço para reflexão com os docentes é fundamental para o aprimoramento das atividades em sala de aula. [...] formação permanente dos professores centrada na escola, sob responsabilidade de uma pessoa da própria escola, presume que o compromisso dos docentes na discussão dos problemas práticos que enfrentam na escola constitui o melhor modo de promover o desenvolvimento profissional. (...) Nessa perspectiva de formação permanente do 20 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 professor centrada na escola, a melhora da prática profissional se baseia, por fim, na auto compreensão dos professores sobre seus papéis e tarefas. (Elliot, 1990, p. 244-245) No currículo, esses conceitos são elencados em uma sequência lógica, em que o profissional considere ideal para facilitar a aprendizagem, “é importante que o professor, ao iniciar uma nova sequência didática, leve em consideração o que os alunos já sabem e construa os novos saberes” (Carvalho, 2012, p. 32). Usando uma metáfora que demonstre a importância de uma sequência de saberes, podemos comparar com um prédio residencial. Se tivermos a falta de um dos andares, também não teremos os outros andares. Como na sequência de conteúdo, no edifício, um andar alicerça o outro. Não posso ensinar equação de segundo grau para um aluno que ainda não aprendeu a contar. Imagem 3.5 – Prédio faltando um andar Fonte: Adaptado de Freepik (2020) 21CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 E se o professor trabalha com conteúdos conceituais, que tipo de avaliação ele deve propor aos estudantes? Considerando as diferentes classificações de conteúdo, precisaremos de diferentes formas de avaliação. Para avaliarmos conteúdos factuais e conceituais podemos usar os seguintes verbos. Quadro 3.1 – Verbos utilizados para avaliar conteúdos conceituais – Taxonomia de Bloom Analisar Descrever Citar Enumerar Identificar Explicar Lembrar Inferir Listar Interpretar Nomear Justificar Relatar Relacionar Numerar Resumir Fonte: Elaborado pela autoria (2020) SAIBA MAIS A Taxonomia de Bloom é um instrumento de apoio ao planejamento didático-pedagógico, desde a identificação do objetivo até o caminho a percorrer a fim de alcançá-lo. Para saber mais, leia o artigo “Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais”. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/gp/v17n2/a15v17n2.pdf 22 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Conteúdos Procedimentais Segundo o Dicionário Priberam (on-line), procedimentos significam “comportamento, modo de atuar, ser oriundo, descender, originar-se, provir, derivar-se, obrar, instaurar, processo, entregar à justiça, principiar a fazer alguma coisa e continuá-la, comportar-se, conduzir-se, prosseguir”. Na escola, os conteúdos procedimentais relacionam-se ao “saber fazer” dos quatro pilares da educação, ou seja, direcionado à realização de algum objetivo. Procedimento se relaciona a colocar em prática o conhecimento adquirido. O estudante aprende que é possível decantar a água por meio de alguns processos. Conteúdo procedimental, nesse caso, seria ele receber o material necessário para a decantação e realizar o processo. De acordo com Zabala (1998), a partir dos conteúdos procedimentais, o aluno é convidado a enxergar o caminho que o leva à construção dos conteúdos e a ser um dos atores principais no processo de ensino e aprendizagem (protagonismo estudantil). Se pensarmos na educação tradicional, os conteúdos trabalhados sem diálogo, apresentados de forma fechadas contemplavamapenas os conteúdos conceituais. Hoje pensamos em motivar o aluno mostrando para que serve aquele determinado conhecimento. É o que chamamos de contextualizar o aprendizado. Segundo os “PCNs: temas transversais – meio ambiente” (1998, p. 204), os procedimentos merecem atenção especial: Os conteúdos dessa natureza são aprendidos em atividades práticas. São um “como fazer” que se aprende fazendo, com orientação organizada e sistemática dos professores (...) 23CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Além disso constituem situações didáticas em que o desenvolvimento de atitudes pode ser trabalhado por meio de vivência concreta e da reflexão sobre ela. Realizar atividades práticas, além de motivar o estudante, vai prepará-lo para exercer uma profissão. Por isso, ter fundamentação e depois colocar em prática o conhecimento adquirido ordena para um desempenho e uma compreensão melhor da funcionalidade daquele conhecimento. Ainda é possível desenvolver uma aula em que o estudante é convidado a praticar antes de se fundamentar o conceito. Assim, ele poderá junto ao professor, construir o aprendizado com base em sua experiência. Para avaliarmos os conteúdos procedimentais utilizamos os seguintes verbos: Quadro 3.2 – Verbos utilizados para avaliar conteúdos procedimentais – Taxonomia de Bloom Aplicar Demonstrar Avaliar Desenhar Calcular Elaborar Classificar Experimentar Coletar dados Inferir Compor Ler Construir Levantar hipóteses Deduzir Manejar Observar Planejar Recortar Representar Saltar Simular Usar Traduzir Fonte: Elaborado pela autoria (2020) 24 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Observem que esses verbos dependem de ação do estudante. Para ele avaliar algum fenômeno precisa conhecê-lo e testá-lo. Agora vamos caminhar para os conteúdos atitudinais. Conteúdos Atitudinais Os conteúdos atitudinais referem-se às aprendizagens de convivência, valores como respeito, solidariedade, humildade e outros. É aprender a viver juntos e aprender a se conhecer. Cada pessoa tem sua história, cultura, religião, e podemos observar diversos tipos de atitudes e julgá-las segundo nossa “visão de mundo”, porém, para se viver em sociedade, são recomendadas atitudes que permitam a convivência e a paz. Por isso, estimular o respeito entre os diferentes é fundamental. É na escola que muitas crianças iniciam seu primeiro contato com grupos. Elas vão brincar, conversar, trabalhar juntas em uma aprendizagem, seguir normas, e para essa convivência funcionar é preciso respeito e tolerância. Entender que existe muito mais que você próprio e sua vontade, e entender que estamos dividindo o mesmo espaço com os mesmo direitos e deveres é fundamental. Aprender normas e valores é talvez o conteúdo principal de preparação para a sociedade. Dessa forma, estamos falando de um indivíduo que se questiona, se reinventa conforme as condições sociais. Essa percepção não quer afirmar que ao vivermos em grupo precisamos aceitar tudo, mas sim sermos capazes de respeitar a postura do outro e colocar as nossas de forma gentil. Saber se 25CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 manifestar no mundo e sobre o mundo é condição essencial para convivência grupal. Os conteúdos atitudinais têm por objetivo o amadurecimento do estudante que vive em grupo e que deve pensar em si, mas também na coletividade. [...] processo mediante o qual vamos construindo novos significados das coisas e do mundo ao nosso redor, ao mesmo tempo em que melhoramos estruturas e habilidades cognitivas, desenvolvemos novas competências, modificamos nossas atitudes e valores, projetando tais mudanças na vida, nas relações sociais e laborais. (Moraes; La Torre, 2004) Será que um professor consegue avaliar uma atitude? Avaliação depende de mensuração. É possível mensurar uma atitude? Normalmente, nesses casos, recomenda-se que por meio de atividades grupais, os estudantes sejam observados sistematicamente. Mas isso não garante uma conduta social adequada, apenas verifica superficialmente a atitude do estudante diante da convivência em determinados momentos, não garantindo que isso se reproduzirá na sociedade. Para além disso, é fundamental a autoavaliação. Realizada de forma adequada, a autoavaliação do estudante ajudará a analisar seu comportamento mediante as situações. Para essa autoavaliação pode-se, por exemplo, usar uma lista de verificação. Observem a amostra abaixo de uma lista de verificação autoavaliativa. 26 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Quadro 3.3 – Lista de verificação de uma atividade proposta para um grupo Atitude Fiz Não Fiz Encaminhamentos pessoais Participei da elaboração do trabalho efetivamente. Ajudei o grupo a definir metas e caminhos. Contribui com a elaboração da parte teórica. Ajudei na construção da parte visual. Ajudei os parceiros com dificuldades. Respeitei a opinião dos demais. Fonte: Elaborado pela autoria (2020) RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Neste capítulo, exploramos a seleção e organização dos conteúdos curriculares na escola, destacando a importância fundamental desse processo na formação dos alunos. A competência adquirida aqui é essencial para profissionais da educação, pois os conteúdos são a base do ensino e da aprendizagem. Ao longo do capítulo, discutimos os diferentes tipos de conteúdos, incluindo os factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais, e como cada um deles desempenha um papel único na educação. Esperamos que você tenha compreendido a relevância dessa competência e como ela influencia diretamente a qualidade da educação. Continuaremos nossa jornada explorando outros aspectos importantes da educação nos próximos capítulos. Fique conosco e continue aprendendo! 27CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 O currículo numa abordagem por competências OBJETIVO Ao término deste subtítulo, você terá explorado diversas abordagens sobre como os currículos escolares são construídos e desenvolvidos. Esse conhecimento é fundamental para compreender o processo de seleção e organização de conteúdos curriculares na escola. Neste subtítulo, vamos analisar as formas de construção de currículos escolares, desde concepções inovadoras para a formação tecnológica, como destacado por Berger Filho (1998), até a influência das leis de diretrizes e bases da educação nacional, como a Lei n.º 9.394/96 e a Lei n.º 13.415/17, que impactam diretamente na estrutura curricular das instituições de ensino. Além disso, exploraremos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) influenciam na construção dos currículos. Durante nossa jornada, você encontrará questões que o convidarão à reflexão. Vamos explorar juntos as diversas formas de construção de currículos escolares e compreender sua importância na educação. Avante! Dentro da realidade escolar, já estamos cientes da importância de uma pedagogia diferenciada, que se adeque à realidade que é constantemente dinâmica. As pessoas mudam, a sociedade muda, e a escola quer continuar a mesma. Precisamos de uma escola que evolua junto da transformação que se apresenta na sociedade. 28 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Imagem 3.6 – O currículo numa abordagem por competências Fonte: Elaborado pela autoria a partir de IA (2023) Não podemos mais ignorar que a maioria dos estudantes já carregam consigo um smartphone e que tem acesso a informações variadas, muitas vezes falsas (fake news), precisando muito de orientação sobre como discernir de uma informação verdadeira. Justamente por termos profissionais que foram educados em escolas tradicionais, que eles continuam trabalhando da forma convencional, impedindo que os estudantes evoluam, se integremà realidade, aprendam com prazer e considerem a tecnologia. Moraes (2000, p. 17) afirma que: Não se muda um paradigma educacional apenas colocando uma nova roupagem, camuflando velhas teorias, pintando a fachada da escola, colocando telas e telões nas salas de aula, se o aluno continua na posição https://www.google.com/search?q=fake+news&spell=1&sa=X&ved=0ahUKEwjNvPLYlMXfAhXICpAKHcnsAMMQkeECCCooAA 29CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 de mero expectador, de simples receptor, presenciador e copiador, e se os recursos tecnológicos pouco fazem para ampliar a cognição humana. Nesse sentido, existem muitas escolas que têm recursos audiovisuais, biblioteca, laboratórios, mas que infelizmente não usam nenhum. Tudo continua como antes. Pode-se afirmar de que muitos educadores nem sabem como usar a tecnologia a favor da aprendizagem, e mais uma vez caberá à equipe técnico-pedagógica formação e orientação para se desfrutar de equipamentos disponíveis. É preciso repensar as práticas acadêmicas para que atendam a sociedade atual. Como diria Einstein: “Insanidade é continuar fazendo as mesmas coisas e esperar um resultado diferente”. E é justamente isso que acontece nas escolas. As reclamações dos profissionais são as mesmas, mas sua atuação também. É preciso organizar o currículo com uma lógica diferenciada, em que as disciplinas, caso fragmentadas, devem se convergir dando ao estudante a ideia das ligações existentes, já que as competências se expressam por meio da incorporação de conteúdo, conceitos e processos didáticos e metodológicos. A palavra competência nos leva a visualizar “o conhecimento que alguém tem para realizar algum trabalho, pesquisa, julgamento, ensinamento etc. É saber mobilizar e mobilizar-se em favor de uma meta, de um desejo” (Macedo, 2005, p. 78). Com a LDB 9394/96, a noção de competência no Brasil se intensifica, incentivando as escolas a formarem pessoas completas, ou seja, além de preparação para o mercado de trabalho, que tenham habilidades diversas para construir uma nova sociedade melhor. 30 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Para se trabalhar um currículo por competências, os estudantes precisam se apropriar de conceitos verdadeiramente e estes devem ser usados em momentos certos para resolver as situações que a vida apresenta. A ideia é dar sentido ao conteúdo das disciplinas. Imagem 3.7 – O estudante deve entender onde se encaixa o aprendizado Fonte: Elaborada pela autoria (2020) O que ocorre normalmente é que o estudante recebe uma informação desagregada de um contexto, que não faz sentido para ele. Quantas vezes você ouviu um aluno perguntando para que ele precisa aprender determinado conteúdo? São incontáveis as vezes em que se pode ouvir esse questionamento dentro de uma sala de aula. 31CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Dessa forma, podemos afirmar que precisamos um novo jeito de ensinar. O ensino precisa ser mais eficiente, estimulando o estudante a se interessar e entender para que serve. Por isso é tão importante a ideia de se trabalhar de forma contextualizada, trazendo ao aluno os conteúdos dentro das realidades que vivem, e que esses conteúdos sejam trabalhados de tal forma que os prepare para resolver as situações cotidianas que enfrentam. Outro aspecto importante é lembrarmos de como são separadas as disciplinas, uma das outras. Isso não quer dizer que não seja possível trabalhar relacionando-as. Estudaremos na próxima unidade as formas de organização curricular que são conhecidas como: disciplinaridade, multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Lá teremos esclarecimentos de como podemos driblar a fragmentação proposta pelas escolas do século passado. Para se construir um currículo por competências é preciso selecionar conhecimentos que são importantes de serem desenvolvidos com os estudantes. Deve haver uma integração entre “saber” e “saber-fazer”. Conhecer a aplicabilidade dos conhecimentos no desenvolvimento profissional é premissa para elaborar um currículo por competências. Dessa forma, para se elaborar um currículo por competências, é preciso ter seus alunos caracterizados em sua cultura, suas dificuldades e necessidades locais. Veja um exemplo a seguir. 32 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Imagem 3.8 – Caracterização básica dos estudantes Músicas de preferência: sertanejo e funk Moram em um bairro pobre Pais com pouca formação escolar São evangélicos em sua maioria Bairro violento e com presença de tráfico de drogas Fonte: Adaptado de Freepik (2020) Assim, o currículo por competências não deixará de ser construído com base em objetivos de ensino e de aprendizagem, mas deverá ter tais itens contextualizados à realidade social, com vistas à sua superação. Mas, ponderando sobre um currículo por competência, indica-se que vamos renunciar as disciplinas e o conhecimento? Segundo Perrenoud, (1999, p. 40): Alguns temem que desenvolver competências na escola levaria a renunciar às disciplinas de ensino e apostar tudo em competências transversais e em uma formação pluri, inter ou transdisciplinar. Este temor é infundado: a questão é saber qual concepção das disciplinas escolares adotar. Em toda hipótese, as competências mobilizam conhecimentos, 33CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 dos quais grande parte é e continuará sendo de ordem disciplinar [...]. Perrenoud ainda contribui com o entendimento da proposta curricular por competências, afirmando que: Para desenvolver competências é preciso, antes de tudo, trabalhar por problemas e por projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa, cooperativa, aberta para a cidade ou para o bairro, seja na zona urbana ou rural. Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne da profissão. Ensinar, hoje deveria consistir em conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos construtivistas. (Perrenoud, 2000, p. 76) Certos de que precisamos de situações concretas para desenvolver as competências curriculares, é preciso alinhar o que há de melhor em todas essas vertentes teóricas de currículo, valorizando, acima de tudo, o protagonismo do aluno nesse processo. A avaliação por competências foge da mensuração de notas e passa pela busca de resultados. Ela visa: [...] educar os alunos para um fazer reflexivo e crítico, no contexto de seu grupo social, questão que coloca a educação a serviço das necessidades reais dos alunos para sua vida cidadã e sua preparação para o mundo do trabalho. (Leite, 2004, p. 126) 34 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Segundo Dallan (2000), para se construir uma proposta curricular por competência, é preciso: • Ter claro o conceito de competências; • Refletir como os alunos poderão desenvolver competências; • Definir qual o perfil de cidadão que se pretende formar. O que significa preparar para a cidadania; quais as competências que traduzem essa ideia e, em consequência, quais os conteúdos curriculares que deverão contribuir para a constituição dessas competências; • Tomar sempre por base as competências para selecionar os conteúdos curriculares. Como outros, essa autora lembra que uma mesma competência pode estar ancorada em vários conteúdos, e que eles são meios, e não fins; • Definir qual o tipo de organização curricular, podendo- se optar por temas, projetos ou problemas, integrando disciplinas ou áreas do conhecimento; • Ter claro que a interligação do conhecimento é uma das estratégias que favorece o desenvolvimento de competências. Pensar em um currículo por competência é apenas mais um caminho entre tantos possíveis, mas é preciso que a instituição escolar esteja consciente de seus objetivos e tudoque o abarca essa estrutura. Ainda mais que nunca, investir na formação de professores, para que saibam desafiar seus alunos para um novo projeto educativo. 35CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Imagem 3.9 – Abordagens do currículo por competência RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES- PROBLEMA CURRÍCULO POR COMPETÊNCIA HABILIDADES FAZER CONHECIMENTOS REALIZAR ATITUDES RELACIONAR CONHECIMENTOS Fonte: Elaborada pela autoria (2020) Formas de Construção de Currículos Escolares Ao abordar as formas de construção de currículos escolares, é fundamental considerar que o cenário educacional está em constante transformação. As abordagens tradicionais já não atendem plenamente às necessidades dos estudantes, que vivem em uma sociedade dinâmica e altamente conectada. Nesse contexto, exploraremos algumas das formas de construção de currículos mais relevantes e eficazes. 1. Currículo por Competências: a abordagem por competências coloca o foco no desenvolvimento das habilidades e conhecimentos necessários para que os estudantes se tornem cidadãos competentes em diversos aspectos da vida. Isso vai além do aprendizado de conteúdos disciplinares e inclui a capacidade de aplicar esse conhecimento em situações reais. O currículo por competências envolve a definição clara de quais competências os alunos devem adquirir e 36 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 como elas serão desenvolvidas ao longo do processo educacional. 2. Currículo Multidisciplinar: a abordagem multidisciplinar busca integrar diferentes disciplinas e áreas do conhecimento em projetos e atividades de aprendizado. Ela reconhece que os problemas e desafios do mundo real raramente se encaixam em caixas disciplinares separadas. Portanto, essa abordagem promove a interconexão de temas e a colaboração entre professores de diferentes áreas. 3. Currículo Interdisciplinar: similar à abordagem multidisciplinar, o currículo interdisciplinar visa integrar disciplinas, mas com um foco mais profundo na conexão entre os conceitos e abordagens de diferentes áreas. Os professores trabalham juntos para criar uma compreensão mais abrangente dos tópicos, destacando as relações entre as disciplinas. 4. Currículo Baseado em Projetos: nessa abordagem, os alunos aprendem por meio da realização de projetos práticos que abordam questões do mundo real. Isso envolve a identificação de um problema ou desafio, pesquisa, colaboração e a criação de soluções. Os projetos incentivam a aplicação prática do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas. 5. Currículo Personalizado: com a tecnologia e os recursos digitais disponíveis, o currículo personalizado se tornou viável. Ele permite que os alunos tenham mais controle sobre o que e como aprendem. Os estudantes podem seguir caminhos de aprendizado adaptados às suas necessidades, seus interesses e estilos de aprendizado individuais. 37CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 6. Currículo por Temas Transversais: essa abordagem enfatiza temas transversais, como cidadania, ética, sustentabilidade e diversidade, que são incorporados em várias disciplinas. Isso promove a formação de cidadãos conscientes e responsáveis, capazes de lidar com questões complexas da sociedade. 7. Currículo Inovador com Tecnologia: a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante na educação. Currículos inovadores incorporam o uso de dispositivos digitais, recursos on-line e ferramentas de ensino assistido por computador para enriquecer a experiência de aprendizado dos alunos. É importante destacar que não há uma abordagem única que funcione para todas as escolas e todos os contextos. Muitas instituições optam por combinar elementos de diferentes abordagens para criar um currículo que atenda às necessidades específicas de seus alunos. Além disso, a formação contínua de professores desempenha um papel crucial na implementação bem-sucedida de qualquer abordagem curricular. À medida que o campo da educação continua a evoluir, é fundamental que as escolas estejam abertas a adaptar seus currículos para melhor preparar os estudantes para os desafios do século XXI. A escolha da abordagem curricular deve ser orientada pela busca da excelência na educação e pelo compromisso de proporcionar aos alunos as melhores oportunidades de aprendizado. Ao considerar as diversas formas de construção de currículos escolares, é importante também refletir sobre os desafios e questões que surgem ao implementar essas abordagens. Aqui estão algumas considerações relevantes: 38 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 • Formação de Professores: a transição para abordagens de currículo mais inovadoras muitas vezes requer uma mudança na forma como os professores são preparados e apoiados. Os educadores precisam adquirir novas habilidades pedagógicas e adaptar suas práticas de ensino. Investir na formação contínua dos professores é essencial. • Avaliação Autêntica: currículos baseados em competências e abordagens práticas muitas vezes demandam métodos de avaliação diferentes dos tradicionais. A avaliação deve ser autêntica e alinhada às metas de aprendizado, focando não apenas a memorização de fatos, mas a aplicação do conhecimento em contextos do mundo real. • Individualização: a individualização do ensino, presente em currículos personalizados, pode ser desafiadora devido à necessidade de gerenciar diferentes trajetórias de aprendizado para cada aluno. A tecnologia desempenha um papel importante na viabilização dessa abordagem, mas é preciso garantir que todos os alunos tenham acesso adequado. • Integração Curricular: a integração entre disciplinas e a abordagem multidisciplinar ou interdisciplinar exigem coordenação e colaboração entre professores de diferentes áreas. Isso pode ser um desafio logístico, mas é fundamental para criar uma experiência de aprendizado significativa. • Contextualização: a contextualização do currículo é essencial para tornar o aprendizado relevante para a vida dos alunos. No entanto, encontrar maneiras eficazes de conectar o conteúdo às realidades locais e globais pode ser complexo. 39CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 • Equidade: garantir que todas as abordagens curriculares sejam equitativas e atendam às necessidades de todos os alunos é uma preocupação fundamental. A equidade no acesso a recursos, tecnologia e oportunidades de aprendizado é um desafio a ser superado. • Avaliação de Impacto: avaliar o impacto das diferentes abordagens de currículo na aprendizagem dos alunos é crucial. Isso requer a coleta de dados relevantes e a análise dos resultados para ajustar continuamente o currículo. • Envolvimento da Comunidade: muitas abordagens curriculares, como projetos e aprendizado baseado em problemas, envolvem parcerias com a comunidade local. Isso exige uma colaboração estreita com pais, empresas e organizações da região. A construção de currículos escolares é um processo complexo e dinâmico que precisa acompanhar as mudanças na sociedade e nas necessidades dos alunos. As abordagens discutidas oferecem caminhos diferentes para aprimorar a qualidade da educação, preparando os estudantes para os desafios do século XXI. Não existe uma abordagem única que seja a melhor em todos os contextos, e muitas escolas optam por combinar elementos de várias abordagens para criar currículos sob medida. Independentemente da abordagem escolhida, a formação de professores, o envolvimento da comunidade, a avaliação autêntica e o compromisso com a equidade são princípios fundamentais a serem seguidos. À medida que a educação continua a evoluir, é essencial que as escolas sejam flexíveis e estejam dispostas a experimentar novas abordagens, sempre com o objetivo de oferecer uma 40 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 educação de qualidade que prepare os alunos para enfrentar os desafios do futuro.O Currículo como Ampliação das Possibilidades de Convivência Social e Profissional O currículo escolar desempenha um papel fundamental na formação dos estudantes, no que diz respeito ao domínio de conteúdos acadêmicos e à ampliação das possibilidades de convivência social e profissional. Neste capítulo, exploraremos como o currículo pode ser projetado para preparar os alunos para uma participação ativa na sociedade e no mercado de trabalho. Educação para a Convivência Social Desenvolvimento de Habilidades Sociais: um dos objetivos essenciais do currículo é promover o desenvolvimento de habilidades sociais nos alunos. Isso inclui a capacidade de se comunicar eficazmente, resolver conflitos de forma construtiva, colaborar em equipe e compreender e respeitar a diversidade cultural e social. Essas habilidades são essenciais para a convivência harmoniosa em uma sociedade plural. Educação Moral e Cívica O currículo também pode incluir componentes de educação moral e cívica, que ajudam os alunos a desenvolver valores éticos, responsabilidade cívica e um senso de justiça social. Isso contribui para a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com o bem-estar da comunidade. 41CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Inclusão e Diversidade Garantir a inclusão de todos os alunos, independentemente de suas diferenças individuais, é um aspecto crucial da educação para a convivência social. O currículo deve abordar questões de diversidade, promovendo a aceitação e o respeito pela pluralidade de identidades e experiências. Preparação para o Mundo Profissional Desenvolvimento de Competências Profissionais: além das habilidades acadêmicas, o currículo também pode se concentrar no desenvolvimento de competências profissionais. Isso inclui a preparação dos alunos para o mundo do trabalho, fornecendo- lhes habilidades práticas, como pensamento crítico, resolução de problemas, comunicação eficaz e colaboração em equipe. Experiências Práticas: a integração de experiências práticas no currículo, como estágios, projetos profissionais e simulações do mundo real, permite que os alunos apliquem seu conhecimento em contextos profissionais. Essas experiências são valiosas para prepará-los para carreiras futuras. Orientação Profissional: o currículo também pode oferecer orientação profissional, ajudando os alunos a explorar diferentes carreiras e tomar decisões informadas sobre seu futuro. Isso inclui a exploração de campos de estudo, oportunidades de emprego e desenvolvimento de planos de carreira. Integração entre Convivência Social e Profissional Uma abordagem eficaz do currículo reconhece a interseção entre convivência social e profissional. Os alunos não apenas adquirem habilidades sociais valiosas, mas também aprendem a aplicar essas habilidades em contextos profissionais. 42 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 A educação para a convivência social e profissional visa preparar os alunos para contribuir de maneira significativa para a sociedade. Isso envolve a promoção da responsabilidade social, ética no trabalho e participação ativa na comunidade. O currículo escolar desempenha um papel vital na formação dos alunos, indo além do domínio acadêmico para incluir o desenvolvimento de habilidades sociais e competências profissionais. Ao promover a convivência social harmoniosa e preparar os alunos para o mundo profissional, o currículo contribui para a formação de cidadãos completos e prontos para enfrentar os desafios do futuro. A integração entre convivência social e profissional é fundamental para garantir que os alunos estejam preparados para suas carreiras e para uma participação ativa e responsável na sociedade. Organização do Itinerário Formativo às Características Locais e ao Projeto Político Pedagógico A educação não pode ser dissociada das realidades locais em que as escolas estão inseridas. A obra de Libâneo aborda a importância da contextualização no processo de ensino e aprendizagem. Isso implica considerar as características culturais, socioeconômicas e históricas da comunidade em que a escola está localizada. O currículo deve refletir essas realidades para que os estudantes possam se relacionar de maneira significativa com os conteúdos. Projeto Político Pedagógico (PPP) O projeto político pedagógico é um documento fundamental para orientar a organização do currículo escolar. A obra de Veiga explora a importância do PPP na definição dos 43CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 objetivos educacionais, nas diretrizes curriculares e nas estratégias pedagógicas. O currículo deve estar alinhado com o PPP da escola, garantindo que os princípios e valores da instituição sejam incorporados à prática educativa. Flexibilidade Curricular A flexibilidade curricular é discutida por Sacristán como uma abordagem que permite a adaptação do currículo às necessidades locais e aos interesses dos estudantes. Isso envolve a possibilidade de diversificar os itinerários formativos, oferecendo opções que atendam às demandas da comunidade. A flexibilidade curricular é essencial para tornar o currículo mais relevante e inclusivo. Estágios e Práticas Pedagógicas A formação de professores e a organização de estágios são abordadas por Pimenta e Lima. Essas práticas são fundamentais para que os futuros educadores compreendam a importância de adaptar o currículo às características locais e ao PPP da escola. Os estágios proporcionam uma vivência prática da realidade escolar, contribuindo para a formação docente. A organização do itinerário formativo dos estudantes deve ser uma tarefa cuidadosa e estratégica, levando em consideração as características locais e o projeto político pedagógico da escola. As referências bibliográficas mencionadas fornecem insights e orientações valiosas para garantir que o currículo seja relevante, contextualizado e alinhado com os objetivos educacionais da instituição. A flexibilidade curricular e a formação docente desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo que o currículo seja adaptado de maneira eficaz às necessidades da comunidade escolar. É importante destacar que a organização do currículo escolar também pode se beneficiar de abordagens pedagógicas 44 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 contemporâneas, como a pedagogia de projetos, o ensino por competências e a aprendizagem ativa. Essas abordagens promovem a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento e permitem a integração de conteúdos de diferentes disciplinas de forma contextualizada. Além disso, a consulta a especialistas em educação e a colaboração com a comunidade local podem enriquecer o processo de organização curricular. A troca de experiências e o envolvimento de diferentes partes interessadas, como pais, alunos e membros da comunidade, podem contribuir para a definição de objetivos educacionais mais amplos e relevantes. Por fim, é fundamental que a avaliação do currículo leve em consideração não apenas o desempenho dos estudantes em testes, mas também a capacidade de aplicar os conhecimentos e habilidades adquiridos em situações reais. A avaliação formativa, que ocorre ao longo do processo de ensino e aprendizagem, pode fornecer informações importantes para ajustar o currículo e torná- lo mais eficaz. Em resumo, a organização do currículo escolar deve ser um processo dinâmico, flexível e orientado para as necessidades dos estudantes e da comunidade. A integração de abordagens pedagógicas contemporâneas, o envolvimento da comunidade e uma avaliação abrangente são elementos-chave para garantir um currículo relevante e eficaz. Definição das Cargas Horárias Curriculares A definição das cargas horárias curriculares é um aspecto fundamental na organização do currículo escolar, pois influencia diretamente a distribuição de tempo dedicado a cada disciplina e 45CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de3 conteúdo. Para garantir uma abordagem abrangente e equilibrada, é importante considerar diversas diretrizes e critérios ao definir as cargas horárias. Abaixo, exploraremos esse tópico em maior detalhe, fazendo menção às referências bibliográficas indicadas. 1. Diversificação das Cargas Horárias: ao definir as cargas horárias, é essencial considerar a diversificação de disciplinas e áreas do conhecimento. O objetivo é proporcionar aos estudantes uma educação ampla e equilibrada, cobrindo tanto as disciplinas tradicionais quanto temas transversais. As diretrizes curriculares nacionais, como as mencionadas na Resolução n.º 3 de 2018, podem fornecer orientações sobre a diversificação curricular. 2. Adequação ao Projeto Político Pedagógico (PPP): o PPP da escola deve ser o guia principal para a definição das cargas horárias. Ele reflete a missão, a visão e os valores da instituição e define as metas educacionais específicas. Portanto, as cargas horárias devem estar alinhadas com os objetivos estabelecidos no PPP, conforme mencionado em Sacristan (2007). 3. Participação da Comunidade: a consulta à comunidade escolar, incluindo pais, alunos e professores, é crucial para definir as cargas horárias. Essa participação pode ajudar a identificar as prioridades educacionais da comunidade e garantir que o currículo atenda às expectativas e necessidades locais. 4. Flexibilidade Curricular: a flexibilidade na definição das cargas horárias é importante para permitir adaptações às características locais e às demandas dos estudantes. A flexibilidade é um dos princípios destacados na LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). 46 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 5. Avaliação e Acompanhamento: a avaliação constante do desempenho dos estudantes e a análise dos resultados podem orientar ajustes nas cargas horárias. A avaliação formativa, como proposta por Perrenoud (1999), pode ser valiosa nesse processo. 6. Contextualização: ao definir as cargas horárias, é importante considerar a contextualização dos conteúdos. Os conteúdos curriculares devem ser apresentados de maneira relevante e significativa para os estudantes, como mencionado por Macedo (2005). 7. Abordagem Interdisciplinar: promover a interdisciplinaridade e a integração entre disciplinas pode ser alcançado por meio da definição das cargas horárias. A colaboração entre professores de diferentes áreas pode enriquecer o currículo, como destacado por Coll, Pozo, Sarabia e Valls (1992). 8. Preparação para o Mundo do Trabalho: considerando a Lei n.º 13.415 de 2017, que alterou as diretrizes da educação nacional, é importante que as cargas horárias estejam alinhadas com a preparação dos estudantes para o mercado de trabalho. Isso inclui o desenvolvimento de habilidades profissionais e competências socioemocionais. 9. Acompanhamento da Evolução da Educação: a educação está em constante evolução, e as cargas horárias devem ser ajustadas para refletir as mudanças nas demandas da sociedade. A consulta a documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais pode ajudar nesse processo. Portanto, ao definir as cargas horárias curriculares, é fundamental considerar uma variedade de fatores, incluindo 47CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 diretrizes nacionais, o PPP da escola, a participação da comunidade, a flexibilidade, a avaliação e a contextualização. Essa abordagem holística ajudará a garantir um currículo equilibrado e relevante para os estudantes. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a construção de currículos escolares é um processo complexo e crucial na educação. Vimos que as formas de construção desses currículos podem variar, incluindo a consideração das competências como um elemento central. Além disso, exploramos como o currículo pode ser visto como uma oportunidade de ampliar as possibilidades de convivência social e profissional dos estudantes. Isso significa que o currículo não se limita apenas às disciplinas tradicionais, mas também deve abranger temas relevantes para a vida em sociedade e o mercado de trabalho. Falamos também sobre a importância de organizar o itinerário formativo de acordo com as características locais e o projeto político-pedagógico da escola. Isso garante que o currículo esteja alinhado com as necessidades e realidades da comunidade escolar. Por fim, discutimos a definição das cargas horárias curriculares, destacando a diversificação, a flexibilidade e a preparação para o mundo do trabalho como aspectos-chave a serem considerados nesse processo. Esperamos que este capítulo tenha fornecido insights valiosos sobre a construção de currículos escolares com base em competências e como isso pode impactar positivamente a educação. Continuaremos explorando mais temas interessantes no próximo capítulo. Até lá! 48 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Itinerários formativos e a flexibilidade curricular OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a flexibilidade curricular e sua relação com os itinerários formativos na educação. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão como educador, pois a capacidade de adaptar o currículo às necessidades dos estudantes é essencial. As pessoas que tentaram implementar práticas educacionais sem compreender a flexibilidade curricular e os itinerários formativos muitas vezes enfrentaram dificuldades no processo de ensino- aprendizagem. Portanto, este capítulo se propõe a fornecer o conhecimento necessário para que você possa abordar a educação de forma mais inclusiva e adaptada às particularidades de seus alunos. E então? Motivado para desenvolver essa competência e promover uma educação mais inclusiva e flexível? Vamos lá. Avante! Itinerários formativos Quando pensamos na palavra itinerário logo nos deparamos com a ideia de uma sequência. Por exemplo, se formos viajar para algum lugar, logo pensaremos em um itinerário. Por onde começamos? Por onde vamos passar? Qual a melhor sequência para se chegar ao local de destino? O itinerário formativo refere- se à estrutura formativa. Os currículos estabelecem os itinerários e podem ser construídos de várias formas, desde que garantam o progresso na aprendizagem do aluno de forma sequencial. É isso que estudaremos agora. 49CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 A ideia de progressão nos estudos inibe a possibilidade de repetições; assim, estruturado por módulos ou ciclos, deve permitir uma linearidade progressiva de aprendizagem. Esse não é um pressuposto inflexível, pois existem outras formas de linearidade, mas com retomadas constantes de reconhecimentos conceituais. Seria uma espiralidade na apresentação do currículo. Quando o curso é trabalhado por módulos, permite aos estudantes que se organize de forma individual. Ele poderá realizar primeiro um módulo e depois outro. Ao final, realizando todos os módulos, poderá ser certificado. Permite ao aluno que realize vários módulos paralelamente, ou mesmo um de cada vez. Entendendo isso, se o aluno se propor a participar de vários módulos em um ano, por exemplo, ele poderá concluir seu curso antecipadamente. Podemos comparar isso com um condomínio de casas. Cada casa tem sua estrutura e uma casa não depende da outra, mas todas juntas formam um condomínio. Ramos (s.d, on-line) colabora com essas ideias afirmando que: Entretanto, o grau de liberdade dos alunos para influir nesse processo é um assunto para negociações. Sobretudo, é preciso garantir que a estruturação do currículo siga critérios psicopedagógicos e que leve em conta os graus de complexidade, a sequenciação, a complementaridade dos conteúdos e a dinâmica dos processos de assimilação e aprendizagem,considerando, principalmente, os históricos heterogêneos dos alunos, suas experiências formativas anteriores e planos futuros para sua trajetória de estudos. 50 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 A discussão sobre itinerário formativo abrange também o momento sociopolítico e o tipo de profissional que estamos precisando no momento. Por isso, ele vem ser permeado pela relação entre trabalho e cidadão que se espera no mercado. Não se recomenda que um sobressaia ao outro. Temos de ter coerência no itinerário para que o profissional não apague o pessoal e, dessa forma, corremos o perigo de termos novos pressupostos de linha de produção. Imagem 3.10 – Características dos trabalhadores solicitados em cada época MERCADO DE TRABALHO DINÂMICO, CRIATIVIDADE, PROATIVIDADE, BONS RELACIONAMENTOS. ANTES: PERFIL SOLICITADO MESMA FORMAÇÃO, OBEDIÊNCIA, ACEITAÇÃO, CONFORMISMO, PRODUÇÃO. AGORA: PERFIL SOLICITADO Fonte: Elaborada pela autoria (2020) Como é sabido, a linha de produção era o caminho Taylorista/Fordista/Toyotista de se atingir uma produção em massa. Os funcionários trabalhavam de forma compartimentada, cada uma fazendo um trabalho repetitivo em uma linha de produção, que ao final produziria uma manufatura. Nos anos 1970, no Brasil, sob a influência da ditadura militar, as formas de produção mecanizadas influenciavam na formação escolar de um indivíduo preparado para atender a esses requisitos. Atualmente, a sociedade e as empresas esperam um profissional mais dinâmico, eclético, capaz de se relacionar e usar 51CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 criatividade além de ser proativo. Considerando isso, os itinerários formativos devem desenvolver essas habilidades em sua forma de transmitir o conhecimento. Ao final espera-se um profissional capaz de entender e questionar as políticas públicas, enfrentando as adversidades que se apresentarem. Com essa reflexão podemos agora pensar na importância da flexibilidade do currículo. Ramos (s.d, on-line) corrobora com essa informação, registrando: [...]dos básicos e técnicos gerais de uma área até os profissionais mais específicos, incluindo-se aí os saberes mais abrangentes, novos conhecimentos e conceitos relevantes na atualidade, que permitam visão ampla do processo produtivo e dos avanços e conhecimento culturais, científicos e tecnológicos e que possibilitem a inserção/ intervenção na sociedade contemporânea. A Resolução n.º 06/2012 nos traz a possibilidade de flexibilização em seu texto, em especial para o Ensino Médio. Admitindo que os cursos do Ensino Médio agora terão uma base comum e blocos optativos de disciplinas por meio da vontade dos alunos, a flexibilização é relevante. Vejam o que diz os seguintes artigos: Art. XI -A organização curricular do Ensino Médio deve oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades que permitam itinerários formativos opcionais diversificados, a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes, com suas especificidades etárias, 52 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 sociais e culturais, bem como sua fase de desenvolvimento; Art. XVII- Os sistemas de ensino, de acordo com a legislação e a normatização nacional e estadual, e na busca da melhor adequação possível às necessidades dos estudantes e do meio social, devem: § III - fomentar alternativas de diversificação e flexibilização, pelas unidades escolares, de formatos, componentes curriculares ou formas de estudo e de atividades, estimulando a construção de itinerários formativos que atendam às características, interesses e necessidades dos estudantes e às demandas do meio social, privilegiando propostas com opções pelos estudantes Ainda podemos citar o artigo 36 da Lei n.º 13.415, que em seu texto orienta o Ensino Médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, que serão definidos pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação profissional: 1. Linguagens e suas tecnologias; 2. Matemática e suas tecnologias; 3. Ciências da natureza e suas tecnologias; 4. Ciências humanas e sociais aplicadas; 5. Formação técnica e profissional. 53CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Dessa forma, ficam estabelecidos que 60% da carga horária devem ser dedicados a base comum e 40% aos chamados itinerários formativos, onde o aluno escolherá o de sua preferência. As escolas devem oferecer possibilidades de formação que supostamente seriam escolhidas de acordo com os interesses dos estudantes. A flexibilidade curricular Ainda pensando na diversidade encontrada no país, temos o seguinte artigo da Resolução n.º 3, de 21 de novembro de 2018, que atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: Art. 14. XI - a organização curricular do Ensino Médio deve oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades que permitam itinerários formativos opcionais diversificados, a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes, com suas especificidades etárias, sociais e culturais, bem como sua fase de desenvolvimento. Essa flexibilização deve ser estudada com cuidado, pois temos escolas que talvez não possuam condições de oferecer muitos itinerários, sem falar na contratação de profissionais que atendam às áreas escolhidas. 54 CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Imagem 3.11 – Itinerários formativos e reconhecimentos dos saberes Fonte: PRONATEC (2016) REFLITA É importante refletir sobre como a flexibilização curricular pode impactar positivamente a educação inclusiva ao proporcionar diferentes caminhos para o alcance dos mesmos objetivos de aprendizagem. Essa abordagem reconhece a diversidade de estilos de aprendizagem e necessidades dos estudantes. Como educadores, devemos considerar como podemos implementar a flexibilização de forma eficaz em nossas práticas pedagógicas para garantir que todos os alunos tenham a oportunidade de aprender e se desenvolver plenamente na escola. Para além disso, ainda encontramos a possibilidade de não entendimento das equipes que podem simplesmente ignorar questões essenciais dessa flexibilização. Outra questão que engloba a possibilidade de flexibilização está relacionada aos atendimentos aos estudantes com deficiência. Vamos conversar um pouco sobre isso? 55CURRÍCULOS E PROJETOS PEDAGÓGICOS U ni da de 3 Educação inclusiva e a flexibilização do currículo A inclusão de estudantes portadores de deficiência na escola tem sido um grande desafio. VOCÊ SABIA? A flexibilização curricular é uma abordagem educacional que visa tornar o currículo mais acessível e adaptável às necessidades dos estudantes? Essa estratégia não apenas promove a inclusão de alunos com deficiência, mas também reconhece a importância de oferecer oportunidades iguais de aprendizagem para todos. Devemos admitir que já tivemos uma evolução, porém mais centrada na mobilidade, na garantia de vaga. De qualquer forma, mesmo nesses aspectos, ainda não chegamos no ponto ideal. Quanto à aprendizagem ainda encontramos muitas dúvidas, e os professores precisam urgentemente de orientação. O currículo programado para uma determinada série, geralmente é simplificado pensando em atender determinados alunos. A simplificação se resume em diminuição dos conteúdos propostos. Mas a ideia de flexibilização, nesse caso, não corresponde ao objetivo de inclusão. Incluir é oferecer as mesmas possibilidades para todos os alunos. Aqui, a flexibilização curricular consistiria em diferir as estratégias pedagógicas e adaptação de algumas complexidades. É preciso ficar claro que flexibilizar não é o mesmo que adaptar o currículo. Quando realizamos uma adaptação estamos praticamente reformando alguma rota. Já a flexibilização