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LAZER EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO AULA 5 ABERTURA Olá! Os megaeventos esportivos são marcantes e certamente ficam para a história dos países e das cidades que funcionam como sede. Assumir o papel de anfitrião é uma grande responsabilidade, mas também uma grande oportunidade, uma vez que eventos dessa dimensão, como os jogos olímpicos, funcionam como verdadeiros catalisadores de recursos, atraindo investidores de todo o mundo. Contudo, para a obtenção de sucesso, é necessário um rigoroso e organizado processo de planejamento das ações necessárias para a preparação dos jogos.É muito importante ressaltar que todo esse controle e cuidado não se encerra com a finalização dos jogos olímpicos. Após os jogos, a governança local precisa cuidar para que o legado deixado pelos jogos seja de fato utilizado em favor da população local. Nesta aula, você vai estudar o conceito de legado olímpico e vai aprender sobre o legado olímpico brasileiro. Nesse sentido, você vai compreender as ações governamentais de controle e vai poder comparar o legado olímpico brasileiro com o de outros países. Bons estudos. O legado olímpico e o plano de legado brasileiro REFERENCIAL TEÓRICO Os jogos olímpicos representam um megaevento esportivo que atrai olhares de todo o mundo. Por atingir tal dimensão, os jogos são compreendidos como uma oportunidade de catalisar investimentos para a promoção de melhorias para as cidades anfitriãs. O legado olímpico é toda herança que os jogos deixam para as cidades-sede, sendo que esse legado pode ser dividido entre legado material (obras de infraestrutura, melhora do transporte público, construção de hospitais etc.) e legado imaterial (troca de experiência internacional, avanço do turismo, desenvolvimento de projetos esportivos etc.). No capítulo "O legado olímpico e o plano de legado brasileiro", base teórica desta aula, você vai verificar os detalhes da gestão governamental do legado olímpico dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Além disso, você vai poder comparar o caso brasileiro com o de outros países que construíram um legado importante. Ao final, você terá reunido os seguintes aprendizados: • Avaliar o plano de legado olímpico e a respectiva governança no Brasil. • Comparar o legado olímpico brasileiro ao de outros países. • Reconhecer o legado olímpico e seu papel no incentivo do esporte no Brasil. Boa Leitura. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Avaliar o plano de legado olímpico e a respectiva governança no Brasil. > Comparar o legado olímpico brasileiro ao de outros países. > Reconhecer o legado olímpico e seu papel no incentivo ao esporte no Brasil. Introdução Os Jogos Olímpicos da era moderna vêm acontecendo com intervalo de quatro anos desde 1896, quando a barão Pierre de Coubertin resgatou os jogos que aconteciam na Grécia Antiga. O barão de Coubertin acreditava que mais do que as competições esportivas pautadas em disputas ferrenhas pela vitória, os jogos têm o dever de carregar princípios éticos e morais, bem como oferecer um retorno positivo à cidade anfitriã. O legado olímpico representa toda herança deixada para a cidade-sede após o encerramento dos jogos. Existem diferentes classificações quanto ao tipo de legado, podendo ser dividido em material e imaterial, por exemplo. Com a globa- lização e a evolução dos modelos de negócio, os Jogos Olímpicos se tornaram um megaevento, que atrai recursos financeiros em abundância, podendo funcionar como catalisador de recursos para a cidade-sede e para a construção de um legado significativo. O legado olímpico e o plano de legado brasileiro Leonardo Mateus Teixeira de Rezende Neste capítulo, você vai conhecer os principais detalhes relacionados ao legado olímpico brasileiro, bem como sua forma de administração desde o final dos jogos de 2016. Estudará também as principais políticas pública de incentivo ao esporte que estiveram relacionadas aos Jogos Olímpicos. Por fim, acompanhará uma comparação entre o legado olímpico brasileiro e aqueles observados em Barcelona (1992) e Londres (2012). O plano de legado olímpico brasileiro Os Jogos Olímpicos possuem diversas funções sociais na comunidade, e a Carta Olímpica reforça que uma das mais importantes é o estabelecimento de um legado positivo que venha a permanecer para as cidades e países anfitriões (PORTUGAL, 2011). De acordo com Mesquita (2018), o grande motivo para uma cidade se candidatar à realização de um megaevento esportivo como as Olimpíadas é o retorno potencial, ou seja, o legado que será deixado para a cidade e sua população após o encerramento dos jogos. Para sediar os Jogos Olímpicos, um país precisa apresentar uma cidade com infraestrutura que atenda à demanda do evento. Sendo assim, é necessário oferecer para os atletas, turistas e a própria população infraestrutura de qualidade quanto a segurança, transporte, saúde, etc. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma série de projetos para melhoria da infraestrutura foram realizados, objetivando atender a essas questões. O que se propõe verdadeiramente é que, depois de encerrados os jogos, tais melhorias sirvam de legado para população local. Contudo, para tratar esse tema com a devida profundidade, é preciso compreender o conceito de legado. Sobre isso, Rodrigues (2013, p. 19, grifo nosso) afirma: Por entendermos legado como narrativa, ou seja, forma de pensar e articular trajetórias passadas, presentes e futuras de uma cidade, consideramos esse processo de desenvolvimento (com ganhos tangíveis e intangíveis), de passar para as próximas gerações uma herança de conhecimentos, tecnologias, pro- priedade e atitudes articulados ao projeto olímpico, um dos maiores desafios que o Brasil enfrenta. Do ponto de vista etimológico, legado é uma palavra que tem sua origem no latim (legatum, deixado como testamento), referindo-se a qualquer tipo de patrimônio deixado para fruição dos beneficiados. Dessa forma, um legado olímpico pode ser material, referindo-se à infraestrutura (construções como parques, rodovias, arenas esportivas), ou imaterial, ligado ao estabelecimento de condutas baseadas no olimpismo, fortalecimento de relacionamentos O legado olímpico e o plano de legado brasileiro2 internacionais, desenvolvimento de projetos educacionais, etc. (MESQUITA; BUENO, 2018). Sendo assim, a discussão sobre legado olímpico é ampla e ultrapassa a ideia de simplesmente deixar espaços físicos a serem utilizados. O assunto, portanto, precisa ser problematizado a fim de compreendermos como esses legados devem ser aproveitados enquanto herança econômica, social e cultural, em prol do bem comunitário. Em termos de legado olímpico, é muito importante compreender que o tema atinge uma extensa gama de interessados e deve ultrapassar a dimensão esportiva. Portanto, esse legado também atingirá diversas questões da vida em sociedade, abrangendo, por exemplo questões políticas, econômicas, culturais, sociais e de infraestrutura, o que torna seu gerenciamento complexo. Para isso, diversas esferas governamentais precisam se organizar com o ob- jetivo de oferecer o tratamento adequado ao legado olímpico. Sendo assim, o megaevento surge como uma oportunidade única, pois torna possível atrair investimentos com capacidade de acelerar projetos de desenvolvimento social e de regeneração urbana que aconteceriam de forma muito mais retardada em condições normais (BRASIL, 2008). Em 2011, foi criada a Lei Federal n° 12396, que firmou um consórcio público denominado Autoridade Pública Olímpica (APO), sob a forma de autarquia de regime especial entre União, o estado e a cidade do Rio de janeiro. A APO funcionava como agência coordenadora entre estes três entes federados no processo de organização e preparação dos Jogos Olímpicos de 2016, sendo responsável por garantir que as obrigações firmadas perante ao Comitê Olímpico Internacional fossem cumpridas (BRASIL, 2011). Após a realização dos jogos, a APO foi transformada na Autoridade de Governançado Legado Olímpico (AGLO), por meio da MP 771/2017 (BRASIL, 2017). A AGLO foi um órgão que funcionou entre 2016 e 2019, com o objetivo de garantir que os espaços construídos recebessem programas e projetos, oferecendo para a população local possibilidades de atividades esportivas, culturais, sociais, de lazer e educacionais. Eram as seguintes as atribuições específicas da AGLO, conforme a MP 771 (BRASIL, 2017): � viabilizar a adequação, a manutenção e a utilização das instalações esportivas olímpicas e paraolímpicas destinadas às atividades de alto rendimento ou a outras manifestações desportivas; � administrar as instalações olímpicas e promover estudos que proporcio- nassem subsídios para a adoção de modelo de gestão sustentável sob os aspectos econômico, social e ambiental; O legado olímpico e o plano de legado brasileiro 3 � estabelecer parcerias com a iniciativa privada para a execução de empreendi- mentos de infraestrutura destinados à melhoria e à exploração da utilização das instalações esportivas, aprovadas previamente pelo Ministério do Esporte; � elaborar o plano de utilização das instalações olímpicas e paraolímpicas, sujeito à supervisão e à aprovação do Ministério do Esporte; � realizar estudos técnicos e pesquisas e elaborar e monitorar planos, projetos e programas; � firmar ajustes, contratos e acordos a fim de viabilizar a utilização das estru- turas do legado olímpico; � desenvolver programas, projetos e ações que utilizem o legado olímpico como recurso para o desenvolvimento esportivo e a inclusão social. A AGLO criou um documento norteador para as ações relacionadas ao legado olímpico, batizado de Plano de Legado Olímpico, publicado em 2017 (AGLO, 2017). Um ponto interessante a ser ressaltado é que a AGLO teve seus planos frustrados ao perceber que a iniciativa privada não assumiu a maior parcela das estruturas olímpicas (AGLO, 2017). Sendo assim, o governo fe- deral se viu na obrigação de assumir o controle das estruturas olímpicas, principalmente o Parque Olímpico da Barra, as Arenas 01 e 02, o Velódromo e o Centro de Tênis. A AGLO também apresentava um planejamento que indica estratégias e metas para utilização dos espaços. Contudo, o documento apresentou esses planos apenas para o período de existência da AGLO, ou seja, de 2016 até 2019. O documento indica que a missão do órgão era transformar as instalações olímpicas da Barra e de Deodoro em um Centro Olímpico de Treinamento capaz de oferecer uma programação abundante de atividades de prática esportiva, atendendo aos atletas, cidadãos, crianças e adolescentes (AGLO, 2017). Por meio dessa proposta, a ideia era tornar o legado olímpico brasileiro uma referência mundial quanto ao aproveitamento das estruturas olímpicas. O plano de legado olímpico brasileiro apresentava objetivos a curto, médio e longo prazos. A curto prazo, pretendia-se manter as instalações em funcionamento, oferecendo possibilidades para realização de eventos esportivos de alto rendimento, mas também eventos direcionados a outras formas de manifestações esportivas, como o esporte particição e o esporte educacional. A médio e longo prazos, o grande objetivo era criar um modelo de gestão que tornassem os espaços olímpicos autossustentáveis por meio da integração entre ações governamentais e privadas (AGLO, 2017). Outro aspecto importante é que o Ministério do Esporte firmou acordo com o Exército Brasileiro, que utiliza partes das instalações para seu treinamento. O legado olímpico e o plano de legado brasileiro4 Veja no quadro a seguir quais são os espaços que funcionam sob administração do Exército. Essas instalações foram construídas em área militar — Deodoro — com recursos cedidos pelo Ministério do Esporte. O documento da AGLO explicita ainda que o Exército é responsável pela administração e controle das atividades, enquanto o Ministério do Esporte é responsável pelo custeio (AGLO, 2017). As instalações a seguir são de propriedade do Exército Brasileiro, sob sua administração direta e financiamento por meio de recursos oriundos do Ministério do Esporte (AGLO, 2017). � Centro Militar de Tiro Esportivo Tem Cel Guilherme Paraense (CMTE); � Arena Cel Wenceslau Malta (AWM); � Centro de Pentatlo Moderno Cel Eric Tinoco Marques (CPM); � Centro de Hóquei sobre Grama Sgt João Carlos de Oliveira (CHG); � Centro de Hipismo. Você pode perceber que o legado olímpico está diretamente relacionado a um plano de políticas públicas que se beneficiam do evento para promover alterações materiais (infraestrutura construída e aprimorada como parques, habitações, linhas de metrô, arenas, etc.) e imateriais (valorização da imagem local, o que favorece o turismo; troca de experiências com outros países, aumentando o reconhecimento no exterior, etc.) na cidade anfitriã, com o objetivo de oferecer melhores condições sociais para população local. Infelizmente, os planos concebidos para o legado das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 não se concretizaram em plenitude, havendo muitos projetos inacabados e estruturas abandonadas. Legado olímpico brasileiro em comparação ao resto do mundo Uma informação interessante apresentada pela AGLO no plano de legado olímpico brasileiro é que existia uma expectativa quanto à absorção completa das estruturas e complexos esportivos por parte da iniciativa privada, o que acabou não acontecendo, em função do contexto socioeconômico conturbado do Brasil após os Jogos Olímpicos (AGLO, 2017). Essa intenção voltada para o comando do legado por meio da iniciativa privada difere de muitos exemplos de sucesso pelo mundo de cidades que sediaram Olimpíadas. Barcelona O legado olímpico e o plano de legado brasileiro 5 (sede em 1992), por exemplo, teve seu legado controlado prioritariamente pelo governo, com uma série de ações de cunho social sendo realizadas com objetivo de oferecer um retorno real à sua população (MESQUITA; BUENO, 2018). Cada Olimpíada apresenta suas necessidades quanto ao planejamento e suas particularidades em termos de legado, deixando marcas específicas influenciadas por fatores diversos, como a distribuição geográfica da cidade, clima local, cultura, economia, dentre muitos outros. Nesta seção do capítulo, você conhecerá mais sobre duas Olimpíadas marcantes do ponto de vista de legado (Barcelona 1992 e Londres 2012), e como o legado olímpico brasileiro pode ser comparado a elas. Olimpíadas de Barcelona (1992) As Olimpíadas de Barcelona, realizada em 1992, é apontada até hoje como exemplo de aproveitamento positivo dos recursos atraídos para construção e manutenção de um legado olímpico significativo para a população local (MASCARENHAS, 2008). O governo catalão investiu pesado em projetos ur- banísticos, levando a um processo acelerado e mundialmente reconhecido de evolução urbana. Esse projeto foi explorado também enquanto atrativo turístico, projetando a imagem da cidade a nível mundial, o que atraiu inves- timento externo e turistas do mundo inteiro (MASCARENHAS, 2008). O contexto social espanhol não pode ser descartado ao se abordar as Olimpíadas de Barcelona, uma vez que a ditadura franquista (1939–1975) havia se encerrado poucos anos antes, de forma que o governo espanhol enxergava a necessidade de transmitir uma imagem renovada e positiva do país. Sendo assim, a utilização de Barcelona como sede olímpica foi encarada como um desafio e como uma oportunidade. Dessa forma, o que se percebeu foi que o plano de organização dos Jogos Olímpicos priorizou a cidade de Barcelona e não os jogos em si, o que levou a amplas melhorias urbanas (MASCARENHAS, 2008). As áreas urbanas de Barcelona ganharam maior definição do ponto de vista econômico, aglutinando grupos especificados por área em cada localidade, o que atraiu inúmeros negócios e atividades comerciais. Foi construído um anel viário em torno da zona urbana, facilitando o tráfego de veículos e o acesso a pontos distintos da cidade. Além disso, é apontadoaumento do de- senvolvimento urbano associado à valorização imobiliária. Inúmeras vagas de trabalho foram geradas, aumentando a circulação de renda e movimentando a economia local (BRUNET, 1997). O legado olímpico e o plano de legado brasileiro6 É importante ressaltar que o plano de revitalização urbana catalão se- guiu pautado no equilíbrio, para oportunizar melhorias a todas regiões da cidade, evitando priorizar determinadas áreas, como reforça Mascarenhas (2008, p. 191): De fato, em vez de realizar a clássica construção de um grande parque olímpico, Barcelona optou pela desconcentração, criando quatro parques menores, espalha- dos pela cidade. Dessa forma, evitou instalações superdimensionadas, condenadas à condição de “elefantes brancos” após o final dos Jogos. A grande verdade é que as Olimpíadas de 1992 funcionou como um marco histórico que abriu os olhos de muitos países, que passaram a enxergar os Jogos Olímpicos como uma oportunidade única de atrair recursos rápidos e em abundância para melhoria da infraestrutura local. Truño (2008) indica que a partir de 1992 os Jogos Olímpicos passaram a ser entendidos como catalisadores de recursos, e que a grande maioria dos países que obtiveram sucesso na campanha para sediar os jogos apresentava como principal fator de seu projeto o plano de regeneração urbana e desenvolvimento econô- mico. Estima-se que Barcelona economizou dez anos de renovação com o projeto olímpico, considerando que, quando bem administrados, o projeto e o legado olímpicos podem oferecer oportunidades para superar uma série de entraves políticos, burocráticos e financeiros que dificultam a renovação urbana (PREUSS, 2004). A revolução causada pelo devido aproveitamento do legado dos Jogos Olímpicos em Barcelona atingiu tamanha magnitude que atualmente ela é considerada uma das cidades europeias que oferecem melhor qualidade de vida a seus cidadãos, e é a quarta melhor cidade do mundo para se iniciar um negócio (TRUÑO, 2008). Olimpíadas de Londres (2012) Londres, que foi sede olímpica em 2012, apresentou um projeto olímpico que previa grande regeneração urbana, com o objetivo de transformar uma das áreas mais precárias da cidade (POYTER, 2008). Do ponto de vista não tangível, a principal proposta de Londres era estimular o envolvimento dos jovens no movimento olímpico e aproximá-los da prática esportiva. O legado olímpico de Londres é apontado como um dos mais impactantes após a revolução iniciada em Barcelona, o que pode ser observado pela ampla regeneração da porção da cidade conhecida como East London, que era uma localidade desindus- trializada e marginalizada, que recebeu grande atenção, sendo transformada O legado olímpico e o plano de legado brasileiro 7 para recepção dos jogos. Esse projeto serviu inclusive como inspiração para o planejamento das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. É importante ressaltar que a regeneração de East London é um projeto antigo, iniciado ainda na década de 1990, mas foi somente com o impulso oferecido pelos Jogos Olímpicos que acabou havendo um grande avanço (POYNTER; VIEHOFF; LI, 2015). Pós-jogos, a renovação de East London incluiu a conversão da zona olímpica em milhares de moradias, hospitais, áreas comerciais, escolas e instalações esportivas. Projetos esportivos para crianças e adolescentes foram criados utilizando as instalações dos Jogos Olímpicos, como o centro aquático, que agora serve como local para aulas de natação, além de várias arenas, que recebem esportes diversos. Algo notável é que todas essas estruturas passa- ram a ser administradas por fundações sem fins lucrativos, com o objetivo de oferecer de fato os espaços para o uso público (SANTOS, 2017). As Olimpíadas de Londres geraram impacto econômico importante para o Reino Unido, uma vez que as receitas geradas durante o evento e nos anos posteriores supe- raram os custos incorridos pelas entidades públicas envolvidas, deixando um legado econômico importante (POYNTER; VIEHOFF; LI, 2015). Quanto ao transporte público, foram construídas novas linhas de metrô, ciclovias e uma série de pontes e viadutos, aliviando o tráfego na cidade. Por outro lado, o turismo pode ser considerado o ponto negativo do legado olímpico de Londres. A cidade recebeu uma quantidade de turistas muito inferior ao esperado após os jogos, e o que se especula é que a justificativa seria o grande aumento dos preços. É possível observar também o impacto social causado pelas Olimpíadas no Reino Unido, uma vez que muitos programas de capacitação e geração de empregos para minorias desfavorecidas foram criados. Além disso, um dos grandes propósitos, como já citado, era o estabelecimento do incentivo ao esporte para crianças e adolescentes. Sendo assim, vários programas educativos sobre saúde, esporte e artes foram criados para os jovens, todos com base nos princípios do olimpismo. O legado ambiental também merece ser destacado, já que houve uma revitalização ecológico por meio do plantio de milhares de árvores e plantas em East London, tudo baseado em um plano de reflorestamento ecológico para estimular a biodiversidade (SANTOS, 2017). Olimpíadas do Rio de Janeiro (2016) O Rio de Janeiro aproveitou muitas ideias dos projetos de Barcelona e Londres, indicando o uso dos jogos como um agente catalisador de recursos para acelerar o processo de desenvolvimento e regeneração da cidade a médio e longo prazos. O legado olímpico e o plano de legado brasileiro8 O projeto tinha como pontos mais fortes a revitalização da zona portuária e das áreas em torno do Maracanã, Engenhão e Sambódromo. Do ponto de vista do transporte urbano, a ideia central passava pela instalação de ônibus de trânsito rápido (BRTs) e expansão das linhas de trem e metrô. Por fim, grande destaque foi dado à revitalização de rios e lagoas, à despoluição da Baía de Guanabara e ao cuidado com a natureza e biodiversidade locais (SANTOS, 2017). Infelizmente, as expectativas não foram cumpridas em sua totalidade, restando muitos projetos inacabados e arenas e espaços esportivos abandona- dos. Muitos pontos não receberam continuidade, causando grande frustração na população e preocupação quanto aos escândalos relacionados a desvio de verba. Quanto aos projetos de ordem ambiental, apenas as ecobarreiras para reter o lixo que chega à Baía de Guanabara foram mantidas, enquanto outros projetos que propunham, por exemplo, a recuperação das lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá não foram concluídos (PINHEIRO JÚNIOR, 2017). Locais como o Parque Radical, na região de Deodoro, encontram-se abandonados, com claros sinais de deterioração, enquanto os parques olímpicos e as arenas olímpicas recebem poucos eventos e projetos. O que se observa de maior sucesso do legado dos Jogos Olímpicos de 2016 para o Rio de Janeiro é a melhora da mobilidade urbana. Os BRTs e os veículos leves sobre trilhos (VLTs) são responsáveis por diminuir drasticamente o tempo de tráfego para a população. Foi possível observar também melhora conside- rável nas linhas de metrô. O projeto para revitalização e expansão das linhas de metrô já era antigo, mas apenas com a chegada dos Jogos Olímpicos é que foi de fato concluído, oferecendo grande melhoria para a população em termos de deslocamento. Portanto, é observada melhora em termos de infraestrutura relacionada à mobilidade pela cidade (PINHEIRO JÚNIOR, 2017). Do ponto de vista urbano, foram revitalizadas vias e mais de 650 mil m2 de calçadas. Os dados indicam ainda que foram construídos aproximadamente 700 km de infraestrutura de saneamento urbano, levando água e esgoto para milhares de pessoas. Ciclovias foram construídas pela cidade e mais de 15 mil árvores foram plantadas. As Olimpíadas também deixaram um legado cultural e de lazer, uma vez que a orla foi estendida em cerca de 3 km, abrindo espaço para novos comércios e opões de lazer. Além disso, foram inaugurados dois museus (Museu de Arte do Rio [MAR] e Museu do Amanhã).Por fim, a área do turismo cresceu bastante após os jogos, com muitos visitantes ao Rio de Janeiro vindos de fora do país (SANTOS, 2017). Esse é um legado importante, pois estimula a economia e gera muitos empregos. De acordo com o COI (OLYMPIC GAMES, c2021), vejamos a seguir destaques do legado olímpico brasileiro divididos por diferentes setores. O legado olímpico e o plano de legado brasileiro 9 � Econômico: ■ criação de 70 hotéis e muitas residências; ■ geração de empregos e aumento da renda; ■ grande expansão do turismo local. � Ambiental: ■ implantação de tecnologias energeticamente eficientes e de baixa emissão de carbono; ■ restauração de 44 hectare de vegetação nativa no campo de golfe e 7,3 hectares no Parque Olímpico; ■ recuperação de 9 km de extensão de rios; ■ aprimoramento da infraestrutura de saneamento; ■ instalação de nova central para tratamento de resíduos. � Social: ■ os voluntários dos jogos receberam treinamento e desenvolveram habilidades laborais que podem ser úteis na obtenção de empregos; ■ instalação de novos equipamentos nos centros comunitários; ■ treinamento de mulheres em situação de risco na área de design, controle de qualidade e habilidades gerenciais; ■ desenvolvimento de projetos direcionados ao oferecimento de um futuro sustentável para os jovens. � Urbano: ■ catalisador de recursos para o avanço de projetos de revitalização urbanística; ■ instalação de 150 km de extensão de BRTs; ■ instalação de nova linha de metrô; ■ revitalização da área do Porto Maravilha. � Juventude e esporte: ■ criação do Transforma, programa educacional da Rio 2016, que bus- cou ampliar a oferta esportiva nas escolas e promover os valores olímpicos de excelência, respeito e amizade; ■ inauguração no Parque Aquático Maria Lenk em 2012, o Centro de Trei- namento Time Brasil hoje é acessível a jovens e talentosos atletas; ■ todo o equipamento utilizado para os torneios de hóquei agora é propriedade da Federação Brasileira de Hóquei. Você pode perceber que Barcelona, Londres e Rio de Janeiro apresentaram como pontos fortes de suas candidaturas o potencial de regeneração urbana. Desse modo, o cuidado com a cidade e com seu povo ganharam maior destaque do que os jogos propriamente ditos, o que vai ao encontro dos princípios do O legado olímpico e o plano de legado brasileiro10 olimpismo preconizados por Pierre de Coubertin. Contudo, diferenças pontuais podem ser observadas. Enquanto Barcelona propôs uma revitalização equili- brada da cidade, Londres e Rio de Janeiro focaram em locais específicos, em que julgaram haver maior necessidade, e acreditaram que seriam mais adequados para recepção do evento. Você pode perceber que a seleção de uma cidade para receber os jogos é um processo complexo e que envolve muitos fatores. Porém, a proposta que apresenta benefícios significativos a longo prazo para a cidade-sede e seu povo com certeza ganha muitos pontos nesse processo. O legado olímpico e as políticas de incentivo ao esporte brasileiro Os Jogos Olímpicos da era moderna, como foram preconizados pelo barão Pierre de Coubertin, representam muito mais do que uma série de compe- tições esportivas, pois servem também como oportunidade para promoção de uma série de ações sociais, políticas e culturais. Assim como em Londres, o projeto dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro indicou que o incentivo a projetos esportivos direcionados aos jovens seria um elemento-chave a ser desenvolvido e mantido posteriormente aos jogos. Veja o que o próprio site do COI diz a respeito (OLYMPIC GAMES, 2017, documento on-line, tradução nossa): No coração dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 estava o compromisso de ajudar crianças e jovens a se conectarem ao esporte, concentrando a atenção do mundo nos maiores atletas do esporte e dando aos jovens de hoje mais educação sobre o esporte, melhor acesso a instalações esportivas, competição, treinamento e eventos esportivos. No Brasil, um dos mais importantes legados sociais voltados para o incentivo do esporte é o projeto Transforma, que tem como objetivo ampliar a oferta esportiva nas escolas e promover os valores pregados pelo olimpismo. O pro- jeto foi implantado em 26 estados brasileiros, atingindo mais de 8 milhões de jovens desde sua criação, em 2013. O programa ofereceu ainda cursos sobre 18 modalidades esportivas para professores de educação física de todo o Brasil. O projeto funciona em escolas, ONGs, projetos sociais e na própria sede do Comitê Olímpico do Brasil (COB). O Transforma tem como foco a atuação do jovem enquanto agente de transformação, com estímulo voltado à vivência dos valores olímpicos e paraolímpicos e à prática esportiva e hábitos saudáveis. Outro legado importante é o Centro de Treinamento Time Brasil, que funciona no Parque Aquático Maria Lenk (Figura 1). Esse projeto oferece a jovens atletas O legado olímpico e o plano de legado brasileiro 11 programas de treinamento em diversas modalidades (atletismo, mergulho, nado sincronizado, ginástica artística, judô, etc.), além de ensino a respeito das ciências do esporte. O parque conta com uma estrutura muito completa, que contém, além das piscinas de natação e de saltos ornamentais, sala de esportes de combate, sala de força e condicionamento, sala de avaliação, laboratório olímpico e centro de treinamento de ginástica artística. O espaço é referência quanto ao preparo e recuperação de atletas de alto nível. A sala de força e condicionamento do CT Time Brasil é apontada como a maior instalação de preparação física de alto rendimento do país. A sala de esportes de combate conta com equipamentos de filmagem para análise de movimento, sala de musculação com equipamentos específicos para diversas modalidades, sala de descanso, sala de avaliação e área de luta. O laboratório olímpico permanece à disposição dos principais atletas do país e das confederações brasileiras olímpicas. O laboratório foi criado com objetivo de oferecer tecnologia de ponta para melhoria do desempenho dos atletas brasileiros a partir do suporte científico. O laboratório fornece dados precisos para que o treinador tome as melhores decisões na elaboração do programa de treinamento dos atletas, diminuindo o risco de lesões e elevando o desempenho nas competições. Figura 1. Estrutura do Parque Aquático Maria Lenk: (a) sala de força e condicionamento; (b) laboratório olímpico; (c) sala de esportes de combate; (d) piscina olímpica. Fonte: Comitê Olímpico do Brasil (COB, 2020, documento on-line). O legado olímpico e o plano de legado brasileiro12 Leis de incentivo ao esporte O acesso ao esporte é assunto bastante debatido na elaboração e promoção de políticas públicas, uma vez que a Constituição brasileira indica que o lazer e o esporte são direitos sociais de todos os cidadãos do país (BRASIL, 1988). Até 2019, o Ministério do Esporte (atualmente incorporado ao Ministério da Cidadania) era o órgão responsável por operacionalizar as ações relacionadas ao esporte brasi- leiro. Em 2003, houve a separação entre os Ministérios do Esporte e do Turismo, sendo que as principais atribuições que passaram ao Ministério do Esporte eram: desenvolvimento e controle de uma política nacional do esporte; intercâmbio com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais; e planejamento, coordenação e avaliação dos programas de incentivo e democratização do esporte (BRASIL, 2003a). Após sua criação, o ministério foi dividido em quatro secretarias: Secretaria Nacional do Esporte Educacional; Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer; Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR); e Secretaria Executiva (BRASIL, 2003b). Em 2011, houve uma reforma na pasta, de forma que duas secretarias foram mantidas (Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento e Secretaria Executiva), e as outras foram combinadas, dando origem à Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. Porfim, foi criada uma nova secretaria, denominada Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor (BRASIL, 2011). A Secretaria Executiva deve coordenar atividades dos sistemas federais dire- cionados ao esporte, sendo que uma das ações foi a criação da lei de incentivo ao Esporte (nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006), que busca estimular o investimento privado em programas esportivos por meio de dedução fiscal oferecida para instituições que contribuam com o desenvolvimento do esporte (BRASIL, 2006). Segundo a lei, a pessoa jurídica que dispor de valor monetário para patrocínio ou doação para projetos esportivos poderá ter dedução do imposto de renda, desde que o procedimento seja aprovado pelo ministério do esporte (BRASIL, 2006). Por sua vez, a SNEAR foi responsável por coordenar as ações de planeja- mento dos Jogos Olímpicos de 2016. Além disso, uma das principais políticas desenvolvidas pela SNEAR foi o programa Bolsa Atleta, iniciado em 2005. O programa visa estabelecer apoio para atletas de alto rendimento, oferecendo recursos financeiros àqueles que alcançam resultados importantes em nível nacional e internacional (SILVA; BORGES; AMARAL, 2015). O Bolsa Atleta teve origem a partir da Lei nº 10.891 (BRASIL, 2004) e do Decreto nº 5.342 (BRASIL, 2005), publicados nos anos de 2004 e 2005, respectivamente. O Bolsa Atleta surgiu da frustração quanto ao desempenho brasileiro nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, quando nenhuma medalha de ouro foi O legado olímpico e o plano de legado brasileiro 13 conquistada pelo país. Este fato ligou um alerta para a necessidade de inves- timento no esporte. Sendo assim, o deputado Agnelo Queiroz criou um projeto de lei com o objetivo de incentivar atletas olímpicos de esportes individuais, por meio de uma remuneração mensal. No trâmite de julgamento da proposta, importantes alterações foram feitas, de forma que a proposta foi estendida às modalidades coletivas e também as paraolímpicas (GUIMARÃES, 2009). Para ter direito à bolsa, o atleta precisa apresentar alto rendimento em modalidades olímpicas e paraolímpicas que sejam filiadas ao COB ou ao Comitê Paralímpico Brasileiro (BRASIL, 2005). Contudo, atletas que não se enquadram em modalidades olímpicas podem receber 15% dos recursos disponíveis para o Bolsa Atleta. Instalado em 2005, o Bolsa Atleta ganhou projeção com o passar dos anos, principalmente com a chegada de megaeventos esportivos ao Brasil, como o Pan-Americano e os Jogos Olímpicos. O programa atingiu grande dimensão no cenário nacional, de forma que nos Jogos Olímpicos de 2016, 77% dos atletas brasileiros eram beneficiários do Bolsa Atleta, enquanto nos Jogos Paraolímpicos, 90,9% eram bolsistas. De modo geral, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deixaram legados importantes do ponto de vista material e imaterial, por mais que ressalvas precisem ser feitas. O esporte é um fenômeno amplamente difundido na sociedade e se manifesta de diferentes formas, com diferentes objetivos. O esporte existe na sociedade basicamente em três formas: � esporte educacional — adaptado ao ambiente escolar, tem como obje- tivo oferecer oportunidade de desenvolvimento integral para crianças e adolescentes; � esporte participação — praticado na sociedade como forma de lazer e divertimento; � esporte de alto rendimento — praticado por atletas profissionais com o objetivo de vencer competições importantes. Os projetos legados e/ou reforçados pelos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro conseguem abranger diferentes dimensões do esporte. Isso é observado principalmente por meio de projetos sociais como o programa Transforma, que trabalha o esporte educacional, e as atividades desenvolvidas no CT Time Brasil, que oferece estrutura e pessoal qualificados para que os atletas de alto rendimento treinem e sigam em constante evolução. O legado olímpico e o plano de legado brasileiro14 Referências AGLO. Plano de legado: autoridade de governança do legado olímpico. Rio de Janeiro: AGLO, 2017. Disponível em: http://arquivo.esporte.gov.br/arquivos/ascom/plano_de_le- gado_aglo_rev8.pdf. Acesso em: 13 abr. 2021. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 jan. 2021. BRASIL. Decreto nº 4.668, de 9 abril de 2003. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. O legado olímpico e o plano de legado brasileiro 17 PORTFÓLIO Após os jogos olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, a Autoridade Pública Olímpica (APO), responsável pela organização dos jogos, foi transformada na Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), responsável por gerir o legado olímpico. Suponha que, durante o processo de organização da AGLO, você foi contratado como funcionário responsável por manter em funcionamento as arenas da Barra, com o objetivo de torná-las autossustentáveis e oferecer para a população atividades esportivas e culturais. Diante desse cenário, proponha um modelo de gestão, com atividades a serem desenvolvidas para atingir os objetivos apresentados. PESQUISA Como está o legado da Olimpíada da Rio 2016? https://www.youtube.com/watch?v=TdCmZsWAzos Hoje foi a cerimônia de abertura da trigésima segunda olimpíada da era moderna, mais conhecida como a Olimpíada de Tóquio 2020. Muito legal o show, gostei particularmente do efeito dos drones, a olimpíada em si é sempre emocionante ver os melhores atletas do mundo competindo. Mas, no fundo, existe uma pergunta que muita gente se faz: vale a pena organizar uma olimpíada? Veja: é extremamente caro preparar todas as arenas necessárias para todos os esportes, hospedagem para os atletas, transporte para os turistas. Não apenas construir estádios específicos para 35 esportes como a manutenção posterior destes. Enfim, certamente é algo muito caro e que encarece a cada edição. Mas lógico, a olimpíada trás vantagens, primeiro ela tem receitas diretas, venda de ingressos que são bem caros, mas o principal são os direitos de transmissão dos jogos para televisões do mundo todo. Além disso, há benefícios indiretos, o aumento do turismo na cidade durante as olimpíadas tem uma explosão, mas, além disso, costuma levar a cidade a ser mais conhecida e, portanto, a ter mais turismo por algum tempo. A conta, porém, raramente fecha. Tipicamente, mesmo sendo otimista quanto ao retorno indireto, que é difícil de medir, o resultado final é sempre de enorme prejuízo para a cidade. N