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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNICARIOCA A EVASÃO ESCOLAR NOS ÚLTIMOS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: CAUSAS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES CAMYLLA RODRIGUES DOS SANTOS Rio de Janeiro 2019 2 CAMYLLA RODRIGUES DOS SANTOS A EVASÃO ESCOLAR NOS ÚLTIMOS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: CAUSAS E POSSÍVEIS SOLUÇÕES Orientador: Profa. Dra. Carolina Chaves Ferro Rio de Janeiro 2019 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Carioca, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho, primeiramente a minha mãe que sempre me apoiou e esteve comigo em toda a minha vida acadêmica. Agradeço ao meu pai e à toda a minha família por estarem sempre ao meu lado me incentivando, mas agradeço em especial à pessoa que me alfabetizou e que tem um papel muito importante na minha vida acadêmica, minha dinda, Lina Santos. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe por ter estado ao meu lado em toda a minha vida acadêmica, a minha dinda por ter sido a minha inspiração na prática docente. E agradeço a todos os professores que passaram em minha vida, e me tocaram de alguma forma. Agradeço a minha orientadora Carolina Ferro, por lutar por nós e sempre acreditar em mim, a coordenadora do curso de Pedagogia Lana Barbosa, que esteve comigo desde o meu primeiro período como coordenadora, professora e amiga. 5 RESUMO Este trabalho tem como objeto de estudo as causas e os motivos que ocasionam a evasão escolar nos anos finais do ensino fundamental II. Com o objetivo de refletir sobre estratégias que evitem a evasão escolar a partir de medidas preventivas na prática docente, e a exposição da importância de uma gestão democrática de ensino. Desta forma, é possível afirmar que a realização da pesquisa tem grande relevância e destaca-se por contribuir para redução dos índices de evasão escolar no Brasil. A partir das informações coletadas, foram analisados e discutidos a mudança de postura do professor em sala, o posicionamento do mesmo perante os desafios apresentados nos anos finais do ensino fundamental II e concluiu-se que, ao compreender a realidade de vida dos discentes, o docente passa a saber quais medidas pedagógicas podem ser utilizadas naquele âmbito escolar. Palavras–chave: Evasão escolar. Ensino fundamental II. Gestão democrática de ensino. Professor transformador. 6 SUMÁRIO Nº da página 1 – INTRODUÇÃO 7 2 – REFERENCIAL TEÓRICO 11 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 19 4 - CONCLUSÃO 26 5 - REFERÊNCIAS 27 7 1. INTRODUÇÃO Considerando os altos índices de evasão escolar no Brasil, esta pesquisa procurará realizar uma abordagem significativa referente à evasão escolar nos anos finais do ensino fundamental, procurando entender o porquê de jovens e adolescentes abandonarem a escola tão cedo e de uma forma tão repentina. A partir disso, a pesquisa pretende fazer uma discussão na bibliografia pertinente sobre o assunto. Na parte teórica desta pesquisa, serão apresentados quais são os fatores que geram o abandono escolar. Sobre isso, exploraremos o ensino básico do Brasil e os índices de evasão escolar. Também será abordada a importância de se ter uma gestão democrática de ensino, e o quão é relevante ter a participação dos responsáveis na educação dos mais jovens. Tendo compreendido os fatores geracionais do abandono escolar, e a importância de uma gestão democrática e da participação dos responsáveis no processo de aprendizagem dos alunos, serão apresentadas propostas para que o professor promova aos alunos uma aprendizagem atrativa. Já a análise foi voltada à mudança de postura do professor, em questão de como ele deve se comportar perante os desafios que são expostos por conta da evasão escolar, quais as práticas educacionais que ele pode usar, para diminuir essa evasão. Analisou-se também, os desafios que são propostos pelo ensino fundamental II, tais como; a violência em sala de aula, a formação do docente, levando em conta a questão geracional, já que estamos falando de jovens e adolescentes diferentes, imersos na tecnologia. Com isso, foram propostas diversas possibilidades para se ter uma educação transformadora, especificamente, estratégias educacionais que façam o docente se conectar com o aluno para que ele se sinta bem em continuar estudando. Pretende-se, com este trabalho, que os profissionais da educação deixem de agir com tamanha negligência perante a evasão escolar, já que é uma realidade brasileira. Compreendemos que evasão se dá por múltiplos motivos, mas aqui cabe compreender a parte destinada ao docente, procurando auxiliá- lo na promoção de uma educação transformadora e atenta à realidade do aluno. 8 1.1 Objetivos O objetivo principal deste trabalho é reconhecer as causas e os motivos que resultam no abandono escolar, através de estratégias que repercutem na prática docente com o propósito de retrair os índices de evasão. Nessa perspectiva, pretende-se conceituar os fatores que ocasionam o abandono escolar, procurando entender o porquê de jovens e adolescentes perderem a vontade de estudar. Propõe-se, também, verificar a importância de uma gestão democrática, justificando aos pais e responsáveis o quão relevante é a participação da família na vida do educando. Por fim, refletiremos sobre os métodos na práxis docente, fazendo com que isso favoreça a manutenção do aluno na escola. 1.2 Justificativa Inúmeros fatores podem gerar a evasão escolar, tais como um ensino transmitido por meio de metodologias inadequadas, docentes mal capacitados, problemas sociais, desprezo por parte do Estado e a indiferença por parte da família. A discussão sobre a origem do problema se diversifica a partir do ponto de vista, porque podemos nos basear tanto no papel da família, quanto no do governo e da escola - em relação à vida escolar dos alunos - ou também das classes dominantes, sendo elas econômicas, sociais, religiosas, ou de qualquer outra espécie. A coexistência de altos índices de evasão e repetência e de um grande número de pesquisas sobre as causas do fracasso escolar justificou a realização de duas tarefas: em primeiro lugar, uma revisão crítica da literatura voltada para esse tema, tendo em vista entender sua constituição ao longo da história e definir a sua natureza através da análise de seu discurso sobre o que ela diz, o que ela não diz e no que ela se contradiz; em segundo lugar, dar continuidade à pesquisa nessa área já que, do ponto de vista teórico-metodológico, a pesquisa educacional se encontra num momento de impasse, no qual o questionamento das teorias e métodos tradicionais, ainda não corresponde a alternativas claras 9 que superem as maneiras usuais de conceber e de pesquisar os problemas escolares (PATTO, 2015, p. 29). É justamente para relatar a necessidade de combate à Evasão, para um ensino com resultados satisfatórios tanto para a escola quanto para os alunos, que este trabalho se dá num país que é considerado uma das maiores economias do mundo e uma referência nas pesquisas em educação. Entender os motivos pelos quais os professores não atraem seus alunos em sala de aula é compreender até que ponto esses professores têm acesso às novas metodologias e à discussão sobre a sociedade atual, compreendendoa realidade de seus alunos no contexto da sociedade globalizada e excludente. 1.3 Metodologia Este trabalho pretende recorrer à literatura pertinente na área de educação sobre a evasão escolar. Sendo assim, ele será de caráter bibliográfico e exploratório, de cunho qualitativo, compreendendo a importância da leitura de obras adequadas para a transformação da realidade do aluno do final do ensino fundamental II, ser humano este que está com a formação psíquica pronta para receber e compartilhar conhecimentos, mas que, por motivos diversos, acaba deixando a sala de aula no final desse nível educacional ou desistindo de realizar seus estudos no ensino médio. Segundo os dados apresentados pela Agência Brasil (2017), 15,6% dos alunos de 11 a 14 anos estavam atrasados em relação à etapa do ensino que deveriam frequentar, seja por reprovação ou por evasão escolar. No que tange ao ensino médio, apenas 68% estavam na série adequada entre os alunos de 15 a 17 anos. Segundo o IBGE, 35% dos brasileiros com mais de 14 anos não completaram o ensino fundamental (OLIVEIRA, 2019). Este índice é considerado muito elevado para os padrões internacionais e, por isso, é preciso estudar quais são as causas que nos levam a esse patamar. Sendo assim, este trabalho identificou em uma das causas a atuação do próprio docente em sala de aula, em como ele pode ajudar ou prejudicar a permanência do aluno. Para compreender esta questão, percorremos a 10 bibliografia para identificar a atuação dos professores nos últimos anos do ensino fundamental II e pensar em estratégias para que esses docentes possam melhoras suas práticas em prol de uma educação transformadora e preocupada com sua didática e com a realidade de seus alunos. Para que isso ocorra de forma harmônica, também se focou na discussão da gestão democrática de ensino, compreendendo que o professor autônomo, livre e que participa efetivamente do projeto político pedagógico da escola tem maiores chances de atuar em prol da diminuição da evasão escolar. 1.4 Organização do Trabalho Este trabalho está estruturado em quatro partes. Na primeira, introduziremos o relatório com a apresentação dos objetivos, justificativa, metodologia e organização do trabalho empregada. Na segunda etapa, colocaremos em prática uma discussão teórica sobre o que é evasão escolar, e quais são os fatores que a motivam, expor a importância de uma gestão democrática, alegando aos responsáveis o quão relevante é o apoio da família na vida acadêmica do educando, sendo assim, a pesquisa refletirá sobre estratégias da prática docente que favoreçam o prosseguimento do aluno na escola. Na terceira etapa, retrataremos como é plausível a discussão sobre a evasão a partir de pesquisas bibliográficas, com o auxílio de seleções de trabalhos mais significativos, compreendendo suas formas e motivos, e refletindo sobre estratégias docentes para a manutenção do aluno na escola Por fim, este trabalho apresentará as conclusões finais, e referências utilizadas. 11 2 REFERENCIAL TEÓRICO Por conta dos altos índices de evasão escolar nos anos finais do ensino fundamental brasileiro, esta pesquisa apresentará algumas causas que resultam no abandono escolar, apresentando possíveis soluções através da discussão apresentada por diferentes autores da área, a fim de que ela repercuta na prática docente com a finalidade de reduzir esses índices. Para isso, o referencial teórico desse trabalho foi dividido em três partes. No primeiro, analisaremos o atual estado do ensino básico no Brasil e os índices de evasão escolar, baseados em estudos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). No segundo, entenderemos o que é Gestão Democrática de ensino, compreendendo que o projeto político pedagógico das escolas deve ser feito em conjunto com os pais e a sociedade, abarcando as realidades sociais e econômicas vigentes. Já o terceiro tópico abordará o papel do professor em prol da permanência dos alunos na escola, tendo em vista que este é o enfoque da pesquisa, pois as causas da evasão são múltiplas e o espaço reservado ao trabalho nos impede de avaliar todas elas. Por isso, damos ênfase à prática pedagógica, que é também social. 2.1 O Ensino básico no Brasil e os índices de evasão escolar Os autores Raimundo Barbosa Silva Filho e Ronaldo de Lima Araújo (2017) apontam que, para descrever sobre o fracasso escolar dentro do contexto de evasão e abandono da escola, é fundamental ter como base o conhecimento de suas particularidades dentro da educação nacional (brasileira), pois as causas se manifestam como a divisão da educação em todo país. As diferentes formas de interpretações não permitem chegar a uma explicação explícita de “evasão e abandono escolar”, já que esta necessita do entendimento da correlação entre os motivos de egresso e a jornada dos que permanecem na escola, dos desistentes e egressos desse público. As indefinições do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 1998) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 12 (IDEB, 2012), trazem à tona o quanto é nítida a falta de entendimento sobre esse conceito. O Censo Escolar de 2007, analisado pelo INEP, afirma que a evasão escolar entre jovens é alarmante. O nosso país tem a terceira maior taxa de abandono escolar entre os 100 países com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e a menor média de anos de estudo entre os países da América do Sul. A escola pode ser responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos, mas a evasão e o abandono só podem ser observados por numa visão contextualizada e ampla de abordagem qualitativa e quantitativa. A evasão normalmente é considerada apenas nos casos em que os alunos deixam de frequentar a sala de aula, ignorando as demais situações referentes à saída de um aluno da escola. A evasão escolar é uma das fraquezas do sistema educacional brasileiro e uma questão longe de ser resolvida, pois afeta diversos níveis de ensino em instituições públicas e privadas. Tem sido alvo de políticas educacionais atormentadas, que não se sustentam por muito tempo, e isso se faz sentir na falta de identidade do ensino, que necessita ser posto em discussão para que se busquem meios reais de enfrentamento. Faz-se necessária uma mudança que não seja uma simples adaptação passiva, mas que busque encontrar um lugar próprio de construção de algo novo, permitindo a expansão das potencialidades humanas e a emancipação do coletivo, com olhar em todas as direções e dimensões – histórica, cognitiva, social, afetiva e cultural. Fatores sociais, culturais, políticos e econômicos, bem como escolares têm promovido a evasão escolar. Dentro da instituição, educadores têm colaborado a cada dia para o problema se agravar, mediante a utilização de um método didático superado ou de uma prática cristalizada, acabando por desenvolver o conteúdo de forma descontextualizada e sem sentido para o aluno. É necessário criar formas de enfrentamento com a perspectiva do sistema, da escola e individual, capazes de amenizar as causas da evasão e levando à superação de dificuldades para sua diminuição e do abandono escolar. Por estas causas não terem sido ainda analisadas de forma adequada, necessitam de uma proposição alternativa para que se possam reduzir os índices de evasão e abandono escolar em sentido amplo. 13 2.2 Gestão Democrática de Ensino e a participação dos responsáveis na educação dos mais jovens Constantemente, encontramos entre os professores argumentos negativos em relação às famílias que são consideradas ausentes e, também, desinteressadas e/ou apáticas com o processo de aprendizagem da criança. Issose dá, muitas vezes, por conta da dificuldade de certos professores em lidar com a diferença cultural. O primeiro processo de socialização da criança ocorre na convivência familiar, no qual elas aprendem a dar respostas básicas às expectativas de seus familiares, e essas expectativas existem num contexto cultural. Com isso, as aprendizagens iniciais das crianças com relação ao mundo adulto podem ser muito variadas e pode ser que sejam distantes das exigências impostas pela escola. Regina C. Ellero Gualtieri e Rosário Genta (2012) destacam que, no ano de 2002, pouco mais da metade dos alunos inscritos na 1ª série estavam aptos à conclusão do ensino fundamental no tempo esperado, no Brasil. Segundo elas (GUALTIERI; LUGLI, 2012), o sistema público de ensino foi criado com inúmeros contratempos, tais como, avaliação final em cada série, exame para admissão ao ginásio, ou para o acesso ao secundário, e vestibular para ingresso no ensino superior. Em vista disso, os que não adquiriam o conhecimento que era imposto para ultrapassar todos esses obstáculos eram gradual e minuciosamente abolidos do sistema e, em tal circunstância, a prudência em relação à qualidade da escola pública era alcançada a partir dos bem-sucedidos e não daqueles que tinham certa dificuldade para adquirir quaisquer ensinamentos. Através deste raciocínio, a toleima da escola em promover todos, ou a maioria das crianças e jovens, que nela estavam matriculados, não ficava evidente em função das barreiras que os excluíam precocemente. Ou mais propriamente, essa incapacidade não era entendida como dela, e sim dos estudantes. De outro modo, o inflexível processo seletivo adquirido no interior da organização escolar era admitido como normal porque havia a certeza de que o sucesso ou o insucesso dependia da capacidade do sujeito. Cabe ao Estado a 14 responsabilidade de oferecer oportunidades iguais, fornecendo educação pública para todos, mas na medida da capacidade apresentada por cada um. A aprendizagem e o consequente prosseguimento no processo de escolarização dependiam, portanto, das “aptidões naturais” reveladas, o que explicava o ideal da pirâmide educacional: pouca escolarização para muitos e muita escolarização para poucos. (GUALTIERI; LUGLI, 2012, p. 18). Essa pirâmide educacional funcionava conjuntamente com a pirâmide social peculiar da sociedade industrial, cujo fundamento era integrado por trabalhadores declarados braçais e para os quais era demandado o mínimo de educação escolar. Gualtieri e Lugli (2012) constatam que é nessa conjuntura de ideias que se consiste a escola seletiva e nela foram introduzidos e utilizados os instrumentos de medida das diferenças individuais, tais como, os testes psicológicos e pedagógicos com a finalidade de distinguir, destacar e categorizar as crianças e os jovens, circunstância básica para organizar os alunos e oferecer a eles o ensino perante suas prováveis capacidades. As autoras alegam que o uso dos testes se mostrava um grande apoio às escolas diante da comunidade, visto que os resultados possibilitavam justificar as diferenças nos desempenhos. O diagnóstico era o ponto de partida para instituir o ensino do modo como era desejado, por meio de classes uniformes. Constituída por alunos com níveis de intelectos e competências semelhantes, as turmas com “uniformidade mental” firmavam uma técnica para enfrentar o problema da repetência e dos intitulados “retardados biológicos” porque, dessa forma, evitava a divergência dos professores que teriam de ensinar, coincidentemente, aos “pouco dotados” e aos “bem-dotados”. Segundo as autoras, a ideia de mérito imunizava o sistema e a escola de responderem pela desigualdade de resultado, pois a criança e o jovem eram incriminados por não atenderem às expectativas apresentadas pela escola, e essa atribuição pelo fracasso na escola se deu em virtude de suas pretensas características biológicas, essas que deveriam ser entendidas particularmente e se esses contratempos decorressem de problemas de saúde e má nutrição, o poder público deveria intervir para minorá-los, já que eles são percebidos como limitadores da aprendizagem. 15 A precariedade da formação de muitos professores não está ligada somente às instituições de ensino superior, mas sim a uma questão já antiga, que diz respeito ao currículo e às formas de organizá-lo. A questão é que nem o modo escolar nem o modo dos familiares podem ser considerados como o mais correto, pois mudamos de comportamento de acordo com o contexto da ação social. O professor tanto das séries iniciais quanto das séries finais da educação básica deveria ter como objeto de sua formação os conteúdos que deverá ensinar. Alguns consideram essencial ensinar os métodos de ensino e as teorias pedagógicas, e isso gera uma oposição entre o que se ensina e como se ensina. Essas questões colocam desafios consideráveis para os cursos de formação de professores, uma vez que os seus currículos precisam ser reformulados para que possibilitem aos alunos a mobilização e a desconstrução de representações anteriores sobre o ensino, bem como isso possibilita a aquisição de estratégias para garantir a transferência dos conhecimentos especializados para a realidade das salas de aula. A mediação familiar é muito importante quando o aluno demonstra interesse em sair da instituição antes da conclusão de seu curso, visto que, para muitos, a escola é a única fonte de informação, devido à sua condição social. A cultura, o trabalho e o tempo que visa à construção de um currículo, que englobe conteúdos vivenciados pelos educandos, deve ser fator fundamental na permanência desses no espaço escolar. Podem ser decisivos para garantir a continuidade dos estudos e dos esforços necessários aos alunos na conclusão dessa etapa. Outro elemento que deve ser levado em consideração é que uma idade avançada na série incorreta pode ser sinônimo de múltiplas reprovações. Assim, torna-se imprescindível que os educadores usem suas metodologias para ensinar além do necessário para a conclusão do ensino e adequação de idade- série. Por último, é preciso destacar que a gestão democrática abrange discussões que envolvem família, sociedade e comunidade escolar. Assim, os professores poderão adaptar conteúdos e métodos à realidade de seus alunos e promover estratégias para evitarem ao máximo a evasão por questões internas. 16 2.3 O papel do professor em promover um processo de ensino- aprendizagem atrativo para os alunos Maria Teresa Esteban (2009) aponta que a batalha por uma escola pública de qualidade para todos tem sido extensa e constante, sendo progressiva a sua abertura aos grupos considerados inferiores, àqueles que a sociedade diz ser a classe social menos desenvolvida. Sendo assim, a chegada em grande número dos filhos das classes populares à escola não acontece com compostura e serenidade, como desejamos. A autora destaca que o incessante fracasso faz persistir o desafio de caracterizar uma escola pública democrática, que seja propensa à ampliação do conhecimento de todos. Uma instituição em que a aprendizagem reconhecida não esteja ligada à negação das diferentes aprendizagens que os alunos fazem perante suas distintas experiências e interações cotidianas. O debate é considerado uma nova variável, e através dele são formulados novos projetos, a fim de destacar a construção de processos de avaliação externa da aprendizagem, nos extremos de um sistema nacional de avaliação educacional. A escola pública que se tem hoje em dia é uma escola marcada por tensões, conflitos, e carecida de percepção e projetos únicos, o que se leva ao inquérito sobre a padronização incitada pela consolidação de processos de avaliação da aprendizagem influenciadas por parâmetros uniformes. Segundo a autora, existeuma elaboração de um discurso que enturva a exclusão do diferente incluído na escola, e passa a legitimar a discrepância no cotidiano escolar, através da intensificação da diferença no cotidiano escolar e da manutenção de desempenhos escolares em níveis considerados insuficientes. O projeto de democratização da escola, contudo, não se dá através do êxito de todos. O desfecho escolar dos alunos, por exemplo, se refere especificamente a uma conclusão de resultados individuais, nunca analisados como o fracasso de um projeto. O nítido e persistente insucesso nos provoca a retomar os breves momentos em que o sucesso se anunciava, para radicalizarmos o processo de produção de uma escola para todos, no intuito de uma análise sobre o que é educação, quais são seus pilares e seus objetivos, com a finalidade de entender 17 que o prosseguimento do fracasso escolar dá indícios da mistura da constituição da escola e de suas ações. Esteban (2012) defende que a prática da avaliação da aprendizagem se dá por meio de instrumentos e procedimentos que têm a finalidade de medir o conhecimento gerando dados que permitem ou não a classificação dos alunos, mediante seus vínculos com a dinâmica social de produção de hierarquia que, através das práticas relacionadas à vida escolar, proporciona a inclusão de poucos e a exclusão e/ou inclusão desgastada de muitos. Neste sentido, a avaliação se expõe como um processo que segrega o sujeito, dificulta o diálogo, diminui os espaços de solidariedade e cooperação e incentiva a competição. Essas características, embora sejam predominantes no processo, não descartam as dimensões reflexiva e dialógica que também fazem parte da avaliação e devem ser fortalecidas. A carência dos métodos de avaliação da aprendizagem instaurada para contribuir com uma efetiva melhoria da ação escolar, nos propiciava buscar processos mais democráticos, capazes de acabar com esse “poder-sobre”, característico do exame, para dar ênfase ao “poder-fazer”, indícios de aplicações articuladas aos processos sociais de independência. O professor do ensino fundamental II precisa ter a licenciatura, que é a formação pedagógica responsável por sua atuação em sala de aula (LDB nº 9.394/1996, Art. 62). Segundo afirma Giovinazzo Junior (2017), os cursos de licenciatura precisam discutir questões como as contradições, as características da nossa sociedade brasileira, marcada pelas desigualdades sociais e pela opressão, a função da escola nesse contexto e os dilemas implicados na docência. Hoje em dia, ao contrário, a formação da licenciatura tem sido mais técnica do que reflexiva sobre a articulação entre a educação, a formação docente e a política, sendo a formação pedagógica restrita à técnica da didática e da teoria a um conjunto de conhecimentos que devem ser aplicados no processo pedagógico. Sem o professor conhecer a realidade brasileira, é impossível criar estratégias de diminuição da evasão escolar. Além disso, o professor que se forma numa disciplina e que faz a licenciatura para obter a licença para lecionar está pouco preocupado com a formação pedagógica de forma mais ampla e, muitas vezes, entra na sala de aula apenas para realizar 18 um trabalho burocrático, sem compreender a realidade perversa que seus alunos vivenciam, notadamente na escola pública. ´ É necessário que o professor perceba a necessidade de compreensão da realidade do aluno e da sociedade para criar estratégias de ensino condizentes com a transformação efetiva desse aluno e não com sua permanência num status quo que já o exclui desde o nascimento. Para isso, as licenciaturas precisam ser mais dinâmicas, discutindo aspectos sociológicos, históricos e filosóficos com ênfase na sociedade que se pretende lecionar. Por último, é importante que o professor esteja em constante transformação e aprendizado. Nenhuma profissão pode parar no tempo, mas é ainda mais grave quando os professores não se atualizam. A questão é que a atualização não deve ficar restrita aos aprendizados da disciplina lecionada, mas também é necessário dedicar tempo aos aprendizados pedagógicos e sociológicos. Para que isso ocorra, os poderes públicos precisam fornecer esses cursos de forma gratuita e facilitadora, valorizando na carreira profissional a atualização do discente. 19 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A pesquisa busca analisar e entender as causas e os motivos que resultam na evasão escolar, a fim de apresentar novas estratégias baseadas em pensamentos de diferentes autores, para que possamos colaborar com a redução dos altos índices de abandono escolar no Ensino Fundamental II. Com isso, o trabalho traz pontos de análise com a intenção de buscar mudanças na postura do professor, expor os desafios que se tem no Ensino Fundamental II, buscando trazer possíveis soluções para que se tenha uma educação transformadora. Segundo o estudo do Fundo das Nações Unidas pela Infância e Adolescência (UNICEF), hoje no país há 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola. Além das questões relacionadas à desigualdade social, é necessário questionar outros aspectos da educação brasileira, como a qualidade de ensino, o papel do professor e os conteúdos da Educação Básica. Salientamos que não cabe aqui trazer a solução para o problema da evasão escolar, mas trazer uma contribuição para sua diminuição pautada na atuação dos professores, temática esta que pode e deve ser pensada pelos profissionais de Pedagogia. 3.1 A mudança de postura do professor Segundo Gualtieri e Lugli (2012), o fracasso escolar não pode ser compreendido dissociado do fato de que, em nossa sociedade, há uma instituição responsável por ensinar crianças e jovens, em determinados espaços, tempo e ritmo. Com isso, há uma expectativa de que as crianças e os jovens tenham, em intervalo de tempo definido, um aproveitamento que se pretende ser alcançado por todos. Os que não atendem ao esperado são considerados fora da média e, por consequência, fracassados. A escola institui espaço e tempo distintos voltados para aprender; ela tem ritmos específicos, os exercícios e o conhecimento devem ser desenvolvidos de forma que possam ser aplicados a uma turma toda ao mesmo tempo e devem ser perfeitamente impessoais (e ao mesmo tempo próximos à realidade do 20 aluno) para que todos sejam capazes de reconhecê-los. Isso presume dar destaque às habilidades e competências a serem ensinadas no interior de qualquer contexto social e cultural que lhes possa dar um significado particular e, a partir disso, todas as crianças possam aprender as mesmas coisas e aplicá- las em quaisquer contextos. Qualquer adaptação precisa ser pensada e feita em parceria com as escolas reais, com seus desafios particulares e com as suas equipes. O sistema administrativo da educação e as universidades podem e devem ajudar nessa tarefa, mas cabe aos professores se apropriarem das propostas e testarem seus limites, imaginarem adaptações que as façam funcionar. (GUALTIERI; LUGLI, 2012, p. 96). Ultimamente, retoma-se com grande entusiasmo o “ensino por projetos” como uma forma possível de superar o distanciamento entre o conhecimento escolar e a experiência não escolar. Presume, nessa perspectiva, que os alunos possam fazer questões e procurar respondê-las ao propor e desenvolver projetos de pesquisa ou de aplicação de determinados conhecimentos, sempre a partir de um problema. Esse problema pode ser trazido tanto pelos alunos como pelo professor e deve ser enfrentado em conjunto: os grupos de alunos desenvolvem as atividades contando com a orientação do docente. As autoras alegam que, desse modo, o professor não é responsável por expor todas as informações, e sim por mostrar onde podem ser encontradas. O grupo de alunos,se bem orientado, pode criar e aplicar conhecimentos, determinar relações entre elementos que, de outro modo, ficariam separados por fronteiras disciplinares. Ademais, se aprende a colaborar e a conviver, superando a tradicional competitividade e o individualismo escolar. A ideia de projeto tem crescido há certo tempo nos meios educacionais, contemplando não somente um método de trabalho, mas também suas implicações políticas, particularmente no que se refere ao projeto político pedagógico da escola (PPP). O projeto é proposto como uma construção coletiva que envolve os professores, responsáveis, alunos e, portanto, aponta na direção de uma democratização das relações na escola. O diretor não se aproxima mais exatamente a uma figura de “chefe”, mas de líder na condução de um processo, que tem por objetivo mais geral a aprendizagem dos alunos. O modo em que isso será feito é responsabilidade da escola, na medida e que há a elaboração de um projeto. 21 Por conta disso, entende- se que o professor precisa ser um facilitador do processo de aprendizagem do aluno, partindo de um Projeto Político Pedagógico (PPP) interativo, onde todos os alunos se sintam à vontade, aptos a desenvolverem as atividades propostas de forma segura e perspicaz. O docente deve ser um aliado, contribuindo para que o aluno não seja levado pelo abandono, favorecendo sua autoestima, aprimorando suas habilidades e apostando nas suas perspectivas. A geração de hoje em dia consegue consultar tudo pela internet. Mesmo aqueles que não possuem computador em casa, conseguem acessar através do celular, de um amigo e é por lá muitas vezes que eles aprendem e desafiam o professor. Por esta razão, o docente, ao pensar nas práticas mais adequadas, como estamos propondo o estudo por projetos, também deve levar em conta a tecnologia, usando-a como uma técnica que pode ser aliada à tecnologia e pode aproximar esse aluno que está distante da disciplina ensinada. Para mudar sua postura, o professor deve promover o aprendizado e a avaliação constante de si mesmo. O aprendizado diz respeito à atualização de sua disciplina e das práticas e métodos utilizados em sala de aula. Além disso, ele deve estar sempre atento à realidade social brasileira e local para poder se aproximar da realidade de seus alunos. O professor deve conhecer seus alunos. Saber seus nomes, quem eles são como pessoa, o que eles passam. Ao notar um comportamento diferente, antes de punir com saídas de sala, advertência e suspensão, conversar é a melhor resposta. Os alunos do final do ensino fundamental II são adolescentes que passam por inúmeras questões relativas a sua idade e, muitas vezes os pais não estão presentes para auxiliar na promoção de um crescimento feliz e pacífico. Cabe ao professor conhecer alguns desses problemas, levar encaminhamentos à direção e aos responsáveis, se necessário, e promover a inclusão e não a exclusão. Praticar a afetividade é possível em qualquer nível de ensino e os alunos se sentem muito mais felizes, satisfeitos e inspirados em aprender com um professor que os respeita como sujeitos dotados de elementos positivos e negativos. Ouvir o aluno também é um ato de democracia. Sendo assim, o professor de ensino fundamental II deve dar atenção ao seu curso de licenciatura. Levá-lo a sério e não como um mero diploma que dá acesso a um trabalho. Deve lutar pela melhoria das licenciaturas no Brasil em 22 prol da discussão da realidade de nossas escolas e entender que planejamento e didática são tão fundamentais quanto matemática, história, geografia, língua portuguesa etc. 3.2 Os desafios do Ensino Fundamental II A taxa de evasão escolar no Brasil é a terceira maior do mundo (UOL, 2013): em média, 24,1% dos alunos não concluem o Ensino Fundamental até os 16 anos. As causas que levam à evasão escolar são numerosas e variadas. As razões mais frequentes abrangem a ausência de interesse pela escola, os transtornos ou dificuldades de aprendizagem, a necessidade de trabalhar, a falta de estímulo familiar, as questões de saúde, os problemas com o acesso ao estabelecimento de ensino, entre outras. O primeiro motivo está diretamente ligado ao contexto educacional em que o aluno está inserido e existem diferentes razões associadas a ele. A ausência de interesse pela escola pode ser ocasionada por diversos fatores, entre os quais está a proposta pedagógica da escola, o tipo de metodologia empregada pelos professores e a adoção de práticas que privilegiam a aprendizagem, mas que pouco se ocupam do processo. Em geral, são posturas que não colocam o aluno como protagonista. As dificuldades de aprendizagem também podem ser de natureza múltipla. A defasagem de competências e habilidades que já deveriam ter sido desenvolvidas em anos anteriores, a incompatibilidade entre o método de ensino docente e os níveis de aprendizagem dos alunos, bem como a falta de investimento em tecnologias que facilitam o processo educacional são os principais fatores associados. No que se refere a outras causas apontadas, como os transtornos de aprendizagem, a falta de estímulo familiar e os problemas com o acesso ao estabelecimento de ensino, embora não estejam diretamente ligadas à escola, podem receber a intervenção desta. Isso é possível por meio de ações mediadoras por parte da instituição com a finalidade de minimizar esses tipos de condições desfavoráveis. 23 Para Gualtieri e Lugli (2012, p.101) no Brasil, temos o desafio de pensar mecanismos que permitam à escola constituir de fato uma equipe, uma vez que os professores são escolhidos pelas regras do sistema de ensino e não pelo projeto político pedagógico da escola, e sua alocação cumpre aos princípios de conveniência dos próprios professores mediante ao seu tempo de experiência ou titulação. Isso ocorre para proteger a todos os que trabalham no sistema de ensino de prepotência, entretanto, ignora-se a dimensão profissional da docência quando não se inclui a possibilidade de escolha em função de um projeto político pedagógico. Mas, para Patto (2015, p. 358) o fracasso da escola pública se dá por conta de um sistema educacional naturalmente gerador de obstáculos à realização de seus objetivos. Através das condições de produção dominantes na sociedade que as incluem, as relações hierárquicas de poder, a segmentação e burocratização do trabalho pedagógico, marcas registradas de um sistema público de ensino rudimentar, criam condições institucionais para a adesão dos educadores à singularidade, a uma prática motivada acima de tudo por interesses particulares, a um comportamento caracterizado pelo descompromisso social. Perante todos esses desafios que venham a ser apresentados nos anos finais do ensino fundamental, o docente deve estar preparado para lidar com essas questões, partindo, então, de estratégias e propostas dentro de sala de aula que façam com que esses desafios se tornem só mais um obstáculo e não um muro, o qual os jovens e adolescentes não se sintam capazes de ultrapassar. A escola deve ser para esses alunos que dispõem de tais desafios, um lugar aconchegante, acolhedor e extrovertido, e não só um ambiente formal, onde se chega, se senta, se estuda, faz provas e avaliações e tudo acaba por isso mesmo. O ambiente escolar é muito mais que um simples espaço de transferir conhecimento, mas sim um espaço de troca, onde quem ensina também aprende, e muitas vezes o que o aluno passa para um professor é muito mais rico do que uma simples aula de álgebra, ou uma aula de conjugação de verbos. Desse modo, entender e discutir sobre todos esses desafios, faz com que o docente tenha mais confiança no seu trabalho, porque ele sabe onde ele está trabalhando, com quem ele está lidando, e isso faz parte de uma gestão 24 democrática participativa, ondetodos caminham juntos, em vista de que aprender junto é muito mais prazeroso. 3.3 Possíveis soluções ou sugestões para uma educação transformadora O gestor escolar pode estar mais presente no dia a dia da sala de aula. Procurar conhecer os alunos de perto, acompanhar o desenvolvimento dos professores e conversar com os funcionários da escola são algumas das boas práticas que podem ser adquiridas nesse sentido. Para tentar diminuir os números da evasão escolar, uma atitude simples, mas de grande importância, é acompanhar a frequência dos alunos. Ao perceber que um estudante passou a faltar demais ou que mudou seu comportamento de um ano para o outro, pode ser um sinal de que é preciso prestar mais atenção. Procurar deixar a família sempre a par do comportamento do aluno dentro da escola, tentar entender os motivos das faltas e buscar soluções que ajudarão a reverter a situação, para mantê-lo dentro da sala de aula. Uma pesquisa feita em 2009, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) (NERI, 2009), apontou que 4 em cada 10 alunos que abandonaram a escola alegavam o desinteresse como principal razão para não voltar às carteiras. Segundo o levantamento, esses jovens não viam sentido nas matérias ensinadas e afirmavam que os conteúdos não os estimulavam a ponto de levar a escola a sério. Uma boa estratégia para esse problema é adaptar o método de ensino à geração que está nas escolas hoje, explorando a tecnologia como aliada na sala de aula. Os jovens têm facilidade de acesso à internet, com perfil de participação e interação nas redes também maiores. Portanto, aulas que são, na verdade, grandes monólogos, não os atraem. Propor novas práticas pedagógicas e investir em algumas ferramentas tecnológicas que apoiam o processo de ensino- aprendizagem pode ajudar a reduzir esses índices. Dentre as muitas estratégias possíveis está a própria mudança na postura do professor, como já salientado no primeiro tópico desta discussão. O professor precisa estar em constante aprendizado, seja uma atualização de sua disciplina, 25 seja o aprendizado da sociedade e do contexto de seus alunos. Por isso que a aprendizagem e a troca com os alunos é de sua importância. É necessário que o professor tenha muita didática, que ele saiba se colocar no lugar do aluno, exercer a escuta, passar confiança para os alunos e torna-los consciente de que a escola, escolaridade e educação são muito importantes, até mesmo essenciais se quiserem crescer profissionalmente de alguma forma e pessoalmente bem como sociedade. Por último, mas essencial para encerrar essa discussão, a escola deve priorizar a gestão democrática de ensino. Escutar responsáveis, sociedade, alunos, gestores, funcionários diversos e especialmente os professores, é primordial para construirmos uma escola comprometida e plural. Ao sentirem que fizeram parte da construção do projeto político pedagógico, professores e alunos se sentem mais satisfeitos em estar em sala e constroem um sentimento de identidade. O aluno que se afasta por motivos escolares é aquele que não vê sentido na escola, que não compreende a importância da educação e que não enxerga possibilidades de transformação de sua realidade. O professor deve ser capaz de levar o aluno a sentir a importância da escola e de sua prática, assim o respeito e a boa convivência reinarão no ambiente escolar, práticas que auxiliam muito na permanência de alunos e professores. É necessário lembrar que o professor não pode ser esquecido nesse processo. Ao valorizarmos o aluno, não podemos abandonar a realidade da profissão que sofre com inúmeros problemas como a desvalorização, a depressão, os baixos salários. Ao pensar na evasão escolar, é necessário lembrar que o professor deve ser valorizado para que ele possa valorizar o seu alunado. E isso é uma luta da sociedade como um todo. 26 4 CONCLUSÃO Sabendo-se que a evasão escolar é uma realidade brasileira, esta pesquisa chegou à conclusão que suas razões têm inúmeros fatores, dentre desses fatores estão: sociedade; família; política e escola. Porém este trabalho teve o enfoque nas causas que são ocasionadas no âmbito escolar, em especial pelo discente, porém se entende que a matéria é muito mais ampla. E por focar no professor, buscou-se entender como o docente pode ser tão essencial, tanto para a saída quanto para a permanência desses alunos, e se baseou em questões como compreender a realidade do aluno, cuidar de sua formação continuada, dar o devido respeito à formação da Licenciatura, ficar atento as questões geracionais, todos esses pontos são muito importantes para que o professor não seja mais uma dessas causas da evasão escolar. Neste sentido, é necessário que o professor mude de postura em relação à sua prática, mas que ele também seja valorizado como profissional. É muito difícil explicar que o docente precisa se capacitar, precisa pensar pedagogicamente, precisa se adequar às novas realidades se ele não tem tempo nem dinheiro para isso, se ele não é valorizado como profissional e se não há respeito por sua formação. Sendo assim, salientamos que a gestão democrática é de suma importância para promover a inclusão de alunos e professores na escola, de modo que ambos se sintam satisfeitos e ouvidos, que suas questões sejam abraçadas e compartilhadas e que eles possam se ouvir de maneira harmoniosa. Apenas com a gestão democrática de ensino, com maiores investimentos em educação, com a valorização do professor e com a mudança de nossa sociedade para uma em que a desigualdade social não seja tão alarmante é que podemos pensar em diminuir esses índices alarmantes de ¼ da população escolar do final do ensino fundamental sair da escola. Lutar por uma escola pública, gratuita e de qualidade deve ser bandeira de todos em nossa sociedade, mas, para isso, é preciso que as pessoas compreendam o que é Democracia e lutem para acabar com os privilégios. 27 5. REFERÊNCIAS • BRASIL. Índices de evasão escolar. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Brasília. INEP, 2014. • OLIVEIRA, Elida. 35% dos brasileiros com mais de 14 anos não completaram o ensino fundamental, aponta IBGE. Portal G1. Publicado em: 15 mai. 2019. 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