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R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 95Capítulo 4 • A EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS Devido à dificuldade de se prever a posição exata de um elétron na eletrosfera, o cientista Erwin Schrödinger (1926) foi levado a calcular a região onde haveria maior probabilidade de se encontrar o elétron. Essa região do espaço foi denominada orbital. Orbital é a região do espaço ao redor do núcleo onde é máxima a probalidade de encontrar um determinado elétron. Façamos uma comparação grosseira: Tomando como exemplo o átomo de hidrogênio, que possui um único elétron, teremos: Quando um avião está com os motores parados, nós vemos as pás das hélices em posições fixas e bem definidas. Quando os motores estão funcionando, vemos círculos dentro dos quais teremos, em qualquer posição, a probabilidade de “topar” com uma pá da hélice. Esses círculos podem ser chamados de “orbitais” das pás das hélices. Segundo o modelo de orbitais, o elétron é uma partícula-onda que se desloca no espaço, mas estará com maior probabilidade dentro de uma esfera (orbital) concêntrica ao núcleo. Devido à sua velocidade, o elétron fica dentro do orbital, assemelhando-se a uma nuvem eletrônica. Segundo o modelo atômico de Rutherford-Bohr, o elétron seria uma pequena partícula girando em alta velocidade em uma órbita circular. PODE-SE VER O ÁTOMO? Não se pode ver um átomo isolado exatamente como foi descrito nos vários modelos que acabamos de abordar. No entanto, podem- se ver manchas coloridas, na tela de um computador, dando a loca- lização dos átomos num dado material. Essas manchas são obtidas através do chamado microscópio de tunelamento em uma técnica criada na década de 1980. Não se esqueça, porém, de que a ciência sempre procura dar um passo à frente. De fato, em meados de 2003, foi anunciada a descober- ta de um processo para detectar as nuvens eletrônicas do átomo de silício. Um pulso de raios X muito rápido (da ordem de 10#18 segundos) arranca elétrons dos átomos e um segundo pulso de raios X “fotogra- fa” a reposição desses elétrons, medindo a energia eletromagnética que é liberada. O fenômeno é analisado por supercomputadores, que criam uma imagem colorida da nuvem eletrônica. P H IL IP P E P LA IL LY / S P L- S TO C K P H O TO S Imagem de átomos de ouro (em amarelo e vermelho) sobre uma base de átomos de grafite (em verde), vistos ao microscópio de tunelamento. Aumento: 28 milhões de vezes. Capitulo 04-QF1-PNLEM 6/7/05, 14:3295 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 96 7 OS ESTADOS ENERGÉTICOS DOS ELÉTRONS Devido às dificuldades expostas no item anterior, os cientistas preferem, atualmente, identificar os elétrons por seu conteúdo de energia. Por meio de cálculos matemáticos, chegou-se à conclusão de que os elétrons se dispõem ao redor do núcleo atômico, de acordo com o diagrama energético abaixo: Esse diagrama nos fornece alguns dados importantes, como veremos a seguir. 7.1. Níveis energéticos São as sete “escadas” que aparecem no diagrama anterior e onde os elétrons têm um conteúdo de energia crescente. Esses níveis correspondem às sete camadas (K, L, M, N, O, P e Q) do modelo de Rutherford-Bohr. Atualmente, eles são identificados pelo chamado número quântico principal (n), que é um número inteiro, variando de 1 a 7. 7.2. Subníveis energéticos São os “degraus” de cada escada existente no diagrama anterior. De cada degrau para o seguinte há, também, aumento no conteúdo de energia dos elétrons. Esses subníveis são identificados pelo chamado número quântico secundário ou azimutal (l), que assume os valores 0, 1, 2 e 3, mas que é habitualmente designado pelas letras s, p, d, f, respectivamente. Note que, no diagrama anterior, nós já escrevemos um “endereço” sobre cada degrau. Assim, por exemplo, se for mencionada a posição 3p, devemos saber que se trata do segundo degrau da terceira escada, no tocante ao nível de energia. 7.3. Orbitais Completando o modelo atual da eletrosfera, devemos acrescentar que cada subnível comporta um número diferente de orbitais, de acordo com o diagrama energético mais completo que mostra- mos a seguir: Núcleo (Q) n = 7 (P) n = 6 (O) n = 5 (N ) n = 4 (M) n = 3 (L) n = 2 7s (K ) n = 1 6s 5s 4s 3s 2s 1s 6p 5p 4p 3p 2p 6d 5d 4d 3d 5f 4f l = 0 A um en to de en er gi a Energia l = 1 l = 2 l = 3 Números quânticos principais (n) s p d f Capitulo 04-QF1-PNLEM 29/5/05, 18:3196 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 97Capítulo 4 • A EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS Nesse diagrama, cada orbital é representado simbolicamente por um quadradinho. Vemos que os subníveis (“degraus”) s, p, d, f, contêm sucessivamente 1, 3, 5, 7 (seqüência de números ímpares) orbitais. Os orbitais são identificados pelo chamado número quântico magnético (Ml ou m). Num dado subnível, o orbital central tem o número quântico magnético igual a zero; os orbitais da direita têm m % "1, "2, "3; os da esquerda têm m % #1, #2, #3, como está exemplificado abaixo: 7.4. Spin Finalmente, cálculos matemáticos provaram que um orbital comporta no máximo dois elétrons. No entanto, surge uma dúvida: se os elétrons são negativos, por que não se repelem e se afastam? A explicação é a seguinte: os elétrons podem girar no mesmo sentido ou em sentidos opostos, criando campos magnéticos que os repelem ou os atraem. Essa rotação é conhecida como spin (do inglês to spin, girar): Núcleo 7s A um en to de en er gi a Energia 5f 6d 6p 5d 4f 6s 5p 4d 5s 4p 3d 4s 3p 3s 2p 2s 1s 0 0 0 0 0 0 0 –2 –1 0 +1 +2 –2 –1 0 +1 +2 –2 –1 0 +1 +2 –1 0 +1 –1 0 +1 –1 0 +1 –2 –1 0 +1 +2–3 +3 –2 –1 0 +1 +2–3 +3 –1 0 +1 –2 –1 0 +1 +2 Spins paralelos (repulsão) Spins opostos ou antiparalelos (atração) #3 #2 #1 0 "1 "2 "3 Capitulo 04-QF1-PNLEM 29/5/05, 18:3197 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 98 Daí a afirmação, conhecida como princípio da exclusão de Pauli: Um orbital comporta no máximo dois elétrons, com spins contrários. Desse modo, a atração magnética entre os dois elétrons contrabalança a repulsão elétrica entre eles. O spin é identificado pelo chamado número quântico de spin (Ms ou s), cujos valores são # " 1 2 e 1 2 . Normalmente, a representação dos elétrons nos orbitais é feita por meio de uma seta: representa, por convenção, um elétron com spin negativo s 1 2 % # representa, por convenção, um elétron com spin positivo s 1 2 % " 7.5. A identificação dos elétrons Resumindo, podemos dizer que cada elétron da eletrosfera é identificado por seus quatro números quânticos: • o número quântico principal: n • o número quântico magnético: m ou Ml • o número quântico secundário: l • o número quântico do spin: s ou Ms Por exemplo, os dois elétrons do elemento hélio têm os seguintes números quânticos: Neste diagrama, o elétron que está assinalado ( ) tem os seguintes números quânticos: n % 3; l % 1; m % #1; s 1 2 % # Esse elétron será representado simbolicamente por: –1 0 +1 (M) n = 3 (L) n = 2 (K) n = 1 l = 1 (p) l = 0 (s) 1o elétron: n % 1, l % 0, m % 0, s 1 2 % # 2o elétron: n % 1, l % 0, m % 0, s 1 2 % " K (n % 1) s (l % 0) 1o- 2o- Como segundo exemplo, observe o diagrama parcial abaixo: Indica o número quântico secundário Indica o número quântico principal Indica a quantidade de elétrons existente nesse subnível 3p1 Por analogia, podemos dizer que um elétron é localizado por seus quatro números quânticos, da mesma maneira que uma pessoa é localizada por seu endereço — nome da rua, número do prédio, andar e número do apartamento. Assim, podemos enunciar o princípio da exclusão de Pauli: Num átomo, não existem dois elétrons com os quatro números quânticos iguais. Capitulo 04-QF1-PNLEM29/5/05, 18:3198 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 99Capítulo 4 • A EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS No preenchimento dos orbitais, outra regra importante é a chamada regra de Hund ou da máxi- ma multiplicidade, que diz: Em um mesmo subnível, de início, todos os orbitais devem receber seu primeiro elé- tron, e só depois cada orbital irá receber seu segundo elétron. Assim, a ordem de entrada dos seis elétrons num orbital do tipo p será: 1o- elétron 2o- elétron 3o- elétron 4o- elétron 5o- elétron 6o- elétron Por fim, é importante não confundir: • elétron mais afastado do núcleo (ou elétron de valência) é aquele com maior valor do número quântico principal (n); • elétron mais energético é aquele situado no nível (n) ou subnível (l) de maior energia, o que é dado pela soma n " l. Por exemplo, na distribuição eletrônica do átomo de escândio, temos: A um en to de en er gi a 3d 4s 3p 3s 2p 2s 1s l % 0 l % 1 l % 2 Elétrons mais afastados (n % 4) Elétron mais energético (n " l % 3 " 2 % 5) a) Segundo De Broglie, qual o comportamento do elétron? b) Qual é o princípio de Heisenberg? c) O que é orbital? d) Ao que correspondem os níveis energéticos no modelo de Rutherford-Bohr? e) O que são subníveis energéticos? f) O que é spin? g) Como um elétron pode ser identificado em um átomo? h) Qual é o elétron mais afastado do núcleo (ou elétron de valência)? i) Qual é o elétron mais energético? REVISÃO Responda em seu caderno Capitulo 04-QF1-PNLEM 29/5/05, 18:3199