Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JEAN CARLOS TOMASIA JUNIOR ANÁLISE DE LAJES NERVURADAS EM CONCRETO ARMADO E LAJES PLANAS EM CONCRETO PROTENDIDO Itajaí 2017 1 JEAN CARLOS TOMASIA JUNIOR ANÁLISE DE LAJES NERVURADAS EM CONCRETO ARMADO E LAJES PLANAS EM CONCRETO PROTENDIDO Projeto – Trabalho de Iniciação Científica - TIC apresentado como requisito total para obtenção da M3 da disciplina Trabalho de Iniciação Científica e Tecnológica do curso de Engenharia Civil - Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar pela Universidade do Vale do Itajaí. Professor: Luiz Alberto Duarte Filho Itajaí 2017 [ C a 2 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os professores do curso de Engenharia Civil, por terem compartilhado seu conhecimento e experiência ao longo de toda a minha formação, contribuindo para minha formação profissional e acadêmica. Em especial ao orientador, Professor e Mestre Luiz Alberto Duarte Filho por ter aceitado o convite e principalmente pela atenção e dedicação ao longo de todo o desenvolvimento do trabalho. Aos membros da banca examinadora, Professora e Mestre Flávia Gelatti e Professor Lucas Matheus de Oliveira Scoz pela disposição em contribuir com o trabalho. Membros que foram escolhidos não apenas pela afinidade com o tema, mas também pela competência e pelo exemplo de profissionais que desejo me tornar. Por último e mais importante, à minha família por ter me fornecido todo o suporte, apoio e carinho necessários para que eu pudesse chegar ao final do curso e desenvolver esse trabalho de pesquisa. 3 RESUMO As soluções em concreto protendido estão cada vez mais presentes nos projetos estruturais de escritórios de engenharia ao redor do Brasil, visto que a técnica possibilita maior liberdade arquitetônica e economia, em alguns casos. O presente projeto de pesquisa envolve o estudo de dois sistemas construtivos: lajes nervuradas em concreto armado e lajes maciças planas em concreto protendido não aderente. Foram dimensionados dois edifícios no software CAD/TQS, ambos com o mesmo projeto arquitetônico. Também foi desenvolvida uma planilha de cálculo no Excel para armadura passiva e de punção. A finalidade principal desse estudo é comparar os dois sistemas em termos de viabilidade técnica e econômica, com foco na análise da estabilidade global, flecha e consumo de materiais. Outro objetivo do trabalho é a comparação dos resultados gerados pelo software com os obtidos pela planilha de cálculo manual. Verificou-se que o modelo em concreto armado foi mais econômico, em função da tipologia da laje ser mais favorável ao projeto arquitetônico em questão. No modelo em concreto protendido a armadura mínima obrigatória encareceu o projeto, tornando-o menos vantajoso economicamente. No que diz respeito à estabilidade global, a utilização de lajes planas foi prejudicial, uma vez que a eliminação de vigas reduziu o número de pórticos resistentes ao vento. A comparação de flechas entre os modelos mostrou que a protensão foi capaz de eliminar quase completamente a deformação da laje, enquanto no pavimento em concreto armado ocorreram flechas maiores que um centímetro nas principais lajes. Em relação à planilha de cálculo, concluiu-se que os valores calculados de armadura passiva para a laje protendida foram semelhantes aos obtidos pelo software, já a planilha de punção necessita de ajustes para se adequar ao mesmo. Palavras-chave: Concreto armado; Concreto protendido não aderente; Laje nervurada; Laje plana; Punção. 4 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Gráfico de tensão-deformação de aços protendidos. ................................. 24 Figura 2: Distribuição de tensões na seção. ............................................................. 26 Figura 3: Curvatura reversa nos cabos de protensão. .............................................. 27 Figura 4: Cobrimento da ancoragem passiva. ........................................................... 28 Figura 5: Ponto de inflexão do cabo. ......................................................................... 29 Figura 6: Espaçamento mínimo para sistemas de pós-tração................................... 29 Figura 7: Separação dos feixes de cabos das monocordoalha engraxadas. ............ 30 Figura 8: Desvio da direção dos cabos em planta. .................................................... 31 Figura 9: Fissuração na ocasião de ruptura. ............................................................. 37 Figura 10: Superfície de ruptura de uma laje sem armadura transversal. ................. 38 Figura 11: Ruptura na zona adjacente ao pilar.......................................................... 38 Figura 12: Ruptura na armadura da zona com armadura transversal. ...................... 39 Figura 13: Ruptura na zona além da armadura transversal. ..................................... 39 Figura 14: Perímetro crítico em pilares internos. ....................................................... 40 Figura 15: Perímetro crítico em pilares de borda. ..................................................... 42 Figura 16: Perímetro crítico em pilares de canto. ...................................................... 43 Figura 17: Disposição da armadura de punção em planta e contorno da superfície C’. .............................................................................................................................. 45 Figura 18: Disposição da armadura de punção em corte. ......................................... 46 Figura 19: Armadura contra colapso progressivo. ..................................................... 47 Figura 20: Planta baixa do pavimento tipo. ............................................................... 50 Figura 21: Planta de formas do modelo 1. ................................................................ 52 Figura 22: Cobrimentos adotados. ............................................................................ 53 Figura 23: Características da seção e cargas da laje nervurada. .............................. 54 Figura 24: Planta de formas do modelo 2. ................................................................ 56 Figura 25: Características da seção e cargas da laje plana. ..................................... 57 Figura 26: Valores de flecha para laje nervurada. ..................................................... 60 Figura 27: Armadura positiva principal para laje nervurada. ..................................... 62 Figura 28: Armadura positiva secundária para laje nervurada. ................................. 63 Figura 29: Armadura negativa principal para laje nervurada. .................................... 64 Figura 30: Armadura negativa secundária para laje nervurada. ................................ 65 5 Figura 31: Planta baixa com vigas analisadas. ......................................................... 66 Figura 32: Momentos fletores na viga V8. ................................................................. 67 Figura 33: Detalhamento da viga V8. ........................................................................ 67 Figura 34: Momentos fletores na viga V14. ............................................................... 68 Figura 35: Detalhamento da viga V14. ...................................................................... 69 Figura 36: Valores de flecha para laje protendida. .................................................... 73 Figura 37: Planta de formas com vigas destacadas. ................................................. 74 Figura 38: Momentos fletores para viga V4. .............................................................. 75 Figura 39: Detalhamento da viga V4. ........................................................................do concreto de cálculo; fck = Resistência característica à compressão do concreto. Quando os vãos que chegam a um pilar interno não diferem mais de 50% e não existem aberturas junto ao pilar, o valor de Sd pode ser ampliado em 20% por efeito do estado múltiplo de tensões. b) Tensão resistente na superfície C’ em trechos sem armadura de punção A verificação na superfície crítica C’ deve ser realizada pelas equações 21, 22 e 23: (21) (22) (23) Onde: = Taxa geométrica de armadura de flexão aderente (armadura não aderente deve ser desprezada); x e y = Taxas de armadura nas duas direções ortogonais assim calculadas: - na largura igual à dimensão ou área carregada do pilar acrescida de 3d para cada um dos lados; - no caso de proximidade da borda, prevalece a distância até a borda, quando menor que 3d. 250 1 ck V f 1RdSd CPckRd f d 10,0100 20 113,0 3/1 1 yx 45 c) Tensão resistente na superfície C’ em trechos com armadura de punção Nesse caso, a verificação na superfície crítica C’ deve ser realizada pelas equações 24 e 25: (24) (25) Onde: Sr = Espaçamento radial entre linhas de armadura de punção, não maior do que 0,75d; ASW = Área de armadura de punção em um contorno completo paralelo a C’; = Ângulo de inclinação entre o eixo de armadura de punção e o plano da laje; FyWd = Resistência de cálculo da armadura de punção, não maior que 300 MPa para conectores ou 250 MPa para estribos. d) Definição da superfície crítica C’’ A armadura transversal, quando necessária, deve ser estendida em contornos paralelos a C’, em um contorno C’’ afastado 2d do último contorno de armadura até que não seja mais necessária armadura, ou seja, quando a condição da equação 21 for satisfeita. (Figuras 17 e 18). Figura 17: Disposição da armadura de punção em planta e contorno da superfície C’. Fonte: NBR6118, 2014, p. 167. dus senfAd f d r yWdSW CPckRd 5,110,0100 20 113,0 3/1 1 3RdSd 46 Figura 18: Disposição da armadura de punção em corte. Fonte: NBR6118, 2014, p. 167. Em alguns casos, a estabilidade global da estrutura depende da resistência da laje à punção, nessa situação deve-se prever armadura transversal mesmo que as solicitações sejam menores que a tensão resistente. Essa armadura deve ser suficiente para equilibrar o mínimo de 50% de FSd. e) Colapso progressivo A armadura de flexão inferior que atravessa o contorno do pilar deve estar suficientemente ancorada além do contorno C’ ou C’’, para garantir a ductilidade local e proteção contra colapso progressivo, conforme Figura 19. O cálculo da armadura é realizado pela equação 26. (26) Onde: As,ccp = Somatório de todas as áreas das barras inferiores que cruzam cada uma das faces do pilar; FSd = Força ou reação concentrada de cálculo, pode ser calculado com majoração de 1,2. Sdccpsyd FAf 5,1, 47 Figura 19: Armadura contra colapso progressivo. Fonte: NBR6118, 2014, p. 168. 48 3 METODOLOGIA 3.1 Perspectiva de Pesquisa Do ponto de vista da natureza, esta pesquisa se classifica como aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos de aplicação prática de lajes protendidas em edifícios. A abordagem do problema é de natureza quantitativa e qualitativa, uma vez que os dados obtidos são traduzidos em vantagens e desvantagens. A pesquisa tem um delineamento exploratório, descritivo e comparativo, já que os resultados são descritos com foco na comparação entre os sistemas estudados. Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é bibliográfica e experimental, dado que o objetivo é estudar as características de dois sistemas construtivos em uma laje única, obtendo conhecimento detalhado sobre a influência de cada um deles na mesma. O desenvolvimento foi feito em laboratório de informática. 3.2 População e Participantes da Pesquisa O projeto de pesquisa para estudo e modelagem no software foi fornecido pela empresa Duarte e Pereira Engenharia. Trata-se de um edifício residencial e o pavimento analisado foi o tipo. A planta baixa do pavimento em questão se encontra no item 3.4 deste trabalho. Para a modelagem do projeto foi utilizado o software CAD/TQS, fornecido pela UNIVALI. A planilha de cálculo foi desenvolvida com o auxílio do Excel. 3.3 Procedimentos e instrumentos de análise e coleta de informações A primeira etapa do projeto foi a modelagem do pavimento estudado com o software CAD/TQS, fazendo-se uso de lajes em concreto armado, apoiadas em vigas. Após o processamento realizou-se a análise da estabilidade global pelo coeficiente gama z e da flecha máxima nas lajes. Por fim, foram obtidos os detalhamentos de armadura para as lajes e algumas vigas isoladamente, assim como o quantitativo de materiais total do edifício. 49 Na sequência, modelou-se no CAD/TQS o mesmo pavimento em concreto protendido com o sistema não-aderente com monocordoalha engraxadas. Para esse modelo foram utilizadas lajes planas. Ainda nesse modelo, analisou-se a estabilidade global e a flecha máxima na laje plana. Por fim, foram obtidos os detalhamentos de armadura para as lajes e algumas vigas isoladamente, assim como o quantitativo de materiais total do edifício. Posteriormente, foi elaborada uma planilha de cálculo para lajes planas protendidas por meio do Excel. A planilha apresentou as verificações das tensões em serviço para a quantidade de cordoalhas dimensionada pelo software e o dimensionamento da armadura passiva complementar. Também se desenvolveu uma planilha para cálculo de punção em pilares de centro, com função de verificar as tensões resistentes e solicitantes, assim como dimensionar a armadura para combater tal efeito. Em posse de todos os dados, realizou-se a comparação entre os dois modelos, em termos de estabilidade global, flecha e quantitativos. Por fim, foi definido o sistema mais vantajoso para a tipologia estudada, com base em todas as vantagens e desvantagens apresentadas. 3.4 Projeto arquitetônico A Figura 20 apresenta a planta baixa do pavimento tipo a ser dimensionado, fornecido pela empresa Duarte e Pereira Engenharia. 50 Figura 20: Planta baixa do pavimento tipo. Fonte: DUARTE E PEREIRA; 2017.1 1 Projeto fornecido pela empresa Duarte e Pereira Engenharia. 51 3.5. Modelo 1: Concreto armado 3.5.1. Dimensionamento no Software TQS V 19 O dimensionamento do edifício em concreto armado foi realizado utilizando-se o Software TQS V19. Para isso, considerou-se que o mesmo era composto por 15 pavimentos tipos, com a planta de formas apresentada na Figura 21. O pé-direito considerado para cada pavimento foi de 3,24m, totalizando 48,60m de altura para o edifício. Os coeficientes de arrasto calculados pelo programa, de acordo com as dimensões do edifício, estão apresentados no Quadro 5. A planta de formas pode ser melhor visualizada no Apêndice A. Quadro 5: Coeficientes de arrasto. Fonte: CAD/TQS. 52 Figura 21: Planta de formas do modelo 1. Fonte: CAD/TQS. 53 3.5.2. Características dos materiais A resistência característica do concreto definida para o projeto foi de 30 MPa para todos os elementos e a classe de agressividade foi CAA II, por se tratar de ambiente urbano. Os cobrimentos mínimos podem ser vistos na Figura 22. Foram utilizadosaços CA50 e CA60 nas bitolas comerciais de 5mm a 25mm. Figura 22: Cobrimentos adotados. Fonte: CAD/TQS. 3.5.3. Características das lajes As lajes número 4 e 6, por possuírem grandes dimensões, foram dimensionadas com 30 cm, o restante das lajes foi dimensionada com 25 cm, conforme a Figura 21. Todas as lajes foram configuradas com nervuras de 10 cm, espaçadas 50 cm entre si. A altura do enchimento para todo o pavimento foi de 20 cm, enquanto a altura da capa foi de 5 e 10 cm para as lajes de 25 e 30 cm, respectivamente. A Figura 23 mostra as características da seção e carga das maiores lajes. 54 Figura 23: Características da seção e cargas da laje nervurada. Fonte: CAD/TQS. 3.5.4. Cargas A determinação das cargas acidentais atuantes nas lajes foi baseada na NBR 6120:1980. A norma recomenda que se utilize o valor de 2 kN/m² para despensa, área de serviço e cozinhas residenciais e 1,5 kN/m² para os demais cômodos, entretanto, decidiu-se utilizar o valor de 2 kN/m² para todas as lajes para uniformização das cargas. As cargas permanentes referentes ao peso próprio são calculadas pelo software, tendo como referência o valor de 25 kN/m³, por se tratar de concreto armado. Além do peso próprio foi definida uma carga de 1,5 kN/m² em todas as lajes, representando o revestimento. As paredes foram calculadas com um peso próprio de 13 kN/m³, considerando a espessura de 14cm e altura variando para paredes sobre vigas ou lajes. O valor para cargas de parede sobre vigas foi de 4,44 kN/m e sobre lajes de 5,46 kN/m. 3.6. Modelo 2: Concreto protendido 3.6.1. Dimensionamento no software TQS V19 O dimensionamento do edifício em concreto protendido também foi realizado utilizando-se o Software TQS V19. Para isso, considerou-se que o mesmo era composto por 15 pavimentos tipos, conforme planta de formas apresentada na 55 Figura 24. O pé-direito considerado para cada pavimento foi de 3,24m, totalizando 48,60m de altura para o edifício. Os coeficientes de arrasto não sofreram alteração em relação ao edifício de concreto armado, pois as dimensões continuaram as mesmas. A maioria das vigas do projeto em concreto armado foram eliminadas, restando apenas aquelas necessárias para garantir a estabilidade global do edifício, para isso, alguns pilares também precisaram ter suas seções aumentadas. A planta de formas pode ser melhor visualizada no Apêndice B. 3.6.2. Características dos materiais A resistência característica do concreto definida para o projeto foi de 35 MPa para todos os elementos e a classe de agressividade foi CAA II, por se tratar de ambiente urbano. Os cobrimentos mínimos foram os mesmos adotados para o edifício em concreto armado. Para a armadura passiva, foram utilizados aços CA50 e CA60 nas bitolas comerciais de 5mm a 25mm. Apenas a cordoalha de 12,7mm CP190 RB foi configurada para a armadura ativa. 3.6.3. Características das lajes As lajes da escada e do hall foram dimensionadas como maciças de 15cm e apoiadas sobre as vigas do núcleo rígido. Para o restante do pavimento foi dimensionada uma única laje plana maciça de 20cm, apoiada sobre os pilares. 3.6.4. Cargas Assim como no edifício em concreto armado, foi considerada uma carga acidental de 2 kN/m² nas lajes, também foi mantida a carga de 1,5 kN/m² devido ao revestimento. As características de peso próprio e espessura das paredes foram mantidas, entretanto, as cargas mudaram, devido à mudança de alturas. Nesse caso, foram utilizadas cargas de 5,53 kN/m representando as paredes. A Figura 25 mostra as características de seção e cargas da laje plana. 56 Figura 24: Planta de formas do modelo 2. Fonte: CAD/TQS. 57 Figura 25: Características da seção e cargas da laje plana. Fonte: CAD/TQS. 58 4. DESENVOLVIMENTO 4.1. Edifício em Concreto Armado 4.1.1. Estabilidade Global Para a análise da estabilidade global do edifício, optou-se pela utilização do coeficiente Gama z. No Quadro 6 é possível visualizar os valores de Gama z obtidos pelo TQS para cada combinação, sendo as combinações 5, 6, 7 e 8 referentes às direções de vento a 90º, 270º, 0º e 180º, respectivamente. Quadro 6: Valores de Gama z para o modelo 1. Fonte: CAD/TQS. A NBR6118:2014 determina que uma estrutura é considerada de nós móveis quanto o Gama Z supera o valor de 1,1. Portanto, constata-se que pelo coeficiente nas combinações 7 e 8, a estrutura é de nós móveis, ou seja, deve-se considerar os efeitos da não linearidade física e geométrica. Outro resultado apresentado pelo programa é o parâmetro , que também pode ser utilizado para determinar se a estrutura é de nós móveis ou fixos. Observa-se que nos casos 7 e 8 o valor de é superior a 0,6, valor limite para que o edifício seja considerado de nós fixos, segundo a NBR6118:2014. Em relação aos deslocamentos horizontais máximos, a NBR6118:2014 estabelece como valor limite absoluto de H/1700 e entre pavimentos de Hi/850 para deslocamentos oriundos da ação do vento para combinação frequente. Para o edifício em questão, com altura total de 48,60 m, o deslocamento absoluto permitido é de 2,86 cm, já o deslocamento relativo máximo é de 0,38 cm, considerando o pé direito de 3,24 m. 59 O Quadro 7 apresenta os valores de deslocamentos horizontais absolutos calculados pelo TQS para cada direção do vento e o Quadro 8 mostra os valores de deslocamento entre pavimentos. Em ambos os quadros pode-se observar que houve maiores deslocamentos para os casos 7 e 8, porém, todos ficaram dentro dos limites. Quadro 7: Deslocamentos absolutos para o modelo 1. Fonte: CAD/TQS. . Quadro 8: Deslocamentos relativos para o modelo 1. Fonte: CAD/TQS. 4.1.2. Análise de flecha Para a análise da flecha considerou-se a combinação quase permanente, no ELS. A flecha máxima apresentada pelo TQS para essa combinação foi de 1,51 cm, localizada no centro das lajes L4 e L6, as maiores do pavimento. A grelha do pavimento com os valores de flecha máxima em cada laje está apresentada na Figura 26. A NBR6118:2014 estabelece como limite de flecha em lajes, para aceitabilidade sensorial, o valor de L/250, sendo L o menor entre os vãos. Para o pavimento em análise, todas as flechas atenderam a esse limite, como ilustrado no Quadro 9. 60 Figura 26: Valores de flecha para laje nervurada. Fonte: CAD/TQS. 61 Quadro 9: Comparação entre valores de flecha calculada e limite. Laje L1 L2 L3 L4=L6 L5=L7 L8 Menor vão (m) 1,66 1,5 1,68 6,17 5,62 5,24 Flecha calculada (cm) 0,13 0,13 0,13 1,51 1,35 0,74 Flecha limite (cm) 0,66 0,60 0,67 2,47 2,25 2,10 Fonte: O autor. 4.1.3. Detalhamento de armaduras das lajes Analisando o detalhamento de armaduras das lajes apresentado pelo TQS, pode-se observar que para armadura positiva nas maiores lajes foram usadas duas barras de 12,5 mm em cada nervura da direção principal e uma barra de 10 mm em cada nervura na direção secundária. Já para atender aos momentos negativos, foram utilizadas armaduras de diversas bitolas, destacam-se as barras de 12,5mm próximas aos pilares nas lajes mais carregadas. Também é possível observar que foram necessárias armaduras para atender as faixas de laje maciça próximas às vigas, com barras de 6,3mm a cada 15cm. O detalhamento das armaduras positivas nas direções principal e secundária está apresentado nas Figuras 27 e 28, respectivamente. O detalhamentodas direções principal e secundária da armadura negativa está apresentados respectivamente nas Figuras 29 e 30. Os Apêndices C e D apresentam em uma escala maior o detalhamento das armaduras positivas e negativas, respectivamente. 62 Figura 27: Armadura positiva principal para laje nervurada. Fonte: CAD/TQS. 63 Figura 28: Armadura positiva secundária para laje nervurada. Fonte: CAD/TQS. 64 Figura 29: Armadura negativa principal para laje nervurada. Fonte: CAD/TQS. 65 Figura 30: Armadura negativa secundária para laje nervurada. Fonte: CAD/TQS. 66 4.1.4. Detalhamento de vigas O objetivo principal da pesquisa em questão é a comparação entre as lajes dos dois modelos, porém é valido analisar algumas vigas do pavimento para mostrar a diferença entre os modelos. As vigas escolhidas para análise foram a V8 e a V14, por serem vigas comuns nos dois modelos e por receberem diretamente a carga da laje plana no projeto em concreto protendido. As vigas estão destacadas na Figura 31. Figura 31: Planta baixa com vigas analisadas. Fonte: CAD/TQS. A viga V8, no modelo em concreto armado, foi lançada com uma seção de 14 x 80cm, recebendo as cargas das lajes L3 e L8, além de uma carga de parede de 4,44 kN/m. Os apoios são os pilares P10 e P11, ambos com dimensões de 30 x 130cm. O comprimento total da viga é de 3,14 m. A figura 32 mostra o diagrama de momento fletor da viga. O momento negativo gerado pelo engastamento com os pilares é de 408 kN.m. Observa-se que devido ao momento negativo elevado nos apoios, quase não há momento no meio do vão da peça. O programa dimensionou a viga com cinco barras de 25 mm na face superior e quatro barras da mesma bitola na face inferior. Além disso, há uma armadura de pele de 3 barras de 8 mm em cada lado e 29 estribos de 8 mm com espaçamento 67 variando entre 10 e 12 cm. Como os apoios são largos, não houve necessidade de ganchos. Ao todo, será preciso de aproximadamente 120 kg de aço CA50 e 0,35 kg de concreto para construir a viga. O detalhamento da armadura pode ser visto na Figura 33. Figura 32: Momentos fletores na viga V8. Fonte: CAD/TQS. Figura 33: Detalhamento da viga V8. Fonte: CAD/TQS. 68 A viga V14 possui dimensões de 14x80 cm e recebe as cargas da laje L5, além de uma carga de parede de 4,44 kN/m. Está apoiada na maior dimensão do pilar P3 (25x110) em um dos lados e na menor dimensão do pilar P7 (25x96) no lado oposto. O comprimento total da viga é de 1,82 m. Com a análise do diagrama na Figura 34, pode-se constatar que na ligação com o pilar P3 o momento fletor é muito superior ao lado oposto, devido à maior dimensão do apoio. O momento máximo atingiu a grandeza de 117 kN.m. Figura 34: Momentos fletores na viga V14. Fonte: CAD/TQS. Para atender às tensões solicitantes a viga foi dimensionada com três barras de 16 mm na face superior e três barras de 12,5 mm na inferior. Além disso, há uma armadura de pele de 3 barras de 8 mm em cada lado e 9 estribos de 5 m, espaçados em 22 cm. Para a ligação com o pilar P7 foram dimensionados ganchos de 20 e 25 cm para as armaduras de 12,5 e 16 mm, respectivamente. O consumo será de aproximadamente 35 kg de aço e 0,20 kg de concreto para execução da viga. O detalhamento da armadura pode ser visto na Figura 35. 69 Figura 35: Detalhamento da viga V14. Fonte: CAD/TQS. 4.1.5. Consumo de materiais O consumo de materiais fornecido pelo TQS está apresentado nos Quadros 10, 11 e 12. Nesses quadros podem ser vistas as quantidades de aço, formas e concreto para pilares, vigas e lajes, distribuídos entre os pavimentos térreo, tipos e cobertura. As fundações não foram consideradas pois não representam grande relevância para esse estudo. 70 Quadro 10: Resumo de aço para o modelo 1. Pavimento Aço (kg) Pilares Vigas Lajes Total Térreo - 1441,7 2233,4 3675,1 Tipo (x14) 34671,8 27831,8 29491,2 91994,8 Cobertura 1328,5 1123,5 2182,5 4634,5 Total 36000,3 30397,0 33907,1 100304,4 Fonte: Adaptado do CAD/TQS. Quadro 11: Resumo de formas para o modelo 1. Pavimento Formas (m²) Pilares Vigas Lajes Total Térreo - 218,1 265,2 483,3 Tipo (x14) 3019,2 2237,2 3820,2 9076,6 Cobertura 215,7 153,5 287,8 657,0 Total 3234,9 2608,8 4373,2 10216,9 Fonte: Adaptado do CAD/TQS. Quadro 12: Resumo de concreto para o modelo 1. Pavimento Concreto (m³) Pilares Vigas Lajes Total Térreo - 16,3 39,8 56,1 Tipo (x14) 331,2 175,4 589,2 1095,8 Cobertura 23,7 12,3 40,0 76,0 Total 354,9 204,0 669,0 1227,9 Fonte: Adaptado do CAD/TQS. Analisando os quantitativos, pode-se observar que o consumo de aço está bem distribuído entre os elementos, já as formas são mais necessárias para execução das lajes. O consumo de formas das vigas representa pouco mais que a metade do consumo das lajes. Por fim, observa-se que o concreto para as lajes corresponde à aproximadamente metade do consumo total do edifício. Relacionando o consumo total de aço com o de concreto, obtém-se uma taxa de aço de 81,69 kg/m³. Analisando somente o consumo de aço por área construída, se obtém o valor de 21,44 kg/m², já o consumo de concreto é de 0,26 m³/m². 71 4.2. Edifício em concreto protendido 4.2.1. Estabilidade global Para a análise da estabilidade global do edifício, novamente optou-se pela utilização do coeficiente Gama z. No Quadro 13 é possível visualizar os valores de Gama z obtidos pelo TQS para cada combinação, sendo as combinações 6, 7, 8 e 9 referentes às direções de vento a 90º, 270º, 0º e 180º, respectivamente. Quadro 13: Valores de Gama z para o modelo 2. Fonte: CAD/TQS. Os valores de Gama z para vento à 0º e 180º foram de 1,126, portanto, a estrutura é de nós móveis, ou seja, devem ser considerados os efeitos da não linearidade física e geométrica. O parâmetro também classifica a estrutura como de nós móveis, pois em todos os casos foi superior ao limite de 0,6 estabelecido pela norma. Para esse modelo, decidiu-se manter a altura total do edifício, logo, os valores de deslocamento limites são idênticos aos do modelo 1. Portanto, o deslocamento absoluto máximo é de 2,86 cm e entre pavimentos de 0,38 cm. O Quadro 14 apresenta os valores de deslocamentos horizontais absolutos calculados pelo TQS para cada direção do vento e o Quadro 15 mostra os valores de deslocamento relativos. Tanto os deslocamentos absolutos quanto os deslocamentos entre pavimentos ficaram abaixo do valor limite estabelecido pela NBR6118:2014. 72 Quadro 14: Deslocamentos absolutos para o modelo 2. Fonte: CAD/TQS. Quadro 15: Deslocamentos relativos para o modelo 2. Fonte: CAD/TQS. 4.2.2. Análise de flecha Para a análise da flecha considerou-se a combinação para flechas em lajes protendidas, considerando deformação lenta do concreto. A flecha máxima apresentada pelo TQS para essa combinação foi de 0,43 cm, localizada em uma das bordas da laje plana. A grelha do pavimento com os valores de flechas paratodo o pavimento está apresentada na Figura 36. A região onde ocorreu a maior flecha possui um vão de 6,26 m, logo, a flecha limite para aceitabilidade sensorial, segundo a NBR6118:2014, é de 2,50 cm. Com base nesse dado, conclui-se que o pavimento atende aos requisitos de flecha máxima. 73 Figura 36: Valores de flecha para laje protendida. Fonte: CAD/TQS. 74 4.2.3. Detalhamento de vigas As vigas V4 e V6 foram escolhidas para análise no projeto em concreto protendido, apesar de terem uma numeração diferente, se localizam nas mesmas posições das vigas V8 e V14, analisadas no modelo anterior, conforme a Figura 37. Figura 37: Planta de formas com vigas destacadas. Fonte: CAD/TQS. Nesse modelo, a viga V4 foi lançada com uma seção de 20 x 100cm, recebendo diretamente a carga da laje L3 e uma parte da carga da L1, além de uma carga de parede de 4,07 kN/m. Os apoios são os pilares P10 e P11, ambos com dimensões de 40 x 160cm. O comprimento total da peça é de 2,54 m. A Figura 38 mostra o diagrama de momento fletor da viga. O momento negativo gerado pelo engastamento com os pilares é de 808 kN.m. Da mesma forma que no modelo anterior, o momento no meio do vão é praticamente nulo, uma vez que o momento negativo nos apoios é elevado. O TQS dimensionou a viga com sete barras de 25 mm na face superior e seis barras da mesma bitola na face inferior. Além disso, há uma armadura de pele de quatro barras de 8 mm em cada lado e 17 estribos de 12,5 mm com espaçamento de 15cm entre eles. Como os apoios são largos, não houve necessidade de ganchos. Ao 75 todo, será preciso de 286 kg de aço CA50 e 0,50 kg de concreto para construir a viga. O detalhamento da armadura pode ser visto na Figura 39. Figura 38: Momentos fletores para viga V4. Fonte: CAD/TQS. Figura 39: Detalhamento da viga V4. Fonte: CAD/TQS. 76 As dimensões da viga V6 são de 14x80 cm, com 1,40 m de comprimento. Parte da laje L1 é apoiada diretamente sobre a viga e há uma carga de parede equivalente à 5,53 kN/m sob a mesma. Está apoiada na maior dimensão do pilar P3 (30x150) em um dos lados e na menor dimensão do pilar P7 (30x130) no lado oposto. O momento máximo resultante na ligação com o pilar P3 foi de 179 kN.m, conforme a Figura 40. No lado oposto o momento é de apenas 45 kN.m. Para atender às tensões solicitantes a viga foi dimensionada com quatro barras de 20 mm na face superior e duas barras da mesma bitola na face inferior. Além disso, há uma armadura de pele de 3 barras de 8 mm em cada lado e oito estribos de 5 m, espaçados em 20 cm. Para a ligação com o pilar P7 foram dimensionados ganchos de 20 e 70 cm para as faces superior e inferior, respectivamente. O consumo será de aproximadamente 55 kg de aço e 0,16 kg de concreto para execução da viga. O detalhamento da armadura pode ser visto na Figura 41. Figura 40: Momentos fletores da viga V6. Fonte: CAD/TQS. 77 Figura 41: Detalhamento da viga V6. Fonte: CAD/TQS. 4.2.4. Definição em plantas das RPU’s e RTE’s O dimensionamento das armaduras ativas pelo TQS é feito com base no lançamento das Regiões de Protensão Uniformes (RPU) e Regiões de Transferência de Esforços (RTE), definidas pelo projetista. As RPU’s são regiões da laje onde os cabos têm as mesmas características em relação às dimensões, elevações, números de cordoalhas e força de protensão. As RTE’s agem como limitantes da região da laje para extração de esforços, ou seja, os esforços da área delimitada pela RTE serão transmitidos para as RPU’s contidas na mesma. Quanto a distribuição da armadura ativa, é usual que os projetos concentrem as cordoalhas sobre os pilares apenas em uma direção, com intuito de evitar interferências de armaduras nas faixas concentradas. No projeto em questão, 78 decidiu-se concentrar os cabos sobre os pilares na direção do menor vão e distribuir os mesmos ao longo de toda a laje na direção oposta. Dentro do editor de lajes protendidas do TQS foram lançadas seis RPU’s na direção principal (cabos concentrados), sobre o alinhamento de pilares. Nas regiões da laje não englobadas pelas RPU’s foram lançadas RTE’s, cada uma com apenas uma RPU associada e delimitada pela metade do vão entre as RPU’s adjacentes. Na direção secundária toda a extensão da laje foi envolvida por RPU’s, de modo a distribuir as cordoalhas por toda a área. Ao todo, foram lançadas 12 RPU’s nessa direção. As plantas com o desenho das RPU’s e RTE’s nas duas direções podem ser vistas nas Figuras 42 e 43. Figura 42: Lançamento das RPU’s na direção principal. Fonte: CAD/TQS. 79 Figura 43: Lançamento das RPU’s na direção secundária. Fonte: CAD/TQS. 4.2.5. Disposição vertical das cordoalhas Após o lançamento das RPU’s e RTE’s o TQS calcula automaticamente a quantidade e traçado da armadura ativa necessária para atender os esforços oriundos dos momentos na laje. Entretanto, o melhor traçado para atender os carregamentos nem sempre é executável, por esse motivo, é imprescindível a edição do traçado para cada RPU. Primeiramente, deve-se definir a excentricidade máxima no cabo, esse valor é calculado em função do cobrimento mínimo e dos diâmetros da armadura ativa e passiva, esse assunto será tratado com mais detalhes posteriormente. Além da excentricidade, deve observar se as tensões atendem os requisitos para protensão limitada, estabelecidos no item 2.1.11.2. A verificação das tensões no ato da protensão também é de suma importância. Neste relatório será analisada detalhadamente a RPU destacada na Figura 44. 80 Figura 44: RPU analisada. Fonte: CAD/TQS. Na Figura 45 pode-se observar algumas informações referentes à esta RPU. Na parte superior aparecem os momentos fletores máximos, médios e mínimos da laje, nas cores roxo, vermelho e azul respectivamente. Os momentos demonstrados nesta figura correspondem à combinação frequente, esses momentos são praticamente idênticos para a combinação quase permanente, já que a parcela referente às cargas acidentais é pequena. O momento equivalente causado pela armadura ativa está representado na cor verde. Na parte intermediária está apresentada a disposição vertical dos cabos, assim como a posição dos apoios. A linha tracejada representa o centro de gravidade da peça, enquanto a linha contínua mostra o traçado das cordoalhas. A excentricidade máxima empregada foi de 4,2 cm. A parte inferior evidencia os valores da envoltória de momentos fletores, bem como o momento equivalente da armadura ativa. A Figura 46 apresenta os mesmos dados citados anteriormente, porém, com os valores de momento no ato da protensão. Na Figura 47 pode-se observar outra aba do editor de lajes protendidas do TQS. As partes superior e inferior da imagem mostram as tensões nas fibras, onde a linha 81 tracejada representa o limite admissível para a combinação de tensões analisada. Na faixa intermediária está o traçado do cabo, já citado anteriormente. As combinações frequente, quase permanente e ato da protensão estão apresentadas nas Figuras 47, 48 e 49, respectivamente. Nota-se que todas as tensões nessa RPU permaneceram dentro dos limites estabelecidos pela norma para a protensão limitada. A Figura 50 apresenta os valores de armadura passiva calculados pelo software. A parte superior indica a armadura negativa, enquanto a parte inferior mostra a positiva. Para esta RPU foi dimensionada uma armadura passiva negativa de aproximadamente 2,2 cm²/m sobre os apoios e positiva de 1,6 cm²/m nos vãos. O dimensionamento em questão é para a combinação normal no ELU de esforços. No Quadro 16, é possível observar algumas informaçõesimportantes sobre a RPU, fornecidas pelo software. Quadro 16: Dados da RPU. Dados da RPU Largura 150 cm Altura 20 cm Comprimento 11,48 m Feixes de cordoalhas 6 - Cordoalhas/ Feixe 4 - Diâmetro das cordoalhas 12,7 mm Espaçamento 12 cm Perda inicial 11,1 % Perda diferida 8,9 % Excentricidade no cabo 4,2 cm Fonte: Adaptado do CAD/TQS. 82 Figura 45: Momentos para CF e CQP. Fonte: CAD/TQS. 83 Figura 46: Momentos para o ato da protensão. Fonte: CAD/TQS. 84 Figura 47: Tensões para CF. Fonte: CAD/TQS. 85 Figura 48: Tensões para CQP. Fonte: CAD/TQS. 86 Figura 49: Tensões para o ato da protensão. Fonte: CAD/TQS. 87 Figura 50: Armadura passiva. Fonte: CAD/TQS. 88 4.2.6. Momento Hiperestático de protensão No cálculo do momento a ser equilibrado pela protensão são introduzidas cargas distribuídas nos vãos e concentradas nos apoios. Essas cargas são auto equilibradas, entretanto, devido às restrições de deslocamento impostas pela estrutura hiperestática, surgem reações de apoio igualmente auto equilibradas. Por esse motivo, são gerados os momentos hiperestáticos de protensão. A figura 52 apresenta os valores de momentos hiperestáticos para a RPU analisada no item anterior. No cálculo das tensões apresentado, esses momentos já estavam contemplados. 4.2.7. Planta de cabos Após a edição e definição do número de cabos em todas as RPU’s foi gerada a planta de cabos da armadura ativa no TQS, conforme a Figura 51. Figura 51: Planta de cabos. Fonte: CAD/TQS. 89 Figura 52: Hiperestático RPU principal. Fonte: CAD/TQS. 90 4.2.8. Detalhamento de armaduras das lajes Analisando o detalhamento de armaduras das lajes apresentado pelo TQS, pode-se observar que para armadura positiva na maior laje foram dimensionadas barras de 5 mm a cada 15 cm na direção principal e de 6,3 mm a cada 15 cm na direção secundária. O detalhamento das armaduras positivas nas direções principal e secundária está apresentados nas Figuras 53 e 54, respectivamente. Já para atender aos momentos negativos, foram dimensionadas barras de 6,3 mm espaçadas em 15 cm na direção principal e barras da mesma bitola espaçadas em 12,5 cm na direção secundária. Nas regiões próximas aos pilares, a área de armadura é maior por se tratar de uma laje lisa com armadura ativa não aderente. Nesses casos a NBR6118:2004 estabelece uma armadura mínima em função do vão e da altura da laje. Destacam- se os pilares P7, P8, P13 e P14 com barras de 12,5 mm a cada 6 cm na direção principal. O detalhamento das direções principal e secundária da armadura negativa está apresentados respectivamente nas Figuras 55 e 56. A armadura de punção se fez necessária em apenas alguns pilares do pavimento, três camadas foram suficientes para todos eles. O número de pinos em cada camada foi diferente para cada pilar, devido a diferença entre os perímetros. Nos pilares P9 e P12, localizados no centro da laje, foram distribuídos 12 pinos de 6,3 mm em cada camada. O detalhamento da armadura de punção está apresentado na Figura 57. Observou-se que para alguns pilares do pavimento foi dimensionada apenas a armadura mínima de punção para lajes planas que contribuem para a estabilidade global, de acordo com os valores estabelecidos pela NBR6118:2014. Esse assunto será analisado com mais detalhes posteriormente. Os Apêndices E e F apresentam em uma escala maior o detalhamento das armaduras positivas e negativas, respectivamente. No Apêndice G está apresentada o detalhamento da armadura de punção, também em maior escala. 91 Figura 53: Armadura positiva principal para laje plana. Fonte: CAD/TQS. 92 Figura 54: Armadura positiva secundária para laje plana. Fonte: CAD/TQS. 93 Figura 55: Armadura negativa principal para laje plana. Fonte: CAD/TQS. 94 Figura 56: Armadura negativa secundária para laje plana. Fonte: CAD/TQS. 95 Figura 57: Armadura de punção para laje plana. Fonte: CAD/TQS. 96 4.2.9. Consumo de materiais No modelo 2, além dos quantitativos de armadura passiva, formas e concreto, é essencial avaliar os valores de armadura ativa. Todos esses quantitativos estão apresentados nos Quadros 17 a 20. Quadro 17: Resumo de armadura ativa para o modelo 2. Armadura ativa Φ (mm) Comp. (m) Peso (kg) 12,7 305,4 27600 Fonte: Adaptado do CAD/TQS. Quadro 18: Resumo de armadura passiva para o modelo 2. Pavimento Aço (kg) Pilares Vigas Lajes Total Térreo - 2319,7 2233,4 4553,1 Tipo (x14) 34469,6 25954,4 35280,8 95704,8 Cobertura 1908,1 355 2520,1 4783,2 Total 36377,7 28629,1 40034,3 105041,1 Fonte: Adaptado do CAD/TQS. Quadro 19: Resumo de formas para o modelo 2. Pavimento Formas (m²) Pilares Vigas Lajes Total Térreo - 241,8 265,2 507,0 Tipo (x14) 3632,4 721,4 3953,2 8307,0 Cobertura 259,5 37,5 298,3 595,3 Total 3891,9 1000,7 4516,7 9409,3 Fonte: Adaptado do CAD/TQS. Quadro 20: Resumo de concreto para o modelo 2. Pavimento Concreto (m³) Pilares Vigas Lajes Total Térreo - 16,3 39,8 56,1 Tipo (x14) 484,0 52,8 782,0 1318,8 Cobertura 34,6 2,8 58,2 95,6 Total 518,6 71,9 880,0 1470,5 Fonte: Adaptado do CAD/TQS. 97 Analisando os quantitativos, pode-se observar que o consumo de armadura passiva nas lajes é superior ao da armadura ativa. O consumo de formas para vigas representa 22,15% do consumo das lajes e o consumo de concreto representa apenas 4,88% do total. Relacionando o consumo total de aço com o de concreto, obtém-se uma taxa de aço de 90,20 kg/m³. Analisando somente a armadura passiva, o valor é de 71,43 kg/m³ e para armadura o índice é de 18,77 kg/m³. Por fim, o consumo total de aço por área construída corresponde à 28,35 kg/m³ e para o concreto o valor é de 0,31 m³/m². 4.3. Planilha de cálculo para tensões e armadura passiva Neste tópico serão relatados passo a passo os procedimentos para o desenvolvimento e os cálculos presentes na planilha de tensões e armadura passiva. A RPU da direção principal apresentada na Figura 44 foi escolhida como base para extração de dados e comparação de resultados. 4.3.1. Determinação das cargas na laje As cargas distribuídas por área na laje podem ser permanentes (g) ou acidentais (q). Entre as cargas permanentes estão peso próprio da laje e o revestimento da laje. Sabe-se que uma estrutura de concreto armado pesa 25 kN/m³, com essa informação é possível calcular a carga distribuída na laje proveniente do peso próprio da mesma. 𝑃𝑃 = 25 ∗ ℎ𝑙 𝑃𝑃 = 25 ∗ 0,2 = 5 𝑘𝑁/𝑚² 98 Como visto anteriormente, a carga de revestimento equivale a 1,5 kN/m² e a carga acidental 2 kN/m². Portanto, a carga externa total, sem consideração da protensão, é de 8,5 kN/m². 4.3.2. Determinação da excentricidade máxima nos cabos Com o intuito de obter o melhoraproveitamento do material, buscou-se o maior valor de excentricidade possível, respeitando os valores mínimos de cobrimento. Portanto, o valor da excentricidade (e) do cabo é dada pelas equações a seguir: 𝑒(𝑥) = ℎ𝑙 2 − 𝑐 − ∅𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑎(𝑥) − ∅𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑎(𝑦) − ∅𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎/2 𝑒(𝑥) = 10 − 2,5 − 1 − 1 − 1,25 2 = 4,87𝑐𝑚 𝑒(𝑦) = ℎ𝑙 2 − 𝑐 − ∅𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑎(𝑥) − ∅𝑝𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑎(𝑦) − ∅𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 − ∅𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎/2 𝑒(𝑦) = 10 − 2,5 − 1 − 1 − 1,25 − 1,25 2 = 3,62𝑐𝑚 4.3.3. Determinação dos esforços de protensão Para a pesquisa em questão não foi preciso calcular o número de cordoalhas necessária para equilibrar os momentos solicitantes, pois este valor foi determinado pelo TQS. Para a faixa analisada foram usados seis feixes com quatro cordoalhas cada, totalizando 24 cabos. Considerando que a força aplicada em cada cabo será de 15 toneladas, pode-se determinar a força de protensão inicial (Pi): 𝑃𝑖 = 24 ∗ 150 = 3600 𝑘𝑁 99 Os valores de protensão no tempo inicial (Po) e no tempo infinito (P∞) dependem das perdas de protensão. As perdas imediatas definidas no programa foram de 11,1% e as diferidas de 8,9%, totalizando 20% de perda de protensão. 𝑃𝑜 = 3600 ∗ (1 − 0,111) = 3200,4 𝑘𝑁 𝑃∞ = 3600 ∗ (1 − 0,2) = 2880 𝑘𝑁 4.3.4. Esforços na laje O editor de lajes protendidas do TQS calcula automaticamente os valores de momento para as combinações frequente, quase permanente e ato da protensão, além de fornecer o momento hiperestático. Esses momentos englobam as cargas permanentes e acidentais, porém, para efeitos de cálculo da planilha, foi preciso separar as parcelas referentes a cada tipo de carga. A separação dos momentos em permanentes, acidentais e de peso próprio foi realizada com base no valor da combinação quase permanente. Sabendo que os valores de Ψ1 e Ψ2 são de 0,7 e 0,6 respectivamente e conhecendo a fórmula da combinação quase permanente (equação 7), pode-se calcular os momentos resultantes de cada carga. Os resultados estão apresentados nos Quadros 21, 22 e 23. Quadro 21: Momentos devido ao peso próprio. PP 5 kN/m M máx + 19,48 kN.m M máx - 56,49 kN.m Fonte: O autor. Quadro 22: Momentos devido às cargas permanentes. g 6,5 kN/m M máx + 25,32 kN.m M máx - 73,44 kN.m Fonte: O autor. 100 Quadro 23: Momentos devido às cargas acidentais. p 2 kN/m M máx + 7,79 kN.m M máx - 22,60 kN.m Fonte: O autor. O momento gerado pela protensão do cabo no tempo infinito também é apresentado pelo TQS, assim como o momento hiperestático. Através do momento no tempo infinito e das perdas de protensão é possível calcular o momento no ato da protensão. Os valores desses momentos estão apresentados nos Quadros 24, 25 e 26. Quadro 24: Momentos devido a protensão inicial. Po 3200,4 kN M máx + 48,34 kN.m M máx - 48,34 kN.m Fonte: O autor. Quadro 25: Momentos devido á protensão no tempo infinito. P∞ 2880 kN M máx+ 43,5 kN.m M máx - 43,5 kN.m Fonte: O autor. Quadro 26: Momento hiperestático de protensão. Hiperestático Mhip 13,5 kN.m Fonte: O autor. 4.3.5. Tensões limites para tração e compressão A avaliação da quantidade correta de cabos de protensão depende dos limites de tração e compressão nas fibras superiores e inferiores da peça. Para compressão no tempo infinito, o único valor que não deve ser ultrapassado é do esmagamento do concreto, correspondente à metade do fck, ou seja, 1,75 kN/cm² para o projeto em questão. O limite de tração para o tempo infinito é diferente para cada combinação, como visto anteriormente. Para a combinação quase permanente não pode haver 101 tração, já para a combinação frequente não deve ultrapassar o fct,f, calculado conforme as equações a seguir. 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7 ∗ 0,3 ∗ 𝑓𝑐𝑘 2/3 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7 ∗ 0,3 ∗ 35 2 3 = 2,25 𝑀𝑃𝑎 𝑓𝑐𝑡,𝑓 = 1,5 ∗ 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 𝑓𝑐𝑡,𝑓 = 1,5 ∗ 2,25 = 3,37 𝑀𝑃𝑎 Para o ato da protensão os limites são diferentes, pois o concreto ainda não atingiu o fck, portanto, deve-se calcular a resistência na data da protensão (fckj), normalmente aos 5 dias. 𝛽1 = 𝑒𝑠∗(1−√28/𝑡) 𝛽1 = 𝑒𝑠∗(1−√28/5) = 0,71 𝑓𝑐𝑘𝑗 = 𝛽1 ∗ 𝑓𝑐𝑘 𝑓𝑐𝑘𝑗 = 0,71 ∗ 35 = 24,87 𝑀𝑃𝑎 Para a tração o valor é de: 𝑓𝑐𝑡𝑚𝑗 = 0,3 ∗ 𝑓𝑐𝑘𝑗 2/3 𝑓𝑐𝑡𝑚𝑗 = 0,3 ∗ 24,87 2 3 = 25,56 𝑀𝑃𝑎 102 Com essas resistências, pode-se calcular os valores máximos de compressão e tração: 𝜎𝑐,𝑙𝑖𝑚 = 0,7 ∗ 𝑓𝑐𝑘𝑗 𝜎𝑐,𝑙𝑖𝑚 = 0,7 ∗ 2,487 = 1,74 𝑘𝑁/𝑐𝑚² 𝜎𝑡,𝑙𝑖𝑚 = 1,2 ∗ 𝑓𝑐𝑡𝑚𝑗 𝜎𝑡,𝑙𝑖𝑚 = 1,2 ∗ 2,556 = 0,30 𝑘𝑁/𝑐𝑚² 4.3.6. Verificação das tensões em serviço Para cálculo das tensões nas fibras superiores e inferiores é necessário conhecer o valor da inércia da seção transversal (W): 𝑊 = 𝑏 ∗ ℎ2 12 𝑊 = 150 ∗ 202 12 = 10000 𝑐𝑚³ Com os valores de momento e de inércia conhecidos, foi possível calcular os valores das tensões. O resumo para as combinações frequente, quase permanente e ato da protensão estão apresentados nos Quadros 27, 28 e 29 respectivamente. 103 Quadro 27: Verificação de tensões para combinação frequente. No vão No apoio Md,serv -1350 kN.cm Md,serv -4350 kN.cm Wi 10000 cm³ Wi 10000 cm³ Ws -10000 cm³ Ws -10000 cm³ бi -1,095 kN/cm² бi -1,395 kN/cm² бs -0,825 kN/cm² бs -0,525 kN/cm² бi0,5 ∗ 𝜌𝑝 ≥ 0,67 ∗ 𝜌𝑚𝑖𝑛 𝜌𝑠 ≥ 0,164 − 0,5 ∗ 0,79 ≥ 0,67 ∗ 0,164 𝜌𝑠 = 0,1099% 𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,001099 ∗ 20 ∗ 100 = 2,20 𝑐𝑚2/𝑚 105 4.3.8. Verificação de tensões no ELU: Cálculo da armadura passiva Para calcular a reação resultante de compressão no concreto (Rcc) são aplicados os momentos devido às cargas permanente e acidentais majorados, assim como o hiperestático. Já para a resultante de tração da armadura ativa (Rpt), são usados os dados e momentos relativos à mesma, caso a reação de tração não supere a resultante de compressão no concreto, deve-se acrescentar armadura passiva que produza uma resultante de tração (Rst) para complementar a armadura ativa. No exemplo em questão apenas a armadura ativa foi suficiente para equilibrar os esforços, portanto, utilizou-se a armadura passiva mínima. O Quadro 30 apresenta o resumo dos cálculos para o ELU, assim como os valores resultantes de armadura passiva. Quadro 30: Verificações no ELU e resumo da armadura passiva. No vão No apoio Md 54,46 kN.m Md -122,30 kN.m x 1,57 cm x 3,78 cm Rcc 401,34 kN Rcc 963,94 kN Rpt 2583,87 kN Rpt 2583,87 kN As,mín 1,64 cm²/m As,mín 2,20 cm²/m Rcca flecha máxima nos dois modelos, fica evidente que a laje plana apresentou melhores resultados. Esse comportamento já era esperado, pois a principal função da protensão é combater os esforços de tração nas peças, por esse motivo, a flecha no pavimento protendido foi nula em grande parte da laje, exceto por uma pequena área na borda em balanço, onde houve um deslocamento de 0,43cm. O modelo em concreto armado apresentou maiores valores de flechas, entretanto, todos os deslocamentos do pavimento atenderam aos requisitos de aceitabilidade sensorial da NBR6118:2014. Na Figura 58 é possível visualizar a flecha em ambos os modelos, em concreto armado à esquerda e em concreto protendido à direita. 111 Figura 58: Comparação entre flechas. Fonte: CAD TQS. 112 4.5.3. Análise de vigas A Figura 59 demonstra a comparação de momentos fletores entre as duas vigas analisadas anteriormente. Pode-se observar um aumento 98,04% na viga V4 do pavimento protendido em relação à viga V8 do pavimento em concreto armado, já o aumento na V6 em relação à V14 foi de 52,99%. Essa diferença se dá pois existem menos pórticos para resistir aos esforços oriundos do vento nesse pavimento. Assim, as vigas são sobrecarregadas em relação aos efeitos do vento. Ainda pode-se notar que o aumento de momento da viga V8 para a V4 foi maior que o aumento da V14 para a V6. Esse fato pode ser explicado pela presença de um maior número de pórticos na direção da viga V6 no pavimento protendido. Figura 59: Gráfico comparativo de momentos. Fonte: O autor. Na Figura 60 estão apresentados os quantitativos de armadura para todas as vigas em análise. Novamente é possível observar uma grande diferença entre os valores dos dois modelos. O consumo foi de 38,33% na viga V4 em relação à V8 e de 57,14% na viga V6 em relação à V14. O aumento na quantidade de aço está diretamente relacionado com o aumento de esforços, por esse motivo, o gráfico de momentos se mostrou semelhante ao gráfico de armaduras. 408 117 808 179 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 V8 V4 V14 V6M o m en to n eg at iv o m áx im o ( kN .m ) Comparação de momentos Concreto Armado Concreto Protendido 113 Figura 60: Gráfico comparativo do consumo de aço para vigas. Fonte: O autor. 4.5.4. Consumo de materiais As Figuras 61, 62 e 63 demonstram a comparação entre os consumos totais do projeto para aço, formas e concreto, respectivamente. Decidiu-se apresentar a comparação entre pilares, vigas e laje separadamente, para uma análise mais precisa. Figura 61: Gráfico comparativo do consumo total de aço. Fonte: O autor. 120 35 286 55 0 50 100 150 200 250 300 350 V8 V4 V14 V6 P es o ( kg ) Comparação da quantidade de aço Concreto Armado Concreto Protendido 36000,3 30397 33907,136377,7 28629,1 40034,3 27600 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 Pilares Vigas Lajes P es o ( kg ) Consumo total de aço Concreto Armado Concreto Protendido Armadura ativa 114 Figura 62: Gráfico comparativo do consumo total de formas. Fonte: O autor. Figura 63: Gráfico comparativo do consumo de concreto. Fonte: O autor. No gráfico da Figura 61 observa-se que, ao contrário do que se esperava, a armadura passiva foi maior na laje protendida, A explicação para esse fato é que a armadura passiva mínima, empregada em toda essa laje, é muito superior à necessária. Além disso, a laje plana conta com armadura mínima de punção e com uma armadura passiva mínima sobre pilares, obrigatória para lajes planas com protensão não aderente, ambas previstas pela NBR6118:2014. 3234,8 2608,8 4373,2 3891,9 1000,7 4516,7 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 Pilares Vigas Lajes Á re a d e fo rm as ( m ²) Consumo de formas Concreto Armado Concreto Protendido 354,9 204 669 518,6 71,9 880 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Pilares Vigas Lajes V o lu m e d e co n cr et o ( m ³) Consumo de concreto Concreto Armado Concreto Protendido 115 Nas lajes protendidas, ainda é necessário considerar a armadura ativa. Conforme os valores apresentados no gráfico, existe um consumo de armadura ativa de 27.600 kg no edifício protendido, equivalente a 69% da armadura passiva nas lajes. Por esses motivos, as lajes em concreto armado se mostraram mais econômicas nesse quesito. Observa-se que a adoção de laje maciça de 20 cm para o pavimento protendido (solução bastante usual para edifícios com protensão) mostrou-se superdimensionado por existirem vãos não muito grandes. Desta forma, o dimensionamento com a armadura mínima obrigatória resultou em um consumo pouco econômico. Uma alternativa para reduzir o consumo poderia ser a utilização de lajes nervuradas protendidas, ou a eliminação dos pilares que estão no centro das lajes no modelo 2, destacados na Figura 64. Entretanto, esta solução poderia comprometer a estabilidade global da estrutura. É valido lembrar que para o projeto em questão os pilares não sofrem transição do térreo à cobertura. Figura 64: Pilares centrais da laje protendida. Fonte: CAD TQS. Analisando os pilares, também se observa um pequeno aumento de armadura no edifício protendido, pois a eliminação de vigas e a redução na seção da laje acarretou no aumento dos pilares para o atendimento dos critérios de estabilidade 116 global. Além disso, o maior peso próprio das lajes que se apoiam nos pilares contribuiu para o aumento na armadura dos mesmos. Por outro lado, o consumo de armaduras para vigas foi menor no edifício em concreto protendido, por conter pavimentos com lajes lisas. Entretanto, a diferença entre os dois modelos é inferior a duas toneladas, valor não muito significativo, considerando o consumo total. Essa proximidade de valores ocorre porque não foi possível eliminar a maior parte das vigas no pavimento protendido, por questões construtivas e de estabilidade. Além do mais, as vigas desse modelo ficaram mais carregadas, ocasionando em uma maior taxa de armadura, como visto anteriormente. Em relação ao consumo de formas, a diferença mais significativa ocorreu entre vigas. É possível notar que o consumo para o pavimento com lajes planas foi inferior à metade do consumo para o pavimento com lajes nervuradas. Essa relação evidencia uma das vantagens mais impactantes do emprego de lajes lisas, a redução do número de vigas e consequentemente da área de formas, além da redução do tempo de execução. Para os pilares, o consumo de formas se mostrou superior no edifício com protensão, devido ao aumento na seção supracitado. Em relação às lajes, a área de formas se mostrou maior no pavimento protendido, porém, a diferença é irrelevante, pois representa menos de 5% do valor total. Analisando o consumo de concreto, novamente tornam-se evidentes os efeitos da redução do número de vigas e aumento na seção dos pilares. Para o edifício em concreto armado, como há um maior número de vigas, o volume de concreto para execução das mesmas é superior, ao contrário do consumo para os pilares, que se mostra inferior em decorrência das menores dimensões das seções transversais. As lajes apresentam o maior consumo de concreto entre os elementos. Entre os dois modelos, o concreto armado se mostrou mais econômico nesse aspecto. Apesar da altura da laje nervurada ser superior, a maior parte do volume é ocupada pelo enchimento, tornando o volume de concreto inferior ao da laje plana maciça. 117 As Figuras 65 e 66 demonstram a divisão do aço entre os elementosnos dois modelos. Nota-se que no edifício em concreto armado os pilares foram responsáveis pele maior consumo, já no outro modelo, as lajes tiveram maior influência. Em ambos os projetos o consumo das vigas foi o menor, sendo mais representativo no modelo 1. Figura 65: Divisão de aço no modelo 1 (CA). Fonte: O autor. Figura 66: Divisão de aço no modelo 2 (CP). Fonte: O autor. 35,89% 30,30% 33,80% Divisão de aço no modelo 1 Pilares Vigas Lajes 34,63% 27,26% 38,11% Divisão de aço no modelo 2 Pilares Vigas Lajes 118 A divisão do consumo de formas entre os elementos pode ser visualizada nas Figuras 67 e 68. Percebe-se que as lajes foram as maiores responsáveis pelo consumo nos dois modelos. As vigas novamente tiveram a menor influência entre os elementos, é valido comentar que houve uma redução de aproximadamente 15% na representatividade das mesmas no edifício protendido, em relação ao concreto armado. Figura 67: Divisão de formas no modelo 1 (CA). Fonte: O autor. Figura 68: Divisão de formas no modelo 2 (CP). Fonte: O autor. 31,66% 25,53% 42,80% Divisão de formas no modelo 1 Pilares Vigas Lajes 41,36% 10,64% 48,00% Divisão de formas no modelo 2 Pilares Vigas Lajes 119 Os Gráficos para o consumo de concreto seguiram o mesmo padrão das formas, com as lajes apresentando a maior representatividade e as vigas a menor. Porém, nos dois casos, o consumo para lajes foi superior à metade do total, os seja, maior que a soma do consumo para vigas e pilares. Observa-se ainda que o consumo para vigas no modelo em concreto protendido é menor que 5% do total, valor pouco significativo. A divisão do consumo de concreto entre os elementos está apresentada nos gráficos das Figuras 69 e 70. Figura 69: Divisão de concreto no modelo 1 (CA). Fonte: O autor. Figura 70: Divisão de concreto no modelo 2 (CP). Fonte: O autor. 28,90% 16,61% 54,48% Divisão de concreto no modelo 1 Pilares Vigas Lajes 35,27% 4,89% 59,84% Divisão de concreto no modelo 2 Pilares Vigas Lajes 120 Na Figura 71 é possível observar a comparação entre as quantidades de armaduras passiva e ativa em um pavimento. Percebe-se que a armadura passiva corresponde a mais da metade da laje, sendo a principal responsável pelo consumo, entretanto, é válido lembrar que as duas armaduras agem de maneira diferente. A armadura ativa apresenta resistência e preço elevados em comparação à passiva. Figura 71: Gráfico comparativo entre armadura ativa e passiva. Fonte: O autor. A Figura 72 apresenta a comparação entre o consumo total de aço, formas e concreto para os dois modelos. Percebe-se que há pouca variação entre os valores de armadura e formas, ao contrário dos valores para o concreto. A quantidade de armadura ativa é aproximadamente 5% maior no edifício protendido, por outro lado, a área de formas reduz em aproximadamente 8%. Já volume de concreto ficou em torno de 20% maior no modelo com protensão. 2520 - 58% 1840 - 42% Comparação entre armadura ativa e passiva (kg) Armadura Passiva Armadura Ativa 121 Figura 72: Gráfico comparativo do consumo total de materiais. Fonte: O autor. 4.5.5. Estimativa de custos Os quantitativos de material oferecem uma grande base para comparação da viabilidade econômica entre os modelos, porém, não é possível comparar diretamente o consumo de materiais diferentes. Para transformar todas as quantidades em uma única unidade de comparação, decidiu-se atribuir preços para cada uma delas, gerando dados mais efetivos de viabilidade econômica e valores mais sólidos para comparação geral dos dois edifícios. A tabela de insumos do SINAPI de agosto de 2017 foi utilizada como base de preços para armadura passiva, formas e concreto. Os preços de referência foram de barras de aço cortadas e dobradas e concreto usinado com serviço de bombeamento incluso. Já para as formas pesquisou-se diretamente os valores dos insumos, considerando chapas de madeira compensada resinada, e elaborou-se uma composição levando em conta a reutilização. Os valores de mão de obra e equipamentos não foram levados em conta no orçamento. O preço da armadura ativa foi obtido através de pesquisas no mercado. O resumo de preço para todos os materiais no edifício em concreto armado está apresentado na Tabela 1. Observa-se que o aço é o maior responsável pelo custo, 100304,4 10216,9 1227,9 105041,1 9409,3 1470,5 Armadura passiva (kg) Formas (m²) Concreto (m³) Consumo total Concreto Armado Concreto Protendido 122 representando 43,22% do total. As formas correspondem a 18,11% e o concreto a 38,67%. A Figura 73 ilustra a divisão de valores para cada elemento. Figura 73: Divisão de custos no modelo 1 (CA). Fonte: O autor. Tabela 1: Resumo de custos do modelo 1 (CA). Insumos Térreo Tipo (x14) Cobertura Total Preço unitário (R$/kg) Preço total Aço CA60 - 5mm 272,2 1863,7 262,1 2398,0 R$ 3,83 R$ 9.184,34 Aço CA50 - 6,3mm 1472,8 13264,7 880,7 15618,2 R$ 4,33 R$ 67.626,81 Aço CA50 - 8mm 824,4 7978,0 591,6 9394,0 R$ 4,34 R$ 40.769,96 Aço CA50 - 10mm 566,2 10024,9 898,3 11489,4 R$ 4,15 R$ 47.681,01 Aço CA50 - 12,5mm 455,7 24983,1 948,6 26387,4 R$ 3,93 R$ 103.702,48 Aço CA50 - 16mm 367,5 8537,4 926,9 9831,8 R$ 3,93 R$ 38.638,97 Aço CA50 - 20mm - 9970,1 62,1 10032,2 R$ 3,93 R$ 39.426,55 Aço CA50 - 25mm - 15132,8 20,6 15153,4 R$ 3,93 R$ 59.552,86 Total Aço (kg) 3958,8 91754,7 4590,9 100304,4 - R$ 406.582,98 Formas de pilares - 3019,2 215,7 3234,9 R$ 21,31 R$ 68.919,54 Formas de vigas 218,1 2237,2 153,5 2608,8 R$ 16,84 R$ 43.932,19 Formas de lajes 265,2 3820,2 287,8 4373,2 R$ 13,16 R$ 57.529,45 Total formas (m²) 483,3 9076,6 657,0 10216,9 - R$ 170.381,18 Total concreto (m³) 56,1 1095,8 76,0 1227,9 R$ 296,22 R$ 363.728,54 Total final - - - - - R$ 940.692,70 Fonte: O autor. 43,22% 18,11% 38,67% Divisão de custos no modelo 1 Armadura Passiva Formas Concreto 123 No edifício em concreto protendido o aço apresentou um custo bastante elevado em relação aos demais insumos, representando 54,57% do total, sendo 22,60% correspondente a armadura ativa e 31,97% a passiva. As formas e o concreto representaram 11,85% e 33,59% do total, respectivamente. A Tabela 2 apresenta o resumo de custos para esse modelo e a Figura 74 demonstra a divisão de valores entre cada tipo de material. Tabela 2: Resumo de custos do modelo 2 (CP). Térreo Tipo (x14) Cobertura Total Preço unitário (R$/kg) Preço total Aço CA60 - 5mm 278,0 5968,7 480,0 6726,7 R$ 3,83 R$ 25.763,26 Aço CA50 - 6,3mm 756,5 32345,8 2192,7 35295,0 R$ 4,33 R$ 152.827,35 Aço CA50 - 8mm 538,4 3213,4 101,8 3853,6 R$ 4,34 R$ 16.724,62 Aço CA50 - 10mm 376,1 6951,2 50,8 7378,1 R$ 4,15 R$ 30.619,12 Aço CA50 - 12,5mm 245,4 21229,9 1139,6 22614,9 R$ 3,93 R$ 88.876,56 Aço CA50 - 16mm 282,4 3452,5 166,7 3901,6 R$ 3,93 R$ 15.333,29 Aço CA50 - 20mm 653,0 4988,9 58,7 5700,6 R$ 3,93 R$ 22.403,36 Aço CA50 - 25mm 1128,2 18442,4 - 19570,6 R$ 3,93 R$ 76.912,46 Aço CP190 - 12,7mm - 25760,0 1840,0 27600,0 R$ 11,00 R$ 303.600,00 Total aço (kg) 4258,0 96592,8 4190,3 105041,1 - R$ 733.060,01 Formas de pilares - 3632,4 259,5 3891,9 R$ 21,31 R$ 82.916,93 Formas de vigas 241,8 721,4 37,5 1000,7 R$ 16,84 R$ 16.851,79 Formas de lajes 265,2 3953,2 298,3 4516,7 R$ 13,16 R$ 59.417,19 Total formas (m²) 507,0 8307,0 595,3 9409,3 - R$ 159.185,91 Concreto (m³) 56,1 1318,8 95,6 1470,5 R$ 306,84 R$ 451.208,22 Total final - - - - - R$ 1.343.454,14 Fonte: O autor. 124Figura 74: Divisão de custos no modelo 2 (CP). Fonte: O autor. A comparação entre os custos dos dois modelos mostra que o edifício em concreto protendido resultou em um orçamento 42,82% mais caro que no edifício em concreto armado, traduzindo para valores financeiros houve uma diferença de R$ 402.761,44. A Figura 75 ilustra a comparação entre os consumos totais dos dois projetos. Figura 75: Gráfico comparativo do custo total. Fonte: O autor. 31,97% 11,85%33,59% 22,60% Divisão de custos no modelo 2 Armadura Passiva Formas Concreto Armadura ativa R$ 940.692,70 R$ 1.343.454,14 R$ 0,00 R$ 200.000,00 R$ 400.000,00 R$ 600.000,00 R$ 800.000,00 R$ 1.000.000,00 R$ 1.200.000,00 R$ 1.400.000,00 R$ 1.600.000,00 Concreto Armado Concreto Protendido Comparação do custo total 125 Analisando a Figura 76 constata-se que a maior mudança ocorreu nos valores de aço, principalmente por conta da armadura ativa, que apresenta um elevado custo unitário. A armadura ativa no segundo modelo representa 22,60% do custo total. Entretanto, o aço de protensão não foi o único responsável pela disparidade de valores. No modelo protendido houve um aumento de 5,63% no custo para armadura passiva e 24,05% no concreto em relação ao modelo 1. É válido lembrar que o concreto presente no modelo 2 tem maior quantidade e resistência, fato que explica o grande aumento percentual no custo. Por outro lado, o custo das formas no segundo modelo foi 6,57% mais econômico em relação ao concreto armado. Traduzindo para valores financeiros, a redução foi de apenas R$ 11.195,27, representando apenas 0,83% do custo total do edifício protendido. Por esse motivo, a redução no custo das formas não foi suficiente para tornar o projeto economicamente vantajoso. Figura 76: Resumo de custos por insumo. Fonte: O autor. R$ 406.582,98 R$ 170.381,18 R$ 363.728,54 R$ 733.060,01 R$ 159.185,91 R$ 451.208,22 R$ 0,00 R$ 100.000,00 R$ 200.000,00 R$ 300.000,00 R$ 400.000,00 R$ 500.000,00 R$ 600.000,00 R$ 700.000,00 R$ 800.000,00 Aço Formas Concreto Resumo de custos Concreto Armado Concreto Protendido 126 5. Conclusões e recomendações para trabalhos futuros A realização do presente trabalho de pesquisa se mostrou satisfatória em termos de comparações técnicas e econômicas entre um projeto em concreto armado com lajes nervuradas e em concreto protendido com lajes planas maciças. O estudo proporcionou um melhor entendimento sobre os critérios e métodos normatizados para projetos de ambos os tipos de lajes e sistemas construtivos, além de promover um maior conhecimento sobre os processos de dimensionamento do software CAD/TQS. A primeira conclusão que se obtém com a comparação entre os dois modelos diz respeito à estabilidade global. No modelo protendido houve um aumento na seção dos pilares para o atendimento de valores aceitáveis de Gama z e deslocamentos horizontais. Conclui-se, desta forma, que em edifícios com lajes planas a dimensão dos pilares precisa ser elevada para compensar a menor rigidez em virtude da ausência de vigas. Em relação às flechas, o modelo em concreto protendido apresentou um melhor desempenho. A contraflecha gerada pelas cordoalhas foi suficiente para eliminar a deformação em praticamente toda a laje protendida. Por esse motivo, constata-se que a protensão é uma ótima solução em lajes com grandes vãos, onde é necessário reduzir a flecha para atender os limites normatizados. Outro efeito impactante da redução de flecha é o aumento na durabilidade das peças, uma vez que praticamente não haverá formação de fissuras na laje. Também é válido comentar sobre as observações no detalhamento de vigas. No pavimento com lajes planas, as vigas que foram mantidas para ajudar na estabilidade obtiveram momentos muito superiores ao pavimento em concreto armado, resultando em um dimensionamento com uma taxa de armadura muito elevada. Com isso, demonstra-se que a eliminação de algumas vigas do pavimento gerou uma sobrecarga nas vigas restantes, devido aos efeitos do vento. No que se refere ao consumo de aço, o projeto em concreto armado se mostrou mais econômico. Normalmente, a aplicação da protensão resulta na redução da armadura passiva, principalmente na protensão limitada. Com base nos cálculos 127 manuais, observou-se que foi empregada a armadura passiva mínima, tanto longitudinal como de punção, em praticamente toda a laje plana, porém, não foi suficiente para reduzir a quantidade de aço em relação a laje nervurada. Desta maneira, é possível deduzir que o edifício em concreto armado obteve menor consumo pois foi favorecido pela concepção estrutural, uma vez que a armadura mínima para lajes planas é elevada em comparação às nervuradas. Acredita-se que pelo fato do edifício não apresentar grandes vãos, a solução em concreto armado ficou mais competitiva. Uma alternativa que poderia ser testada seria o uso de lajes nervuradas protendidas. A redução do custo no projeto protendido também pode ser obtida com a remoção dos pilares centrais da laje, aumentando o vão das mesmas, desde que a estabilidade global não seja comprometida. No que tange o consumo de formas, o modelo em concreto protendido apresentou maior economia, por conta da redução do número de vigas. O concreto por sua vez apresentou maior consumo devido ao aumento das seções de pilares e lajes, mostrando novamente a desvantagem desse modelo em termos econômicos. O custo total do edifício protendido foi 42,82% maior, portanto, conclui-se que o edifício em concreto armado é mais viável economicamente para este projeto. Uma forma de amenizar o custo no edifício com lajes planas seria diminuir o pé direito dos pavimentos, propiciando um menor consumo de formas, concreto e consequentemente de aço. Entretanto, para o estudo em questão, decidiu-se manter a distância de piso a piso, de modo a obter uma maior altura livre no pavimento com lajes planas, demonstrando uma das vantagens desse sistema construtivo. Apesar do tempo de execução não ter sido contemplado nesse estudo, é válido ressaltar que o sistema de lajes lisas oferece uma larga vantagem nesse quesito, pois reduz o tempo de montagem e desmontagem de formas de vigas, assim como a armação das mesmas, que são os processos mais demorados na execução de lajes convencionais. No que diz respeito ao TQS, constatou-se que é uma excelente ferramenta para desenho e dimensionamento de armaduras. O editor de lajes protendidas 128 apresentou resultados coerentes e similares aos calculados pela planilha manual. Observou-se que em alguns casos ocorrem picos de momentos negativos próximos aos pilares, gerando uma armadura negativa elevada nas lajes. Logo, conclui-se que a avaliação de um profissional capacitado é imprescindível para adequação do projeto. Em relação às planilhas de cálculo manual, observou-se que os valores de armadura passiva longitudinal foram semelhantes aos dimensionados pelo software, portanto, conclui-se que pode ser utilizada como base para dimensionamento. Por outro lado, os valores de armadura de punção se mostraram discordantes em relação ao programa, com isso, se deduz que a planilha deve ser adequada para contemplar outros critérios, como por exemplo, disposição dos studs. Após todas as análises e comparações descritas neste trabalho, a conclusão geral que se obtém é que para o edifício estudado a solução mais economicamente viável foi em concreto armado com lajes nervuradas, porém, a vantagem nesse quesito ocorre por causa da tipologia de laje escolhida e não do sistema construtivo. Acredita-se que o emprego de lajes nervuradas protendidas favoreceria esse sistema construtivo em termos econômicos. Por outro lado, conclui-se que a protensão resulta em uma série de vantagens técnicas, como redução75 Figura 40: Momentos fletores da viga V6. ................................................................. 76 Figura 41: Detalhamento da viga V6. ........................................................................ 77 Figura 42: Lançamento das RPU’s na direção principal. ........................................... 78 Figura 43: Lançamento das RPU’s na direção secundária. ...................................... 79 Figura 44: RPU analisada. ........................................................................................ 80 Figura 45: Momentos para CF e CQP ....................................................................... 82 Figura 46: Momentos para o ato da protensão.......................................................... 83 Figura 47: Tensões para CF...................................................................................... 84 Figura 48: Tensões para CQP ................................................................................... 85 Figura 49: Tensões para o ato da protensão. ........................................................... 86 Figura 50: Armadura passiva. ................................................................................... 87 Figura 51: Planta de cabos........................................................................................ 88 Figura 52: Hiperestático RPU principal. .................................................................... 89 Figura 53: Armadura positiva principal para laje plana. ............................................. 91 Figura 54: Armadura positiva secundária para laje plana. ........................................ 92 Figura 55: Armadura negativa principal para laje plana. ........................................... 93 Figura 56: Armadura negativa secundária para laje plana. ....................................... 94 Figura 57: Armadura de punção para laje plana. ...................................................... 95 Figura 58: Comparação entre flechas. .................................................................... 111 Figura 59: Gráfico comparativo de momentos. ........................................................ 112 Figura 60: Gráfico comparativo do consumo de aço para vigas.............................. 113 Figura 61: Gráfico comparativo do consumo total de aço. ...................................... 113 Figura 62: Gráfico comparativo do consumo total de formas. ................................. 114 Figura 63: Gráfico comparativo do consumo de concreto. ...................................... 114 6 Figura 64: Pilares centrais da laje protendida. ........................................................ 115 Figura 65: Divisão de aço no modelo 1 (CA). .......................................................... 117 Figura 66: Divisão de aço no modelo 2 (CP). .......................................................... 117 Figura 67: Divisão de formas no modelo 1 (CA). ..................................................... 118 Figura 68: Divisão de formas no modelo 2 (CP). ..................................................... 118 Figura 69: Divisão de concreto no modelo 1 (CA). .................................................. 119 Figura 70: Divisão de concreto no modelo 2 (CP). .................................................. 119 Figura 71: Gráfico comparativo entre armadura ativa e passiva. ............................ 120 Figura 72: Gráfico comparativo do consumo total de materiais............................... 121 Figura 73: Divisão de custos no modelo 1. ............................................................. 122 Figura 74: Divisão de custos no modelo 2. ............................................................. 124 Figura 75: Gráfico comparativo do custo total. ........................................................ 124 Figura 76: Resumo de custos por insumo. .............................................................. 125 7 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto .................................................................................................................... 23 Quadro 2: Coeficiente . ............................................................................................ 33 Quadro 3: Coeficientes Ψ. ......................................................................................... 34 Quadro 4: Valores do coeficiente K. .......................................................................... 41 Quadro 5: Coeficientes de arrasto. ............................................................................ 51 Quadro 6: Valores de Gama z para o modelo 1. ....................................................... 58 Quadro 7: Deslocamentos absolutos para o modelo 1. ............................................. 59 Quadro 8: Deslocamentos relativos para o modelo 1. ............................................... 59 Quadro 9: Comparação entre valores de flecha calculada e limite. .......................... 61 Quadro 10: Resumo de aço para o modelo 1............................................................ 70 Quadro 11: Resumo de formas para o modelo 1. ..................................................... 70 Quadro 12: Resumo de concreto para o modelo 1. ................................................... 70 Quadro 13: Valores de Gama z para o modelo 2. ..................................................... 71 Quadro 14: Deslocamentos absolutos para o modelo 2. ........................................... 72 Quadro 15: Deslocamentos relativos para o modelo 2. ............................................. 72 Quadro 16: Dados da RPU........................................................................................ 81 Quadro 17: Resumo de armadura ativa para o modelo 2. ........................................ 96 Quadro 18: Resumo de armadura passiva para o modelo 2. .................................... 96 Quadro 19: Resumo de formas para o modelo 2. ..................................................... 96 Quadro 20: Resumo de concreto para o modelo 2. ................................................... 96 Quadro 21: Momentos devido ao peso próprio. ........................................................ 99 Quadro 22: Momentos devido às cargas permanentes. ............................................ 99 Quadro 23: Momentos devido às cargas acidentais. ............................................... 100 Quadro 24: Momentos devido a protensão inicial. .................................................. 100 Quadro 25: Momentos devido á protensão no tempo infinito. ................................. 100 Quadro 26: Momento hiperestático de protensão. .................................................. 100 Quadro 27: Verificação de tensões para combinação frequente. ............................ 103 Quadro 28: Verificação de tensões para combinação quase permanente. ............. 103 Quadro 29: Verificação de tensões para estado em vazio. ..................................... 103 Quadro 30: Verificações no ELU e resumo da armadura passiva. .......................... 105 Quadro 31: Tensões na superfície C. ...................................................................... 106 8 Quadro 32: Tensões na superfície C’ e armadura de punção. ................................ 108 Quadro 33: Tensões na superfície C’’. .................................................................... 108 Quadro 34: Comparação da estabilidade. ............................................................... 109 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Resumo de custos do modelo 1 (CA). ..................................................... 122 Tabela 2: Resumo de custos do modelo 2 (CP). ..................................................... 123 9 APRESENTAÇÃO Atendendo ao disposto no Regulamento do Curso de Engenharia Civil,da flecha e do tempo de execução e aumento da durabilidade das peças. Em alguns projetos estas vantagens podem ser determinantes. 5.1. Recomendações para trabalhos futuros Para pesquisas futuras recomenda-se a avaliação do tempo de execução para o edifício em concreto armado e concreto protendido. Outra avaliação interessante é sobre o custo de mão de obra e equipamentos para execução de ambos os projetos, que pode ser realizada com base nas composições do SINAPI, ajustadas para contemplar os serviços de protensão. 129 Outra recomendação é a comparação entre diferentes tipologias de lajes, tanto em concreto armado como em protendido. Também é válido estudar o efeito de diferentes vãos, ou ainda buscar uma concepção estrutural com lajes completamente planas, ou seja, eliminando-se todas as vigas do pavimento. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projetos de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. 238 p. ______. NBR 7197: Projetos de estruturas de concreto protendido. Rio de Janeiro, 1989. 71 p. ______. NBR 7482: Fios de aço para estruturas de concreto protendido - Especificação. Rio de Janeiro, 2008. 8 p. ______. NBR 7483: Cordoalhas de aço para estruturas de concreto protendido - Especificação. Rio de Janeiro, 2008. 7 p. ______. NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas - Procedimento. Rio de Janeiro, 2003. 15 p. ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. 2. ed. Cidade Nova, Dunas, 2003. 234 p. BARBIERI, R. A. Modelo numérico para análise à flexão de elementos estruturais com protensão aderente e não aderente. 2003. 330 f. Tese (Doutorado em Engenharia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. Disponível em: . Acesso em: 18 jun. 2017. CAUDURO, E. L. Manual para a boa execução de estruturas protendidas usando cordoalhas de aço engraxadas e plastificadas. Belo Horizonte: Belgo Mineira, 2002. CORDOVIL, F. A. B. Lajes em concreto armado – Punção. Florianópolis: UFSC, 1997. 222 p. EMERICK, A. Projeto e execução de lajes protendidas. Rio de Janeiro: Interciência, 2005. HANAI, J. B. Fundamentos do Concreto Protendido. São Carlos: USP, 2005. 110 p. Disponível em: . Acesso em: 17 maio 2017. LEONHARDT, F. Construções de concreto: Concreto Protendido. 5. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 1983. 316 p. PFEIL, W. Concreto protendido: introdução. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1988. 205 p. SCHMID, M. T. Lajes planas protendidas. 3. ed. [S.l.], Rudloff Industrial, 2009. 30 p. SOARES, S. J.; CALIXTO, J. M.; CHUMBINHO, H. Avaliação "in loco" das perdas de protensão de cordoalhas engraxadas em lajes planas. Revista IBRACON Estrutura dos Materiais São Paulo, v. 1, n. 3, p. 237-260, set. 2008. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2017. VERÍSSIMO, G. S.; CÉSAR JUNIOR, K. M. L. Concreto protendido: Fundamentos básicos. 4. ed. Apostila da disciplina de Concreto Protendido. Universidade Federal de Viçaso. Viçosa, 1998. 73 p.submetemos à consideração superior o presente TICT, realizado no período de agosto a outubro, bem como as considerações a respeito do mesmo. 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13 1.1 Tema e problema de pesquisa ....................................................................... 13 1.2 Objetivos ......................................................................................................... 14 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 14 1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 15 1.3 Justificativa ..................................................................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 17 2.1 Concreto protendido ....................................................................................... 17 2.1.1 Protensão com aderência inicial (Pré-tração) ................................................. 17 2.1.2 Protensão com aderência posterior ................................................................ 17 2.1.3 Protensão não-aderente interna ..................................................................... 18 2.1.4 Protensão não-aderente externa .................................................................... 19 2.1.5 Aspectos referentes à aderência .................................................................... 19 2.1.6 Equipamentos da protensão não-aderente ..................................................... 21 2.1.6.1 Ancoragens .................................................................................................. 21 2.1.6.2 Macaco hidráulico ......................................................................................... 22 2.1.7 Materiais ......................................................................................................... 22 2.1.7.1 Concreto ....................................................................................................... 22 2.1.7.2 Armadura ativa ............................................................................................. 23 2.1.8 Critérios de projeto ......................................................................................... 25 2.1.8.1 Curvaturas .................................................................................................... 25 2.1.8.2 Traçado dos cabos ....................................................................................... 25 2.1.8.3 Considerações para lajes com sistema não-aderente .................................. 27 2.1.8.4 Espaçamentos .............................................................................................. 29 2.1.8.5 Abertura nas lajes ......................................................................................... 30 2.1.9 Perdas de protensão....................................................................................... 31 2.1.9.1 Perdas imediatas .......................................................................................... 31 2.1.9.2 Perdas diferidas ............................................................................................ 31 2.1.10 Combinações de ações .................................................................................. 32 2.1.10.1 Combinações para o ELU ......................................................................... 32 2.1.10.2 Combinações para o ELS ......................................................................... 34 11 2.1.11 Níveis de protensão ........................................................................................ 35 2.1.11.1 Protensão completa .................................................................................. 35 2.1.11.2 Protensão limitada .................................................................................... 36 2.1.11.3 Protensão parcial ...................................................................................... 36 2.1.12 Punção ............................................................................................................ 36 2.1.13 Dimensionamento de lajes à punção .............................................................. 39 2.1.13.1 Definição da tensão solicitante nas superfícies C e C’ ............................. 40 2.1.13.2 Definição da tensão resistente nas superfícies C, C’ e C’’ ........................ 43 3 METODOLOGIA ............................................................................................. 48 3.1 Perspectiva de Pesquisa ................................................................................ 48 3.2 População e Participantes da Pesquisa.......................................................... 48 3.3 Procedimentos e instrumentos de análise e coleta de informações ............... 48 3.4 Projeto arquitetônico ....................................................................................... 49 3.5. Modelo 1: Concreto armado ........................................................................... 51 3.5.1. Dimensionamento no Software TQS V 19 ...................................................... 51 3.5.2. Características dos materiais .......................................................................... 53 3.5.3. Características das lajes ................................................................................. 53 3.5.4. Cargas ............................................................................................................ 54 3.6. Modelo 2: Concreto protendido ....................................................................... 54 3.6.1. Dimensionamento no software TQS V19 ........................................................ 54 3.6.2. Características dos materiais .......................................................................... 55 3.6.3. Características das lajes ................................................................................. 55 3.6.4. Cargas ............................................................................................................ 55 4. DESENVOLVIMENTO .................................................................................... 58 4.1. Edifício em Concreto Armado ......................................................................... 58 4.1.1. Estabilidade Global ......................................................................................... 58 4.1.2. Análise de flecha ............................................................................................ 59 4.1.3. Detalhamento de armaduras das lajes ........................................................... 61 4.1.4. Detalhamento de vigas ................................................................................... 66 4.1.5. Consumo de materiais .................................................................................... 69 4.2. Edifício em concreto protendido ..................................................................... 71 4.2.1. Estabilidade global .......................................................................................... 71 4.2.2. Análise de flecha ............................................................................................ 72 12 4.2.3. Detalhamento de vigas ................................................................................... 74 4.2.4. Definição em plantas das RPU’s e RTE’s ....................................................... 77 4.2.5. Disposição vertical das cordoalhas ................................................................. 79 4.2.6. Momento Hiperestático de protensão .............................................................88 4.2.7. Planta de cabos .............................................................................................. 88 4.2.8. Detalhamento de armaduras das lajes ........................................................... 90 4.2.9. Consumo de materiais .................................................................................... 96 4.3. Planilha de cálculo para tensões e armadura passiva .................................... 97 4.3.1. Determinação das cargas na laje ................................................................... 97 4.3.2. Determinação da excentricidade máxima nos cabos ...................................... 98 4.3.3. Determinação dos esforços de protensão ...................................................... 98 4.3.4. Esforços na laje .............................................................................................. 99 4.3.5. Tensões limites para tração e compressão .................................................. 100 4.3.6. Verificação das tensões em serviço ............................................................. 102 4.3.7. Armadura passiva mínima ............................................................................ 104 4.3.8. Verificação de tensões no ELU: Cálculo da armadura passiva .................... 105 4.4. Planilha de cálculo para punção ................................................................... 106 4.4.1. Dados do pilar ............................................................................................... 106 4.4.2. Verificação na superfície C ........................................................................... 106 4.4.3. Tensão normal de compressão devido à protensão de alívio ....................... 107 4.4.4. Armadura de punção na superfície C’........................................................... 107 4.4.5. Verificação na superfície C’’ ......................................................................... 108 4.4.6. Armadura contra colapso progressivo .......................................................... 108 4.5. Comparação entre o edifício em concreto armado e concreto protendido ... 109 4.5.1. Estabilidade Global ....................................................................................... 109 4.5.2. Análise de flecha .......................................................................................... 110 4.5.3. Análise de vigas ............................................................................................ 112 4.5.4. Consumo de materiais .................................................................................. 113 4.5.5. Estimativa de custos ..................................................................................... 121 5. Conclusões e recomendações para trabalhos futuros ............................ 126 5.1. Recomendações para trabalhos futuros ....................................................... 128 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 Tema e problema de pesquisa O concreto é um dos materiais mais importantes na construção civil, devido à disponibilidade e baixo custo de seus ingredientes em todas as regiões habitadas do mundo. Entretanto, o mesmo possui resistência à tração em torno de 10% da resistência à compressão, por esse motivo, apenas a última é considerada no dimensionamento de peças estruturais. (PFEIL, 1998). Em vista desse comportamento, criou-se uma técnica onde são aplicadas tensões prévias no concreto com o intuito de eliminar ou diminuir os esforços de tração, à essa técnica dá-se o nome de protensão. A protensão pode ser definida como a introdução de tensões prévias numa estrutura, afim de aumentar sua resistência ou melhorar seu comportamento sob a ação das cargas solicitantes. No concreto protendido, essas tensões são aplicadas através de cabos de aço de alta resistência, tracionados e ancorados no próprio concreto. Os percentuais de acréscimos de resistência desse sistema em relação ao concreto armado são muito superiores ao acréscimo de preços dos materiais constituintes, tornando-o mais economicamente viável em grande parte das obras. (PFEIL, 1998). A primeira proposta de pré-tensionar o concreto foi do americano P.H. Jackson de São Francisco em 1886, porém, não obteve êxito, pois naquela época as características de retração e fluência do concreto eram desconhecidas. Essas propriedades só foram levadas em conta no ano de 1928, por Eugéne Freyssinet, o qual patenteou um sistema de protensão com elevadas tensões no aço. Eugéne também foi responsável pela execução da primeira obra em concreto protendido no mundo. (LEONHARDT, 1983). Já no Brasil, Emerick (2005, p. 1) cita que “[...] a primeira obra protendida foi a ponte do Galeão no Rio de Janeiro, em 1949, cujo projeto foi desenvolvido na França sob supervisão do próprio Freyssinet”. O autor ainda comenta que o uso do concreto protendido tem crescido muito no país, devido em grande parte ao desenvolvimento do sistema de protensão não aderente, com a entrada da monocordoalha engraxada plastificada no mercado nacional. 14 A monocordoalha engraxada faz parte do sistema não aderente de protensão. Esse sistema aumenta a rapidez na montagem das formas, diminui as perdas por atrito e a fissuração, garante maior proteção contra a corrosão se comparado com o sistema aderente, além de permitir maiores excentricidades nos cabos. As vantagens citadas tornam a técnica mais vantajosa em lajes e vigas de edifícios residenciais e comercias, onde a praticidade é de enorme importância. É notório o crescimento na quantidade de obras com lajes em concreto protendido, tanto no Brasil quanto em outros países. A possibilidade de se trabalhar com vãos maiores, lajes esbeltas e poucos pilares, chama a atenção de arquitetos e engenheiros que buscam maior liberdade arquitetônica, aumento na área útil ou ainda, maior número de vagas de estacionamento. (EMERICK, 2005). As vantagens da protensão ficam ainda mais acentuadas quando se trabalha com lajes planas. Schmid (2009) comenta que o peso próprio de lajes protendidas é menor, podendo-se eliminar completamente as deformações provenientes do mesmo. Além disso, a opção por lajes sem vigas em edifícios altos pode gerar economia de um pavimento, por apresentar uma menor distância entre pisos. Diante desse contexto, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: Que comparação pode ser apresentada utilizando lajes maciças planas em concreto protendido não aderente com cordoalhas engraxadas, em termos de viabilidade técnica/econômica, com um dimensionamento em lajes nervuradas com vigas em concreto armado em um pavimento de um edifício? 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Analisar a utilização de lajes maciças planas em concreto protendido não aderente com cordoalhas engraxadas comparando os resultados, em termos de viabilidade técnica/econômica, com um dimensionamento em lajes nervuradas com vigas em concreto armado em um pavimento de um edifício. 15 1.2.2 Objetivos Específicos Dimensionar as lajes nervuradas com vigas em concreto armado com o auxílio do CAD/TQS. Dimensionar as lajes maciças planas em concreto protendido com o auxílio do CAD/TQS. Desenvolver planilha de cálculo no Excel para dimensionamento das armaduras passivas e de punção na laje em concreto protendido. Comparar o consumo de materiais pelos dois sistemas construtivos. Avaliar a viabilidade técnica/econômica de ambas as soluções. Apresentar as vantagens e desvantagens entre os dois sistemas. 1.3 Justificativa Atualmente, o sistema construtivo mais utilizado em edifícios é o concreto armado, devido à boa interação do aço com o concreto, a disponibilidade de matéria prima, facilidade de execução, economia, entre diversos outros motivos.Porém, esse sistema não aproveita com eficiência toda a resistência dos materiais constituintes. Grande parte do concreto, por exemplo, é submetido à tração, esforço para o qual este tem baixa resistência, já o aço empregado, é de menor capacidade, pois a resistência das peças é limitada à deformação do concreto. O concreto protendido é um sistema no qual parte da armadura é previamente alongada com a finalidade de criar uma contra flecha, impedindo ou limitando a fissuração do concreto e propiciando um melhor aproveitamento do aço. Desse modo, quase a totalidade do concreto trabalha à compressão e o aço empregado tem resistência elevada, reduzindo assim, o consumo de materiais. O investimento das construtoras em lajes de concreto protendido vem crescendo ao longo dos últimos anos devido, principalmente, ao desenvolvimento das monocordoalhas engraxadas com bainha plástica extrudada, as quais, permitem uma protensão sem aderência, eliminando assim, o complexo trabalho de injeção de nata de cimento nas bainhas. Desse modo, há a possibilidade de trabalhar com 16 maior rapidez e praticidade, requisitos que são incessantemente desejados na construção civil. A solução em lajes protendidas traz ainda vantagens como: Maior liberdade arquitetônica, menor quantidade de pilares, redução na espessura das lajes, menor fissuração e flecha, além de proporcionar um melhor comportamento das lajes planas, uma vez que aumenta a resistência à punção das mesmas. A tecnologia da protensão surgiu como opção em vários países logo após a segunda guerra mundial, e desenvolveu-se principalmente nos Estados Unidos. No Brasil, essa tecnologia ainda é nova e, apesar de apontar uma tendência de mercado, não é frequentemente empregada nas construções por falta de mão de obra especializada e principalmente de bons projetistas com conhecimento nessa área. Os motivos supracitados justificam o desenvolvimento da pesquisa proposta que também representa um interesse pessoal no aprendizado e aperfeiçoamento dos conhecimentos em lajes de concreto protendido. Desse modo, o estudo mais aprofundado dessa técnica contribuirá para a qualificação do aluno, afim de gerar um diferencial no mercado de trabalho. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Concreto protendido As primeiras ideias de se pré-tracionar o concreto datam do século XIX e tinha como objetivo aproveitar melhor a resistência à compressão do mesmo. Atualmente, a NBR6118 (2014, p. 3) define os elementos de concreto protendido como: Aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de protensão, com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os deslocamentos da estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta resistência no estado limite último (ELU). 2.1.1 Protensão com aderência inicial (Pré-tração) A proteção com aderência inicial é utilizada exclusivamente para peças pré- fabricadas. Nesse sistema, o aço é tensionado previamente por um macaco hidráulico, em uma pista de protensão com dois blocos de cabeceira, onde são ancorados os cabos até o momento da transferência de esforços para a peça. Após o tensionamento dos cabos, a peça é concretada na própria pista, de modo que o concreto envolva a armadura. Quando a resistência mínima do concreto é atingida, liberam-se os cabos e a força de protensão é transferida ao concreto por aderência. (CAUDURO, 2002). 2.1.2 Protensão com aderência posterior No sistema de protensão com aderência posterior, o tensionamento dos cabos e a concretagem acontecem in loco. As cordoalhas são posicionadas no interior de bainhas metálicas, sendo injetado nata de cimento após a protensão. O primeiro procedimento é a preparação das bainhas com as cordoalhas dentro da peça estrutural, seguido da concretagem da mesma. Após o concreto atingir aproximadamente 75% da resistência aos 28 dias, acontece o tensionamento dos cabos através do macaco hidráulico. Posteriormente faz-se a ancoragem dos cabos, segundo Emerick (2005) geralmente projetam-se peças com uma ancoragem ativa e 18 outra passiva, porém, para cabos com comprimentos maiores que 40 metros, pode ser conveniente protender as duas extremidades, com o intuito de reduzir as perdas por atrito. A última etapa do projeto é a injeção da nata de cimento nas bainhas. A nata é injetada com uma bomba injetora através de tubos plásticos ou mangueiras previamente acopladas nas bainhas. “O objetivo da injeção da nata de cimento é garantir aderência entre a armadura ativa e o concreto, além de proteger contra a corrosão. ” (EMERICK, 2005, p. 26). 2.1.3 Protensão não-aderente interna Esse sistema tem como característica principal a não aderência entre a armadura ativa e o concreto. A protensão é aplicada com a peça de concreto já endurecida e os únicos pontos de transferência de esforços são as ancoragens. A técnica mais comum nesse sistema é a de monocordoalha engraxada com bainha plástica extrudada. (BARBIERI, 2003). A monocordoalha engraxada é empregada, principalmente, em edifícios com lajes lisas. Essa técnica é empregada nos E.U.A. desde a década de 1950. Soares, Calixto e Chumbinho (2008, p. 2) citam que: Inicialmente, os cabos eram engraxados e envoltos em papel. Posteriormente desenvolveu-se uma proteção anticorrosiva formada por um tubo de polietileno de alta densidade associada a uma graxa especial que envolve a cordoalha (cordoalha engraxada e plastificada). Atualmente, as cordoalhas engraxadas são revestidas de Polietileno de Alta Densidade - PEAD, impermeável à água, extremamente resistente e durável. Após a aplicação da graxa, o revestimento é extrudado diretamente sobre a cordoalha, permitindo a movimentação da mesmo em seu interior. As bitolas mais comuns são de 12,7mm e 15,2mm. (EMERICK, 2005). A proteção contra a corrosão é muito importante nesse sistema. Emerick (2005) comenta que os cabos devem estar sempre limpos e qualquer falha no revestimento deve ser reparado com fita plástica antes do lançamento do concreto, de modo a 19 isolar as cordoalhas. Schmid (2009) cita que o emprego do sistema sem aderência não é recomendado em elementos exposto à agentes corrosivos ou água do mar. Destaca-se ainda, que a armadura passiva sempre deve estar aderente ao concreto, ou seja, a não-aderência refere-se apenas à armadura ativa. (HANAI, 2005). 2.1.4 Protensão não-aderente externa Esse sistema é frequentemente usado em recuperação de estruturas principalmente em pontes. Nesse caso, os cabos são colocados externamente, não havendo aderência com o concreto. Também pode ser usado como reforço de peças estruturais. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). Segundo Pfeil (1988), os cabos externos são geralmente dispostos em formato retilíneo ou poligonal. Caso haja necessidade de desviar o cabo, utilizam-se selas de apoio, fixadas lateralmente à viga. 2.1.5 Aspectos referentes à aderência Os sistemas aderentes e não aderentes apresentam características distintas, por esse motivo, a aplicação dos mesmos difere amplamente. Os sistemas não- aderentes são indicados para vigas e lajes de edifícios, principalmente aqueles com lajes planas, ou ainda para recuperação de estruturas. Já os sistemas aderentes são empregados geralmente em peças pré-moldadas e obras de grande porte, como pontes e tirantes, embora possa ser aproveitado em lajes também. A escolha entre um sistema e outro está diretamente relacionada com as vantagens de cada um. A protensão não-aderente conta com maior praticidade e facilidade de execução, pois permite o posicionamento dos cabos de forma rápida e simples, além de eliminar o complexo processo de injeção de nata. Além disso, esse tipo de protensão é menos suscetível ao ataque da corrosão, uma vez que o aço recebe proteção fora da obra. Dentro da peça de concreto,os cabos podem ter maiores excentricidades que no sistema aderente, e, devido a inexistência de aderência, as perdas por atrito são consideravelmente menores. A não-aderência possibilita ainda 20 a operação de reprotensão do aço, desde que sejam tomados os cuidados adequados. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). O processo de pré-tencionar o aço também é mais simples no sistema não- aderente. O macaco hidráulico tem apenas 19 kg e pode ser posicionado em qualquer parte do comprimento do cabo, tensionando uma cordoalha a cada 30 segundos. A bomba utilizada é pequena, leve e de fácil transporte. Não há necessidade de retificação das cordoalhas durante a operação, por esse motivo, a protensão é realizada em uma só elevação. (CAUDURO, 2002). A protensão aderente, por outro lado, garante um melhor comportamento entre os estágios de fissuração e ruptura, além de proporcionar um aumento na capacidade das seções no estado limite último. Esse acréscimo de resistência acontece em virtude da aderência entre o cabo e o concreto, pois dessa maneira, as cordoalhas também podem atuar como armaduras passivas, melhorando o comportamento no que diz respeito à fissuração. Além disso, a falha de um cabo, em casos de incêndio, explosão ou terremoto por exemplo, tem consequências restritas. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). Existem ainda outras vantagens na protensão aderente, Schmid (2009) destaca que nesse sistema, usam-se bainhas metálicas para até quatro cordoalhas, facilitando assim o posicionamento das mesmas na laje. Além disso, a aderência proporciona a redução na taxa de armadura passiva, se comparado com o sistema não-aderente. No que diz respeito ao comportamento das seções de concreto nas vigas protendidas, é notório que quando não há flexão na peça, tanto o sistema aderente quanto o não-aderente são extremamente semelhantes, as diferenças acontecem após a abertura da primeira fissura. O sistema aderente apresenta um comportamento similar ao concreto armado quanto a fissuração. As fissuras são menores e se formam em grande quantidade por todo o comprimento da viga. Essa característica se deve ao fato de que ao se abrir uma fissura, os cabos sofrem grandes deformações localizadas no entorno da mesma, aumentando consideravelmente a tensão do aço naquela região. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). 21 Por outro lado, no sistema não aderente, o efeito da abertura de uma fissura se dilui por um longo comprimento do cabo, produzindo um pequeno alongamento unitário, e como consequência, o acréscimo de tensões no cabo é reduzido. Dessa forma, formam-se fissuras com maiores aberturas e mais espaçadas entre si. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). 2.1.6 Equipamentos da protensão não-aderente 2.1.6.1 Ancoragens As ancoragens na protensão não-aderente podem ser classificadas em ativas ou passivas. A ancoragem ativa permite a operação de protensão, já a ancoragem passiva é fixa e acontece antes da concretagem, a esse processo, dá-se o nome de pré-blocagem. Em lajes protendidas é usual projetar uma ancoragem passiva e outra ativa para cada cabo. Apesar de serem classificadas de forma diferente, as placas de ancoragem são iguais para ambos os tipos. O sistema de ancoragem é composto, além das placas de ancoragem, por cunhas bipartidas. As placas possuem um cone fêmea, o qual, em conjunto com o cone macho (cunhas), fazem o travamento das cordoalhas. As cunhas são introduzidas na placa com a mão ou com um martelo antes do cabo ser liberado, de modo que o mesmo fique livre para se movimentar. Após a liberação, o cabo tende a puxar as cunhas para o cone fêmea, realizando o encunhamento. Entretanto, há um pequeno deslizamento no momento da ancoragem que gera perda de protensão. Com o intuito de diminuir esse deslizamento, as cunhas geralmente possuem ranhuras que aumentam a superfície de contato com a cordoalha. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). Além de promover o travamento, as cunhas ajudam a compensar as irregularidades existentes entre a cordoalha e a superfície de apoio da placa. Todos os componentes da ancoragem devem trabalhar juntos e harmonicamente, para isso, alguns cuidados precisam ser tomados. Fatores externos como sujeira, ferrugem e pasta de concreto devem ser limpos antes da operação, mantendo o sistema livre. O entendimento básico dos profissionais sobre o controle de qualidade também é de vital importância. (CAUDURO, 2002). 22 A cunha precisa ter resistência e capacidade de penetrar na cordoalha quando a força de protensão for aplicada, para tanto, a mesma possui superfície externa e dentes extremamente duros. “A cordoalha é mais dura que a placa de ancoragem e as cunhas são mais duras que a cordoalha [...] os dentes da cunha penetram na superfície externa da cordoalha enquanto tentam se moldar à superfície irregular. ” (CAUDURO, 2002, p. 68). 2.1.6.2 Macaco hidráulico O pré-tensionamento das cordoalhas é realizado por um macaco hidráulico apoiado na borda do elemento construtivo. O equipamento estica os cabos até atingirem a força prevista em projeto, geralmente de 15 kN para monocordoalha engraxadas, e, após a cravação das cunhas, é retirado para que a força seja transferida à peça através do cabo. 2.1.7 Materiais 2.1.7.1 Concreto Estruturas em concreto protendido, em geral, requerem concretos com resistência à compressão superior aos usados em concreto armado. Emerick (2005) comenta que, em lajes, maiores valores de resistência e módulo de elasticidade possibilitam a aplicação da protensão e a retirada antecipada do escoramento. Ainda com relação às vantagens dos concretos com alta resistência para projetos em concreto protendido, Veríssimo e César Junior (1998) sustenta que o emprego do mesmo reduz as dimensões das peças e consequentemente o peso próprio das estruturas. A necessidade de resistência nas primeiras idades também é evidenciada, uma vez que “a introdução da força de protensão pode causar solicitações prévias muito elevadas, frequentemente mais altas que as correspondentes a uma situação de serviço”. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998, p. 24). O autor ainda coloca que a melhoria nas características de retração e fluência também é significativa, por diminuir as perdas de protensão. Entretanto, a resistência à compressão não é a única propriedade importante do concreto. A durabilidade das peças estruturais é indispensável. Para garantir a 23 proteção adequada contra a corrosão sob tensão, o concreto precisa ter boa compacidade e baixa permeabilidade. Todas essas características dependem de uma escolha apropriada dos materiais constituintes, uma produção correta do concreto e da escolha correta da relação água/aglomerante da mistura. (HANAI, 2005). A NBR6118:2014 aponta que o concreto deve atender a parâmetros mínimos desempenho da durabilidade de estruturas frente ao tipo e classe de agressividade. Na falta de ensaios comprobatórios desse requisito, pode-se adotar como base as relações mínimas de água/cimento apresentadas no Quadro 1, uma vez que essa relação está diretamente ligada à durabilidade e resistência do concreto. Quadro 1: Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto Concreto Tipo Classe de agressividade I II III IV Relação água/cimento em massa CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45 Classe de concreto CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40 CA corresponde a componentes e elementos de concreto armado CP corresponde a componentes e elementos de concreto protendido Fonte: Adaptado da NBR6118, 2014, p. 18. 2.1.7.2 Armadura ativa Os aços utilizados na armadura ativa têm elevada resistência se comparados com aqueles utilizados convencionalmente. No concreto armado, a resistência do aço está diretamente ligada com a deformação do concreto, inviabilizando o empregode barras mais resistentes, pois produziriam fissuras muito abertas. O alongamento prévio do aço na protensão evita esse problema. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). Quanto às categorias, Hanai (2005, p. 25) divide os aços da seguinte forma: a) fios trefilados de aço carbono, diâmetro de 3 a 8mm, fornecido em rolos ou bobinas; b) cordoalhas: fios enrolados em forma de hélice, com dois, três ou sete fios; c) barras de aço-liga de alta resistência, laminadas a quente, com diâmetros superiores a 12mm, e com comprimento limitado. 24 O autor ainda classifica os aços quanto à relaxação: a) aços aliviados ou de relaxação normal (RN), que são aços retificados por tratamento térmico que alivia as tensões internas de trefilação; b) aços estabilizados ou de baixa relaxação (RB), que são aços trefilados que recebem tratamento termo-mecânico, o qual melhora as características elásticas e reduz as perdas de tensão por relaxação do aço. (HANAI, 2005, p. 25). A designação das armaduras ativas é iniciada pelas letras CP, seguidas da resistência característica à ruptura por tração (fptk), em kN/cm². Por fim, indica-se entre parênteses a categoria de relaxação. (RN ou RB). Além do fptk, existem outras propriedades mecânicas a serem consideradas em projetos de concreto protendido. Como por exemplo, o limite de escoamento convencional (fpyk), correspondente à deformação residual de 0,2%, e, o módulo de elasticidade (Ep). Para fios, os valores médios de Ep são de 205.000 MPa, já para cordoalhas, esse valor é de 195.000 MPa. Na falta de resultados precisos fornecidos pelos fabricantes, é permitido considerar Ep = 200.000 MPa tanto para fios e cordoalhas. (HANAI, 2005). A Figura 1 mostra o gráfico de tensão-deformação dos aços protendidos, que pode ser utilizado para calcular os estados limites de serviço, através das equações 1 e 2. Figura 1: Gráfico de tensão-deformação de aços protendidos. Fonte: NBR6118, 2014, p. 31. 25 (1) (2) Pode-se notar ainda na Figura 1 que, aços com esse tipo de solicitação, não apresentam patamar de escoamento. Os valores de fptk e fpyk devem satisfazer os valores mínimos estabelecidos na NBR7482:2008 e NBR7483:2008. 2.1.8 Critérios de projeto 2.1.8.1 Curvaturas As curvaturas em armaduras protendidas são projetadas em função do diâmetro dos fios, barras ou cordoalhas ou ainda do diâmetro externo da bainha. Cada diâmetro requer um raio mínimo de curvatura, segundo a NBR6118:2014, o estabelecimento desses raios pode ser realizado experimentalmente, desde que a investigação seja realizada adequadamente e devidamente documentada. Nos casos de fios, barras e cordoalhas, a justificativa do raio pode ser dispensada para cabos com comprimentos maiores que 4 m, 8 m e 12 m, respectivamente. “Quando a curvatura ocorrer em região próxima à face do elemento estrutural, provocando empuxo no vazio, devem ser projetadas armaduras que garantem a manutenção da posição do cabo sem afetar a integridade do concreto nessa região.” (NBR6118, 2014, p. 153). 2.1.8.2 Traçado dos cabos O principal objetivo da protensão é anular os esforços externos atuantes em uma estrutura, para isso, pode-se projetar os cabos com um traçado que favoreça o melhor aproveitamento da seção transversal, desde que sejam considerados os ajustes necessários para satisfazer os requisitos construtivos peculiares de cada situação de projeto. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). A NBR7197 (1989, p. 51) 15,1 ptk ptd f f 15,1 pyk pyd f f 26 determina que “a armadura de protensão pode ser retilínea, curvilínea, poligonal ou de traçado misto “. A introdução de um cabo retilíneo na posição correspondente ao eixo do baricentro da peça produz tensão uniformes de compressão ao longo da mesma. A mudança no traçado resulta em tensões variáveis ao longo da estrutura, portanto, pode-se trabalhar com traçados que anulem com mais eficiência os esforços externos solicitantes. No caso de cabos curvos, a posição ideal é aquela onde o traçado acompanha o diagrama de momentos fletores. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). A Figura 2 ilustra que ao se deslocar a linha de atuação da força de protensão do eixo baricêntrico da seção, a distribuição tensões deixa de ser uniforme. Ainda pode- se observar a delimitação do núcleo central de inércia, que pode ser definido como a região onde as forças aplicadas causam apenas efeitos de compressão. Em seções retangulares, o limite desse núcleo é a distância h/6 ou b/6 do eixo baricêntrico. Quanto a força é aplicada fora do núcleo de inércia, surgem tensões de tração no bordo mais distante da linha de aplicação. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). Figura 2: Distribuição de tensões na seção. Fonte: VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998, p. 63. 27 O momento (M) produzido pela força de protensão P em um ponto qualquer é dado pela equação 3. (3) Onde: e = excentricidade da força de protensão no ponto considerado. Para garantir que o traçado seja executado conforme o projeto, pode-se fazer uso de suportes plásticos ou metálicos, denominados caranguejos, geralmente espaçados em um metro. Contudo, deve-se utilizar suportes adicionais para evitar curvaturas reversas (Figura 3). (EMERICK, 2005). Cauduro (2002, p. 44) afirma que “curvaturas reversas dos cabos podem causar estilhaçamento do concreto durante a operação de protensão. ” Figura 3: Curvatura reversa nos cabos de protensão. Fonte: CAUDURO, 2002, p. 44. 2.1.8.3 Considerações para lajes com sistema não-aderente Em lajes protendidas com monocordoalha engraxadas, é recomendável que a disposição das ancoragens ativas esteja no baricentro da seção transversal da mesma. Além disso, deve-se manter o cabo reto e paralelo ao plano médio da laje nos primeiros 50 cm a partir da extremidade da ancoragem ativa. “Essa disposição tem por objetivo não introduzir momentos fletores, devido à protensão nas seções de ePM * 28 extremidade, onde os momentos devido aos carregamentos externos também são nulos. ” (EMERICK, 2005, p. 44). Para os demais sistemas de protensão, a NBR6118:2014 recomenda que o comprimento reto seja de no mínimo um metro, permitindo o alinhamento do eixo do cabo com o eixo dos dispositivos de ancoragem. Nas extremidades das ancoragens passivas, deve-se respeitar um cobrimento mínimo de 2,5 cm, entretanto é recomendável que esse valor seja de 5 cm para evitar ou retardar o processo de corrosão, como mostrado na Figura 4. (EMERICK, 2005). Com relação ao traçado, é comum projetar-se cabos com as maiores flechas possíveis, por questões econômicas e construtivas. Os pontos de curvatura (pontos de inflexão – Figura 5) são calculados como uma porcentagem do vão, com variando entre 5% e 15%. (EMERICK, 2005). Figura 4: Cobrimento da ancoragem passiva. Fonte: EMERICK, 2005, p. 27. 29 Figura 5: Ponto de inflexão do cabo. Fonte: EMERICK, 2002, p. 25. 2.1.8.4 Espaçamentos “Os elementos da armadura de protensão devem estar suficientemente espaçados entre si, de modo a ficar garantido o seu perfeito envolvimento pelo concreto. ” (NBR6118:2014, p. 154). Na direção horizontal, o afastamento deve ser suficiente para permitir a livre passagem do concreto e do vibrador, quando este for empregado. Os valores mínimos de espaçamento para casos de pós-tração estão indicados na Figura 6. (NBR6118:2014). Figura 6: Espaçamento mínimo para sistemas de pós-tração. Fonte: VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998, p. 68. 30 Sobre os espaçamentos entre cabos não-aderentes, Emerick (2005) sugere que quando se trabalha com cabos distribuídos uniformemente em uma direção, sejam usados espaçamentos maiores que o mínimo de 5 cm. Segundo o autor, usualmente são usados espaçamentos de 15 cm, 20 cm e 25 cm parafeixes de 2, 3 e 4 cabos, respectivamente. As cordoalhas agrupadas em feixes deverão ser suavemente separadas na região próxima das ancoragens, conforme ilustra a Figura 7. Em lajes protendidas, o espaçamento máximo entre cordoalhas, cabos ou feixes de cabos não deve ser maior do que 6h, não excedendo 120 cm. (NBR6118:2014). Figura 7: Separação dos feixes de cabos das monocordoalha engraxadas. Fonte: Adaptado de CAUDURO, 2002, p. 41. 2.1.8.5 Abertura nas lajes Em projetos de lajes é comum que haja aberturas para dutos de ventilação, shafts, entre outros. No caso de lajes protendidas, deve-se desviar os cabos para que os mesmos contornem as aberturas. A NBR6118:2014 determina que a inclinação máxima que um desvio pode produzir é de 1/10 na corda imaginária que une o início e o fim do trecho, mantendo um desenvolvimento similar à uma curva parabólica em planta. Se existir desvios maiores que os limites especificados, deve-se prever armadura capaz de resistir a força causada pelo mesmo. 31 A Figura 8 mostra o detalhamento dos cabos desviados. Deve ser mantido ao redor de toda a abertura um espaçamento mínimo de 15 cm. Curvas agudas e transições devem ser evitadas. (CAUDURO, 2002). Figura 8: Desvio da direção dos cabos em planta. Fonte: CAUDURO, 2002, p. 42. 2.1.9 Perdas de protensão As perdas de protensão se caracterizam como alívios da tensão aplicada inicialmente nos cabos. As perdas se dividem em dois grupos, imediatas e diferidas. 2.1.9.1 Perdas imediatas As perdas imediatas ocorrem durante a operação de protensão e acontecem por diferentes fatores. O contato entre o cabo e o concreto acarreta perdas por atrito. A acomodação das cunhas, quando o esforço é transferido do macaco para as placas também gera perdas de tensão no cabo. Além disso, ocorre um alivio de tensões pelo encurtamento elástico do concreto após a transferência de esforços. (EMERICK, 2005). 2.1.9.2 Perdas diferidas As perdas diferidas ocorrem ao longo dos anos, são ocasionadas por propriedades do concreto ou do aço. O concreto sofre retração e fluência com o passar do tempo, devido ao comportamento viscoso do mesmo quando submetido à esforços de curta duração, essas características geram encurtamento da peça, diminuindo as tensões 32 no cabo. O aço por sua vez, sofre perdas por relaxação quando submetido a cargas elevadas durante longos períodos de tempo. (EMERICK, 2005). 2.1.10 Combinações de ações Ao longo de sua vida útil, as estruturas estão sujeitas a ações permanentes e ações variáveis. Devido à variabilidade dessas ações existem vários tipos de combinações que são empregados nos cálculos dos estados limites das estruturas. 2.1.10.1 Combinações para o ELU As combinações últimas são classificadas em normais, de construção e excepcionais, sendo a primeira mais usada pelos projetistas para o dimensionamento no ELU. A NBR8681:2003 apresenta as equações que devem ser aplicadas para o cálculo de cada uma das combinações. Para o cálculo das combinações normais, deve-se utilizar a equação: (4) Onde: Fd = Valor de cálculo das ações últimas; FGi,k = Valor característico das ações permanentes; FQ1,k = Valor característico da ação variável considerada como ação principal para a combinação; 0jFQj,k = Valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações variáveis; g1, q = Coeficientes de ponderação. Para o cálculo das combinações de construção, deve-se utilizar a equação: (5) Onde: FQ1,k = Valor característico da ação variável considerada como ação principal para situação transitória considerada; m i n j kQjjkQqkGigid FFFF 1 2 ,0,1, m i n j kQjefjkQqkGigid FFFF 1 2 ,,0,1, 33 0j,ef FQj,k = Fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que podem agir concomitantemente com a ação principal durante a operação transitória. Para o cálculo das combinações excepcionais, deve-se utilizar a equação: (6) Onde: FQ,exc = Valor da ação transitória excepcional. Os valores dos coeficientes de ponderação () e de redução () são disponibilizados pela NBR6118:2014 através dos Quadros 2 e 3. Quadro 2: Coeficiente . Combinações de ações Ações Permanentes (g) Variáveis (q) Protensão (p) Recalques de apoio e retrações D F G T D F D F Normais 1,4 1,0 1,4 1,2 1,2 0,9 1,2 0 Especiais ou de construção 1,3 1,0 1,2 1,0 1,2 0,9 1,2 0 Excepcionais 1,2 1,0 1,0 0 1,2 0,9 0 0 D = Desfavorável; F = Favorável; G = Geral; T= Temporária Fonte: Adaptado da NBR6118, 2014, p. 65. n j kQjefj m i qexcQkGigid FFFF 1 ,,0 1 ,, 34 Quadro 3: Coeficientes Ψ. Ações Ψ0 Ψ1 Ψ2 Cargas acidentais de edifícios Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas* 0,5 0,4 0,3 Locais em que há predominância de pesos de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas** 0,7 0,6 0,4 Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6 Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0 Temperatura Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local 0,6 0,5 0,3 * Edifícios residenciais ** Edifícios comerciais, de escritório, estações e edifícios públicos Fonte: Adaptado da NBR6118, 2014, p. 65. 2.1.10.2 Combinações para o ELS Segundo a NBR8681 (2003, p. 3), “os estados limites de serviço decorrem de ações cujas combinações podem ter três diferentes ordens de grandeza de permanência na estrutura. “ As ações quase permanentes podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura. A combinação para essas ações é calculada pela equação: (7) Onde: Fd,ser = Valor de cálculo para as combinações de serviço; 2 = Fator de redução para combinação quase permanente. As ações frequentes se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura. A combinação para essas ações é calculada pela equação: (8) m i n j kQjjkGiserd FFF 1 1 ,2,, m i n j kQjjkQkGiserd FFFF 1 2 ,2,11,, 35 As ações raras ocorrem algumas vezes durante a vida útil das estruturas. A combinação para essas ações é calculada pela equação: (9) Onde: 1 = Fator de redução para combinação frequente. 2.1.11 Níveis de protensão Os níveis de protensão definidos pela NBR7197:1989 são: protensão parcial, limitada e completa. O nível de protensão de uma estrutura é definido por alguns critérios preestabelecidos. 2.1.11.1 Protensão completa A NBR7197:1989 estabelece duas condições para uma protensão completa: a) Para as combinações frequentes de ações deve-se respeitar o estado limite de descompressão, ou seja, não pode haver tração para essa combinação. b) Para as combinações raras de ações deve-se respeitar o estado limite de formação de fissura, ou seja, nessa condição a força de tração não pode ultrapassar a resistência à tração do concreto. Esse tipo de protensão proporciona uma melhor proteção contra corrosão, devido ao fato de impedir a formação de fissuras. Além disso, limita as flutuações de tensões no aço a valores moderados. Por esses motivos, a protensão completa é indicada para ambientes muito agressivos e para outras aplicações como tirantes, reservatórios vigas formadas pela justaposição de peças pré-moldadas. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). m i n j kQjjkQkGiserd FFFF 1 2 ,2,11,, 36 2.1.11.2 Protensão limitada Para a protensão limitada a NBR7197:1989 estabelece duas condições: a) Para as combinações quase permanentes de ações deve-se respeitar o estado limite de descompressão. b) Para a combinação frequentede ações deve-se respeitar o estado limite de formação de fissuras. Nessa situação, as peças estruturais ficam sujeitas a tensões de protensão menores que aquelas produzidas por uma protensão completa, resultando em um melhor comportamento no estado em vazio. Além disso, esse tipo de protensão apresenta menores deformações devido a fluência e se torna mais econômico em função da maior participação da armadura passiva. (VERÍSSIMO; CÉSAR JUNIOR, 1998). 2.1.11.3 Protensão parcial A NBR7197:1989 classifica a protensão como parcial quando atende duas condições: a) Para combinações quase permanentes de ações deve-se respeitar o estado limite de descompressão b) Para combinações frequentes de ações deve-se respeitar o estado limite de abertura de fissuras, com aberturas máximas de 0,2mm. Os critérios para esse tipo são os mesmos da protensão limitada, porém, permite-se aberturas maiores. 2.1.12 Punção O tipo de ruptura mais preocupante em lajes planas é a ruptura por punção. Araújo (2003) define função como o estado limite último por cisalhamento no entorno de forças concentradas, devido a cargas ou reações de apoio. Cordovil (1997), por outro lado, afirma que o concreto não sofre os efeitos da punção entendida como ruptura por deslizamento, por ser um material granular. Porém, o autor ressalta que o efeito chamado convencionalmente de punção em lajes planas é o da ruptura 37 transversal por cisalhamento, em torno de pequenas regiões submetidas a carregamentos localizados. As fissuras radiais são as primeiras a aparecer em lajes submetidas à punção, fissuras circulares surgem apenas na ocasião da ruptura e limitam o contorno de um sólido deslocado ao redor do pilar. A distância entre o pilar e a fissura circular indica até onde se estende a superfície de ruptura. O sólido deslocado apresenta a forma de um tronco de cone com uma irregularidade acentuada. (CORDOVIL, 1997). A Figura 9 apresenta uma vista superior da fissuração na ocasião de ruptura de uma laje submetida à uma carga aplicada de baixo para cima. A Figura 10 mostra a superfície de ruptura de uma laje sem armadura transversal, onde d é a altura útil da mesma. Figura 9: Fissuração na ocasião de ruptura. Fonte: Adaptado de CORDOVIL, 1997, p. 38. 38 Figura 10: Superfície de ruptura de uma laje sem armadura transversal. Fonte: CORDOVIL, 1997, p. 39. Em lajes com armadura de cisalhamento, a ruptura pode ocorrer no concreto, na região adjacente ao pilar ou na zona situada além da armadura, porém, a situação ideal é quando ocorre na zona com armadura, com ruptura simultânea do concreto e do aço. Nessa situação, acontece o escoamento plástico da armadura, aumentando a ductilidade da estrutura antes do colapso. (CORDOVIL, 1997). As Figuras 11, 12 e 13 apresentam os diferentes tipos de ruptura que podem acontecer em lajes planas com armadura transversal. Figura 11: Ruptura na zona adjacente ao pilar. Fonte: CORDOVIL, 1997, p. 40. 39 Figura 12: Ruptura na armadura da zona com armadura transversal. Fonte: CORDOVIL, 1997, p. 40. Figura 13: Ruptura na zona além da armadura transversal. Fonte: CORDOVIL, 1997, p. 41. 2.1.13 Dimensionamento de lajes à punção A NBR6118:2014 define que o cisalhamento em lajes submetidas à punção deve ser verificado em duas ou mais superfícies críticas, entorno das forças concentradas. A primeira superfície (contorno C) é definida como o próprio contorno do pilar ou do elemento que transfere a força concentrada. Nessa superfície deve ser verificada indiretamente a tensão de compressão diagonal do concreto, através da tensão de cisalhamento. A segunda superfície (contorno C’) afasta-se do contorno C em duas vezes a altura útil da laje. Nessa superfície deve-se verificar a capacidade da ligação à punção, associada à resistência à tração diagonal, também através da tensão de cisalhamento no contorno. Deve ser previsto o reforço com armadura transversal, caso necessário. 40 A terceira superfície (C’’) deve ser verificada apenas quando houver armadura transversal. 2.1.13.1 Definição da tensão solicitante nas superfícies C e C’ a) Pilares internos Para carregamentos com efeitos simétricos, a NBR6118:2014 apresenta as equações 10 e 11: (10) (11) Onde: Sd = Tensão solicitante de cálculo; FSd = Força ou reação concentrada de cálculo; U = Perímetro do contorno crítico C’ (Figura 14); d = Altura útil da laje ao longo do contorno C’, externo ao contorno C e deste distante 2d no plano da laje; dx e dy = Alturas úteis nas duas direções ortogonais. Figura 14: Perímetro crítico em pilares internos. Fonte: NBR6118, 2014, p. 161. No caso em que a laje transfere momento para o pilar, a tensão é considerada pela equação 12: du FSd Sd 2 dydx d 41 (12) Onde: MSd = Momento solicitante de cálculo; WP = Módulo de resistência plástica do perímetro calculado; K = Coeficiente que fornece a parcela de momento transmitida ao pilar por cisalhamento (Quadro 4). Quadro 4: Valores do coeficiente K. Fonte: NBR6118, 2014, p. 161. Os valores de WP são calculados pela equação 13 para pilares retangulares e pela equação 14 para pilares circulares: (13) (14) Onde: D = Diâmetro do pilar. b) Pilares de borda Quando não houver momento no plano paralelo à borda livre a tensão solicitante é dada pelas equações 15 e 16: (15) dW MK du F P SdSd Sd 1 2 221 2 1 2164 2 CdddCCC C WP 24dDWP dW MK du F P SdSd Sd 1 11 * 42 (16) Onde: u* = Perímetro crítico reduzido; MSd1 = Momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre; MSd* = Momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro crítico reduzido em relação ao centro do pilar; WP1 = Modulo de resistência plástica perpendicular à borda livre; K1 = Coeficiente que assume os valores de K do Quadro 4, com os valores de C1 e C2 estabelecidos pela Figura 15. Figura 15: Perímetro crítico em pilares de borda. Fonte: NBR6118, 2014, p. 163. Quando houver momento no plano paralelo à borda livre a tensão solicitante é dada pela equação 17: (17) Onde: MSd2 = Momento de cálculo no plano paralelo à borda livre; WP2 = Módulo de resistência plástica na direção paralela à borda livre. K2 = Coeficiente que assume os valores de K do Quadro 4, com o valor de C1/C2 substituído por C2/2C1, sendo C1 e C2 estabelecidos pela Figura 15. 0*)(1 SdSdSd MMM dW MK dW MK du F P Sd P SdSd Sd 2 22 1 11 * 43 c) Pilares de canto Quando não houver momento no plano paralelo à borda a tensão solicitante calculada analogamente aos pilares de borda. Como o pilar de canto apresenta duas bordas livres, deve-se calcular as tensões solicitantes para cada uma delas, quando houver momento fletor perpendicular à face considerada. Nesse caso, K é calculado em função da relação C1/C2, sendo C1 e C2 aos lados perpendicular e paralelo à borda adotada, respectivamente (Figura 16). Figura 16: Perímetro crítico em pilares de canto. Fonte: NBR6118, 2014, p. 164. 2.1.13.2 Definição da tensão resistente nas superfícies C, C’ e C’’ a) Compressão diagonal do concreto na superfície crítica C Em lajes submetidas à punção, com ou sem armadura, deve ser realizada a verificação de compressão diagonal pelas equações 18, 19 e 20: (18) (19) 2RdSd cdVRd f 27,02 44 (20) Onde: Sd = Tensão solicitante de cálculo, calculada pela equação 10, com u sendo o perímetro do contorno C; Rd2 = Tensão resistente de projeto no contorno C; fcd = Resistência à compressão