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2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 1 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 2 Olá, alunos! Sejam bem-vindos e-book “Como resolver as peças”. O presente e-book contém as peças que são resolvidas nas aulas de “como resolver”. A nossa sugestão é que você utilize o e-book para acompanhar a peça sendo resolvida em aula pelo professor. É muito importante que você assista as aulas de “como resolver”, pois nelas os professores explicam como desenvolver as peças, como localizar as teses nos enunciados, bem como dão dicas valiosas sobre como encontrar as palavras-chave no seu Vade Mecum (o que ajuda MUITO na hora da prova). Qualquer dúvida, estaremos à disposição para auxiliá-los através da ferramenta “Pergunte ao professor”! Bons estudos, Abraços, Equipe Ceisc. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 3 2ª FASE OAB | PENAL | 41º EXAME Como resolver peças SUMÁRIO Aulas imprescindíveis Como resolver queixa-crime .................................................................................................................. 5 Como resolver resposta à acusação ................................................................................................... 10 Como resolver memoriais .................................................................................................................... 15 Como resolver apelação....................................................................................................................... 22 Como resolver contrarrazões de apelação ......................................................................................... 29 Como resolver recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia .......................................... 35 Como resolver resposta à acusação no procedimento do júri .......................................................... 41 Como resolver memoriais no procedimento do júri ............................................................................ 45 Como resolver agravo em execução................................................................................................... 50 Como resolver revisão criminal ............................................................................................................ 56 Como resolver embargos infringentes ................................................................................................ 61 Aulas muito relevantes Como resolver recurso ordinário constitucional .................................................................................. 65 Como resolver defesa preliminar de funcionário público ................................................................... 69 Como resolver defesa preliminar da lei de drogas ............................................................................. 72 Como resolver carta testemunhável .................................................................................................... 76 Como resolver apelação no Tribunal do Júri ...................................................................................... 81 Como resolver apelação do assistente de acusação no procedimento do júri ................................ 85 Como resolver contrarrazões de apelação do júri .............................................................................. 90 Como resolver relaxamento de prisão ................................................................................................ 96 Como resolver liberdade provisória ................................................................................................... 100 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 4 Aulas relevantes Como resolver queixa-crime subsidiária ........................................................................................... 104 Como resolver razões de apelação ................................................................................................... 107 Como resolver contrarrazões de recurso em sentido estrito ........................................................... 114 Como resolver contrarrazões de agravo em execução ................................................................... 119 Como resolver recurso especial......................................................................................................... 125 Como resolver mandado de segurança ............................................................................................ 129 Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a 2ª Fase do 41º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. Bons estudos, Equipe Ceisc. Atualizado em julho de 2024. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 5 Aulas imprescindíveis Como resolver queixa-crime PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XV EXAME OAB (Adaptada) Enunciado Enrico, engenheiro de uma renomada empresa da construção civil, possui um perfil em uma das redes sociais existentes na Internet e o utiliza diariamente para entrar em contato com seus amigos, parentes e colegas de trabalho. Enrico utiliza constantemente as ferramentas da Internet para contatos profissionais e lazer, como o fazem milhares de pessoas no mundo contemporâneo. No dia 07/05/2021, Enrico comemora aniversário e planeja, para a ocasião, uma reunião à noite com parentes e amigos para festejar a data em uma famosa churrascaria da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Na manhã de seu aniversário, resolveu, então, enviar o convite por meio da rede social, publicando postagem alusiva à comemoração em seu perfil pessoal, para todos os seus contatos. Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que também possui perfil na referida rede social e está adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do motivo da comemoração. Então, de seu computador pessoal, instalado em sua residência, um prédio na praia de Icaraí, em Niterói, publicou na rede social uma mensagem no perfil pessoal de Enrico. Naquele momento, Helena, com o intuito de ofender o ex-namorado, publicou o seguinte comentário: “não sei o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha!”, e, com o propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas de trabalho e atingir sua reputação acrescentou, ainda, “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”. Imediatamente, Enrico, que estava em seu apartamento e conectado à rede social por meio de seu tablet, recebeu a mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofensivos de Helena em seu perfil pessoal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 6 Enrico, mortificado, não sabia o que dizer aos amigos, em especial a Carlos, Miguel e Ramirez, que estavam ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, Enrico tentou disfarçar o constrangimento sofrido, mas perdeu todo o seu entusiasmo, e a festa comemorativa deixou de ser realizada. No dia seguinte, Enrico procurou a Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de Informática e narrou os fatos à autoridade policial, entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a página da rede social na Internet onde ela poderia ser visualizada. Passados cinco meses da data dos fatos, Enrico procurou seu escritório de advocaciada pretensão punitiva em abstrato do delito em tela. Sendo assim, incidiu a causa de extinção da punibilidade pela prescrição, nos termos no artigo 107, inciso IV, do Código Penal. B) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO O Ministério Público deixou de oferecer a suspensão condicional do processo, mesmo sendo postulado pela defesa. Todavia, nos termos do artigo 89 da Lei nº 9.099/95, caberá ao Ministério Público oferecer proposta suspensão condicional do processo quando a pena mínima cominada ao delito imputado for de até 01 ano, abrangidos ou não por esta Lei, preenchidos os demais requisitos legais, dentre os quais se destacam a primariedade e a presença dos requisitos do artigo 77 do Código Penal. O réu faz jus ao benefício, pois o crime de aborto tentando pelo qual foi denunciado possui pena mínima não superior a um ano. Além disso, o recorrente é primário e de bons antecedentes, conforme folha de antecedentes criminais sem outras anotações juntada no processo. Logo, deve ser declarada a nulidade da instrução e da decisão de pronúncia, uma vez que não foi oferecida a proposta de suspensão condicional do processo. C) DO CRIME IMPOSSÍVEL O réu foi denunciado pelo crime de tentativa de aborto. Todavia, conforme boletim de atendimento médico, Joaquina não estava grávida no momento dos fatos. Nos termos do artigo 17 do Código Penal, não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o delito. Trata- se, portanto, de crime impossível. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 49 No caso, há impropriedade absoluta do objeto, já que Joaquina não estava grávida para causar o aborto. O reconhecimento do crime impossível gera a atipicidade da conduta e, consequentemente, a absolvição sumária pelo fato evidente não constituir crime, com base no artigo 415, inciso III, do Código de Processo Penal. IV) DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) Seja declarada a extinção da punibilidade, com base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal; b) Seja reconhecida a nulidade dos atos processuais, com oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo; c) Absolvição sumária, com base no artigo 415, inciso III, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 25 de junho de 2018. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 50 Como resolver agravo em execução PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XVI EXAME OAB Enunciado Marieta, funcionária pública do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), foi condenada por infração ao Art. 313-A do Código Penal, a uma pena de dois anos de reclusão e 10 dias-multa, em regime aberto e substituída por duas penas restritivas de direitos, porque, em 10/10/2017, inseriu nos sistemas informatizados do INSS informações fraudulentas, consistentes em vínculos empregatícios falsos, o que ensejou a concessão de benefício previdenciário indevido em favor de Joana, com prejuízo ao erário no valor de R$75.000,00 (setenta e cinco mil reais). Marieta também foi condenada em idêntica pena, em outro processo, por infração ao Art. 313-A do Código Penal, porque em 15/09/2017, valendo-se do mesmo modus operandi, concedeu benefício previdenciário indevido em favor de Luíza, gerando prejuízo ao erário no montante de R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais). Ainda, Marieta foi condenada em um terceiro processo, por infração ao Art. 313-A do Código Penal, consoante mesmo modus operandi e com aplicação da mesma pena de dois anos de reclusão e 10 dias-multa, por inserir dados falsos no sistema informatizado e assim conceder benefício previdenciário fraudulento em favor de Anastácia, com prejuízo ao erário de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), fato ocorrido em 03/11/2017. As referidas condenações transitaram em julgado nos dias 10/11/2022, 21/11/2022 e 02/12/2022, respectivamente, e todas elas substituíram as penas privativas de liberdade por duas restritivas de direitos. Marieta não possui outros processos em sua folha de antecedentes criminais. As cartas de execução de sentença foram tombadas ao Juízo de execução penal da Vara Federal Criminal de Alfa (vinculada ao Tribunal Regional Federal da 10ª Região) em datas próximas. O Juízo, à luz das três cartas de execução definitivas, proferiu decisão somando as penas, na forma do Art. 69, do Código Penal, fixando a pena total de 6 (seis) anos de reclusão, em regime fechado, considerando que houve reincidência de Marieta quando da realização do segundo e terceiro fato, após já ter realizado o primeiro ato delituoso. Quanto à pena de multa, promoveu a readequação, consoante proporcionalidade à nova pena privativa de liberdade fixada, estabelecendo-a em 90 dias-multa. Determinou a conversão das penas restritivas de direito em privativas de liberdade e a expedição de mandado de prisão para o início de cumprimento das penas. A intimação da decisão ocorreu no dia 25/08/2023, sexta-feira. O mandado de prisão foi expedido na mesma data, pendente de cumprimento. Na qualidade de advogado de Marieta já 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 51 constituído nos autos, redija a peça processual cabível, diferente de embargos de declaração e habeas corpus, para garantir os direitos de sua assistida, devendo ser deduzida toda a matéria de direito processual e material cabível. A peça deverá ser datada do último dia do prazo, levando-se em conta que segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00). Obs.: o examinando deve abordar todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 52 AO JUÍZO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ALFA Processo nº... MARIETA, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no artigo 197, da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal). Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do artigo 589, do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o presente recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal Regional Federal da 10ª Região. O presente recurso é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo de 5 (cinco) dias, nos termos da Súmula nº 700, do Supremo Tribunal Federal e artigo 586, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 1 de setembro de 2023 Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 53 EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 10ª REGIÃO Agravante: MARIETA Agravado: MINISTÉRIO PÚBLICO Processo nº... RAZÕES DE RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO Egrégio Tribunal Regional da 10ª Região Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS A agravante foi condenada, definitivamente, pela prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistema de informações, sendo-lhe aplicada, para cada um dos crimes, a pena de 2 anos de reclusão e 10 dias-multa. Após receber as cartas de execução da sentença, o Juízo da execução proferiu decisão somando as penas, na forma do Art. 69, do Código Penal, fixando a pena total de 6 (seis) anos de reclusão, em regime fechado, considerando a existência de reincidência. Promoveu ainda a readequação da pena de multa, consoante proporcionalidade à nova pena privativa de liberdade fixada, estabelecendo-a em 90 dias- multa. A defesa foi intimada no dia 25/08/2023, sexta-feira. II) DO DIREITO DA CONTINUIDADE DELITIVA A ré foi denunciada pela prática de 3(três) crimes previstos no art. 313-A do Código Penal, tendo o juiz da execução penal aplicado o concurso material de crimes. Todavia, trata-se de crime continuado, previsto no artigo 71, “caput”, do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 54 Isso porque os crimes são da mesma espécie e foram cometidos nas mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução, já que praticados nos dias 15/09/2017, 10/10/2017 e 03/11/2017, contra o INSS. Assim, todas as condutas subsequentes devem ser havidas como continuação da primeira. Logo, deveria ser aplicada a unificação das penas na forma do art. 111, da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal), com a exasperação da pena de 1/6 a 2/3, de forma proporcional ao número de crimes, nos termos do artigo 71, “caput”, do Código Penal. B) DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS É inadmissível a reconversão das penas restritivas de direito em privativa de liberdade, pois as penas restritivas de direitos podem ser executadas de forma simultânea ou sucessiva, nos termos do artigo 69, § 2º, do Código Penal Além disso, não se verifica nenhuma das hipóteses de conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade, previstas no artigo 44, §§ 4º e 5º, do Código Penal, e 181, §1º da Lei Execução Penal. C) DA REINCIDÊNCIA Não incidiu, no caso, a agravante da reincidência. Isso porque, para a configuração da reincidência é imprescindível que exista sentença condenatória transitada em julgado por crime anterior ao praticado pelo agente, conforme o artigo 63, do Código Penal. No caso, a agravante não registrava nenhuma sentença condenatória transitada em julgado antes da prática do segundo e terceiro fato, cometidos em 10/10/2017 e 03/11/2017, sendo que o trânsito em julgado da sentença condenatória pelo primeiro fato ocorreu em 10/11/2022, após, portando, a prática dos delitos. Logo, deve ser afastada a agravante da reincidência. D) DO REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA Considerando o afastamento da reincidência, já que a agravante não registra sentença condenatória transitada em julgado por crime anterior, o regime deverá ser o 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 55 aberto, nos termos do artigo 33, §2º, alínea “c”, ou regime semiaberto, na forma do art. 33, §2º, alínea “b”, do Código Penal. E) DA PENA DE MULTA A pena de multa deve observar o disposto no art. 72 do Código Penal, uma vez que no concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente, devendo, portanto, ser somadas as penas de multa impostas, o que resultaria em 30 dias- multa. III) DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente recurso com o recolhimento do mandado de prisão ou expedição de contramandado de prisão. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 1 de setembro de 2023. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 56 Como resolver revisão criminal PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – X Exame da OAB Enunciado Jane, no dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Cuiabá – MT, subtraiu veículo automotor de propriedade de Gabriela. Tal subtração ocorreu no momento em que a vítima saltou do carro para buscar um pertence que havia esquecido em casa, deixando-o aberto e com a chave na ignição. Jane, ao ver tal situação, aproveitou-se e subtraiu o bem, com o intuito de revendê-lo no Paraguai. Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta empreendeu perseguição ininterrupta, tendo prendido Jane em flagrante somente no dia seguinte, exatamente quando esta tentava cruzar a fronteira para negociar a venda do bem, que estava guardado em local não revelado. Em 30 de outubro de 2010, a denúncia foi recebida. No curso do processo, as testemunhas arroladas afirmaram que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem no país vizinho e que havia um comprador, terceiro de boa-fé arrolado como testemunha, o qual, em suas declarações, ratificou os fatos. Também ficou apurado que Jane possuía maus antecedentes e reincidente específica nesse tipo de crime, bem como que Gabriela havia morrido no dia seguinte à subtração, vítima de enfarte sofrido logo após os fatos, já que o veículo era essencial à sua subsistência. A ré confessou o crime em seu interrogatório. Ao cabo da instrução criminal, a ré foi condenada a cinco anos de reclusão no regime inicial fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade, tendo sido levada em consideração a confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências do crime, quais sejam, a morte da vítima e os danos decorrentes da subtração de bem essencial à sua subsistência. A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o cumprimento da pena em 10 de novembro de 2012. No dia 5 de março de 2013, você, já na condição de advogado(a) de Jane, recebe em seu escritório a mãe de Jane, acompanhada de Gabriel, único parente vivo da vítima, que se identificou como sendo filho desta. Ele informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane, acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou, indicando o local onde o veículo estava escondido. O filho da vítima, nunca mencionado no processo, informou que no mesmo dia do telefonema, foi ao local e pegou o veículo de volta, sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 57 Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de “habeas corpus”, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 58 AO JUÍZO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO JANE, nacionalidade..., profissão..., estado civil..., RG..., CPF..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência ajuizar a presente REVISÃO CRIMINAL, com base no artigo 621, inciso I e III, do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I) DOS FATOS A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado, ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de Gabriela. Após o encerramento da instrução e oferecimento das alegações finais, o Magistrado proferiu decisão condenando a requerente a 05 anos de reclusão no regime fechado. Após o trânsito em julgado, o filho da vítima informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane, acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou, indicando o local onde o veículo estava escondido. II) DO DIREITO A) DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado, ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de Gabriela. Todavia, não foi considerada na sentença condenatória a causa de diminuição da pena consistente no arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 59 O filho da vítima, que nunca fora mencionado no processo que deu origem à condenação do requerente, informou que, no dia 27 de outubro de 2010, Jane, acolhendo os conselhos maternos, lhe telefonou indicando o local onde o veículo estava escondido, acrescentando que no mesmo dia do telefonema foi ao local e pegou o veículo de volta, sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então. Logo, surgiu prova nova no sentido de que a requerente teria restituído o veículo antes do recebimento da denúncia,razão pela qual deve ser considerada a causa de diminuição da pena em face do arrependimento posterior, no se grau máximo, qual seja, em 2/3, já que o bem subtraído foi devolvido na sua integralidade. B) DA QUALIFICADORA A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado, ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de Gabriela, sendo qualificado porque teria subtraído para transportar para o Paraguai. Todavia, o fato novo, consistente nas declarações do filho da vítima, comprova que o veículo não chegou a ser transportado para o exterior, já que teria sido restituído à vítima. Logo, não incidiu a qualificadora prevista no §5º do artigo 155 do Código Penal. Por isso, cabível a desclassificação do furto qualificado para o furto simples (artigo 155, “caput”, do Código Penal). C) DO REGIME FECHADO A requerente foi denunciada pela prática do crime de furto qualificado, ocorrido no dia 18 de outubro de 2010, consistente no veículo automotor de propriedade de Gabriela, sendo condenada a cinco anos de reclusão, em regime fechado. Todavia, considerando o afastamento da qualificadora e do arrependimento posterior e a consequente diminuição em 2/3, a pena não será superior a quatro anos. Além disso, a reparação do dano promovida pela requerente prepondera sobre os maus antecedentes, sendo, portanto, as circunstâncias judiciais favoráveis. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 60 Logo, nos termos da Súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça, é possível a fixação do regime semiaberto ao condenado à pena não superior a quatro anos, com circunstâncias judiciais favoráveis. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja julgada procedente a ação de revisão criminal, a fim de que seja, nos termos do artigo 626 do Código de Processo Penal: a) Desclassificada a conduta de furto qualificado para o furto simples; b) A diminuição da pena privativa de liberdade, em face do arrependimento posterior; c) A fixação do regime semiaberto (ou a mudança para referido regime) para o cumprimento da pena privativa de liberdade. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 61 Como resolver embargos infringentes PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XI EXAME (Adaptado da peça cobrada no XI Exame da OAB, que foi recurso em sentido estrito) Enunciado Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. Contra essa decisão, a defesa interpôs recurso em sentido estrito, ao qual, por maioria, foi julgado improvido pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, mantendo a decisão de pronúncia, tendo um desembargador proferido voto pela desclassificação. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore a peça cabível, adotando os argumentos pertinentes. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 62 AO ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA... VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... Processo nº JERUSA, já qualificada nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, opor o presente RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES, com base no artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal, requerendo seja recebido e processado. O presente recurso é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo de 10 dias, na forma do artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 63 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... Embargante: Jerusa Embargado: Ministério Público Processo nº RAZÕES DE RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... Colenda Câmara Criminal ou Colendo Grupo Criminal (conforme o regime interno do Tribunal) I) DOS FATOS A recorrente dirigia seu carro quando atingiu a motocicleta da vítima, que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Após o encerramento do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia imputando a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual. O Juiz pronunciou a recorrente pelo delito descrito na denúncia. Contra essa decisão, a defesa interpôs recurso em sentido estrito, que, por maioria, foi julgado improvido pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. II) DO DIREITO A recorrente foi acusada de, na condução do seu veículo, ter causado a morte de Diogo, que conduzia sua motocicleta em alta velocidade, sendo denunciada e pronunciada pela prática do crime de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual. A 2ª Câmara Criminal, por maioria, manteve a decisão recorrida. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 64 Todavia, a recorrente em nenhum momento assumiu o risco de causar a morte de Diogo, nem aceitou o resultado morte da vítima, tanto que conduzia o seu veículo respeitando o limite de velocidade. Nesse sentido, a conduta da recorrente se enquadra, em tese, no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, razão pela qual deve responder pela prática, em tese, de homicídio culposo na condução de veículo automotor, devendo haver, portanto, a desclassificação e remessa do presente feito ao juízo competente, nos termos do artigo 419 do Código de Processo Penal. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a reforma do acórdão, a fim de que: Seja desclassificado o delito de homicídio simples doloso para o delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 da Lei 9.503/97, encaminhando-se os autos para o Juízo competente, nos termos do artigo 419 do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., data... Advogado ... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 65 Aulas muito relevantes Como resolver recurso ordinário constitucional PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Durante investigação para apurar a prática de roubos a agências bancárias ocorridos em Volta Redonda/RJ, agentesda polícia civil, embora desconfiados que Pedro Rocha estivesse envolvido nos crimes, não conseguiram reunir provas suficientes para apontá-lo como um dos assaltantes de banco. Diante disso, o Delegado de Polícia orientou um dos policiais a passar a frequentar os mesmos lugares do investigado Pedro Rocha para com ele estabelecer relação de confiança. Ao manter reiterados contatos com Pedro Rocha, o agente policial disfarçado convence o investigado a com ele praticar um roubo em determinada agência bancária. Diante disso, no dia 15 de outubro de 2021, previamente engendrados, o policial disfarçado e o investigado dirigem-se ao banco e, no instante em que ingressaram na agência bancária e anunciaram o assalto, diversos policiais, que monitoravam toda a ação, prenderam Pedro Rocha em flagrante, sob a acusação da prática do crime de roubo majorado tentado. Ao final, o Delegado de Polícia lavrou o auto de prisão em flagrante, observando todas as formalidades legais, e encaminhou à autoridade judiciária. Durante a audiência de custódia, após ouvir o flagrado, o Magistrado, acolhendo requerimento do Ministério Público, converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, com base no artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal. Irresignado, Pedro Rocha, por meio do seu advogado(a), impetrou Habeas corpus, que foi denegado, por maioria dos votos, pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado(a) de Pedro Rocha, redija a peça cabível, exclusiva de advogado(a), no que tange à liberdade de seu cliente. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 66 AO DOUTO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PEDRO ROCHA, já qualificado nos autos, por seu procurador infra- assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, com base no artigo 105, inciso II, “a” da Constituição Federal/88, combinado com os artigos 30 e 32, ambos da Lei 8.038/90, requerendo seja o recurso recebido e processado e, ao final, remetido ao Superior Tribunal de Justiça. O presente recurso é tempestivo, pois interposto dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 30 da Lei nº 8.038/1990. Nestes termos, pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 67 COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Recorrente/Impetrante: Pedro Rocha Recorrido: Ministério Público Autos nº RAZÕES DE RECURSO ORDINARIO CONSTITUCIONAL EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA COLENDA TURMA I) DOS FATOS O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em tese, o delito de roubo majorado tentado. O auto de prisão em flagrante foi lavrado e encaminhado à autoridade judiciária, que converteu em prisão preventiva. O recorrente impetrou habeas corpus, que, por maioria, foi denegado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. II) DO DIREITO A) DO FLAGRANTE PREPARADO/PROVOCADO O recorrente foi preso acusado de ter praticado, em tese, o crime de roubo majorado tentado. Todavia, trata-se de prisão ilegal, já que um policial disfarçado convenceu o requerente a ingressar na agência bancária e anunciar o assalto, momento em que foi preso em flagrante, caracterizando o chamado flagrante preparado ou provocado. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 68 Nos termos da Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal, não configura crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Logo, em se tratando de flagrante preparado e crime impossível, previsto no artigo 17 do Código Penal, verifica-se que a prisão é ilegal, devendo ser relaxada. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a consequente reforma do acórdão recorrido, para o fim de que seja concedido o habeas corpus e relaxada a prisão em flagrante do recorrente, com a expedição do alvará de soltura. Nestes termos, Pede deferimento. Local... e data... ADVOGADO... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 69 Como resolver defesa preliminar de funcionário público PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Wilson Ferdinando, funcionário público municipal, que exerce a função de motorista, após o encerramento do expediente, resolveu utilizar o carro da Prefeitura para levar a esposa até o Posto de Saúde do Município vizinho, distante 15 Km do município onde trabalha. Duas horas depois, após encher o tanque de gasolina, Wilson devolve o automóvel no mesmo lugar em que o havia retirado. Ao analisarem as câmeras de segurança do Prédio Municipal, guardas municipais perceberam a ação de Wilson, relatando o fato e dando ensejo a instauração de procedimento administrativo disciplinar. O acusado foi interrogado, confessando que, de fato, utilizou o veículo sem autorização, mas que sua intenção era devolvê-lo logo em seguida, como demonstraram as imagens constantes no procedimento. Ao final da instrução do procedimento administrativo, concluiu-se que Wilson praticou falta disciplinar, sendo encaminhada cópia dos autos ao Ministério Público. O Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson pela prática do delito de peculato, previsto no artigo 312, “caput”, do Código Penal. Wilson foi notificado no dia 03 de junho de 2016, sexta-feira. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para oferecimento, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 70 AO JUÍZO... VARA CRIMINAL DA COMARCA.... Wilson Ferdinando, já qualificado nos autos, por seu procurador infra- assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar DEFESA PRELIMINAR, com base no artigo 514 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. I) DOS FATOS O réu foi denunciado pela prática do crime de peculato, previsto no artigo 312, “caput”, do Código Penal, porque teria utilizado, sem autorização, o veículo do Município. O réu foi notificado no dia 03 de junho de 2016. A presente defesa preliminar é tempestiva, já que apresentada dentro do prazo de 15 dias, previsto no artigo 514 do Código de Processo Penal. II) DO DIREITO A) DA AUSÊNCIA DE DOLO OU PECULATO DE USO O réu foi acusado de ter utilizado o veículo automotor do Município, sem autorização. Todavia, o réu não teve a intenção de se apropriar do bem, nem tampouco o desviou da Administração Municipal. Pretendia, apenas, utilizar o veículo para levar sua esposa até o Posto de Saúde do Município vizinho e depois devolvê-lo no mesmo lugar que retirou. Assim, não há que se falar em peculato-apropriação, peculato-desvio ou peculato-furto. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 71 Logo, o réu não tinha dolo de se apropriar, desviar ou subtrair o veículo, tanto que, após encher o tanque de gasolina, devolveu-o no mesmo local que pegou e nas mesmas condições, caracterizando, no caso, peculato de uso, que constitui fato atípico. Assim, trata-se de fato atípico, devendo a denúncia ser rejeitada, nos termos do artigo 395, incisos II e III, do Código de Processo Penal. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer o réu seja a denúncia rejeitada, com base no artigo 395, incisos IIe III, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 20 de junho de 2016. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 72 Como resolver defesa preliminar da lei de drogas PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado No dia 25 de janeiro de 2015, Roniquito Vieira foi abordado por policiais, acusado de estar portando 02 gramas de maconha. Após constatar por sua experiência profissional que efetivamente se tratava de cannabis sativa, o policial deu voz de prisão em flagrante, encaminhando Roniquito à Delegacia de Polícia. Durante a lavratura da prisão em flagrante, verificou-se que Roniquito não registrava procedimento policial em seu desfavor. Ao final, a autoridade policial indiciou Roniquito como incurso no crime tráfico ilícito de entorpecentes, previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006. Ao longo do procedimento policial, Roniquito negou ser traficante, reconhecendo, contudo, ser dependente químico, já tendo sido, inclusive, internado para tratamento, o que foi confirmado por Joaquim e Manuel, responsáveis pela Clínica de Tratamento. Após o encerramento do procedimento policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Roniquito, imputando-lhe a prática do delito do artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/2006. O Magistrado determinou a notificação de Roniquito, que ocorreu no dia 03 de junho de 2016, que caiu numa sexta-feira. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado(a) de Roniquito, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, invocando todos os argumentos em favor de seu constituinte, datando a peça no último dia do prazo. (valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 73 AO JUÍZO DE DIREITO DA... VARA CRIMINAL DA COMARCA.... Processo nº Roniquito Vieira, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer DEFESA PRELIMINAR, com base no artigo 55 da Lei 11.343/2006, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. I) DOS FATOS O réu foi flagrado portando 02 gramas de maconha. Ao longo do seu interrogatório, o réu disse que não era traficante, reconhecendo ser dependente de substância entorpecente. O Ministério Público ofereceu denúncia imputando ao réu a prática do delito do artigo 33 da Lei 11.343/2006. O réu foi notificado. A presente defesa preliminar é tempestiva, já que apresentada dentro do prazo de 10 dias, previsto no artigo 55 da Lei 11.343/2006. II) DO DIREITO A) DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA O réu foi flagrado portando 02 gramas de maconha, sendo acusado de tráfico de drogas. Todavia, o fato é materialmente atípico, incidindo, no caso, o princípio da insignificância, já que a pequena quantidade de droga apreendida em poder do réu não é capaz de ofender à coletividade ou a saúde pública. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 74 Logo, deve ser rejeitada a denúncia, com base no artigo 395, incisos II e III, do Código de Processo Penal. B) DA AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE O réu foi preso acusado de estar portando substância entorpecente. Todavia, a natureza da substância supostamente apreendida em poder do réu foi atestada a partir da experiência profissional do policial que realizou a prisão em flagrante. Logo, não há registro de que tenha sido realizado o laudo de constatação preliminar da natureza da substância, nos termos do artigo 50, §1º, da Lei 11.343/2006. Diante disso, não há prova da materialidade do delito, devendo a denúncia ser rejeitada, por ausência de justa causa, com base no artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal. C) DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DO ARTIGO 28 DA LEI 11.343/2006 O Ministério Público denunciou o réu pela prática do delito de tráfico ilícito de entorpecentes. Todavia, deve ser desclassificado o crime de tráfico de drogas para o delito previsto no artigo 28 da Lei 11.343/2006. O réu, perante a autoridade policial, disse não ser traficante, reconhecendo ser dependente de substância entorpecente, tendo sido, inclusive, internado para tratamento de dependência química, o que foi confirmado por Manuel e Joaquim, responsáveis pela Clínica de Tratamento. Além disso, o réu não registra contra si nenhuma ocorrência policial. Assim, nos termos do artigo 28, §2º, da Lei 11.343/2006, considerando a pequena quantidade de droga apreendida, as condições pessoais do réu e a circunstância de ser primário, cabe a desclassificação do delito de tráfico de drogas para o delito previsto no artigo 28 da Lei 11.343/2006, com a remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal, juízo competente para processar e julgar infrações de menor potencial ofensivo. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 75 III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) A rejeição da denúncia, pela atipicidade da conduta, com base no artigo 395, incisos II e III, do Código de Processo Penal; b) A rejeição da denúncia, pela ausência de materialidade, com base no artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal; c) Seja desclassificado o crime previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006 para o delito do artigo 28 da Lei 11.343/2006, remetendo-se os autos ao Juizado Especial Criminal; d) A produção de todas as provas admitidas em direito, principalmente a testemunhal, conforme rol abaixo. ROL DE TESTEMUNHAS: a)Joaquim b) Manuel Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 15 de junho de 2016 Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 76 Como resolver carta testemunhável PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). Argumentou o ilustre membro do Parquet a imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa é intimado da referida decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira). Contra essa decisão, a defesa interpôs, no dia 09 de agosto de 2013, recurso em sentido estrito. Ao proceder ao juízo de admissibilidade, o Magistrado não recebeu o recurso, sob o fundamento de que foi interposto de forma intempestiva, já que, considerando o dia de início 02 de agosto de 2013, o prazo venceu no dia 06 de agosto de 2013. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o recursocabível, instruindo-o com a cópia integral do processo. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 77 AO ESCRIVÃO DO CARTÓRIO DA ... VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA ... Processo nº ... JERUSA, já qualificada nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Senhoria, interpor o presente recurso de CARTA TESTEMUNHÁVEL, com base no artigo 639, I, do Código de Processo Penal, requerendo seja recebido e processado, pelos fatos e fundamentos expostos nas razões inclusas. O presente recurso é tempestivo, pois interposto dentro do prazo de 48 horas, previsto no artigo 640 do Código de Processo Penal1. Diante disso, requer seja procedido o juízo de retratação, com base no artigo 589 do Código de Processo Penal, requerendo, se mantida a decisão, seja encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado... Nestes termos, Pede deferimento. Local... data... Advogado... OAB... 1 Considerando a exigência da tempestividade na peça do 35º Exame, sugerimos expressamente que a peça é tempestiva. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 78 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... Testemunhante/recorrente: Jerusa Testemunhado/recorrido: Ministério Público Processo nº ... RAZÕES DE RECURSO DE CARTA TESTEMUNHÁVEL Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS A recorrente dirigia seu carro quando atingiu a motocicleta de Diogo. Não obstante a presteza do socorro, Diogo faleceu em razão dos ferimentos sofridos pela colisão. Após o encerramento do respectivo inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra a recorrente Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do Código Penal). Finda a instrução probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. Contra essa decisão, a defesa interpôs recurso em sentido estrito, que não foi recebido pelo Magistrado, sob o fundamento de que é intempestivo. II) DO DIREITO A) Da carta testemunhável/Do recurso em sentido estrito denegado O Magistrado não recebeu o recurso, sob o fundamento de que seria intempestivo, já que a data fatal, segundo ele, seria o dia 06 de agosto de 2013. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 79 Todavia, como se trata de prazo processual, o termo inicial para a contagem do prazo do recurso é o primeiro dia útil após a intimação, nos termos do artigo 798 do Código de Processo Penal. Assim, considerando que a intimação ocorreu no dia 02 de agosto de 2013, que caiu numa sexta-feira, o prazo recursal começou a correr no primeiro dia útil, segunda- feira, qual seja, 05 de agosto de 2013, vencendo no dia 09 de agosto de 2013. Logo, requer o testemunhante seja recebido o recurso em sentido estrito denegado, pois interposto dentro do prazo previsto em lei. B) DA DESCLASSIFICAÇÃO Estando o presente recurso suficientemente instruído, verifica-se a possibilidade de analisar o mérito do recurso denegado, nos termos do artigo 644 do Código de Processo Penal. A recorrente foi acusada de, na condução do seu veículo, ter causado a morte de Diogo, que conduzia sua motocicleta em alta velocidade, sendo denunciada e pronunciada pela prática do delito de homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP). Todavia, a recorrente em nenhum momento assumiu o risco de causar a morte de Diogo, nem aceitou o resultado morte da vítima. Ou seja, a recorrente não agiu com dolo, uma vez que não assumiu o risco nem aceitou o resultado morte, conforme prevê o artigo 18, I (parte final), do Código Penal, que adotou, em relação ao dolo eventual, a teoria do consentimento. Nesse sentido, o fato atribuído à recorrente deveria, em tese, ser classificado como homicídio culposo na condução de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. Em consequência, não havendo crime doloso contra a vida, o Tribunal do Júri não é competente para julgar o processo, razão pela qual deve ocorrer a desclassificação do delito, nos termos do artigo 419 do Código de Processo Penal, remetendo-se os autos ao juízo competente. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 80 III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja conhecido o recurso, reformada a decisão e provido o presente recurso, para o fim de que: a) seja recebido o recurso em sentido estrito denegado; b) seja desclassificado o delito de homicídio simples doloso, para o delito de homicídio culposo na condução de veículo automotor (Art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro), remetendo-se os autos para o Juízo Competente, nos termos do artigo 419 do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 81 Como resolver apelação no Tribunal do Júri PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve como vítima Henrique. No dia 07 de julho de 2015, numa terça-feira, em sessão plenária do Tribunal do Júri, todas as testemunhas asseguraram que Henrique iniciou agressões contra Fernando e que este agiu em legítima defesa. No momento do julgamento, os jurados reconheceram a autoria e materialidade e optaram por condenar Fernando pela prática do delito de homicídio doloso. Após a prolação da sentença condenatória, que impôs ao réu a pena de 06 (seis) anos, em regime semiaberto, a família de Fernando toma conhecimento de que dois dos jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. A intimação da sentença ocorreu na sessão plenária. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00 pontos) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 82 AO JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... Processo nº ... FERNANDO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso III, “a” e “d”, do Código de Processo Penal. O presente recurso de apelação é tempestivo, já que interposto dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 593, “caput”, do Código de Processo Penal. Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas, remetendo-se os autos ao Tribunal de Justiça do Estado... Nestes termos, Pede deferimento Local..., 13 de julho de 2015. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 83 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... Apelante: Fernando Apelado: Ministério Público Processo nº RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... Colenda Câmara Criminal I – DOS FATOS O réu foi denunciado e pronunciado pela prática do crime de homicídio doloso. Durante a sessão plenária do Júri, todas as testemunhas disseram que a vítima iniciou as agressões e que o réu agiu em legítima defesa. Os jurados decidiram pela condenação do réu. O Magistrado fixou apena em 06 (seis) anos, em regime semiaberto. II) DO DIREITO A) Da nulidade posterior à pronúncia Após a sessão plenária, a família do réu tomou conhecimento de que dois dos jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. Todavia, nos termos do artigo 448, inciso IV, do Código de Processo Penal, irmãos são impedidos de servirem de jurados no mesmo Conselho de Sentença. Logo, considerando que dois dos jurados eram irmãos, deve ser anulada a sessão do plenário do Júri, nos termos do artigo 593, inciso III, “a”, do Código de Processo Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 84 B) Da decisão manifestamente contrária à prova dos autos Os jurados reconheceram a autoria e a materialidade e optaram por condenar o réu pela prática do delito de homicídio doloso. Todavia, todas as testemunhas asseguraram que a vítima iniciou as agressões contra Fernando e que este agiu em legítima defesa. Logo, a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, devendo o presente recurso ser provido, a fim de sujeitar o réu a novo julgamento, nos termos do artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal. III – DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a reforma da decisão, a fim de que: a) Seja anulada a sessão do plenário do Júri, nos termos do artigo 593, III, “a”, do Código de Processo Penal; b) Seja o réu submetido a novo julgamento pelo plenário da Sessão do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 13 de julho de 2015. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 85 Como resolver apelação do assistente de acusação no procedimento do júri PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – VII Exame Enunciado Grávida de nove meses, Ana entra em trabalho de parto, vindo dar à luz um menino saudável, o qual é imediatamente colocado em seu colo. Ao ter o recém-nascido em suas mãos, Ana é tomada por extremo furor, bradando aos gritos que seu filho era um “monstro horrível que não saiu de mim” e bate por seguidas vezes a cabeça da criança na parede do quarto do hospital, vitimando-a fatalmente. Após ser dominada pelos funcionários do hospital, Ana é presa em flagrante delito. Durante a fase de inquérito policial, foi realizado exame médico-legal, o qual atestou que Ana agira sob influência de estado puerperal. Posteriormente, foi denunciada, com base nas provas colhidas na fase inquisitorial, sobretudo o laudo do expert, perante a 1ª Vara Criminal/Tribunal do Júri pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado, haja vista ter sustentado o Parquet que Ana fora movida por motivo fútil, empregara meio cruel para a consecução do ato criminoso, além de se utilizar de recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Em sede de Alegações Finais Orais, o Promotor de Justiça reiterou os argumentos da denúncia, sustentando que Ana teria agido impelida por motivo fútil ao decidir matar seu filho em razão de tê-lo achado feio e teria empregado meio cruel ao bater a cabeça do bebê repetidas vezes contra a parede, além de impossibilitar a defesa da vítima, incapaz, em razão da idade, de defender-se. A Defensoria Pública, por sua vez, alegou que a ré não teria praticado o fato e, alternativamente, se o tivesse feito, não possuiria plena capacidade de autodeterminação, sendo inimputável. Ao proferir a sentença, o magistrado competente entendeu por bem absolver sumariamente a ré em razão de inimputabilidade, pois, ao tempo da ação, não seria ela inteiramente capaz de se autodeterminar em consequência da influência do estado puerperal. Tendo sido intimado o Ministério Público da decisão, em 11 de janeiro de 2011, o prazo recursal transcorreu in albis sem manifestação do Parquet. Em relação ao caso acima, você, na condição de advogado(a), é procurado pelo pai da vítima, Wilson, em 20 de janeiro de 2011, para habilitar-se como assistente da acusação e impugnar a decisão. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes, datando do último dia do prazo. (valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 86 AO JUÍZO DA 1ª VARA CRIMINAL/TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA... Processo nº Wilson, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF..., na qualidade de pai da vítima, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a sua HABILITAÇÃO COMO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO, com base no artigo 268 do Código de Processo Penal, após oitiva do Ministério Público. Ainda, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, e artigo 416 do Código de Processo Penal, e artigo 598 do Código de Processo Penal. O presente recurso é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo de 15 dias, de acordo com o artigo 598, parágrafo único, do Código de Processo Penal e Súmula 448 do STF. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 31 de janeiro de 2011. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 87 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... Apelante: Wilson Apelada: Ana Processo nº RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... Colenda Câmara Criminal I – DOS FATOS Ana foi denunciada pela prática do delito de homicídio triplamente qualificado pelo motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Ao proferir sentença, o Magistrado absolveu sumariamente a ré, sob o fundamento de que seria inimputável por conta do seu estado puerperal. Intimado da decisão no dia 11 de janeiro de 2011, o Ministério Público deixou transcorrer o prazo recursal. Em 20 de janeiro de 2011, o pai da vítima procurou o advogado para se habilitar como assistente da acusação e impugnar a decisão. II – DO DIREITO A) DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA O Magistrado proferiu sentença de absolvição sumária, considerando a ré inimputável. Todavia, nos termos do artigo 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal, somente seria possível a absolvição sumária pela inimputabilidade se fosse a única tese defensiva. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 88 No caso, além da inimputabilidade, a defesa apresentou a tese de negativa de autoria, ao alegar que a ré não praticou o fato imputado a ela. Logo, não poderia o Magistrado absolver sumariamente a ré, mas deveria proferir sentença de pronúncia, encaminhando-a para julgamento pelo Tribunal do Júri pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado ou, alternativamente, pelo delito de infanticídio. B) DA INIMPUTABILIDADE O Magistrado proferiu sentença de absolvição sumária, considerando a ré inimputável, pois, ao tempo da ação, não seria ela inteiramente capaz de se autodeterminar em consequência da influência do estado puerperal. Todavia, o estado puerperal não constitui causa de inimputabilidade, ou seja, causa excludente de culpabilidade, sendo, portanto, elementar do crime de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal. Logo, não cabia ao Magistrado absolver sumariamente a ré pela inimputabilidade, mas proferir decisão de pronúncia pela prática do delito de homicídio triplamente qualificado, pelo motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, ou alternativamente, pelo delito de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal. III – DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja CONHECIDO O RECURSOE REFORMADA A DECISÃO RECORRIDA, com o PROVIMENTO, a fim de que: Seja a ré pronunciada, encaminhando-a a julgamento pelo Tribunal do Júri pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado, pelo motivo fútil, emprego do meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, nos termos do artigo 121, §2º, incisos II, III e IV, do Código Penal, ou, alternativamente, pelo delito de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 89 Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 31 de janeiro de 2011. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 90 Como resolver contrarrazões de apelação do júri PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado No dia 24 de dezembro de 2014, na cidade do Rio de Janeiro, Rodrigo e um amigo não identificado foram para um bloco de rua que ocorria em razão do Natal, onde passaram a ingerir bebida alcoólica em comemoração ao evento festivo. Na volta para casa, ainda em companhia do amigo, já um pouco tonto em razão da quantidade de cerveja que havia bebido, subtraiu, mediante emprego de uma faca, os pertences de uma moça desconhecida que caminhava tranquilamente pela rua. A vítima era Maria, jovem de 24 anos que acabara de sair do médico e saber que estava grávida de um mês. Em razão dos fatos, Rodrigo foi denunciado pela prática de crime de roubo duplamente majorado, na forma do Art. 157, § 2º, incisos II e VII, do Código Penal. Durante a instrução, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Rodrigo, onde constavam anotações em relação a dois inquéritos policiais em que ele figurava como indiciado e três ações penais que respondia na condição de réu, apesar de em nenhuma delas haver sentença com trânsito em julgado. Foram, ainda, durante a Audiência de Instrução e Julgamento ouvidos a vítima e os policiais que encontraram Rodrigo, horas após o crime, na posse dos bens subtraídos. Durante seu interrogatório, Rodrigo permaneceu em silêncio. Ao final da instrução, após alegações finais, a pretensão punitiva do Estado foi julgada procedente, com Rodrigo sendo condenado a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime semiaberto, e 13 dias-multa. O juiz aplicou a pena-base no mínimo legal, além de não reconhecer qualquer agravante ou atenuante. Na terceira fase da aplicação da pena, reconheceu a majorante mencionada na denúncia e realizou um aumento de 1/3 da pena imposta. O Ministério Público foi intimado da sentença em 14 de setembro de 2015, uma segunda-feira, sendo terça-feira dia útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de apelação perante o juízo de primeira instância, acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, requerendo: i) O aumento da pena-base, tendo em vista a existência de diversas anotações na Folha de Antecedentes Criminais do acusado; ii) O reconhecimento das agravantes previstas no Art. 61, inciso II, alíneas ‘h’ e ‘l’, do Código Penal; iii) A majoração do quantum de aumento em razão das causas de aumentos previstas no Art. 157, §2º, incisos II e VII, do Código Penal, exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes; iv) Fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena, pois o crime de roubo tem assombrado a população do Rio de Janeiro, 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 91 causando uma situação de insegurança em toda a sociedade. A defesa não apresentou recurso. O magistrado, então, recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo o país, você, advogado(a) de Rodrigo, para apresentar a medida cabível. Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de “habeas corpus”, no último dia do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 92 AO JUÍZO DA... VARA CRIMINAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ. Processo nº... RODRIGO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer as CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, com base no artigo 600 do Código de Processo Penal. Nesse sentido, requer sejam recebidas, com posterior remessa ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. As presentes contrarrazões são tempestivas, já que oferecidas dentro do prazo de 8 dias, previsto no artigo 600 do Código de Processo Penal. Nestes termos. Pede deferimento. Local ..., 27 de outubro de 2015. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 93 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Apelante: MINISTÉRIO PÚBLICO Apelado: RODRIGO CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O réu foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado, na forma do artigo 157, §2º, inciso II e VII, do Código Penal. Ao final da instrução, o Magistrado proferiu sentença condenatória, aplicando a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime semiaberto, e 13 dias-multa. Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de apelação, acompanhado das respectivas razões recursar, no dia 30 de setembro de 2015. O Magistrado recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e intimou a defesa para apresentar medida cabível. II) DO DIREITO A) DA INTEMPESTIVIDADE DA APELAÇÃO O recurso interposto pelo Ministério Público não pode ser conhecido, já que interposto fora do prazo de 5 dias, previsto no artigo 593, “caput”, do Código Penal. Isso porque o Ministério Público foi intimado na sentença no dia 14 de setembro de 2015 e interpôs o recurso de apelação no dia 30 de setembro de 2015, após, portanto, o prazo legal. Diante disso, o recurso de apelação não deve ser conhecido. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 94 B) DO AUMENTO DA PENA-BASE A pena-base de ver mantida no mínimo legal. Isso porque, nos termos da Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça, inquéritos policiais, ações penais em curso e condenações ainda não transitas em julgado não autorizam o reconhecimento de circunstância judicial desfavorável como maus antecedentes, sob pena de violação do princípio da presunção de inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal/88. Logo, não há maus antecedentes, devendo a pena-base ser mantida no mínimo legal. C) DA AGRAVANTE DA GRAVIDEZ Não deve ser reconhecida a agravante pela prática de crime contra mulher grávida, prevista no artigo 61, inciso II, alínea “h”, do Código Penal. Isso porque o réu não tinha conhecimento de que a vítima estava grávida, já que a própria vítima recém tinha saído do médico e tomado conhecimento de que estava grávida de um mês, não sendo, portanto, possível verificar sinais visíveis da gravides da vítima. Logo, não deve ser aplicada a agravante da gravidez. D) DA AGRAVANTE DA EMBRIAGUEZ PREORDENADA Não deve ser reconhecida a agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, inciso II, alínea “I”, do Código Penal. Isso porque o réu não ingeriu bebida alcóolica com o objetivo de praticar crime ou para tomar coragem para cometer o delito, uma vez que bebeu em comemoração durante evento festivo. Logo, não se trata de embriaguez preordenada, mas voluntária ou, até mesmo, culposa. Assim, não deve ser aplicada a agravante da embriaguez preordenada. E) DOAUMENTO DA PENA 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 95 Não deve ser reconhecida a majoração do quantum do aumente de pena, exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes. Isso porque a elevação da fração da pena exige motivação idônea, não sendo suficiente fundamentar o aumente apenas com base no número de majorantes, conforme a Súmula 443 do Superior Tribunal de Justiça. Logo, deve ser mantida a majoração da pena. F) DO REGIME CARCERÁRIO Deve ser mantido regime inicial semiaberto para cumprimento da pena. Isso porque, nos termos das Súmulas 718 e 719 do Supremo Tribunal Federal, eventual gravidade em abstrato do delito não constitui motivação idônea para a fixação do regime mais severo do que a pena aplicada permitir. Além disso, o Magistrado fixou pena-base no mínimo legal, sendo, portanto, vedada a fixação do regime mais severo do que a pena imposta permite, com base na gravidade em abstrato do delito, nos termos da Súmula 440 do Superior Tribunal de Justiça. Logo, deve ser mantido o regime carcerário semiaberto fixado na sentença. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer NÃO SEJA CONHECIDO, e, no mérito, IMPROVIDO o recurso de apelação interposto, mantendo-se, por conseguinte, a decisão recorrida nos seus exatos termos. Nestes termos. Pede deferimento. Local ..., 27 de outubro de 2015. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 96 Como resolver relaxamento de prisão PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – VI EXAME OAB (adaptada) Enunciado No dia 10 de março de 2020, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, José Alves pegou seu automóvel e passou a conduzi-lo ao longo da estrada que tangencia sua propriedade rural. Após percorrer cerca de dois quilômetros na estrada absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por uma equipe da Polícia Militar que lá estava a fim de procurar um indivíduo foragido do presídio da localidade. Abordado pelos policiais, José Alves saiu de seu veículo trôpego e exalando forte odor de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste, foi constatado que José Alves tinha concentração de álcool de um miligrama por litro de ar expelido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o conduziram à Unidade de Polícia Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela prática do crime previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, sendo-lhe negado no referido Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus advogados ou com seus familiares. Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de José Alves ter permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do preso, sob protestos de que não conseguiam vê-lo e de que o delegado não comunicara o fato ao juízo competente, tampouco à Defensoria Pública. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de José Alves, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, questionando, em juízo, eventuais ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para tanto toda a matéria de direito pertinente ao caso. (Valor 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 97 AO JUÍZO DA... VARA CRIMINAL DA COMARCA... Autos nº... JOSÉ ALVES, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., vem, por seu procurador infra- assinado, com procuração em anexo, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer o RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no artigo 310, inciso I, do Código de Processo Penal e artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I) DOS FATOS O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado o delito previsto no artigo 306 da Lei nº 9.503/97. O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em aparelho alveolar, sendo-lhe negado no auto de prisão em flagrante o direito de se entrevistar com advogado e com seus familiares. O requerente permaneceu preso dois dias após a lavratura da prisão em flagrante, sendo que a autoridade policial não comunicou o fato ao juízo competente nem à Defensoria Pública. II) DO DIREITO A) DA PROVA ILÍCITA O requerente foi compelido a realizar o teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Todavia, trata-se de prova ilícita, porque violou o direito do requerente de não produzir prova contra si mesmo, previsto no artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 98 Federal/88 e artigo 8º, § 2, alínea “g”, do Decreto 678/92. Além disso, o requerente foi forçado a realizar o teste de alcoolemia. Logo, trata-se de prova ilícita, nos termos do artigo 157 do Código de Processo Penal, e artigo 5º, inciso LVI, da Constituição Federal/88. B) DO DIREITO À ADVOGADO E COMUNICAÇÃO À FAMÍLIA A autoridade policial negou ao requerente o direito de se entrevistar com advogado, bem como não permitiu comunicação com a família. Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal/88, o preso tem direito à assistência de advogado. Logo, deveria a autoridade policial viabilizar a presença de advogado ou encaminhar a cópia dos autos à defensoria Pública. Além disso, a família do preso não foi imediatamente comunicada sobre a prisão, havendo, portanto, violação ao artigo 306, “caput”, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal/88. C) DA AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO AO JUIZ COMPETENTE E À DEFENSORIA PÚBLICA A autoridade policial não comunicou a prisão ao juiz competente, nem tampouco à Defensoria Pública. Todavia, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal, e artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal, a prisão deveria ser comunicada imediatamente ao juiz competente, bem como à Defensoria Pública, no prazo de 24 horas. Logo, trata-se de prisão ilegal. D) DA NOTA DE CULPA Após o decurso de dois dias da lavratura da prisão em flagrante, o Delegado não havia comunicado e, portanto, encaminhado os autos ao juiz competente, não entregando, pois, a nota de culpa. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 99 Todavia, conforme o artigo 306, §2º, do Código de Processo Penal, no prazo de 24 horas após a realização da prisão, deveria ser entregue a nota de culpa ao flagrado. Logo, trata-se de prisão ilegal. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) O relaxamento da prisão em flagrante; b) Expedição do alvará de soltura; c) Vista ao Ministério Público. Nestes termos, Pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 100 Como resolver liberdade provisória PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado No dia 15 de janeiro de 2022, por volta das 14 horas, na Rua das Mocas, nº 2000, São Paulo/SP, Josué da Silva foi preso em flagrante pela prática do delito de receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal, acusado de estar conduzindo veículo automotor que sabia ser produto de crime. Ao ser interrogado, Josué disse que era trabalhador e que tinha carteira de trabalho, embora estivesse, na ocasião, desempregado. Ao analisar a folha de antecedentes criminais de Josué, a autoridade policial constatou que o flagrado respondia a processo pelo delito de furto. Diante dessa anotação na Folha de AntecedentesCriminais de Josué, a autoridade policial representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando que existiria risco concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos com o aparato judicial. Você, como advogado(a) indicado por Josué, é comunicado da ocorrência da prisão em flagrante, além de tomar conhecimento da representação formulada pelo Delegado. Da mesma forma, o comunicado de prisão já foi encaminhado para o Ministério Público e para o magistrado, sendo todas as legalidades da prisão em flagrante observadas. O juiz recebeu o auto de prisão em flagrante, deixando para se manifestar na audiência de custódia. Josué, no entanto, desesperado com a situação disse para você, na condição de advogado (a), buscar soltá-lo o mais rápido possível, antes mesmo da designação da audiência de custódia. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado(a) de Josué, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, em favor do seu cliente, apontando os argumentos e fundamentos jurídicos pertinentes ao caso. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 101 AO JUÍZO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP Autos nº Josué da Silva, nacionalidade, estado civil, desempregado, RG..., CPF..., residente e domiciliado..., por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a presente LIBERDADE PROVISÓRIA, com base no artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal, artigo 321 do Código de Processo Penal e artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I) DOS FATOS O requerente foi preso em flagrante, acusado de ter praticado o delito de receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal. O auto de prisão em flagrante observou todas as formalidades e foi encaminhado, no prazo legal, ao Poder Judiciário. II) DO DIREITO A) Da impossibilidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva O requerente foi preso em flagrante acusado de ter praticado o delito de receptação, previsto no artigo 180, “caput”, do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 102 Todavia, nos termos do artigo 313, inciso I, do Código de Processo Penal, se o acusado não for reincidente em crime doloso, somente será admitida a prisão preventiva nos crimes dolosos punidos com pena máxima privativa de liberdade superior a quatro anos. Logo, no caso, considerando que o acusado não é reincidente e o crime de receptação simples prevê a pena máxima de quatro anos, não é possível a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, já que não estão presentes nenhuma das hipóteses do artigo 313 do Código de Processo Penal. Diante disso, a medida cabível é a concessão da liberdade provisória. B) Da ausência dos requisitos da prisão preventiva A autoridade policial representou pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, para preservação da ordem pública. Todavia, não estão presentes os requisitos que autorizam a prisão preventiva, uma vez que o requerente é primário, além de ser trabalhador, embora esteja desempregado. Logo, o requerente não representa perigo à ordem pública, ordem econômica, à conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal, estando, portanto, ausentes os fundamentos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Assim, deve-se conceder a liberdade provisória, nos termos do artigo 321 do Código de Processo Penal. C) Do princípio da presunção da inocência Convém destacar que prevalece no nosso ordenamento jurídico o princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal/88, razão pela qual deve o requerente responder a eventual procedimento criminal em liberdade. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 103 D) Da fiança ou medida cautelar diversa da prisão Na hipótese de não ser concedida a liberdade plena, cabe, no caso, a concessão de fiança ao requerente, uma vez que o delito pelo qual está sendo acusado não se enquadra nas hipóteses de inafiançabilidade previstas nos artigos 323 e 324, ambos do Código de Processo Penal. Em não sendo fixada fiança, postula-se, ainda de forma subsidiária, a fixação de outra medida cautelar diversa da prisão, prevista no artigo 319 do Código de Processo Penal, por ser tratar de medida mais conveniente e adequada do que a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, nos termos do artigo 282 do Código de Processo Penal. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) a concessão da liberdade provisória, a fim de que possa responder eventual processo em liberdade; b) Subsidiariamente, requer seja concedida a fiança ou outra medida cautelar diversa da prisão; c) Expedição de alvará de soltura; d) Vista ao Ministério Público. Nestes termos, Pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 104 Aulas relevantes Como resolver queixa-crime subsidiária PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado No dia 06 de abril de 2020, na cidade de Niterói, Carla, que contava com 19 anos de idade, caminhava sozinha pela rua, quando foi surpreendida por um indivíduo, que, por meio de emprego de uma faca, subtraiu o seu celular. A ação foi visualizada por Amarildo e Carlos, que conversavam próximo ao local. De imediato, Clara procurou a Delegacia de Polícia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio e narrou os fatos à autoridade policial, apontando a fisionomia do agente. Depois das investigações, a autoridade policial conseguiu reunir elementos informativos no sentido de que João teria sido o autor da subtração, já que, além de ter sido regularmente reconhecido pela vítima, foi apreendido em seu poder o celular subtraído e a arma branca utilizada. Após a conclusão do inquérito policial, os autos são encaminhados ao Ministério Público com relatório final de investigação, indiciando João, que se encontrava em liberdade provisória. Após 90 (noventa) dias do recebimento do inquérito, os autos permanecem no gabinete do Promotor de Justiça, sem que qualquer medida tenha sido adotada. Indignada, Carla procurou seu escritório de advocacia e narrou os fatos acima. Você, na qualidade de advogado(a) de Carla deve adotar a medida cabível. Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00 pontos) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 105 AO JUÍZO DA... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE NITERÓI/RJ CARLA, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua...., por meio do seu procurador infra- assinado, com procuração com poderes especiais, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer a presente QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA, com base nos artigos 29, 30, 41, 44, todos do Código de Processo Penal, artigo 100, § 3º, do Código Penal e artigo 5º, LIX, da Constituição Federal, contra JOÃO, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ..., pelos fatos a seguir expostos. I) DA TEMPESTIVIDADE E LEGITIMIDADE A presente queixa-crime subsidiária foi oferecida dentro do prazo de 6 meses, a contar da inércia do Ministério Público em oferecer a denúncia dentro do prazo do artigo 46 do Código de Processoe narrou os fatos acima. Você, na qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-lo. Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de “habeas corpus”, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes, datando-a no último dia do prazo. (Valor: 5,00 pontos) A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 7 AO JUÍZO DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE NITERÓI/RJ ENRICO, nacionalidade..., estado civil..., engenheiro, RG..., CPF..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua...., por meio do seu procurador infra-assinado, com procuração com poderes especiais, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer a presente QUEIXA-CRIME, com base nos artigos 30, 41, 44, todos do Código de Processo Penal, e artigo 100, § 2º, do Código Penal, contra HELENA, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., CPF..., endereço eletrônico..., residente na Rua ..., pelos fatos a seguir expostos. I – DA TEMPESTIVIDADE A presente queixa-crime é tempestiva, pois oferecida dentro do prazo de 6 meses, previsto nos artigos 38 do Código de Processo Penal e artigo 103 do Código Penal. II – DOS FATOS No dia 07 de maio de 2021, no prédio na praia de Icaraí, em Niterói/RJ, a querelada Helena difamou e injuriou o querelante, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação e ofendeu, ainda, sua dignidade e o decoro. Na ocasião, Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que também possui perfil na referida rede social e está adicionada nos contatos do querelante, por meio do seu computador pessoal, instalado em sua residência, publicou no perfil pessoal de Enrico o seguinte comentário: “não sei o motivo da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha”. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 8 Na sequência, com o propósito de prejudicar Enrico perante seus colegas de trabalho e atingir a sua reputação, acrescentou que “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”. Helena, ao utilizar o seu computador pessoal para inserir as expressões injuriosas e difamantes, no perfil do querelante em sua rede social, usou meio que facilitou a divulgação da difamação e injúria, incorrendo na causa de aumento de pena, prevista no artigo 141, § 2º, do Código Penal. III – DO DIREITO Ao afirmar que o querelante trabalha todo dia embriagado e que no dia 10 de abril, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê- lo, a querelada praticou o crime de difamação, previsto no artigo 139 do Código Penal. Ao afirmar que o querelante não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha, a querelada praticou o crime de injúria, previsto no artigo 140 do Código Penal. Helena, ao utilizar o seu computador pessoal para inserir as expressões injuriosas e difamantes, no perfil do querelante em sua rede social, usou meio que facilitou a divulgação da difamação e injúria, por meio de rede mundial de computador, incidindo, por isso, a causa de aumento de pena prevista no artigo 141, § 2º, do Código Penal. Helena praticou a injúria e a difamação no mesmo contexto, mediante única publicação, com desígnios autônomos, em concurso formal imperfeito de crimes, nos termos do artigo 70, 2ª parte, do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 9 IV – DO PEDIDO Ante o exposto, o querelante requer: a) A designação de audiência reconciliação, prevista no artigo 520 do Código de Processo Penal; b) O recebimento da queixa-crime; c) A citação da querelada; d) A procedência do pedido, com a consequente condenação da querelada pela prática dos crimes do artigo 139 e 140 c/c o artigo 141, § 2º, e artigo 70, todos do Código Penal; e) A fixação do valor mínimo de indenizatório, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal; f) A produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas. ROL DE TESTEMUNHAS: 1) CARLOS...; 2) MIGUEL...; 3) RAMIREZ... Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 6 de novembro de 2021. ADVOGADO... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 10 Como resolver resposta à acusação PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – 36º EXAME Enunciado No dia 31 de dezembro de 2019, Matheus, nascido em 10 de fevereiro de 2000, compareceu a uma festa de Ano Novo, em Vitória, Espírito Santo, juntamente com seus amigos. Animados com o evento, os amigos de Matheus ingeriram grande quantidade de bebida alcoólica, enquanto Matheus permaneceu bebendo somente água tônica, pois sabia que tinha intolerância ao álcool e que qualquer pequena quantidade de bebida alcoólica já o colocaria em situação de embriaguez. Ocorre que, em determinado momento, solicitou água tônica ao funcionário do bar, que, contudo, em erro, entregou a Matheus o drink “gin tônica”, que é feito com uma dose de gin misturada com água tônica. Matheus, com sede, deu um grande gole na bebida, vindo a ficar completamente embriagado, em razão da intolerância ao álcool. Sentindo-se mal, quando deixava o local dos fatos, Matheus é surpreendido com a presença de Caio, 25 anos, com quem já discutira em diversas oportunidades em jogos de futebol. Caio, ao verificar a situação de completa embriaguez de seu rival, começa a rir, momento em que Matheus usa a garrafa de refrigerante, de vidro, que estava em suas mãos, para desferir um golpe na cabeça de Caio. Caio é imediatamente encaminhado para o hospital e, após atendimento médico, comparece à Delegacia, narra o ocorrido e informa que teve de levar 15 pontos na cabeça, razão pela qual ficaria incapacitado de trabalhar por 45 dias. Em razão da dor que sentia na cabeça, deixou de comparecer, naquele momento, para a realização de exame de corpo de delito, informando, ainda, que não teve acesso ao Boletim de Atendimento Médico (BAM) no hospital, não sabendo se ele foi, efetivamente, realizado. Concluído o procedimento, o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público, que, com base apenas nas declarações de Caio, ofereceu denúncia em face de Matheus, perante a 2ª Vara Criminal de Vitória/ES, imputando-lhe a prática do crime do Art. 129, § 1º, inciso I, do Código Penal. Informou o Parquet que deixou de oferecer proposta de suspensão condicional do processo, em razão da significativa pena máxima prevista para o delito (05 anos de reclusão), bem como diante da Folha de Antecedentes Criminais, que registrava apenas uma condenação anterior de Matheus, com trânsito em julgado no ano de 2018, pela prática da infração prevista no Art. 42 do Decreto-lei no 3.688/41. Como documentação, o Ministério Público apresentou apenas imagens da câmera de segurança do local da festa e a Folha de Antecedentes Criminais. Após recebimento da denúncia, Matheus foi pessoalmente 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 11 citado e intimado para adoção das medidas cabíveis, em 16 de novembro de 2022, quarta-feira, data em que os mandados foram juntados aos autos, vindo a procurar seu advogado para assistência técnica. Informou ao patrono que, na data dos fatos, realizou exame dePenal, nos termos dos artigos 38 do Código de Processo Penal e art. 103 do Código Penal. Considerando ter extrapolado o prazo para o Ministério Público oferecer a denúncia, a ofendida passou a ter legitimidade para oferecer a presente queixa-crime subsidiária. II) DOS FATOS No dia 06 de abril de 2020, na cidade de Niterói/RJ, o querelado João subtraiu, mediante grave ameaça, por meio de emprego de uma faca, o celular que pertencia à querelante. Na ocasião, a querelante, que contava com 19 anos de idade, caminhava sozinha pela rua, quando foi surpreendida pelo querelado, que, por meio de grave ameaça, com emprego de uma faca, subtraiu o seu celular. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 106 A subtração ocorreu por meio de emprego de faca, incidindo, por isso, a causa de aumento de pena prevista no artigo 157, §2º, VII, do Código Penal. III) DO DIREITO Ao subtrair o celular da querelante, com emprego de uma faca, o querelado praticou o crime previsto no artigo 157, § 2º, VII, do Código Penal. IV) DO PEDIDO Ante o exposto, a querelante requer: a) O recebimento da presente queixa-crime subsidiária; b) A citação do querelado; c) A condenação do querelado pela prática do crime previsto no artigo 157, § 2º, VII, do Código Penal; d) A fixação do valor mínimo de indenizatório, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal; e) A produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas. ROL DE TESTEMUNHAS: 1) Amarildo...; 2) Carlos... Nestes termos, Pede deferimento. Local..., data... Advogado ... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 107 Como resolver razões de apelação PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Desejando comprar um novo carro, Leonardo, jovem com 19 anos, decidiu praticar um crime de roubo em um estabelecimento comercial, com a intenção de subtrair o dinheiro constante do caixa. Narrou o plano criminoso para Roberto, seu vizinho, mas este se recusou a contribuir. Leonardo decidiu, então, praticar o delito sozinho. Dirigiu-se ao estabelecimento comercial, nele ingressou e, no momento em que restava apenas um cliente, simulou portar arma de fogo e o ameaçou de morte, o que fez com ele saísse, já que a intenção de Leonardo era apenas a de subtrair bens do estabelecimento. Leonardo, em seguida, consegue acesso ao caixa onde fica guardado o dinheiro, mas, antes de subtrair qualquer quantia, verifica que o único funcionário que estava trabalhando no horário era um senhor que utilizava cadeiras de rodas. Arrependido, antes mesmo de ser notada sua presença pelo funcionário, deixa o local sem nada subtrair, mas, já do lado de fora da loja, é surpreendido por policiais militares. Estes realizam a abordagem, verificam que não havia qualquer arma com Leonardo e esclarecem que Roberto narrara o plano criminoso do vizinho para a Polícia. Tomando conhecimento dos fatos, o Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em preventiva e denunciou Leonardo como incurso nas sanções penais do art. 157, § 2º-A, inciso I, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Após decisão do magistrado competente, qual seja, o da 1ª Vara Criminal de Belo Horizonte/MG, de conversão da prisão e recebimento da denúncia, o processo teve seu prosseguimento regular. O homem que fora ameaçado nunca foi ouvido em juízo, pois não foi localizado, e, na data dos fatos, demonstrou não ter interesse em ver Leonardo responsabilizado. Em seu interrogatório, Leonardo confirma integralmente os fatos, inclusive destacando que se arrependeu do crime que pretendia praticar. Constavam no processo a Folha de Antecedentes Criminais do acusado sem qualquer anotação e a Folha de Antecedentes Infracionais, ostentando uma representação pela prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico, com decisão definitiva de procedência da ação socioeducativa. O magistrado concedeu prazo para as partes se manifestarem em alegações finais por memoriais. O Ministério Público requereu a condenação nos termos da denúncia. O advogado de Leonardo, contudo, renunciou aos poderes, razão pela qual, de imediato, o magistrado abriu vista para a Defensoria Pública apresentar alegações finais. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 108 Em sentença, o juiz julgou procedente a pretensão punitiva estatal. No momento de fixar a pena- base, reconheceu a existência de maus antecedentes em razão da representação julgada procedente em face de Leonardo enquanto era inimputável, aumentando a pena em 06 (seis) meses de reclusão. Não foram reconhecidas agravantes ou atenuantes. Na terceira fase, incrementou o magistrado em 2/3 (dois terços) a pena, justificando ser desnecessária a apreensão de arma de fogo, bastando a simulação de porte do material diante do temor causado à vítima. Com a redução de 1/3 (um terço) pela modalidade tentada, a pena final ficou acomodada em 5 (cinco) anos de reclusão. O regime inicial de cumprimento de pena foi o fechado, justificando o magistrado que o crime de roubo é extremamente grave e que atemoriza os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias. Intimado, o Ministério Público apenas tomou ciência da decisão. A irmã de Leonardo o procura para, na condição de advogado, adotar as medidas cabíveis. Constituída nos autos, a defesa interpôs o recurso cabível. O Magistrado recebeu o recurso, sendo a defesa intimada no dia 06 de maio de 2019, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país. Com base nas informações expostas acima e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 109 AO JUÍZO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG Processo nº LEONARDO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, oferecer as presentes RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO, com base no art. 600 do Código de Processo Penal, requerendo sejam recebidas, com posterior remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. As presentes razões de recurso de apelação são tempestivas, pois oferecidas dentro do prazo de 8 dias, previsto no artigo 600 do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento Local..., 14 de maio de 2019. Advogado... OAB. EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Apelante: Leonardo Apelado: Ministério Público Processo nº ... RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Colenda Câmara Criminal 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 110 I) DOS FATOS O réu foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado tentado, previsto no art. 157, § 2º-A, inciso I, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. O réu foi interrogado. Encerrada a instrução, o Ministério Público requereu a condenação. Em sentença, o juiz julgou procedente a pretensão punitiva estatal, fixando a pena de 05 (cinco) anos de reclusão, em regime fechado. Intimada da sentença, a defesa interpôs o recurso cabível, que foi recebido pelo Magistrado. Após, a defesa foi intimada para apresentar a peça correspondente no dia 06 de maio de 2019, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o país. II) DO DIREITO A) DA NULIDADE O advogado do réu renunciou aos poderes, tendo o Magistrado, de imediato, concedido vista para a Defensoria Pública apresentar alegações finais. Todavia, o processo deve ser anulado a partir da apresentação das alegações finais pela Defensoria Pública, uma vez que deveria o Magistrado intimar o réu, queestava preso, para se manifestar acerca do interesse de constituir novo advogado ou ser defendido pela Defensoria Pública. A abertura, de imediato, de vista dos autos à Defensoria Pública violou princípio da ampla defesa, previsto no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal/1988, uma vez que as alegações finais foram apresentadas sem nenhum contato com o réu, acarretando-lhe prejuízo, já que restou condenado. B) DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA O réu foi denunciado pela prática de crime de roubo majorado tentado. Todavia, ao verificar que o único funcionário que estava trabalhando no local era um senhor que utilizava cadeiras de rodas, o réu, mesmo antes de ser notado, desistiu de prosseguir a subtração, deixando o local sem nada subtrair. Logo, não poderia ter sido imputado ao réu a prática de roubo na modalidade tentada, uma vez que, incidindo hipótese de desistência voluntária, o agente responde 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 111 pelos atos praticados, nos termos do artigo 15 do Código Penal, afastando a possibilidade de tentativa, sendo o fato atípico, já que os atos praticados não constituem crime. Em relação à ameaça, crime de ação penal pública condicionada à representação, como o cliente ameaçado demonstrou não ter interesse em ver o réu responsabilizado, operou-se, no caso, a decadência do direito de representação. Logo, os fatos até então praticados não constituem crime, ensejando a absolvição, com base no artigo 386, III, do Código de Processo Penal. C) DOS MAUS ANTECEDENTES O Juiz aumentou a pena-base em razão da representação julgada procedente em face do réu enquanto era inimputável. Todavia, não poderia o Magistrado elevar a pena-base, porque a existência de representação pela prática de ato infracional, ainda que com decisão definitiva, não enseja maus antecedentes, já que decisão reconhecendo a prática de ato infracional não constitui fundamento idôneo a elevar a pena- base. Logo, na eventualidade de ser mantida a condenação, deve ser afastado o aumento da pena pelos maus antecedentes, devendo a pena-base ficar no mínimo legal. D) DA ATENUANTE DA MENORIDADE O Juiz não reconheceu a atenuante da menoridade. Todavia, o réu era menor de 21 (vinte e um) anos na data dos fatos. Logo, incide a atenuante da menoridade relativa, prevista no art. 65, inciso I, do Código Penal. Assim, requer seja reconhecida a atenuante da menoridade relativa. E) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA Ao ser interrogado, o réu confessou os fatos, confirmando integralmente os fatos, inclusive destacando que se arrependeu do crime que pretendia praticar. Logo, incide a atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal. F) DO AFASTAMENTO DO AUMENTO DE PENA PELO EMPREGO DE ARMA 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 112 O magistrado aplicou o aumento de 2/3 (dois terços) da pena, sob o fundamento de ser desnecessária a apreensão da arma de fogo, sendo suficiente a simulação do porte da arma para ensejar a causa de aumento de pena. Todavia, nos termos do art. 157, § 2º-A, inciso I, do Código Penal, a pena do delito de roubo aumenta-se até 2/3 (dois terços) se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma. No caso, não há provas do emprego de arma de fogo, já que nenhuma arma foi apreendida. Além disso, a simulação do uso de arma de fogo, por si só, não autoriza a incidência da causa de aumento de pena, uma vez que não gera risco à integridade física da vítima. Assim, deve ser afastada a majorante do art. 157, § 2º-A, inciso I, do Código Penal. G) DA DIMINUIÇÃO DA PENA PELA TENTATIVA E SURSIS O Magistrado reduziu a pena em 1/3 (um terço), restando a pena definitiva em cinco anos. Todavia, o réu ficou distante da consumação do delito, tanto que desistiu da empreitada delituosa antes mesmo de ser visto pelo funcionário do estabelecimento comercial. Logo, a diminuição da pena pela tentativa deveria ser considerada pela redução máxima, ou seja, em 2/3 (dois terços), o que levaria a pena definitiva a ficar abaixo de 02 (dois) anos. Assim, considerando a pena abaixo de 02 (dois) anos, bem como o fato de o réu ser primário e não ser cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, cabe, no caso, o sursis, ou seja a suspensão condicional da pena, nos termos do art. 77 do Código Penal. H) DO REGIME CARCERÁRIO O Juiz fixou o regime inicial fechado, justificando que o crime de roubo é extremamente grave e que atemoriza os cidadãos de Belo Horizonte todos os dias. Todavia, a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do delito não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que permitia a pena aplicada, nos termos das Súmula nº 718 e 719, ambas do Supremo Tribunal Federal, e Súmula nº 440 do Superior Tribunal de Justiça. Assim, considerando que a pena não supera 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 113 04 anos, deveria ser fixado o regime carcerário aberto, nos termos do art. 33, § 2º, alínea c, do Código Penal. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a reforma da decisão recorrida, para o fim de que: a) Seja declarada a nulidade do processo a partir das alegações finais pela Defensoria Pública; b) Seja o réu absolvido, com base no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal; c) Seja afastado o aumento pelos maus antecedentes, fixando a pena-base no mínimo legal; d) Seja reconhecida a atenuante da menoridade relativa, nos termos do art. 65, inciso I, do Código Penal; e) Seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea, nos termos do art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal; f) Seja afastado o aumento da pena pelo emprego de arma de fogo, fixando a pena no mínimo legal; g) Seja considerada a redução máxima pela tentativa, ou seja, em 2/3 (dois terços) da pena; h) Seja concedido o sursis, nos termos do art. 77 do Código Penal; i) Seja fixado o regime inicial aberto de cumprimento de pena, nos termos do art. 33, § 2º, alínea c, do Código Penal; j) Seja expedido o alvará de soltura do réu. Nestes termos, pede deferimento. Local..., 14 de maio de 2019. Advogado.... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 114 Como resolver contrarrazões de recurso em sentido estrito PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado No dia 25 de janeiro de 2015, Roniquito Vieira foi flagrado vendendo razoável quantidade de cocaína. Ao consultar os registros policiais, a autoridade policial verificou que não havia nenhum procedimento policial ainda instaurado contra Roniquito. Não obstante isso, deu início à lavratura do auto de prisão em flagrante pela prática do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006. Ao tomar vista dos autos, o Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em preventiva. O Magistrado proferiu decisão indeferindo o pedido e concedeu a liberdade provisória a Roniquito. O Ministério Público foi intimado da decisão no dia 04 de maio de 2016, quarta-feira, e apresentou recurso em sentido estrito perante o juízo de primeira instância, acompanhado das respectivas razões, no dia 19 de maio de 2016 (quinta-feira), argumentando que: a) o crime de tráfico de drogas é insuscetível de liberdade provisória, nos termos do art. 44 da Lei nº 11.343/2006; b) estão presentes os requisitos da prisão preventiva, sobretudo a garantia da ordem pública, já que o crime de tráfico de drogas é grave, pois fomenta a existência de um Estado paralelo e a prática de outros delitos. O Magistrado, então, recebeu o recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público e intimou, no dia 09 de junho de 2016 (quinta-feira), você, advogado(a) de Roniquito, para apresentara medida cabível. Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Roniquito, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando-se que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 115 AO JUÍZO DA... VARA CRIMINAL DA COMARCA... Autos nº... RONIQUITO VIEIRA, já qualificado nos autos, por seu procurador infra- assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no art. 588 do Código de Processo Penal. As presentes contrarrazões são tempestivas, já que oferecidas dentro do prazo de 2 dias, previsto no artigo 588 do Código de Processo Penal2. Nesse sentido, requer sejam recebidas, mantendo-se a decisão recorrida em sede de juízo de retratação, previsto no artigo 589 do Código de Processo Penal, com posterior remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Estado... Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 13 de junho de 2016. Advogado... OAB... 2 Considerando a exigência da tempestividade na peça do 35º Exame, sugerimos expressamente que a peça é tempestiva. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 116 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO.... RECORRENTE: Ministério Público RECORRIDO: Roniquito Vieira Autos nº... CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O recorrido foi preso em flagrante, acusado de ter praticado, em tese, o delito de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006. O Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. O Magistrado proferiu decisão indeferindo o pedido e concedeu a liberdade provisória. Inconformado, o Ministério Público interpôs Recurso em Sentido Estrito. O recurso foi recebido e a defesa intimada para apresentar a medida cabível. II) DO DIREITO A) DA INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO O Ministério Público foi intimado da decisão no dia 04 de maio de 2016, numa quarta-feira, e apresentou Recurso em Sentido Estrito no dia 19 de maio de 2016. Todavia, nos termos do art. 586 do Código de Processo Penal, o prazo para interpor o Recurso em Sentido Estrito é de 05 dias. Logo, considerando que entre a data da intimação da decisão e da interposição do recurso passaram mais de 05 dias, já que o último dia do prazo seria 09 de maio de 2016, conclui-se que o Recurso em Sentido Estrito é intempestivo. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 117 Logo, não deve ser conhecido o recurso. B) DA INCONSTITUCIONALIDADE DA VEDAÇÃO DA CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA O Ministério Público requereu a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, alegando que o crime de tráfico de drogas é insuscetível de liberdade provisória, nos termos do art. 44 da Lei nº 11.343/2006. Todavia, conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal, a vedação da concessão de liberdade provisória afronta o princípio da presunção da inocência, previsto no art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal/1988, segundo o qual a prisão cautelar é medida excepcional, já que ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença condenatória. Além disso, viola o princípio do devido processo legal, previsto no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal/1988, já que, com a vedação prevista no art. 44 da Lei nº 11.343/2006, retira do juiz a possibilidade de analisar a necessidade da prisão cautelar ou soltura do flagrado. C) DA GRAVIDADE EM ABSTRATO O Ministério Público busca a prisão do recorrido, afirmando que estão presentes os requisitos da prisão preventiva, sobretudo a garantia da ordem pública, já que o crime de tráfico de drogas é grave, pois fomenta a existência de um Estado paralelo e a prática de outros delitos. Todavia, a opinião do julgador acerca da gravidade em abstrato do delito não constitui motivação idônea e suficiente para embasar um decreto de prisão, sendo necessária decisão fundamentada, apontando de forma concreta, um dos motivos ensejadores da prisão preventiva, constantes no art. 312 do Código de Processo Penal, bem como nos termos do art. 93, inciso IX, da Constituição Federal/1988 e art. 5º, inciso LXI, da Constituição de Federal/1988, bem como o artigo 312, § 2º, do Código de Processo Penal, e artigo 315, § 2º, II, do Código de Processo Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 118 Logo, considerando que não estão presentes os requisitos que autorizam a preventiva, sobretudo porque o recorrido é primário, o recurso em sentido estrito deve ser improvido. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer NÃO SEJA CONHECIDO e que seja IMPROVIDO o recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público, MANTENDO-SE a decisão recorrida nos seus exatos termos. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 13 de junho de 2016. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 119 Como resolver contrarrazões de agravo em execução PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de roubo simples, pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave ameaça, um aparelho celular. Apesar de o crime restar consumado, o telefone celular foi recuperado pela vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal conduta, foi Gilberto denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157, caput, do Código Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão em regime inicial fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para ambas as partes em 11 de setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em liberdade, mas, desde o dia 15 de setembro de 2013, vem cumprindo a sanção penal que lhe foi aplicada regularmente, inclusive obtendo progressão de regime. Nunca foi punido pela prática de falta grave e preenchia os requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios da execução penal. No dia 25 de agosto de 2015, você, advogado(a) de Gilberto, formulou pedido de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido foi deferido pelo Magistrado. O Ministério Público foi intimado da decisão em 14 de setembro de 2015, uma segunda-feira, sendo terça-feira dia útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de agravo em execução perante o juízo competente, acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, alegando: a) o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade; b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir metade da pena imposta para obtenção do livramentocondicional; c) indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em vista que os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 120 O magistrado, então, recebeu o recurso de agravo em execução e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo o país, você, advogado(a) de Gilberto, para apresentar a medida cabível. Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 121 AO JUÍZO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ Processo nº ... GILBERTO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no artigo 588 do Código de Processo Penal. As presentes contrarrazões são tempestivas, pois interpostas dentro do prazo de 2 dias, nos termos do artigo 588 do Código de Processo Penal3. Nesse sentido, requer sejam recebidas, mantendo-se a decisão recorrida em sede de juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal, com posterior remessa dos autos ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 21 de outubro de 2015. Advogado... OAB... 3 Considerando a exigência da tempestividade na peça do 35º Exame, sugerimos expressamente que a peça é tempestiva. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 122 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Agravante: Ministério Público Agravado: Gilberto Processo nº... CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O agravado foi denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do artigo 157, “caput”, do Código Penal, a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão, em regime inicial fechado. A sentença transitou em julgado para ambas as partes no dia 11 de setembro de 2013. No dia 25 de agosto de 2015, o agravado formulou pedido de livramento condicional, que foi deferido pelo Juiz da Execução Penal. Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de agravo em execução, acompanhado das razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015. O Magistrado recebeu o recurso interposto pelo Ministério Público e intimou a defesa para apresentar e medida cabível. II) DO DIREITO A) DA INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO EM EXECUÇÃO O Ministério Público foi intimado da decisão no dia 14 de setembro de 2015 e interpôs o recurso de agravo em execução no dia 30 de setembro de 2015. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 123 Todavia, nos termos do artigo 586 do Código de Processo Penal e Súmula 700 do Supremo Tribunal Federal, o prazo para interposição do recurso é de cinco dias. Logo, considerando que entre a data da intimação e da interposição do recurso passaram mais de cinco dias, já que o prazo vencia no dia 21 de setembro de 2015, conclui-se que o recurso de agravo em execução é intempestivo. Diante disso, o recurso de agravo em execução não deve ser conhecido. B) DO ROUBO NÃO SER CRIME HEDIONDO O Ministério Público postulou o indeferimento do livramento condicional, sob o fundamento de que o crime de roubo simples é hediondo, devendo, portanto, cumprir 2/3 da pena para o livramento condicional. Todavia, o crime de roubo simples não é hediondo, porque não consta do rol previsto no artigo 1º da Lei 8.072/90. Assim, não há necessidade de cumprir 2/3 da pena para o livramento condicional, mas 1/3 da pena, já que o agravado não é reincidente, nos termos do artigo 83, inciso I, do Código Penal. C) DOS MAUS ANTECEDENTES PARA CUMPRIMENTO ½ DA PENA O Ministério Público postulou o indeferimento do pedido de livramento condicional, argumentando que não estaria preenchido o requisito objetivo, já que o agravado ostenta maus antecedentes, devendo cumprir ½ da pena para obtenção do livramento condicional. Todavia, a pretensão do Ministério Público fere o princípio da legalidade, uma vez que o artigo 83, inciso II, do Código Penal, prevê que apenas o condenado reincidente em crime doloso deverá cumprir ½ da pena para obtenção do livramento condicional. Logo, embora o artigo 83, inciso I, do Código Penal, disponha que o condenado não reincidente em crime doloso e portador de bons antecedentes, deve cumprir 1/3 da pena, essa fração deve ser aplicada também na hipótese de o condenado ser portador de maus antecedentes e primário, por ausência de previsão legal para adotar a fração de ½. Assim, diante da omissão legislativa, deve ser considerado o percentual mais 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 124 favorável ao agravado, pois não cabe falar em analogia in malam partem. D) DA DESNECESSIDADE DO EXAME CRIMINOLÓGICO O Ministério Público postula o indeferimento do livramento condicional, porque considera indispensável a realização do exame criminológico, tendo em vista que os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade. Todavia, nos termos do artigo 112 da Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), para fins de progressão de regime e livramento condicional, basta atestado de bom comportamento carcerário durante a execução da pena. O simples fato de considerar o crime de roubo grave não justifica a realização do exame criminológico, não constituindo motivação idônea para exigir a realização de tal exame, devendo a fundamentação considerar a gravidade em concreto do caso, nos termos da Súmula 439 do Superior Tribunal de Justiça. Além disso, o agravado nunca foi punido pela prática de falta grave dentro do estabelecimento prisional, de modo que desnecessária a realização do exame criminológico. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer NÃO SEJA CONHECIDO e que seja IMPROVIDO o recurso de agravo em execução, MANTENDO-SE, por conseguinte, a decisão recorrida nos seus exatos termos. Local..., 21 de outubro de 2015. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 125 Como resolver recurso especial PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do delito de roubo simples em sua modalidade tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de dois anos de reclusão em regime aberto. Todavia, atento às particularidades do caso concreto, o referido magistrado concedeu-lhe o benefício da suspensão condicional da execução da pena, sendo certo que, na sentença, não fixou nenhuma condição. Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando a absolvição de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, subsidiariamente, a substituição do benefício concedido por uma pena restritiva de direitos. O Tribunal de Justiça, por sua vez, no julgamento da apelação, de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, no acórdão, fixou as condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na sentença condenatória. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, você, advogado(a) de Daniel foi intimado, para apresentar a medida cabível. Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto,redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 126 AO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... Recurso Recorrido nº ... DANIEL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO ESPECIAL, com base no art. 105, III, “a”, da Constituição Federal, requerendo seja o recurso recebido e processado e, ao final, remetido ao Superior Tribunal de Justiça. O presente recurso é tempestivo, pois interposto dentro do prazo de 15 dias4. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB... 4 Considerando a exigência da tempestividade na peça do 35º Exame, sugerimos expressamente que a peça é tempestiva. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 127 COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Recorrente: DANIEL Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO Recurso nº ... RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL Colendo Superior Tribunal de Justiça Douta Turma Eminentes Ministros I) DOS FATOS Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do delito de roubo simples em sua modalidade tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de dois anos de reclusão em regime aberto, concedendo-lhe o benefício da suspensão condicional da execução da pena, não fixando nenhuma condição. Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando a absolvição de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, subsidiariamente, a substituição do benefício concedido por uma pena restritiva de direitos. O Tribunal de Justiça, por sua vez, no julgamento da apelação, de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, no acórdão, fixou as condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na sentença condenatória. II) DO DIREITO O recorrente foi condenado pela prática do delito de roubo simples tentado, sendo-lhe concedido o benefício da suspensão condicional da pena, sem, no entanto, terem sido fixadas condições. Todavia, em recurso exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiça negou provimento ao pedido formulado e, ainda, fixou as condições do sursis, violando o 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 128 disposto no art. 617 do Código de Processo Penal, já que a fixação das condições cabia ao juiz de 1º grau. Como não houve impugnação por parte do Ministério Público, a decisão proferida pelo Tribunal configura verdadeira reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de Processo Penal. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso especial, para o fim de que seja REFORMADO O ACÓRDÃO e, consequentemente, mantida a decisão que concedeu o sursis, sem estabelecer as condições do benefício. Nestes temos, Pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 129 Como resolver mandado de segurança PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Enunciado Jurema, atrasada para um encontro pessoal, dirige seu carro sem observar o limite de velocidade exigida para o local. Em uma via de mão dupla, Jurema atravessou a via preferencial e, de forma imprudente, acabou atingindo a motocicleta conduzida por Francisco. Não obstante o socorro rápido, Francisco vem a falecer em decorrência dos ferimentos sofridos pela colisão provocada por Jurema. Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Público decide oferecer denúncia contra Jurema, imputando-lhe a prática do delito de homicídio culposo na condução de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, sendo a peça acusatória recebida pelo juiz da 5ª Vara Criminal da Comarca de Niterói/RJ. Ao longo da ação penal, Maria, companheira de Francisco, formula pedido de habilitação na condição de assistente à acusação, acompanhado do respectivo contrato de união estável. O Magistrado indeferiu o pedido, sob o argumento de que o artigo 268 do Código de Processo Penal não prevê legitimidade à companheira para intervir como assistente à acusação. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore, na condição de advogado de Maria, a peça cabível, adotando os argumentos pertinentes. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 130 AO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MARIA, nacionalidade, união estável, profissão, RG..., domiciliada..., por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar MANDADO DE SEGURANÇA, com pedido liminar, com base no artigo 5º, inciso LIX, da Constituição Federal/88, combinado com o artigo 1º da Lei 12.016/2009, contra ato do Juiz de Direito da 5ª Vara Criminal da Comarca de Niterói/RJ, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: I) DA TEMPESTIVIDADE O presente mandado de segurança é tempestivo, uma vez que impetrado dentro do prazo de 120 dias, na forma do artigo 23 da Lei nº 12.016/2009.5 II) DOS FATOS O Ministério Público ofereceu denúncia contra Jurema, imputando-lhe a prática do delito de homicídio culposo na condução de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97). A impetrante, companheira da vítima Francisco, formulou pedido de habilitação na condição de assistente à acusação, acompanhado do respectivo contrato de união estável. 5 Considerando a exigência da tempestividade na peça do 35º Exame, sugerimos mencionar a que o mandado de segurança é tempestivo. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 131 O Magistrado indeferiu o pedido, sob o argumento de que o artigo 268 do Código de Processo Penal não prevê legitimidade à companheira para intervir como assistente à acusação. III) DO DIREITO O Magistrado indeferiu o pedido de habilitação à assistente à acusação formulado pela impetrante, sob o argumento de que o artigo 268 do Código de Processo Penal não prevê legitimidade da companheira para intervir como assistente à acusação. Todavia, embora o artigo 268 do Código de Processo Penal não faça referência à legitimidade do companheiro nos casos de união estável, o artigo 226, § 3º, da Constituição Federal, reconheceu a união estável entre homem e mulher como entidade familiar para fins de proteção do Estado. Logo, a própria Constituição Federal legitima a companheira como sucessor no caso de falecimento do ofendido para fins de habilitação como assistente da acusação. Assim, a decisão proferida pelo Magistrado violou direito líquido e certo da impetrante, a concessão do mandado de segurança é medida que se impõe. IV) DA LIMINAR Como se vê, estão presentes o fumus boni juris e o periculum in mora, pressupostos autorizadores da concessão liminar do mandado de segurança postulado. A impetrante juntou aos autos o contrato de união estável, demonstrando sua condição de companheira da vítima e parte legítima para figurar como assistente da acusação. Além disso, a liminar se faz necessária dada a impossibilidade de reversão do ato da autoridade judiciária, já que a impetrante não poderá se manifestar nos atos processuais produzidos ao longo do procedimento criminal em que seu companheiro figura como vítima. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças132 V) DO PEDIDO Ante o exposto, o impetrante requer a concessão do mandado de segurança, para o fim de: a) Seja ouvido o ilustre representante do Ministério Público; b) Seja expedido ofício à autoridade coatora, a fim de que preste informações, nos termos do artigo 7º, inciso I, da Lei 12.016/2009; c) Liminarmente, seja deferida a habilitação da impetrante como assistente da acusação na ação penal em que seu falecido companheiro figura como vítima; d) Seja concedido de forma definitiva o mandado de segurança, mantendo-se a liminar postulada, para o fim de que seja cassada a decisão do Juiz da 5ª Vara Criminal da Comarca de Niterói, com a consequente habilitação da impetrante como assistente da acusação na ação penal em que seu falecido companheiro figura como vítima; e) Atribui-se à causa o valor de Alçada Nestes termos, Pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 133alcoolemia e atendimento médico, que constatou que ele se encontrava completamente embriagado em razão da ingestão de bebida alcóolica (gin) e sua intolerância, bem como, que era inteiramente incapaz de determinar-se sobre o caráter ilícito do fato. Forneceu, ainda, o nome do funcionário do bar que teria lhe atendido (Carlos) e dos seus amigos José e Antônio, que teriam presenciado os fatos. Confirmou, todavia, que desferiu o golpe de garrafa na cabeça de Caio, que deixou o local com sangramento. Considerando a situação narrada, apresente, na qualidade de advogado de Matheus, a peça jurídica cabível diferente de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas as teses jurídicas de direito material e direito processual pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo, considerando que de segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 12 AO JUÍZO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE VITÓRIA/ES Processo nº Matheus, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base no artigo 396 e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I) DA TEMPESTIVIDADE A presente Resposta à Acusação é tempestiva, uma vez que apresentada dentro do prazo de 10 dias, na forma do artigo 396 do Código de Processo Penal. II) DOS FATOS O réu foi denunciado pelo crime de lesão corporal qualificada, previsto no artigo 129, §1º, inciso I, do Código Penal. Após o recebimento da denúncia, Matheus foi pessoalmente citado e intimado para adoção das medidas cabíveis, em 16 de novembro de 2022, quarta-feira. III) DO DIREITO A) DA AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO A denúncia deve ser rejeitada ou declarada a nulidade do recebimento da denúncia. Isso porque o crime de lesão corporal qualificada deixa vestígios, sendo, portanto, indispensável o exame de corpo de delito, conforme o artigo 158 do Código de Processo Penal, não bastando as declarações do ofendido para comprovar a materialidade do delito. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 13 No caso, a vítima deixou de realizar o exame de corpo de delito, em razão de dores de cabeça, não havendo informações sobre a realização ou juntada do Boletim de Atendimento Médico. Logo, diante da falta de justa causa, a denúncia deve ser rejeitada, conforme prevê o artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal, bem como reconhecida a nulidade do recebimento da denúncia, conforme o artigo 564, III, “b”, do Código de Processo Penal. B) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Deve ser declarada a nulidade do processo, diante da alta de proposta de suspensão condicional do processo. Isso porque deve ser proposta a suspensão condicional do processo quando a pena mínima cominada ao delito imputado for de até 01 ano, bem como não estar sendo processado ou possuir condenação pela prática de crime, nos termos do artigo 89 da Lei 9.099/95. No caso, havia informação de que Matheus registrava contra si apenas uma condenação anterior pela prática da contravenção penal prevista no artigo 42 do Decreto- lei nº 3.688/41. Logo, deve ser declarada a nulidade dos atos processuais, uma vez que a condenação anterior por contravenção penal não impede a proposta de suspensão condicional do processo. C) DA EMBRIAGUEZ COMPLETA ACIDENTAL O réu agiu em embriaguez completa e acidental decorrente de caso fortuito, causa de exclusão da culpabilidade, nos termos do artigo 28, §1º, do Código Penal. Isso porque, conforme exame de alcoolemia, foi constatado que Matheus estava completamente embriagado ao tempo do fato, em razão de situação não esperada, uma vez que solicitou água tônica ao funcionário do bar, mas este, por erro, entregou a Matheus o drink “gin tônica”. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 14 Logo, deve Matheus ser absolvido sumariamente, conforme artigo 397, inciso II, do Código de Processo Penal. IV) DO PEDIDO Ante o exposto, requer o denunciado: a) Nulidade do ato de recebimento da denúncia, com base no artigo 564, III, “b”, do Código de Processo Penal. b) Rejeição da denúncia, com base no artigo 395, III, do Código de Processo Penal; c) Nulidade do processo OU encaminhamento dos autos ao Ministério Público, pelo não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo; d) Absolvição sumária, com base no artigo 397, inciso II, do Código de Processo Penal; e) Produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente a testemunhal. ROL DE TESTEMUNHAS a) Carlos... b) José... c) Antônio... Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 28 de novembro de 2022. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 15 Como resolver memoriais PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXXII EXAME OAB Enunciado Na madrugada do dia 1º de janeiro de 2020, Luiz, nascido em 24 de abril de 1948, estava em sua residência, em Porto Alegre, na companhia de seus três filhos e do irmão Igor, nascido em 29 de novembro de 1965, que também morava há dois anos no mesmo imóvel. Em determinado momento, um dos filhos de Luiz acionou fogos de artifício, no quintal do imóvel, para comemorar a chegada do novo ano. Ocorre que as faíscas atingiram o telhado da casa, que começou a pegar fogo. Todos correram para sair pela única e pequena porta da casa, mas Luiz, em razão de sua idade e pela dificuldade de locomoção, acabou ficando por último na fila para saída da residência. Percebendo que o fogo estava dele se aproximando e que iria atingi-lo em segundos, Luiz desferiu um forte soco na cabeça do irmão, que estava em sua frente, conseguindo deixar o imóvel. Igor ficou caído por alguns momentos, mas conseguiu sair da casa da família, sangrando em razão do golpe recebido. Policiais chegaram ao local do ocorrido, sendo instaurado procedimento para investigar a autoria do crime de incêndio e outro procedimento para apurar o crime de lesão corporal. Luiz, verificando as consequências de seus atos, imediatamente levou o irmão para unidade de saúde e pagou pelo tratamento médico necessário. Igor compareceu em sede policial após ser intimado, narrando o ocorrido, apesar de destacar não ter interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente. Concluídas as investigações em relação ao crime de lesão, os autos foram encaminhados ao Ministério Público, que, com base no laudo prévio de lesão corporal de Igor atestando a existência de lesão de natureza leve na cabeça, ofereceu denúncia, perante a 5ª Vara Criminal de Porto Alegre/RS, órgão competente, em face de Luiz como incurso nas sanções penais do Art. 129, § 9º, do Código Penal. Deixou o órgão acusador de oferecer proposta de suspensão condicional do processo com fundamento no Art. 41 da Lei nº 11.340/06, que veda a aplicação dos institutos da Lei nº 9.099/95, tendo em vista que aquela lei (Lei nº 11.340/06) estabeleceu nova pena para o delito imputado. Após citação e apresentação de resposta à acusação, na qual Luiz demonstrou interesse na aplicação do Art. 89 da Lei nº 9.099/95, os fatos foram integralmente confirmados durante a instrução probatória. Igor confirmou a agressão, a ajuda posterior do irmão e o desinteresse em 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 16 responsabilizá-lo. O réu permaneceu em silêncio duranteseu interrogatório. Em seguida, foi acostado ao procedimento o laudo definitivo de lesão corporal da vítima atestando a existência de lesões de natureza leve, assim como a Folha de Antecedentes Criminais de Luiz, que registrava uma única condenação, com trânsito em julgado em 10 de dezembro de 2019, pela prática de contravenção penal. O Ministério Público apresentou a manifestação cabível requerendo a condenação do réu nos termos da denúncia, destacando, ainda, a incidência do Art. 61, inciso I, do CP. Em seguida, a defesa técnica de Luiz foi intimada, em 19 de janeiro de 2021, terça-feira, para apresentação da medida cabível. Considerando apenas as informações expostas, apresente, na condição de advogado(a) de Luiz, a peça jurídica cabível, diferente do habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas as teses cabíveis de direito material e processual. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para apresentação, devendo segunda a sexta-feira serem considerados dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 17 AO JUÍZO DA 5ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS Processo nº LUIZ, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS, com base no artigo 403 § 3º OU artigo 404, parágrafo único, ambos do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I) DA TEMPESTIVIDADE Os presentes memoriais são tempestivos, já que apresentados dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 403, §3°, do Código de Processo Penal. II) DOS FATOS O réu foi denunciado pela prática do crime de lesão corporal previsto no artigo 129, § 9º, do Código Penal. Durante a audiência de instrução, foi ouvida a vítima. O réu permaneceu em silêncio durante o interrogatório. O Ministério Público requereu a condenação do réu nos termos da denúncia, destacando a incidência do artigo 61, inciso I, do Código Penal. A defesa foi intimada no dia 19 de janeiro de 2021. III) DO DIREITO A) DA FALTA DE REPRESENTAÇÃO Como já se passaram mais de 6 meses a partir da data da ciência da autoria do fato, nos termos do artigo 38 do Código de Processo Penal e artigo 103 do Código Penal, ocorreu a extinção da punibilidade, pela decadência do direito de representação, nos termos do artigo 107, IV, do Código Penal. Isso porque o crime de lesão corporal leve é de ação penal pública 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 18 condicionada à representação, conforme prevê o artigo 88 da Lei 9.099/95. E, no caso, a vítima demonstrou não ter interesse em ver o autor do fato responsabilizado criminalmente, não havendo, pois, condição de procedibilidade da ação penal. Além disso, a falta de representação enseja nulidade do processo nos termos do artigo 564, inciso III, alínea “a” ou inciso IV, do Código de Processo Penal. B) DA PROPOSTA DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO O Ministério Publico deixou de oferecer proposta de suspensão condicional do processo com fundamento no artigo 41 da Lei nº 11.340/06. Isso porque o crime não foi praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher, não sendo aplicável a previsão do artigo 41 da Lei nº 11.340/06 pelo fato da vítima ser homem. Logo, ocorreu nulidade do processo pelo não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo. C) DO ESTADO DE NECESSIDADE O réu agiu em estado de necessidade, causa excludente de ilicitude, previsto no artigo 23, I e 24, ambos do Código Penal. Isso porque a casa estava pegando fogo e, em razão de sua idade e pela dificuldade de locomoção, o réu acabou ficando por último na fila para a saída da residência, sendo o único meio para se salvar da situação de perigo praticar a lesão corporal contra o irmão. Assim, deve o réu ser absolvido, com base no artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 19 D) DA PENA BASE NO MÍNIMO LEGAL A pena-base deve ser fixada no mínimo legal, já que todas as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal são favoráveis. E) DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA Deve ser afastada a agravante da reincidência. Isso porque o réu foi condenado, com sentença transitada em julgado, pela prática de contravenção penal, não se enquadrando no contexto do artigo 63 do Código Penal, que prevê a reincidência quando o agente comete novo crime após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória pela prática de crime anterior. Logo, deve ser afastada a agravante da reincidência, prevista no artigo 61, inciso I, do Código Penal. F) DA ATENUANTE DA IDADE O réu era maior de 70 anos na data da sentença, razão pela qual deve ser reconhecida a atenuante prevista no artigo 65, inciso I, do Código Penal. G) DA ATENUANTE DO ARTIGO 65, INCISO III, ALÍNEA “B”, DO CP Deve ser reconhecida a atenuante prevista no artigo 65, III, “b”, do Código Penal. Isso porque, o réu imediatamente levou o irmão para a unidade de saúde e pagou pelo tratamento médico necessário. Logo, o réu procurou, logo após o crime evitar ou minorar as consequências de seus atos, levando a vítima para o hospital e pagando pelo tratamento. Assim, requer seja reconhecida a atenuante do artigo 65, inciso III, alínea “b”, do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 20 H) DO REGIME ABERTO Na hipótese de eventual condenação, deve ser fixado o regime aberto, nos termos do artigo 33, §2º, “c”, do Código Penal. Isso porque a pena não será superior a quatro anos. Além disso, trata-se de crime apenado com detenção, não sendo possível a fixação de regime fechado, nos termos do artigo 33, “caput”, do Código Penal. Logo, o Magistrado deverá fixar o regime aberto para o início do cumprimento da pena, nos termos do artigo 33, § 2º, alínea “c”, do Código Penal. I) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Deve ser a concedida suspensão condicional da pena, já que preenchidos os requisitos do artigo 77 do Código Penal. Isso porque o réu é primário, e eventual pena aplicada não será superior a 2 anos, não sendo cabível a pena restritiva de direitos. Logo, requer seja concedida a suspensão condicional da pena. IV) DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) A extinção da punibilidade, pela decadência, nos termos do artigo 107, inciso IV, do Código Penal; b) Nulidade do processo pela falta de representação, nos termos do artigo 564, III, “a”, e inciso IV, do Código de Processo Penal; c) Nulidade do processo pela falta de oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo; d) Absolvição, na forma do artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal; e) Aplicação da pena-base no mínimo legal; f) Reconhecimento das atenuantes do artigo 65, incisos I, e III, alínea “b”, do Código Penal; g) Fixação do regime aberto nos termos do artigo 33, § 2º, alínea “c”, do Código Penal; 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 21 h) Concessão de suspensão condicional da pena. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 25 de janeiro de 2021. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 22 Como resolver apelação PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – 35º EXAME Enunciado No dia 04 de março de 2019, Júlio, insatisfeito com a falta de ajuda desua mãe no tratamento que vinha fazendo contra dependência química, decide colocar fogo no imóvel da família em fazenda localizada longe do centro da cidade. Para tanto, coloca gasolina na casa, que estava desabitada, e acende um fósforo, sendo certo que o fogo gerado destruiu de maneira significativa o imóvel, que era completamente afastado de outros imóveis, e, como ninguém costumava passar pelo local, o crime demorou algumas horas para ser identificado. Júlio foi localizado, confessou a prática delitiva e, realizado exame de alcoolemia, foi constatado que se encontrava completamente embriagado, sem capacidade de determinação do caráter ilícito do fato, em razão de situação não esperada, já que ele solicitou uma água com gás e limão em determinado bar, mas o proprietário, sem que Júlio soubesse, misturou cachaça na bebida, que ingerida junto com o remédio que vinha tomando para combater a dependência química, causou sua embriaguez. Foi, ainda, realizado exame de local, constando da conclusão que o imóvel foi destruído, havendo prejuízo considerável aos proprietários, mas que não havia ninguém no local no momento do crime e nem outras pessoas ou bens de terceiros a serem atingidos. Com base em todos os elementos informativos produzidos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Júlio, perante a 2ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis/SC, juízo competente, imputando-lhe a prática do crime do Art. 250 do Código Penal. Foi concedida liberdade provisória. Após citação e apresentação de defesa, entendeu o magistrado por realizar produção antecipada de provas, ouvindo as vítimas antes da audiência de instrução e julgamento, motivando sua decisão no risco de esquecimento, já que a pauta de audiência de processos de réu solto estava para data longínqua, tendo a defesa questionado a decisão. Após oitiva das vítimas, foi agendada audiência de instrução e julgamento, que foi realizada em 05 de março de 2021, ocasião em que os fatos acima narrados foram confirmados. Em seu interrogatório, o réu confirmou a autoria delitiva, destacando que pouco, porém, se recordava sobre o ocorrido. Após apresentação da manifestação cabível pelas partes, o juiz proferiu sentença condenando o réu nos termos da denúncia. No momento de aplicar a pena base, reconheceu a existência de 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 23 maus antecedentes, aumentando a pena em 03 meses, tendo em vista que, na Folha de Antecedentes Criminais, acostada ao procedimento, constava uma condenação de Júlio pela prática do crime de tráfico, por fato ocorrido em 20 de abril de 2019, cujo trânsito em julgado ocorreu em 10 de março de 2020. Na segunda fase, reconheceu a presença da agravante do Art. 61, inciso II, alínea b, do Código Penal, aumentando a pena em 05 meses, já que o meio empregado por Júlio poderia resultar perigo comum. Não foram reconhecidas atenuantes da pena. Na terceira fase, não foram aplicadas causas de aumento ou de diminuição de pena, sendo mantida a pena de 03 anos e 8 meses de reclusão e multa de 15 dias, a ser cumprida em regime semiaberto, não sendo substituída a privativa de liberdade por restritiva de direitos com base no Art. 44, III, do CP. Intimado da sentença, o Ministério Público se manteve inerte, sendo a defesa técnica de Júlio intimada em 11 de julho de 2022, segunda-feira. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Júlio, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país. (Valor: 5,00) Obs.: o(a) examinando(a) deve abordar todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 24 AO JUÍZO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC Processo nº JÚLIO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal. Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões inclusas, remetendo-se os autos ao Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. O presente recurso é tempestivo, pois interposto dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 593, caput, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento Local..., 18 de julho de 2022. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 25 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA Apelante: Júlio Apelado: Ministério Público Processo nº RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O réu foi denunciado pela prática do crime previsto no artigo 250 do Código Penal. Após apresentação da manifestação cabível pelas partes, o Juiz proferiu sentença, condenando Júlio nos termos da denúncia. O Ministério Público não interpôs recurso. A defesa foi intimada da sentença no dia 11 de julho de 2022, segunda-feira. II) DO DIREITO A) DA NULIDADE DA OITIVA DAS VÍTIMAS Deve ser anulada a oitiva das vítimas, com base no artigo 225 do Código de Processo Penal. Isso porque mero decurso natural de tempo não é fundamento idôneo para justificar tal medida. No caso, o magistrado determinou a produção antecipada da prova simplesmente porque a data da audiência de instrução e julgamento estava longe, sem qualquer fato concreto a indicar o risco de perecimento da prova. Diante disso, considerando ainda o inconformismo manifestado pela defesa, requer a nulidade da oitiva das vítimas, com base no artigo 225 do Código de Processo Penal ou Art. 564, inciso IV, do Código de Processo Penal e Súmula 455 do Superior Tribunal de Justiça. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 26 B) DA ATIPICIDADE DA CONDUTA OU DESCLASSIFICAÇÃO O fato atribuído ao réu é atípico, já que não se enquadra no crime previsto no artigo 250, do Código Penal. Isso porque o crime de incêndio exige perigo comum, sendo necessário que o agente exponha a perigo a vida, integridade física ou patrimônio de outrem, causando risco para número indeterminado de pessoas. No caso, o réu colocou fogo em um imóvel isolado, sendo constatado na perícia que não havia pessoas ou bens de terceiros nas proximidades para serem atingidos. Logo, trata-se de atipicidade da conduta, ou, no máximo, crime de dano qualificado, previsto no artigo 163, do Código Penal. Dessa forma, deve Júlio ser absolvido, diante da atipicidade da conduta, conforme artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal OU deve ser o fato desclassificado para o crime de dano qualificado. C) DA EMBRIAGUEZ COMPLETA ACIDENTAL O recorrente praticou o fato com embriaguez completa e acidental, causa de exclusão da culpabilidade, em razão da inimputabilidade, nos termos do artigo 28, §1º, do Código Penal. Isso porque, conforme exame de alcoolemia, foi constatado que Júlio estava completamente embriagado ao tempo do fato, em razão de situação não esperada, já que o proprietário do bar, sem que Júlio soubesse, misturou cachaça na bebida. Logo, deve Júlio ser absolvido, conforme artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal. D) DOS MAUS ANTECEDENTES A pena-base deve ser fixada no mínimo legal, uma vez que o fato que ensejou a condenação definitiva – o tráfico de drogas – foi praticado no dia 20 de abril de 2019, depois, portanto, da suposta práticado crime de incêndio no dia 04 de março de 2019. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 27 Logo, antes da acusação do crime de incêndio, não existia qualquer fato delituoso por parte do réu. Dessa forma, devem ser afastados os maus antecedentes, devendo a pena- base ser aplicada no mínimo legal. E) DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE Deve ser afastada a agravante do artigo 61, inciso II, alínea “d”, do Código Penal, uma vez que a situação de perigo comum já é elementar do tipo imputado, de modo que a agravante do artigo 61, inciso II, alínea “d” do Código Penal deve ser afastada, por configurar bis in idem. F) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA O recorrente, em seu interrogatório, confirmou a autoria delitiva. Desta forma, deve ser reconhecida a atenuante da confissão espontânea, nos termos do artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal. G) DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA Considerando a aplicação da pena no mínimo legal, em eventual condenação, deve ser fixado o regime inicial aberto para cumprimento de pena, conforme artigo 33, §2º, alínea “c”, do Código de Processo Penal, já que não será superior a 4 anos. H) DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS O réu possui direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, tendo em vista que estão presentes todos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, já que primário, o crime foi praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa, e eventual pena não será superior a 4 anos. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 28 III) DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o recurso, com a REFORMA da decisão, a fim de que: a) Seja reconhecida a nulidade na oitiva das vítimas; b) Seja declarada a absolvição do crime de incêndio em razão da atipicidade da conduta; c) Seja declarada a absolvição do crime de incêndio em razão da ausência de culpabilidade; d) Seja aplicada a pena base no mínimo legal, tendo em vista que não há fundamento para reconhecimento de maus antecedentes; e) Seja afastada a agravante reconhecida na sentença; f) Seja reconhecida a atenuante da confissão espontânea; g) Seja fixado o regime inicial de cumprimento de pena no regime aberto, para cumprimento da pena; h) Seja substituída a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 18 de julho de 2022. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 29 Como resolver contrarrazões de apelação PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XIX EXAME OAB (Adaptada) Enunciado No dia 24 de dezembro de 2014, na cidade do Rio de Janeiro, Rodrigo e um amigo não identificado foram para um bloco de rua que ocorria em razão do Natal, onde passaram a ingerir bebida alcoólica em comemoração ao evento festivo. Na volta para casa, ainda em companhia do amigo, já um pouco tonto em razão da quantidade de cerveja que havia bebido, subtraiu, mediante emprego de uma faca, os pertences de uma moça desconhecida que caminhava tranquilamente pela rua. A vítima era Maria, jovem de 24 anos que acabara de sair do médico e saber que estava grávida de um mês. Em razão dos fatos, Rodrigo foi denunciado pela prática de crime de roubo duplamente majorado, na forma do Art. 157, § 2º, incisos II e VII, do Código Penal. Durante a instrução, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Rodrigo, onde constavam anotações em relação a dois inquéritos policiais em que ele figurava como indiciado e três ações penais que respondia na condição de réu, apesar de em nenhuma delas haver sentença com trânsito em julgado. Foram, ainda, durante a Audiência de Instrução e Julgamento ouvidos a vítima e os policiais que encontraram Rodrigo, horas após o crime, na posse dos bens subtraídos. Durante seu interrogatório, Rodrigo permaneceu em silêncio. Ao final da instrução, após alegações finais, a pretensão punitiva do Estado foi julgada procedente, com Rodrigo sendo condenado a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime semiaberto, e 13 dias-multa. O juiz aplicou a pena-base no mínimo legal, além de não reconhecer qualquer agravante ou atenuante. Na terceira fase da aplicação da pena, reconheceu a majorante mencionada na denúncia e realizou um aumento de 1/3 da pena imposta. O Ministério Público foi intimado da sentença em 14 de setembro de 2015, uma segunda-feira, sendo terça-feira dia útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de apelação perante o juízo de primeira instância, acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, requerendo: i) O aumento da pena-base, tendo em vista a existência de diversas anotações na Folha de Antecedentes Criminais do acusado; ii) O reconhecimento das agravantes previstas no Art. 61, inciso II, alíneas ‘h’ e ‘l’, do Código Penal; 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 30 iii) A majoração do quantum de aumento em razão das causas de aumentos previstas no Art. 157, §2º, incisos II e VII, do Código Penal, exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes; iv) Fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena, pois o crime de roubo tem assombrado a população do Rio de Janeiro, causando uma situação de insegurança em toda a sociedade. A defesa não apresentou recurso. O magistrado, então, recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo o país, você, advogado(a) de Rodrigo, para apresentar a medida cabível. Com base nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de “habeas corpus”, no último dia do prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 31 AO JUÍZO DA... VARA CRIMINAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ Processo nº... RODRIGO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer as CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 600 do Código de Processo Penal. Nesse sentido, requer sejam recebidas, com posterior remessa ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. As presentes contrarrazões são tempestivas, já que oferecidas dentro do prazo de 8 dias, previsto no artigo 600 do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 27 de outubro de 2015. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 32 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Apelante: MINISTÉRIO PÚBLICO Apelado: RODRIGO CONTRARRAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O réu foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado, na forma do artigo 157, §2º, incisos II e VII, do Código Penal. Ao final da instrução, o Magistrado proferiu sentença condenatória, aplicando a pena de 05 anos e 04 meses de reclusão, a ser cumprida em regime semiaberto, e 13 dias-multa. Inconformado, o Ministério Público interpôs recurso de apelação, acompanhado das respectivas razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015. O Magistrado recebeu o recurso de apelação do Ministério Público e intimou a defesa para apresentar a medida cabível. II) DO DIREITO A) DA INTEMPESTIVIDADE DA APELAÇÃO O recurso interposto pelo Ministério Público não pode ser conhecido, já que interposto fora do prazo de 5 dias, previsto no artigo 593, “caput”, do Código Penal.Isso porque o Ministério Público foi intimado da sentença no dia 14 de setembro de 2015 e interpôs o recurso de apelação no dia 30 de setembro de 2015. Logo, considerando que entre a data da intimação da sentença e da interposição do recurso de apelação passaram mais de 05 dias, conclui-se que o recurso de apelação interposto pelo Ministério Público é intempestivo. Diante disso, o recurso de apelação não deve ser conhecido. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 33 B) DO AUMENTO DA PENA-BASE A pena-base deve ser mantida no mínimo legal. Isso porque, nos termos da Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça, inquérito policiais, ações penais em curso e condenações ainda não transitadas em julgado não autorizam o reconhecimento de circunstância judicial desfavorável como maus antecedentes, sob pena de violação do princípio da presunção de inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal/88. Logo, não há maus antecedentes, devendo a pena-base ser mantida no mínimo legal. C) DA AGRAVANTE DA GRAVIDEZ Não deve ser reconhecida a agravante pela prática de crime contra a mulher grávida, prevista no artigo 61, inciso II, alínea “h”, do Código Penal. Isso porque o réu não tinha conhecimento de que a vítima estava grávida, já que a própria vítima recém tinha saído do médico e tomado conhecimento de que estava grávida de um mês, não sendo, portanto, possível verificar sinais visíveis de gravidez da vítima. Logo, não deve ser aplicada a agravante da gravidez. D) DA AGRAVANTE DA EMBRIAGUEZ PREORDENADA Não deve ser reconhecida a agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, inciso II, alínea “i”, do Código Penal. Isso porque o réu não ingeriu bebida alcóolica com o objetivo de praticar crime ou para tomar coragem para cometer delito, uma vez que bebeu em comemoração durante evento festivo. Logo, não se trata de embriaguez preordenada, mas voluntária ou, até mesmo, culposa. Assim, não deve ser aplicada a agravante da embriaguez preordenada. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 34 E) DO AUMENTO DA PENA Não deve ser reconhecida a majoração do quantum do aumento de pena exclusivamente pelo fato de serem duas as majorantes. Isso porque não é possível elevar ainda mais a pena, uma vez que a elevação da fração da pena exige motivação idônea, não sendo suficiente fundamentar o aumento apenas com base no número de majorantes, conforme a Súmula 443 do Superior Tribunal de Justiça. Logo, deve ser mantida a majoração da pena. F) DO REGIME CARCERÁRIO Deve ser mantido regime inicial semiaberto para cumprimento de pena. Isso porque, nos termos da Súmula 718 e 719 do Supremo Tribunal Federal, eventual gravidade em abstrato do delito não constitui motivação idônea para a fixação do regime mais severo do que a pena aplicada permite. Além disso, o Magistrado fixou a pena-base no mínimo legal, sendo, portanto, vedada a fixação do regime mais severo do que a pena permite, com base na gravidade em abstrato do delito, nos termos da Súmula 440 do Superior Tribunal de Justiça. Logo, deve ser mantido o regime carcerário semiaberto na sentença. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer não seja conhecido, e, no mérito, IMPROVIDO o recurso de apelação interposto, mantendo-se, por conseguinte, a decisão recorrida nos seus exatos termos. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 27 de outubro de 2015. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 35 Como resolver recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXXIV EXAME OAB Enunciado Rodrigo foi denunciado pelo crime de homicídio simples consumado, com a causa de aumento prevista na primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP, perante o Tribunal do Júri da Comarca de São Paulo. De acordo com o que consta na denúncia, no dia 26 de dezembro de 2019, em uma boate localizada na cidade de São Paulo, Rodrigo teria desferido um soco na barriga de João, além de ter lhe dado um empurrão, que fez com que a vítima caísse em cima da garrafa de vidro que segurava. O corte gerado foi a causa eficiente da morte de João, conforme consta do laudo acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido encaminhado por seus amigos ao hospital após os fatos, pois se mostrava descontrolado, não tendo prestado socorro à vítima, por isso, sendo imputada a causa de aumento da primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP. Diante da inicial acusatória, Rodrigo procurou seu (sua) advogado(a), narrando que, no dia dos fatos, câmeras de segurança registraram o momento em que uma pessoa desconhecida, de maneira furtiva, teria colocado substâncias entorpecentes em sua bebida, o que teria causado uma embriaguez completa. Rodrigo teria ficado descontrolado e, em razão disso, sem motivação, teria desferido um soco na barriga de João, empurrando-o em seguida apenas para que, dele, se afastasse, nem mesmo percebendo que a vítima estaria com uma garrafa de cerveja nas mãos. Destacou sequer saber por que quis lesionar João, mas assegurou que o resultado morte não foi pretendido e nem aceito pelo mesmo, que precisou, inclusive, ser submetido a tratamento psicológico em razão dos fatos. Apresentou laudo do hospital, elaborado logo após o ocorrido, constatando que estaria completamente embriagado em razão da ingestão daquela substância entorpecente que teria sido colocada em sua bebida, bem como que, naquele momento, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito dos fatos. Após recebimento da denúncia, citação e apresentação de defesa, foi designada audiência de instrução e julgamento, na primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, para oitiva das testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório do réu. Os policiais responsáveis pelas investigações e pela oitiva dos envolvidos, arrolados como testemunhas pelo Ministério Público, informaram ao magistrado que se atrasariam para o ato judicial, pois estavam em importante diligência. Não querendo fracionar a colheita da prova, o magistrado determinou a 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 36 oitiva das testemunhas de defesa antes das de acusação, apesar do registro do inconformismo da defesa. Ao final, o réu foi interrogado. As provas colhidas indicaram que a versão apresentada por Rodrigo ao seu advogado era totalmente verdadeira. Considerando que foi constatado o desferimento do soco e do empurrão por parte de Rodrigo em João, após manifestação das partes, o juiz pronunciou o acusado nos termos da denúncia. Intimado, o Ministério Público se manteve inerte. Rodrigo e sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de abril de 2021, segunda-feira. Considerando apenas as informações expostas, apresente, na condição de advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis. A peça deverá ser datada do último dia do prazo para interposição, devendo ser considerado que segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 37 AO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP Processo nº RODRIGO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal. Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o presente recurso, já com as razõesinclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, para o devido processamento. O presente recurso é tempestivo, já que interposto dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 586 do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento Local..., 12 de abril de 2021. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 38 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Recorrente: RODRIGO Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO Processo nº RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O Ministério Público denunciou o recorrente pelo crime de homicídio simples consumado, com a causa de aumento prevista na primeira parte do artigo 121, §4º, do Código Penal. Encerrada a instrução, o Magistrado proferiu decisão pronunciando o réu nos termos da denúncia. A defesa foi intimada da decisão no dia 05 de abril de 2021, segunda-feira. II) DO DIREITO A) DA NULIDADE DO PROCEDIMENTO Deve ser declarada a nulidade da audiência de instrução. Isso porque o magistrado determinou a oitiva das testemunhas de defesa antes das de acusação, em virtude do atraso dos policiais arrolados pelo Ministério Público. Todavia, conforme dispõe o artigo 411 do Código de Processo Penal, na audiência de instrução e julgamento deverão ser ouvidas as testemunhas de acusação e defesa, nesta ordem. Houve, portanto, violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório, previsto no artigo 5º, LV, da Constituição Federal. Logo, deve ser reconhecida a nulidade da audiência de instrução e, por 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 39 consequência, da decisão de pronúncia, com base no artigo 564, IV, do Código de Processo Penal. B) DA EMBRIAGUEZ COMPLETA E ACIDENTAL O réu agiu em embriaguez completa e acidental, em decorrência de caso fortuito, causa de exclusão da culpabilidade, prevista no artigo 28, §1º, do Código Penal, sendo, portanto, inimputável. Isso porque, conforme laudo hospitalar elaborado logo após o ocorrido, Rodrigo estava completamente embriagado, em razão de substância entorpecente que havia sido inserida em sua bebida sem que ele percebesse, de modo que não entendia o caráter ilícito dos fatos. Logo, requer a absolvição sumária, nos termos do artigo 415, inciso IV, do Código de Processo Penal C) DA DESCLASSIFICAÇÃO No caso de não ser reconhecida a absolvição sumária, deve ocorrer a desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de morte, prevista no artigo 129, § 3º, do Código Penal. Isso porque, o réu não pretendia esse resultado e nem o aceitava. O réu agiu para praticar lesão corporal, mas, sem que fosse a sua intenção, ocorreu a morte da vítima. Dessa forma, caso não seja reconhecida a absolvição sumária, requer a desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de morte, previsto no artigo 129, §3º, do Código Penal, com a remessa do processo ao Juízo competente, já que não se trata de crime doloso contra a vida, nos termos do artigo 419 do Código de Processo Penal. D) DO AFASTAMENTO DA CAUSA DE AUMENTO Deve ser afastada a causa de aumento de pena imputada ao réu, já que não se aplica no caso o artigo 121, §4º, do Código penal. Isso porque essa causa de aumento somente é aplicável ao crime de 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 40 homicídio culposo conforme se extrai da primeira parte do artigo 121, §4º, do Código Penal. No caso, o delito imputado ao recorrente foi de homicídio doloso, sendo inaplicável a causa de aumento de pena. Logo, requer seja afastada a causa de aumento de pena. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente recurso, com a reforma da decisão de 1º grau, para o fim de que: a) Seja reconhecida a nulidade dos atos praticados desde a audiência de instrução e julgamento; b) Seja o réu absolvido sumariamente, com fundamento no artigo 415, inciso IV, do Código de Processo Penal; c) Seja desclassificado o delito de homicídio simples consumado para o crime de lesão corporal seguida de morte, com a consequente remessa para o juízo comum, na forma do artigo 419 do Código de Processo Penal; d) Seja afastada a causa de aumento de pena, previsto no artigo 121, §4º, do Código Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 12 de abril de 2021 Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 41 Como resolver resposta à acusação no procedimento do júri PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVIII EXAME OAB (Adaptada) Enunciado Túlio, nascido em 01/01/1996, primário, começa a namorar Joaquina, jovem que recém completou 15 anos. Logo após o início do namoro, ainda muito apaixonado, é surpreendido pela informação de que Joaquina estaria grávida de seu ex-namorado, o adolescente João, com quem mantivera relações sexuais. Joaquina demonstra toda a sua preocupação com a reação de seus pais diante desta gravidez quando tão jovem e, em desespero, solicita ajuda de Túlio para realizar um aborto. Diante disso, no dia 03/01/2014, em Porto Alegre, Túlio adquire remédio abortivo cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entrega para a namorada, que, de imediato, passa a fazer uso dele. Joaquina, então, expele algo não identificado pela vagina, que ela acredita ser o feto. Os pais presenciam os fatos e levam a filha imediatamente ao hospital; em seguida, comparecem à Delegacia e narram o ocorrido. No hospital, foi informado pelos médicos que, na verdade, Joaquina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o que fora expelido não era um feto. Em face disso, foi determinada realização de perícia. Como não havia perito oficial na comarca, o inquérito policial demorou para ser concluído, sendo acostados ao procedimento investigatório o laudo médico pericial, no qual consta a informação de que Joaquina não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de Antecedentes Criminais de Túlio sem outras anotações e um exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não causara lesões na adolescente. Após conclusão do inquérito policial, no dia 20/01/2018, Túlio vem a ser denunciado pelo crime do Art. 126, caput, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, perante o juízo do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre/RS, não sendo oferecido qualquer instituto despenalizador, apesar do reclamo defensivo. A denúncia foi recebida em 22/01/2018. O réu foi citado no dia 18 de junho de 2018, segunda-feira. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Túlio, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando- se que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 42 AO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS Processo nº ... TÚLIO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base no artigo 406 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I) DA TEMPESTIVIDADE A presente peça é tempestiva, uma vez que apresentada dentro do prazo de 10 dias, na forma do artigo 406 do Código de Processo Penal. II) DOS FATOS O Ministério Público denunciou o réu pelo crime de tentativa de aborto, previsto no artigo 126, caput, combinado com artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal. A denúncia foi recebida no dia 22 de janeiro de 2018. O réu foi citadono dia 18 de junho de 2018, segunda-feira. III) DO DIREITO A) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO O Ministério Público deixou de oferecer a suspensão condicional do processo, mesmo sendo postulado pela defesa. Todavia, nos termos do artigo 89 da Lei nº 9.099/95, caberá ao Ministério Público oferecer proposta suspensão condicional do processo quando a pena mínima cominada ao delito imputado for de até 01 ano, abrangidos ou não por esta Lei, preenchidos os demais requisitos legais, dentre os quais se destacam a primariedade e a presença dos requisitos do artigo 77 do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 43 O réu faz jus ao benefício, pois o crime de aborto tentando pelo qual foi denunciado possui pena mínima não superior a um ano. Além disso, o recorrente é primário e de bons antecedentes, conforme folha de antecedentes criminais sem outras anotações juntada no processo. Logo, deve ser declarada a nulidade do recebimento da denúncia, uma vez que não foi oferecida a proposta de suspensão condicional do processo. B) DA PRESCRIÇÃO O réu foi denunciado pela prática do crime do artigo 126, caput, combinado com artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal. A pena máxima do delito de aborto é 04 anos de reclusão. Logo, o prazo prescricional é de 8 anos, nos termos do artigo 109, inciso IV, do Código Penal. Todavia, como o réu era menor de 21 anos de idade à época do fato, o prazo prescricional deverá ser contado pela metade, forte artigo 115 do Código Penal. Assim o prazo prescricional, no caso, é de 04 anos. Entre a data da consumação do delito, dia 03 de janeiro de 2014, e a do recebimento da denúncia, 22/01/2018, decorreram mais de 04 anos, configurando a prescrição da pretensão punitiva em abstrato do delito em tela. Sendo assim, incidiu a causa de extinção da punibilidade pela prescrição, devendo o réu ser absolvido sumariamente, nos termos do artigo 397, IV, do Código de Processo Penal. C) DO CRIME IMPOSSÍVEL O réu foi denunciado pelo crime de tentativa de aborto. Todavia, conforme boletim de atendimento médico, Joaquina não estava grávida no momento dos fatos. Nos termos do artigo 17 do Código Penal, não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o delito. Trata-se, portanto, de crime impossível. No caso, há impropriedade absoluta do objeto, já que Joaquina não estava 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 44 grávida para causar o aborto. O reconhecimento do crime impossível gera a atipicidade da conduta e, consequentemente, a absolvição sumária pelo fato evidentemente não constituir crime, com base no artigo 397, inciso III, do Código de Processo Penal. IV) DO PEDIDO Ante o exposto, requer: a) Seja reconhecida a nulidade dos atos processuais, com oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo; b) Absolvição sumária, com base no artigo 397, inciso III, do Código de Processo Penal; c) Absolvição sumária, com base no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local..., 28 de junho de 2018. Advogado... OAB... 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 45 Como resolver memoriais no procedimento do júri PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXVIII EXAME OAB (Adaptada) Memoriais no tribunal do júri Enunciado Túlio, nascido em 01/01/1996, primário, começa a namorar Joaquina, jovem que recém completou 15 anos. Logo após o início do namoro, ainda muito apaixonado, é surpreendido pela informação de que Joaquina estaria grávida de seu ex-namorado, o adolescente João, com quem mantivera relações sexuais. Joaquina demonstra toda a sua preocupação com a reação de seus pais diante desta gravidez quando tão jovem e, em desespero, solicita ajuda de Túlio para realizar um aborto. Diante disso, no dia 03/01/2014, em Porto Alegre, Túlio adquire remédio abortivo cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entrega para a namorada, que, de imediato, passa a fazer uso dele. Joaquina, então, expele algo não identificado pela vagina, que ela acredita ser o feto. Os pais presenciam os fatos e levam a filha imediatamente ao hospital; em seguida, comparecem à Delegacia e narram o ocorrido. No hospital, foi informado pelos médicos que, na verdade, Joaquina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o que fora expelido não era um feto. Após investigação, no dia 20/01/2014, Túlio vem a ser denunciado pelo crime do Art. 126, caput, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, perante o juízo do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre/RS, não sendo oferecido qualquer instituto despenalizador, apesar do reclamo defensivo. A inicial acusatória foi recebida em 22/01/2014. Durante a instrução da primeira fase do procedimento especial, são ouvidas as testemunhas e Joaquina, assim como interrogado o réu, todos confirmando o ocorrido. Foram juntados aos autos o boletim de atendimento médico de Joaquina, no qual consta a informação de que ela não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de Antecedentes Criminais de Túlio sem outras anotações e um exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não causara lesões na adolescente. Encerrada a instrução, o Ministério Público pugnou pela pronúncia, nos termos da denúncia. A defesa foi intimada para se manifestar no dia seja, 18 de junho de 2018, segunda-feira. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 46 Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Túlio, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando- se que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país. (Valor: 5,00) 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 47 AO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS Processo nº ... TÚLIO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS, com base no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I) DA TEMPESTIVIDADE Os presentes memoriais são tempestivos, uma vez que apresentada dentro do prazo de 5 dias, na forma do artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal. II) DOS FATOS O Ministério Público denunciou o recorrente pelo crime de tentativa de aborto, previsto no artigo 126, caput, combinado com artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal. Durante a instrução, foram ouvidas as testemunhas e Joaquina, bem ainda realizado o interrogatório. Encerrada a instrução, o Ministério Público pugnou pela pronúncia nos termos da denúncia. A defesa foi intimada da decisão no dia 18 de junho de 2018, segunda-feira. III) DO DIREITO A) DA PRESCRIÇÃO O réu foi denunciado pela prática do crime do artigo 126, caput, combinado com artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal. A pena máxima do delito de aborto é 04 anos de reclusão. Logo, o prazo prescricional é de 8 anos, nos termos do artigo 109, inciso IV, do Código Penal. 2ª Fase Penal | 41º Exame de Ordem Como resolver peças 48 Todavia, como o réu era menor de 21 anos de idade à época do fato, o prazo prescricional deverá ser contado pela metade, forte artigo 115 do Código Penal. Assim o prazo prescricional, no caso, é de 04 anos. Entre a data de recebimento da denúncia, 22/01/2014, até a data de publicação da sentença de pronúncia, dia 18/06/2018, decorreram mais de 04 anos, configurando a prescrição