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GINEAD AUDITORIA CONTÁBIL Unidade 2 - Normas Técnicas e Profissionais da Auditoria SST Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva Unidade 2 - Normas Técnicas e Profissionais da Audito- ria / Fernanda Gualda Moreno; Beatriz da Silva Pereira Ano: 2020 nº de p.: 20 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Unidade 2 - Normas Técnicas e Profissionais da Auditoria 3 Objetivo específico • Conhecer as normas técnicas de auditoria referentes à execução do trabalho e à pessoa do auditor. Apresentando a Unidade Esta unidade será o primeiro passo para que você conheça as normas técnicas e profissionais que regem a auditoria. Serão conceituadas as normas de auditoria interna e externa e de asseguração, sua importância e aplicação, tanto na elaboração e execução dos trabalhos de auditoria quanto no estabelecimento de parâmetros para o exercício da função do auditor. Além disso, também serão explanados os principais órgãos relacionados à fiscalização e os pontos considerados essenciais na elaboração de uma auditoria, como: planejamento, relevância, riscos, amostragem, transações com partes relacionadas, transações e eventos subsequentes, carta de responsabilidade da administração, contingências etc. Vamos começar? Importância e aplicação das normas de auditoria O primeiro passo para o estudo das normas técnicas e profissionais da auditoria é o conhecimento de alguns conceitos importantes. Então, vamos lá? De acordo com Crepaldi (2009, p. 23), a auditoria pode ser conceituada como “[...] o levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade”. A auditoria pode ser interna ou externa. A principal diferença entre os dois métodos é que a auditoria externa é realizada por membros que não são colaboradores da empresa (SANTOS; GOMES, 2006). 4 A atividade de auditoria no Brasil é regulamentada por diversas normas, tanto para os profissionais quanto para a técnica, as quais iremos elucidar detalhadamente no decorrer deste estudo. Existem diversos órgãos que estão relacionados com a fiscalização, regulamentação e controle da auditoria, seguem alguns deles: • CRC – Conselho Regional de Contabilidade: é a entidade de classe dos con- tadores e tem como principal finalidade o registro e fiscalização do exercício da profissão contábil. • CFC – Conselho Federal de Contabilidade: é o responsável pela elaboração das Normas Brasileiras de Contabilidade. • CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis: tem como objetivo a emissão de Pronunciamentos Técnicos, para permitir a emissão de normas pela en- tidade reguladora brasileira, considerando a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. • CVM – Comissão de Valores Mobiliários: é uma entidade autárquica, vincula- da ao Ministério da Fazenda, que funciona como órgão fiscalizador do mer- cado de capitais no Brasil. • IFAC – (International Federation of Accountants/Federação Internacional de Contadores): organização mundial que representa a profissão contábil. • IASB – (International Accounting Standards Board/Normas Internacionais de Contabilidade): responsável pela revisão e publicação das IFRS (International Financial Reporting Standard/Norma Internacional de Relatórios Financei- ros), que são pronunciamentos com normas internacionais de contabilidade; o Brasil é representado pelo CFC e IBRACON. • FASB – (Financial Accounting Standards Board): é uma entidade privada, cujo objetivo principal é desenvolver os princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP) nos Estados Unidos da América. O FASB é responsável pela publica- ção dos FAS (Statements of Financial Accounting Standars/Normas de Con- tabilidade Financeira). • IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil: tem por objeti- vo, entre outros, elaborar normas e procedimentos relacionados com audito- ria e perícias contábeis. • AUDIBRA – Instituto dos Auditores Internos do Brasil: é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que tem por objetivo principal a pro- moção do desenvolvimento da auditoria interna, mediante a troca de ideias, reuniões, conferências, intercâmbio com outras instituições, congressos, pu- blicações de livros e revistas e divulgação da importância da auditoria inter- na junto a terceiros. 5 As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se como: profissionais – que estabelecem a conduta para o exercício da profissão – e técnicas – que estabelecem os conceitos doutrinários, a estrutura técnica e os procedimentos a serem aplicados. Figura 2.1: As normas estabelecem conceitos, estrutura e procedimentos Fonte: Plataforma Deduca (2018). A auditoria é um dos instrumentos de controle mais importantes para os administradores das empresas, pois, por meio da análise e da certificação da auditoria nos controles internos e nas demonstrações contábeis, é possível identificar se os processos internos e políticas definidas pela empresa estão sendo seguidos, principalmente em consonância com as Normas Brasileiras de Contabilidade. As normas profissionais – NBC TA – conduzem o auditor na realização de suas tarefas de forma imparcial, zelosa, cética, responsável e criteriosa. As NBC TA conduzem o auditor, de forma técnica, no trabalho do material utilizado. As normas técnicas de auditoria são convergentes com as normas internacionais. Elas vão sendo aperfeiçoadas e, periodicamente, consolidadas no decorrer dos anos, com os pronunciamentos, afastando lacunas ou interpretações dúbias relativas ao trabalho do auditor. As Normas de Auditoria são imprescindíveis para a profissão, para adequar e padronizar a correta verificação dos saldos financeiros e contábeis, analisar os controles e verificar a fragilidade. Elas definem quais procedimentos devem ser adotados na auditoria, os critérios de materialidade e os riscos envolvidos. Seu 6 objetivo também é a regulação da profissão, garantindo a qualificação técnica dos auditores por meio da educação continuada. No Brasil, a legislação é presente em todas as áreas de atividade profissional e não seria diferente para a auditoria, cujo objeto é o conjunto de controle do patrimônio administrativo, os quais compreendem papéis, fichas, arquivos e as demonstrações financeiras e contábeis. Assim, as normas de auditoria são: • normas relativas à execução do trabalho; • normas relativas ao relatório; • normas relativas à pessoa do auditor. Vamos conhecer cada tipo de norma nos próximos tópicos. Normas relativas à execução do trabalho de auditoria A NBC TA 300 refere-se ao planejamento da realização dos trabalhos de auditoria, já que esse é o primeiro passo de uma auditoria. Ela norteia o auditor no desenvolvimento dos trabalhos e define o escopo e limitação da auditoria. Um planejamento eficaz é o caminho para o bom desenvolvimento e resultado da auditoria. Quando o auditor faz um bom planejamento, ele pode explorar mais as áreas importantes, fazer um trabalho organizado, otimizar o tempo, resultando na seleção dos membros da equipe com capacidade e competência adequadas para mensurar o nível de riscos e alocação apropriada nas tarefas. É importante salientar que o planejamento da auditoria não deve ser visto como uma etapa isolada, mas como um processo contínuo. De acordo com a NBC 300, o planejamento contribui para: • Auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da auditoria; • Auxiliar o auditor a identificar e resolver tempestivamente problemas potenciais; • Auxiliar o auditor a organizar adequadamente o trabalho de auditoria para que seja realizado de forma eficaz e eficiente; 7 • Auxiliar na seleção dos membros da equipe de trabalho com níveis apropriados de capacidade e competência para responderem aos riscos esperados e na alocação apropriada de tarefas; • Facilitar a direção e a supervisão dos membros da equipe de trabalho e a revisão doseu trabalho; • Auxiliar, se for o caso, na coordenação do trabalho realizado por outros auditores e especialistas (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). Figura 2.2: O planejamento é o primeiro passo de uma auditoria Fonte: Plataforma Deduca (2018). O planejamento deve buscar atender a alguns requisitos, tais como: • Envolvimento de membros-chave da equipe de trabalho – na definição de como será realizado o trabalho de auditoria é importante que todos os mem- bros da equipe de trabalho discutam e participem da elaboração do planeja- mento que será posto em ação. • Atividades preliminares do trabalho de auditoria – no início do trabalho de auditoria o auditor deve realizar as seguintes atividades: a. Supervisão e controle de qualidade: os controles internos de qualidade re- lacionam-se à garantia da qualidade dos serviços. Para a sua estruturação, deve-se levar em consideração o porte, a cultura, a organização e a com- plexidade dos serviços que serão realizados. Todas as atividades do audi- tor deverão seguir o controle interno de qualidade (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 220). 8 b. Avaliação da conformidade com os requisitos éticos – no decorrer de todo o trabalho desenvolvido, a equipe de trabalho deve seguir as exigências éticas relevantes. De acordo com a NBC 200, o ceticismo envolve estar alerta a: • Evidências de auditoria que contradigam outras evidências obtidas; • Informações que coloquem em dúvida a confiabilidade dos documentos e respostas a indagações a serem usadas como evidências de auditoria; • Condições que possam indicar possível fraude; e • Circunstâncias que sugiram a necessidade de procedimentos de auditoria além dos exigidos pelas NBCs TA (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). Se tais elementos forem cumpridos, os auditores conseguirão diminuir os riscos relacionados à desconsideração de situações que não sejam comuns, generalização excessiva e uso inadequado de princípios ao estabelecer a natureza, a época e a extensão dos procedimentos de auditoria e ao avaliar os seus resultados (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 200). c. Estabelecimento do entendimento dos termos do trabalho: O auditor deve estabelecer como adequado os termos do trabalho. Tais termos devem ser formalizados na carta de contratação da auditoria ou em um documento es- crito que seja adequado. Ele deve abranger (NBC 300): • O objetivo e o alcance da auditoria das demonstrações contábeis; • As responsabilidades do auditor; • As responsabilidades da administração; • A identificação da estrutura de relatório financeiro aplicável para a elaboração das demonstrações contábeis; • Referência à forma e ao conteúdo esperados de quaisquer relatórios a serem emitidos pelo auditor; e • Declaração de que existem circunstâncias em que o relatório pode ter forma e conteúdo diferente do esperado. • Aplicação dos procedimentos de auditoria – os procedimentos de auditoria devem ser aplicados por causa da complexidade e do volume de operações da empresa. É papel do auditor, com base na análise de riscos de auditoria e 9 outros elementos que ele tenha, estabelecer uma estratégia global, e a partir dela ele deve: a. Identificar as características do trabalho para definir o seu alcance; b. Definir os objetivos do relatório do trabalho de forma a planejar a época da auditoria e a natureza das comunicações requeridas; c. Considerar os fatores que no julgamento profissional do auditor são signifi- cativos para orientar os esforços da equipe do trabalho; d. Considerar os resultados das atividades preliminares do trabalho de audi- toria e, quando aplicável, se é relevante o conhecimento obtido em outros trabalhos realizados pelo sócio do trabalho para a entidade; e e. Determinar a natureza, a época e a extensão dos recursos necessários para realizar o trabalho (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). • Documentação da auditoria – este item corresponde à documentação obri- gatória exigida na realização dos trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis. Os papéis de trabalho fazem parte dele (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 300). • Risco de auditoria – o risco de auditoria corresponde à possibilidade de o auditor emitir uma opinião inadequada em relação às demonstrações con- tábeis que estejam erradas. A análise dos riscos também ocorre na fase de planejamento (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NBC TA 300). É importante destacar que cabe ao auditor sempre observar todas as regras de auditoria vigentes, e no caso de outras auditorias já terem sido realizadas na empresa por outro auditor é de extrema importância que o auditor entre em contato com o profissional responsável. Na auditoria interna, também são considerados alguns pontos destacados na execução da auditoria externa, como planejamento e riscos. De acordo com a NBC T 12, devem fazer parte do processo de auditoria interna os exames e investigações, testes de observância e testes substantivos, que possibilitem ao auditor obter as informações necessárias para dar base às conclusões e recomendações emitidas à administração da empresa. No Quadro 2.1, podemos ver, de forma sintética, todas as normas e suas respectivas resoluções, referentes à execução dos trabalhos de auditoria: 10 Quadro 2.1: Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas referentes à execução dos trabalhos de auditoria Norma Resolução CFC Descrição NBC TA DOU 25/11/15 Estrutura Conceitual para Trabalhos de Asseguração NBC TA 210 DOU 05/09/16 Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria NBC TA 220 DOU 05/09/16 Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis NBC TA 230 DOU 05/09/16 Documentação de Auditoria NBC TA 240 DOU 05/09/16 Responsabilidade do Auditor em Relação à Fraude NBC TA 250 1.208/09 Consideração de Leis e Regulamentos na Auditoria de Demonstrações Contábeis NBC TA 260 DOU 04/07/16 Comunicação com os Responsáveis pela Governança NBC TA 265 1.210/09 Comunicação de Deficiências de Controle Interno NBC TA 300 DOU 05/09/16 Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis NBC TA 315 DOU 05/09/16 Identificação e Avaliação dos Riscos de Distorção Relevante por meio do Entendimento da Entidade e do seu Ambiente NBC TA 320 DOU 05/09/16 Materialidade no Planejamento e na Execução da Auditoria NBC TA 330 DOU 05/09/16 Resposta do Auditor aos Riscos Avaliados NBC TA 402 1.215/09 Considerações de Auditoria para a Entidade que utiliza a Organização Prestadora de Serviços NBC TA 450 DOU 05/09/16 Avaliação das Distorções Identificadas durante a Auditoria NBC TA 500 DOU 05/09/16 Evidência de Auditoria NBC TA 501 1.218/09 Evidência de Auditoria - Considerações Específicas para itens Selecionados NBC TA 505 1.219/09 Confirmações externas NBC TA 510 DOU 05/09/16 Trabalhos iniciais - saldos iniciais NBC TA 520 1.221/09 Procedimentos analíticos NBC TA 530 1.222/09 Amostragem em Auditoria NBC TA 540 DOU 05/09/16 Auditoria de Estimativas Contábeis, Inclusive do Valor Justo, e Divulgações Relacionadas NBC TA 550 1.224/09 Partes relacionadas 11 NBC TA 560 DOU 05/09/16 Eventos subsequentes NBC TA 570 DOU 04/07/16 Continuidade operacional NBC TA 580 DOU 05/09/16 Representações formais NBC TA 600 DOU 05/09/16 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis de Grupos, incluindo o Trabalho dos Auditores dos Componentes NBC TA 610 DOU 29/01/14 Utilização do Trabalho de Auditoria Interna NBC TA 620 1.230/09 Utilização do Trabalho de Especialistas NBC TA 710 DOU 05/09/16 Informações Comparativas - Valores Correspondentes e Demonstrações Contábeis NBC TA 800 DOU 22/02/17 Considerações Especiais - Auditorias de Demonstrações Contábeis Elaboradas de acordo com Estruturas de Contabilidade para Propósitos Especiais NBC TA 805 DOU 22/02/17 Considerações Especiais - Auditoria de Quadros Isolados das Demonstrações Contábeis e de Elementos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Contábeis NBC TR 2400 DOU 30/10/13Trabalhos de Revisão de Demonstrações Contábeis NBC TR 2410 1.274/10 Revisão de Informações Intermediárias Executada pelo Auditor da Entidade NBC TO 3000 DOU 25/11/15 Trabalho de Asseguração Diferente de Auditoria e Revisão NBC TI 01 NBC T 12 Da auditoria interna Fonte: Elaborado pelos autores (2018). No próximo tópico, falaremos sobre as normas relativas ao parecer de auditoria. Vamos lá? Normas relativas ao parecer/relatório de auditoria O parecer/relatório de auditoria é a peça mais importante, pois nele o auditor informa o resultado de seu trabalho. Nessa fase, o auditor deve revisar os papéis de trabalho, assegurando que todas as etapas da auditoria foram cumpridas, e concluir 12 se os objetivos da auditoria foram alcançados e se as evidências foram suficientes para fundamentar sua conclusão. No Quadro 2.2, apresentaremos as principais normas e as respectivas resoluções referentes ao parecer/relatório de auditoria: Quadro 2.2: Normas Brasileiras de Contabilidade referentes ao parecer/relatório NBC Resolução CFC Descrição NBC TA 700 - Formação da Opinião e Emissão do Relatório do Auditor Independente sobre as Demonstrações Contábeis DOU 04/07/16 Esta norma refere-se à obrigação do auditor de formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis analisadas, além de determinar a forma e o conteúdo do relatório referente à auditoria realizada. De acordo com o item 6 da respectiva norma, os objetivos a serem atingidos pelo auditor ao elaborar o relatório/ parecer são: a) formar uma opinião sobre as demonstrações contábeis com base na avaliação das conclusões alcançadas pela evidência de auditoria obtida; b) expressar claramente essa opinião por meio de relatório por escrito. NBC TA 701 - Comunicação dos Principais Assuntos de Auditoria no Relatório do Auditor Independente. DOU 04/07/16 Esta norma refere-se à responsabilidade do auditor de informar os assuntos mais relevantes no relatório. Ela também trata do que é levado em consideração para determinar qual conteúdo precisa ser informado no relatório, além da forma como essa informação será apresentada. NBC TA 705 - Modificações na Opinião do Auditor Independente DOU 04/07/16 Esta norma refere-se à responsabilidade do auditor de emitir um relatório específico quando as informações se encontram incompletas e possuem imprecisões. De acordo com o item 2 da respectiva norma, existem três tipos de opiniões modificadas: opinião com ressalva, opinião adversa e abstenção de opinião. A decisão sobre que tipo de opinião modificada é apropriada depende: a) da natureza do assunto, caso as demonstrações contábeis apresentem distorção relevante ou, no caso de faltar evidências de auditoria apropriada e suficiente; b) da avaliação do auditor sobre a divulgação de forma geral sobre os efeitos ou possíveis efeitos das informações presentes nas demonstrações contábeis. 13 NBC TA 706 - Parágrafos de Ênfase e Parágrafos de Outros Assuntos no Relatório do Auditor Independente DOU 04/07/16 Esta norma é referente a informações adicionais que constem no relatório do auditor. A finalidade desses dados é: a) chamar a atenção para um assunto quando a informação à que ele se refere é importante para o entendimento das demonstrações contábeis, ou b) chamar a atenção sobre um assunto que, caso não seja apresentado nas demonstrações contábeis, fará com que os usuários não entendam a auditoria, as responsabilidades do auditor ou o seu relatório. NBC TA 810 Trabalhos para a Emissão de Relatório sobre Demonstrações Contábeis Condensadas DOU 22/02/17 Esta norma refere-se à responsabilidade do auditor de elaborar o relatório/parecer das demonstrações contábeis de acordo com informações que sejam compactas e que tenham sido auditadas em consonância com as normas de auditoria vigentes pelo mesmo auditor. Fonte: Elaborado pelos autores (2018). No próximo tópico, iremos conhecer as normas relativas ao auditor. Vamos adiante? Normas relativas ao auditor No decorrer desta unidade, vimos que as normas fornecem as diretrizes e regras para as atividades de auditoria. Mas sua aplicação não se limita aos documentos emitidos, o auditor contábil responsável pela emissão dos relatórios também tem a sua função regida pelas normas. O auditor contábil é um profissional com registro ativo no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) e com conhecimentos sobre a área contábil, financeira e patrimonial. Ele pode ser um auditor interno ou externo. Sua principal função é identificar falhas nos sistemas de controle, contribuindo, assim, para a tomada de decisão com base em dados fidedignos (MELO; SANTOS, 2017). 14 Na auditoria externa: • não existe vínculo empregatício com a empresa auditada; • os exames das operações são feitos principalmente para atender a sócios, acionistas, investidores, e demais interessados. Na auditoria interna • existe vínculo empregatício com a empresa auditada; • os exames das operações são feitos, principalmente, visando aos aspectos de eficiência operacional/administrativa. Atenção Caso a auditoria seja feita em uma empresa de capital aberto, é preciso que o contador também tenha registro profissional na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). De acordo com a NBC PG 100, alguns princípios devem nortear a conduta do profissional de contabilidade. São eles: princípios éticos, integridade, objetividade, competência e zelo profissionais, sigilo profissional e comportamento profissional. Para saber mais a esse respeito, acesse o link: . Saiba mais http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG100.pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCPG100.pdf 15 A Resolução CFC 803/96, em seu art. 5º, posteriormente atualizada pela Resolução 3.107/10, estabelece alguns princípios éticos que o contador deve seguir como auditor: I – recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida; II – abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto de perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração do respectivo laudo; III – abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua convicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos; IV – considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido a sua apreciação; V – mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu trabalho, respeitado o disposto no inciso II do Art. 2º; VI – abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido de documentos; VII – assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que concerne à aplicação dos Princípios de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC; VIII – considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças contábeis observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; IX – atender à Fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar à disposição desses, sempre que solicitado, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem e orientaram a execução do seu trabalho; e X - cumprir os Programas Obrigatórios de Educação Continuada estabelecidos pelo CFC. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE) 16 Além de prezar pelos princípios éticos, no caso do auditor independente (externo), é preciso seguir as Normas Brasileiras de Auditoria, emitidas em conjunto pelos seguintes órgãos: Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Instituto de Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Banco Central do Brasil (Bacen), Comissão de Valores Mobiliários(CVM) e Superintendência de Recursos Privados (Susep). De acordo com o art. 3º da instrução da CVM 308/99, o auditor independente precisa ter registro no CFC, na categoria contador. Ele deve ter exercido atividade de auditoria no país por, pelo menos, cinco anos (consecutivos ou não), período contado desde o seu registro no órgão. O art. 7º da instrução da CVM 308/99 estabelece como poderá ser comprovado o exercício da atividade de auditoria. Saiba mais detalhes sobre isso acessando o link: . Saiba mais O auditor externo deve ainda ter um escritório profissional legalizado, em seu nome, com instalações compatíveis com o exercício da atividade de auditoria independente, prezando pelo sigilo de documentos e informações dos clientes, além de, evidentemente, ter conhecimentos permanentemente atualizados sobre a área de atuação. Existem outras diretrizes e regras que o contador que exerce a função de auditor precisa seguir. No Quadro 2.3, podemos ver as principais normas e suas respectivas resoluções: http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/300/inst308consolid.pdf http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/300/inst308consolid.pdf http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/300/inst308consolid.pdf 17 Quadro 2.3: Normas Brasileiras de Contabilidade do Profissional de Auditoria – NBC PA NBC Resolução CFC Descrição NBC PI 01 821/97 Esta norma determina as competências técnico- profissional do auditor interno. Ela ainda trata de sua autonomia profissional, sobre a responsabilidade na execução dos trabalhos, além da manutenção do sigilo profissional e cooperação com o auditor independente. NBC PA 13 – Exame de Qualificação Técnica 1.109/07 Tem por objetivo examinar o nível de conhecimento e competência técnico-profissional dos auditores independentes. O exame de qualificação técnica é composto de prova escrita, contemplando questões para respostas objetivas e dissertativas. Os conhecimentos exigidos são: a) Ética Profissional; b) Legislação Profissional; c) princípios Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade, editados pelo Conselho Federal de Contabilidade; d) Auditoria Contábil; e) Legislação Societária; f) Legislação e Normas de Organismos Reguladores do Mercado; e, g) Língua Portuguesa Aplicada. O profissional obterá a aprovação mediante acerto de no mínimo 50% das questões objetivas e 50% das questões dissertativas elencadas nas provas, ocorrendo a aprovação no Exame de Qualificação Técnica para registro no Cadastro nacional de Auditores Independentes (CNAI). O resultado será publicado no Diário Oficial da União e a certidão de aprovação será divulgada no site do CFC. A avaliação será aplicada pelo menos uma vez em cada ano. NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas 1.201/09 Esta norma destaca o controle de qualidade para auditores (pessoas jurídicas e físicas) que executam o trabalho de auditoria. O principal objetivo, manter o controle de qualidade para obter segurança razoável, a fim de que todos os profissionais envolvidos cumpram as normas técnicas e as exigências éticas relevantes na emissão dos relatórios. Ainda de acordo com a norma, o profissional deve ter independência, ou seja, permite a apresentação da conclusão sem os efeitos da influência que possam comprometer o julgamento. Além disso, é um sistema de controle de qualidade que inclua políticas e procedimentos que tratam dos seguintes elementos: (a) responsabilidades da liderança pela qualidade; (b) exigências éticas significativas; (c) aceitação e continuidade do relacionamento com clientes e de trabalhos específicos; (d) recursos humanos; (e) execução do trabalho; e, (f) monitoramento. 18 NBC PA 11 – Revisão Externa de Qualidade pelos Pares 1.323/11 Esta norma aplica-se, exclusivamente, ao auditor com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ela foi criada objetivando assegurar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelos auditores. Essa norma consiste no exame realizado por um auditor independente nos trabalhos de auditoria executados por outro auditor independente, visando verificar se os procedimentos e as técnicas de auditoria utilizados para execução dos trabalhos nas empresas clientes estão em conformidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas e Profissionais, e quando aplicável, com outras normas emitidas por órgão regulador. Ela também analisa se o sistema de controle de qualidade desenvolvido e adotado pelo Auditor está adequado ao que é previsto na NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes. A Revisão pelos Pares deve ocorrer, no mínimo, uma vez a cada ciclo de quatro anos. NBC PA 12 – Educação Profissional Continuada 1.377/11 Esta norma tem o objetivo de regulamentar o Programa de Educação Continuada exercida pelos contadores na atividade de auditoria independente. Essa norma determina que o auditor deverá cumprir no mínimo 40 pontos por ano- calendário, sendo, no mínimo oito pontos com atividades de conhecimento, e comprovar, mediante relatório de atividade e documentos relativos à atividade de educação no órgão de classe - CRC de sua jurisdição -, até o dia 31 de janeiro do ano subsequente. Cabe lembrar que, o descumprimento das disposições da norma constitui infração do profissional, podendo acarretar a baixa do registro no CNAI – Cadastro Nacional de Auditores Independentes. NBC PA 290 – Independência Trabalho de Auditoria e Revisão DOU 28/05/14 Esta norma trata-se da independência dos auditores em relação aos clientes para os trabalhos de auditoria. Os conceitos sobre a independência devem ser aplicados por Auditores para identificar ameaças à independência e avaliar a importância dessas ameaças. Além de aplicar salvaguardas, quando necessário, para eliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável. Quando as salvaguardas apropriadas não estão disponíveis ou não podem ser aplicadas para eliminar as ameaças ou reduzi-las a um nível aceitável, o auditor deve eliminar a circunstância ou relacionamento que cria as ameaças, declinar ou descontinuar o trabalho de auditoria. O auditor deve usar julgamento profissional ao aplicar estes conceitos sobre a independência. NBC PA 291 – Independência Outros Trabalhos de Asseguração DOU 28/05/14 Assim como a NBC PA 290 essa norma refere-se a independência dos auditores, só que diferente da norma referida que trata dos trabalhos de auditoria e revisão, essa norma refere-se a outros trabalhos de asseguração. Fonte: Elaborado pelos autores (2018). 19 Dessa forma, você já deve ter concluído que o contador que exerce a função de auditor deve atender a diversas regras, como atualização constante da profissão e, acima de tudo, a ética, o ceticismo e a independência. 20 Referências CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. A estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade. Disponível em: . Acesso em: 29 dez. 2017. ______. Princípios fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade, auditoria e perícia. Disponível em: . Acesso em: 30 dez. 2017. CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009. MELO, M. M. de; SANTOS, I. R. dos. Auditoria contábil: atualizada pelas Normas Internacionais de Auditoria emitida pela IFAC com adoção no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2017. SANTOS, J. L. dos; GOMES, J. M. M. Fundamentos de auditoria contábil. São Paulo: Atlas, 2006.