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Classificação e espécies das infrações penais Direito Penal Resumo Detalhado Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Classificação de Crimes Primeiramente, ao nos referirmos à classificação de crimes, é importante lembrar que existem dois tipos de classificação. O primeiro tipo é a classificação legal, também chamada de rubrica marginal ou nomen iuris, que nada mais é do que o nome de cada um dos crimes que estão no Código Penal e na Legislação Extravagante (ex.: Art. 121, CP. Matar alguém; classificação legal: homicídio). A classificação legal não se confunde com a classificação doutrinária, que é a classificação realizada pela doutrina para facilitar a compreensão dos tipos penais, e é essa classificação doutrinária que analisaremos aqui principalmente. Crimes Comuns, Próprios e de Mão Própria Os crimes comuns, em relação ao sujeito ativo, são aqueles crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa, ou seja, não exigem nenhuma qualidade ou característica especial do autor do crime. Nesse mesmo sentido, o crime também poderá ser comum em relação ao sujeito passivo, à vítima, tratando-se agora do crime que pode ser praticado contra qualquer pessoa. A exemplo de crime comum, temos o supramencionado art. 121, CP, referente ao crime de homicídio: qualquer pessoa pode cometer esse crime e qualquer pessoa pode ser vítima dele. Os crimes próprios (também chamados de especiais) são aqueles em que se exige uma qualidade ou característica especial do sujeito ativo. Dessa forma, somente aquele que possui esse elemento especial determinado em lei poderá praticar esse crime. A título de exemplo, temos o crime de infanticídio, previsto no art. 123, CP. Vejamos: Infanticídio Dessa forma, quem pode praticar esse crime é a mãe, somente a mãe. No mesmo sentido, pode- se dizer que esse crime é próprio em relação ao sujeito passivo, vez que somente poderá ser vítima o filho. Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral; Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate; Outro exemplo possível que a doutrina dá desse tipo de crime é o crime cometido por funcionário público contra a Administração. Por fim, temos o crime de mão própria, também chamado de crime de atuação pessoal ou de conduta infungível. Estes são aqueles crimes em que somente uma pessoa determinada pode praticar a conduta, sendo necessária para isso, ainda, uma situação especial, e quedando impossível a existência de coautores. Exemplo disso é o crime de falso testemunho ou falsa perícia, conforme previsto no art. 342, CP: Dessa forma, possível perceber que somente essa pessoa pode cometer esse crime, ninguém pode fazê-lo por ela ou junto com ela. Observe, entretanto, que se admite a participação, ou seja, um terceiro pode instigá-la ou induzi-la a mentir em juízo. Crimes Materiais, Formais e de Mera Conduta Crime Material O crime material (causal) é aquele em que, para se consumar, exige-se uma alteração no mundo exterior, que a doutrina também chama de resultado naturalístico. Por exemplo, para que o crime de homicídio se consume, é preciso que ocorra o resultado morte da vítima, uma alteração específica do mundo exterior e já prevista do tipo penal. Podemos dizer que o mesmo ocorre nos crimes contra o patrimônio, sendo necessária uma alteração do mundo exterior, a subtração da posse. Crimes Formais Por outro lado, o crime formal (também chamado de crime de consumação antecipada ou de resultado cortado) não precisa desse resultado naturalístico para que se configure inteiramente. Observe-se que a norma até pode prever o resultado, mas estará tipificado o crime ainda que tal resultado não ocorra. A título de exemplo, vejamos a redação do art. 159 do Código Penal: Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Observamos que existe o recebimento de alguma vantagem previsto na norma, normalmente um preço de resgate, mas não é necessário que ele ocorra para que o crime se consuma inteiramente. Basta que ocorra o sequestro em si (com a intenção de obter vantagem) para que se possa aplicar inteiramente a pena, não se classificando isso como crime tentado. Crimes de Mera Conduta Os crimes de mera conduta (ou de simples atividade) não preveem qualquer resultado naturalístico previsto na norma. Por exemplo, temos o art. 233 do Código Penal: Ato obsceno Dessa forma, basta que o sujeito pratique o ato cru, não sendo necessário causar qualquer tipo de dano a terceiro ou qualquer outro tipo de resultado decorrente da conduta. No mesmo sentido, temos o crime de porte de armas ou de drogas. Crimes Unissubjetivos, Plurissubjetivos e Eventualmente Coletivos Crimes Unissubjetivos Os crimes unissubjetivos, também conhecidos como unilaterais, monossubjetivos ou de concurso eventual, são aqueles que podem ser praticado por mais de uma pessoa mas que, em regra, são praticados por uma pessoa só. Dessa forma, a prática do crime requer um único sujeito ativo. A título de exemplo, temos o caso do crime de homicídio, que pode ser cometido tanto por uma pessoa quanto com múltiplas; por isso, o nome de concurso eventual. Crimes Plurissubjetivos Os crimes plurissubjetivos, também chamados de plurilaterais ou de concurso necessário, são aqueles necessariamente praticados por mais de uma pessoa. Dessa forma, sem o concurso de pessoas, o crime não estará tipificado. Como exemplo óbvio, temos o crime de associação criminosa, previsto no art. 288, CP: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel; Crimes Eventualmente Coletivos Nos crimes eventualmente coletivos, temos uma conduta que, via de regra, seria praticada por apenas um sujeito mas é possível que o dispositivo legal tenha previsão de algum tipo de qualificadora ou aumento de pena baseado em circunstância especial na hipótese de esse crime ser praticado em concurso de pessoas. Vejamos: Dessa forma, em regra, o crime é monossubjetivo, mas existe uma previsão especial qualificadora que, na hipótese de prática do crime por duas ou mais pessoas, deixa a pena mais gravosa. Crimes Instantâneos, Permanentes, de Efeitos Permanentes e à Prazo Crime Instantâneo O crime chamado de instantâneo ou de estado é aquele cuja consumação não se prolonga no tempo: no momento preciso da conduta do agente, o crime já se consuma inteiramente. Dessa forma, o crime se consuma e acaba no mesmo momento. Como exemplo desse tipo de crime, temos o crime de furto: Temos que, no momento da subtração, momento em que ocorre a inversão da posse, há a imediata consumação do delito. Crime Permanente Em se tratando do crime permanente, no momento da conduta se inicia a consumação, só que ela se prolonga no tempo. Vejamos o art. 148, CP: Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes; Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I - quem acha tesouroem prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. Nesse passo, temos que o crime de sequestro e cárcere privado é permanente porque, no momento em que se abduz alguém e se restringe sua liberdade ilicitamente, a consumação do crime se inicia, somente terminando no momento em que a vítima tem a sua liberdade reestabelecida ou no momento em que ocorre algum outro evento que venha a interromper a duração do ato criminoso. Crime Instantâneo de Efeitos Permanentes Nessa modalidade de crime, temos uma mistura das duas anteriores. Aqui, existe uma conduta instantânea, consumando-se e acabando no mesmo momento, como no crime instantâneo, mas cujos efeitos se prolongam no tempo. Um exemplo clássico desse tipo de crime é a bigamia, prevista no art. 235 do Código Penal: Assim, a bigamia é um crime instantâneo, ocorrendo e sendo consumado em um momento específico (o momento da contração do segundo casamento), mas seus efeitos se perpetuam no tempo. O mesmo pode ser dito do crime de homicídio, que é instantâneo mas cujo efeito morte permanece. Crime à Prazo O crime à prazo somente se consumará depois de um tempo, nunca imediatamente. Vejamos o art. 169, CP: Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Dessa forma, apropriação de coisa achada é crime a prazo, que somente se irá consumar, nos termos do inciso II, depois de transcorrido o prazo de 15 dias sem que o sujeito entregue a coisa a seu dono ou a autoridade competente. Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Crimes de Subjetividade Passiva Única e Crimes de Dupla Subjetividade Passiva Crimes de Subjetividade Passiva Única Nesse tipo de crime, existe uma única vítima, ou seja, um único sujeito passivo do crime no caso fático. Esse é o caso, por exemplo, que se extrai do caso de lesão corporal. Vejamos o art. 129, CP: Lesão corporal Nesse contexto, se analisarmos um exemplo em que A agride B, causando ofensa à sua integridade corporal, teremos uma única vítima, um único sujeito passivo, o sujeito B. Crimes de Dupla Subjetividade Passiva Nos crimes de dupla subjetividade passiva, por outro lado, o tipo penal necessariamente vai prever dano a mais de um sujeito passivo. Esse é o caso, por exemplo, que se extrai do aborto provocado por terceiro. Vejamos o artigo 125 do Código Penal Brasileiro: Aborto provocado por terceiro Dessa forma, possível perceber que existem duas vítimas no mesmo contexto, não havendo que se falar, portanto, de múltiplos crimes. Uma única conduta prevista - a de provocar aborto sem o consentimento da gestante -, gera duas vítimas: a gestante e o feto que ela carregava. Crimes de Dano e de Perigo https://trilhante.com.br Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Essa classificação tem a ver com o bem jurídico protegido, ou seja, com o objeto jurídico da conduta. Crimes de Dano Os crimes de dano, também chamados de crimes de lesão, são aqueles que causam efetivo prejuízo ao bem jurídico protegido pela legislação. Um exemplo disso é o crime de homicídio. Ora, essa conduta causa um dano mais que evidente ao bem jurídico protegido pelo texto legal que é a vida. Essa mesma situação será verificada na hipótese de crimes contra o patrimônio em que ocorre a inversão da posse de coisa, sendo evidente o dano ao bem jurídico patrimônio protegido por lei. Crimes de Perigo Nos crimes de perigo, não há uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido, mas um comportamento que coloca esse bem protegido em perigo. É o caso do tráfico de drogas, com previsão no art. 33 da L. 11.343/2006. Vejamos: Temos, no supramencionado artigo, mais de quinze verbos que se referem ao crime de tráfico de drogas, sendo ele crime por causar perigo de danos à saúde pública, que faz que seja desnecessária a efetiva lesão. Diz-se, por conta disso, que esse é um caso de perigo abstrato: não é necessário comprovar que o sujeito de fato colocou em perigo ou em risco a saúde pública; a própria lei presume esse perigo, um perigo abstrato portanto. Adicionalmente, temos o crime de perigo concreto, no qual também não ocorre lesão real ao bem juridicamente protegido mas, ao contrário dos casos de crime abstrato em que a lei presume a existência de perigo, não existe presunção de perigo alguma, sendo necessária a comprovação de que o comportamento colocou de fato em perigo algum bem protegido juridicamente. Primeiramente, cuidado para não confundir essas classificações com as dos os crimes unissubjetivos e plurissubjetivos! Nos crimes unissubsistentes e plurissubsistentes, a preocupação é com o número de atos necessários para que o crime seja de fato realizado. Crimes Unissubsistentes e Crimes Plurissubsistentes https://trilhante.com.br/ https://trilhante.com.br Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Crimes Unissubsistentes Um exemplo clássico utilizado pela doutrina de crime unissubsistente é a injúria, prevista no art. 140, CP: Injúria Para praticar essa conduta e configurar o tipo penal por inteiro, basta um único ato de xingar alguém com o fim específico de atingir sua dignidade. Imediatamente, como a consumação do xingamento, dá-se o crime por inteiro, não existindo meio termo, não havendo múltiplos atos. O crime será simplesmente consumado ou inexistente, inadmitido o instituto da tentativa. Crimes Plurissubsistentes Por outro lado, nos crimes plurissubsistentes, é possível dividir a conduta do agente, sendo possível o instituto do crime tentado. Por exemplo, analisemos o crime de homicídio: é plenamente possível disparar com uma arma de fogo contra alguém com a intenção de tirar-lhe a vida mas não conseguir matá-la ao final da conduta. Dessa forma, podem-se dividir os atos executórios e se demonstrar que o crime já havia iniciado a sua execução, mas somente haverá de consumar com a efetiva morte da vítima, admitindo-se por isso a modalidade tentada. Crimes Comissivos, Omissivos e de Conduta Mista Crimes Comissivos Os crimes comissivos, ou de ação, são os crimes em que o agente ou o sujeito ativo, aquele que pratica o crime, age de forma positiva (por meio de uma ação, e não de uma omissão). Nesse sentido, temos o crime de roubo previsto no art. 157 do Código Penal Brasileiro. Vejamos: Roubo https://trilhante.com.br/ https://trilhante.com.br Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Crimes Omissivos Os crimes omissivos, ou de omissão, como do próprio nome avisa, são aqueles em que o sujeito ativo deixa de fazer alguma coisa que deveria fazer. Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios. Nos próprios, também chamados de crimes omissivos puros, o sujeito deixa de ter uma atitude cuja omissão se encontra tipificada expressamente no Código Penal. Um exemplo clássico disso é o crime de omissão de socorro, previsto no art. 135 do CP. Vejamos: Omissão de socorro Nessa hipótese, o sujeito deixa de socorrer alguém que está em perigo e esse deixar de fazer, por si só, constitui o crime de omissão de socorro, não existindo qualquer ação positiva necessária por parte do sujeito ativo para tal tipificação. Observe-se que, em regra, omissões não são criminosas para o direito penal, punindo-se apenas condutas comissivas, ou seja, aquelas realizadas por ação. Assim, somente haverá crime de omissão quando a lei penal estabelecer expressamente dessa forma. Ato contínuo, passemos a analisar os crimes omissivos impróprios, também chamados de espúrios ou comissivos por omissão, que são os tipos de crimes não previstos expressamente no Código Penal pois que se dão por meio de uma interpretação específica do art. 13, §2º do CP. Vejamos: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. https://trilhante.com.br/ https://trilhante.com.br Nesse passo, possível perceber que existe um dever de agir específico incumbente a algumas pessoas que estão elencadas no dispositivo. Essas pessoas, ignorando o objetivo dever que agir que possuíam, incorrem no crime por omissão imprópria. Podemos utilizar como exemplo um policial militar que, livre de quaisquer impedimentos de ação, ou seja, dotado do livre poder de exercício de seu cargo, e possuindo o dever de proteger determinado bem jurídico quando de sua ameaça, deixa de fazê-lo. Nesse caso, ele incorrerá no mesmo crime do agente ativo. Diante disso, compreenda-se: o policial que puder impedir um roubo e não o fizer, por possuir tal dever inerente a seu cargo, irá responder pelo roubo junto com o ladrão. Crimes de Conduta Mista Por fim, temos um conceito simples e rápido que decorre dos institutos estudados anteriormente: os crimes de conduta mista. Nesses crimes, existe uma conduta de fazer junto com uma conduta de não fazer. Explica-se melhor com um exemplo: o crime de apropriação de coisa achada. Tal crime se tipifica com a ação de achar + a omissão do não entregar a coisa a seu dono. https://trilhante.com.br/ Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Crimes de Forma Livre e de Forma Vinculada Crimes de Forma Livre A classificação aqui estudada se refere ao modo de execução do crime, ou seja, à maneira ou forma como ele é praticado. Nesse contexto, no crime de forma livre, a lei não estabelece em linhas objetivas como se dá sua prática, deixando-a em aberto e permitindo que o crime se realize de diversas maneiras. Nesse sentido, vejamos o crime de ameaça, previsto no art. 147, CP: Ameaça Possível perceber que o legislador permitiu que se abarcasse qualquer meio de ação de causar o mal injusto e grave previsto, sendo evidente a forma de livre execução do delito pelo sujeito ativo. No mesmo sentido, temos o crime de homicídio, sendo possível matar alguém por meio de sufocamento, arma de fogo, envenenamento, etc., não existindo qualquer forma especifica para que ele se consume inteiramente. Crimes de Forma Vinculada Os crimes de forma vinculada são aqueles que possuem determinação específica a respeito do modo de praticá-los, somente ocorrendo a consumação se pela maneira que a lei prescreveu. Por exemplo, temos o art. 130 do CP: Perigo de contágio venéreo https://trilhante.com.br Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 3º Se da violência resulta: II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Observa-se que esse crime somente ocorrerá por meio de relações sexuais ou ato libidinoso, evidenciando que só existem duas formas para que o crime seja tipificado. Inicialmente, essencial observar que essa classificação se refere ao bem jurídico protegido, ao objeto jurídico, ao bem da vida que a norma penal pretende proteger. Essa classificação se parece com a única subjetividade passiva e dupla subjetividade passiva, mas não se confundem: aqui nos referimos a quantos bens jurídicos o tipo penal protege. Crimes Mono-Ofensivos e Pluriofensivos Crimes Mono-ofensivos No crime mono-ofensivo, somente existe um bem jurídico protegido sendo ofendido. Podemos usar como exemplo o crime de furto, que protege somente um bem jurídico da vida: o patrimônio. Crimes Pluriofensivos Ato contínuo de estudo, agora temos os crimes pluriofensivos que, ao contrário dos crimes mono- ofensivos, como o próprio nome já indica, causam ofensa a mais de um bem jurídico protegido. Nesse sentido, vejamos o art. 157, §3º, CP: Destarte, possível concluir que o crime de roubo, quando praticado nos termos do § 3º, conhecido como latrocínio, ofende mais de um bem jurídico. Observe-se que o latrocínio pode ocorrer antes, durante ou depois do roubo, não sendo correto dizer “roubo seguido de morte” como escutamos no telejornal. Enfim, evidente que existe ofensa a mais de um bem jurídico: o patrimônio e a vida. Nessa classificação, o que se discute é a relação de um crime com outro; se um crime depende ou não de outro para ocorrer, por exemplo. Crimes Principais e Crimes Acessórios https://trilhante.com.br/ https://trilhante.com.br Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Art. 180, CP - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Crimes Principais Crimes principais são aqueles crimes totalmente independentes, cuja existência não depende de nenhum outro crime. Como exemplo, temos o estupro, previsto no art. 213, CP. Vejamos: Estupro Dessa forma, se essa conduta ocorrer, ela será criminosa independentemente da existência de qualquer crime anterior, acontecendo por conta própria. Crimes Acessórios Os crimes acessórios, também chamados de parasitários ou de fusão, são os crimes que tem sua existência dependente de um crime principal. O exemplo mais clássico que a doutrina apresenta é o crime de receptação. Vejamos: Ora, é evidente que, para que alguém pratique a receptação, é necessário que alguém pratique um crime anterior, somentese consumando nessa condição. Crimes Transeuntes ou de Fato Transitório e Crimes à Distância, Plurilocais ou em Trânsito Crimes Transeuntes ou de Fato Transitório Essa classificação se refere ao fato de o crime deixar ou não vestígios. Devemos compreender vestígio como qualquer elemento que prove a existência do crime, ou seja, que prove que ele, de fato, ocorreu. Nesse contexto, nos crimes transeuntes, também chamados de crimes de fato transitório, não se deixam vestígios. Por exemplo, temos os crimes contra a honra, como a calúnia, prevista no art. 138, CP: https://trilhante.com.br/ https://trilhante.com.br Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Calúnia Destarte, se eu contar enganosamente para uma pessoa A que uma pessoa B está vendendo drogas na porta da faculdade, esse tipo de conduta não vai deixar vestígio algum, exaurindo-se no momento de término da minha fala. Observe-se que, por óbvio, se essa calúnia ocorrer por meio escrito, mídia social ou por mensagem de voz, estará caracterizada como crime não transeunte, deixando vestígios. Nesse passo, um exemplo de evidente crime não transeunte é a lesão corporal, prevista no art. 129 do CP: Lesão corporal Dessa forma, se eu agredir uma pessoa e deixá-la marcada com qualquer espécie de hematoma, haverá evidência de que o crime existiu. No mesmo sentido, temos o homicídio, em que o corpo (ou o sumiço dele) será o vestígio. Crimes à Distância, Plurilocais ou em Trânsito Os crimes à distância, também chamados de crimes de espaço máximo, são aqueles cometidos em mais de um país, começando o ato em um país e terminado em outro. Por exemplo, o ato de colocar uma bomba dentro de uma encomenda e enviar por correios. O crime plurilocal é aquele que acontece dentro do território brasileiro, mas envolve mais de uma comarca. Por exemplo, podemos enviar essa mesma encomenda do exemplo anterior de dentro do território nacional para outro estado-membro da federação. Nesse caso, a ação se deu na cidade em que o sujeito ativo mora mas o resultado ocorreu em uma outra comarca. Por fim, temos os crimes em trânsito, que são aqueles apenas de passagem, ou seja, aqueles que apenas passam pelo território do país mas não causam nenhum dano relevante para nosso ordenamento. Por exemplo, digamos que eu estou dentro de um avião indo da Argentina para o Equador e, dentro desse avião, enquanto ele sobrevoa o Brasil, eu agrido um amigo. O Brasil não se importará com a ocorrência desse crime. Crimes Independentes e Conexos e Crimes Condicionados e Incondicionados https://trilhante.com.br/ https://trilhante.com.br Crimes Independentes e Crimes Conexos O crime independente é aquele que não tem conexão com nenhum outro crime. É praticado sozinho. Por outro lado, nos crimes conexos, existirão dois ou mais crimes que possuem relação um com o outro na medida em que um foi praticado para auxiliar o outro. A conexão entre os dois (ou mais) crimes, então, existe para facilitar a prática de um deles ou para facilitar sua impunidade, etc. O crime conexo possui diversos tipos de inter-relação e a primeira delas é conhecida como teleológica ou ideológica. Nessa primeira conexão, o primeiro crime é praticado com a simples finalidade de se praticar um segundo crime. Por exemplo, matar o segurança de um homem rico com o fim de sequestrá-lo em seguida. Aqui existe um crime de homicídio conexo com um crime de sequestro. Além de teleológica, a conexão também poderá ser consequencial ou causal, observada quando o segundo crime é praticado com o fim de evitar a punição pelo primeiro. Isso é muito comum quando existe uma testemunha do primeiro crime: o sujeito ativo pratica o homicídio dessa testemunha para evitar ser preso pelo primeiro. Assim, os crimes terão uma conexão consequencial. Por fim, temos a hipótese de conexão ocasional, que se dá com aquele crime praticado pela ocasião, não previamente planejado (já ouviu falar que a ocasião faz o ladrão?). Nesse cenário, o sujeito aproveita para praticar um outro crime antes, durante ou depois da consumação do original. Por exemplo, no caso de um roubo de uma loja, se o sujeito ativo passa a assediar a vendedora, os crimes serão conexos por conexão ocasional. Crimes Condicionados e Crimes Incondicionados A classificação em crimes condicionados e incondicionados diz respeito à ação penal, ou seja, de que forma se processará o crime. Nos crimes condicionados, existirá alguma condição para que o sujeito ativo do crime seja processado, como, por exemplo, a representação do sujeito passivo, vez que alguns crimes só podem ser processados se a vítima assim o quiser. Por outro lado, os crimes incondicionados são aqueles que, se ocorrerem, o Estado deverá investigar e processar independentemente de manifestação de vontade da vítima, sendo esta a regra de nosso Código Penal: a ação penal pública incondicionada. https://trilhante.com.br/ Classificação de Crimes Crimes Comuns, Próprios e de Mão Própria Infanticídio Crimes Materiais, Formais e de Mera Conduta Crime Material Crimes Formais Crimes de Mera Conduta Ato obsceno Crimes Unissubjetivos, Plurissubjetivos e Eventualmente Coletivos Crimes Unissubjetivos Crimes Plurissubjetivos Crimes Eventualmente Coletivos Crimes Instantâneos, Permanentes, de Efeitos Permanentes e à Prazo Crime Instantâneo Crime Permanente Crime Instantâneo de Efeitos Permanentes Crime à Prazo Crimes de Subjetividade Passiva Única e Crimes de Dupla Subjetividade Passiva Crimes de Subjetividade Passiva Única Lesão corporal Crimes de Dupla Subjetividade Passiva Aborto provocado por terceiro Crimes de Dano e de Perigo Crimes de Dano Crimes de Perigo Crimes Unissubsistentes e Crimes Plurissubsistentes Crimes Unissubsistentes Crimes Plurissubsistentes Crimes Comissivos, Omissivos e de Conduta Mista Crimes Comissivos Crimes Omissivos Crimes de Conduta Mista Crimes de Forma Livre e de Forma Vinculada Crimes de Forma Livre Crimes de Forma Vinculada Crimes Mono-Ofensivos e Pluriofensivos Crimes Mono-ofensivos Crimes Pluriofensivos Crimes Principais e Crimes Acessórios Crimes Principais Crimes Acessórios Crimes Transeuntes ou de Fato Transitório e Crimes à Distância, Plurilocais ou em Trânsito Crimes Transeuntes ou de Fato Transitório Calúnia Lesão corporal Crimes à Distância, Plurilocais ou em Trânsito Crimes Independentes e Conexos e Crimes Condicionados e Incondicionados Crimes Independentes e Crimes Conexos Crimes Condicionados e Crimes Incondicionados