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Disciplina | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 1 DISCIPLINA INFRAÇÕES PENAIS, SUJEITOS E CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES CONTEÚDO Aula 05 – Classificação dos Crimes Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Sumário www.faculdadefocus.com.br | 2 A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). Nem a instituição nem os autores assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. 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Classificação dos crimes. – Cascavel: Grupo Focus de Educação, 2022. 820 P. 1. Direito Penal. I. Helene, Paulo Henrique. II. Título. CDD 341.5 © 2022, by Faculdade Focus Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 www.faculdadefocus.com.br Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. http://www.faculdadefocus.com.br/ mailto:tutoria@faculdadefocus.com.br http://www.faculdadefocus.com.br/ Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Sumário www.faculdadefocus.com.br | 3 Sumário Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 1 Classificação dos Crimes--------------------------------------------------------------------------- 4 1.1 1. Crimes material, formal e de mera conduta----------------------------------------------------------- 4 1.2 Crimes doloso, culposo e preterdoloso -------------------------------------------------------------------- 5 1.3 Crimes comissivo, omissivo e comissivo-omissivo ------------------------------------------------------ 5 1.4 Crimes Instantâneo e Permanente -------------------------------------------------------------------------- 6 1.5 Crimes de dano e de perigo ----------------------------------------------------------------------------------- 6 1.6 Crimes unissubjetivo e plurissubjetivo --------------------------------------------------------------------- 7 1.7 Crimes unissubsistente e plurissubsistente --------------------------------------------------------------- 7 1.8 Crimes comum, próprio e de mão própria ---------------------------------------------------------------- 8 1.9 Crime consumado e tentado --------------------------------------------------------------------------------- 9 1.10 Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado --------------------------------------------------- 9 1.11 Outras classificações ------------------------------------------------------------------------------------------ 10 2 Referências Bibliográficas ---------------------------------------------------------------------- 13 Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 4 1 Classificação dos Crimes A classificação dos crimes é divida entre legal e doutrinária. A classificação legal se refere à denominação que a lei confere à figura típica, por exemplo: furto, estupro, homicídio, etc. Por outro lado, a classificação doutrinária é atribuída pelos estudiosos do Direito e levam em consideração as características das infrações penais, por exemplo: diz-se que é material o crime que descreve o resultado naturalístico e exige que ele ocorra para a sua consumação e preterdoloso é o crime cujo resultado total é mais grave do que o pretendido pelo agente (CUNHA, 2015). Dito isso, passa-se à classificação doutrinária dos crimes, elencando os seus aspectos mais relevantes. 1.1 1. Crimes material, formal e de mera conduta Crime material (ou de resultado naturalista) é o que, na sua descrição típica, descreve um resultado naturalístico e o exige para a sua consumação formal (BITENCOURT, 2014). O homicídio, por exemplo, descreve-se o resultado morte e o exige para a consumação. Nesse caso, há uma conduta e uma modificação do mundo exterior por ela causada; leia-se: há uma conduta e um resultado naturalístico. Crime formal também descreve um resultado, que, contudo, não precisa verificar-se para ocorrer a consumação (BITENCOURT, 2014, p. 281). Por exemplo, a extorsão (CP, art. 158) se consuma formalmente com o constrangimento à vítima, independentemente da obtenção de qualquer vantagem ilícita. A vantagem ilícita, nesse caso, é mera fase de exaurimento. Chama-se também crime de consumação antecipada ou de resultado cortado, porque o legislador não espera a ocorrência do resultado naturalístico previsto no tipo (que é a vantagem ilícita). Por fim, crime de mera conduta é o que descreve tão somente a conduta e consuma-se (formalmente) com a sua realização. É o caso da violação de domicílio (CP, art. 150) e da desobediência (CP, art. 330) que não descrevem qualquer resultado naturalístico. Há que se ponderar que, em que pese a inocorrência de resultado naturalístico Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 5 nos crimes formal e de mera conduta, é inerente a todo delito a ocorrência de resultado jurídico, sem o qual estar-se-ia ignorando o princípio da lesividade (CUNHA, 2015). 1.2 Crimes doloso, culposo e preterdoloso Essa classificação refere-se à natureza do elemento volitivo caracterizador da infração penal. Diz-se o crime doloso, segundo definição do Código Penal, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18, CP). Preterdoloso ou preterintencional é o crime cujo resultado total é mais grave do que o pretendido pelo agente. Há uma conjugação de dolo (no antecedente) e culpa (no subsequente); o agente quer o minus e produz o majus (BITENCOURT, 2014, p. 280). A lesão corporal seguida de morte é um exemplo clássico de crime preterdoloso. Nela o agente inicialmente tem a intenção apenas de atingir a integridade física da vítima, todavia, por inobservância das cautelas devidas, acaba causando a morte do vítima. 1.3 Crimes comissivo, omissivo e comissivo-omissivo A conduta do agente pode consistir num fazer ou deixar de fazer algo. Assim, quando o indivíduo faz alguma coisa que proibida, trata-se de crime comissivo; por outro lado, quando deixa de fazer alguma coisa a que estava obrigado, fala-se em crime omissivo (GRECO, 2015). Portanto, o crime comissivo consiste na realização de uma ação positiva visando a um resultado tipicamente ilícito, ou seja, no fazer o que a lei proíbe. Jáo crime omissivo próprio consiste no fato de o agente deixar de realizar determinada conduta, tendo a obrigação jurídica de fazê-lo; configura-se com a simples abstenção da conduta devida, quando podia e devia realizá-la, independentemente do resultado. No crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão, a omissão é o meio através do qual o agente produz o resultado. Nestes crimes, o agente responde não pela omissão simplesmente, mas pelo resultado decorrente deste, a que estava, juridicamente, obrigado a impedir (BITENCOURT, 2014, p. 280). Conforme assinala o professor Juarez Cirino (2011, p. 100-101): Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 6 A omissão imprópria tem por fundamento a posição de garantidor do bem jurídico atribuída a determinados indivíduos, que engendra o dever jurídico especial de agir, cuja lesão implica responsabilidade penal pelo resultado (doloso ou imprudente), como se fosse cometido por ação: se o pai não impede, mas pode impedir o afogamento do filho menor na piscina doméstica, responde pelo resultado de morte por dolo ou imprudência – e não por simples omissão de socorro. 1.4 Crimes Instantâneo e Permanente Crime instantâneo é o que se esgota com a ocorrência do resultado. Segundo Damásio, é o que se completa num determinado instante, sem continuidade temporal (lesão corporal). Instantâneo não significa praticado rapidamente, mas significa que uma vez realizados os seus elementos nada mais se poderá fazer para impedir sua ocorrência. Permanente é aquele crime cuja consumação se alonga no tempo, dependente da atividade do agente, que poderá cessar quando este quiser (cárcere privado, sequestro). Crime permanente não pode ser confundido com crime instantâneo de efeitos permanentes (homicídio, furto), cuja permanência não depende da continuidade da ação do agente (BITENCOURT, 2014, p. 281). Ressalte-se que tal classificação é bastante importante, uma vez que por meio dela é possível identificar se o autor do crime pode ser preso em flagrante, uma vez que nos crimes permanentes, a prisão em flagrante pode se dar enquanto não cessar a permanência. 1.5 Crimes de dano e de perigo Crime de dano é aquele para cuja consumação é necessária a superveniência de um resultado material que consiste na lesão efetiva do bem jurídico. A ausência desta pode caracterizar a tentativa ou um indiferente penal, como ocorre com os crimes materiais (homicídio, furto, lesão corporal). Crime de perigo é aquele que se consuma com a superveniência de um resultado material que consiste na simples criação do perigo real o bem jurídico protegido, sem produzir um dano efetivo. (BITENCOURT, 2014, p. 282). O perigo, nesses crimes, pode ser concreto ou abstrato. Concreto é aquele que precisa ser comprovado, isto é, deve ser demonstrada a situação efetiva de risco ocorrida no caso concreto ao bem juridicamente protegido. Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 7 Portanto, é imprescindível que haja a comprovação do risco ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Chama-se individual a conduta que expõe a perigo uma só pessoa ou um número determinado de pessoas (art. 132 do CP) e comum a conduta que expõe a perigo o número indeterminado de pessoas (art. 251 do CP). Já o perigo abstrato pode ser entendido como aquele que é presumido juris et de jure. Nesses termos, o perigo não precisaria ser provado, pois seria suficiente a simples prática da ação que se pressupõe perigosa. Atualmente, prevalece a orientação de que a embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) é um crime de perigo abstrato. 1.6 Crimes unissubjetivo e plurissubjetivo Crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado pelo agente individualmente – que também admite o concurso eventual de pessoas –, constituindo a regra geral das condutas delituosas previstas no ordenamento jurídico-penal. Crime plurissubjetivo, por sua vez, é o crime de concurso necessário, isto é, aquele que por sua estrutura típica exige o concurso de, no mínimo, duas pessoas (BITENCOURT, 2014, p. 283). Em suma, crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado apenas por uma pessoa, assim como pode ser cometido por várias pessoas, ou seja, o concurso de agentes não é obrigatório. Já na hipótese de crime plurissubjetivo, para a configuração do crime, o concurso de agentes é imprescindível, sendo que as condutas perpetradas pelos agentes podem ser assim classificadas: a) paralelas: quando todos pretendem alcançar um fim único, como ocorre na associação criminosa; b) divergentes: quando os agentes dirigem suas ações uns contra os outros, como acontece na rixa; c) bilaterais: quando o tipo pressupõe a atuação de dois agentes cujas condutas são propensas a se encontrar, a exemplo do que ocorre na bigamia (CUNHA, 2015, p. 163). 1.7 Crimes unissubsistente e plurissubsistente Crime unissubisistente constitui-se de ato único. O processo executivo unitário, Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 8 que não admite fracionamento, coincide temporalmente com a consumação, sendo impossível, consequentemente, a tentativa (injúria verbal). Contrariamente, no crime plurissubsistente sua execução pode desdobrar-se em vários atos sucessórios, de tal sorte que a ação e o resultado típico separam-se espacialmente. (BITENCOURT, 2014, p. 283). É importante anotar que, em razão da possibilidade de fracionamento dos atos executórios, admite-se a tentativa nos crimes plurissubsistentes. Por outro lado, os crimes unissubsistentes não admitem tentativa – não é possível, por exemplo, fracionar a execução de um crime de injúria praticado verbalmente. Nesse sentido, afirma-se que: Essa classificação importa para a admissão da tentativa, bem como para a questão do concurso de crimes. Crime unissubsistente é o que se dá num único ato, ou seja, a conduta não admite fracionamento. É o que ocorre, por exemplo, com a injúria (art. 140, do CP), quando proferida verbalmente. No mesmo sentido, os crimes omissivos próprios, uma vez que a inação penalmente relevante se aperfeiçoa em um único instante. Diversamente, os crimes plurissubsistentes admitem o fracionamento da conduta em diversos atos. Dessa forma, é possível que a conduta no delito de estelionato (art. 171, do CP) venha a ser subdividida em plúrimos atos, como, por exemplo, a realização de um golpe, conhecido como “conto do vigário, por intermédio de diversos artifícios, capaz de induzir ou manter em erro o lesado (JAPIASSÚ; SOUZA, 2015, p. 186). 1.8 Crimes comum, próprio e de mão própria Se analisarmos o crime sob a perspectiva do autor do fato, levando em consideração quais são os agentes que podem figurar como autores de um determinado delito, termos a seguinte classificação a) crime comum; b) crime próprio ou especial; c) crime de mão própria. Crime comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa (lesão corporal, estelionato, furto). Crime próprio ou especial é aquele que exige determinada qualidade ou condição pessoal do agente. Pode ser condição jurídica (acionista); profissional ou social (comerciante); natural (gestante, mãe); parentesco Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 9 (descendente) etc. Crime de mão própria é aquele que só pode ser pratica pelo agente pessoalmente, não podendo utilizar-se de interposta pessoa (falso testemunho, prevaricação). (BITENCOURT, 2014, p. 283). A distinção entre crime próprio e crime de mão própria, segundo Damásio, consiste no fato de que, “nos crimes próprios, o sujeito ativo pode determinar a outrem a sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas porum número limitado de pessoas; nos crimes de mão própria, embora possam ser praticados por qualquer pessoa, ninguém os comete por intermédio de outrem”. (BITENCOURT, 2014, p. 283). 1.9 Crime consumado e tentado Considera-se consumado o crime em que se reúnam todos os seus requisitos de ordem legal (artigo 14, inciso I, do Código Penal). Não se confunde com crime exaurido, em que ocorrem acontecimentos subsequentes à consumação, que, por isso mesmo, nela não influenciam, não obstante devam ser considerados na aplicação da pena (CUNHA, 2015, p. 162). Por outro lado, na hipótese em que, por circunstâncias alheias à vontade do agente, o resultado não ocorre, caracteriza-se o crime tentado (artigo 14, inciso II, do Código Penal). Todavia, para que haja a configuração da tentativa, é necessário que estejam presentes tais elementos: a) a conduta seja dolosa, isto é, que exista uma vontade livre e consciente de querer praticar determinada infração penal; b) o agente ingresse, obrigatoriamente, na fase dos chamados atos de execução; c) não consiga chegar à consumação do crime, por circunstâncias alheias à sua vontade. 1.10 Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado Segundo Rogério Sanches (2015, p. 162-163): (A) simples: é o crime basilar, formado objetivamente por apenas um Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 10 tipo penal e subjetivamente sem nenhuma circunstância que aumente ou diminua sua gravidade. (B) complexo: é o crime formado por meio da reunião entre dois ou mais tipos penais. Como exemplos, podemos citar o crime de roubo (furto + constrangimento ilegal) e extorsão mediante sequestro (extorsão + sequestro). A doutrina utiliza, também, a denominação crime complexo em sentido amplo para definir o delito acrescido de circunstâncias ou elementos que, por si sós, não constituem crime. No caso da denunciação caluniosa, por exemplo, o delito é formado pela calúnia e pela comunicação à autoridade a ocorrência de infração penal, ato este isoladamente não criminoso. Do mesmo modo, o estupro, formado pelo constrangimento violento e pelo ato de libidinagem, por si só, atípico quando praticado contra pessoa não vulnerável. - O que se entende por crime ultra complexo? Ocorre quando um crime complexo é acrescido de outro, este servindo como qualificadora ou majorante daquele. Imaginemos um roubo (crime complexo) praticado com emprego de arma de fogo. Temos, na hipótese, uma unidade jurídica ultra complexa formada pela reunião do crime de roubo (nascido da fusão do constrangimento ilegal + furto) e o crime de porte ilegal de arma de fogo. (C) qualificado: é o crime que deriva do tipo penal básico ou do complexo, com a mesma natureza, cuja reprimenda sofre um agravamento, em novos patamares mínimo e máximo, em virtude da maior gravidade da conduta. (D) privilegiado: é aquele em que a lei considera determinadas circunstâncias que diminuem a gravidade da ação e, consequentemente, a reprimenda imposta. Há, por exemplo, o furto privilegiado pela primariedade do agente e pelo pequeno valor da coisa; homicídio privilegiado quando praticado por motivo de relevante valor social etc. 1.11 Outras classificações Na doutrina, ainda encontramos uma série de outras classificações. Vejamos. Crime profissional é o crime habitual, quando cometido com finalidade lucrativa, por exemplo, rufianismo (CP, art. 230). (MASSON, 2020, p. 186). Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 11 Crime habitual é aquele que se configura mediante a reiteração de atos. Somente irá ocorrer se houver repetição da conduta que revele ser aquela atividade um procedimento costumeiro por parte do agente. Como exemplo, temos o delito previsto no artigo 229 do Código Penal, que pune a manutenção de estabelecimento em que ocorra exploração sexual. (CUNHA, 2015, p. 165). Crime hediondo é todo aquele que se enquadra no rol do artigo 1º da Lei 8.072/1990, na forma consumada ou tentada. Adotou-se o critério legal: crime hediondo é aquele que a lei define como hediondo (MASSON, 2020, p. 186). Crime progressivo (ou de passagem): é aquele em que, para alcançar seu intento, deve o agente obrigatoriamente violar norma de caráter menos grave. No furto a residência, por exemplo, antes se pratica a violação de domicílio. No homicídio, necessariamente ocorre a lesão corporal. (CUNHA, 2015, p. 165). Crime de ação única e de ação múltipla: será de ação única o crime em que o tipo penal prevê apenas uma conduta nuclear possível. Assim, é o furto, em que só há a conduta de subtrair. Crime de ação múltipla (ou de conteúdo variável) é aquele em que diversas são as condutas possíveis, como no tráfico de drogas, sendo que, neste caso, se o agente praticar mais de uma, no mesmo contexto fático, responderá por crime único. (CUNHA, 2015, p. 165). Crime de ação violenta é o cometido mediante o emprego de violência contra a pessoa ou grave ameaça, como o caso do roubo (CP, art. 157). (MASSON, 2020, p. 187). Crime de ação astuciosa é o praticado por meio de fraude, engodo, tal como estelionato (CP, art. 171). (MASSON, 2020, p. 187). Crime a prazo: é aquele que exige o decurso de um prazo para que se configure. É o que ocorre na apropriação de coisa achada (artigo 169, parágrafo único, inciso II, do Código Penal), que se consuma se o agente que acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixa de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze dias. (CUNHA, 2015, p. 166). Crime de opinião ou de palavra: é aquele praticado por meio de abuso da liberdade de expressão (injúria, calúnia, difamação, apologia de crime ou criminoso). (CUNHA, 2015, p. 166). Crime subsidiário é o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Classificação dos Crimes www.faculdadefocus.com.br | 12 grave. É o caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio (CP, art. 250), para Nelson Hungria, o crime subsidiário funciona como “soldado de reserva”. (MASSON, 2020, p. 186). Crime de fato permanente e de fato transeunte: delito de fato permanente (ou não transeunte) é o que deixa vestígios materiais que devem ser constatados mediante perícia. Ex.: falsificação de documento. Delito de fato transeunte, ao contrário, não permite constatação mediante análise de vestígios, pois não os exibe. Ex.: injúria cometida por meio de palavras. (CUNHA, 2015, p. 168). Crime remetido: é aquele em que sua definição típica se reporta a outro crime, como o artigo 304 do Código Penal. (CUNHA, 2015, p. 170). Crime de rua (ou do colarinho azul): é o crime cometido normalmente pro pessoas economicamente menos favorecidas, como o furto e o roubo. São denominados crimes do colarinho azul em alusão ao uniforme que era utilizado por operários norte-americanos no início do século XX, então chamados de blue-collars. (CUNHA, 2015, p. 170). Crime do colarinho branco: é o delito cometido na esfera econômica, movimentando normalmente grande volume de recursos. É o caso dos crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro. (CUNHA, 2015, p. 170). Crime de greve: é o delito cometido durante a paralisação dos empregados. (CUNHA, 2015, p. 170). Crime de lockout: é o deltio cometido no decorrer da paralização do empregador. (CUNHA, 2015, p. 170). Crime de tendência interna transcendente (ou crime de intenção): o sujeito ativo quer um resultado dispensável para a consumação do delito. O tipo subjetivo é composto pelo dolo e por elemento subjetivo especial (finalidade transcendente). Ex.: na extorsão mediante sequestro – art. 159 – a obtençãoda vantagem (resgate) é dispensável para a consumação (que se contenta com a privação da liberdade da vítima). (CUNHA, 2015, p. 168). Crime de resultado cortado: espécie de crime de intenção, o resultado (dispensável para a consumação) não depende do agente, não está na sua esfera de decisão. Ex.: na extorsão mediante sequestro, a obtenção da vantagem – pagamento do resgate -, dispensável para a consumação do crime, não depende do agente, mas de terceiros ligados à vítima. (CUNHA, 2015, p. 168). Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Referências Bibliográficas www.faculdadefocus.com.br | 13 Crime mutilado de dois atos: também espécie de crime de intenção, o crime mutilado de dois atos se verifica quando o resultado dispensável depende de novo comportamento do agente; está em sua esfera de decisão. Ex.: no crime de petrechos para falsificação de moeda, a efetiva falsificação das moedas e sua colocação em circulação, ambos os resultados dispensáveis para a consumação, dependem de nova decisão do agente. (CUNHA, 2015, p. 168). Quase-crime é o nome doutrinário atribuído ao crime impossível (CP, art. 17) e à participação impunível (CP, art. 31). Na verdade, inexiste crime. (MASSON, 2020, p. 186). 2 Referências Bibliográficas BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal 1: parte geral. 20. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014. CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. 3. ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2015. GALVÃO, Fernando. Direito penal: parte geral. 5. ed. rev., atual e ampliada. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011. GOMES, Luiz Flávio; BIANCHINI, Alice. Curso de Direito penal: parte geral (arts. 1º a 120). Salvador: Editora JusPodivm, 2015. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015. JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano; SOUZA, Artur de Brito Guedes. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 2015. JESUS, Damásio de. Direito penal – Parte Geral; atualização André Estefam. vol. 1- 37. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. MASSON, Cleber. Direito penal: parte geral (arts. 1º a 120). v. 1. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Penal: MÉTODO, 2020. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 13. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017. SANTOS, Juarez Cirino dos. Manual de Direito Penal. São Paulo: Conceito Editorial, 2011. Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Referências Bibliográficas www.faculdadefocus.com.br | 14 Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | Referências Bibliográficas www.faculdadefocus.com.br | 15 Sumário 1 Classificação dos Crimes 1.1 1. Crimes material, formal e de mera conduta 1.2 Crimes doloso, culposo e preterdoloso 1.3 Crimes comissivo, omissivo e comissivo-omissivo 1.4 Crimes Instantâneo e Permanente 1.5 Crimes de dano e de perigo 1.6 Crimes unissubjetivo e plurissubjetivo 1.7 Crimes unissubsistente e plurissubsistente 1.8 Crimes comum, próprio e de mão própria 1.9 Crime consumado e tentado 1.10 Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado 1.11 Outras classificações 2 Referências Bibliográficas