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Disciplina | 
Classificação dos Crimes 
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DISCIPLINA 
INFRAÇÕES PENAIS, SUJEITOS E 
CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES 
 
CONTEÚDO 
Aula 05 – Classificação dos Crimes 
Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | 
Sumário 
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Informações Catalográficas 
H474 
HELENE, Paulo Henrique. Classificação dos crimes. – Cascavel: Grupo Focus de 
Educação, 2022. 
820 P. 
1. Direito Penal. I. Helene, Paulo Henrique. II. Título. 
CDD 341.5 
 
 
© 2022, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
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Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | 
Sumário 
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Sumário 
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Classificação dos Crimes--------------------------------------------------------------------------- 4 
1.1 1. Crimes material, formal e de mera conduta----------------------------------------------------------- 4 
1.2 Crimes doloso, culposo e preterdoloso -------------------------------------------------------------------- 5 
1.3 Crimes comissivo, omissivo e comissivo-omissivo ------------------------------------------------------ 5 
1.4 Crimes Instantâneo e Permanente -------------------------------------------------------------------------- 6 
1.5 Crimes de dano e de perigo ----------------------------------------------------------------------------------- 6 
1.6 Crimes unissubjetivo e plurissubjetivo --------------------------------------------------------------------- 7 
1.7 Crimes unissubsistente e plurissubsistente --------------------------------------------------------------- 7 
1.8 Crimes comum, próprio e de mão própria ---------------------------------------------------------------- 8 
1.9 Crime consumado e tentado --------------------------------------------------------------------------------- 9 
1.10 Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado --------------------------------------------------- 9 
1.11 Outras classificações ------------------------------------------------------------------------------------------ 10 
2 Referências Bibliográficas ---------------------------------------------------------------------- 13 
 
 
Infrações penais, Sujeitos e Classificação de Crimes | 
Classificação dos Crimes 
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1 Classificação dos Crimes 
A classificação dos crimes é divida entre legal e doutrinária. A classificação legal 
se refere à denominação que a lei confere à figura típica, por exemplo: furto, estupro, 
homicídio, etc. Por outro lado, a classificação doutrinária é atribuída pelos estudiosos 
do Direito e levam em consideração as características das infrações penais, por 
exemplo: diz-se que é material o crime que descreve o resultado naturalístico e exige 
que ele ocorra para a sua consumação e preterdoloso é o crime cujo resultado total é 
mais grave do que o pretendido pelo agente (CUNHA, 2015). 
Dito isso, passa-se à classificação doutrinária dos crimes, elencando os seus 
aspectos mais relevantes. 
 
1.1 1. Crimes material, formal e de mera conduta 
Crime material (ou de resultado naturalista) é o que, na sua descrição típica, 
descreve um resultado naturalístico e o exige para a sua consumação formal 
(BITENCOURT, 2014). 
O homicídio, por exemplo, descreve-se o resultado morte e o exige para a 
consumação. Nesse caso, há uma conduta e uma modificação do mundo exterior por 
ela causada; leia-se: há uma conduta e um resultado naturalístico. 
Crime formal também descreve um resultado, que, contudo, não precisa 
verificar-se para ocorrer a consumação (BITENCOURT, 2014, p. 281). 
Por exemplo, a extorsão (CP, art. 158) se consuma formalmente com o 
constrangimento à vítima, independentemente da obtenção de qualquer vantagem 
ilícita. A vantagem ilícita, nesse caso, é mera fase de exaurimento. 
Chama-se também crime de consumação antecipada ou de resultado cortado, 
porque o legislador não espera a ocorrência do resultado naturalístico previsto no tipo 
(que é a vantagem ilícita). 
Por fim, crime de mera conduta é o que descreve tão somente a conduta e 
consuma-se (formalmente) com a sua realização. É o caso da violação de domicílio 
(CP, art. 150) e da desobediência (CP, art. 330) que não descrevem qualquer resultado 
naturalístico. 
Há que se ponderar que, em que pese a inocorrência de resultado naturalístico 
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nos crimes formal e de mera conduta, é inerente a todo delito a ocorrência de 
resultado jurídico, sem o qual estar-se-ia ignorando o princípio da lesividade (CUNHA, 
2015). 
 
1.2 Crimes doloso, culposo e preterdoloso 
Essa classificação refere-se à natureza do elemento volitivo caracterizador da 
infração penal. Diz-se o crime doloso, segundo definição do Código Penal, quando o 
agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; culposo, quando o agente 
deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18, CP). 
Preterdoloso ou preterintencional é o crime cujo resultado total é mais grave do que 
o pretendido pelo agente. Há uma conjugação de dolo (no antecedente) e culpa (no 
subsequente); o agente quer o minus e produz o majus (BITENCOURT, 2014, p. 280). 
A lesão corporal seguida de morte é um exemplo clássico de crime preterdoloso. 
Nela o agente inicialmente tem a intenção apenas de atingir a integridade física da 
vítima, todavia, por inobservância das cautelas devidas, acaba causando a morte do 
vítima. 
 
1.3 Crimes comissivo, omissivo e comissivo-omissivo 
A conduta do agente pode consistir num fazer ou deixar de fazer algo. Assim, 
quando o indivíduo faz alguma coisa que proibida, trata-se de crime comissivo; por 
outro lado, quando deixa de fazer alguma coisa a que estava obrigado, fala-se em 
crime omissivo (GRECO, 2015). 
Portanto, o crime comissivo consiste na realização de uma ação positiva visando 
a um resultado tipicamente ilícito, ou seja, no fazer o que a lei proíbe. Jáo crime 
omissivo próprio consiste no fato de o agente deixar de realizar determinada 
conduta, tendo a obrigação jurídica de fazê-lo; configura-se com a simples abstenção 
da conduta devida, quando podia e devia realizá-la, independentemente do resultado. 
No crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão, a omissão é o meio através 
do qual o agente produz o resultado. Nestes crimes, o agente responde não pela 
omissão simplesmente, mas pelo resultado decorrente deste, a que estava, 
juridicamente, obrigado a impedir (BITENCOURT, 2014, p. 280). 
Conforme assinala o professor Juarez Cirino (2011, p. 100-101): 
 
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A omissão imprópria tem por fundamento a posição de garantidor do 
bem jurídico atribuída a determinados indivíduos, que engendra o 
dever jurídico especial de agir, cuja lesão implica responsabilidade 
penal pelo resultado (doloso ou imprudente), como se fosse cometido 
por ação: se o pai não impede, mas pode impedir o afogamento do 
filho menor na piscina doméstica, responde pelo resultado de morte 
por dolo ou imprudência – e não por simples omissão de socorro. 
 
1.4 Crimes Instantâneo e Permanente 
Crime instantâneo é o que se esgota com a ocorrência do resultado. Segundo 
Damásio, é o que se completa num determinado instante, sem continuidade temporal 
(lesão corporal). Instantâneo não significa praticado rapidamente, mas significa que 
uma vez realizados os seus elementos nada mais se poderá fazer para impedir sua 
ocorrência. Permanente é aquele crime cuja consumação se alonga no tempo, 
dependente da atividade do agente, que poderá cessar quando este quiser (cárcere 
privado, sequestro). Crime permanente não pode ser confundido com crime 
instantâneo de efeitos permanentes (homicídio, furto), cuja permanência não depende 
da continuidade da ação do agente (BITENCOURT, 2014, p. 281). 
Ressalte-se que tal classificação é bastante importante, uma vez que por meio 
dela é possível identificar se o autor do crime pode ser preso em flagrante, uma vez 
que nos crimes permanentes, a prisão em flagrante pode se dar enquanto não cessar 
a permanência. 
 
1.5 Crimes de dano e de perigo 
Crime de dano é aquele para cuja consumação é necessária a superveniência de 
um resultado material que consiste na lesão efetiva do bem jurídico. A ausência desta 
pode caracterizar a tentativa ou um indiferente penal, como ocorre com os crimes 
materiais (homicídio, furto, lesão corporal). Crime de perigo é aquele que se consuma 
com a superveniência de um resultado material que consiste na simples criação do 
perigo real o bem jurídico protegido, sem produzir um dano efetivo. (BITENCOURT, 
2014, p. 282). 
O perigo, nesses crimes, pode ser concreto ou abstrato. 
Concreto é aquele que precisa ser comprovado, isto é, deve ser demonstrada a 
situação efetiva de risco ocorrida no caso concreto ao bem juridicamente protegido. 
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Portanto, é imprescindível que haja a comprovação do risco ao bem jurídico tutelado 
pela norma penal. Chama-se individual a conduta que expõe a perigo uma só pessoa 
ou um número determinado de pessoas (art. 132 do CP) e comum a conduta que 
expõe a perigo o número indeterminado de pessoas (art. 251 do CP). 
Já o perigo abstrato pode ser entendido como aquele que é presumido juris et 
de jure. Nesses termos, o perigo não precisaria ser provado, pois seria suficiente a 
simples prática da ação que se pressupõe perigosa. Atualmente, prevalece a 
orientação de que a embriaguez ao volante (art. 306 do CTB) é um crime de perigo 
abstrato. 
 
1.6 Crimes unissubjetivo e plurissubjetivo 
Crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado pelo agente 
individualmente – que também admite o concurso eventual de pessoas –, constituindo 
a regra geral das condutas delituosas previstas no ordenamento jurídico-penal. Crime 
plurissubjetivo, por sua vez, é o crime de concurso necessário, isto é, aquele que por 
sua estrutura típica exige o concurso de, no mínimo, duas pessoas (BITENCOURT, 
2014, p. 283). 
Em suma, crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado apenas por uma 
pessoa, assim como pode ser cometido por várias pessoas, ou seja, o concurso de 
agentes não é obrigatório. 
Já na hipótese de crime plurissubjetivo, para a configuração do crime, o concurso 
de agentes é imprescindível, sendo que as condutas perpetradas pelos agentes 
podem ser assim classificadas: 
 
a) paralelas: quando todos pretendem alcançar um fim único, como 
ocorre na associação criminosa; b) divergentes: quando os agentes 
dirigem suas ações uns contra os outros, como acontece na rixa; c) 
bilaterais: quando o tipo pressupõe a atuação de dois agentes cujas 
condutas são propensas a se encontrar, a exemplo do que ocorre na 
bigamia (CUNHA, 2015, p. 163). 
 
1.7 Crimes unissubsistente e plurissubsistente 
Crime unissubisistente constitui-se de ato único. O processo executivo unitário, 
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que não admite fracionamento, coincide temporalmente com a consumação, sendo 
impossível, consequentemente, a tentativa (injúria verbal). Contrariamente, no crime 
plurissubsistente sua execução pode desdobrar-se em vários atos sucessórios, de tal 
sorte que a ação e o resultado típico separam-se espacialmente. (BITENCOURT, 2014, 
p. 283). 
É importante anotar que, em razão da possibilidade de fracionamento dos atos 
executórios, admite-se a tentativa nos crimes plurissubsistentes. Por outro lado, os 
crimes unissubsistentes não admitem tentativa – não é possível, por exemplo, 
fracionar a execução de um crime de injúria praticado verbalmente. 
Nesse sentido, afirma-se que: 
 
Essa classificação importa para a admissão da tentativa, bem como 
para a questão do concurso de crimes. Crime unissubsistente é o que 
se dá num único ato, ou seja, a conduta não admite fracionamento. É o 
que ocorre, por exemplo, com a injúria (art. 140, do CP), quando 
proferida verbalmente. No mesmo sentido, os crimes omissivos 
próprios, uma vez que a inação penalmente relevante se aperfeiçoa em 
um único instante. Diversamente, os crimes plurissubsistentes admitem 
o fracionamento da conduta em diversos atos. Dessa forma, é possível 
que a conduta no delito de estelionato (art. 171, do CP) venha a ser 
subdividida em plúrimos atos, como, por exemplo, a realização de um 
golpe, conhecido como “conto do vigário, por intermédio de diversos 
artifícios, capaz de induzir ou manter em erro o lesado (JAPIASSÚ; 
SOUZA, 2015, p. 186). 
 
1.8 Crimes comum, próprio e de mão própria 
Se analisarmos o crime sob a perspectiva do autor do fato, levando em 
consideração quais são os agentes que podem figurar como autores de um 
determinado delito, termos a seguinte classificação a) crime comum; b) crime próprio 
ou especial; c) crime de mão própria. 
Crime comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa (lesão corporal, 
estelionato, furto). Crime próprio ou especial é aquele que exige determinada 
qualidade ou condição pessoal do agente. Pode ser condição jurídica (acionista); 
profissional ou social (comerciante); natural (gestante, mãe); parentesco 
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(descendente) etc. Crime de mão própria é aquele que só pode ser pratica pelo 
agente pessoalmente, não podendo utilizar-se de interposta pessoa (falso 
testemunho, prevaricação). (BITENCOURT, 2014, p. 283). 
A distinção entre crime próprio e crime de mão própria, segundo Damásio, 
consiste no fato de que, “nos crimes próprios, o sujeito ativo pode determinar a 
outrem a sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas porum número 
limitado de pessoas; nos crimes de mão própria, embora possam ser praticados por 
qualquer pessoa, ninguém os comete por intermédio de outrem”. (BITENCOURT, 2014, 
p. 283). 
 
1.9 Crime consumado e tentado 
Considera-se consumado o crime em que se reúnam todos os seus requisitos de 
ordem legal (artigo 14, inciso I, do Código Penal). Não se confunde com crime 
exaurido, em que ocorrem acontecimentos subsequentes à consumação, que, por isso 
mesmo, nela não influenciam, não obstante devam ser considerados na aplicação da 
pena (CUNHA, 2015, p. 162). 
Por outro lado, na hipótese em que, por circunstâncias alheias à vontade do 
agente, o resultado não ocorre, caracteriza-se o crime tentado (artigo 14, inciso II, do 
Código Penal). Todavia, para que haja a configuração da tentativa, é necessário que 
estejam presentes tais elementos: 
 
a) a conduta seja dolosa, isto é, que exista uma vontade livre e 
consciente de querer praticar determinada infração penal; 
b) o agente ingresse, obrigatoriamente, na fase dos chamados atos de 
execução; 
c) não consiga chegar à consumação do crime, por circunstâncias 
alheias à sua vontade. 
 
1.10 Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado 
Segundo Rogério Sanches (2015, p. 162-163): 
 
(A) simples: é o crime basilar, formado objetivamente por apenas um 
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tipo penal e subjetivamente sem nenhuma circunstância que aumente 
ou diminua sua gravidade. 
(B) complexo: é o crime formado por meio da reunião entre dois ou 
mais tipos penais. Como exemplos, podemos citar o crime de roubo 
(furto + constrangimento ilegal) e extorsão mediante sequestro 
(extorsão + sequestro). 
A doutrina utiliza, também, a denominação crime complexo em sentido 
amplo para definir o delito acrescido de circunstâncias ou elementos 
que, por si sós, não constituem crime. No caso da denunciação 
caluniosa, por exemplo, o delito é formado pela calúnia e pela 
comunicação à autoridade a ocorrência de infração penal, ato este 
isoladamente não criminoso. Do mesmo modo, o estupro, formado 
pelo constrangimento violento e pelo ato de libidinagem, por si só, 
atípico quando praticado contra pessoa não vulnerável. 
- O que se entende por crime ultra complexo? 
Ocorre quando um crime complexo é acrescido de outro, este servindo 
como qualificadora ou majorante daquele. Imaginemos um roubo 
(crime complexo) praticado com emprego de arma de fogo. Temos, na 
hipótese, uma unidade jurídica ultra complexa formada pela reunião do 
crime de roubo (nascido da fusão do constrangimento ilegal + furto) e 
o crime de porte ilegal de arma de fogo. 
(C) qualificado: é o crime que deriva do tipo penal básico ou do 
complexo, com a mesma natureza, cuja reprimenda sofre um 
agravamento, em novos patamares mínimo e máximo, em virtude da 
maior gravidade da conduta. 
(D) privilegiado: é aquele em que a lei considera determinadas 
circunstâncias que diminuem a gravidade da ação e, 
consequentemente, a reprimenda imposta. Há, por exemplo, o furto 
privilegiado pela primariedade do agente e pelo pequeno valor da 
coisa; homicídio privilegiado quando praticado por motivo de relevante 
valor social etc. 
 
1.11 Outras classificações 
Na doutrina, ainda encontramos uma série de outras classificações. Vejamos. 
Crime profissional é o crime habitual, quando cometido com finalidade 
lucrativa, por exemplo, rufianismo (CP, art. 230). (MASSON, 2020, p. 186). 
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Crime habitual é aquele que se configura mediante a reiteração de atos. 
Somente irá ocorrer se houver repetição da conduta que revele ser aquela atividade 
um procedimento costumeiro por parte do agente. Como exemplo, temos o delito 
previsto no artigo 229 do Código Penal, que pune a manutenção de estabelecimento 
em que ocorra exploração sexual. (CUNHA, 2015, p. 165). 
Crime hediondo é todo aquele que se enquadra no rol do artigo 1º da Lei 
8.072/1990, na forma consumada ou tentada. Adotou-se o critério legal: crime 
hediondo é aquele que a lei define como hediondo (MASSON, 2020, p. 186). 
Crime progressivo (ou de passagem): é aquele em que, para alcançar seu 
intento, deve o agente obrigatoriamente violar norma de caráter menos grave. No 
furto a residência, por exemplo, antes se pratica a violação de domicílio. No homicídio, 
necessariamente ocorre a lesão corporal. (CUNHA, 2015, p. 165). 
Crime de ação única e de ação múltipla: será de ação única o crime em que o 
tipo penal prevê apenas uma conduta nuclear possível. Assim, é o furto, em que só há 
a conduta de subtrair. Crime de ação múltipla (ou de conteúdo variável) é aquele em 
que diversas são as condutas possíveis, como no tráfico de drogas, sendo que, neste 
caso, se o agente praticar mais de uma, no mesmo contexto fático, responderá por 
crime único. (CUNHA, 2015, p. 165). 
Crime de ação violenta é o cometido mediante o emprego de violência contra 
a pessoa ou grave ameaça, como o caso do roubo (CP, art. 157). (MASSON, 2020, p. 
187). 
Crime de ação astuciosa é o praticado por meio de fraude, engodo, tal como 
estelionato (CP, art. 171). (MASSON, 2020, p. 187). 
Crime a prazo: é aquele que exige o decurso de um prazo para que se configure. 
É o que ocorre na apropriação de coisa achada (artigo 169, parágrafo único, inciso II, 
do Código Penal), que se consuma se o agente que acha coisa alheia perdida e dela 
se apropria, total ou parcialmente, deixa de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor 
ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze dias. (CUNHA, 
2015, p. 166). 
Crime de opinião ou de palavra: é aquele praticado por meio de abuso da 
liberdade de expressão (injúria, calúnia, difamação, apologia de crime ou criminoso). 
(CUNHA, 2015, p. 166). 
Crime subsidiário é o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais 
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grave. É o caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio 
(CP, art. 250), para Nelson Hungria, o crime subsidiário funciona como “soldado de 
reserva”. (MASSON, 2020, p. 186). 
Crime de fato permanente e de fato transeunte: delito de fato permanente (ou 
não transeunte) é o que deixa vestígios materiais que devem ser constatados 
mediante perícia. Ex.: falsificação de documento. Delito de fato transeunte, ao 
contrário, não permite constatação mediante análise de vestígios, pois não os exibe. 
Ex.: injúria cometida por meio de palavras. (CUNHA, 2015, p. 168). 
Crime remetido: é aquele em que sua definição típica se reporta a outro crime, 
como o artigo 304 do Código Penal. (CUNHA, 2015, p. 170). 
Crime de rua (ou do colarinho azul): é o crime cometido normalmente pro 
pessoas economicamente menos favorecidas, como o furto e o roubo. São 
denominados crimes do colarinho azul em alusão ao uniforme que era utilizado por 
operários norte-americanos no início do século XX, então chamados de blue-collars. 
(CUNHA, 2015, p. 170). 
Crime do colarinho branco: é o delito cometido na esfera econômica, 
movimentando normalmente grande volume de recursos. É o caso dos crimes contra 
o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro. (CUNHA, 2015, p. 170). 
Crime de greve: é o delito cometido durante a paralisação dos empregados. 
(CUNHA, 2015, p. 170). 
Crime de lockout: é o deltio cometido no decorrer da paralização do 
empregador. (CUNHA, 2015, p. 170). 
Crime de tendência interna transcendente (ou crime de intenção): o sujeito 
ativo quer um resultado dispensável para a consumação do delito. O tipo subjetivo é 
composto pelo dolo e por elemento subjetivo especial (finalidade transcendente). Ex.: 
na extorsão mediante sequestro – art. 159 – a obtençãoda vantagem (resgate) é 
dispensável para a consumação (que se contenta com a privação da liberdade da 
vítima). (CUNHA, 2015, p. 168). 
Crime de resultado cortado: espécie de crime de intenção, o resultado 
(dispensável para a consumação) não depende do agente, não está na sua esfera de 
decisão. Ex.: na extorsão mediante sequestro, a obtenção da vantagem – pagamento 
do resgate -, dispensável para a consumação do crime, não depende do agente, mas 
de terceiros ligados à vítima. (CUNHA, 2015, p. 168). 
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Referências Bibliográficas 
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Crime mutilado de dois atos: também espécie de crime de intenção, o crime 
mutilado de dois atos se verifica quando o resultado dispensável depende de novo 
comportamento do agente; está em sua esfera de decisão. Ex.: no crime de petrechos 
para falsificação de moeda, a efetiva falsificação das moedas e sua colocação em 
circulação, ambos os resultados dispensáveis para a consumação, dependem de nova 
decisão do agente. (CUNHA, 2015, p. 168). 
Quase-crime é o nome doutrinário atribuído ao crime impossível (CP, art. 17) e 
à participação impunível (CP, art. 31). Na verdade, inexiste crime. (MASSON, 2020, p. 
186). 
 
2 Referências Bibliográficas 
BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal 1: parte geral. 20. ed. rev., 
atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2014. 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. 3. ed. Salvador: Editora 
JusPodivm, 2015. 
GALVÃO, Fernando. Direito penal: parte geral. 5. ed. rev., atual e ampliada. Rio de 
Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011. 
GOMES, Luiz Flávio; BIANCHINI, Alice. Curso de Direito penal: parte geral (arts. 1º 
a 120). Salvador: Editora JusPodivm, 2015. 
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015. 
JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano; SOUZA, Artur de Brito Guedes. Curso de Direito 
Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 2015. 
JESUS, Damásio de. Direito penal – Parte Geral; atualização André Estefam. vol. 1- 
37. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
MASSON, Cleber. Direito penal: parte geral (arts. 1º a 120). v. 1. 14. ed. Rio de Janeiro: 
Forense; São Penal: MÉTODO, 2020. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 13. ed. rev., atual. e ampl. Rio 
de Janeiro: Forense, 2017. 
SANTOS, Juarez Cirino dos. Manual de Direito Penal. São Paulo: Conceito Editorial, 
2011. 
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Referências Bibliográficas 
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Referências Bibliográficas 
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	1 Classificação dos Crimes
	1.1 1. Crimes material, formal e de mera conduta
	1.2 Crimes doloso, culposo e preterdoloso
	1.3 Crimes comissivo, omissivo e comissivo-omissivo
	1.4 Crimes Instantâneo e Permanente
	1.5 Crimes de dano e de perigo
	1.6 Crimes unissubjetivo e plurissubjetivo
	1.7 Crimes unissubsistente e plurissubsistente
	1.8 Crimes comum, próprio e de mão própria
	1.9 Crime consumado e tentado
	1.10 Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado
	1.11 Outras classificações
	2 Referências Bibliográficas

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