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* * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia Missão: ser humano integral / cuidado Campo Multidisciplinar: Tradições neurológicas, psicológicas e filosóficas Raízes: Tradição médica e humanística Semiologia: estudos dos sinais e sintomas produzidos pelos transtornos mentais Sintoma Psicopatológico: Índice e símbolo Forma e conteúdo Tania Inessa * * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia 4) Definição clássica: conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano Método: Pluralidade e convergência Casos clínicos x Estatística Valor clínico Objetivo x Subjetivo Limite: repensar o Pathos Tania Inessa * * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia Conceito de doença não é uniforme Não há teoria dominante que fundamente em uma base uniforme os processos psíquicos “Vê-se a realidade com os olhos da teoria” Reconhecer limites: “a construção do todo seria realmente violenta se fosse ontológica. Por isso, em verdade, não pode pretender ser a forma de um saber total do ser, mas apenas a forma da consciência total dos métodos onde terá lugar todo possível saber do ser” (Jaspers, 1979, p. 50). Tania Inessa * * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia Ateórica Behaviorista Biológica Cognitivista Desenvolvimental Ecossistêmica Etnopsicopatologia Etológica Existencialista Experimental Fenomenológica Psicanalítica Social Estruturalista Tania Inessa * * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia PATHOS Disposição afetiva fundamental Acordo-desacordo com o meio que se vive: predisposto, indisposto Desarmonia: possibilidade do destino humano pathológico Essência do ser humano e não apenas excepcionalidade do adoecer “Solo comum onde o sujeito se move para construir sua humanidade” (Martins, 2005). Tania Inessa * * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia Campo do pathos: entre a natureza e a cultura Fenômeno psíquico = Fenômeno somático? Equívocos relacionados às estimativas de heritabilidade: Valor fixo imutável para cada traço estudado Intervenções ambientais são ineficazes Alterações genéticas são determinantes e inexoráveis “Genes anormais” Tania Inessa * * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia “Grupos complexos e variáveis de combinações genéticas, envolvendo múltiplos genes de ‘susceptibilidade’” (Pereira, 2002). Processos intermediários desconhecidos Inter-relação genética-subjetividade Tania Inessa * * * Fundamentos Epistemológicos da Psicopatologia Contribuições de diferentes teorias Ao invés de totalidades, horizontes... Causalidade: dilema hamletiano? (Teixeira, 1996) Tarefa/esforço de conhecer a realidade psíquica por todos os meios e ângulos... Tania Inessa * * * Uma nova perspectiva epistemológica Pathos com o sujeito: presença do “fundamentalmente humano” nas “doenças” mentais Conhecer e não valorar moralmente Empatia/cuidado: escuta sem violência “Há um modo de relacionar-se que se entrega e escuta sem violência, mas também sem desviar-se da realidade” (Jaspers, 1979). Tania Inessa * * * Uma nova perspectiva epistemológica Ciência clínica É possível um “psicopatologista” apenas teórico? “Procuram convencer a si mesmos de que a incapacidade não está neles e sim na própria realidade”. “Ser dominado pela infinidade” Trabalho artesanal: abordagem multiprofissional e interdisciplinar Adoecer – cotidiano – desconhecido: “só um conhecimento em que amadurece aquele que conhece, é completo” (Jaspers, 1979). Tania Inessa * * * Resgate da subjetividade “Sofrimento-existência” dos sujeitos em sua relação com o corpo social Reconhecer a diferença: “Seria preciso reconhecer a diferença do universo da loucura frente ao universo da não loucura sem que isto implique na retirada da loucura do campo da verdade e na destituição da função sujeito” (Birman, 1992). Posições subjetivas distintas: Neurose x Psicose Concepção teórica do aparelho psíquico Psicose: sujeito e interlocução social Como fazer uma delimitação não violenta da infinidade humana? Tania Inessa MARILIA1 * * * História da Loucura Modo pelo qual a loucura é reconhecida Concepções mágicas: atitude ambivalente Concepções médico-filosóficas: Hipócrates – séc. XIX Modelos de compreensão: Antiguidade Grega: ruptura do equilíbrio interno Medicina islâmica Idade Média Ocidental: retorno à demonologia, “afecções do espírito” Séc. XIV, XV e XVI: asilos Renascença XVII e XVIII: “Grande Internação” XIX: “aos insanos ainda faltava o nome de doentes...” Tania Inessa * * * História da Loucura A partir da criação do hospício: Classificações nosográficas Paciente desqualificado enquanto interlocutor 2 séries de acontecimentos: Horrores da Guerra Descobertas freudianas França: “Psiquiatria de setor” Negação do “hospitalocentrismo” Estados Unidos: centros de saúde mental pesquisa Inglaterra: Comunidades terapêuticas LIMITES Tania Inessa * * * A Luta Antimanicomial no Brasil Família Real, Santas Casas de Misericórdia Psiquiatria: fase pré-científica e legitimação a partir dos anos 80 do séc. XIX Anos 20: ampliação do espaço asilar Anos 30: Recife, eletrochoque Anos 50: neurolépticos Anos 60: PPA – privatização A partir de 70: crise Periodização da Reforma Psiquiátrica Trajetória Higienista: XIX- anos 30 Trajetória de Saúde Mental: pós-guerra, preventismo Trajetória Alternativa: fim do regime militar, crise da DINSAM, nasce o MTSM Trajetória Sanitarista: anos 80, co-gestão, “empresários da loucura” Trajetória de Desinstitucionalização: I CNSM, NAPS/CAPS, projeto de lei Tania Inessa * * * Existencialismo Importância da corrente filosófica do existencialismo x racionalismo moderno Estatuto da Razão: “ilusão de que o homem está no mundo como um imperador em seu império” Destruição da suposta onipotência da consciência Primado da Existência: “Eu sou um homem” Heidegger: pp do homem é sua existência Liberdade, abertura às possibilidades e procura do sentido Modelos explicativos x via compreensiva Idéias Diretrizes: Liberdade, vontade, responsabilidade Destruição da experiência de si mesmo Angústia Prioridade da existência Tania Inessa * * * Existencialismo Idéias Diretrizes: Homem como um ser-no-mundo Homem: ser temporal e finito Implicações para a Psicopatologia: Paciente como ser-no-mundo e não como projeção de nossas teorias Homem como um processo Coloca em questão a fronteira entre normalidade e patologia Psicopatológico: negação e alienação das pdds essenciais da existência (liberdade, responsabilidade, abertura, autenticidade, auto-realização) “A vida é um nada, cabendo ao homem dar-lhe sentido e significação” Tania Inessa * * * Estruturação do Psiquismo Inconsciente “escandaloso” “Não dominamos nosso próprio eu” “Outras vozes que não a 1a pessoa” Arcaico: traços mnêmicos, fragmentos de reproduções de antigas percepções Recalque: idéias ligadas ao desejo se tornam ICS Processo primário: o investimento pulsional tem mobilidade no ICS Não há negação, atemporal, p. prazer ICS comunica-se com o PCS: fantasias, atos falhos, sintomas... Psicopatologia: mecanismos pelos quais o desejo inconsciente consegue se realizar ICS descritivo e dinâmico 2a Tópica: O ICS não coincide com o recalcado Resistências inconscientes do EU Tania Inessa * * * Estruturação do Psiquismo EU: Organização coerente dos processos mentais Supervisiona seus pps processos constituintes Parte ICS Funções: substituir o P.P pelo P.R., controle da motilidade, organiza o “caos”, unidade funcional, temporalidade, teste da realidade, motilidade, “serve a 3 senhores” ISSO: Desorganizado, “em pedaços” Sede das pulsões/recalcado Parte arcaica/originária SUPEREU: Gradação no Eu: diferenciação Resistências, autocrítica, sentimento de culpa ICS Efeito das primeiras identificações: herdeiro Posição especial do Supereu Complexo de Édipo Estruturante: exige o posicionar entre o desejo pp e o desejo do outro Não é uma norma: jogo de identificações e escolhe de objetos Tania Inessa * * * Formação do EU: Diferenciação do Isso a partir do sistema PCPT Corpo próprio Processo de Identificação O Eu não existe desde o início: auto-erotimo – narcisismo primário A relação dual precisa ser desfeita O desenvolvimento do Eu consiste em um afastamento do narcisismo primário Narcisismo secundário Defesas: Aparelho psíquico como um cj organizado de barreiras contras as estimulações Tentam manter o equilíbrio no ap. psíquico Conflito psíquico Papel do mundo exterior Papel do Supereu Papel da angústia Sintomas como elaborações terciárias A noção de estrutura Fronteiras imprecisas: realidade psíquica e temporalidade / história Princípio do Cristal Modos de Subjetivação Tania Inessa * * * Neurose x Psicose Tania Inessa Forma e conteúdo: os conteúdos modificam também o modo em que os fenômenos são vividos, rompendo a dicotomia artificial: pacientes só se importam com o conteúdo e profissionais só se interessam pela forma... Preconceito de que “apenas constatações quantitativas são investigações científicas enquanto as investigações do qualitativo permanecem sempre subjetivas e arbitrárias”. Se nos atermos apenas ao que se pode perceber com os sentidos teremos uma “psicologia sem o psíquico”! Múltiplo é o sentido da objetividade. Subjetivo é o propriamente psíquico que se apreende através de empatia e convivência. Convergem na psicopatologia os métodos de quase todas as ciências: biologia, morfologia, estatística, matemática, ciências compreensivas do espírito, métodos sociológicos... Casos clínicos/ casuística: entrevistas com os sujeitos, a análiise em profundidade de sua conduta, de seus movimentos expressivos, de seus relatos (desafio para a equipe!). “a base experimental da psicopatologia é constituída de casos singulares” Estatística: criminais, suicídios, idade dos doentes, início de suas psicoses específicas, curvas anuais das entradas hospitalares, hereditariedade... Mas cuidado: “ os resultados estatístico nunca indicam, com referência aos casos particulares, algo de constringente e só no máximo provável (na maioria das vezes, de índice médio). Não se pode subsumir o caso particular sob o conhecimento estatístico. (...) os casos particulares podem ficar inteiramente à margem de um conhecimento estatístico”; não se deixar cair no terreno fantasmagórico de aparentes resultados matemáticos!! E ainda: estabelecem correlações e não significam um conhecimento causal! O valor do método é em última instância clínico: “se mede pelo que, com eles, posso ver, julgar e efetuar no trato com as pessoas”. Cuidado: “existe uma deturpação da metodologia que a transforma num cálculo vazio e formal de conceitos”, “abstrações metodológicas destituídas de experiência são enfadonhas”. Conceito de doença não é uniforme. tendência para uma concepção uniforme do todo. Não há em psicopatologia uma teoria dominante, ampla, que fundamente em uma base uniforme os processos psíquicos. “querer reduzir a vida psíquica a alguns axiomas universais e assim dominá-la em princípio é um falso propósito, por ser impossível”. “Um preconceito teórico prejudicará sempre a compreensão dos fatos”. “não se percebe o que não se relacionar com a teoria. O que depõe contra ela é transformado ou encoberto. Vê-se a realidade com os olhos da teoria. Será, portanto, nossa tarefa constante aprender a abstrair sempre dos preconceitos teóricos, que sempre atuam em nós” . Aprender a ver as realidades e, ao fazê-lo, saber que elas nunca são a realidade em si nem de forma alguma toda a realidade: importante para o trabalho em equipe! Saber os limites do meu conhecimento, da minha teoria... “ O objeto da investigação metodológica é sempre um objeto definido e não a realidade no seu todo. É algo de particular, um aspecto ou uma perspectiva e não o processo em sua totalidade”. Conceito de doença não é uniforme. tendência para uma concepção uniforme do todo. Não há em psicopatologia uma teoria dominante, ampla, que fundamente em uma base uniforme os processos psíquicos. “querer reduzir a vida psíquica a alguns axiomas universais e assim dominá-la em princípio é um falso propósito, por ser impossível”. “Um preconceito teórico prejudicará sempre a compreensão dos fatos”. “não se percebe o que não se relacionar com a teoria. O que depõe contra ela é transformado ou encoberto. Vê-se a realidade com os olhos da teoria. Será, portanto, nossa tarefa constante aprender a abstrair sempre dos preconceitos teóricos, que sempre atuam em nós” . Aprender a ver as realidades e, ao fazê-lo, saber que elas nunca são a realidade em si nem de forma alguma toda a realidade: importante para o trabalho em equipe! Saber os limites do meu conhecimento, da minha teoria... “ O objeto da investigação metodológica é sempre um objeto definido e não a realidade no seu todo. É algo de particular, um aspecto ou uma perspectiva e não o processo em sua totalidade”. Ao invés de totalidades, horizontes: nenhuma teoria permite apreender o humano todo em sua enfermidade Questão sobre o que há de fundamentalmente humano nas doenças mentais... O adoecimento não é uma exceção: é uma possibilidade do humano, um modo de estar no mundo. “O não ser acabado, o ser aberto e livre, a possibilidade ilimitada constitui para o homem fundamento de doença” “a alma é vir-a-ser, desenvolvimento, diferneciação, nada de definitivo ou acabado”. Gap entre o psíquico e o somático: das cadeias causais entre o psíquico e o somático sempre só conhecemos os elos finais (usar ainda Dalgalarrondo e o texto sobre pmd), estão separados por um setor infindo de processos intermediários desconhecidos. Erro de discutir o fenômeno psíquico como se no somático estivesse a própria coisa ou como se as idéias atuais fossem mero caminho para se chegar a descoberta somática próxima... Servidão frente à neurologia e medicina: “enfermidades psíquicas são enfermidades cerebrais”. O homem também é um organismo/corpo (embora este último seja muito mais complexo), mas não apenas isso... “ O homem não é nem anjo nem animal. Situando-se entre ambos, possui as determinações de ambos sem, no entanto, poder ser nenhum dos dois” As estimativas são válidas apenas para a população estudada, durante um período específico de tempo e nas condições ambientais particulares e quem foram realizadas. Dizem respeito apenas a populações, não trazendo qualquer informação quanto ao grau de influência genética ou ambiental no desenvolvimento de um certo transtorno em uma pessoa específica. Quando o ambiente se modifica, deve-se esperar uma modificação na estimativa da participação genética no surgimento da psicopatologia estudada. Posso manipular o ambiente de forma que a disposição genética não se manifeste. Há genes de susceptibilidade par quase todas as formas de comportamento humano. Não atribuir um valor causal: “o ocôrrência tão comum de uma descarga adrenérgica quando se vê uma pessoa muito amada não significa que a adrenalina é a causa do amor.. Da mesma forma, se estamos tristes ou alegres, é evidente que os hormônios, as aminas, quaisquer outras substâncias corporais podem estar corresondentemente alteradas, sem que tais alterações sejam a causa d alegria ou da tristeza. Gap entre o psíquico e o somático: das cadeias causais entre o psíquico e o somático sempre só conhecemos os elos finais (usar ainda Dalgalarrondo e o texto sobre pmd), estão separados por um setor infindo de processos intermediários desconhecidos. Erro de discutir o fenômeno psíquico como se no somático estivesse a própria coisa ou como se as idéias atuais fossem mero caminho para se chegar a descoberta somática próxima... No outro extremo, busca de razões conscientes, de nexos racionais em uma psicologia intelectualista/interpretativa: “recorre-se apressadamente à constatação de “demência” quando se encontra algo irracional. Não se consegue ver a riqueza infinita da vivência humana” (o alienista) Servidão frente à neurologia e medicina: “enfermidades psíquicas são enfermidades cerebrais”. O homem também é um organismo/corpo (embora este último seja muito mais complexo), mas não apenas isso... “ O homem não é nem anjo nem animal. Situando-se entre ambos, possui as determinações de ambos sem, no entanto, poder ser nenhum dos dois” A susceptibilidade genética entrelaça-se com o propriamente anímico de uma forma misteriosa, que lança sobre nós o desafio de propor modelos e metáforas que possam, de alguma maneira, tornar tal inter-relação acessível ao pensamento e à intervenção clínica concreta. A presença ou ausência de certos grupos de genes constitui apenas uma das dimensões em jogo. Não há qualquer evidência de que esses fatores atuem sem a intervenção do meio e não se sabe ao certo em que consistiria a inter-relação dos componentes genéticos e ambientais. Não se deve eliminar nenhuma teoria/perspectiva: todas serão aceitas, apreendidas e valorizadas em sua importância E limites. “mas o decisivo permanece sempre o pensamento indagador para quem todo quadro geral só tem valor a partir de uma perspectiva”. ATENÇÃO: PLURAL NÃO É MISCELÂNEA! Horizonte aberto de um movimento infinito... Um outro aspecto: não confundir as imagens/representações/ construções da teoria com a representação objetiva da realidade: aliás algo de todo impossível de alcançar. Ao invés de totalidades, horizontes: nenhuma teoria permite apreender o humano todo em sua enfermidade. Tarefa e esforço de se conhecer a realidade da vida psíquica por todos os meios e de todos os lados. O que a psicopatologia pode ensinar sobre o “normal”: os casos raros, e não os exemplos de série, são os que esclarecem e explicam também a grande quantidade dos casos triviais. A doença se manifesta de forma diferente em cada um: do mais banal à genialidade. “A vida psíquica varia até à riqueza de desenvolvimento das grandes personalidades. Toda doença psíquica corresponde, em suas manifestações, ao nível psíquico do paciente: é o próprio sujeito! Não apenas no conteúdo, mas também na forma particular do processo. Duas causas de diferenciação: predisposição individual e esfera cultural (nesta que a disposição individual leva a um grau maior ou menor de desenvolvimento) “o que há de mais próprio no conhecimento do psicopatologista, advém do trato com as pessoas” (...) esclarecendo, ao mesmo tempo, a si mesmo e o outro”. “há um modo de relacionar-se que se entrega e escuta sem violência, mas também sem desviar-se da realidade.” O profissional depende do alcance, da abertura e plenitude de sua capacidade de vivenciar e perceber. “pessoas que andam cegas de olhos abertos pelo mundo dos doentes...” Mas a empatia é apenas o primeiro passo: “a repercussão na própria alma do que acontece no outro, exige, então, do pesquisador que objetive pelo pensamento suas experiências. Comover-se ainda não é conhecer, mas apenas a fonte das intuições que trazem o material indispensável ao conhecimento.” “frieza e empatia não se devem opor e sim completar uma a outra (...) ambas numa ação recíproca é que podem conduzir ao conhecimento”. “só um conhecimento em que amadurece aquele que conhece, é completo”. Conhecer e não valorar moralmente: atitude esperada, mas difícil de ser concretizada A palavra do portador de sofrimento mental tem um lugar privilegiado em seu tratamento É possível um “psicopatologista” apenas teórico? Limite: jamais poder reduzir inteiramente o indivíduo humano a conceitos psicopatológicos; em todo indivíduo se oculta algo que não pode ser conhecido pelo profissional com seus conceitos... Uma nova postura epistemológica: a incapacidade está do lado do profissional. “procuram convencer a si mesmos de que a incapacidade não está neles e sim na própria realidade”. Ser dominado pela infinidade: seguir temporariamente caminhos sem fim, reconhecendo a amplidão do ser humano, experimentar a infinidade para sentir o impulso e impregnado do material descobrir as idéias que ordenam, articulam, conferem uma visão global e essencial. Eu acrescentaria ainda que este é um trabalho artesanal a ser realizado pela equipe com cada paciente. “ O conhecimento é a descoberta de concepções em que aquilo que nã otem fim se torna superável e controlável por visões finitas, mas de sorte que o fim apreendido produtivamente corresponda à essência da realidade, dela provenha e não lhe seja imposto com violência”! O conhecimento é produto do pesquisador e o inclui, mas reconhecer isto não tem o sentido de tudo relativizar, mas sim de não violentar o sujeito implicado nesta produção de conhecimento. “A luta contra os fanatismos – pois quem não possui esta tendência – é a condição para se projetar um todo nascido realmente da idéia de totalidade e não de uma generalização absoluta”. (...)o todo indica perspectivisticamente em muitas direções, exige mover-se em diversoos níveis, impõe uma visão aberta, viva e ilimitada – e tudo isso na posse segura da sistemática a´te então estabelecida, sem caos”. Viemos falando da necessidade de não tratar a psicose como loucos perigosos e irresponsáveis no espaço hospitalar. Agora é preciso ainda não tratá-los como neuróticos esperando que se tornem “normais” um dia... Precisamos de uma teoria que permita uma reflexão fértil sobre a dimensão subjetiva, que não se confunda com o individualismo e saiba se articular com o político e o social Posição subjetiva do psicótico: diferença entre neurose e psicose como fundamental para que em reconhecendo a diferença eu possa entender o pathos sem apagar o sujeito... Importância de uma concepção teórica do aparelho psíquico para distinguir o registro psíquico do social e também romper com ofalso continuum que leva do psíquico ao biológico... Falar em posição rompe com a idéia de doença mental. a experiência do sintoma é marcada pelo caráter de imposição, de invasão, chegando a atingir não apenas a vida psíquica, mas o próprio corpo, a perda de privacidade, o estar exposto, estar à mercê, irrupção do estranho e do enigmático, o traço da evidência e da revelação: tudo isto é imposto ao psicótico desde fora... O desejo e a culpa, recalcados no neurótico, para o psicótico aparecem sem disfarce, mas situados no Outro.. O que é abolido internamente, retorna de fora... Escutam literalmente recriminações ou absurdos, ao invés de pensá-los como produção própria, ainda que inconsciente. Sujeito de um pensamento inconsciente que só pode ser o seu... Mas que se apresenta a ele como fora de si: “estou achando que estas vozes são criações da minha cabeça... Mas que eu escuto, escuto!” “Toda consideração efetiva da psicose como questão do sujeito encontra-se necessariamente ligada a uma interlocução do social com a experiência da loucura” Diferente das demênciais , nas psicoses os jogos da lógica, não estão atrelado necessariamente ao sentido. A presença do ponto incompreensível, ruptura do sentido, caráter de exterioridade à vida psíquica do sujeito, de irrupção, corte, imposição Se há elementos incompreensíveis no psiquismo do sujeito psicótico, é porque eles não são dali, não fazem parte; são de fora. Não é apenas a psicanálise que permite captar esta diferença: ela se ocupa em teorizá-la. Esta diferença é perfeitamente aprensível pela experiência, quando marcada pela sensibilidade e pelo desejo de conviver.
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