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TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE NA INTERNET por Helton Accioly

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FACULDADE INTERNACIONAL DA PARAIBA - FPB 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
HELTON MÁRCIO ACCIOLY PEDROSA OLEGÁRIO 
 
 
 
 
 
TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE NO MUNDO VIRTUAL: O Marco 
Civil da Internet e sua aplicabilidade nos Direitos da Personalidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2015
 
 
HELTON MARCIO ACCIOLY PEDROSA OLEGARIO 
 
 
 
 
 
 
 
TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE NO MUNDO VIRTUAL: O Marco 
Civil da Internet e sua aplicabilidade nos Direitos da Personalidade 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC 
apresentado à Faculdade Internacional da 
Paraiba - FPB, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Bacharel (a) em Direito. 
Orientador (a): Prof. Antônio Albuquerque 
Toscano Filho 
Área: Direito do Informacional. 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cléia Pereira de Luna 
Bibliotecária FPB 
CRB/15 – 480 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O45t 
Olegário, Helton Márcio Acioly Pedrosa. 
 Tutela dos direitos da personalidade no mundo virtual: o Marco 
Civil da internet e sua aplicabilidade nos direitos da personalidade. / 
Helton Márcio Acioly Pedrosa Olegário. – João Pessoa, 2015. 
 56p. 
 Orientador: Profº Esp. Antonio Albuquerque Toscano Filho 
 
 . – João Pessoa, 2015. 
 
 Monografia (Graduação Direito) FPB 
 
1. Direito da personalidade. 2. Mundo virtual. 
3. Internet. 4. Privacidade. I. Título 
 
 
 
FPB/BC CDU 347 
 
 
HELTON MARCIO ACCIOLY PEDROSA OLEGARIO 
 
 
 
 
TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE NO MUNDO VIRTUAL: O Marco 
Civil da Internet e sua aplicabilidade nos Direitos da Personalidade 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
______________________________ 
 Antônio Albuquerque Toscano Filho 
Orientador 
 
______________________________ 
1º Examinador 
 
 
______________________________ 
2º Examinador 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus familiares e amigos 
mais próximos, pessoas que me incentivaram e 
acreditaram em mim sempre lembrando que eu 
seria capaz de vencer mais esta batalha. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar forças para seguir em frente nessa 
jornada, para me manter firme e alcançar a conclusão deste trabalho, a minha mãe 
pois sem ela eu jamais poderia ter sequer entrado nesse curso, muito menos concluí-
lo, ao meu pai e a minha família por todo o apoio, ao meu orientador o professor 
Antônio Toscano com quem pude contar sempre que precisei, ao professor e 
coordenador do curso Gustavo Rabay que me orientou em outro artigo e me deu base 
para confecção deste, ao professor Galdino Toscano que sempre esteve a postos 
para me ajudar resolver qualquer problema que tive, a todos os demais professores 
os quais tive o prazer de conhecer e ser aluno na FPB, e por último, porém, jamais 
menos importantes, aos meus amigos e colegas de turma com os quais convivi e pude 
contar sempre que precisei deles ao longo do curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O progresso tecnológico é como um machado nas 
mãos de um criminoso patológico” - Albert 
Einstein. 
 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho monográfico tem por objeto o estudo dos Direitos da 
Personalidade e a tutela dos mesmos no mundo virtual. É sabido que a tecnologia 
evolui dia após dia sempre visando facilitar a vida e melhorar as relações humanas da 
nossa sociedade, porém, essa evolução tecnológica também significa mais espaço 
para atos ilícitos no mundo virtual, mais acesso também pode significar mais 
complicações para a lei. A área do Direito da informação foi escolhida como alvo final 
deste artigo devido a uma afinidade já existente, então, na busca por um tema que 
fosse interessante para um trabalho de conclusão de curso, eis que o coordenador da 
cadeira de monografia sugeriu os Direitos da Personalidade como tema base, ligando 
um interesse a outro, foi assim moldado este trabalho. Para tratar do assunto, serão 
abordados o conceito dos Direitos da personalidade, suas características, seu 
contexto histórico, e será explicado como este se distingue dos Direitos Fundamentais 
e dos Direitos Humanos, mais a frente, serão tratadas as espécies de Direitos da 
Personalidade e de maneira explicativa citando desde um pouco da história por trás 
de cada uma até as normas que os defendem. Para só então falar sobre a internet e 
a influência que ela tem sobre a nossa sociedade e por fim tratar de como a Lei de 
número 12.965 de 2014 também conhecida como o Marco Civil da Interne é capaz de 
defender estes direitos. 
Palavras-chave: Direitos da Personalidade, Mundo Virtual, Internet, Privacidade, 
Marco Civil da Internet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The purpose of this monograph is to study the Personality Rights and how the law can 
be used to garante the rights of people in the virtual world. It is known the tecnology 
evolves day after day in order to turn peoples lives easier and improve the human 
relations in our society, but, this evolution also means more ways for malicious acts in 
the virtual world, the more easier the access more chances to things get complicated 
to the law. The area of Informational Rights was choosen to this monograph because 
of a previous afinity of the person who speaks to you lector, when searching for an 
interesting theme to write about, the coordinator of the class of the monograph 
suggested the Personality Rights as a base theme, linking the afinity with the 
Informational Rights and the Personality Rights, we came to the theme of this work: 
The Tutelage of the Personality Rights in the Virtual World. Here, we will speak about 
the technical features of the Personality Rights, its historical context, and how it differs 
from The Fundamental Rights and The Human Rights. Past this, we’ll talk about the 
specific rights of Personal Rights, and ends up talking about the Law number 12.965 
from 2014 and how it can be used to guarantee the Personality Rights on the internet. 
 
Keywords: Personality Rights, Virtual World, Internet, Privacy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.................................................................................9 
1. DIREITOS DA PERSONALIDADE................................................12 
1.1 CONCEITO....................................................................................12 
1.2 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE.....13 
1.3 DIFERINDO OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS E DOS DIREITOS HUMANOS..........................14 
1.4 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE........................................................................17 
2. ESPÉCIES DE DIREITO DA PERSONALIDADE.........................22 
2.1 DIREITO A HONRA........................................................................22 
2.2 DIREITO A IMAGEM......................................................................242.3 DIREITO A PRIVACIDADE E A INTIMIDADE................................26 
2.4 DIREITO AO SEGREDO................................................................30 
2.5 DIREITO AO NOME.......................................................................33 
2.6 DIREITO DE SER ESQUECIDO....................................................35 
3. O PODER DA INTERNET NA DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES E 
PRODUÇÃO DE OPINIÕES..........................................................37 
3.1 O UNIVERSO À PARTE CHAMADO INTERNET..........................38 
3.2 A INTERNET COMO FORMADORA DE OPINIÃO........................40 
3.3 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA INTERNET..........................42 
4. O MARCO CIVIL DA INTERNET E A TUTELA DOS DIREITOS 
DA PERSONALIDADE..................................................................46 
4.1 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO MARCO CIVIL....................47 
4.2 COMO A LEI 12.965 ACOLHE OS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE .................................................................................48 
CONSIDERAÇÕES FINAIS . ...................................................................52 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 53 
11 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo tem como alicerce os fundamentos dos Direitos da 
personalidade, nesse artigo científico serão abordadas as características de tais 
direitos de maneira explicativa pontuando detalhadamente sobre os específicos 
direitos da personalidade, o conceito pré-estabelecido na Constituição de 1988. 
Tratando da subjetividade dos direitos da personalidade, a maneira como a 
Constituição de 1988 assegurou entre outros, sem enumeração taxativa, o direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à integridade física, à inviolabilidade da intimidade, da 
vida privada, da honra e da imagem, não podendo esquecer da proibição de tortura e 
de atos que degradem o ser humano. 
Seguindo a uma abordagem sobre os Direitos da Personalidade dos Direitos 
Fundamentais e os Direitos Humanos quanto da diferença existente entre estes, uma 
vez que os mesmos são Direitos Fundamentais, sendo assim tratados como 
necessários para a que seja plena a dignidade humana. 
Fazendo então menção as culturas antigas e suas maneiras de encarar os 
direitos da personalidade, como no passado eles eram ignorados perante a falta de 
notoriedade da pessoa como indivíduo a menos que este tivesse conquistas que 
dessem a ele valor especial na sociedade. 
Para assim então abordar a necessidade da privacidade que hoje nos é tão 
importante, a importância da intimidade, a segurança que sentimos a crer que aquilo 
que é inerente apenas a nós não será violado. 
Seguindo então para uma abordagem menos aprofundada sobre a internet 
como um meio de comunicação e sua influência na sociedade atual, e como os 
usuários se comportam nela. 
E finalizando assim este trabalho tratando de maneira qualitativa sobre como 
pode ser utilizada a Lei 12.965, mais conhecida como o Marco Civil da Internet, para 
tutelar e defender os Direitos da Personalidade no Mundo Virtual. 
 
 
12 
 
 
1. DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Neste capítulo serão abordados os direitos da personalidade como um todo, 
desde o seu conceito, às suas características, a maneira como ele se distingue dos 
Direitos Fundamentais e dos Direitos Humanos, finalizando com uma breve 
abordagem à sua evolução histórica. 
 
1.1 CONCEITO 
 
A Constituição de 1988 consagrou em seu texto o reconhecimento de que a 
pessoa é detentora de direitos inerentes à sua personalidade, entendida esta como 
as características que a distinguem como ser humano, ao mesmo tempo em que 
integra a sociedade e o gênero humano. São características inerentes ao indivíduo, 
que se percebem facilmente, que seria até mesmo dispensável sua menção, dada sua 
inarredabilidade da condição humana, e que configuram pressuposto da própria 
existência da pessoa, mas que nem sempre são fáceis de se explicar, ou até mesmo 
traduzir em palavras. 
Contudo, há direitos que afetam diretamente a personalidade, os quais não 
possuem conteúdo econômico direto e imediato. A personalidade não é exatamente 
um direito; e um conceito básico no qual se apoiam vários. 
Segundo Carlos Alberto Bittar e Carlos Alberto Bittar Filho1, são direitos da 
personalidade os reconhecidos ao homem, tomado em si mesmo e em suas projeções 
na sociedade, visando a defesa de valores inatos, como a vida, a intimidade, a honra 
e a higidez física. 
Para Rui Stoco1, os direitos da personalidade são de direito natural, os quais 
antecedem à criação de um ordenamento jurídico, posto que nascem com a pessoa, 
de modo que, precedem e transcendem o ordenamento positivo, considerando 
existirem pelo só fato da condição humana. 
A Constituição de 1988 assegurou entre outros, sem enumeração taxativa, o 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à integridade física, à inviolabilidade da 
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, não podendo esquecer da 
proibição de tortura e de atos que degradem o ser humano. 
 
1 Tratado de Responsabilidade Civil, 6ª ed., 2004, pág. 1613. 
13 
 
 
De acordo com Carlos Alberto Bittar2, tais direitos constituem as denominadas 
liberdades públicas – que surgem como prestações positivas, impostas ao Estado, e 
configuram outros direitos essenciais além da liberdade -, cujo reconhecimento se 
deve à própria natureza humana. 
Como explica o autor3, são os direitos relativos à segurança material, à 
proteção à saúde, o direito ao emprego remunerado e ao desenvolvimento intelectual, 
o acesso ao ensino, à cultura e à informação que outorgam ao titular não um poder 
de livre opção ou ação, mas um poder contra a sociedade, para exigir-lhe prestações 
positivas, como a criação de serviços públicos especiais. 
 
1.2 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Carlos Alberto Bittar4 propõe a seguinte classificação dos direitos da 
personalidade: a) físicos, referentes a elementos materiais da estrutura humana 
(integridade corporal); b) psíquicos, relativos a componentes intrínsecos da 
personalidade (integridade psíquica); c) morais, respeitantes a atributos valorativos da 
pessoa na sociedade (patrimonial moral). 
Segundo o autor, são físicos: o direito à vida, à integridade física (higidez 
corpórea), à imagem (efígie) e à voz (emanação natural); Psíquicos: direito à liberdade 
(de pensamento, expressão, culto, etc.), à intimidade (estar só, privacidade ou 
reserva), à integridade psíquica (incolumidade da mente) e ao segredo (inclusive 
profissional); Morais: direito à identidade (nome e outros sinais individualizadores), à 
honra (reputação), tanto objetiva (prestígio) quanto subjetiva (sentimental individual 
do próprio valor social), ao respeito (dignidade e decoro) e às criações intelectuais. 
O Código Civil tem dedicado seu capítulo II aos direitos da personalidade, 
discriminando em seu art. 11, as características fundamentais: São irrenunciáveis, 
intransmissíveis, ilimitados. Podendo-se assim acrescentar que são também, 
absolutos, imprescritíveis, vitalícios e incondicionais. 
De fato, não podem ser objeto de transação, nem se transmite a qualquer 
título aos sucessores do seu detentor, que também não pode renunciar, nem 
estabelecer limites voluntários, uma vez que estas existam, somente poderão ser 
 
2 Os Direitos da Personalidade, 6ª ed. rev. Por Eduardo C. B. Bittar, 2003 
3 Tutela dos Direitos da Personalidade, cit., págs. 18/19. 
4 Idem, pág. 19. 
14 
 
 
fixadas por lei. Assim, nem mesmo o titular estáautorizado a estabelecer autolimitação 
a seu exercício. 
Como explica Carlos Alberto Bittar5, não obstante o caráter inegociável desses 
direitos, “frente a necessidades decorrentes de sua própria condição, da posição de 
titular do interesse negocial e da expressão tecnológica, certos direitos da 
personalidade acabam ingressando na circulação jurídica, admitindo-se ora a sua 
disponibilidade, exatamente para permitir melhor fruição por parte do seu titular, sem, 
no entanto, afetar-se de seus caracteres intrínsecos”. 
Sendo assim, de maneira efetiva certos direitos podem ser explorados 
economicamente com o consentimento do titular destes, como por exemplo o direito 
de autor e o direito à imagem, dos quais é possível auferir lucro. 
 
1.3 DIFERINDO OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS E DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Os Direitos da Personalidade são comumente confundidos com os Direitos 
Fundamentais e os Direitos Humanos. Aqui, vamos discriminar de maneira pontuada 
o conceito dos Direitos Fundamentais e dos Direitos Humanos não se prolongando 
sobre os Direitos da Personalidade, uma vez que este já foi devidamente conceituado 
e explicado neste capítulo, para assim então, especificar a diferença entre estes três. 
Direitos Fundamentais são aqueles direitos atribuídos a todos os cidadãos em 
comum, de todas as sociedades espalhadas pelo globo terrestre, que têm como 
finalidade assinalar as condições mínimas com as quais cada ser humano deve dispor 
de modo a conduzir sua vida de modo pleno e sadio. 
A trajetória dos direitos considerados fundamentais é extensa e tem suas 
origens mais ou menos localizadas na composição do Código de Hamurabi6, um 
grande progresso para a época, pois, pela primeira vez (que se tenha conhecimento) 
o homem resolveu registrar uma série de disposições que regulariam a vida social de 
sua comunidade. Além desse avanço fundamental, nele encontramos a defesa da vida 
e o direito à propriedade, além de contemplar a honra, dignidade, a unidade familiar, 
bem como o respeito das leis por todos os cidadãos, incluindo-se aí os governantes. 
 
5 Direitos da Personalidade, cit., pág. 12. 
6Direitos Fundamentais. SILVA, Flavia Martins André da. 2006 
<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2627/Direitos-Fundamentais> Acesso em 20 de abril de 2015. 
15 
 
 
Posteriormente, a Revolução Francesa marca um importante progresso na 
normatização e concepção dos direitos fundamentais, que terão cada vez mais 
prioridade na doutrina de elaboração das constituições nacionais. Isso significa que, 
na elaboração dos documentos capitais de cada nação, o respeito à integridade e 
desenvolvimento humanos terá cada vez mais importância. 
O primeiro grande êxito de tais ideias libertárias foi a de influenciar de maneira 
decisiva a legislação norte-americana, totalmente inovadora em sua época e que 
promoveu uma verdadeira revolução na concepção dos direitos fundamentais. 
Na batalha por um sistema legal mais humanizado, o ponto culminante da 
evolução na questão encontra-se na composição da Declaração Universal dos 
Direitos do Homem, que foi assinada em Paris a 10/12/1948. Sua importância reside 
na tentativa inédita de estabelecer regras válidas universalmente para todo o ser 
humano, independentemente de sua origem, raça, religião ou cultura. As Nações 
Unidas aprovaram seu conteúdo por meio da Resolução 217, sendo corroborada pelo 
Brasil na mesma data de sua assinatura. É uma conquista de todo ser humano, e hoje 
é inadmissível considerar-se uma sociedade civilizada sem que respeite os princípios 
contidos em tal documento. 
A Constituição Federal de 1988, trouxe em seu Título II, os Direitos e 
Garantias Fundamentais, subdivididos em cinco capítulos; os direitos individuais e 
coletivos, previstos no artigo 5º e seus incisos; os direitos sociais, elencados a partir 
do artigo 6º; os direitos de nacionalidade; os direitos políticos, resguardados no artigo 
14; e os Direitos relacionados à existência, organização e a participação em partidos 
políticos em seu art. 17. 
Uma vez citada a Declaração Universal dos Direitos do Homem, podemos 
abordar de maneira direta os Direitos Humanos. 
Os Direitos Humanos são direitos fundamentais do ser humano, por isso não 
poderia tê-los citado antes de falar dos Direitos Fundamentais. Sem eles, o ser 
humano não consegue participar plenamente da vida em sociedade. 
Os Direitos Humanos são um conjunto de leis, vantagens e prerrogativas que 
devem ser reconhecidos como essência pura pelo ser humano para que este possa 
ter uma vida digna, ou seja, não ser inferior ou superior aos outros seres humanos 
porque é de diferente raça, de diferente sexo ou etnia, de diferente religião, etc. Os 
Direitos Humanos são importantes para que viver em sociedade não se torne um caos. 
São importantes para a manutenção da paz. 
16 
 
 
A Declaração universal dos Direitos Humanos pode ser considerada como a 
maior prova existente de consenso entre os seres humanos, pelo menos é o que 
defendia o nobre filosofo e jurista italiano Norberto Bobbio7. 
Para Bobbio8, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi uma 
inspiração e orientação para o crescimento da sociedade internacional, com o 
principal objetivo de torna-la num Estado, e fazer também com que os seres humanos 
fossem iguais e livres. E pela primeira vez, princípios fundamentais sistemáticos da 
conduta humana foram livremente aceitos pela maioria dos habitantes do planeta. 
Sendo assim, os Direitos Humanos são direitos inalienáveis, que buscam 
proporcionar uma vida digna, e cabe ao Estado proteger tais direitos, sendo estes, à 
liberdade, à igualdade, à tolerância, dignidade e respeito – independente de raça, cor, 
etnia, credo religioso, inclinação política partidária ou classe social. 
Neste ponto deixemos claro que, os Direitos Fundamentais referem-se 
àqueles direitos do ser humano que são reconhecidos e positivados na esfera do 
direito constitucional positivo de um determinado Estado. 
Diferindo-se dos direitos humanos, na medida em que os direitos humanos 
aspiram à validade universal, ou seja, são inerentes a todo ser humano como tal e a 
todos os povos em todos os tempos, sendo reconhecidos pelo Direito Internacional 
por meio de tratados e tendo, portanto, validade independentemente de sua 
positivação em uma determinada ordem constitucional (caráter supranacional)9. 
Como afirma a DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos) em seu 
artigo primeiro: 
 
 “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. 
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em 
espírito de fraternidade”. 
 
 
E por fim, os Direitos da Personalidade são definidos como direitos da primeira 
geração, ou primeira dimensão, são os primeiros direitos a constarem do instrumento 
normativo constitucional, são irrenunciáveis e intransmissíveis os quais dão a todo 
indivíduo o direito de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem, aparência ou 
 
7 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução: Carlos Nelson Coutinho. Editora Campus. Rio de 
Janeiro, 1992. 
8 Idem. 
9 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 6ª ed. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2006, p. 35 e 36. 
17 
 
 
quaisquer outros aspectos constitutivos de sua identidade, pode ser entendido então 
como direitos atinentes a promoção da pessoa na defesa de sua essencialidade e 
dignidade. Sendo assim, direitos da personalidade são de natureza subjetiva, 
oponíveis erga omnes, perpétuos, intransmissíveis, irrenunciáveis e imprescritíveis.1.4 CONTEXTO HISTÓRICO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
A consolidação da doutrina sobre os Direitos da Personalidade é um caminho 
longo, marcado por grandes problemáticas, na Antiguidade Clássica. Dizemos 
problemática pois, tratamos aqui de uma referência na história da humanidade a 
valorização do ter. Uma valorização percebida já entre os gregos, onde a noção de 
personalidade e pessoa estava associada ao papel social exercido. 
Uma vez que paremos para refletir um pouco, restam claros os porquês de a 
doutrina sobre a personalidade ser caracterizada por idas e vindas. Valorizar o ser em 
um mundo cujas marcas essenciais são status e patrimônio não poderia de maneira 
alguma ser pacífico. 
Visto o enfoque axiológico, um caminho histórico pode ser percorrido. Um 
caminho que deve ter o ponto de partida na História Antiga, tendo em vista as 
reflexões já presentes nesta época sobre o assunto. São reflexões que a nós parecem 
limitadas, mas, sem qualquer dúvida, contribuíram para a sedimentação da disciplina 
no mundo atual. 
Iniciar um percurso histórico sobre os Direitos da Personalidade no mundo 
grego vai além do senso comum, porque estes direitos são marcados, na essência, 
pela subjetividade, e, na Grécia Antiga, vemos poucos traços subjetivos.10 Por isto é 
de se destacar que – reconhecidos em toda a coletividade, como os conhecemos – 
os Direitos da Personalidade não foram objetos de consideração no mundo grego. 
Às pessoas do universo grego se reconheciam apenas os direitos 
provenientes da condição social. Este é o grande diferencial do mundo grego, porque 
nesta perspectiva poder-se-ia falar de Direitos da Personalidade diferentes de acordo 
 
10 O indivíduo esteve presente no pensamento grego. Sempre se encontrou mitigado, todavia, por 
fatores externos como a natureza, os deuses, o oráculo etc. Indivíduo, então, não se associa à ideia de 
racionalidade. Pelo contrário. O indivíduo é determinado pela realidade externa. Para maior 
esclarecimento sobre a noção de determinação externa sobre o indivíduo, ler Édipo Rei, de Sófocles, 
onde se pode entender a importância do oráculo para a cultura da época. SÓFOCLES. Édipo Rei. São 
Paulo: Bertrand, 2002. 
18 
 
 
com a posição social, fato que a contemporaneidade rejeita até mesmo com a 
igualdade formal, mais ainda com a igualdade material. 
Status pessoal, em si considerado, é o ponto de contraposição do mundo 
clássico com o mundo cristão, que emerge na Idade Média, estrutura o pensamento 
moderno e contribui para virada contemporânea. Esta contraposição é importante 
porque é a partir dela que se reconhece a condição de Dignidade em todos os Seres 
Humanos, consideração que redunda na construção da teoria dos Direitos da 
Personalidade, reconhecidos, a partir de então, em toda a coletividade. 
A variação de tratamento do indivíduo nestes períodos históricos é marcante, 
o cristianismo faz referência ao homem de modo que ele tem valor pelo fato de ser 
“Ser Humano”. É homem porque foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, fato 
que o torna digno, portador de personalidade e capaz de alcançar a salvação, sendo 
assim, todos são portadores de Direitos da Personalidade. Todos têm liberdade, razão 
pela qual são responsáveis pelas opções que porventura façam. 
Das referências assentadas evidencia-se que a palavra pessoa – com a 
acepção que a modernidade lhe outorga – não encontra correlato no mundo grego. 
Não se falava em pessoa, portanto não se fazia possível a consideração dos Direitos 
da Personalidade. Ainda assim, a partir de uma reflexão etimológica, chega-se a 
prósopon. A expressão prósopon11 foi utilizada em um primeiro momento para 
designar as máscaras utilizadas no teatro grego. Superada esta concepção passou a 
significar o papel encenado pelo ator em uma peça. Posteriormente passou a significar 
a função ocupada pelo indivíduo na sociedade, sem, contudo, significar o indivíduo 
em si mesmo.12 
No mundo romano a noção de pessoa também é embrionária. Por isto mesmo 
não havia termos específicos para a designação de personalidade jurídica, 
capacidade jurídica e capacidade de fato. Havia uma confusão entre as locuções, 
 
11 “É correto afirmar que os termos concernentes à personalidade já circulavam entre os romanos e os 
gregos. Segundo BOÉCIO, persona – a par de seu equivalente grego prósopon (Prosvpon) – designava 
a máscara utilizada no teatro. Por essa máscara soava, mais alta, a voz do ator. Em outra acepção, 
essa máscara (persona) evocava sempre o papel desempenhado pelo ator. Era a pessoa, a figura 
representada, a personagem ou mesmo a personalidade”. STANCIOLI, Brunillo. Sobre os Direitos da 
Personalidade no Novo Código Civil Brasileiro. Porto / São Paulo: Mandruvá. Disponível em: 
<www.hottopos.com/videtur27/brunello.htm#_ftnref3> Acesso: 10 de abril 2015. 
12 BEUCHOT, Mauricio. La Persona y la Subjetividad en la Filología y la Filosofía. Revista 
Latinoamericana de Política, Filosofía y Derecho. Universidade Nacional Autónoma de México. Cidade 
do México, n. 16, 1996, p. 17. 
19 
 
 
justificada no fato de tais institutos não se ligarem à coletividade, mas apenas com 
determinados atores sociais. 
A noção de papel social, que remonta a reflexão do teatro grego, é trazida 
para a problemática da personalidade. É de se dizer, assim, que, além das causas 
naturais13, que nosso ordenamento consagra na configuração dos Direitos da 
Personalidade, era conditio sine qua non a conjugação de três modalidades de 
status14: libertatis, familiae e civitatis. 
Quanto ao status libertatis é de se dizer que no Direito Romano os cidadãos, 
ou eram livres, ou eram escravos, sendo regra, a liberdade. O escravo se 
assemelhava a um animal ou coisa, integrando o patrimônio de direitos subjetivos de 
seu possuidor. O escravo, por esta consideração, sofria numerosas restrições: não 
podia se casar legitimamente, possuir patrimônio, ser parte em juízo etc. Estava 
sujeito, ademais, à negociação e, até mesmo, a morte. Ficava, como se depreende, à 
mercê de seu proprietário. 
Na realidade brasileira houve o instituto da alforria, através do qual se tornava 
livre o escravo. No mundo romano instituto semelhante se fez presente, a 
manumissão15. Um instrumento legal a partir do qual se fazia com que o escravo 
perdesse a condição escravocrata e se tornasse livre. 
A perda da condição de escravo, que normalmente se dava pela manumissão, 
poderia ocorrer também por disposição legal. Mais uma vez similitudes com a 
realidade brasileira podem ser realçadas, vide as Leis do Ventre Livre, Saraiva-
Cotegipe e Áurea, através das quais se concedeu aos escravos brasileiros do século 
XIX liberdade. 
Não prolongando a parte histórica referente aos direitos da personalidade na 
sociedade romana, pode-se dizer que, personalidade em Roma, é atributo 
eminentemente sectarista, de caráter limitado, e determinado a partir de referências 
socialmente construídas. É de se considerar, então, a total divergência deste sistema 
 
13 O início da personalidade jurídica em Roma se dava pela conjugação de vários fatores: nascimento 
com vida, forma humana e a presença de viabilidade fetal, isto é, perfeição orgânica para continuar a 
viver. Em alguns casos, entretanto, antecipava-se o começo da existência para a data da concepção. 
Neste sentido o filho resultante das justas núpcias recebia o estado do pai no momento da concepção. 
14 Cada status indica a posição da pessoa em relação ao Estado – como homens livres e cidadãos 
romanos – e à família, como pater familias ou filius familias. Cf.: ALVES, JoséCarlos Moreira. Direito 
Romano. Rio de Janeiro: Forense, 1996, p. 98. 
15 A manumissão, que sofreu várias modificações ao longo do desenvolvimento do Direito Romano, era 
o ato de libertação do escravo pelo senhor. Com esta o escravo era chamado liberto e o antigo senhor, 
patrono. 
20 
 
 
com a construção constitucional brasileira, a partir da qual nenhum tipo de medida 
sectarista pode subsistir. 
A noção de pessoa como subjetividade humana, de que decorre a 
sedimentação dos Direitos da Personalidade, surge com a tradição teológico-cristã e 
sua reflexão sobre a trindade e a origem do homem. A este homem, feito à imagem 
do divino, deve se reconhecer os Direitos da Personalidade, afinal este é um indivíduo 
dotado de racionalidade. 
Dando um salto histórico para tempos mais atuais, segundo explanam André 
Zonaro Giacchetta e Pamela Gabrielle Meneguetti, “os países de língua germânica 
são o berço da teoria dos direitos da personalidade, também chamada de Teoria do 
Direito da Individualidade ou Teoria Racional, cujo principal fundamento estava na 
consideração de que nem todos os direitos subjetivos estariam compreendidos nas 
ditas grandes categorias dos direitos reais e pessoais, pois existiriam ainda direitos 
da própria personalidade”.16 
Segundo Adriano de Cupis, “A personalidade ou capacidade jurídica, é 
geralmente definida como sendo uma susceptibilidade de ser titular de direitos e 
obrigações jurídicas. Não se identifica nem com os direitos nem como as obrigações, 
e nem é mais do que a essência de uma simples qualidade jurídica”17, ainda nessa 
linha: 
 
Uma tal qualidade jurídica é um produto do direito positivo, e não uma 
realidade que este encontre já constituída na natureza e que se limite a 
registrar tal como a encontra. A susceptibilidade de ser titular de direitos e 
obrigações não está, no entanto, menos vinculada ao ordenamento positivo 
do que estão os direitos e as obrigações. Nem sempre o direito positivo 
atribuiu aos homens, enquanto tais, uma qualificação deste gênero; e, 
quando lhe dê, pode ela ser tanto geral quanto circunscrita. Assim, pode 
acontecer que o ordenamento jurídico atribua a certos indivíduos a 
susceptibilidade de serem titulares somente de obrigações e não de direitos. 
E, quando se estenda a estes, pode ser limitada a determinadas categorias, 
tendo por fundamento razões que podem dizer respeito ao sexo, à religião, 
como à nacionalidade, à raça, à classe social, e a outras.18 
 
Em acordo com o que cita De Cupis, desta forma, o ordenamento jurídico 
entra como árbitro na atribuição da personalidade. Porém, o arbítrio do ordenamento 
jurídico respeitante à atribuição da personalidade é limitado pela necessidade de um 
 
16 Leite e Lemos, Marco Civil da Internet 2014, p377. 
17 CUPIS, Adriano de, Os Direitos da Personalidade, 2008, p19. 
18 CUPIS, Adriano de, Os Direitos da Personalidade, 2008, p19 a 20. 
21 
 
 
elemento natural, e pela impossibilidade para o mesmo ordenamento de funcionar 
prescindindo totalmente de atribuição da personalidade. 
Ainda nessa linha, a personalidade não se identifica com os direitos e com as 
obrigações jurídicas, constitui uma precondição deles, em outras palavras, o 
fundamento e pressuposto de tais, nada mais sendo a personalidade do que um fator 
que define e dá a qualidade de pessoa. 
Segundo a classificação de De Cupis, os direitos da personalidade poderiam 
ser divididos em três tipos, com: direito à vida e a integridade física; às partes 
separadas do corpo e ao cadáver; à liberdade; à honra e respeito ao resguardo; ao 
segredo; à identidade pessoal; ao título; ao sinal figurativo; e o direito moral do autor, 
os quais teriam como principais características serem inatos, perpétuos, 
intransmissíveis, irrenunciáveis e imprescritíveis19, como supracitado na título das 
características. 
No Brasil, após diversas e prolongadas discussões quanto à existência, da 
natureza e a classificação, Bittar aponta o reconhecimento da personalidade como 
valores inatos ao homem: 
 
Consideram-se como da personalidade os direitos reconhecidos à pessoa 
humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade, previstos 
no ordenamento jurídico exatamente para a defesa de valores inatos no 
homem, como a vida, a higidez física, a intimidade, a honra e outros tantos.20 
 
O reflexo da aceitação do conceito e da importância dos direitos da 
personalidade teve seu auge com a Constituição Federal de 1988, que, além de 
ampliar drasticamente o rol desses direitos e garantias, não objetou de outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados 
internacionais em que o país seja parte – o que advém do § 2º -, consagrando-os logo 
no Título II, em seu artigo 5º.21 
O artigo 5º em seu caput e incisos preveem expressamente dispositivos para 
a tutela da vida privada, da intimidade, honra e imagem (em seu inciso X), e do sigilo 
das comunicações (inciso XII). 
 
19 Leite e Lemos, Marco Civil da Internet 2014, p378. 
20 Carlos Alberto Bittar; Eduardo Carlos Bianca Bittar, Op. Cit. p.14. 
21 Leite e Lemos, Marco Civil da Internet 2014, p378. 
22 
 
 
Mais recentemente, ainda que com uma abordagem bastante superficial,22 
limitando-se a tratar de características gerais, os direitos da personalidade foram 
objeto de capítulo específico no Código Civil de 2002, determinando em seu artigo 21, 
que “A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz a requerimento do 
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato 
contrário a esta norma”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 op. Cit. p379. 
23 
 
 
2. ESPÉCIES DE DIREITO DA PERSONALIDADE 
 
Neste capítulo serão abordados de maneira explicativa algumas das diferentes 
espécies de direitos da personalidade, sendo estes, o direito a honra, o direito a 
imagem, o direito à privacidade e a intimidade, o direito ao segredo, o direito ao nome 
e o direito a ser esquecido. 
 
2.1 DIREITO A HONRA 
 
O direito à honra, à reputação ou consideração social, abrangendo a honra 
externa ou objetiva e a interna ou subjetiva perfila como um direito de personalidade, 
que se reporta ao âmbito do direito civil, mas por ter sido recepcionado pela 
Constituição Federal (inciso X, do art. 5º, CF), como integrante dos direitos 
fundamentais, gera a exigência de sua observância, ou seja, um efeito inibitório não 
só perante os particulares, mas também sobre a esfera pública. 
Honra, proveniente do latim honor, indica a própria dignidade de uma pessoa, 
que vive com honestidade e probidade, pautando seu modo de vida nos ditames da 
moral. Para o jurista italiano Adriano de Cupis a honra é a dignidade pessoal refletida 
na consideração dos outros (honra objetiva) e no sentimento da própria pessoa (honra 
subjetiva). 
O pacto de São José da Costa Rica (Convenção Interamericana de Direitos 
Humanos), vigente em nosso país, reconhece a proteção à honra no art. 11, dispondo 
que “toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua 
dignidade”. 
A honra é um atributo inerente à personalidade cujo respeito à sua essência 
reflete a observância do princípio da dignidade da pessoa humana. 
De acordo com Nelson Rosenvald e Cristiano Farias, a “honra é a soma dos 
conceitos positivos que cada pessoa goza na vida em sociedade”23. 
De acordo com Victor Cathein e Arthur von Schopenhauer24, a honra traduz-
se pelo sentimentode dignidade própria (honra interna ou subjetiva), pelo apreço 
social, reputação e boa fama (honra exterior ou objetiva). 
 
23 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil: teoria geral. 7 ed Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2008. P. 149. 
24 CATHREIN, Victor. Moralphilosophie. 4 ed. Friburgo, 1904. V. II. p. 65 
24 
 
 
Trata-se do que a doutrina costuma dividir em honra subjetiva, que trata do 
próprio juízo valorativo que a pessoa faz de si mesmo, e honra objetiva, que diz 
respeito à reputação que a coletividade dedica a esse alguém. 
A tutela da honra reflete a proteção do direito à integridade moral. De acordo 
com Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, o direito à integridade moral “tutela a 
higidez psíquica da pessoa, sempre à luz da necessária dignidade humana”25. A honra 
integra, portanto, os direitos da personalidade no âmbito psíquico. 
De acordo com Carlos Alberto Bittar, “(...) são vedadas pelo ordenamento 
jurídico todas as práticas tendentes ao aprisionamento da mente ou a intimidação pelo 
medo, ou pela dor, enfim, obnubiladoras do discernimento psíquico”.26 
A difusão de fato respeitante ao interesse público, tal como a apuração de fato 
criminoso, quando verdadeiro, não caracteriza violação à honra. Entretanto, sendo 
falsos os fatos imputados há dano ao titular da honra violada. 
O Código Civil de 2002 protege a honra nos termos seguintes: 
 
“Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça 
ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão 
da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma 
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da 
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a 
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais” 
 
Por fim, o desrespeito à honra alheia pode configurar os crimes de injúria, 
difamação ou calúnia (arts. 138 a 140, do Código Penal), porém, não adentraremos 
nesta seara. 
 
2.2 DIREITO A IMAGEM 
 
O direito de imagem, consagrado e protegido pela Constituição Federal da 
República de 1988 e pelo Código Civil Nacional de 2002 como um direito de 
personalidade autônomo, se trata da projeção da personalidade física da pessoa, 
incluindo os traços fisionômicos, o corpo, atitudes, gestos, sorrisos, indumentárias, 
etc. 
 
SCHOPENHAUER, Arthur von. Aphorismen zur Lebensweeisheit. Berlin: 1913. p. 68. 
25 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil: Teoria geral. 6 ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2008. p. 139. 
26 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 
2001. p. 116-117. 
25 
 
 
Segundo Rui Stoco27, a ideia de imagem é entendida extensivamente como 
toda sorte de representação de uma pessoa, como figuração artística da pintura, da 
escultura, do desenho, da fotografia, do filme, televisão, e representação cênica, sem 
olvidarmos a Internet. 
Não satisfeito, trago à tona a definição do professor Hermano Duval: "Direito 
à imagem é a projeção da personalidade física (traços fisionômicos, corpo, atitudes, 
gestos, sorrisos, indumentárias, etc.) ou moral (aura, fama, reputação, etc.) do 
indivíduo (homens, mulheres, crianças ou bebê) no mundo exterior".28 
Resguardado na Constituição Federal, esse direito pode ser visto como a 
obrigação que todos têm de respeitar a imagem física e moral de outrem, preservando 
seu aspecto físico, seja este, belo, feio, normal, anormal, sadio ou deficiente. 
Parafraseando Washington e Ana de Barros Monteiro29, não são admitidas 
risadas ou chacotas, motes, caricaturas depreciativas, nem a reprodução não 
consentida da imagem de alguém de seja qual for a maneira. Exceções são 
concedidas nos casos de pessoas notoriamente conhecidas, ou da pessoa em cena 
comum de rua, de lugar público, na multidão, desde que as imagens não sejam 
exploradas comercialmente e não constituam invasão de privacidade. 
A Constituição Federal de 1988 garante a proteção do direito à imagem nos 
incisos V, X e XXVIII de seu artigo 5º. Na abordagem feita nos dispositivos 
mencionados, oferece três concepções do direito: a imagem-retrato, que decorre da 
expressão física do indivíduo (inc. X), a imagem-atributo (inc. V), concernente ao 
conjunto de características pessoais apresentadas pelo sujeito perante a sociedade, 
e a proteção da imagem como direito do autor (inc. XXVIII).30 
A proteção da imagem, elemento indissolúvel da personalidade, merece ser 
tutelada nas diversas situações existenciais, de forma integrada. A contínua evolução 
dos meios de comunicação desafia novas formas de exploração do direito de imagem, 
por vezes agredindo a privacidade e a honra do indivíduo. 
As lesões geradas nos tempos atuais são cada dia mais costumeiramente em 
massa, e a velocidade com que a informação é transmitida é cada vez maior. 
Lembrando o termo da rede mundial de computadores foco final da tutela a ser 
 
27 Ob. Cit., pág. 1612. 
28 DURVAL, Hermano, Direito à imagem, São Paulo: Saraiva, 1988. p.105 
29 Curso de direito civil, v. 1: parte geral / Washington de Barros Monteiro / Ana Cristina de Barros 
Monteiro França Pinto – 42 ed. – São Paulo; Saraiva, 2009. 
30 Guerra, Sidney Cesar Silva. 1999. págs. 56-63. 
26 
 
 
abordada neste artigo, podemos dizer que vivemos todos na “teia” e os efeitos das 
ações locais são sentidos rapidamente em diversos outros pontos do país e 
possivelmente até do mundo, uma vez que espalhados pelos caminhos da teia global, 
sem que a distância represente um obstáculo considerável. 
Portanto, a imagem, é um direito da personalidade que deve ser tratado com 
muito cuidado, eis que as pressões do mundo moderno são inúmeras. Sua exploração 
deve ser feita com observância dos preceitos legais e éticos, a fim de se evitar 
constrangimentos e problemas maiores. 
A voracidade do Capitalismo deve ser contida, para que jamais ocorra a 
diminuição da pessoa como ser humano. O Direito tem um papel importantíssimo no 
controle e correção de situações que ensejem injustiças. 
Como já exposto acima, o direito de imagem encontra previsão legal em nossa 
Constituição Federal no artigo 5º, X e XXVIII, a, tratado, portanto, dentre os Direitos e 
Garantias Fundamentais e como um Direito de Personalidade. Da mesma forma, em 
2002, o Código Civil Nacional albergou a matéria em seus artigos 11 e seguintes. 
O direito de imagem, de acordo com os citados dispositivos, é irrenunciável, 
inalienável, intransmissível, porém, não se trata de um direito indisponível, significa 
dizer que a imagem da pessoa ou sua personalidade física jamais poderão ser 
vendidas, renunciada ou cedida em definitivo, porém, poderá, sim, ser licenciada por 
seu titular a terceiros. 
Daí, em nosso sentir, a impropriedade por parte de alguns doutrinadores ao 
se referirem à possibilidade de cessão de imagem. A rigor, e de acordo com a 
interpretação sistemática dos citados dispositivos legais, dita expressão é 
contraditória, sendo o mais correto falar-se apenas em licença de uso de imagem. 
A imagem do indivíduo, apesar de possuir certa relação com os demais 
direitos de personalidade e, por vezes, até com eles confundir-se, é um direito 
autônomo ou próprio, o que repercute diretamente no momento de eventual ação 
indenizatória ante o uso indevido da imagem do indivíduo. 
Basta lembrar que, enquanto o direito a honra, por exemplo, demanda a 
existência de dano para aferição de eventual indenização (artigo 20 do Código Civil 
de 2002), o uso indevidode imagem independe de comprovação do prejuízo, sendo 
este inerente à utilização não-autorizada. Tal questão, já fora, inclusive, pacificada 
pelo STJ Superior Tribunal de Justiça em Súmula: 
 
27 
 
 
Súmula 403 - Independe de prova ou prejuízo a indenização pela 
publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos 
ou comerciais... 
 
Ademais, é preciso ter em mente que, muito embora a divulgação não-
autorizada de uma imagem possa ferir mais de um direito de personalidade, estes, 
efetivamente, não se confundem. 
 
2.3 DIREITO A PRIVACIDADE E A INTIMIDADE 
 
A palavra privacidade se originou no Latim privatus, “pertencente a si mesmo, 
colocado à parte, fora do coletivo ou grupo”, particípio passado de privare, “retirar de, 
separar”, de privus, “próprio, de si mesmo, individual”, que por sua vez vem de pri-, 
“antes, à frente de”. Aquele que está à frente dos outros está separado deles, está por 
sua conta. Ela hoje é abundantemente usada como sinônimo de “íntimo”: “Invasão de 
privacidade”, “Tenho direito à minha privacidade”, “Isso é um abuso contra a 
privacidade” são frases que se espalham em nossos textos como gotas numa 
tempestade.31 
Mas o que acontece é uma leve confusão por conta daqueles que 
provavelmente deram origem ao atual conceito de “Direito a privacidade”, o jurista 
norte-americano Louis Brandeis, juntamente com Samuel Warren. Brandeis inspirou-
se na leitura da obra do filósofo Ralph Waldo Emerson, que propunha a solidão como 
critério e fonte de liberdade. 
A privacidade apresenta-se a todas as nações como um bem de valor, mas a 
sua dimensão sofre, contudo, as variações que lhe são dadas pelas diferenças 
culturais entre os povos. Por tal razão, o seu conceito varia no espaço e no tempo 
segundo as condições que alteram a percepção de uma sociedade quanto ao que é 
íntimo ou privado, condições estas sociais, religiosas, políticas, ambientais, 
econômicas, ou mesmo referentes às facilidades de acesso às tecnologias.32 
A noção de privacidade pessoal surge entre os séculos XVII e XVIII, as 
construções passam a oferecer quartos privados; passa a fazer sentido a elaboração 
 
31 Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/privacidade/>. Acesso em 08 de 
outubro de 2014. 
32 MOORE, Adam. “Privacy: Its Meaning and Value”. American Philosophical Quarterly,Vol. 40,2003, 
p. 215-227. Disponível em: <http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1980880>. Acesso 
em: 08 de outubro de 2014. 
28 
 
 
de diários pessoais. Desde então, a privacidade atravessa um percurso que vai da 
inexistência "forçada" à abolição espontânea, passando pelo fortalecimento do senso 
coletivo de privacidade. 
Hoje, segundo a comunicóloga argentina Paula Sibilia, vivemos a "intimidade 
como espetáculo", ou seja, a privacidade inserida na sociedade do espetáculo, 
situação ilustrada por fenômenos de mídia e comportamento - redes sociais 
(Facebook, Orkut), blogs na internet reality shows (Big Brother e similares), biografias 
e revistas de fofocas. Segundo a autora, as pessoas abdicam espontaneamente da 
sua privacidade, movidas pela necessidade de obter destaque e reconhecimento.33 
A privacidade é uma preocupação que faz parte da História. Havia a ela uma 
consistente proteção nos primórdios das culturas hebraica e grega e na China antiga. 
Essa proteção, quase sempre, era focalizada no "direito a estar só, tema que será 
abordado com um pouco mais de ênfase mais à frente no presente trabalho. Os 
antigos tinham uma menor ou quase nula necessidade de proteger sua intimidade, 
pois sua vida transcorria em espaços públicos. No Império Romano, a vida privada 
era delimitada de forma "negativa", ou seja, era um resíduo daquilo que uma pessoa 
poderia fazer sem atentar contra seus deveres e funções públicas. Até o fim da Idade 
Média não havia uma clara noção de indivíduo e as atitudes e relações tinham caráter 
coletivista.34 
É no Direito Romano que surgem as primeiras medidas protetivas do direito à 
honra (sendo os demais direitos a ela inerentes), este encerrava a plena posse dos 
direitos civis (dignitatis illaesae status, legibus ac moribus comprobatus – o estado de 
dignidade ilesa comprovado pelas leis e pelos costumes), tutelada inicialmente pela 
Acto Injuriariarum (Ação Privada), que durante o império passou a ser objeto de 
proteção criminal, em decorrência do interesse público que assim o exigia. 
A ideia de honra para os romanos interligava três conceitos, observado como 
objeto do crime de injúria: a) o sentido da própria dignidade; b) a estima ou boa 
opinião; c) as vantagens inerentes à boa reputação.35 
 
33 SIBILIA, Paula. O Show do Eu - A intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2008. ISBN 978-85-209-2129-6] (resenha), por Fernanda Cristina de Carvalho Mello. 
34 SCHEMKEL, Rodrigo Zasso. Violação do direito à privacidade pelos bancos de dados informatizados. 
Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 812, 23 set. 2005. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/7309>. 
Acesso em: 24 nov. 2014. 
35 GUERRA, Sidney César Silva. Hermenêutica, ponderação e colisão de direitos fundamentais. Rio 
de Janeiro: Lumen Juris, 2007. 
29 
 
 
Analisando estes aspectos, percebe-se que a honra era tratada como 
sinônimo e base de todos os demais direitos da privacidade na época. 
As características do que conhecemos como sociedade civil surgiram com o 
Estado Moderno. O indivíduo passa a ser um cidadão frente ao Estado e os aspectos 
de sua personalidade adquirem novo valor. Dentre eles, a privacidade torna-se 
elemento importante na nascente sociedade industrial moderna, momento em que 
retornamos a falar dos juristas já mencionados anteriormente. 
 Warren e Brandeis justamente nessa época de grande revolução no Direito 
fora os responsáveis pela origem do atual conceito do Direito a privacidade, isso se 
dá, pois, o primeiro artigo sobre o assunto foi publicado pelos mesmos em 1890. 
Intitulado The Right to Privacy, os advogados Samuel D. Warren e Louis D. 
Brandeis abordaram a transformação da sociedade por força das mudanças 
econômicas e políticas que agitavam aquele fim de século XIX, fizeram análise de 
vários julgados dos tribunais americanos e, da inteligência das decisões e dos 
princípios que as fundamentaram, extraindo assim a ideia de um direito autônomo em 
relação ao de propriedade, a que denominaram right to privacy, ou, para nós 
brasileiros, direito à privacidade. 
Warren e Brandeis focaram suas preocupações na crescente divulgação das 
informações referentes à vida privada, algo proporcionado pelas novas tecnologias 
que estavam em grande expansão nos Estados Unidos da América. 
 
O desenvolvimento das técnicas de impressão com a introdução das 
máquinas rotativas, que passaram a imprimir 10 (dez) mil exemplares por 
hora, somado às novas condições de trabalho nesta área, custo acessível de 
papel para impressão, além do emprego da fotografia – graças as câmeras 
que podiam captar de uma longa distância imagens de pessoas sem 
permissão e estampá-las na imprensa diária -, além da divulgação rápida das 
notícias através de meios de transporte mais eficazes e velozes -, alertaram 
assim aqueles advogados quanto à inevitável transformação em curso, na 
vida e nas práticas sociais, o que possibilitava uma ameaça aos vigentes 
valores morais e políticos. 
 O que nos remete aos tempos atuais onde é comum ver em qualquer banca 
de revistas as mais recentes fofocas de pessoas famosas sejam elas da 
nossa nação ou estrangeiras em revistas ou jornais.36 
 
O âmago do conceito liberal da liberdade explica o direitoà privacidade, tal 
como desenvolvido no final do século XVIII e durante todo o século XIX. 
 
36 Warren and Brandeis. Disponível em: 
<http://groups.csail.mit.edu/mac/classes/6.805/articles/privacy/Privacy_brand_warr2.html> acessado 
em 15 de novembro de 2014. 
30 
 
 
A privacidade desenvolveu-se historicamente como uma zona isolada, 
manifestada em estruturas como a proteção do domicílio, da família e do segredo da 
correspondência. Porém, com o avançar dos anos adicionou-se a estes os segredos 
da telecomunicação. 
Desde então a forma de assegurar e proteger a privacidade mudou 
significativamente devido a evolução da tecnologia e o surgir da internet, 
particularmente nos últimos dez anos devido à Web 2.0 e a popularização e 
posteriormente uso constante e massivo das chamadas redes sociais. 
Apesar de erroneamente o direito à privacidade ser considerado por alguns, 
em relação aos interesses sociais, um mero capricho, uma vontade extravagante. 
Para proteger uma demanda individualista, ele tem caráter não só individual, mas 
também social, pois colabora para a manutenção dos limites de toda uma sociedade 
perante um indivíduo, salienta Vidal.37 
 
Assim, podemos afirmar que a proteção da privacidade não é proveniente do 
interesse individual de cada um, mas de um interesse social em protegê-la. 
A forma como tratamos o direito à privacidade molda a sociedade. Devemos 
entender que o direito à privacidade, além de direito do indivíduo, é um 
elemento do corpo social. (VIDAL, 2010) 
 
Como já mencionado anteriormente, a privacidade é de tal relevância social 
que tem seu direito resguardado em lei, e com o surgir do Marco Civil da Internet 
ganhou maior abono, desta vez direcionado a uma área pela qual o direito ainda não 
caminhava que é a internet. 
 
2.4 DIREITO AO SEGREDO 
 
É direito inviolável e está previsto no art. 5º, X, da CF. Diz respeito à vida 
particular da pessoa e tem como uma de suas manifestações o direito à intimidade. O 
artigo 21 do CC também estabelece a sua tutela jurídica. Cada pessoa tem o direito 
de viver só e de impedir que fatos da sua vida familiar, da sua correspondência, etc, 
cheguem a conhecimento de terceiros. 
 
37 Vidal, Gabriel Rigoldi. Regulação do direito à privacidade na internet: o papel da arquitetura. Jus 
Navigandi Teresina, ano 15, n. 2688, 10 nov. 2010. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/17798/>. 
Acesso em 24/11/2014 
 
31 
 
 
Como supracitado, trata-se do direito a resguardar uma informação, ou fato 
da vida particular, ou seja, não se deve confundir segredo, e sigilo, mesmo que 
tradicionalmente estas sejam confundidas como palavras que são sinônimos. 
Buscando o significado etimológico tem-se que o sigilo deriva do latim sigillum, 
“marca pequena, sinalzinho, selo”. Impera nele “a ideia de algo que está sob selo, ou 
sinete, o sigilo traduz, com o maior rigor, o segredo que não pode nem deve ser 
violado”.38 
Por sua vez, segredo provém do latim secretum “ (secreto, guardado em 
segredo), particular, sob reserva, ou ocultamente. É o que não se deve, não se quer, 
ou não se pode revelar, para que não se torne público, ou conhecido”.39 
No que é realizado em público não há pretensão que seja guardado sob sigilo, 
porém aquilo que advém da intimidade das pessoas, que seja inerente somente a ela, 
ou a apenas um grupo restrito, a isto se busca manter de forma velada, sem 
conhecimento de terceiros. 
O direito ao segredo é uma forma de proteção de atos e fatos que se quer 
manter sem o conhecimento de terceiros, e que dizem respeito somente a certas 
pessoas, cabendo a estas o direito de revelar ou não. 
A fim de esclarecer o assunto basta voltar-se ao tempo e lembrar da cera 
que se utilizava para vedar as cartas no passado, o segredo é o conteúdo da 
correspondência, já o sigilo a forma como o emitente garante a sua inviolabilidade.40 
Segundo Bittar, o direito ao segredo se trata de, 
 
“Outro direito de cunho psíquico, individualizado ante especificidades 
próprias, é o direito ao segredo (ou sigilo), que abarca a proteção a elementos 
guardados no recôndito da consciência, na defesa de interesses pessoais, 
documentais profissionais ou comerciais. Deriva da necessidade de respeito 
a componentes confidenciais da personalidade, sob os prismas da reserva 
pessoal negocial, tendo adquirido foros de autonomia no âmbito do direito, 
destaca do que é do complexo jurídico geral da intimidade, frente a 
peculiaridades inerentes”41 
 
 
38 DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico. 15.ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1999, p. 758. 
39 Op cit., pág 737. 
40 KEHDI, André Pires de Andrade. O Sigilo da ação penal – Aspectos gerais. Sigilo no processo penal: 
eficiência e garantismo/coordenação Antonio Scarance Fernandes, José Raul Gavião de Almeida, 
Maurício Zanoide de Moraes. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 58. 
41 BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 6.ed. atualizado por Eduardo Carlos Bianca 
Bittar. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2003. p. 123. 
32 
 
 
A proteção ao direito ao sigilo teve destaque perante nossa Constituição 
Federal, dessa forma Antonio Scarance Fernandes falando sobre o assunto diz: 
 
São várias as inviolabilidades postas como garantias na Constituição Federal 
para resguardo dos direitos fundamentais da pessoa: inviolabilidade da 
intimidade, da vida privada, da honra, da imagem (art. 5º, XII), inviolabilidade 
do domicílio (art. 5º, XI), inviolabilidade do sigilo das comunicações em geral 
e dos dados (art. 5º, XII). A Carta Magna protege, ainda, o homem contra a 
tortura ou tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III), e ampara o preso 
em sua integridade física e moral (art. 5º, XLIX). A violação destas e de outras 
garantias individuais de natureza constitucional para a produção de prova 
acarreta a formação e prova ilícita.42 
 
Não adentrando demais no aspecto normativo do Direito ao segredo, é 
importante avaliar a questão de sua disponibilidade. Analisando friamente e sem 
respaldo técnico, pode-se ter a impressão de que é possível dispor do direito ao 
segredo, para tal, bastaria o autor consentir, ou mesmo só o consentimento do 
destinatário, para que houvesse a exposição e publicação daquele ato ou fato que 
antes só interessava àqueles que deram o consentimento. 
Porém, essa questão vai além dessa simples análise, para perceber isso 
deve-se buscar as bases deste direito. Segundo Pontes de Miranda, o “sigilo provém 
de exercício do direito à liberdade”43, e a liberdade é um direito da personalidade inato, 
sendo assim, irrenunciável, somente podendo haver a renúncia ao exercício dessa 
liberdade.44 
Nessa concepção, sendo o direito ao segredo decorrente do exercício da 
liberdade, a partir do momento em que cessa o animus de manter o segredo, deixa 
de existir o sigilo. Com o cessar do direito ao sigilo, este, existiu apenas até tal 
momento em específico, uma vez que o extinguindo-se o direito no momento que não 
há mais a proibição da divulgação. 
Segundo Bittar, a particularização do direito ao segredo compreende o sigilo 
pessoal, o sigilo documental, o sigilo profissional e o sigilo comercial.45 
Não há dúvida de que o direito ao segredo tem por foco principal a proteção 
de questões pessoais, sejam atos ou fatos, como já mencionado, mesmo que em 
 
42 FERNANDES, Antonio Scarance Fernandes. Processo Penal Constitucional. 3. ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2002. p.85-86. 
43 MIRANDA,Pontes de. Tratado de Direito Privado. v. VII. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983, § 
755-10. 
44 Idem. 
45 BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 6.ed. atualizado por Eduardo Carlos Bianca 
Bittar. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003, p.124. 
33 
 
 
alguns casos não haja qualquer valor patrimonial. Não podendo seja como for deixar 
de lado o valor econômico que pode decorrer dessa apropriação indevida de fatos 
íntimos, como dizem algumas pessoas, “informação é poder”. 
Por fim, como ressaltado o valor da informação logo acima, a informação 
também tem seu valor de mercado, sendo pessoal, empresarial, científica, ou 
industrial, não se pode esquecer de ponderar esse ponto. 
É de comum acordo que o segredo é uma informação valiosa, e que caso este 
venha a público, esta informação pode comprometer algo ou alguém, por se tratar de 
algo que não deve ser revelado a outrem. 
Complementando a questão quanto do valor da informação, é importante 
frisar que, o conhecimento desmedido por parte de terceiros, havendo ou não abuso 
seja de segredo ou sigilo, além de indenização através do uso dos dispositivos do 
Código Civil e da Constituição Federal já mencionados, acarretará sanções penais 
prescritas no Código Penal na seção IV de seu capítulo VI. 
 
2.5 DIREITO AO NOME 
 
Derivado do latim nomen, do verbo noscere ou gnoscere (conhecer ou ser 
conhecido), o nome é um dos mais importantes atributos da personalidade, 
justamente por ser o elemento identificador por excelência das pessoas. Como consta 
no art. 16 do Código Civil de 2002: “Toda pessoa tem direito ao nome, nele 
compreendidos o prenome e o sobrenome”. 
O nome é um dos mais importantes atributos da pessoa natural, se 
encontrando efetivamente lado a lado com a capacidade civil e do estado. O “homem” 
recebe-o ao nascer e tradicionalmente conserva-o até a morte. 
Um e outro encontram-se eternamente ligados em todos os acontecimentos 
da vida individual, familiar e social, em atos jurídicos, em literalmente todos os 
momentos o homem tem que apresentar-se com o nome que lhe foi atribuído e foi 
registrado. Não pode entrar em uma escola, fazer contratos, contrair matrimônio, 
exercer um emprego ou votar sem declinar o próprio nome46. 
Podemos até mesmo dizer que o nome é como uma etiqueta apregoada em 
cada ente da sociedade, dando a ela a chave de entrada para uma série de situações. 
 
46 Léon Humblet, Traité des Noms, Avant-Propos. 
34 
 
 
Trata-se da expressão mais característica da personalidade, elemento inalienável e 
imprescritível da individualidade da pessoa. Não se concebe na vida social, ser 
humano que não traga atrelado a ele um nome. 
O nome serve para individualizar o homem não só durante sua vida, mas 
também após a sua morte. Trata-se de um direito da personalidade, exercitável erga 
omnes e cujo objeto é inestimável. 
Falando historicamente, o valor inestimável e a necessidade do nome foram 
reconhecidos nos tempos mais remotos. Entre os gregos, era único e individual, cada 
pessoa tinha o próprio nome e não o transmitia aos seus descendentes. Entre os 
hebreus era igualmente único, porém, com o tempo, quando as tribos se 
multiplicaram, os indivíduos passaram a ser individualizados por seu nome ligado ao 
do seu progenitor (José bar-Jacó – José, filho de Jacó). 
Acrescenta o mesmo civilista que tal sistema predomina até os tempos atuais 
entre os árabes como por exemplo Ali Bem Mustafá – Ali, filho de Mustafá. E mais, 
desde a dominação maometana, alguns judeus passaram a adotar, igualmente a 
desinência Bem, como exemplos, Bensabat e Benoliel. 
Em Roma, o nome era uma questão bastante complexa, os elementos que 
entravam em sua composição eram: a) o gentílico, usado por todos os membros da 
mesma gens (grupo de pessoas ou clã que compartilhavam do mesmo nome de 
família); b) o prenome, ou nome próprio de cada pessoa. 
Mais tarde um terceiro elemento apareceu, o cognome, devido ao grande 
desenvolvimento das gens e as complicações provenientes das alianças. 
Originalmente o cognome era individual, depois se tornou hereditário. Mas o mesmo 
era próprio dos homens, as mulheres não o utilizavam 
Nomes completos eram uma particularidade do patriciado, por exemplo Cesar 
(prenome) Caio (gentílico) Tácito (cognome). Nomes de um só, no máximo dois 
elementos eram próprios da plebe. 
Abreviando a abordagem histórica, podemos resumir dizendo que, com o 
aumento populacional, começou a haver uma grande confusão girando em torno de 
pessoas com o mesmo nome e pertencentes a famílias diferentes. Então, para que 
estas fossem distinguidas recorreu-se ao emprego de um sobrenome, ora tirado de 
uma qualidade ou traço personalíssimo, ora da profissão, ora do lugar do nascimento, 
ou animal, planta ou objeto (Falcão, Trigueiro, Leite). 
35 
 
 
Com o passar dos tempos cada vez mais se recorria ao nome paterno, em 
genitivo, como em Adolfo Marcolino – Adolfo, filho de Marcos. A princípio esse 
sobrenome era individual e não era transmitido, depois, todavia, começou a passar de 
pai para filho, até chegar ao estado atual. 
É válido, uma vez que findando o tratado do direito ao nome abrir espaço para 
citar o abono da lei ao que chamamos de pseudônimo, este, também tem abono na 
lei, estando resguardado no art. 19 do Código Civil. 
Porém, como leciona Cunha Gonçalves a respeito: "...para se adquirir o direito 
a um pseudônimo não basta usá-lo uma vez, embora despercebido. É indispensável 
a sua notoriedade, de sorte a saber-se a verdadeira pessoa que à sombra dele se 
oculta, ou de modo a formar uma personalidade nova, quer pelo uso prolongado, quer 
pela forma duradoura, como é, por exemplo, um livro conhecido".47 
Para encerrar a abordagem do Direito ao Nome, podemos dizer 
resumidamente que, é um direito da personalidade, não pode ser renunciado, não 
pode ser transferido a outrem, é inalienável, não pode ser valorado economicamente 
e é imprescritível, sendo assim, um direito subjetivo extrapatrimonial, de objeto 
imaterial, goza da proteção da lei nos arts. 16, 17 e 18 do Código Civil e 185 do Código 
Penal. 
Não podendo ser empregado por terceiros em publicações ou representações 
que o exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória, 
além de não poder ser utilizado em propaganda comercial sem autorização de seu 
portador. 
 
2.6 DIREITO DE SER ESQUECIDO 
 
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir 
que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja 
exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos.48 
No Brasil, o direito ao esquecimento possui assento constitucional e legal, 
considerando que é uma consequência do direito à vida privada (privacidade), 
 
47 Gonçalves, Luiz da Cunha. Tratado de direito civil. 1955, pág. 222. 
48 Retirado do artigo: Direito ao esquecimento. <http://www.dizerodireito.com.br/2013/11/direito-ao-
esquecimento.html> Acesso em 22 de abril de 2015. 
36 
 
 
intimidade e honra, assegurados pela Constituição Federal de 1988 no art. 5º, inciso 
X e pelo Código Civil de 2002 em seu art. 21. 
Alguns autores também afirmam que o direito ao esquecimento é uma 
decorrência da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). 
Quando se fala em direito ao esquecimento é importante citar o jurista e 
filósofo francês François Ost, que escreveu: 
 
“Uma vez que, personagem pública ou não, fomos lançados diante da cena 
e colocados sob os projetores da atualidade – muitas vezes, é preciso dizer, 
umaatualidade penal –, temos o direito, depois de determinado tempo, de 
sermos deixados em paz e a recair no esquecimento e no anonimato, do qual 
jamais queríamos ter saído”49 
 
O direito ao esquecimento, também é chamado de “direito de ser deixado em 
paz” ou o “direito de estar só”. 
Nos EUA, é conhecido como the right to be let alone, e em países de língua 
espanhola, é alcunhado de derecho al olvido. 
Foram mencionados durante a abordagem do Direito à Privacidade, Warren e 
Brandeis como os criadores do que conhecemos como direito à privacidade até os 
tempos atuais, porém, eles não poderiam tirar isso do zero, eles usaram 
 
como ponto de partida a célebre passagem da obra do juiz Thomas Cooley, 
datada de 1873, na qual identificado o direito de um homem estar só (right to 
be let alone), Warren e Brandeis foram muito além para aludir à existência de 
um direito de personalidade, imaterial, próprio para promover a defesa da 
intimidade da vida privada e repelir a agressão provocada pela divulgação 
pública, não autorizada, de informações de caráter pessoal, agressão que, 
sustentaram, possuiria o condão de provocar dor emocional superior à da 
lesão física. Este seminal artigo deu origem ao reconhecimento do right to 
privacy e, consequentemente, a uma das vertentes pela qual se 
desenvolveria a tutela jurídica da privacidade ao longo do século XX, o direito 
de o indivíduo exercer o controle da informação sobre si.50 
 
Uma vez dito isso, podemos nos ater a dizer que há muito o direito de ser 
esquecido é debatido nos tribunais do mundo todo, havendo diversas decisões e 
artigos tratando desta matéria, o que inclui o nosso país. 
 
49 OST, François. O Tempo do direito. Trad. Élcio Fernandes. Bauru: Edusc, 2005, p. 160 
50 Navarro, Ana Maria Neves de Paiva; e Leonardos, Gabriela, 2011, PRIVACIDADE 
INFORMACIONAL: ORIGEM E FUNDAMENTOS NO DIREITO NORTE-AMERICANO. Pags. 5 e 6. 
37 
 
 
Exemplos relevantes de decisões do STJ são casos como o de Xuxa 
Meneghel em 2010 contra a empresa Google e outro da atriz americana Linda 
Lovelace do filme “Garganta profunda”. 
Esse assunto teve o debate ampliado no âmbito jurídico com a publicação, 
em abril de 2013, do Enunciado nº 531, fruto da 6.ª Jornada de Direito Civil do 
Conselho da Justiça Federal51. Eis o seu teor, ipsis litteris: 
 
ENUNCIADO 531: a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da 
informação inclui o direito ao esquecimento. Justificativa: Os danos 
provocados pelas novas tecnologias de informação vêm-se acumulando nos 
dias atuais. O direito ao esquecimento tem sua origem histórica no campo 
das condenações criminais. Surge como parcela importante do direito do ex-
detento à ressocialização. Não atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou 
reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de discutir 
o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a 
finalidade com que são lembrados.52 
 
Apesar de não ter força vinculativa, o Enunciado foi utilizado como 
fundamento pelo ministro Luís Felipe Salomão, relator das ações supracitadas no 
STJ.53 
Evidentemente, não parece plausível que fatos pessoais, principalmente os 
desagradáveis e desabonadores do passado, fiquem em “exposição pública” ao 
escarnio da sociedade, infinitamente. Ressalta-se que, na Europa, apenas a vida 
privada recebeu esse tipo de proteção. 
O que não devemos permitir, é que comecem a abusar desse instituto jurídico 
para esconder fatos que devem ser de conhecimento público, como é o caso da 
prática de improbidade administrativa pelos políticos, dos atos de pessoas em plena 
atividade criminosa, de atividades irregulares praticadas no comércio pelos 
empresários, dentre outras situações, 
Dessa maneira, o Direito a ser Esquecido é uma ressalva jurídica decorrente 
da ideia de evitar a “eternização” do acesso a algumas informações pessoais, 
consequentemente, protegendo melhor a imagem da pessoa humana e a sua 
dignidade, perante a sociedade real e também, atualmente, diante da sociedade 
virtual. 
 
51 BARAN, Katna. Os limites do direito de ser esquecido. Publicado em: 14 jun. 2013. Disponível em: 
<http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/justica-direito/conteudo.phtml?id=1381368&tit=Os-
limites-do-direito-de-ser-esquecido>. Acesso em: 26 de novembro de 2014. 
52 BARAN. Idem. 
53 BARAN. Op cit. 
38 
 
 
3. O PODER DA INTERNET NA DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES E 
PRODUÇÃO DE OPINIÕES 
 
Neste capítulo será feita uma breve abordagem quanto ao que tratamos 
quando falamos da internet nos dias atuais, no potencial dela como o maior meio de 
comunicação do mundo de fácil acesso para todos e como as pessoas influenciam e 
são influenciadas no dia a dia por ela. 
 
 
3.1 O UNIVERSO À PARTE CHAMADO INTERNET 
 
É cediço que milhões de seres humanos hoje em dia fazem uso da internet 
em seu cotidiano. Comumente as pessoas utilizam a internet como um meio de 
comunicação, para assistir vídeos, e se divertir nas redes sociais. 
Segundo a Miguel Angel Alvarez, a internet é: 
 
A historia da internet, tudo sobre a Internet:Internet é uma rede mundial de 
computadores. Cada computador que esteja conectado à Internet é 
considerado uma parte dessa rede. Isto significa que até mesmo seu 
computador de casa é a internet. É tudo uma questão de graus, você se 
conecta a rede do seu provedor, o seu provedor se conecta a uma rede maior 
e assim por diante.54 
 
A internet propiciou a criação de um espaço global, através do qual usuários 
conectados podem usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance 
mundial. No entanto, foi o surgimento da Web que enriqueceu e democratizou a 
internet, tornando o seu conteúdo mais atraente, com a possibilidade de incorporar a 
ela sons e imagens. 
O crescimento expressivo da produção de novas Tecnologias da Informação 
e Comunicação (TICs) vem contribuindo para a socialização da informação, 
permitindo que as pessoas se tornem cada vez mais usuárias de fontes 
independentes de informação. 
 
54 Retirado de < https://sites.google.com/site/historiasobreossitesdebusca/historia-da-internet/tudo-
sobre-internet/o-que-e-internet> Acesso em 15 de Maio de 2015. 
39 
 
 
A convergência tecnológica é, atualmente, uma realidade vivenciada em todo 
o planeta, com variações em cada sociedade, em função do seu estágio de 
desenvolvimento científico e tecnológico. 
O uso intensivo das Tecnologias da Informação e Comunicação está 
reorganizando a forma de produzir, organizar e sociais, econômicas e políticas em 
nível planetário estão se estabelecendo. Estão se configurando novas engenharias 
cognitivas, que trazem novas possibilidades de se aprender e ter acesso a novos 
conhecimentos. 
Um fator de suma importância que ao longo dos anos, essas transformações 
estão suportando pode ser visto através do aumento considerável de conteúdos 
disponíveis em formatos digitais. Uma evolução silenciosa e constante nos últimos 15 
anos, é perceptível a maneira como a maneira como mudaram nesse breve espaço 
de tempo a maneira como se produz e distribui mundialmente música, cinema, 
programas televisivos e vídeo. 
Antes tudo se resumia a LPs, fitas cassete, fitas de vídeo cassete, a maioria 
das crianças de hoje em dia não fazem nem ideia do que são essas coisas, já há 
alguns anos tudo se resumiu a CDs, os DVDs, atualmente Blu-ray é a “mídia do 
momento”... que nada, as pessoas não querem mais saber nem disso, tudo é digital, 
tudo pode ser tirado da internet por meio de algo que do mais velho ao mais novo

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