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Fernão Lopes
Fernão Lopes foi o primeiro artista da palavra na prosa portuguesa e, como cronista (historiador), foi considerado o Heródoto português, isto é, o pai da Historiografia portuguesa.
Seus dados biográficos são imprecisos, não sabemos quando e onde nasceu e morreu. Em 1418, foi nomeado arquivista-mor da Torre do Tombo, em 1419 foi nomeado escrivão dos livros de D. João I e, em 1434, D. Duarte o nomeou cronista-mor. Na função de cronista-mor foi encarregado de “pôr em crônica as histórias dos reis que antigamente foram em Portugal”.
Seu grande mérito como autor de importantes crônicas - como Crônica de D. Pedro I, Crônica de D. Fernando e Crônica de D. João I (1ª. e 2ª. parte) – foi ter dado ao seu trabalho de historiador um rigor científico, obedecendo ao princípio de que a finalidade da história é a “clara certidão da verdade”. Ao contrário dos cronistas que o antecederam, Fernão Lopes não fez uma historiografia baseada apenas em grandes personagens de reis; Ele soube como ninguém avaliar a importância das massas populares nos acontecimentos registrados pela História. Procurou sempre a comprovação dos documentos para fazer os seus registros e, quando isso não era possível, passava os fatos analisados por rigorosa crítica. Teve, ainda, o mérito de sempre considerar fatores econômicos e políticos como igualmente importantes para analisar fatos históricos.
Em suas crônicas, os fatos ganham vida com sua linguagem ao mesmo tempo vigorosa e fluente, próxima da oralidade. Ao lê-las, temos a sensação de estar presentes no momento, tão intensos são seus retratos físicos e psicológicos dos figurantes.
Fernão Lopes conseguiu fixar, em painéis majestosos, quadros vivos da vida social, moral e política dos séculos XIV e XV.
Antônio José Saraiva sobre ele assim se manifesta no primeiro volume de sua História da Cultura em Portugal:
“ Fernão Lopes sai fora desta regra geral (...) pela audácia com que arranca as máscaras e os mantos enganadores para nos dar, em vez de reis, príncipes ou cavaleiros, homens de carne e osso. Várias classes sociais, múltiplos aspectos da vida atraíram a sua penetrante observação, a compreensão.”
Crônica Del-Rei D. Pedro I
 Transcreve-se, a seguir, um trecho do capítulo XXXI da crônica Del-Rei D. Pedro I, na qual Fernão Lopes narra a morte dos assassinos de Inês de Castro. Segundo consta, três eram os assassinos: Álvaro Gonçalves, Pero Coelho e Diego Lopez. Os dois primeiros foram aprisionados e mortos cruelmente a mando de D. Pedro I; o terceiro conseguiu escapar livrando-se da morte, fato que deixou el-Rei muito magoado.
“A Portugal foram trazidos Álvaro Gonçalves e Pero Coelho, e chegaram a Santarém onde el-Rei D. Pedro estava, e el -Rei, com prazer de sua vinda, porém muito magoado por que Diego Lopez fugira, os foi receber, e ódio cruel sem piedade lhes fez por sua mão torturar querendo que lhe confessassem quais foram da morte de D. Inês culpados, e o que era que seu pai tratava contra ele, quando andavam em desavença por ocasião da morte dela; e nenhum deles respondeu a tais perguntas, coisas que a el-Rei agradasse; e el-Rei, com queixume, dizem que deu uma chicotada no rosto de Pero Coelho, e ele saltou então contra el-Rei, em desonestas e feias palavras, chamando-lhe traidor e perjuro, algoz, carniceiro dos homens, e el- Rei, dizendo que lhe trouxessem cebola e vinagre para o coelho, enfadou-se deles e mandou-os matar. A maneira de sua morte, sendo contada em detalhes, seria mui estranha e crua de contar, cá mandou tirar o coração pelos peitos a Pero Coelho e a Álvaro Gonçalves pelas espáduas; e quais palavras ouve, e aquele que lhe tirava que tal ofício havia pouco em costume seria bem dolorida coisa de ouvir, enfim mandou-os queimar, e tudo feito ante o palácio real onde ele pousava, de modo que comendo olhava o que mandava fazer. Muito perdeu el-Rei de sua boa fama por tal escambo como este, o qual foi tido em Portugal e em Castela por mui grande mal, dizendo todos os bons que o ouviram que os reis erravam muito indo contra a suas verdades, pois que estes cavaleiros estavam sobre segurança abrigados em seus reinos.”
Lopes, Fernão. In. Fernão Lopes -Crônicas Rio de Janeiro, agir, 1968 p.23

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