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ENARE SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Sumário História das políticas de saúde no Brasil ................................................................................... 6 Constituição Federal 1988 Art. 194 – 200 ................................................................................ 20 Lei Orgânica 8.800 Art.1 ao 57 ............................................................................................. 31 Lei 8.142 e Resolução 453/2012 ............................................................................................ 58 Política nacional de atenção básica........................................................................................ 73 Conceitos importantes do decreto 7.508/2011 ........................................................................ 106 Rede de Atenção à Saúde (RAS) ........................................................................................... 117 Política Nacional de Humanização (PNH) - Humaniza SUS .......................................................... 131 Politícas de Proteção de Pessoas em Situação de Vulnerabilidade ............................................... 138 Política Nacional de Proteção da Saúde (PNPS) ....................................................................... 156 Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) ................................................... 164 Modelos Assistênciais e Política Nacional de Vigilância em Saúde ............................................... 176 Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) .............................................................. 192 Bioética .......................................................................................................................... 202 Norma Regulamentadora n. 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviço de Saúde ................ 209 História das políticas de saúde no Brasil Para entender as políticas públicas do Brasil é importante compreender sobre os diferentes períodos históricos: • Ano 1.500 até o primeiro reinado. • A primeira república (1889 - 1930). • A Era Vargas (1930 - 1945). • O período de redemocratização (1945 - 1964). • O governo militar ( 1964 - 1980). • As décadas de 80 e 90. • O Sistema Único de Saúde: principais características. Ano 1500 até o primeiro reinado No período colonial, o Brasil era governado por Portugal num contexto político de exploração e eco- nômico, com a exportação de pau-brasil, cana-de-açúcar, mineração e café. No que concerne às práticas de saúde, a grande população usava da medicina Folk*, limitando-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e, àqueles que, por conhecimentos empíricos, predominavam por especialistas espirituais, xamãs, her- banários, curandeiros, videntes, entre outros. A vinda da família real ao Brasil criou a necessidade da organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte ao poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro. Até 1850 as atividades de saúde pública estavam limitadas ao seguinte: 1) Delegação das atribuições sanitárias às juntas municipais. 2) Controle de navios e saúde dos portos. A inexistência de uma assistência médica estruturada, fez com que se proliferassem pelo país os Bo- ticários (farmacêuticos). Aos boticários cabiam a manipulação das fórmulas prescritas pelos médicos, mas a verdade é que eles próprios tomavam a iniciativa de indicá-los, fato comuníssimo até hoje. No Brasil, também existiu no ano de 1539, as Santas Casas de Misericórdia. A Santa Casa de Mise- ricórdia é uma irmandade que tem como missão o tratamento e sustento a enfermos e inválidos, além de dar assistência a expostos - recém nascidos abandonados na instituição. A Santa Casa de Misericórdia é uma irmandade que tem como missão o tratamento e sustento a enfermos e inválidos, além de dar assistência a “expostos” – recém nascidos abandonados na instituição. Sua orientação remonta ao Compromisso da Misericórdia de Lisboa, composto por 14 obras de miseri- córdia, sendo sete delas espirituais – ensinar os simples, dar bons conselhos, castigar os que erram, consolar Figura 1. Curandeiros Fonte: Casa de Oswaldo Cruz. 6 O ENARE COBROU... (ENARE 2022) A história da Saúde Pública no Brasil tem sido marcada por sucessivas reorganizações administrativas e edições de muitas normas. Da instalação da colônia até a década de 1930, as ações eram desenvolvidas sem uma significativa organização institucional. A partir daí, iniciou-se uma série de transformações, ou melhor, foram criados e extintos diversos órgãos de prevenção e controle de doenças, culminando com a criação da Fundação Nacional de Saúde, no ano de: (A) 1935. (B) 1949. (C) 1976. (D) 1991. (E) 1999. Comentário A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é de natureza pública federal, vinculada ao Ministério da Saú- de do Brasil. Surgiu com o Decreto nº 100, de 16 de abril de 1991, autorizado pelo art. 14, da Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, como resultado da fusão de vários segmentos da área de saúde, entre os quais a Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) e a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), duas enti- dades de notáveis tradição e projeção internacional, orgulho do serviço público brasileiro, que conta com uma bela folha de serviços construída em todo território nacional, além da Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde (SNABS) e da Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde (SNPES). Gabarito: Letra D. 12 17 QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1. (UNIFASE/RJ - 2023) - Assinale a alternativa que representa um marco na história da saúde brasileira, que resultou na implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), na formação das bases para o capítulo sobre saúde na Constituição Brasileira, e ainda desempenhou um importante papel na propagação do movimento da Reforma Sanitária: (A) 9ª Conferência Nacional da Saúde, ocorrida em 1992. (B) 6ª Conferência Nacional da Saúde, ocorrida em 1988. (C) 7ª Conferência Nacional da Saúde, ocorrida em 1980. (D) 2ª Conferência Nacional da Saúde, ocorrida em 1950. (E) 8ª Conferência Nacional da Saúde, ocorrida em 1986. 2. (OBJETIVA - 2023) Considerando-se os marcos do desenvolvimento histórico da organização sanitária que antecedeu o SUS, assinalar a alternativa que preenche as lacunas abaixo CORRETAMENTE: No âm- bito da medicina previdenciária, em 1977, foi criado o ________ que sucedeu o ________. (A) IPASE | INAMPS. (B) INAMPS | INPS. (C) INSS | INAMPS. (D) IAPS | INPS. 3. (CPCON - 2023) Antes da instituição do Sistema Único de Saúde, a assistência à saúde da popula- ção era condicionada à condição de trabalho. Quem tinha emprego registrado na carteira profissional possuía assistência médica através das Caixas de Previdência, ou então pagava médicos particulares e, em casos de internação, também pagava pelo serviço. Para quem não tinha emprego registrado ou não podia pagar um médico, deveria buscar as Santas Casas de Misericórdia ou os postos de saúde muni- cipais, que viviam sempre lotados. Para equilibrar essas desigualdades, começou a surgir no Brasil um movimento denominado: (A) Saúde para todos no ano 2000. (B) Reforma Psiquiátrica. (C) Movimento da Balaiada. (D) Movimento dos Trabalhadores sem Terra. (E) Reforma Sanitária. 4. (IBFC - 2022) - Os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) são apontados por Behring; Boschetti (2006) como equipamentos que apresentaram grande expansão nos anos 30 no Brasil. Conforme as au- toras, os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), nesse contexto: (A) A cobriam riscos ligados à perda da capacidade laborativa em categorias de trabalhadores estratégicas. (B) eram organizados por meio de contribuições provenientes apenas dos trabalhadores o que dificultava a concessão de benefícios e serviços por esses equipamentos. (C) eram vetados pelo Estado ditatorial da época e eram organizações clandestinas. (D) consolidaram e sustentaram o Sistema de Seguridade Socialcomposto pelo tripé das políticas sociais jun- tamente com a Assistência Social e Saúde. 5. (FAURGS - 2022) O processo histórico da política de saúde como direito trouxe os movimentos sociais como fundamentais ao processo de luta e conquista desse direito social. A Reforma Sanitária permitiu que o conceito de saúde garantisse vieses fundamentais para a realidade da população brasileira, em relação à Reforma Sanitária. Considere as seguintes afirmações. I - A compreensão de saúde para além da ausência de doença. 20 Constituição Federal 1988: Art. 194 a 200 A constituição federal é dividida em 2 trechos: 1. Seguridade social: Artigos 194 e 195. 2. Saúde: Artigos 196, 197, 198, 199, 200. • Seguridade social A Seguridade Social é um Sistema de proteção à sociedade, contra riscos dito “sociais”, tais, como a fome, o desemprego e a doença. Dentro da seguridade social, temos: Saúde, previdência social e assistência social. Não há relação de subordinação entre eles, mas de complemento. • Saúde É universal e dever do estado. • Previdência social Não é universal. É para todo aquele que contribui regularmente. O desconto é compulsório (pago dire- tamente ao órgão) e pode ser pago à parte pelo cidadão, sem vínculo trabalhista formal. • Assistência social Não é universal! O desfrute é para aquele que precisa e existem critérios para o recebimento. Ex: Bolsa Família. Artigo 194 (objetivos da seguridade) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos, como planejamento e gestão, e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdên- cia e à assistência social. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes OBJETIVOS: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; (todos terão acesso aos benefícios) III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; (quem ganha mais, contribui mais) VI - diversidade da base de fi nanciamento, identifi cando-se, em rubricas contábeis específi cas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, (previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; (Vários recursos fi nanciam a seguridade, evitando escassez e falta). VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participa- ção dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. ALERTA: Não devem ser confundidos com os objetivos do SUS. ! Vamos dar ênfase aos principais incisos dos artigos! 31 Lei Orgânica 8.800 (art. 1 ao 57) Artigo 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. Artigo 2º A saúde é um DIREITO FUNDAMENTAL do ser humano, DEVENDO O ESTADO prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 1º O DEVER do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que asse- gurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 2º O DEVER do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. Artigo 3° Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como deter- minantes e condicionantes, entre outros: • a alimentação, • a moradia, • o saneamento básico, • o meio ambiente, • o trabalho, • a renda, • a educação, • a atividade física, • o transporte, • o lazer e • o acesso aos bens e serviços essenciais Figura 2. Modelo de Determinação Social da Saúde proposto por Dahlgreen e Whitehead Fonte: DAHLGREEN; WHITEHEAD apud SUCUPIRA et al, 2014. QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1. (Avança SP 2023) Sobre a Lei 8080/90, considere a alternativa incorreta: (A) Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcio- namento dos serviços correspondentes e dá outras providências. (B) Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjun- tamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. (C) Regulamenta a Lei nº 8.142, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. (D) A Lei aponta que o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas fede- rais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). (E) A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 2. (Avança SP 2023) O artigo 5º da Lei 8080/90 discorre sobre os objetivos do SUS, que são: I - A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde. II - A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. III – A utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática. É correto o que se afirma em: (A) I, apenas. (B) I e II, apenas. (C) III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) I, II e III. 3. (INSTITUTO AOCP 2023) Em relação à Lei n° 8.080/1990, assinale a alternativa correta. (A) A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições dispensáveis ao seu pleno exercício. (B) O dever do Estado de garantir a saúde não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. (C) A formulação e execução da política de sangue e seus derivados não está incluída no campo de atuação do Sistema Único de Saúde. (D) Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. (E) Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, exclusivamente, a alimentação, a moradia e o saneamento básico. 4. (BRB 2023) Conforme a Lei nº 8.080/90, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exer- cerão, em seu âmbito administrativo, a seguinte atribuição: (A) Participação na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde. (B) Promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem como com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde. 55 58 Lei 8.142 e Resolução 453/2012 O que é abordado nesta lei? • A participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e • As transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Antes de nos aprofundarmos na lei e nesta resolução, é importante entender o conceito de “controle social”. O que é Controle Social? O controle social é realizado pelo cidadão a partir da sua vivência na comunidade, no trabalho e na escola. É a forma organizada que os cidadãos têm de demandar os órgãos de governo para o aperfeiçoamento das políticas públicas na área da assistência social, educação e saúde. O controle social é um dos fundamentos do SUS, estabelecido na Constituição de 1988. Significa o entendimento,a participação e a fiscalização da sociedade sobre as ações do Estado e propicia a vivência da democracia direta, conduzida pelo povo. Ao praticar o controle social, os cidadãos podem interferir no plane- jamento, na realização e na avaliação das atividades do governo. A função do SUS é garantir acesso integral, universal e igualitário da população brasileira aos serviços de saúde, desde o atendimento nos Centros de Saúde até o transplante de órgãos. Além disso, a Constituição prevê que é responsabilidade do Estado garantir políticas sociais e econômicas para prevenção e promoção da saúde. Onde está presente o controle social? • Nas conferências de saúde e • nos conselhos de saúde. Artigo 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo (União, Estado e Município), sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: I - a Conferência de Saúde; e II - o Conselho de Saúde. A Conferência de Saúde: • Reunir-se-á a cada quatro anos. • com a representação dos vários segmentos sociais. • para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes. • convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. O Conselho de Saúde: • Possui caráter permanente e deliberativo. • Órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários. • Atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspon- dente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. • cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) (representação estadual) e o Conselho Nacional Rede de Atenção à Saúde (RAS) Vimos no decreto anterior o conceito de Redes de Atenção à saúde. Vamos relembrar: Conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde. A portaria que aborda a RAS é a Portaria 4279/2010. Essa portaria trata das diretrizes para a estrutu- ração da Rede de Atenção à Saúde como estratégia para superar a fragmentação da atenção e da gestão nas Regiões de Saúde e aperfeiçoar o funcionamento político-institucional do Sistema Único de Saúde com vistas a assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços que necessita com efetividade e eficiência. A portaria inclui 3 tipos de redes: • Redes temáticas. • Redes de serviço de saúde. • Redes de pesquisa em saúde. Redes Temáticas I - Rede Cegonha. II - Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE). III - Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. IV - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). V - Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Redes de serviço de saúde I - Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso. II - Redes Estaduais de Assistência a Queimados. III - Rede Nacional de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde. IV - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST). V - Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informação sobre Medicamentos (REBRACIM). VI - Rede de Escolas Técnicas e Centros Formadores vinculados às instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde (RETSUS). VII - Rede de Ensino para a Gestão Estratégica do Sistema Único de Saúde (REGESUS). VIII - Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS). IX - Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (Renaveh). X - Rede Nacional de Vigilância, Alerta e Resposta às Emergências em Saúde Pública do Sistema Único de Saúde (Rede VIGIAR-SUS). XI - Rede Nacional dos Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde. Redes de pesquisas I - Redes Nacionais de Pesquisa em Saúde (RNPS). II - Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA). III - Políticas Informadas por Evidências. Apesar de serem muitas “redes”, não é frequentemente abordado em questões. 1. Por que organizar a Rede de Atenção à Saúde no SUS? O cenário brasileiro tem as seguintes características: • Diversidade de contextos regionais com marcantes diferenças sócio econômicas e de necessidades de saú- de; • Elevado peso da oferta privada e seus interesses e pressões sobre o mercado; 117 131 Política Nacional de Humanização (PNH) - HumanizaSUS A Política Nacional de Humanização (PNH) foi lançada em 2003 e tinha como objetivo pôr em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar. A PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos cole- tivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si. A partir da análise dos problemas e dificuldades em cada serviço de saúde e tomando por referência experiências bem-sucedidas de humanização, a PNH tem sido experimentada em todo o País. Existe um SUS que dá certo, e dele partem as orientações da Política Nacional de Humanização, traduzidas em seu método, princípios, diretrizes e dispositivos. O que é HumanizaSUS? HumanizaSUS, como também é conhecida a Política Nacional de Humanização, aposta na inclusão de trabalhadores, usuários e gestores na produção e gestão do cuidado e dos processos de trabalho. A comunicação entre esses três atores do SUS provoca movimentos de perturbação e inquietação que a PNH considera o “motor” de mudanças e que também precisam ser incluídos como recursos para a produção de saúde. Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho. E como deve ser feito isso? Por meio de rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos sociais e a gestão dos conflitos ge- rados pela inclusão das diferenças são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde a partir das orien- tações da PNH. Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que eles, no dia a dia, reinventem seus pro- cessos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários e suas redes sociofamiliares nos processos de cuidado é um poderoso recurso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado de si. Quais os princípios do HumanizaSUS? • Transversalidade A Política Nacional de Humanização deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e pro- gramas do SUS. A PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de saúde podem conversar com a ex- periência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável. • Indissociabilidade entre atenção e gestão As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuá- rios devem buscar conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua rede sociofamiliar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são caros. 132 • Protagonismo, corresponsabilidade e autonomiados sujeitos e coletivos Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades. Os usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o reconhecimento do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde. Diretrizes A Política Nacional de Humanização atua a partir de orientações clínicas, éticas e políticas, que se tra- duzem em determinados arranjos de trabalho. Entenda melhor alguns conceitos que norteiam o trabalho da PNH: • Acolhimento Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/ populações. Como valor das prá- ticas de saúde, o acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede socioafetiva. Como aplicar a diretriz na rotina? Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às ne- cessidades do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades, ampliando a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco. • Gestão Participativa e cogestão Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos de análise e decisão quanto a am- pliação das tarefas da gestão – que se transforma também em espaço de realização de análise dos contextos, da política em geral e da saúde em particular, em lugar de formulação e de pactuação de tarefas e de apren- dizado coletivo. Como aplicar a diretriz? A organização e experimentação de rodas é uma importante orientação da cogestão. Rodas para colocar as diferenças em contato de modo a produzir movimentos de desestabilização que favoreçam mudanças nas práticas de gestão e de atenção. A PNH destaca dois grupos de dispositivos de cogestão: aqueles que dizem respeito à organização de um espaço coletivo de gestão, que permita o acordo entre necessidades e interesses de usuários, trabalha- dores e gestores; e aqueles que se referem aos mecanismos que garantem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das unidades de saúde. • Ambiência Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem a privacidade, propiciem mudan- ças no processo de trabalho e sejam lugares de encontro entre as pessoas. Como aplicar isso na rotina? A discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das reformas e do uso dos espaços de acordo com as necessidades de usuários e trabalhadores de cada serviço é uma orientação que pode melhorar o trabalho em saúde. • Clínica ampliada e compartilhada A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja finalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a complexidade do processo