Buscar

Introdução ao Estudo do Direito.doc 3.1doc

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Introdução ao Estudo do Direito
	
	CAPÍTULO 3 – O Direito no Quadro das Ciências
A Teoria no Direito
Posição do direito no quadro das ciências
De forma sintética, podemos formular as seguintes afirmações, que antecipam as conclusões do presente capítulo:
existe inegavelmente uma TEORIA do direito, constituída por todos os estudos que se limitam ao conhecimento do que “é” a realidade jurídica; nesse sentido, o naturalismo, o formalismo e o culturalismo jurídico representam hoje as grandes direções teóricas da ciência do direito;
existe, também, uma TÉCNICA do direito, que não se limita ao conhecimento do que é, mas dá normas ao “fazer”; indica como fazer uma petição, uma sentença, um recurso, um contrato, uma lei;
nesse plano podemos falar, ainda, em uma ARTE ou ESTÉTICA do direito, na medida em que os aspectos estéticos, como o estilo da lei, a eloquência judiciária, os símbolos e as vestes talares interferem na vida jurídica;
mas o direito é, essencialmente, uma ciência NORMATIVA HUMANA MORAL; sua finalidade específica é ordenar a conduta social dos homens, no sentido da justiça.
A teoria do direito
Existe inegavelmente uma teoria do direito. Quaisquer instituições jurídicas podem ser estudadas teoricamente. Há uma teoria do Estado, dos contratos, da propriedade, da empresa etc. Há igualmente, a teoria do Direito Civil, do Direito Comercial, uma Teoria Geral do Direito etc. São dessa natureza, também, os estudos sobre o homem e seu comportamento no meio social, os estudos do meio físico e geográfico, da história, dos costumes, das instituições.
O jurista deve levar em conta os fatos resultantes das relações sociais, que são a própria matéria do Direito.
A teoria do direito, diz Kelsen, quer única e exclusivamente conhecer seu objeto.
Enquanto teoria, que espécie de ciência é o direito? Ciência natural, cultural, formal, metafísica?
Sob esse aspecto, podemos distinguir, entre as grandes orientações teóricas sobre a natureza do direito: o naturalismo jurídico, o formalismo jurídico e o culturalismo jurídico.
O naturalismo jurídico
No estudo teórico do direito, as concepções naturalistas o reduzem a uma realidade exclusivamente natural ou física.
O formalismo jurídico
Com o objetivo de fazer uma “Teoria Pura do Direito”, Kelsen elimina do campo da ciência jurídica propriamente dita:
todos os elementos sociológicos ou dados da realidade social, que constituem objeto da “Sociologia do Direito”;
todas as considerações sobre valores, como a justiça, a segurança, o bem comum, ou outros, cujo estudo cabe á Filosofia do Direito.
Feitas essas duas “purificações”, resta para a ciência jurídica a consideração do direito como pura norma. O objeto da ciência jurídica é conhecer normas e não prescrevê-las.
Ao jurista propriamente dito, ao contrário do sociólogo ou do filósofo do direito, não interessa o conteúdo ou o valor das normas, mas apenas sua vinculação formal ao sistema normativo.
Direito é norma. E norma é uma proposição hipotética (condicional), cuja estrutura é a seguinte:
		“ Se A é, deve ser B”
	Em que A é a condição jurídica (por exemplo, um furto) e B a conseqüência jurídica (no caso, a pena de prisão). Ou, de outra forma, dada a não prestação, deve ser a sanção:
		“Dada a não P, deve ser S”
	Se o cidadão não votou, deve ser multado; se o inquilino não pagou o aluguel, deve ser despejado; se o contrato não respeitar condição essencial, deve ser anulado; dessa categoria são todas as normas de que se ocupa o direito. E, como diz Kelsen, “essa categoria do direito tem caráter puramente formal”. Dessa norma, formalmente considerada, e não de seu conteúdo é que se ocupa a ciência ou a teoria pura do direito.
O culturalismo jurídico
Para estas, a ciência do direito deve partir de uma distinção preliminar entre “natureza” e “cultura	“ e consequentemente entre:
- ciências naturais, como a física, a química, a biologia etc, que se ocupam da natureza física ou material e;
- ciência culturais ou humanas, como a história, a economia, a sociologia e outras que se ocupam do espírito humano e das transformações que ele introduz na natureza.
Exemplo: Num utensílio, num gesto, num escrito pouco adianta conhecer ou descrever a realidade física, que é apenas o “suporte” de um “sentido”. O importante é “compreender” esse “sentido” ou significação, que está sempre ligado a um valor, porque o homem sempre age em função de valores.
Assim, o direito não é uma simples realidade física ou natural (naturalismo), nem um esquema meramente formal (formalismo), mas um objeto cultural, isto é, uma realização do espírito humano, com um suporte (ou substrato) e uma significação.
Segundo Carlos Cóssio, a conduta humana é um objeto cultural “egológico” (de ego) ou subjetivo.
2) A Técnico no Direito
Existirão no campo do direito elementos de ordem técnica? Será o direito uma técnica?
Ciência Técnica: é o estudo ou o conhecimento das “normas” para “fazer” corretamente alguma coisa. Nesse sentido, a arquitetura, a cirurgia ou a contabilidade, como técnicas, consistem fundamentalmente no conhecimento das “normas” para “fazer” corretamente planejamentos, operações cirúrgicas ou escriturações de contas.
Ciência técnica – saber “fazer” corretamente;
Ciência moral – saber “agir” corretamente.
Nesses termos, existirá uma técnica jurídica? Qual o seu alcance?
É inegável a existência de aspectos técnicos no campo do direito: técnica processual, técnica na interpretação das leis, técnica na formulação da sentença etc.
há uma técnica de elaboração das normas jurídicas; é a técnica legislativa, que inclui todo o processo de feitura das leis, desde a apresentação do projeto: sua redação, discussão, aprovação etc. até sua sanção e publicação.
há uma técnica de interpretação das leis, chama-se hermenêutica jurídica, definida por Carlos Maximiliano, como “o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito.
Há uma técnica de aplicação das normas jurídicas aos casos concretos; essa aplicação pressupõe a interpretação, mas não se confunde com ela; “aplicar o direito” significa enquadrar um caso concreto na regra ou norma jurídica adequada.
Há uma técnica processual, que consiste no conjunto de meios adequados para conduzir uma ação em juízo: “processo”, define Chiovenda, é o “complexo dos atos coordenados ao objetivo da atuação da vontade da lei (com respeito a um bem que se pretende garantido por ela) por parte dos órgãos da jurisdição ordinária”; entre nós, o Código de Processo Civil fixa rigorosamente as normas disciplinares de todo o processo civil e comercial: desde a petição inicial, as citações, notificações e intimações, a contestação, a reconvenção, os despachos do Juiz, as provas, a audiência, a sentença, até os recursos e a execução das sentenças; paralelamente, o Código de Processo Penal estabelece as normas que regem os processos em matéria penal, em todo o território brasileiro.
Arte e direito
Cabem aqui algumas considerações sobre o que se poderá chamar a arte ou estética do direito.
Em sentido lato (amplo), “técnica” e “arte” se identificam. Etimologicamente, o vocábulo “técnica” provém do grego techné , que significa “arte”. Nesse sentido a medicina é “arte” de curar e a engenharia “arte” de construir. Entretanto, em sentido estrito (restrito), a arte, propriamente dita, ou estética, refere-se à produção do “belo”. Distingue-se, por aí, da técnica, cujo objeto é o “útil”.
Sob esse aspecto, haverá no direito elementos de ordem artística? Existirá uma estética do direito?
Como toda manifestação da cultura, o direito carece também de meios materiais de expressão. Exemplos: a linguagem, os trajes, os símbolos, os edifícios. E, como todos os meios de expressão material, também aqueles que o direito utiliza são suscetíveis de uma valoração estética.O estilo do direito contém uma linguagem fria. Renuncia a toda nota sentimental. É áspera. Dispensa, também, toda indicação de motivos. É sóbria e concisa, renunciando igualmente a toda doutrinação das pessoas a quem se dirige.
Exemplo: Os Códigos mais importantes de cada país representam, ao mesmo tempo, os grandes monumentos do respectivo idioma. O Brasil não fugiu à regra. A propósito da redação do Código Civil brasileiro (1916), travaram-se, entre Rui Barbosa e Carneiro Ribeiro, as discussões mais profundas sobre a língua portuguesa.
A oratória forense, os símbolos do direito, a toga do magistrado, a beca do advogado, constituem outros tantos elementos estéticos que encontramos a cada passo na vida do direito.
3) A Ética e o Direito – o Direito como Ciência Normativa Ética
A posição do direito no quadro das ciências
 	Vimos que, se considerarmos as ciências em sua acepção mais ampla, podemos classificá-las em três modalidades fundamentais:
algumas se limitam a conhecer “o que é”; são as ciências teóricas ou especulativas;
outras procuram orientar a conduta dos homens, indicando-lhes “como agir”; são as ciências éticas ou morais;
outras, finalmente, orientam a atividade produtiva ou as realizações externas do homem, indicando-lhe “como fazer”; são as ciências técnicas ou artísticas.
O direito pode ser considerado sob a tríplice perspectiva de teoria, técnica e ética.
O direito é, essencialmente, uma ciência “ética”, moral ou humana. Ou, de forma mais precisa, uma ciência normativa ética.
A finalidade do direito é dirigir a conduta humana na vida social. É ordenar a convivência de pessoas humanas. É dar normas ao “agir”, para que cada pessoa tenha o que lhe é devido. É, em suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça.
Qual o objeto do direito?
Fundamentalmente, o objeto material do direito é o homem vivendo em sociedade. É a atividade social do homem, ou, como diz Cóssio, é a “conduta humana em interferência intersubjetiva”. 
3.3 Ciência da liberdade
E, como a característica fundamental da atividade humana é a liberdade, podemos dizer que o direito é ciência da liberdade.
Direito e moral
Paulo afirma: “nem tudo que é lícito é honesto”
Só em época relativamente recente, no início do séc. XVIII, surge com Cristiano Tomásio uma explicação fundamentada dessa distinção: a moral se refere ao foro íntimo e o direito ao foro externo, consequentemente a moral não é coercível, mas o direito é.
Del Vecchio sintetizou em fórmula lapidar: o Direito constitui a ética objetiva e a moral, a ética subjetiva.

Continue navegando