Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Assistência de Enfermagem em Pós-operatório MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II PRÉ-OPERATÓRIO: CUIDADOS DE ENFERMAGEM Quando falamos em assistência de enfermagem no pré-operatório, antes se torna necessário expor sobre algumas conceituações utilizadas na prática do cuidado, a fim de tornar mais fácil o aprendizado. O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão existencial do homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correção normativa e a ética, numa abordagem epistemológica efetivamente comprometida com a emancipação humana e evolução das sociedades. A assistência de enfermagem no pré-operatório envolve inúmeras questões que vão, desde os aportes tecnológicos disponíveis até a condição de esclarecimento em saúde do indivíduo fonte do cuidado. A enfermagem pré–operatória é uma expressão utilizada para descrever um leque de funções de enfermagem desenvolvidas na experiência cirúrgica. A palavra perioperatório é um termo que incorpora três fases da experiência cirúrgica – pré- operatório, intra-operatório e pós-operatório. Neste curso, iremos tratar, mais especificamente dos períodos pré-operatório e pós –operatório, que serão objeto de estudo mais detalhado das ações de enfermagem. CONCEITOS BÁSICOS O pré-operatório é o período de tempo que tem início no momento em que se reconhece a necessidade de uma cirurgia, e termina no momento em que o paciente chega à sala de operação. Observa-se pela definição, que se trata de um período bem delimitado, apresentando começo e fim, e que tem duração 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores relativamente longa, dependendo da classificação do tratamento cirúrgico, quanto ao momento operatório. Didaticamente, o período pré-operatório subdivide-se em mediato (desde a indicação para a cirurgia até o dia anterior a ela) e em imediato (corresponde às 24 horas anteriores à cirurgia). O escopo das atividades de enfermagem durante este tempo pode incluir o estabelecimento de uma linha de base, a partir do histórico do paciente, a realização de entrevista pré-operatória e a preparação do paciente para o ato anestésico a ser feito durante a cirurgia. A cirurgia pode ser indicada por diversas razões. Ela pode ter efeito diagnóstico, curativo, reparador, reconstrutor, cosmético ou paliativo. Pode também ser classificada, conforme o grau de necessidade, em urgência, emergência ou eletiva. CLASSIFICAÇÃO INDICAÇÕES PARA CIRURGIA EXEMPLOS CIRURGIA DE EMERGÊNCIA SEM DEMORA FRATURA DE CRÂNIO CIRURGIA DE URGÊNCIA DENTRO DE 24 a 30h INFECÇÃO AGUDA DA BEXIGA CIRURGIA ELETIVA PLANEJADA HÉRNIA SIMPLES De modo geral, a assistência prestada ao paciente, neste período, consiste na avaliação e preparo tanto físico quanto emocional para a cirurgia. Para o ensino pré-operatório, deve-se avaliar a capacidade de aprendizagem do cliente, bem como identificar as limitações que possam impedi-lo de participar no processo de aprendizagem. O estabelecimento de uma relação de confiança entre enfermeiro e cliente é de extrema importância, para que este consiga exteriorizar seus sentimentos e dúvidas. Nesse aspecto, é importante que o profissional tenha conhecimento do conteúdo das orientações dadas pelos demais componentes da equipe, a fim de evitar duplicidade de informações, tornando o trabalho mais salutar. 47 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Para melhor apreensão do conteúdo que será elucidado adiante, traçamos uma relação de termos que compõem a terminologia cirúrgica. Entende-se por terminologia “o conjunto de termos próprios de uma ciência; nomenclatura”. Assim sendo, a terminologia cirúrgica é o conjunto de termos que expressa o segmento do corpo afetado (raiz) e a intervenção cirúrgica realizada (sufixo). Adiante, alguns exemplos: Existem ainda, termos cirúrgicos que não seguem os mesmos padrões descritos anteriormente. São alguns exemplos: • Amputação – retirada parcial ou total de um membro ou de um órgão; • Enxerto – inserção de material autógeno, homólogo, heterólogo ou sintético para corrigir defeito ou falha em tecidos ou órgão; • Exérese – significa extirpação parcial ou total de um segmento corpóreo; • Anastomose – comunicação cirúrgica realizada entre dois vasos sanguíneos ou entre duas vísceras. (OSOL,s.d.); Sufixo Significado tomia Incisão, corte ostomia Fazer nova abertura ectomia Extirpar parcial ou totalmente plastia Reparação plástica rafia Sutura pexia Fixação de uma estrutura corpórea scopia Visualizar o interior Raiz Relaciona-se a: Oto Ouvido Oftalmo Olho Rino Nariz Hepato Fígado Procto Reto e ânus Cisto Bexiga Hístero Útero Salpingo Tuba uterina Flebo Veia 48 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Importante se faz salientar, que o maior objetivo da assistência de enfermagem é garantir que os clientes sejam assistidos em suas necessidades físicas, mentais e sociais por uma equipe de enfermagem, preocupada com a qualidade da assistência prestada e com o atendimento das necessidades do cliente. Para tanto, são necessários a busca pelo contínuo aprendizado, e o domínio da tecnologia existente. VISITA PRÉ-OPERATÓRIA: AVALIAÇÃO FÍSICA DO PACIENTE A visita pré-operatória de enfermagem é o primeiro item da avaliação do paciente, procedimento este indispensável tanto no preparo físico quanto no emocional. É uma atividade desenvolvida para conhecer e manter uma interação efetiva enfermeiro-paciente, para orientar, supervisionar e encaminhar os problemas detectados a outros profissionais quando necessário. Por ser uma pessoa autônoma, o cliente deverá ser avaliado observando-se suas individualidades. A identificação dos problemas de enfermagem na visita pré-operatória é fundamental para que o enfermeiro possa elaborar e implementar, o plano de cuidados para o período trans-operatório, pois sabemos que vários são os aspectos que irão influenciar a resposta do paciente ao procedimento anestésico-cirúrgico. Diante disso, o enfermeiro, para traçar uma coleta criteriosa da história de saúde do cliente, precisa antes de qualquer coisa, ter conhecimento técnico apurado, a fim de identificar alterações fisiológicas, e sensibilidade aguçada, para perceber os temores e ansiedades gerados no individuo, pela iminência do procedimento cirúrgico. Talvez o mais valioso recurso que o enfermeiro disponha diante do paciente, seja a capacidade de ouvi-lo, especialmente durante a coleta do histórico de saúde. O enfermeiro deve assumir a ajuda ao pacientepara transformá-lo e auxiliá-lo na adaptação às mudanças oriundas da doença. 49 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Foto: Brasil. Ministério da Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem, 2003. A coleta de dados ou a avaliação inicial requer do enfermeiro habilidades referentes à abordagem do paciente que envolve técnicas de entrevista e de exame físico, além daquelas necessárias para julgar e decidir os rumos da avaliação numa dada circunstância. Resulta daí a preocupação crescente com a aprendizagem de habilidades que permitam capacitá-lo para o desempenho dessa atividade. Antes de o tratamento ser iniciado, a história de saúde do cliente é coletada e o mesmo é submetido a um exame físico criterioso. Com isso, uma linha de parâmetros é constituída para comparações futuras. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL O interesse na avaliação do estado nutricional do paciente hospitalizado tem aumentado com a constatação de grande incidência de desnutrição entre os pacientes internados, na maioria dos hospitais, e mostra-nos a associação entre desnutrição protéico-calórica (DPC) e a evolução clínica do paciente (interferindo no tempo de internação e número de complicações). Estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiológicas por nutrientes estão sendo alcançadas. No indivíduo internado, ela é mensurada através dos valores da altura e peso, da prega cutânea do tríceps, da circunferência do braço, dos níveis de proteínas séricas e do balanço de nitrogênio - perda normal de nitrogênio: 8 a 10g/dia. Uma avaliação completa do estado nutricional inclui: 50 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ? História médica (doenças crônicas, cirurgias gastrointestinais), social (Renda inadequada, nível cultural) e dietética (anorexia, anosmia, problemas da mastigação); ? Dados antropométricos; ? Dados bioquímicos; ? Avaliação clínica; ? Revisão do uso de drogas. O reconhecimento dos sintomas e sinais clínicos de alteração do estado nutricional é de grande importância por se tratar de prática simples e econômica. Consiste em avaliar as manifestações que podem estar relacionadas com possível alimentação inadequada, evidenciando-se por meio de alterações de tecidos orgânicos, de órgãos externos como a pele, mucosas, cabelos e os olhos. O índice de Massa Corporal (IMC) é uma fórmula que indica se um adulto está acima do peso, se está obeso ou abaixo do peso ideal considerado saudável. A fórmula para calcular o Índice de Massa Corporal é: IMC = Peso (Altura X Altura) Atenção especial deve ser dada ao cabelo, à pele e à boca que são suscetíveis devido à rápida mudança celular do tecido epitelial. A desidratação, a hipovolemia e o desequilíbrio eletrolítico são comuns e devem ser cuidadosamente documentados e monitorados. Durante a anamnese alimentar, são pesquisadas as quantidades e qualidade de alimentos ingeridos, antes e durante a doença atual, bem como informações sobre perda de apetite, aversão por alimentos, náusea, vômito, alterações do trato digestivo (dificuldade de mastigação, azia, queimação, obstipação, diarréia e outros), abuso de bebidas alcoólicas e alterações no peso. 51 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Sinais físicos indicativos ou sugestivos de desnutrição Órgão Aparência normal Sinais associados com desnutrição Cabelo Firme; brilhante; difícil de arrancar. Perda do brilho natural; seco e feio; Fino e esparso; Sedoso e quebradiço; Despigmentado; Sinal da bandeira; Fácil de arrancar (sem dor). Olhos Brilhantes, claros, sem feridas nos epicantos; membranas úmidas e róseas; sem vasos proeminentes ou acúmulo de tecido esclerótico; Conjuntiva pálida; Membranas vermelhas; Manchas de Bitot; Xerose conjuntival (secura); Xerose córnea (secura); Queratomalacia (córnea adelgaçada); Vermelhidão e fissuras nos epicantos. Lábios Lisos, sem edemas ou rachaduras Estomatite angular (lesões róseas ou brancas nos cantos da boca); Escaras no ângulo; Queilose (avermelhamento ou edema dos lábios e boca). Pele Sem erupções, edema ou manchas Xerose (secura) Hiperqueratose folicular (pele em papel de areia); Petéquias (pequenas hemorragias na pele); Dermatose pelagra (pigmentação edematosa avermelhada nas áreas de exposição ao sol); Equimoses em excesso; Dermatose cosmética descamativa; Dermatose vulvar e escrotal; Xantomas (depósitos de gordura sob a pele e ao redor das articulações). Língua Aparência vermelha profunda; não edemaciada ou lisa Língua escarlate e inflamada; Língua magenta (púrpura); Língua edematosa; 52 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Papila filiforme atrofia e hipertrofia. Unhas Firmes; róseas Coiloníquia (forma de colher); Quebradiças e rugosas. Fonte: VANNUCCHI H; UNAMUNO M do R Del L de & MARCHINI JS Avaliação do estado nutricional. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 5-18, jan./mar. 1996. AVALIAÇÃO DO ESTADO RESPIRATÓRIO A avaliação e o preparo pré-operatórios do estado respiratório dependerão da gravidade do paciente, e do grau de urgência ou emergência cirúrgica. Sempre que a situação permitir, deverá ser realizada anamnese e exame físico. No exame físico, atenção especial deve ser dada à avaliação da via respiratória, da ventilação e da situação hemodinâmica. Deve-se observar se a respiração está espontânea ou não; observar o padrão ventilatório, analisando ritmo e profundidade das incursões respiratórias; verificar presença de dispnéia ou cianose e pesquisar doenças pregressas pulmonares. O enfermeiro deve estabelecer uma boa relação com o paciente, proporcionando-lhe bem–estar e segurança, bem como uma boa comunicação através de uma linguagem simples e de fácil compreensão. O exame do tórax é de fundamental importância para a avaliação respiratória e consiste da observação de quatro componentes: inspeção, palpação, percussão e ausculta. Inspeção É através da inspeção que observamos os movimentos respiratórios – sua freqüência, regularidade e profundidade – bem como, os esforços inspiratórios e expiratórios relativos. Segundo Franco (2002), a inspeção pode ser estática, com ênfase para o biótipo do tórax e dinâmica com observações quanto ao padrão respiratório que o paciente possa vir a apresentar durante o exame. 53 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Deve-se observar a forma do tórax, a presença de deformidades e abaulamentos, o uso ou não da musculatura acessória, presença de tiragem, padrão respiratório; a freqüência respiratória em condições de repouso é tida como normal, quando o número de incursões respiratórias por minuto (IRPM) está oscilando entre 16 e 20, além da presença de lesões cutâneas - pode revelar a presença de cicatrizes, inflamações e tumores. O cliente que não apresenta alteração no padrão respiratório é denominado eupnéico. Em caso de anormalidades no padrão respiratório, as denominaçõesmais comuns para os achados nos exames são as seguintes: Taquipnéia: Aumento da freqüência ventilatória. Bradipnéia: Redução da freqüência ventilatória. Apnéia: Parada dos movimentos respiratórios ou parada respiratória. Dispnéia: Caracterizada como “sofrimento respiratório”. Respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gradual na profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundidade das respirações e, após, segue-se um período de apnéia. · Respiração estertorosa: respiração ruidosa. A meta na avaliação pré-operatória do aparelho respiratório é identificar possíveis alterações no padrão ventilatório que possam vir a determinar complicações durante ou após o ato anestésico. Identificar os pacientes de risco no pré-operatório que possam evoluir para o desenvolvimento dessas complicações é o primeiro passo para evitá-las. Palpação É através deste componente do exame do tórax – a palpação, que se caracterizarão as lesões de pele detectadas na inspeção, pesquisa de edema, 54 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores avaliação da expansibilidade torácica bem como pesquisa do frêmito (palpação na parede torácica das vibrações produzidas pelos sons vocais transmitidos à parede). Percussão A técnica utilizada para a realização da percussão é a do dígito-digital, com apoio do terceiro dedo da mão esquerda à parede torácica, a partir da falange distal, e a percussão sendo feita com o terceiro dedo da mão direita, que golpeará a falange distal do dedo esquerdo apoiado à parede. No tórax normal, a percussão produzirá vibrações lentas e som de tonalidade baixa, sendo chamado de som claro pulmonar. Na presença de desequilíbrio da relação normal ar/tecido, ocorrerá sons diferentes do padrão habitual, a exemplo do som timpânico, que é produzido quando existe uma quantidade de ar aumentada no parênquima pulmonar. Abaixo podemos observar a percussão correta do espaço interescapulovertebral. Só a articulação do punho se move. O dedo médio está apoiado.Os demais não tocam a pele. 55 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Ausculta A ausculta é o método semiológico básico no exame físico dos pulmões; ela permite a obtenção rápida e pouco dispendiosa de numerosas informações sobre diferentes patologias broncopulmonares. É a fase do exame do tórax que fornece mais informações. O instrumento utilizado para realização da ausculta é conhecido como estetoscópio, capaz de captar os sons transmitidos pelo tórax do paciente. O ambiente deve ser preservado de qualquer barulho, a fim de se evitar confusões na identificação dos ruídos respiratórios. O paciente deve ser mantido preferencialmente sentado, todavia no impedimento deste procedimento, deverá permanecer em decúbito lateral. A ausculta confirma os achados da inspeção e/ou identifica regiões com prejuízo de ventilação ou de acúmulo de secreções. Porto (2001), alerta que “somente depois de uma longa prática, ouvindo-se as variações do murmúrio respiratório normal é que se pode, com segurança, identificar os ruídos normais”. Sons Respiratórios Ruídos Respiratórios Normais Som Traqueal O som traqueal ou bronquial é normalmente audível sobre a área de projeção da traquéia, colocando-se o estetoscópio sobre a região supra-esternal. Ausculta-se a inspiração intensa, bem audível, a seguir, uma pausa, e depois, a expiração, também bastante audível e rude, de duração igual ou pouco maior do que a inspiração. 56 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Som Broncovesicular Normalmente, o som pode ser ouvido nas regiões infra e supraclaviculares e nas regiões supra-escapulares. A expiração tem duração e intensidade igual, não havendo pausa entre elas. O som broncovesicular não é tão rude quanto o som traqueal. Murmúrio Vesicular É audível, normalmente, no restante do tórax. A inspiração tem intensidade e duração maiores que as da expiração; ausculta-se toda a inspiração e somente o terço inicial da expiração; o som é suave, não havendo pausa entre inspiração e expiração. Ruídos Respiratórios Anormais Estertores - são ruídos descontínuos que se produzem quando se encontram na traquéia, brônquios, bronquíolos ou tecido pulmonar, em via de desintegração, substâncias líquidas que entram em conflito com o ar e se agitam. Roncos e Sibilos - são ruídos móveis, que desaparecem conforme a profundidade da respiração, postura ou com a tosse.Têm o mesmo significado, mas com tonalidades diferentes. Roncos são graves e sibilos, agudos. Podem ser classificados em altos ou baixos, inspiratórios ou expiratórios, longos ou curtos, únicos ou múltiplos. Os sibilos podem apresentar uma nota musical (monofônicos) ou várias notas (polifônicos). AVALIAÇÃO DO ESTADO CARDIOVASCULAR Durante a anamnese e exame físico, o enfermeiro deve identificar os preditores clínicos de risco cardiovascular. O paciente deve ser questionado acerca do histórico de doenças coronárias instáveis, ICC descompensada, IAM prévio, diabetes mellitus, história de AVC e HAS não controlada, presença de casos 57 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores cardiológicos na família e moléstias afins. A idade avançada e a baixa capacidade funcional também devem ser levadas em consideração na avaliação. Interroga-se também o cliente sobre a existência de sintomas específicos, como por exemplo: dispnéia, dor torácica, edema dos pés e tornozelos, cianose de pele, palidez e palpitações. Durante o exame físico é importante manter dados de peso, estado físico geral e presença de sintomas, registrados em prontuário. O propósito da avaliação cardiovascular perioperatória é fornecer um perfil de risco para que sejam tomadas decisões que possam influenciar no evento cirúrgico. Dados como pressão arterial e freqüência cardíaca devem ser minuciosamente obtidos e registrados. Aferindo a Pressão Arterial A medida da pressão arterial deve ser realizada na posição sentada, de acordo com o procedimento descrito a seguir: 1- Explicar o procedimento ao paciente. 2- Certificar-se de que o paciente: • Não está com a bexiga cheia; • Não praticou exercícios físicos; • Não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos, ou fumou antes. 3- Localizar a arterial braquial através da palpação. 4- Colocar o manguito firmemente cerca de 2cm a 3cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço e seu comprimento deve envolver pelo menos 80% do braço. Assim, a largura do 58 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores manguito a ser utilizado estará na dependência da circunferência do braço do paciente. 5- Manter o braço do paciente na altura do coração. 6- Palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, para estimativa do nível da pressão sistólica, desinflar rapidamente e aguardar de 15 a 30 segundos antes de inflar novamente. 7- Colocar o estetoscópio nos ouvidos.8- Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, evitando compressão excessiva. 9- Solicitar ao paciente que não fale durante o procedimento da medição. 10- Inflar rapidamente, de 10mmHg em 10mmHg, até o nível estimado da pressão arterial. 11- Proceder à deflação, com velocidade constante inicial de 2mmHg a 4mmHg por segundo, evitando congestão venosa e desconforto para o paciente. 12- Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som, que se intensifica com o aumento da velocidade de deflação. 13- Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som, exceto em condições especiais. Auscultar cerca de 20mmHg a 30mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. Quando os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons. 59 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Foto: Gettyimages Tabela de valores médios normais de pressão arterial IDADE EM ANOS PRESSÃO ARTERIAL EM mmHg 4 85/60 6 95/62 10 100/65 12 108/67 16 118/75 Adulto 120/80 Idoso 140-160/90-100 Fonte: www.virtual.epm.br 60 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Medindo a Freqüência Cardíaca (FC) Para medir a freqüência cardíaca é necessário que o enfermeiro disponha de um relógio e seja detentor do conhecimento da técnica manual. Esta técnica consiste em colocar o dedo indicador e o dedo médio na artéria radial, que fica na região do pulso, ou na carotídea, localizada na lateral do pescoço, e contar o número de pulsações durante 10 segundos. Feito isso, multiplica-se o valor por seis e se terá o número de batimentos cardíacos em um minuto. Existem também algumas fórmulas que calculam um número aproximado de FC máxima. A mais utilizada é: FC Max. = 220 - idade O ritmo cardíaco, em repouso, encontra-se normalmente entre os 60 e os 80 batimentos por minuto, e depende da idade, do sexo e das condições emocionais do cliente. Foto: Gettyimages 61 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA E RENAL A avaliação da função hepática e renal do cliente, pelo enfermeiro, tem como meta investigar o funcionamento normal dos sistemas hepático e urinário, visando à adequada remoção de medicamentos, agentes anestésicos, excretas e toxinas corporais gerados. O papel do fígado é de processar as reservas de ferro, vitaminas e minerais no corpo, produzir bile para ajudar na digestão de alimentos e gorduras, desintoxicar o organismo de substâncias químicas, drogas e bebidas alcoólicas, e atuar como um filtro, convertendo as substâncias que podem ser aproveitadas ou eliminadas, além de fabricar substâncias químicas necessárias para a vida e o crescimento. O seu adequado funcionamento é importantíssimo no metabolismo do anestésico durante o ato cirúrgico. Os rins estão envolvidos na excreção das drogas anestésicas e seus metabólitos. Na investigação clínica, a avaliação das funções hepática e urinária pode ser determinada por valores laboratoriais (níveis de transaminases, bilirrubinas, ácido úrico, albumina, etc.) e pela história sintomatológica do paciente, como por exemplo: a presença de hepatomegalia, icterícia, ascite, oligúria, anúria. Uma boa anamnese é fundamental para a coleta de dados indispensáveis para a avaliação do risco cirúrgico. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO ENDÓCRINA Dois dos maiores vilões do ato cirúrgico no que concerne à função endócrina são a presença do diabetes e suas conseqüências e a insuficiência adrenal. 62 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores No diabetes não-controlado, o principal risco é a hipoglicemia, que pode acontecer durante a anestesia, e a acidose - definida como uma disfunção metabólica grave causada pela deficiência relativa ou absoluta de insulina, associada ou não a uma maior atividade dos hormônios contra-reguladores (cortisol, catecolaminas, glucagon, hormônio do crescimento). A cetoacidose caracteriza-se clinicamente por desidratação, respiração acidótica e alteração do sensório. No caso da insuficiência adrenal, que ocorre por deficiência da produção de hormônios como cortisona e aldosterona, o cliente deverá ser monitorado quanto ao uso e suspensão abrupta de glicocorticóides, que podem determinar quadro de deficiência hormonal adrenal severa, levando o individuo a apresentar sintomas como, náusea, vômito, confusão mental, hipoglicemia e hipotensão. O enfermeiro deve ter conhecimento se o paciente foi submetido nas últimas 48 horas a corticosteróide, insulina, anticonvulsivantes, sulfas, antibióticos e antidepressivos, visto que dependendo da terapia a que foi submetido recentemente, podem ser observadas alterações ou interações com os efeitos dos anestésicos ao qual será submetido. Deve ser feita a glicemia capilar em caso de presença de história de descompensação glicêmica. Segundo o consenso da American Diabetes Association Clinical Practice Recommendation, os valores de glicose sangüínea em jejum (8 a 12h de jejum), devem ser inferiores a 100mg/dL. Entre 100 e 126mg/dL deve haver avaliação com testes confirmatórios; com valores superiores a 200mg/dL a avaliação deve ser realizada de forma casual (sem estar em jejum); quando acompanhada de sinais e sintomas, já podem ser considerados diabetes. 63 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Monitorização da Glicemia Capilar Fotos: Gettyimages A monitorização da glicemia capilar deve ser feita com o auxilio de um aparelho glicosímetro, luva de procedimento e uma agulha ou lanceta. Procedimento: ? Lavar as mãos conforme procedimento específico; ? Orientar o cliente quanto ao procedimento; ? Calçar as luvas; ? Fazer anti-sepsia da polpa do dedo com álcool a 70%; ? Fazer a punção na polpa do dedo com agulha ou lanceta; ? Depositar uma gota de sangue sobre a área reagente da fita, de forma que esta seja completamente recoberta; ? Realizar exame de acordo com o manual do aparelho ou interpretar com a tabela padrão de cores existente na caixa da fita; ? Anotar em prontuário o procedimento realizado; ? Valores normais: 1. Adulto = 70 a 110mg/dl 2. RN = 40 a 120mg/dl 64 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO IMUNOLÓGICA Um dos aspectos mais importantes na coleta de dados do cliente é a pesquisa pela existência de alergias, incluindo as reações alérgicas prévias. O enfermeiro deve ser capaz de investigar e registrar o histórico de alergia medicamentosa e reações adversas apresentadas, com minuciosa descrição dos sintomas manifestados pelo paciente. No caso da alergia medicamentosa, a reação é causada por uma resposta do sistema imunológico contra o fármaco, que é reconhecido comoum "invasor", ou antígeno. Esse tipo de reação é freqüentemente chamado de reação de hipersensibilidade. A alergia pode ser distinguida de outras formas de toxicidade medicamentosa em diversos aspectos. Em primeiro lugar, é necessária a exposição anterior ao fármaco ou a um composto estreitamente aparentado, para provocar a reação. Em segundo lugar, a gravidade da resposta é freqüentemente independente da dose. Em terceiro lugar, a natureza do efeito desfavorável é função não do fármaco, mas do mecanismo de imunização compreendido. Identificar e registrar em prontuário, as medicações que o paciente esteja utilizando, é de importância ímpar para uma maior segurança cirúrgica, levando em consideração os efeitos de alguns fármacos no êxito anestésico. Fármaco Possíveis efeitos Corticosteróides adrenais Sua interrupção abrupta poderá determinar colapso cardíaco. Diuréticos Depressão Respiratória durante anestesia. Tranqüilizantes Ansiedade, tontura, tensão. Fenotiazinas Aumento da ação hipotensiva dos anestésicos. 65 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM NO PRÉ-OPERATÓRIO A pessoa que será submetida a uma cirurgia apresenta diversos temores que podem alterar seu equilíbrio. O papel do enfermeiro é fundamental, para garantir o esclarecimento do cliente diante dos procedimentos aos quais será submetido. É de extrema relevância, que o enfermeiro receba o paciente de modo afável, tendo o cuidado de conduzi-lo ao leito e orientá-lo sobre as normas e rotinas do hospital, e dos procedimentos que antecedem o ato cirúrgico. A boca do cliente deverá ser inspecionada, sendo retiradas próteses, dentaduras, gomas de mascar, etc. Caso esquecidos na boca, esses objetos podem ocluir a garganta e causar durante o ato anestésico, obstrução respiratória. As jóias e lentes de contato deverão ser removidas e o paciente deverá ter suas peças íntimas retiradas, e vestir a camisola do hospital com a abertura voltada para as costas. Todos os clientes deambulantes deverão ser orientados a esvaziar a bexiga de modo a promover a continência durante a cirurgia abdominal baixa e tornar os órgãos abdominais mais acessíveis. Em caso de impossibilidade, poderá ser necessária a passagem de uma sonda para o esvaziamento vesical. NUTRIÇÃO E HIDRATAÇÃO Mais comumente, a ingestão de alimentos é suspensa em um período de 08 a 10h antes da operação. É importante que o estômago do paciente esteja vazio, a fim de evitar intercorrências no ato anestésico, como por exemplo, bronco-aspiração, que poderá ocasionar sérias complicações, como asfixia, pneumonia ou mesmo, abscesso pulmonar. Em pacientes desidratados, particularmente em idosos, os líquidos orais devem ser estimulados antes da cirurgia. Além disso, as soluções endovenosas 66 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores podem ser prescritas para favorecer a volemia, aos clientes incapacitados de ingerir líquidos pela boca, ou como uma espécie de complementação hídrica. Em alguns tipos de operação, como, por exemplo, as do sistema gastrintestinal, uma dieta de fácil digestão precisa ser administrada durante alguns dias que antecedem o procedimento cirúrgico. CUIDADOS COM A PELE Quando abordamos os cuidados com a pele, discutimos acerca da necessidade de ser efetuado ou não, o procedimento de tricotomia. Esse procedimento tem como finalidade, a retirada dos pêlos ao redor e no local da futura ferida cirúrgica, com o intuito de eliminar ao máximo a flora bacteriana que normalmente habita a pele. Associado ao banho de chuveiro ou banheira, a tricotomia é realizada antes da operação com período de antecedência não aconselhável superior a duas horas. Os argumentos que pairam contrários a sua realização baseiam-se de fato, no risco de lesões na pele pelo uso do aparelho de barbear, criando desta maneira, uma porta de entrada para as bactérias. Há estudos que afirmam que a remoção de cabelo no pré-operatório é deletéria para os pacientes, talvez causando infecções cirúrgicas no local, e por isso não devendo ser realizada. Em contraposição a esses argumentos, alguns estudos foram realizados utilizando aparelho de barbear, creme depilatório e o tosqueamento (corte do pêlo), não demonstrando nenhuma diferença em relação à infecção cirúrgica entre pacientes que removeram os pêlos antes da cirurgia e aqueles que não removeram. A rotina da Instituição, neste caso, deve ser a preterida. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS A administração de medicamentos é uma das atividades que o enfermeiro desenvolve e que requer muita atenção e sólida fundamentação técnico-científica 67 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores para subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas, pois envolve uma seqüência de ações que visam à obtenção de melhores resultados no tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição na qual é realizado o atendimento. Assim, é importante compreender que o uso de medicamentos, os procedimentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas do cliente, decorrentes do tratamento, envolvem riscos potenciais de provocar danos a sua saúde, sendo imprescindível que o profissional esteja preparado para assumir as responsabilidades técnicas e legais decorrentes dos erros que possam vir a ocorrer. Procurando criar métodos mais seguros na administração dos medicamentos, a enfermagem tradicionalmente utiliza a regra dos 05 (cinco) “C”, ou seja, administrar o medicamento certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora certa. No caso dos fármacos pré-anestésicos, é importante que o enfermeiro esteja bastante atento ao horário da sua administração, que gira em torno de 30 a 75 minutos antes do ato anestésico, caso contrário, seu efeito poderá estar extenuado ou não terá início até o momento da anestesia. Singularmente importante, é a manutenção do cliente no leito, sob vigília, após a administração do medicamento, haja vista a possibilidade do mesmo determinar tontura e/ou confusão mental, podendo o cliente sofrer queda da própria altura ou algum desconforto respiratório. CONTROLE DOS SINAIS VITAIS A aferição dos sinais vitais é fundamental na avaliação da condição cirúrgica do cliente, e deve ser feita de 06 em 06 horas ou com intervalos menores se o mesmo apresentar instabilidade nos padrões. O controle consiste na mensuração dos valores da temperatura corporal, pressão arterial, pulso e respiração. A manutenção da temperatura corporal é resultado do equilíbrio entre a produção do calor (combustão de alimentos, fígado e músculos) e a perda calórica. O acompanhamento dos valores basais do cliente é primordial para a 68 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores identificação de alterações patológicas que possam estar presentes na maioria dos processos infecciosos e/ou inflamatórios. A delimitação de valores normais para a temperatura corporal é muito difícil de ser estabelecida, devido aos diversos fatores que a influenciam como, por exemplo, as variações ambientais e as respostas individuais. Todavia, para fins de padronização, costuma-se utilizar os seguintes parâmetros: * Temperatura axilar:35,5ºC - 37,0ºC; * Temperatura oral: 36,3ºC - 37,4ºC; * Temperatura retal: 37ºC – 37,5ºC. O controle da temperatura é realizado através do termômetro, o mais utilizado é o de mercúrio, mas cada vez mais se torna freqüente o uso de termômetros eletrônicos. Foto: Brasil. Ministério da Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem, 2003. Outro dado imprescindível na avaliação de saúde de uma pessoa é o nível de sua pressão arterial, cujo controle é importantíssimo para a avaliação cardiovascular do cliente. Como já elucidado anteriormente, sua mensuração é realizada através do aparelho de tensiômetro e os valores obtidos devem ser registrados com precisão, no prontuário do cliente, a fim de direcionar as condutas pré-operatórias normais. Também consideradas como importante parâmetro dos sinais vitais, as oscilações da pulsação, verificadas através do controle de pulso, podem trazer informações significativas sobre o estado do paciente. A mensuração é possível porque o sangue impulsionado do ventrículo esquerdo para a aorta provoca oscilações rítmicas em toda a extensão da parede 69 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores arterial, que podem ser sentidas quando se comprime moderadamente a artéria. Além da freqüência, é importante observar o ritmo e força que o sangue exerce ao passar pela artéria, o que poderá ser um indicativo de alguma alteração patológica existente. Freqüentemente, faz-se a verificação do pulso sobre a artéria radial e, eventualmente, quando o pulso está filiforme, sobre as artérias mais calibrosas - como a carótida e a femoral. Outras artérias, como a temporal, a facial, a braquial, a poplítea e a dorsal do pé também possibilitam a verificação do pulso. Foto: Brasil. Ministério da Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem, 2003. Por fim, outro importante fator de acompanhamento das condições fisiológicas do paciente, é o seu padrão respiratório. Deve-se observar a quantidade de movimentos respiratórios por minuto e o padrão da freqüência respiratória, se diminuído (bradipnéico), aumentado (taquipnéico), dificultoso (dispnéico), dentre outras alterações. Os valores referenciais são: * Recém nascido: 30 a 40 por minuto. * Adulto: 14 a 20 por minuto. 70 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ESVAZIAMENTO INTESTINAL O preparo pré-operatório pode incluir a necessidade da realização do esvaziamento intestinal, que varia de acordo com a especialidade. Pode ser feito através de laxativos e ou enteroclismas, ou ainda através da limpeza mecânica do cólon com soluções especiais. A enfermagem realiza o procedimento indicado, observa e anota o efeito no prontuário. O procedimento de lavagem intestinal se resume à introdução de uma solução através de uma sonda, no ânus ou colostomia do paciente, objetivando a eliminação das fezes. O paciente é colocado na posição de Sims e a sonda é introduzida no orifício externo. Existem alguns tipos de soluções mais utilizadas. São elas: * Antisséptico: combate a infecção; * Carminativo: elimina as flatulências; * Sedativo: alivia a dor (C.A.); * Emolientes: amolecem as fezes; * Enema salena: elimina as fezes; * Enema irritativo: irrita o intestino provocando eliminação das fezes (substância com sulfato de magnésio). * Água Gelada: controle da febre; Posição de SIMs Deitar o paciente sobre o lado direito flexionando-lhe as pernas, ficando a direita semiflexionada e a esquerda mais flexionada, chegando próxima ao abdômen. Para o lado esquerdo, basta inverter o lado e a posição das pernas. Posição usada para lavagem intestinal, exames e toque. 71 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Posição de Sims – Ilustração O REGISTRO DE ENFERMAGEM NO PRÉ-OPERATÓRIO Os registros de enfermagem, além de retratarem a qualidade do atendimento de enfermagem, refletem o grau de preparo dos profissionais e favorecem a continuidade do trabalho, tanto nos diferentes plantões quanto nas diferentes áreas de assistência na instituição de saúde. As anotações de todo o preparo e observações feitas da prestação da assistência ao cliente, além de ser uma fonte segura de informações sobre o seu quadro clinico, são documentos muito importantes para o suporte legal dos profissionais envolvidos nesta assistência, da Instituição e até mesmo do próprio cliente. Então, por mais elementar que as ações de enfermagem possam parecer, sejam elas de caráter assistencial ou organizativo, a comunicação é o elemento que por elas perpassa, influenciando decisivamente na qualidade da assistência prestada pela equipe de Enfermagem. O Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo, em sua decisão DIR/001/2000, considera a Documentação de Enfermagem, o registro das ações de Enfermagem, dos sinais, sintomas e reações apresentadas pelo cliente em função de um determinado tratamento ou procedimento diagnóstico ou a justificativa de sua não execução. Seu artigo 6º explicita que o registro deve fazer parte do 72 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores prontuário do cliente e servir de fonte de dados para processos administrativos, legais, de ensino e pesquisa. No período pré-operatório, a atenção com todas as anotações registradas em prontuário, é de fundamental relevância para a garantia da segurança dos procedimentos que serão realizados. Somente ciente de todos os dados do cliente, poderá o profissional efetuar suas atividades com tranqüilidade. No prontuário deve constar além dos impressos padrões da Instituição, como folha de admissão, folha de evolução de enfermagem, sinais vitais, prescrição médica e de enfermagem, dentre outros, o termo de consentimento informado, assinado pelo cliente ou responsável legal. O direito do paciente à correta informação sobre o seu estado de saúde e dos recursos médicos disponíveis para o seu tratamento, é essencial para otimizar a relação paciente/profissional de saúde, além de estabelecer uma relação democrática e de confiança. O consentimento informado é composto por três elementos básicos: competência ou capacidade, informação e consentimento. Os quatro elementos necessários para que um consentimento informado seja considerado válido são os seguintes: - fornecimento de informações; - compreensão; - voluntariedade; - consentimento. O Conselho Federal de Medicina através da Resolução nº 1081/82 de 12/03/1982, estabeleceu que todas as provas necessárias para o diagnóstico e a terapêutica deveriam ser realizadas apenas com o consentimento do cliente. Dos cinco artigos que compõem a Resolução, quatro se dedicam à questão da autorização para necropsia. O CFM sugeria que esta autorização deveria ser solicitada, preferentemente, no momento da internação, porém a sua não aceitação não deveria se constituir num impedimento para o tratamento do paciente. Neste documento se caracteriza que pode haver um consentimentopor procuração, por um 73 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores representante legal ou de sua família, quando o paciente for incapaz de decidir por si próprio. No pré-operatório, qualquer observação não usual que possa influenciar a anestesia ou procedimento cirúrgico, é colocada na parte anterior do prontuário, em local visível. TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE PARA O CENTRO CIRÚRGICO O paciente deve ser transportado ao centro cirúrgico num período não superior a 01h antes da administração do anestésico. Seu transporte deverá ser realizado através da maca, de modo confortável e seguro. Deverá o paciente ser aquecido, com cobertor ou manta térmica (a manta térmica propicia um aquecimento controlado e mais eficaz) para proteção contra o resfriamento em ambientes com ar condicionado. ------------------FIM DO MÓDULO II-----------------
Compartilhar