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1 Yan Lemos - MED12 MA Tutoria - Caso 1 # Objetivos de aprendizagem ➢ (Conhecimento) Definir síndrome metabólica, enfatizando os fatores de risco associados. ➢ (Compreensão) Explicar quais as medidas ambulatoriais ao paciente portador da síndrome metabólica. ➢ (Compreensão) Descrever o papel das adipocinas na síndrome metabólica. ➢ (Análise) Analisar as alterações bioquímicas de um paciente portador da síndrome metabólica. # Síntese -> Síndrome metabólica: • Conceito: como referendado pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento de Síndrome Metabólica, essa patologia se define como um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular, usualmente relacionados à deposição central de gordura em obesidade e à resistência à insulina; a definição da OMS preconiza como ponto de partida a avaliação da resistência à insulina ou do distúrbio do metabolismo da glicose; segundo o National Cholesterol Education Program (NCEP-ATP III), a SM representa a combinação de pelo menos três componentes alterados em exames, como obesidade abdominal por meio de circunferência abdominal, HDL colesterol, pressão arterial ou glicemia em jejum; caracterizada pelo agrupamento de anormalidades fisiopatológicas, tais como a obesidade, a dislipidemia, a resistência à insulina (RI), a hiperinsulinemia a intolerância à glicose e a hipertensão arterial (HA), sendo esses fatores de risco para a morbimortalidade por doenças cardiovasculares; Reaven, na década de 1980, observou que a dislipidemia, a hipertensão arterial e a hiperglicemia eram condições frequentemente 2 Yan Lemos - MED12 MA associadas em um mesmo indivíduo e conferiam maior risco cardiovascular, situação a qual denominou de síndrome X. Obs.: a SM também é conhecida popularmente como Síndrome X, Síndrome de resistência à insulina e Síndrome de Reaven. Obs.: Neel e Hattersley, e Tooke apresentam hipóteses diferentes para o aparecimento da SM na vida adulta, para esses autores, a resistência à insulina é determinada geneticamente, e o genótipo de resistência insulínica é fator determinante para o baixo peso ao nascer, a intolerância à glicose e a hipertensão arterial. • Diagnóstico: para diagnóstico de SM, devem ser realizadas observações quanto à história clínica do paciente, idade, etnia, hábitos alimentares, tabagismo, prática de atividade física, história pregressa de hipertensão, diabetes, diabetes gestacional, doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico, síndrome de ovários policísticos (SOP), doença hepática gordurosa não-alcoólica, hiperuricemia, história familiar de hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, e uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticosteroides, betabloqueadores, diuréticos); efetivação do exame físico da medida da circunferência abdominal, dos níveis de pressão arterial, do peso e da estatura (realização do teste de IMC), exame da pele para pesquisa de acantose nigricans, principalmente pescoço e dobras cutâneas, e exame cardiovascular; verificação de exames laboratoriais de glicemia em jejum e dosagens de HDL-colesterol e triglicerídeos. Obs.: as principais alterações indicativas da SM são a obesidade abdominal, a hipertensão, a hipertrigliceridemia, a baixa concentração de lipoproteínas de alta densidade (HDL-c) e a intolerância à glicose. Obs.: a presença da gordura visceral é o fator essencial e determinante entre todos os outros componentes para o diagnóstico da síndrome. Obs.: a gota, que apresenta como sinal o edemacio dos membros inferiores em razão do acumulo de ácido úrico nessas regiões, pode se apresentar como um dos fatores de diagnóstico para a SM, segundo Kylin em 1923. 3 Yan Lemos - MED12 MA - Circunferência abdominal: como definição, a circunferência abdominal do paciente deve se apresentar como superior a 102cm em homens e 88cm em mulheres para caracterizar indicativo de SM. Obs.: em determinadas etnias, o ponto de corte para circunferência abdominal deve ser reconsiderado, trazendo-o para 94cm em homens e 80cm em mulheres, de forma que, como recomendação, para pacientes que se apresentem com esse parâmetro alterado entre 94-102cm em homens e 80-84cm em mulheres, sejam efetivadas condutas de investigação da existência da SM. - Triglicerídeos: como definição, a concentração de triglicerídeos do paciente deve se apresentar como superior a 150mg/dL em exames laboratoriais para caracterizar indicativo de SM. - HDL Colesterol: como definição, a concentração de HDL do paciente deve se apresentar como inferior a 40mg/dL em homens e 50mg/dL em mulheres para caracterizar indicativo de SM. Obs.: o LDL-colesterol não se apresenta como indicativo referendado de SM, entretanto, existem estudos que mostram que pacientes portadores de resistência à insulina e síndrome metabólica apresentam aumento da fração pequena e densa do LDL-colesterol que tem um potencial aterosclerótico maior. - Pressão arterial: como definição, a pressão arterial do paciente deve se apresentar como superior a 130mmHg em sístole e 85mmHg em diástole para caracterizar indicativo de SM. - Glicemia em jejum: como definição, a glicemia em jejum do paciente deve se apresentar como superior a 110mg/dL para caracterizar indicativo de SM. - Adipocinas: substâncias que funcionam como biomarcadores de distúrbios metabólicos e ateroscleróticos, possibilitando a identificação precoce de indivíduos de risco cardiovascular 4 Yan Lemos - MED12 MA aumentado, sendo oriundas do tecido adiposo que parecem constituir o elo entre obesidade e doenças metabólicas e cardiovasculares, manifestando seus efeitos através de mecanismos endócrinos e parácrinos, de forma que atuam como imunomoduladores, alterando o equilíbrio entre citocinas pró e anti-inflamatórias, influenciam a sensibilidade à insulina, interferindo na homeostase glicêmica, regulam o mecanismo central da fome e do gasto energético, com consequências diretas sobre o peso corporal, apresentam efeitos sobre o tônus vascular, sobre a proliferação celular e sobre a aterogênese, modificando o risco cardiovascular, e influenciam outros fatores determinantes da síndrome metabólica, como os níveis pressóricos, o perfil lipídico e o grau de esteatose e inflamação hepáticas. Obs.: o acúmulo visceral de gordura é o gatilho para elevação de citocinas inflamatórias e ácidos graxos, que por consequência ativam a gliconeogênese e assim bloqueiam a depuração hepática de insulina, tendo como desfecho o aumento de triglicérides no fígado e no tecido muscular, e por consequência, gera à resistência insulínica, promovendo a dislipidemia. • Prevenção primária: segundo a OMS, a predisposição genética, a alimentação inadequada e a inatividade física estão entre os principais fatores que contribuem para o surgimento da SM. Obs.: a adoção precoce por toda a população de estilos de vida relacionados à manutenção da saúde, como dieta adequada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é componente básico da prevenção da SM. - Alimentação: a alimentação adequada para prevenção da SM deve permitir a manutenção do balanço energético e do peso saudável, reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras, mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas, reduzir o consumo de gorduras trans (hidrogenada), aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais, reduzir a ingestão de açúcar livre, e reduzir a ingestão de sal (sódio) sob todas as formas. 5 Yan Lemos - MED12 MA - Atividade física: a atividade física regular ou o exercício físico diminuem o risco relacionado a cada componente da SM, isso porque baixo condicionamento cardiorrespiratório, pouca força muscular e sedentarismoaumentam a prevalência da SM em três a quatro vezes, já o exercício físico reduz a pressão arterial, eleva o HDL-colesterol e melhora o controle glicêmico. Obs.: tabagismo deve ser agressivamente combatido e eliminado, pois eleva o risco cardiovascular em portadores de SM. • Fisiopatologia: existem várias hipóteses para descrever os mecanismos fisiopatológicos da SM, sendo a resistência à insulina com efluxo de ácidos graxos o mais amplamente aceito, podendo essa resistência ter várias origens, entre elas a deficiência no receptor específico, a diminuição na quantidade de receptores ou por erro durante utilização dos receptores, pode ocorrer também pelo excesso de glicocorticoides, glucagon, catecolaminas, peso/obesidade e sedentarismo; o excesso de gordura abdominal ocasiona proliferação de ácidos graxos livres na veia porta, aumentando a concentração de gordura no fígado, também se acumulando nas células musculares, o que ocasiona a resistência à insulina, com hiperinsulinemia, de forma que o metabolismo da glicose é prejudicado, havendo dislipidemias e hipertensão (potencialização do efeito antinatriurético da insulina, que acaba por reter sódio na luz dos vasos, e consequentemente o aumento da volemia pelo seu efeito osmótico), além disso, tipicamente, os níveis séricos de ácido úrico estão elevados (aumentando o risco de gota), desenvolvendo-se um estado inflamatório e um estado pro-trombótico com edemacio em membros inferiores; com o fenômeno de hiperinsulinemia, ocorre hiperfunção de estruturas que ainda se apresentam com receptores em atuação normal. • Fatores de risco: a SM apresenta como componentes que se colocam como potencializadores do quadro de riscos cardiovasculares associados à idade, à pressão arterial elevado, ao colesterol total elevado, à diabetes e ao HDL- colesterol em baixos níveis, à obesidade central, a fatores genéticos, ao sedentarismo, ao baixo condicionamento cardiorrespiratório, à baixa força muscular, a alterações hormonais, a estados pós-inflamatórios, ao consumo de bebida alcóolica, o tabagismo e o consumo de bebidas açucaradas e refrigerantes. 6 Yan Lemos - MED12 MA Obs.: segundo a OMS, o risco de doença se apresenta proporcional ao nível de IMC e ao grau de obesidade no qual o paciente se encontra, de forma que para IMC