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Aula 02 - Formação Econômica Brasileira - Vol I

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Prévia do material em texto

Atividades econômicas de 
subsistência e mineração 
auxiliam o povoamento 
do interior 
Esperamos que, ao fi nal desta aula, você seja 
capaz de:
Reconhecer outras atividades econômicas da 
colônia portuguesa, além das voltadas para 
a exportação.
Identifi car as regiões do interior do Brasil 
ocupadas durante a colonização, bem como 
as atividades econômicas realizadas nestas 
localidades.
Reconhecer a contribuição da economia 
mineira para a ocupação da terra e a produção 
de riqueza no interior da colônia.
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Meta da aula 
Descrever a ocupação do interior do Brasil, dos séculos 
XVI a XVIII, mostrando que houve transformações na 
economia colonial que não se identifi cam apenas com 
a empresa colonial agrícola.
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
INTRODUÇÃO Você vai aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre a dinâmica da 
economia colonial brasileira, com ênfase em aspectos diferentes dos que já 
vimos na Aula 1. Se, na aula passada, o objetivo foi apresentar o sentido da 
colonização para a coroa portuguesa, situando-a no contexto da expansão 
mercantil proporcionada pelas grandes navegações, nesta segunda aula, você 
verá que, a partir do século XVII, o interior da colônia foi ocupado pelos colonos 
que não exploraram a monocultura para exportação, mas atividades destinadas 
à própria subsistência ou ao mercado interno. 
Sugerimos, para complemento de sua leitura, a introdução do trabalho A Lei de 
Terras de 1850, de Carlos Ignacio Pinto, estudante de História da Universidade 
de São Paulo (USP), no site http://www.klepsidra.net/klepsidra5/lei1850.html. 
Carlos Ignacio faz um histórico da ocupação portuguesa no Brasil, dos séculos XVI 
a XVIII. Vale a pena dar uma olhada, para relembrar o conteúdo da Aula 1. 
A Lei de Terras de 1850
Carlos Ignacio Pinto carlos@klepsidra.net Segundo Ano – História/USP 
lei1850.doc - 60KB
Todas as terras produtivas estão 
tomadas em um país que é quase 
deserto 
(Relatório de Gonçalves Chaves do ano de 1822)
Introdução
O primeiro critério de distribuição do solo da colônia portuguesa na 
América foi o regime de concessão de sesmarias. Este ordenamento 
jurídico do território foi, antes de mais nada, uma transposição da 
norma reguladora do processo de distribuição de terras em Portugal 
para os solos coloniais. Sob este ponto, é preciso ressaltar que o 
interesse primordial do processo de colonização portuguesa estava 
aliado à extensiva exploração do território, com o intuito de campear 
recursos minerais, principalmente o ouro. Em um primeiro momento, 
esse propósito da coroa foi completamente frustrado, pois durante todo 
o século XVI não houve a ocorrência de descoberta de metais preciosos 
nos solos coloniais americanos de possessão portuguesa.
Desde o princípio, a empresa colonial percebeu que a colônia poderia 
produzir outros tipos de riquezas que não a exploração mineral. Data 
do ano de 1557 a instalação do primeiro engenho de produção de 
açúcar no Brasil; os portugueses, que dominavam plenamente a técnica 
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 de plantio da cana e fabrico do açúcar, devido às suas possessões nas 
ilhas do Atlântico, introduziram e incentivaram a produção da cana, que 
possuía grande valor comercial.
Na colônia portuguesa, os séculos XVI e XVII marcaram o que a 
professora Vera Lúcia Amaral Ferlini denomina de “a civilização do 
açúcar”, uma economia baseada plenamente no cultivo da cana-de-
açúcar e no trabalho artesanal de produção do próprio açúcar por 
meio dos engenhos. Nesse período, o incentivo agrícola foi dado à 
produção em larga escala para abastecer o mercado europeu. Não havia 
o interesse de construir na colônia uma produção agrícola de pequeno 
porte e caráter diversifi cado, pois o elemento norteador das políticas 
européias era o mercado europeu. Assim, a colonização do século XVI 
foi fi el ao seu sentido original de “colonização de caráter absolutamente 
mercantilista”, sem incentivo à pequena propriedade. 
A partir do século XVIII, ocorre uma mudança nessa política econômica, 
com um enorme crescimento da colônia: junto a um grande ciclo 
migratório, verificou-se uma ampliação da economia devido, 
principalmente, à descoberta das Minas Gerais. O ciclo do ouro foi 
capaz de dinamizar novos setores da economia, como o de produção 
de alimentos e do tráfi co interno de mão-de-obra. A reivindicação pela 
terra tornou-se mais difusa, e a política de doação por meio de sesmarias 
fazia-se insufi ciente às novas necessidades sociais. A confusa situação 
de ocupação de território ditada pela debilidade da Lei de Sesmarias 
aumentou ainda mais no fi nal do século XVIII, quando ocorreu a 
decadência da mineração e houve o que alguns autores denominaram 
como um renascimento da atividade agrícola.
Nesse contexto, vamos incluir também a mineração, importante para a ocupação 
do interior do país, além de ter sido uma atividade de grande relevância para 
gerar excedentes – apropriados por Portugal. 
Segundo Roberto Simonsen (apud SILVA, 1990), os instrumentos econômicos 
que serviram como base para a expansão para o interior foram a busca por 
metais preciosos e especiarias, a caça aos indígenas – para suprir a falta de 
mão-de-obra africana – e a criação de gado.
Nesta aula, analisaremos como cada uma dessas estratégias contribuiu para o 
povoamento do interior da colônia.
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
BANDEIRAS
Constituíam uma espécie 
de expedição armada que 
desbravava os sertões 
a fi m de escravizar 
indígenas ou descobrir 
ouro, o que intensifi cou 
a ocupação do interior 
do continente sul-
americano. O principal 
ponto de partida 
dessas expedições era 
a Capitania de São 
Vicente (atual estado de 
São Paulo), ponto da 
costa mais avançado na 
direção do interior. Pelos 
rios, principalmente 
os da bacia do Tietê, 
as bandeiras chegaram 
aos atuais estados de 
Minas Gerais, Goiás, 
Mato Grosso do Sul 
e às regiões onde se 
localizavam as aldeias 
jesuíticas. 
As primeiras bandeiras 
foram comandadas 
por Diogo Quadros e 
Manuel Preto, em 1606, 
e Belchior Dias Carneiro, 
em 1607. Compostas 
por integrantes das 
mais diversas etnias 
– portugueses, índios, 
caboclos e mamelucos 
– e, às vezes, formadas 
por milhares de 
homens, duravam 
de meses a anos, 
pois os bandeirantes 
fi xavam acampamentos 
temporários para 
explorar uma região, 
verifi cando a existência 
de ouro, prata ou pedras 
preciosas, ou para 
preparar o ataque às 
tribos indígenas.
BUSCA POR METAIS PRECIOSOS E APRESAMENTO DE 
ÍNDIOS: OS BANDEIRANTES AMPLIARAM OS DOMÍNIOS 
PORTUGUESES NA AMÉRICA
Antes de falarmos de expansão territorial, vale a pena retomar 
alguns tópicos vistos na Aula 1. Um deles é o Tratado de Tordesilhas 
que, em 1494, determinou que o recém-descoberto continente 
americano fosse dividido entre Portugal e Espanha. Segundo Dias 
(1990, p. 25),
Conforme a cláusula fundamental do diploma (o Tratado de 
Tordesilhas), as duas monarquias estabeleciam uma linha de 
demarcação – o meridiano traçado a 370 léguas a oeste das 
ilhas de Cabo Verde – dividindo o Mar Oceano (o Oceano 
Atlântico) em duas zonas de infl uência: as ilhas e terras fi rmes 
já descobertas ou que viessem a descobrir-se no hemisfério 
oriental pertenceriam a Portugal; as do hemisfério ocidental 
caberiam à Espanha.
Essaraia de demarcação corta o litoral brasileiro através do 
meridiano que passa por Belém, ao norte, e Laguna, ao sul, 
dando a Portugal o domínio de quase todo o Atlântico Sul e a 
parte de terra fi rme que fi ca a leste dessa linha – o Brasil – cuja 
existência genialmente se suspeitava. 
Esses limites, entretanto, não foram 
respeitados. Em primeiro lugar, porque 
as potências européias excluídas daquela 
divisão nunca deixaram de lutar pela 
conquista de territórios, como comprova a 
invasão francesa ao Rio de Janeiro, repelida 
pelos portugueses comandados por Estácio de 
Sá, ainda no século XVI. No século seguinte, 
franceses, ingleses e holandeses conseguiram se 
estabelecer ao norte da América do Sul, onde 
fundaram a Guiana Francesa, a Guiana (ex-
Guiana Inglesa) e o Suriname (antiga Guiana 
Holandesa). 
Em segundo lugar, as fronteiras entre a América portuguesa e a 
espanhola foram modifi cadas devido ao movimento de BANDEIRAS. 
BANDEIRAS
Constituíam uma espécie 
de expedição armada que 
desbravava os sertões 
a fi m de escravizar 
indígenas ou descobrir 
ouro, o que intensifi cou 
a ocupação do interior 
do continente sul-
americano. O principal 
ponto de partida 
dessas expedições era 
a Capitania de São 
Vicente (atual estado de 
São Paulo), ponto da 
costa mais avançado na 
direção do interior. Pelos 
rios, principalmente 
os da bacia do Tietê, 
as bandeiras chegaram 
aos atuais estados de 
Minas Gerais, Goiás, 
Mato Grosso do Sul 
e às regiões onde se 
localizavam as aldeias 
jesuíticas. 
As primeiras bandeiras 
foram comandadas 
por Diogo Quadros e 
Manuel Preto, em 1606, 
e Belchior Dias Carneiro, 
em 1607. Compostas 
por integrantes das 
mais diversas etnias 
– portugueses, índios, 
caboclos e mamelucos 
– e, às vezes, formadas 
por milhares de 
homens, duravam 
de meses a anos, 
pois os bandeirantes 
fi xavam acampamentos 
temporários para 
explorar uma região, 
verifi cando a existência 
de ouro, prata ou pedras 
preciosas, ou para 
preparar o ataque às 
tribos indígenas.
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Para 
o apresamento de 
índios, os alvos principais dos 
bandeirantes foram os aldeamentos 
jesuíticos. Estima-se que 300 mil 
índios foram escravizados entre 
1614 e 1639. !!
Você se lembra da minissérie A muralha, veiculada pela Rede Globo em 2000? Era justamente 
sobre o período da história econômica brasileira que você está estudando nesta aula. A 
minissérie teve como base o livro homônimo de Dinah Silveira de Queiroz. Ambos valem a 
pena ser vistos. Lembre-se, ler o romance ou ver o fi lme pode ser uma excelente maneira 
de estudar. Que tal aproveitar para aprender e se divertir ao mesmo tempo? 
Recuperando as origens do bandeirantismo
Em sua opinião, por que os paulistas decidiram homenagear os bandeirantes construindo 
esse monumento? Qual a importância do movimento das bandeiras para o Brasil? Que 
características do bandeirantismo estão representadas no monumento? 
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Resposta Comentada
Antiga Capitania de São Vicente, São Paulo não teve, nos primeiros tempos da 
colonização, a importância que tem na economia brasileira atual. No entanto, 
por sua localização mais próxima ao sertão, de lá partiram os bandeirantes, 
como você já viu. Você já se deu conta de como esse movimento foi importante 
para o que nós conhecemos hoje como Brasil? Entre as conseqüências mais 
relevantes do bandeirantismo, está a expansão da fronteira da América 
portuguesa em direção à América espanhola, rompendo o acordo assinado 
em Tordesilhas em 1494. 
Atividade 1
Figura 2.1: Localizado no Parque do Ibi-
rapuera, em São Paulo, o Monumento aos 
Bandeirantes, de Victor Brecheret, começou 
a ser construído em 1936. Nele, estão rep-
resentados índios, negros, portugueses e 
mamelucos que parecem ir em direção ao 
Pico do Jaraguá, um dos pontos de partida 
do movimento de bandeiras. A estrutura, 
toda em granito, tem 43m de comprimento 
por 8m de largura e 5m de altura. Jorge Nassyrios Anhembi_COMTUR
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
O deslocamento da fronteira entre as Américas portuguesa e 
espanhola acentuou-se entre 1580 e 1640, durante a União Ibérica, 
quando Portugal foi anexado à Espanha, como você viu na aula passada. 
Durante esse período, o movimento das bandeiras tomou grande impulso, 
dadas as difi culdades de obtenção de mão-de-obra africana: no início do 
século XVII, a Holanda investiu no comércio de escravos, desorganizando 
o tráfi co português.
OCUPAÇÃO DO SUDESTE
Na região Sudeste, as condições de produção da cana-de-
açúcar não eram favoráveis. O solo era menos fértil, o que diminuía a 
produtividade em relação ao açúcar nordestino, e os custos de transporte, 
mais elevados, por causa da maior distância até os mercados europeus 
(lembra-se das correntes marítimas favoráveis que você viu na Aula 1?).
Os colonos logo perceberam, todavia, que a existência de índios em 
grande número poderia dar origem a outra atividade econômica: a 
escravização do trabalhador indígena. Os jesuítas também se fi xaram no 
interior, porém estavam mais interessados em catequizar os índios. Você 
vai ter mais informações sobre os jesuítas ainda nesta aula, aguarde! 
A OCUPAÇÃO DO VALE AMAZÔNICO
Durante a União Ibérica, era grande a preocupação dos espanhóis 
com a incursão holandesa pela região amazônica. Eles temiam que os 
holandeses pudessem ocupar o vale amazônico navegando pelo rio 
Amazonas, o que poderia colocar em risco as minas de prata do Peru, 
então colônia espanhola, pelo Tratado de Tordesilhas. O grande número 
de rios e afl uentes era outro facilitador das incursões pela região.
Além de terem encontrado metais preciosos, os bandeirantes conquistaram 
mais territórios para o país, como a atual Região Centro-Oeste. 
Em termos populacionais, é bem interessante observar, no monumento, 
portugueses, índios e mestiços (mamelucos e caboclos). O interesse por metais 
preciosos unia esses grupos populacionais tão distintos e os levava em direção 
ao interior do país. 
Se você estiver em São Paulo ou for visitar a cidade, vá ao Parque do Ibirapuera 
e veja o monumento aos bandeirantes. Sem dúvida, você vai perceber outros 
signifi cados nele.
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 Além de espanhóis, holandeses e ingleses conseguiram se 
estabelecer no norte do continente, a partir de 1596. Naquela região, 
desenvolveu-se o comércio com a produção extraída da fl oresta – como 
as madeiras e o o urucum utilizado para tingir tecidos – e o pescado. 
Portugal também passou a sofrer tentativas de invasão dos 
tradicionais inimigos do império espanhol. Os portugueses conseguiram 
expulsar franceses, ingleses e holandeses das margens do rio Amazonas 
e fundaram, com objetivos de defesa, a cidade portuária de Belém, em 
1616, a partir da construção do forte do Presépio, atualmente forte do 
Castelo. Localizado na confl uência do rio Guamá com a baía de Guarajá, 
o forte estava situado em local estratégico, difi cultando a entrada dos 
invasores. O “fechamento” dessa porta de entrada da região conseguiu 
mantê-la protegida. 
Figura 2.2: Construído pelos portugueses no século XVII para defender a região 
de invasões estrangeiras,o forte do Presépio foi um dos primeiros edifícios de 
Belém (PA). A fortifi cação, atualmente chamada forte do Castelo, foi tombada 
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1962 e é 
um dos pontos turísticos da cidade.
Segundo Prado Jr. (1970), outra fonte de infi ltração no vale do 
Amazonas foram “as ordens religiosas, em particular jesuítas e carmelitas. 
(...) Os padres realizaram uma grande tarefa no vale amazônico. A eles cabe 
a iniciativa do desbravamento de todo esse território imenso, semeando suas 
missões num raio de milhares de quilômetros. Estas missões (...) constituem 
importantes empresas comerciais. Reunidos os índios em aldeias (...), eram 
eles submetidos a um regime disciplinado e rigoroso de trabalho e de vida 
em geral” (apud MENDONÇA; PIRES, 2002, p. 69-71). 
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
MARQUÊS DE 
POMBAL 
(1699-1782)
Célebre primeiro-
ministro do rei 
português D. José 
I, Sebastião José de 
Carvalho e Melo, o 
marquês de Pombal, 
foi o mais notável 
estadista de seu 
tempo. Planejou e 
executou as obras 
de reconstrução 
de Lisboa, após 
o terremoto que 
destruiu a cidade 
em 1755. Após esse 
evento, consolidou 
seu poder de 
governante absoluto 
em detrimento da 
nobreza e do clero. 
Um exemplo claro 
desse poder foi a 
submissão da até 
então poderosa 
Ordem dos 
Jesuítas ao estado 
português. Pombal 
fez importantes 
reformas no estado, 
com destaque para 
o grande impulso 
concedido à 
instrução popular 
com a reforma do 
ensino, instituída por 
lei em 1722. 
Desfeita a União Ibérica, em 1640, Portugal tentou fazer de Belém 
do Pará a base para a reconstituição do comércio de especiarias, perdido 
pelos portugueses na Ásia (com a tomada de Constantinopla, lembra-se 
do que você viu na Aula 1?). Mais tarde, durante o governo do MARQUÊS 
DE POMBAL (meados do século XVIII), foi constituída uma companhia de 
navegação para explorar as riquezas da região amazônica. O extrativismo 
seria, assim, estimulado, e contribuiu fortemente para o avanço das 
fronteiras coloniais brasileiras. As especiarias – cravo, canela, castanha 
e salsaparrilha – assim como o cacau, a madeira e a pesca sustentaram 
uma exploração econômica que tinha como base o trabalho indígena. 
SUL: AS MISSÕES JESUÍTICAS 
Os jesuítas desempenharam um papel fundamental na ocupação 
de outras partes do território, além da Amazônia. Um exemplo foi o 
que aconteceu no sul do país, com a chegada dos jesuítas portugueses, 
particularmente na área de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. 
Em regiões de difícil acesso, mas com forte presença indígena, eles 
estabeleceram as missões jesuíticas, visando à catequese de guaranis e 
demais tribos indígenas. 
As missões jesuíticas eram núcleos de povoação indígena que 
visavam a defender os índios do aprisionamento pelos colonizadores 
brancos. Tratava-se de emprendimentos comerciais, porém seus métodos 
de cooptação não se baseavam na escravização do nativo, como faziam 
os colonizadores, e sim na catequese. Sua presença era maior em regiões 
de menor interesse dos colonos, o que, entretanto, não signifi cou a 
inexistência de confl itos entre religiosos e colonos, resultando na expulsão 
dos jesuítas pela Coroa portuguesa em 1759, durante o governo do 
Marquês de Pombal.
MARQUÊS DE 
POMBAL 
(1699-1782)
Célebre primeiro-
ministro do rei 
português D. José 
I, Sebastião José de 
Carvalho e Melo, o 
marquês de Pombal, 
foi o mais notável 
estadista de seu 
tempo. Planejou e 
executou as obras 
de reconstrução 
de Lisboa, após 
o terremoto que 
destruiu a cidade 
em 1755. Após esse 
evento, consolidou 
seu poder de 
governante absoluto 
em detrimento da 
nobreza e do clero. 
Um exemplo claro 
desse poder foi a 
submissão da até 
então poderosa 
Ordem dos 
Jesuítas ao estado 
português. Pombal 
fez importantes 
reformas no estado, 
com destaque para 
o grande impulso 
concedido à 
instrução popular 
com a reforma do 
ensino, instituída por 
lei em 1722. 
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A missão, fi lme estrelado por Robert de Niro e Jeremy Irons, mostra o contraste entre os 
interesses de missionários jesuítas e dos colonos na ocupação do interior do continente sul-
americano. De Niro representa o papel de um aprisionador de índios, pago pelos espanhóis, 
e Jeremy Irons interpreta um padre responsável pela missão jesuíta local. Liam Neeson é 
outro integrante do elenco. Dirigido por Rolland Toffé, o fi lme é de 1986.
Anote a fi cha técnica, procure o fi lme em alguma locadora perto de você e divirta-se!
Filme: A missão (The Mission)
Inglaterra, 1986
Direção: Rolland Joffé
Roteiro: Robert Bolt
Duração: 125 min.
Disponível em vídeo e DVD
Quer saber mais sobre os jesuítas e a ocupação do sul do Brasil? Dê uma olhada em http:
//www.riogrande.com.br/historia/couro/couro1.htm e em http://www.riogrande.com.br/
historia/missoes.htm
Tabela
Jesuítas:
 instrumentos de ocupação e 
empreendimentos comerciais 
Diferentemente dos holandeses e ingleses, os 
portugueses justificavam a colonização não somente 
como instrumento de expansão comercial, mas também de 
disseminação da fé cristã. Esse foi o propósito que moveu a 
Companhia de Jesus, ordem religiosa responsável pela implantação 
de missões na colônia.
Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Ao longo do tempo, 
a ordem foi responsável por missões no interior, catequizando indígenas, 
e pela criação de colégios, entre outras realizações. 
Em meados do século XVIII, o sucesso da empresa comercial organizada 
pelos jesuítas feriu interesses de colonos espanhóis e portugueses em 
uma região situada na fronteira entre Brasil e Paraguai. Interessados 
em apropriarem-se daquele empreendimento, os colonos de 
ambos os países conseguiram o apoio não só dos governos 
espanhol e português, mas também da Igreja Católica, 
chamada para arbitrar a disputa, o que resultou na 
decisão do governo português de expulsar os 
jesuítas da colônia em 1759. 
??
A missão, fi lme estrelado por Robert de Niro e Jeremy Irons, mostra o contraste entre os 
interesses de missionários jesuítas e dos colonos na ocupação do interior do continente sul-
americano. De Niro representa o papel de um aprisionador de índios, pago pelos espanhóis, 
e Jeremy Irons interpreta um padre responsável pela missão jesuíta local. Liam Neeson é 
outro integrante do elenco. Dirigido por Rolland Toffé, o fi lme é de 1986.
Anote a fi cha técnica, procure o fi lme em alguma locadora perto de você e divirta-se!
Filme: A missão (The Mission)
Inglaterra, 1986
Direção: Rolland Joffé
Roteiro: Robert Bolt
Duração: 125 min.
Disponível em vídeo e DVD
Quer saber mais sobre os jesuítas e a ocupação do sul do Brasil? Dê uma olhada em http:
//www.riogrande.com.br/historia/couro/couro1.htm e em http://www.riogrande.com.br/
historia/missoes.htm
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
A RETAGUARDA DA EXPANSÃO AGRÍCOLA: O GRANDE 
SERTÃO DA PECUÁRIA
Segundo o historiador Teixeira da Silva (1990, p. 58), 
Os principais pontos de irradiação para o interior foram: de São 
Vicente em direção aos campos de Curitiba; da Bahia, já desde 
os tempos de Tomé de Souza, penetrando os currais no Piauí, 
Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, corrigindo os 
traços iniciais da ocupação portuguesa, por demais ligada ao litoral; 
outros grupos se embrenharam pelos sertões do São Francisco até 
atingir os Rios Tocantinse Araguaia; de Pernambuco, partiu-se para 
a ocupação do agreste e sertão, até o Piauí.
Como você já viu, a ocupação do Nordeste, Sudeste e Centro-
Oeste ocorreu a partir do século XVII. O gado foi o instrumento principal 
desta ocupação, principalmente por atender às necessidades das fazendas 
produtoras de monocultura visando ao mercado externo. Inicialmente, era 
utilizado somente como força motriz dos engenhos, instrumento de tração de 
carretas que transportavam lenha e açúcar nas fazendas de cana-de-açúcar. 
No âmbito do consumo interno, a carne era destinada à alimentação, e o 
couro, à fabricação de selas, casacos, calçados, correias e cantis. 
A partir do início do século XVII, a criação de gado torna-se 
mais independente, ocupa terras cada vez mais para o interior, pois o 
desenvolvimento dos rebanhos requeria grandes extensões de terras para as 
pastagens. Tratava-se, assim, de uma atividade que respondia aos estímulos 
de outra atividade mais dinâmica, principalmente da economia canavieira e 
da mineira. Por ser uma atividade móvel pela própria natureza, a pecuária 
contribuiu decisivamente para a ocupação do território.
Como na economia canavieira, a pecuária também era explorada de 
forma extensiva, baseada na ocupação do território. Mas, diferentemente 
da primeira, a maioria da mão-de-obra na pecuária era constituída por 
trabalhadores livres que, sem acesso às terras mais férteis do litoral, 
buscavam o trabalho como vaqueiros ou condutores de rebanho.
Entretanto, a expansão da cana-de-açúcar gerou confl itos entre 
criadores de gado e proprietários de engenho na disputa de terras. De 
acordo com Mendonça e Pires (2002):
isto se deve ao fato de que a plantação de cana era feita de 
maneira extensiva, ou seja, não havia qualquer preocupação com 
a preservação do solo, uma vez que o imenso território da colônia 
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 permitia que as culturas fossem transferidas de local. O confl ito 
acabou por empurrar a criação de gado cada vez mais para o 
interior do Nordeste, e as fazendas fi xaram-se na zona semi-árida 
e no sertão, impróprios para o cultivo (p. 99).
O confl ito entre criadores de gado e proprietários de engenho 
cresceu quando surgiu a economia mineira, aumentando a demanda por 
couro e animais para corte e tração e, portanto, intensifi cando a disputa 
por terras. Com o aumento da procura, os preços dessas mercadorias logo 
subiram, provocando protesto dos senhores de engenho do Nordeste.
Modos de produção na colônia
Compare os tipos de atividades econômicas realizadas no Brasil do século XVII, 
considerando o tamanho do terreno (latifúndio ou minifúndio), a mão-de-obra (escrava 
ou livre) e o destino da produção (mercado interno ou externo). 
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Resposta
Na produção canavieira, voltada para o mercado externo, o sentido da atividade 
econômica era produzir lucros mercantis, o que envolvia a necessidade de rebaixar 
o máximo possível o custo de produção, daí a opção pelo trabalho escravo. Na 
pecuária, voltada para o mercado interno, ao contrário, o sentido da atividade 
era mais complementar ou alternativa à agroexportação, sendo muitas vezes 
uma atividade de subsistência, em que não se justifi cava o “investimento” em 
manutenção de escravos. 
Atividade 2
1
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
O QUE MUDOU COM A MINERAÇÃO?
Entre meados do século XVII e início do século XVIII, a economia 
colonial enfrentou uma longa crise, da qual somente iria sair com a 
descoberta de ouro no interior da colônia, onde hoje se localiza o Estado 
de Minas Gerais.
A crise da economia açucareira, a partir de meados do século 
XVII, levou os colonos portugueses a intensifi car a busca por metais 
preciosos. As bandeiras que exploravam o sertão brasileiro fi nalmente 
encontraram ouro e pedras preciosas nos atuais Estados de Minas Gerais, 
Bahia, Goiás e Mato Grosso, no fi nal daquele século.
Com a descoberta de ouro, iniciou-se um novo ciclo na economia 
colonial, intensifi cando as relações entre metrópole e colônia. A mineração 
do ouro tornou-se o centro das atenções de Portugal, de onde partiram 
fl uxos emigratórios importantes para a colônia. As demais atividades 
econômicas entraram em declínio, ocorrendo o empobrecimento e o 
despovoamento das regiões onde se localizavam.
A produção aurífera cresceu rapidamente, alimentando a 
expectativa de grande durabilidade de suas reservas. Tais expectativas, 
entretanto, não se concretizaram. O ouro era prospectado em rio, não era 
ouro de mina, havendo sempre a possibilidade de se encontrarem novas 
reservas, sem que fosse possível prever seu volume. Após atingir o auge da 
produção na década de 1750, houve um rápido declínio, comprometendo 
as possibilidades de desenvolvimento da economia colonial. 
Furtado (1971) afi rma que a economia mineira permitiu que o 
TRATADO DE METHUEN, entre Inglaterra e Portugal, pudesse ser cumprido, 
já que proporcionou os recursos necessários a Portugal para enfrentar o 
comércio defi citário com a Inglaterra, país que se valeu de condições especiais 
no comércio com os portugueses. Aquele acordo signifi cou para Portugal a 
renúncia a todo desenvolvimento manufatureiro e implicou a transferência, 
para a Inglaterra, do impulso econômico gerado pela economia mineira 
do Brasil. Mas, graças a ele, Portugal conseguiu apoio militar e político da 
Inglaterra para manter o que restava do seu império colonial, em particular 
a sua posição como metrópole da colônia brasileira.
Muitas cidades surgiram devido ao dinamismo econômico da 
mineração, como Vila Rica (atual Ouro Preto) e Diamantina, a primeira 
considerada patrimônio da humanidade pela Organização das Nações 
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), responsável pela 
MARQUÊS DE 
POMBAL 
(1699-1782)
Célebre primeiro-
ministro do rei 
português D. José 
I, Sebastião José de 
Carvalho e Melo, o 
marquês de Pombal, 
foi o mais notável 
estadista de seu 
tempo. Planejou e 
executou as obras 
de reconstrução 
de Lisboa, após 
o terremoto que 
destruiu a cidade 
em 1755. Após esse 
evento, consolidou 
seu poder de 
governante absoluto 
em detrimento da 
nobreza e do clero. 
Um exemplo claro 
desse poder foi a 
submissão da até 
então poderosa 
Ordem dos 
Jesuítas ao estado 
português. Pombal 
fez importantes 
reformas no estado, 
com destaque para 
o grande impulso 
concedido à 
instrução popular 
com a reforma do 
ensino, instituída por 
lei em 1722. 
TRATADO DE 
METHUEN
Acordo comercial 
assinado entre 
Portugal e Inglaterra 
em 1703 e revogado 
em 1842. Articulado 
pelo diplomata inglês 
John Methuen, 
estabelecia que 
Portugal passava 
a importar “para 
sempre” os produtos 
têxteis ingleses, com 
taxas privilegiadas, 
enquanto a Inglaterra 
se comprometia a 
importar vinhos 
portugueses taxando-
os apenas em dois 
terços dos tributos 
de importação 
pagos pelos vinhos 
franceses. Além 
da ampliação 
descontrolada da 
cultura de vinhos 
em Portugal em 
detrimento dos 
demais cultivos, o 
Tratado de Methuen 
provocou a ruína da 
incipienteindústria 
têxtil daquele país, 
que passou a não 
ter condições de 
concorrer com a 
produção inglesa. 
Ao mesmo tempo, 
acentuou-se um 
vultoso desequilíbrio 
na balança comercial 
portuguesa, 
compensado pelo 
ouro proveniente do 
Brasil (Minas Gerais) 
que, transferido 
para a Inglaterra, 
contribuiria para 
formar os meios de 
fi nanciamento da 
revolução industrial
(SANDRONI, 
Paulo – Novíssimo 
Dicionário de 
Economia).
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 defesa do patrimônio histórico e cultural. Essas cidades fazem parte hoje 
das chamadas cidades históricas, destino de grandes fl uxos de visitação 
turística, e ícone do Estado de Minas Gerais.
500 anos de ocupação do Brasil
Observe o quadro a seguir. Ele contém informações do mais recente censo demográfi co, 
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em 2000:
Em sua opinião, por que as regiões Norte e Centro-Oeste são as menos povoadas, apesar 
de constituírem quase 65% do território brasileiro? Você identifi ca alguma razão histórica 
para este fato? Qual a diferença entre estas regiões e o Estado de Minas Gerais, também 
localizado no interior?
Atividade 3
População total – 2000 Território (%)
Brasil 169.799.170 – 100% 8,5 milhões km2 – 100%
Norte 7,6% 45,3
Nordeste 28,1% 18,3
Centro-Oeste 6,9% 18,9
Sudeste 42,6% 10,9
Sul 14,8% 6,8
Fonte: IBGE. Censos Demográfi cos (2000)
Distribuição da população segundo regiões e grau de urbanização 
2 3
Figura 2.3: Na Casa dos Contos, em Ouro 
Preto, funcionou, entre outras instituições, 
a Casa da Moeda. O casarão, residência de 
um rico coletor de impostos, foi também 
casa de fundição e prisão de inconfi dentes, 
como Cláudio Manoel da Costa. 
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
A economia mineira estava situada longe da costa, no interior do 
país, em regiões de difícil acesso. A necessidade da metrópole de controlar 
a produção e a exportação do metal levou à mudança da capital colonial, 
deslocando-se de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade mais próxima da 
região mineira. A mineração foi, portanto, responsável pelo deslocamento 
do centro econômico colonial do Nordeste para o Centro-Sul.
A circulação da renda na economia mineira diferia em muito 
daquela observada na economia açucareira, estudada na Aula 1. 
A economia mineira estimulou o surgimento de cidades para o 
abastecimento da população do interior, desenvolvendo melhores 
condições para as atividades comerciais internas. Isso trouxe uma 
mudança da organização social – até então baseada na vida rural –, que 
passou a ter caráter urbano.
A economia mineira foi responsável também pela articulação de 
distintas regiões econômicas, em função da necessidade de abastecimento 
de sua população com animais e alimentos. Atraiu fornecedores do sertão 
nordestino e do sul do país, viabilizando a expansão de atividades até então 
exploradas de modo pouco efi ciente. Pela primeira vez, o país começava a 
ser percebido como uma nação, uma entidade com unidade política, fato 
de grande relevância para a emancipação política da colônia.
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Resposta Comentada
Distantes do litoral, as duas regiões, historicamente, tiveram um acesso difícil. Em 
uma época em que o transporte interno era baseado no uso da tração animal, foi 
difícil povoar essas regiões, especialmente porque era a atividade agroexportadora 
que dava o sentido da colonização e esta, como se sabe, localizava-se na costa. 
No caso amazônico, outro fator importante foi a construção de fortifi cações como 
o forte do Presépio para proteger a região de invasões estrangeiras, como você já 
viu nesta aula. No caso específi co de Minas Gerais, apesar de situada no interior, 
a região foi ocupada depois da descoberta de ouro, em 1680.
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Quer saber mais sobre a mineração no Brasil? Visite o site: http://
paginas.terra.com.br/educacao/br_recursosminerais/1494_1803.html
A riqueza do ouro suscitou o crescente controle sobre a exportação 
do metal, mas coincidiu com o declínio da mineração. Após atingir o 
auge na década de 1750, houve um rápido declínio na produção do 
ouro, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento da economia 
colonial. Tal declínio não foi percebido, já que o ouro brasileiro era de 
aluvião e não de mina, o que difi cultava a estimativa de suas reservas. 
Você vai conhecer as medidas econômicas tomadas por Portugal para 
tentar sanar este problema na próxima aula.
Se você quiser mais informações sobre esse tema, pode consultar 
sites como www.pesquisaescolar.com.br. Outra fonte importante é o 
Dicionário do Brasil Colonial, organizado pelo historiador Ronaldo 
Vainfas.
Quer saber mais sobre a mineração no Brasil? Visite o site: http://
paginas.terra.com.br/educacao/br_recursosminerais/1494_1803.html
Segundo Teixeira da Silva (1990), o impacto da mineração sobre 
o conjunto da economia colonial teve muitas conseqüências. Entre elas, 
destacam-se o aumento da faixa de ocupação do território brasileiro, 
a integração das “ilhas” de povoamento no Nordeste e no Sudeste. 
A mudança nas bases políticas e administrativas da colônia, em que 
o Rio de Janeiro, capital colonial depois de 1763, ganhou destaque, 
incentivando a vida urbana. 
CONCLUSÃO
As atividades pecuárias e mineiras, assim como as missões 
dos jesuítas, levaram à ocupação do interior do País, povoando-o e 
promovendo uma dinâmica social, política e econômica que não se 
esgotava com o fi m de um ciclo expansivo. Esse povoamento teve por 
protagonistas os trabalhadores livres, não-identifi cados com grandes 
proprietários de terras nem com escravos, os dois principais agentes da 
empresa colonial agrícola.
Essa ocupação dos “sertões” é muito valorizada na cultura 
paulista, pela importância dos bandeirantes paulistas, os principais 
agentes dessa ocupação entre os séculos XVI e XVIII.
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
Observe estes mapas. No primeiro, você pode ver as atividades econômicas realizadas no 
Brasil durante a primeira fase da colonização. Veja, agora, o segundo mapa, referente 
ao século XVIII. Que diferenças você pode notar entre eles, e a que você as atribui? 
Lembre-se de considerar o tamanho do território brasileiro, a quantidade e o tipo de 
atividades econômicas, bem como o local onde ocorrem. Registre a sua resposta e, se 
puder, compare com as de seus colegas.
Atividade Final
Mais recentemente, os “currais” de gado também vêm sendo mais 
valorizados culturalmente, a exemplo do livro de Raquel de Queiroz, 
Memorial de Maria Moura, transformado em minissérie pela TV Globo 
em 1994.
Se você quiser ter mais informações sobre a economia colonial 
agrícola brasileira, pode buscá-las em sites, entreos quais sugerimos o 
do Centro de Pesquisas e Documentação da Fundação Getúlio Vargas 
CPDOC/FGV: http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/index.htm. 
BRASIL
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São Paulo
Cananéia
Natal
São Cristóvão
Pau-brasil
Pecuária
Cana-de-açúcar
Entradas
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Resposta Comentada
Como bom observador que é, você deve ter notado, logo de início, que o território brasileiro 
cresceu, indo além do Tratado de Tordesilhas. Por que isso aconteceu? Lembra-se dos 
bandeirantes e dos jesuítas? A participação deles foi fundamental para o aumento de 
população no interior e para a expansão das fronteiras do país (bandeiras e missões 
jesuíticas, respectivamente). Veja como aumentou o número de cidades!
As atividades econômicas se diversificaram. Diminuiu a extração de pau-brasil, cresceu a 
cultura de cana-de-açúcar. A pecuária expandiu-se em direção ao interior, principalmente 
no Nordeste, devido aos engenhos. Outra diferença importante é o surgimento da 
mineração. Você vai ver como o descobrimento de ouro no Brasil afetou até a vida 
política do país. Mas isto é uma outra história... Não perca a Aula 3.
Cana-de-açúcar
Pecuária
Mineração
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TIC
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Drogas do Sertão
Óbidos
Santarém
Borba
Barcelos
Vila Bela
Cáceres
Cuiabá
Vila BoaVila Boa
Ribeirão Ribeirão 
do Carmodo Carmo
Vila RicaVila Rica S. J.Del ReiS. J.Del Rei
DiamantinaDiamantina Porto SeguroPorto Seguro
SabaráSabará
VitóriaVitória
Rio de JaneiroRio de Janeiro
Santos
Curitiba
Laguna
SorocabaSorocaba
São PauloSão Paulo
SalvadorSalvador
RecifeRecife
OlindaOlinda
João PessoaJoão Pessoa
NatalNatal
FortalezaFortaleza
São LuísSão LuísBelémBelém
MacapáMacapá
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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o 
 povoamento do interior 
INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, você irá completar o estudo sobre o Brasil colônia, 
analisando a crise da economia colonial e identifi cando as causas da 
sua insustentabilidade diante das mudanças na dinâmica do capitalismo 
mundial.
A economia colonial não se resume aos ciclos de monocultura para 
exportação. A ocupação do interior da colônia foi resultado da pecuária 
extensiva, do aprisionamento do índio, da implantação das missões 
jesuíticas, e da atividade mineradora. 
A articulação espacial dessas atividades gerou alterações signifi cativas na 
organização social e política do Brasil, favorecendo sua independência de 
Portugal. 
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