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PDF SINTÉTICO DIREITO CIVIL Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Livro Eletrônico Presidente: Gabriel Granjeiro Vice-Presidente: Rodrigo Calado Diretor Pedagógico: Erico Teixeira Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi Gerência de Produção de Conteúdo: Bárbara Guerra Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente. CÓDIGO: 241101213327 ANTÔNIO ALEX Cursando pós-doutorado em Direito Civil pelo CEUB e doutorado pela UnB. Doutor em Direito pelo CEUB e mestre pela UnB. Bacharel em Direito e Engenharia Elétrica pela UnB. Possui licenciatura em Física; e pós-graduação em Direito Notarial e Registral, Direito Processual Civil e Gestão Pública. Pesquisador na área de Direito Civil e Telecomunicações. Autor da coleção de livros Direito Civil sem complicação. Advogado, servidor público federal aprovado em concursos públicos para Notário e Registrador do TJPR, TJSC, TJAM, TJCE, professor da SEDF, Oficial da PMDF, Polícia Federal, Anatel e professor do IFB, dentre outros. Professor de Direito Civil. Por dois anos seguidos, foi indicado pela Confederação Nacional dos Notários e Registradores (CNR) como um autor referência na área de Direito Civil. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 3 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex SUMÁRIO Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1. Erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2. Dolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 3. Coação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 4. Estado de Perigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 5. Lesão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 6. Fraude Contra Credores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 7. Invalidades do Negócio Jurídico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 7.1 Hipóteses de Nulidade Absoluta ou Nulidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 7.2. Efeitos da Declaração de Nulidade Absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 7.3. Hipóteses de Nulidade Relativa ou Anulabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 7.4. Efeitos da Declaração de Nulidade Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 8. Confirmação do Negócio Jurídico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 9. Conversão do Negócio Jurídico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 4 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO Neste PDF Sintético, você encontrará um material resumido e objetivo, a fim de facilitar a assimilação do conteúdo. Alguns recursos visuais serão usados para destacar informações pertinentes ao seu estudo, como: Grifos em azul, para afirmações importantes; Grifos em vermelho, para exceções, restrições ou proibições; e Marca-texto amarelo, verde e azul, para destaques. Então aproveite deste material para sua preparação e garanta sua aprovação! Bons estudos! APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR Escrever um livro é algo desafiador. Porém escrever para o público concurseiro torna a tarefa ainda mais árdua. Afinal, há candidatos com diferentes níveis de conhecimento, estudando para seleções de áreas variadas. No entanto existe algo em comum entre aqueles que se preparam para um concurso público: todos querem a aprovação o mais rápido possível e não têm tempo a perder! Foi pensando nisso que esta obra nasceu. Você tem em suas mãos um PDF sintético! Isso porque ele não é extenso, para não desperdiçar o seu tempo, que é escasso. De igual modo, não foge da batalha, trazendo tudo o que é preciso para fazer uma boa prova e garantir a aprovação que tanto busca! Também identificará alguns sinais visuais, para facilitar a assimilação do conteúdo. Por exemplo: afirmações importantes aparecerão grifadas em azul. Já exceções, restrições ou proibições surgirão em vermelho. Há ainda destaques em marca-texto. Além disso, abusei de quadros esquemáticos para organizar melhor os conteúdos. Tudo foi feito com muita objetividade, por alguém que foi concurseiro durante muito tempo. Para você me conhecer melhor: comecei a estudar para concursos ainda muito jovem, e sempre senti falta de ler um material que fosse direto ao ponto, que me ensinasse de um jeito mais fácil, mais didático. Enfrentei concursos de nível médio e superior. Fiz desde provas simples, como processo seletivo para o MEC, até as mais desafiadoras, sendo aprovado para PRF, Polícia Federal, Anatel, Secretaria de Educação do DF, IFB, Notário e Registrador do TJAM, TJCE, TJPR e TJSC. O PDF Sintético era o material que faltava para a sua aprovação! Forte abraço e bons estudos! Antônio Alex Pinheiro @prof._antonio_alex O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 5 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex DEFEITOS E INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICODEFEITOS E INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO Defeitos em Negócios Jurídicos são hipóteses em que a vontade se manifesta com algum vício que torne o negócio jurídico anulável ou o negócio jurídico acarrete prejuízos a terceiros. Os defeitos do negócio jurídico estão no plano de validade do negócio jurídico. O Código Civil menciona alguns defeitos no art. 171 do CC, como a incapacidade relativa do agente, erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. O prazo para anular os negócios jurídicos por causas desses vícios é de 4 (quatro) anos, conforme o art. 178 do CC: PRAZO ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO É de QUATRO ANOS o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: No caso de COAÇÃO do dia em que ela CESSAR No de ERRO, DOLO, FRAUDE CONTRA CREDORES, ESTADO DE PERIGO OU LESÃO, do DIA EM QUE SE REALIZOU o negócio jurídico No de atos de INCAPAZES do dia em que CESSAR A INCAPACIDADE Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, SEM ESTABELECER PRAZO para pleitear-se a anulação, será este de DOIS ANOS, a contar da data da conclusão do ato Os defeitos do negócio jurídico podem ser divididosem vícios de consentimento e vícios sociais. Vícios de consentimento Provocam uma manifestação de vontade não correspondente com o íntimo e verdadeiro querer do agente. Eles criam uma divergência, um conflito ente a vontade manifestada e a real intenção exteriorizada. Os vícios de consentimento são o erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. Vicio Social Não corresponde a um descompasso entre o íntimo querer do agente e sua declaração, ela representa a intenção de prejudicar terceiros. Os vícios sociais são: a fraude contra credores e a simulação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 6 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex Agora vamos estudar cada um desses vícios: ERRO DOLO COAÇÃO LESÃO ESTADO DE PERIGO FRAUDE CONTRA CREDORES SIMULAÇÃO Para lhe ajudar a decorar: CLEiDE PERIGO que FRAUDA e SIMULA VÍCIOS DE CONSENTIMENTO // VÍCIOS SOCIAIS CLEiDE PERIGO que //FRAUDA e SIMULA C L E i D Estado de PERIGO que//FRAUDA (CREDORES) e SIMULAção O E R O A S R L Ç Ã O O Ã O O O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 7 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex 1 . ERRO1 . ERRO Erro consiste na falsa representação da realidade fática em relação à pessoa, ao objeto do negócio ou ao direito, acarretando vício na vontade da parte que celebrou o negócio jurídico. O erro está disciplinado a partir do art. 138 do CC. Assim, são ANULÁVEIS os negócios jurídicos, quando as DECLARAÇÕES DE VONTADE EMANAREM DE ERRO SUBSTANCIAL que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Alguns autores trazem a diferença entre erro e ignorância, sendo o erro falsa percepção dos fatos que levam o agente a realizar conduta que não efetuaria, se conhece a verdade. Já a ignorância consiste no completo desconhecimento do fato, ou seja, ausência de conhecimento. Exemplo de erro: alguém pensa estar adquirindo certa coisa, entretanto, está alugando. A pessoa pensa que está comprando um determinado lote numa localidade, mas verifica que se trata de outro local. O erro para ser causa de invalidade do negócio jurídico, ou seja, causa de anulabilidade, deve ter dois requisitos, quais sejam: o erro deve ser substancial ou essencial e, ainda, escusável ou perdoável: Erro escusável ou perdoável É aquele que pode ser cometido por qualquer pessoa normal, ou seja, o chamado homem médio. Erro substancial ou essencial 1) Interessa à NATUREZA DO NEGÓCIO, ao OBJETO PRINCIPAL DA DECLARAÇÃO, ou a alguma das QUALIDADES A ELE ESSENCIAIS; 2) Concerne à IDENTIDADE ou à QUALIDADE ESSENCIAL DA PESSOA a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 3) Sendo de DIREITO e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Cabe esclarecer que além do erro substancial, existe o chamado ERRO ACIDENTAL, entretanto trata-se de um erro de menor importância que recai sobre qualidades secundárias do objeto ou da pessoa, não alterando a validade do negócio jurídico, não sendo suficiente para anular o negócio jurídico: O ERRO DE INDICAÇÃO DA PESSOA OU DA COISA, a que se referir a declaração de vontade, NÃO VICIARÁ O NEGÓCIO QUANDO, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Exemplo de erro acidental: um testador quando referir-se ao filho Pedro, entretanto, seu filho se chama Saulo, inclusive sendo seu único filho, trata-se de um mero engano, facilmente corrigível pelo contexto e pela circunstância. Cabe ressaltar que o erro é uma causa de negócio jurídico anulável, atenção, não é nulo. Desta forma, o art. 144 traz a previsão de confirmação do negócio jurídico em caso de erro: o erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 8 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. 2 . DOLO2 . DOLO Dolo ocorre quando uma das partes é maliciosamente induzida ao erro. O dolo é um vício carregado de má-fé. Nele, uma parte incorre em erro, mas esse erro é provocado (se o erro é provocado, o vício é o dolo). Quando uma parte é induzida ao erro pela outra, há dolo. Já o erro é espontâneo, ou seja, a vítima se engana sozinha, enquanto o dolo é provocado intencionalmente pela outra parte ou por terceiro, fazendo com que a outra parte se equivoque. O dolo civil não se confunde com o dolo criminal, em caso de crime, o dolo é empregado quando agente quis o resultado ou assumiu necessariamente o risco de produzir um crime. O dolo civil é artificio utilizado para enganar alguém. Há várias espécies de classificação de dolo, destacando-se a classificação em dolo principal e dolo acidental: TIPOS DE DOLO Dolo principal Ocorre quando o negócio jurídico realiza-se somente porque houve o induzimento malicioso de uma das partes, se não fosse a conduta maliciosa, o negócio jurídico não teria se realizado. O dolo principal está previsto no art. 145 do CC, inclusive quando o dolo for a causa: são os negócios jurídicos anuláveis por DOLO, quando ESTE FOR A SUA CAUSA. Exemplo: se uma pessoa vende o carro que não é a diesel, o dolo é principal, que gera a invalidade do negócio. Dolo acidental Ocorre quando, mesmo ausente o dolo, o negócio teria se realizado, mas de forma diferente. Ou seja, o negócio se realizou, mas sem o dolo acidental teria se realizado de uma forma diferente. Nesse caso não haverá anulação do negócio jurídico, mas indenização em perdas e danos: o DOLO ACIDENTAL só obriga à SATISFAÇÃO DAS PERDAS E DANOS, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Exemplo: O contrário é aquela em que o vendedor diz que o retrovisor era metálico, cobrando um preço maior por isso, mas na realidade o retrovisor não é metálico, não há dolo principal, mas somente acidental, não gerando invalidade (gera somente perdas e danos, pois o comprador teria comprado por um preço melhor). Também existe o chamado dolo positivo ou comissivo, que se refere a manobras ou ações maliciosas, e o dolo negativo ou omissivo, que são omissões dolosas. Dessa maneira, pode ser pleiteada a anulação do negócio jurídico, baseando-se na violação do princípio da boa-fé. Assim, nos negócios jurídicos bilaterais, o SILÊNCIO INTENCIONAL de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, CONSTITUI OMISSÃO DOLOSA, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. Exemplo de dolo omissivo: a pessoa traz um celular dos EUA. O comprador acha que o celular tem O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 9 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades doNegócio Jurídico Antônio Alex vídeo chamada e o vendedor nada fala, deixando a pessoa em erro, isso por que ao chegar ao Brasil, a pessoa constatou que celular não faz vídeo chamada. DOLO BILATERAL está previsto no art.150, do CC, ocorrendo quando as duas partes contratantes agem com dolo, entretanto nesse caso nenhuma delas pode reclamar indenização. Assim, se AMBAS AS PARTES procederem com DOLO, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. Por fim, existe o chamado de DOLO DE TERCEIRO, previsto no art. 148 do CC, trata- se de um artificio malicioso proveniente de um terceiro. No caso do dolo de terceiro, o negócio jurídico só será invalidado se o beneficiário soubesse ou tivesse como saber do dolo. Se o beneficiário não soubesse ou não tivesse como saber do dolo, o terceiro é quem será responsabilizado, mas o negócio é mantido. Exemplo de dolo de terceiro: “A” quer vender sua fazenda para “B”, “C” que é irmão de “A”, age iludindo “B” sobre qualidades que a fazenda não possui, convencido B adquire a fazenda. 3 . COAÇÃO3 . COAÇÃO Coação consiste em qualquer pressão psicológica apta a viciar a declaração de vontade influenciando a vítima a celebrar um negócio jurídico que voluntariamente não queria. A pressão psicológica pode ser exercida contra a própria vítima, sua família ou seus bens. No caso da coação, não se pode falar no homem médio, ao apreciar a coação devem ser analisadas as circunstâncias que rodeiam a vítima. O art. 153 do CC traz a disposição de que não se considera ameaça o exercício normal de um direito, que consiste no exercício de uma faculdade de acordo com as respectivas normas jurídicas, bem como o simples temor referencial, ou seja, o respeito à autoridade instituída. Assim como no dolo, a coação também poderá partir de terceiro, nos termos do art. 154, e 155, do CC. Também na coação, poderá o negócio ser invalidado se o beneficiário soubesse ou tivesse como saber do vício. Mas, há uma diferença entre o dolo de terceiro e a coação de terceiro, pois, na coação de terceiro, haverá responsabilidade solidária entre o terceiro coator e o beneficiário, isto porque a solidariedade não se presume, a própria lei prevê. Na coação, a vítima está muito mais protegida do que no dolo de terceiro. Mas, deve- se lembrar de que isso é só no caso de o beneficiário saber da coação. Se ele não sabia da coação, quem responderá integralmente é o coator. Então, uma vez invalidado o negócio, o beneficiário e o coator respondem solidariamente pela indenização devida, referência expressa que não há no dolo de terceiro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 10 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex 4 . ESTADO DE PERIGO4 . ESTADO DE PERIGO Estado de Perigo caracteriza-se quando uma das partes, premida da necessidade de salvar-se ou a pessoa próxima de grave dano conhecido pela outra parte, assume uma obrigação excessivamente onerosa. A questão primordial é aquela no qual o indivíduo, de acordo com as circunstâncias, não possui outra saída ou alternativa viável. Além do mais, deve haver conhecimento da outra parte da situação de grave dano que a vítima vem passando. A ideia básica deste defeito é o reconhecimento de um estado de necessidade invalidante do negócio jurídico, tendo relação com a ideia de função social. Exemplo: sequestrador pede resgate pelo filho e o pai do sequestrado pede dinheiro emprestado, sob juros abusivos, sendo que a pessoa que empresta o dinheiro sabe do sequestro. Exemplo: a exigência do “cheque-caução” como condição para o atendimento emergencial hospitalar. 5 . LESÃO5 . LESÃO Lesão consiste na desproporção existente entre as prestações do negócio, em virtude da necessidade ou inexperiência de uma das partes, que experimenta o prejuízo. Assim, a Lesão possui um elemento objetivo caracterizado pela desproporcionalidade existente nas prestações, no preço, mais o elemento subjetivo de estado de necessidade, inexperiência ou leviandade. A lesão justifica-se como forma de proteção ao contratante que se encontra em estado de inferioridade. A lesão não se confunde com o estado de perigo, no estado de perigo a pessoa age para salvar uma pessoa próxima ou da família de um risco de morte, de lesão à integridade física, enquanto a lesão é mais genérica, diante de uma necessidade ou inexperiência de uma das partes. Exemplo de lesão: agiotagem (geralmente). O instituto da lesão também está previsto no art. 51 do Código de Defesa do Consumidor, prevendo que são nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. Assim, a lesão para os negócios civis em geral é uma causa nulidade relativa, ou seja, anulabilidade, enquanto a lesão para os negócios de consumo é uma causa de nulidade absoluta, ou seja, o negócio jurídico é nulo: Lesão Efeito Negócios civis Anulabilidade Negócios de consumo Nulo No estudo do instituto da lesão há necessidade de compreensão do Enunciado 150 CJF (dolo de aproveitamento): A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil NÃO EXIGE DOLO DE APROVEITAMENTO. Vejamos a aplicação deste enunciado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 11 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex 6 . FRAUDE CONTRA CREDORES6 . FRAUDE CONTRA CREDORES Fraude contra credores representa uma prática maliciosa, pelo devedor, de atos em que transfere o seu patrimônio, por meio de negócios onerosos ou gratuitos, com a finalidade de colocá-lo a salvo de dívidas existentes. Lembrando que a fraude contra credores é vicio social do negócio jurídico. Exemplo: alguém tem várias dívidas assumidas e vende todo o seu patrimônio para terceiro. Em regra, a fraude contra credores apresenta requisitos subjetivos e objetivos. A fraude contra credores possui requisito subjetivo que é a manifesta intenção de prejudicar credores. Entretanto, pode existir o terceiro de boa- fé, que adquire o bem, mas não tem consciência do estado de insolvência da pessoa, nesse caso a jurisprudência inclusive já se manifestou que cabe proteção ao terceiro de boa-fé. A fraude contra credores também possui o requisito objetivo que é própria insolvência, que constitui o ato prejudicial ao credor, ou seja, é o prejuízo decorrente da insolvência. Entretanto cabe esclarecer que a fraude contra credores pode ocorrer em transmissões não onerosas de bens: • Remissão de dívida: ocorre no caso de perdão de dívida do credor que está insolvente e que possui uma dívida contraída com outra pessoa. Os créditos que o devedor tem a receber de terceiros constituem parte de seu patrimônio. • Pagamento antecipado de dívida: está previsto no art. 162 do CC, estabelecendo que o credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento de dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo aquilo que recebeu. • Concessão fraudulenta de garantia: está previsto no art. 163 do CC, presumindo-se fraudatórias as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. • Ato de transmissão gratuito de bens: o art. 158 do CC dispõe que os atos de transmissão gratuita de bens de devedor insolventepoderão ser anulados, podendo ser doações, renúncia de herança, atribuições gratuitas de direitos reais e de retenção e renúncia de usufruto, outros. Neste caso, exige-se apenas o requisito objetivo: prejuízo ao credor, não sendo necessário o requisito subjetivo: conluio fraudulento. A ação anulatória do negócio jurídico celebrado em fraude contra credores chama-se de Ação Pauliana, tendo o prazo decadencial de 4 (quatro) anos conforme Inciso II do art. 178 do CC. Se julgada procedente a ação Pauliana, anula-se o negócio fraudulento lesivo aos credores, determinando-se o retorno do bem ao patrimônio do devedor. Trata-se de uma hipótese de anulabilidade de negócio jurídico. A legitimidade ativa para propor a ação Pauliana cabe somente aos CREDORES QUIROGRAFÁRIOS, isso porque os credores privilegiados possuem bens destacados e individualizados em garantia, ou aos CREDORES CUJA GARANTIA SE TORNAR INSUFICIENTE. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 12 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex A Ação Pauliana poderá ser interposta contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada, ou terceiros adquirentes que tenham agido com má fé. No caso de fraude contra credores, pode acontecer de a fraude de transferência do bem ainda não ter se consumado, nesse caso o adquirente do bem poderá depositar judicialmente o valor do corrente, se desobrigando. Com relação a possíveis credores de boa-fé, a fraude contra credores pode ser afastada em casos de atos praticados de boa- fé, em prol da função social da empresa, e para a tutela da dignidade humana, como no caso de bem de família. Por fim, cabe diferenciar a fraude contra credores da chamada fraude à execução. A diferenciação entre esses dois institutos pode ser verificada no quadro a seguir: Fraude contra Credores Fraude à Execução Instituto de Direito Civil Instituto de Direito Processual Civil O devedor tem dívidas e aliena o patrimônio, ficando insolvente ou agravando o estado de insolvência. Não há nenhuma ação ou execução em andamento. O devedor tem ações e aliena o patrimônio, ficando insolvente ou agravando o seu estado de insolvência. Pressupõe uma demanda judicial em andamento, qualquer ação. Exige a propositura de ação Pauliana. Não se tem admitido a sua arguição nem mesmo em embargos de terceiros. Independe de ação Pauliana ou revocatória, podendo ser reconhecida incidentalmente, mediante simples petição, nos próprios autos, sendo objeto de decisão interlocutória. Há uma fraude à parte (pessoa) – por isso ela envolve a ordem privada. Há uma fraude ao processo – por isso ela envolve a ordem pública. Os negócios praticados são anuláveis (vício no plano da validade). Os negócios são ineficazes (vício no plano de eficácia). Segue um quadro resumo dos defeitos do negócio jurídico: ERRO DOLO COAÇÃO Falsa noção da realidade, equívoco projetado espontaneamente na declaração de vontade. O dolo ocorre quando uma das partes é maliciosamente induzida ao erro. A coação consiste em qualquer pressão psicológica apta a viciar a declaração de vontade influenciando a vítima a celebrar um negócio jurídico que voluntariamente não queria. LESÃO ESTADO DE PERIGO FRAUDE CONTRA CREDORES Alguém sob premente necessidade ou por inexperiência se obriga prestação manifestamente desproporcional. Alguém premido da necessidade de salvar-se ou a pessoa próxima de grave dano conhecido pela outra parte, assume uma obrigação excessivamente onerosa. O devedor transfere o seu patrimônio, por meio de negócios onerosos ou gratuitos, com a finalidade de colocá-lo a salvo de dívidas existentes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 13 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex 7 . INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO7 . INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO Invalidades são vícios atacam o plano de validade do negócio jurídico, sendo que o negócio jurídico pode ser nulo ou anulável. Relembrando que o negócio jurídico possui 03 (três) planos: existência, validade e eficácia. As invalidades apresentam classificações, sendo a primeira a classificação quanto à extensão: a) Invalidade total: todo o negócio jurídico é inválido, ou seja, todo o negócio será nulo ou todo o negócio é anulável. b) Invalidade parcial: parte do negócio jurídico é inválido, ou seja, parte do negócio é nulo ou parte do negócio é anulável. O art. 184 do CC ilustra a invalidade parcial do negócio jurídico, demonstrando a preservação da parte válida do mesmo: A classificação mais importante refere-se quanto ao grau de invalidade: a) Nulidade Absoluta ou Nulidade: gera o negócio jurídico nulo; b) Nulidade Relativa ou Anulabilidade: gera o negócio jurídico anulável; 7 .1 HIPÓTESES DE NULIDADE ABSOLUTA OU NULIDADE7 .1 HIPÓTESES DE NULIDADE ABSOLUTA OU NULIDADE As hipóteses de Nulidade Absoluta do negócio jurídico são as seguintes: a) Negócio jurídico celebrado por absolutamente incapaz: São as pessoas previstas no art. 3º do CC, lembrando que após a alteração do Código Civil pela Lei n. 13.146/2.015, absolutamente incapazes são somente as pessoas menores de 16 anos. Neste caso são negócios jurídicos celebrados pelos absolutamente incapazes sem a devida representação. b) Objeto do negócio é ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável: Objeto do negócio jurídico deve ser possível, determinado, ou ao menos determinável e deve ser lícito, ou seja, em não são aceitos objetos vedados pelo ordenamento jurídico, como objeto de crimes. c) o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito: O motivo é um aspecto subjetivo da causa, e, por isso, variável. Cabe esclarecer que o motivo é diferente da causa. Na compra e venda de um imóvel, a pessoa comprar um imóvel porque está precisando é a causa, e a pessoa gostar do imóvel e por isso compra-lo é o motivo. d) não revestir a forma prescrita em lei: A regra geral é que os negócios jurídicos sejam informais e sem solenidade, conforme o art. 107 do CC. Entretanto, conforme o art. 107, a lei pode expressamente exigir a forma adequada, como ocorre no art. 108 do CC: não dispondo a lei em contrário, a ESCRITURA PÚBLICA É ESSENCIAL à validade dos negócios jurídicos que visem à CONSTITUIÇÃO, TRANSFERÊNCIA, MODIFICAÇÃO OU RENÚNCIA DE DIREITOS REAIS SOBRE IMÓVEIS de valor SUPERIOR a TRINTA VEZES O MAIOR SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE NO PAÍS. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 14 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex Desta forma, negócios jurídicos relacionados com imóvel que tenha valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país sem escritura pública serão nulos. Ou então, conforme o art.109 do CC, caso as partes pactuem que seja necessária a celebração do negócio jurídico por meio instrumento público (escritura pública), independentemente do valor, caso não seja celebrado pelo instrumento público, celebrado, por exemplo, por um contrato entre as partes, o negócio jurídico será nulo. e) for preterida alguma solenidade que a lei considereessencial para a sua validade: A regra geral é que os negócios jurídicos sejam sem solenidade, exceto quando a lei considere essencial para sua validade. f) tiver por objetivo fraudar lei imperativa: A lei imperativa é a norma que está relacionada com o interesse de toda sociedade, ou seja com o interesse coletivo ou com a chamada ordem pública. Essa previsão tem objetivo de proteger as partes mais fracas nas relações jurídicas. Exemplo: homem vive em união estável com uma mulher e celebra contrato dispondo que não há união estável entre eles. O referido contrato é nulo. g) lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção: Nestes casos a lei dispõe de forma taxativa sobre a nulidade ou proíbe também de forma expressa sua prática. Para exemplificar, pode ser citada a nulidade sobre contrato que disponha de herança de pessoa viva. h) Simulação: consiste na celebração de um negócio jurídico aparentemente normal, mas que, na prática, não pretende atingir o efeito que juridicamente deveria produzir. A simulação é bilateral, pois nela as duas partes estão de má-fé. A simulação é um vício social, pois ela prejudica toda a sociedade. Exemplo: “A” para enganar sua esposa “B”, celebra a venda de imóvel para “C”, em troca de estar pagando uma dívida com “C”, dívida que não existe. Na verdade o imóvel continua sendo de “A”, que simulou a venda somente para enganar sua esposa. A venda do imóvel é nula. Existem 2(dois) tipos de simulação: h1) Simulação absoluta: ocorre quando as partes celebram um negócio jurídico que não gera efeito jurídico algum. Exemplo: “A” transfere bens para “B”, sob a justificativa de estar pagando dívidas, e “B” devolverá os bens no futuro. h2) Simulação relativa ou dissimulação: As partes realizam um negócio jurídico com objetivo de encobrir outro negócio jurídico que produzirá efeitos proibidos pelo ordenamento jurídico. Exemplo: “A” simula uma compra e venda “B”, mas na verdade houve uma doação de “A” para “B”. Ainda nos termos do art.167, CC, é possível aproveitar o negócio dissimulado se válido for na substância e na forma, ou seja, se não houver ofensa à lei ou a terceiros. Exemplo: “A” é casado com “B”, mas tem a amante “C”. “A” simula a venda de um bem para a amante “C”, mas na verdade é uma doação dissimulada, vedada pelo ordenamento. Entretanto, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 15 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex logo em seguida “A” descobriu que o seu casamento com “B” é nulo, isto porque “B” já era casada. Neste caso, pode-se aproveitar a doação feita por “A” a “C”. Segue um quadro resumido das hipóteses previstas de nulidade absoluta ou nulidade que foram estudadas: a)Celebrado por Absolutamente incapaz b)Objeto ilícito, impossível, indeterminável c)Motivo Ilícito, ambas as partes d)Não revestir a forma prescrita em lei e)Preterida alguma solenidade essencial f)Tiver por objeto por fraudar a lei imperativa g)A Lei declara nulo ou proíbe a prática h)Simulação 7 .2 . EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE ABSOLUTA7 .2 . EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE ABSOLUTA Nas hipóteses de nulidade absoluta, o negócio jurídico é nulo e não produz nenhum efeito. Dessa forma, o negócio jurídico é nulo e deve ser decretada sua NULIDADE. A ação judicial utilizada é a ação declaratória de nulidade. Cabe ressaltar que Nulidade é diferente de anulabilidade, isso porque a nulidade é decretada no caso de negócios jurídicos absolutamente nulos, enquanto, a anulabilidade será decretada em caso de negócios jurídicos relativamente nulos. NULIDADE: NEGÓCIOS JURÍDICOS ABSOLUTAMENTE NULOS ANULABILIDADE: NEGÓCIOS JURÍDICOS RELATIVAMENTE NULOS O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 16 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex A decretação de nulidade é realizada por meio de pronunciamento do judiciário, que decreta a nulidade do ato jurídico com efeitos ex tunc, ou seja, com efeitos retroativos desde o momento de emissão da sua vontade e erga omnes, estendendo os seus efeitos para toda sociedade. A decretação de nulidade é matéria de ordem pública, ou seja, decretada no interesse de toda a coletividade, desta forma, não há prazo para a declaração de nulidade, ou seja, não incide prazo decadencial. Pode ser alegada por qualquer interessado, em nome próprio, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. A manifestação do juiz para declarar a nulidade é meramente declaratória, porque como o ato é nulo, não poderia produzir qualquer efeito, além do mais, deve ser pronunciada de ofício pelo juiz. A nulidade absoluta não pode ser sanada pela confirmação nem suprida pelo juiz. Além do mais, não se valida com o decurso do tempo nem é suscetível de confirmação. 7 .3 . HIPÓTESES DE NULIDADE RELATIVA OU ANULABILIDADE7 .3 . HIPÓTESES DE NULIDADE RELATIVA OU ANULABILIDADE As hipóteses de Nulidade Relativa ou Anulabilidade são as seguintes: a) Previsão de anulabilidade na lei: Para esse caso específico, existem situações espalhadas pelo texto do Código Civil, para ilustrar seguem abaixo 3 (três) exemplos: A1) Venda de ascendente para descendente (art. 426 do CC); A2) Doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice (art. 550 do CC); A3) troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante (art. 533, II do CC). b) Negócio celebrado pelo relativamente incapaz: O negócio jurídico celebrado pelo absolutamente incapaz sem a devida assistência poderá ser anulado, tendo em vista o inciso I, do art. 171 do CC. O art. 4º do Código Civil enumera as pessoas relativamente incapazes: • os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; • os ébrios habituais e os viciados em tóxico; • aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; • os pródigos. c) Presença dos vícios ou defeitos dos negócios jurídicos: O negócio celebrado com a presença dos defeitos ou vícios dos negócios jurídicos também poderá ser anulado, nos termos do Inciso II do art. 171 do CC. Lembrando que os vícios são resultantes de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Segue um resuminho sobre as hipóteses de nulidade relativa ou anulabilidade dos negócios jurídicos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 17 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex a) Declarados na lei b) Celebrado por relativamente incapaz c)Erro d) Dolo e) Coação f) Estado de Perigo g) Lesão h) Fraude contra Credores 7 .4 . EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE RELATIVA7 .4 . EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE RELATIVA A ação para declarar ANULABILIDADE ou NULIDADE RELATIVA dos negócios jurídicos é a ação anulatória, que possui os prazos para ser interposta, ou seja, prazos decadenciais dispostos nos artigos 178 e 179 do CC: PRAZO ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO É de QUATRO ANOS o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: No caso de COAÇÃO do dia em que ela CESSAR No de ERRO, DOLO, FRAUDE CONTRA CREDORES, ESTADO DE PERIGOOU LESÃO do DIA EM QUE SE REALIZOU o negócio jurídico No de atos de INCAPAZES do dia em que CESSAR A INCAPACIDADE Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, SEM ESTABELECER PRAZO para pleitear-se a anulação, será este de DOIS ANOS, a contar da data da conclusão do ato. A anulabilidade envolve ordem privada, interesse particular, geralmente de cunho patrimonial. Sendo assim, só pode ser alegada pelo interessado. Não pode ser alegada pelo MP, tampouco cabe conhecimento de ofício pelo juiz. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. Os efeitos são somente as partes envolvidas, com exceção dos casos de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 18 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex indivisibilidade e solidariedade. Além do mais, a declaração de anulabilidade gera efeitos ex nunc, ou seja, eles não retroagem e só começam a valer a partir da sentença do juiz. Veja mais uma vez a comparação entre anulabilidade e nulidade: ANULABILIDADE NULIDADE Decretada no interesse privado da pessoa prejudicada. Decretada no interesse da própria Coletividade (ordem pública). Poder ser sanada, tácita ou expressamente, ou seja, pode ser confirmada. Não pode ser sanada, não admite confirmação. Mas pode ser convertida em outro negócio jurídico. Não pode ser pronunciada de ofício pelo juiz. O efeito de seu reconhecimento é ex nunc, ou seja, aplica-se para o futuro. A sentença é de natureza Desconstitutiva. Deve ser pronunciada de ofício pelo juiz, seu efeito é ex tunc, pois retroage à data do negócio jurídico. A sentença é de natureza declaratória. Se não questionada ocorre a decadência em prazos determinados. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Reconhecida a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo prescricional ou decadencial. Apresento agora um pequeno resumo dos defeitos dos negócios jurídicos relacionados com os planos de existência, validade e eficácia: EXISTÊNCIA VALIDADE EFICÁCIA ANULÁVEL NULO M – Manif. de Vontade O – Objeto F – Forma A – Agente (aqui é a COAÇÃO FÍSICA) (USO DE DOCUMENTO FALSO) -CLEIDE PERIGO que FRAUDA (fraude contra credores) – RELATIVAMENTE INCAPAZ (aqui é a COAÇÃO PSICOLÓGICA) – VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE -Etc. – PRAZO para Anular: prazo decadencial de: 4 anos) -SIMULA (simulação) -ABSOLUTAMENTE INCAPAZ – OBJETO ILÍCITO, IMPOSSÍVEL E INDETDERMINÁVEL – MOTIVO ILÍCITO – NÃO REVESTIR A FORMA PRESCRITA EM LEI – PRETERIDA SOLENIDADE ESSENCIAL – FRAUDAR LEI IMPERATIVA – LEI DECLARA NULA OU PROÍBE A PRÁTICA – Etc. – PRAZO: qualquer tempo (nulo) – CONDIÇÃO (evento futuro e incerto); a) suspensivaà suspende aquisição e exercício do direito b) resolutivaà não suspende a aquisição e o exercício do direito – TERMO (evento futuro e certo) à termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. – ENCARGO (ônus introduzido no ato de liberalidadeà encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo expressa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 19 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex 8 . CONFIRMAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO8 . CONFIRMAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO No caso de negócio jurídico com nulidade relativa (anulável), ou seja, com vício sanável, o seu vício pode ser corrido por meio da chamada Confirmação do Negócio Jurídico, nos termos do art. 172 do CC: o negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. Desta forma, a confirmação consiste no ato de correção ou ratificação do vício do negócio jurídico. A confirmação pode ser expressa ou tácita e retroage à data do ato: • Expressa: há uma declaração de vontade que contenha a substância do negócio celebrado, deve ser explícita e observar a mesma forma do ato praticado (art. 173 do CC); • Tácita: a obrigação já foi cumprida em parte pelo devedor, que já estava ciente do vício, ou quando ocorre a decadência do direito do devedor (art. 174 do CC). Ainda, o ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo. Exemplo: “A” foi coagido por “B” a celebrar um contrato de compra de um veículo com “C”. Entretanto, posteriormente, “A” constatou que fez um bom negócio com “C”, mesmo sob coação, desta forma, ao invés de anular o contrato, prefere emitir uma declaração expressa confirmando a contrato celebrado com “C”. 9 . CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO9 . CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO O negócio jurídico nulo, ou seja, o negócio jurídico que apresenta vícios que não podem ser corrigidos, excepcionalmente, pode ser CONVERTIDO em outro negócio jurídico nos termos do art. 170 do CC: se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Assim, o negócio jurídico nulo pode ser convertido em outro, se tiver os requisitos deste último e se as partes quiserem essa conversão. Exemplo: celebrou-se uma venda de imóvel com valor superior a 30 salários mínimos sem escritura. Essa venda é nula, mas, se as partes quiserem, é possível converter (transformar) essa venda nula em um contrato preliminar de compromisso de compra e venda, que não exige forma (art.462, do CC). A consequência disso é que valerá para as partes todas as condições pactuadas, como, por exemplo, preço, objeto, datas, prazos, etc. CONFIRMAÇÃO: NEGÓCIOS JURÍDICOS RELATIVAMENTE NULOS CONVERSÃO: NEGÓCIOS JURÍDICOS ABSOLUTAMENTE NULOS O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para DAIANE LEMKE DOS SANTOS - 01289106231, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.gran.com.br https://www.gran.com.br 20 de 21gran.com.br PDF SINTÉTICO Defeitos e Invalidades do Negócio Jurídico Antônio Alex Caro(a) aluno(a), Finalizamos mais um conteúdo! Agora, aproveite nossa plataforma de questões para elevar ainda mais seu estudo. 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Coação 4. Estado de Perigo 5. Lesão6. Fraude Contra Credores 7. Invalidades do Negócio Jurídico 7.1 Hipóteses de Nulidade Absoluta ou Nulidade 7.2. Efeitos da Declaração de Nulidade Absoluta 7.3. Hipóteses de Nulidade Relativa ou Anulabilidade 7.4. Efeitos da Declaração de Nulidade Relativa 8. Confirmação do Negócio Jurídico 9. Conversão do Negócio Jurídico