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Discente: Valéria Santos Otite média crônica Otorrinolaringologia OTORRINOLARINGOLOGIA, Associação Brasileira de. Tratado de Otorrinolaringologia . Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017. E-book. ISBN 9788595154247. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97885 95154247/. Acesso em: 24 atrás. 2024. Bayley, B.J. et al; Chronic otitis media - Head an Neck Surgery – Otolaringology, 1993; Lippincott. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS A OMC tem sido definida sob diferentes aspectos: clínico, temporal e histopatológico. INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO Aspectos: clínico Aspectos: temporal Histopatológico Condição inflamatória associada a perfurações amplas e persistentes da membrana timpânica e à otorreia. Refere-se a um processo inflamatório da orelha média com duração maior que três meses. Processo inflamatório da orelha média associado a alterações teciduais irreversíveis + perfuração timpânica e otorreia crônica A OMA é subclassificada em dois grandes grupos: otite média crônica não colesteatomatosa (OMCNC) otite média crônica colesteatomatosa (OMCC) CLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO Terceira forma investigada desde 1987: a otite média crônica silenciosa (OMCS). CLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO ESPECÍFICAS ex: tuberculósica e luética, são etiologias muito raras NÃO ESPECÍFICAS NÃO COLESTEATOMATOSA. NÃO ESPECÍFICA COLESTEATOMATOSA (podendo ser primárias, secundárias ou congênitas) -OMC serosa/ efusão -OMC supurativa -OMC simples OTITE MÉDIA CRÔNICAOTITE MÉDIA CRÔNICA TUBERCULÓSICATUBERCULÓSICA Quadro extremamente raro, com baixa incidência mesmo com o recrudescimento da tuberculose (mais comum em paciente com HIV). O paciente se apresenta em bom estado geral e à otoscopia, observa-se um edema da mucosa da orelha média, que apresenta diversas granulações. OTITE MÉDIA CRÔNICAOTITE MÉDIA CRÔNICA SEROSA/ DE EFUSÃOSEROSA/ DE EFUSÃO Extravasamento de soro do sistema vascular (baixa concentração proteica) Mucoide: produto do epitélio secretor (alta concentração proteica) Incidência entre 6 e 12 meses de idade Acomete cerca de 20% das crianças pós otite média DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO Otoscopia: alteração de coloração da MT Nível líquido na orelha média Bolhas de ar Avaliação audiométrica Impedanciometria Tratamento: antibioticoterapia Corticoide Fluidificantes Miningotomia (tubo ventilação) Miningotomia MININGOTOMIAMININGOTOMIA Bolsas de retração da MT: pressao da OM muito negativa, o tímpano é puxado. PATOGÊNESE :“TEORIA DO CONTINUUM”PATOGÊNESE :“TEORIA DO CONTINUUM” 1-hipoaeração da orelha média devido a uma obstrução ou disfunção tubária 2:formação de uma pressão negativa dentro da cavidade: alteraria o espaço subepitelial da mucosa local 3:hipoaeração se mantém de forma crônica, pode ocorrer uma hipoaeração difusa de toda a orelha média, levando a uma depleção do volume de ar dentro dessa cavidade. 4:retração global da membrana timpânica Alteração crônica e irreversível da orelha média Duração superior a 3 meses, OTITE MÉDIA CRÔNICA NÃOOTITE MÉDIA CRÔNICA NÃO COLESTEATOMATOSA: OMC SIMPLESCOLESTEATOMATOSA: OMC SIMPLES Pressão negativa cronicamente mantida na orelha média: retração MT- pars tensa tende a ficar cada vez mais atrófica, fina e fragilizada + OMA concomitante: GRANDE risco de ruptura da MT. SINTOMASSINTOMAS otorreia intermitente e indolor, Hipoacusia sempre está presente. A otoscopia revela uma perfuração da membrana timpânica OTITE MÉDIA CRÔNICA NÃOOTITE MÉDIA CRÔNICA NÃO COLESTEATOMATOSACOLESTEATOMATOSA LILLIE TIPO I:LILLIE TIPO I: As otites médias crônicas não colesteatomatosas podem ser agrupadas em dois subtipos: A queixa de dor é rara; perfuração limitada á PARS TENSA A otoscopia:mucosa da orelha média normal ou com leve hiperemia A perda auditiva é variável A realização de TC não é imprescindível para o diagnóstico LILLIE TIPO II:LILLIE TIPO II: O paciente tem otorreia mucoide ou mucopurulenta de longa data, piora com IVAS e/ou associada ou em contato com a água. As perfurações timpânicas são grandes (totais ou subtotais). Erosões da cadeia ossicular são frequentes. A otoscopia revela mucosa inflamada e espessada na orelha média. Pode-se observar a presença de pólipos nessa cavidade. Normalmente, esses quadros de otites estão associados a mastoidite, com velamento da mastóide; Mastoidite Caso mais grave: normalmente requer uma abordagem cirúrgica mais ampla, a TC é fundamental - ETIOLOGIAS E FATORES DE RISCO- ETIOLOGIAS E FATORES DE RISCO PARA OTITES MÉDIAS CRÔNICASPARA OTITES MÉDIAS CRÔNICAS SIMPLES:SIMPLES: Otites médias agudas de repetição Traumas (perfuração da MT) Otite média aguda necrotizante (imunossuprimidos., destruição total da membrana timpânica por estreptococos beta-hemolítico) Nível sócio econômico baixo (pela dificuldade de tratamento). história clínica e pelo exame físico, sendo que o principal achado: membrana timpânica perfurada à otoscopia. DIAGNÓSTICODIAGNÓSTICO EXAMESEXAMES COMPLEMENTARES:COMPLEMENTARES: AUDIOMETRIA:AUDIOMETRIA: IMPEDÂNCIA:IMPEDÂNCIA: NASOFIBROSCOPIA:NASOFIBROSCOPIA: T.C.:T.C.: MICROBIOLÓGICO:MICROBIOLÓGICO: Pseudomonas auriginosa, Proteus mirabillis, E.coli, Estafilo Aureus e anaeróbios. perda auditiva de transmissão, parte óssea é preservada, mas há uma perda na transmissão aérea:“gap aéreo-ósseo”, Avalia a permeabilidade da tuba auditiva: não se forma um pico pressórico na impedância avaliar possíveis hipetrofias adenoidianas que estejam comprometendo a permeabilidade tubária. útil, sobretudo, nos casos de Lillie tipo II: avaliar o comprometimento da região mastoidea. TRATAMENTOTRATAMENTO TRATAMENTOTRATAMENTO CIRÚRGCOCIRÚRGCO Todos os casos de otite médica crônica simples exigem abordagem cirúrgica, para fechar amembrana. O tratamento clínico só visa preparar o ouvido médio para a cirurgia, tentando “secar” a mucosa o máximo possível para aumentar a chance de sucesso do procedimento. 1) Timpanoplastia (utilizado em casos de Lillie tipo I) reposiciona-se a fáscia por debaixo do retalho posterior e coloca-se o gelfoam para fechar a perfuração. Timpano-mastoidectomias (utilizada em Lillie tipo II) TIMPANOPLASTIATIMPANOPLASTIA A otite média supurativa crônica é uma perfuração do tímpano (membrana timpânica) de longa data e de drenagem persistente Ocorre hiperplasia e hiperatividade secretante da mucosa, sem a presença de colesteatoma, com inflamação de toda a mucosa desde mastóide até MT, cursando frequentemente com processo de osteíte/osteomielite das células mastóideas. FATORES PREDISPONENTES:OMC- SUPURATIVAOMC- SUPURATIVA Infecções respiratórias superiores: Podem levar à disfunção da trompa de Eustáquio e aumentar o risco de infecção do ouvido médio. Doenças alérgicas: Podem causar inflamação crônica e predispor a infecções. Ambientes adversos: Exposição ao fumo passivo e ambientes úmidos. Deficiência imunológica: Pode dificultar a resolução das infecções. FATORES PREDISPONENTES:OMC- SUPURATIVAOMC- SUPURATIVA SINTOMAS DIAGNÓSTICOOMC- SUPURATIVAOMC- SUPURATIVA Secreção purulenta: Escorre do ouvido e pode ter odor fétido. Perda auditiva: Resultante da perfuração do tímpano e possíveis alterações na estrutura do ouvido médio. Dor: Embora a dor possa ser menos intensa em comparação com a otite aguda, pode estar presente, especialmente durante surtos infecciosos. História clínica e exame físico: Inclui a inspeção do ouvido com otoscópio para verificar a presença de perfuração do tímpano e secreção. Cultura de secreção: Ajuda a identificar o agente patogênico e orientar o tratamento. Audiometria: Avalia o grau de perda auditiva associada. TRATAMENTOTRATAMENTO Tratamento conservador: Inclui limpeza do ouvido (desbridamento) e uso de antibióticos ou antifúngicos tópicos, dependendo da etiologia. Tratamento sistêmico: Pode ser necessário em casos graves ou complicados. Intervenções cirúrgicas: A timpanoplastia pode ser indicada para reparar a perfuração do tímpano e melhorar a funçãoauditiva. A forma crônica pode exigir manejo prolongado e acompanhamento regular. epitélio respiratório epitélio escamoso O epitélio escamoso produz lamelas de queratina que vão adentrar a orelha média, promovendo compressão das estruturas ósseas e sua erosão. OMC- COLEASTOMATOSAOMC- COLEASTOMATOSA Massa compacta, esbranquiçada e com uma matriz de epitélio malpighiano queratinizado, lisa e brilhante, de fácil ressecção. CLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO 1 a 2% dos colesteatomas são cistos epidermóides que permanecem dentro da orelha média durante o desenvolvimento embrionário. CONGÊNITO:CONGÊNITO: podem permanecer assintomáticos por anos. identificados por volta dos 4 aos 5 anos de idade CLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO CONGÊNITO:CONGÊNITO: Levenson et al estabeleceram critérios diagnósticos para colesteatoma congênito: a) massa esbranquiçada medial a MT normal, b) pars flácida e tensa normais, c) sem história prévia de otorréia ou perfurações d) sem cirurgias otológicas prévias e) episódios de otite média prévia não excluem o diagnóstico. OMC-C: ADQUIRIDAOMC-C: ADQUIRIDA Surgem em invaginações da membrana, quando há retração desta. Normalmente é mais frequente na pars flácida. PRIMÁRIAPRIMÁRIA Essa bolsa de retração perde sua capacidade de autolimpeza e passam a acumular queratina e formam o colesteatoma. SECUNDÁRIASECUNDÁRIA OMC-C: ADQUIRIDAOMC-C: ADQUIRIDA Menos comuns: perfuração marginal ou central, geralmente por: tratamentos inadequados das otites médias crônicas. Existem várias teorias para a formação do colesteatoma adquirido: invaginação do tecido epidérmico do CAE, ou epitélio que reveste MT, por uma perfuração para o OM. Tímpanotomia para tubo de ventilação CLASSIFICAÇÃOCLASSIFICAÇÃO ADQUIRIDOADQUIRIDO Existem várias teorias para a formação do colesteatoma adquirido: -Implantação: por trauma, corpo estranho ou iatrogenia cirúrgica, seria implantado epitélio do CAE na OM, que em certas condições poderia crescer. -Metaplasia escamosa do epitélio respiratório que reveste a orelha média:processos inflamatórios crônicos expõe o epitélio normal da cavidade a agressões que estimulariam essa substituição tecidual. -Invasiva ou Migratória: É a mais aceita para os colesteatomas secundários. Dada pelo crescimento de pele do CAE para o ouvido médio pela perfuração da MT nos processos crônicos deste. COLESTEATOMACOLESTEATOMA Efeitos físicos do colesteatoma: geração de potenciais elétricos recrutamento de monócitos no espaço subepitelial, provocando eventos celulares devastadores ativação de mediadores químicos e lisossomas (lisossoma tipo2 tende a calcificação, gerando timpanoesclerose). Vias de disseminação: epitímpano posterior mesotímpano posterior epitímpano anterior. QUADRO CLÍNICO:QUADRO CLÍNICO: Sintomas variam de acordo com o tipo e localização inicial do colesteatoma: assintomáticos, otorréia franca característica paralisia facial otorréia purulenta constante, com ou sem laivos de sangue, fétida (odor de ninho de rato), hipoacusia Zumbidos (tons graves) plenitude auricular otorragia COLESTEATOMATOSACOLESTEATOMATOSA SEMIOLOGIASEMIOLOGIA No CAE otorréia com descamações perláceas e material queratínico; edema da mucosa da caixa e abundante tecido de granulação. DIAGNÓSTICO E CONDUTADIAGNÓSTICO E CONDUTA A OMC colesteatomatosa é uma patologia cirúrgica. O objetivo principal é a retirada do tumor e restauração de um ouvido sem otorréia. Objetivo secundário: recuperação funcional da função auditiva. Exames Audiométricos Realizar sempre pré e pós- cirurgia. A audiometria tonal demonstra hipoacusia condutiva progressiva. Radiologia Importantes para planejamento cirúrgico e recomendáveis em revisões de mastoidectomias. TC: Doosso temporal é hoje o exame de escolha; conduta: -diminuir a quantidade de otorréia. -retirar o tumor Colesteatoma Youtube:Dr. BRUNO TAGUCHI OTITE MÉDIA CRÔNICAOTITE MÉDIA CRÔNICA SILENCIOSASILENCIOSA (Paparella et al., 1980) : patologias inflamatórias da orelha média com progressão velada e mascarada, paradoxalmente, pela transparência de uma membrana timpânica intacta. Presença de alterações teciduais inflamatórias irreversíveis na fenda auditiva associadas a uma membrana timpânica íntegra aumento da vascularização da mucosa e submucosa, infiltrados inflamatórios agudos, ulcerações e tecido de granulação imaturo; e cicatriciais nos quais predominam a fibrose e a neoformação óssea. CASO CLÍNICOCASO CLÍNICO ILS, 44, feminina, do lar, queixava-se de plenitude súbita em orelha esquerda há um ano, seguida de otorreia diária, serossanguinolenta a mucopurulenta, com perda progressiva da audição e zumbido. Negava otorreia prévia, vertigem ou contato com tuberculoso. Tratamento prévio com amoxacilina/clavulanato, ciprofloxacina, e gentamicina/betametasona tópico. Portadora de lúpus, controlado com prednisona 10 mg/dia. Apresentava-se sem linfonodomegalia cervical, cavidade oral, faringe e rinoscopia normais, VII par normal. Otoscopia direita normal; esquerda com secreção mucosa, massa esbranquiçada no fundo do canal. Exames laboratoriais normais. Tomografia computadorizada: mastoides pneumatizadas, esquerda velada sem erosões. Audiometria: perda mista moderada ipsilateral. Suspeitou-se de otite média crônica supurativa (OMCS). Realizada timpanomastoidectomia, foram achados: tecido esbranquiçado friável em mastoide e orelha média, sem colesteatoma, erosão da bigorna, estribam mal-identificados. Realizada limpeza da mastoide, coleta de material e enxerto de fáscia. Ossiculoplastia para segundo tempo. Evoluiu com zumbido, deiscência progressiva da incisão, otorreia e paresia facial (recuperada em três semanas). Iniciou-se azatioprina e prednisona 40 mg. Dois meses depois a mastoide estava totalmente exposta (fig. 1). Suspeitou-se de tuberculose. O material coletado na cirurgia foi insuficiente para diagnóstico. Apresentou PPD não reator e raio-X torácico normal. Realizada biópsia pela incisão deiscente, que constatou extensa reação granulomatosa com células epitelioides e células gigantes multinucleadas com áreas focais necróticas. Pesquisa de fungos e BAAR negativas. Com esses dados optou-se pelo início de esquema antituberculose: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol por dois meses, seguido de rifampicina e isoniazida por sete meses.6 Após 30 dias já houve melhora da cicatrização (Fig. 1). Após três meses a incisão estava fechada. CASO CLÍNICOCASO CLÍNICO Incisão retroauricular deiscente. À esquerda, aspecto após 80 dias da cirurgia; à direita, 30 dias após início do tratamento para tuberculose mostrando melhora da cicatrização. investigação foi motivada pela evolução desfavorável (deiscência da incisão) OMT em lúpicos é muito mais comum que na população geral. Mesmo com a coleta de material abundante pela incisão deiscente o diagnóstico definitivo não foi possível, o que é compatível com a literatura que aponta dificuldade no diagnóstico etiológico, vindo a se confirmar somente pela pronta melhora da evolução após o início da medicação antituberculosa. imagem tomográfica revelou pneumatização normal da mastoide, não esperada em casos de OMCS DISCUSSÃODISCUSSÃO OMA TUBERCULOSA EM LÚPICOOMA TUBERCULOSA EM LÚPICO Incisão retroauricular deiscente. À esquerda, aspecto após 80 dias da cirurgia; à direita, 30 dias após início do tratamento para tuberculose mostrando melhora da cicatrização. Obrigada!