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MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Brasília - DF 2025 COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE EQUIDADE EM SEXUALIDADE E GÊNERO PARA O TRABALHO DO AGENTE DE SAÚDE MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE EQUIDADE EM SEXUALIDADE E GÊNERO PARA O TRABALHO DO AGENTE DE SAÚDE Brasília - DF 2025 Brasil. Ministério da Saúde. Compreendendo os conceitos de equidade em sexualidade e gênero para o trabalho do Agente de Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. – Brasília: Ministério da Saúde, 2025. xxxx p. : il. – (Programa Mais Saúde com Agente; E-book 10). Modo de acesso: World Wide Web: Incluir link ISBN xxxxxxxxxxxx 1. Conceitos de Gênero e Sexualidade. 2. Gênero e Saúde. 3. Políticas Públicas. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título. CDU xxx 2025 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Programa Mais Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br Tiragem: 2ª edição – 2025 – versão eletrônica Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Coordenação-Geral de Ações Estratégicas de Educação na Saúde Esplanada dos Ministérios Bloco O, 9º andar CEP: 70052-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-2596 E-mail: sgtes@saude.gov.br Secretaria de Atenção Primária à Saúde Departamento de Saúde da Família Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar CEP: 70058-90 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-9044/9096 E-mail: aps@saude.gov.br Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315.3874 E-mail: svsa@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE – CONASEMS Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico-Administrativo CEP: 70058-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3022-8900 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Av. 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Surita – CONASEMS Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde LTDA Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – CONASEMS Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno – CONASEMS Alexandre Itabayana – CONASEMS Caroline Boaventura – CONASEMS Icaro Duarte – CONASEMS Lucas Mendonça – CONASEMS Ygor Baeta Lourenço – CONASEMS Wellington Tadeu Aparecido Silva – CONASEMS Revisão linguística: Aline Ferreira de Almeida – CONASEMS Camila Miranda Evangelista - CONASEMS Fotografias e ilustrações: Biblioteca do Banco de Imagens do Conasems Imagens: Freepik Normalização: Luciana Cerqueira Brito - Editora MS/CGDI Valéria Gameleira da Mota – Editora MS/CGDI Ficha Catalográfica Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS xxxxxxxxx Título para indexação: Título em inglês 4 QR CODE COMO NAVEGAR NESTE E-BOOK Antes de iniciar a leitura do material, veja, aqui, algumas dicas para aproveitar ao máximo os recursos disponíveis. SUMÁRIO: uma forma rápida de acessar, facilmente, os capítulos. Quer retornar à lista do sumário? Basta clicar no ícone no canto superior da página. Sempre que surgir o QR CODE, aponte a câmera do seu celular para acessar o conteúdo. Você também pode clicar sobre ele com o botão direito do mouse para abrir em uma nova aba ou navegador. BEM-VINDO(A)! Este é o seu e-book da disciplina “Compreendendo os conceitos de equidade em sexualidade e gênero para o trabalho do(a) Agente de Saúde”. Neste material, você irá conhecer e refletir sobre dois aspectos que estão presentes no nosso cotidiano, tanto na nossa vida pessoal, quanto na nossa atuação profissional: gênero e sexualidade. Destacamos sobre como o gênero e a sexualidade têm implicações diretas sobre a saúde das pessoas, sendo fatores que podem explicar as diferenças entre as doenças mais frequentes entre homens e mulheres, por exemplo. Leia o material com atenção e consulte-o sempre que necessário! Lembre-se de acompanhar também as informações apresentadas na aula interativa e de realizar as atividades propostas para verificar o que conseguiu assimilar das informações apresentadas. Bons estudos! LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AIDS | Síndrome da Imunodeficiência Adquirida CIPD | Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento HIV | Vírus da Imunodeficiência Humana HSM | Homens que Fazem Sexo com Homens IBGE | Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LGBTQIAPN+ | Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais, Pansexuais, Não-Binárie e Outras MSM | Mulheres que Fazem Sexo com Mulheres OMS | Organização Mundial da Saúde ONGs | Organizações Não Governamentais PNAISH | Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem PNAISM | Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher SU M ÁR IO CONCEITOS: GÊNERO, IDENTIDADE DE GÊNERO, SEXUALIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E INTERSECCIONALIDADE 01 07 GÊNERO, SEXUALIDADE E SAÚDE 02 30 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS INIQUIDADES 03 37 RETROSPECTIVA 04 48 REFERÊNCIAS 05 51 capa capítulo 01 CONCEITOS: GÊNERO, IDENTIDADE DE GÊNERO, SEXUALIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E INTERSECCIONALIDADE 8 Os conceitos são como lentes que nos ajudam a ver com maior precisão uma determinada situação social. Eles nos auxiliam a compreender aspectos que muitas vezes estão na base de certos comportamentos, ou que estão na origem de algumas situações. Quando entendemos um conceito e olhamos uma realidade com as lentes deste conceito, somos capazes de perceber várias coisas que antes não conseguíamos identificar ou que não dávamos importância. Assim, embora pareça que os conceitos são só teorias, compreender estes conceitos nos ajuda a compreender melhor uma determinada situação e também nos orienta em como devemos intervirnaquela situação de forma a garantir uma melhor condição de saúde e qualidade de vida para os envolvidos. Muito se fala sobre conceitos a serem estudados, mas você sabe a importância deles? Convidamos você, Agente, a ler com muita atenção os conceitos que serão explorados neste material. Eles são fundamentais para você compreender relações e comportamentos que se desenvolvem na esfera familiar e nos relacionamentos em sociedade. 9 Muitas vezes confundido com o sexo (homem/mulher), o conceito de gênero é bem mais abrangente. Quando falamos de sexo, estamos nos referindo às características biológicas que diferenciam homens e mulheres, como os órgãos sexuais e reprodutivos, a capacidade de gestação e amamentação, por exemplo. Assim, são classificadas como pertencentes ao sexo feminino as pessoas que possuem útero, ovários, vagina. Já as pessoas que têm pênis, testículos e próstata são tidas como pertencentes ao sexo masculino. Contudo, apenas as características biológicas não dão conta de explicar os comportamentos dos homens e das mulheres, que são variáveis ao longo do tempo e também nas diferentes culturas. Gênero Por exemplo: foi só na década de 1960 que as mulheres passaram a usar de forma mais frequente calças compridas, pois até então era mais comum que elas usassem saias e vestidos. 10 Da mesma forma, podemos observar comportamentos que em algumas sociedades são considerados adequados para o masculino enquanto em outras, não. Um exemplo é o beijo no rosto entre homens, que na sociedade brasileira não é comum, mas em outros países, como na Argentina, é uma prática cotidiana. O conceito de gênero busca justamente dar conta da dimensão social e cultural que determina o que é considerado como feminino e masculino em determinada sociedade ou período histórico. O gênero é, assim, uma construção social, ou seja, é criado e produzido pela sociedade. A partir desta definição do que é feminino e masculino, a sociedade atribui papéis e comportamentos específicos para homens e mulheres. Este processo já se inicia na infância quando, por exemplo, determinamos que rosa é a cor do feminino e azul, do masculino; bonecas são para meninas e carrinhos, para meninos; quando estimulamos brincadeiras de luta entre meninos, e de “casinha”, entre as meninas. Em outras palavras, nós todos aprendemos desde cedo como devemos nos vestir, falar e nos comportar de acordo com o gênero. Os comportamentos que fogem deste padrão são estigmatizados, desvalorizados. Um outro ponto central do conceito de gênero é que ele traz consigo relações de poder, ou seja, de busca de dominação de um gênero pelo outro. Historicamente, temos que o polo dominante das relações de gênero é o masculino. Foi justamente buscando chamar a atenção para as desigualdades entre homens e mulheres que o conceito de gênero foi forjado no interior do movimento de mulheres como instrumento para denunciar as diferenças entre os direitos das mulheres e os direitos dos homens. O conceito de gênero é, desta forma, um instrumento para identificar e para dar visibilidade aos padrões impostos pela sociedade aos homens e às mulheres. Estes padrões definem posições, espaços e papéis sociais que, quando privilegiam um dos gêneros (em geral o masculino), produzem desigualdades sociais. É assim que, como mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres gastam muito mais horas com afazeres domésticos e cuidando de pessoas do que os homens. É importante compreender que, como o gênero é uma construção da sociedade, ele não é uma característica inata e nem tampouco imutável. Por isso ele deve ser compreendido sempre no contexto no qual se insere. Da mesma forma, o rendimento dos homens foi, em média, 21% maior do que o rendimento das mulheres. Clique aqui ou aponte a câmera do seu celular para o QR CODE. 11 Você sabia que, enquanto as mulheres gastam cerca de 21,3 horas semanais com essas atividades, os homens gastam 11,7 horas? https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39358-mulheres-pretas-ou-pardas-gastam-mais-tempo-em-tarefas-domesticas-participam-menos-do-mercado-de-trabalho-e-sao-mais-afetadas-pela-pobreza https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39358-mulheres-pretas-ou-pardas-gastam-mais-tempo-em-tarefas-domesticas-participam-menos-do-mercado-de-trabalho-e-sao-mais-afetadas-pela-pobreza Identidade de gênero Este termo nos auxilia a compreender a diversidade que existe na nossa sociedade no que diz respeito às combinações de sexo e gênero. Destas combinações derivam um conjunto de termos: Se considerarmos que o gênero não é um atributo natural, mas uma construção da sociedade, não há uma correspondência obrigatória entre o sexo biológico de uma pessoa e o gênero com o qual esta pessoa se identifica. A forma como a pessoa se identifica e expressa o gênero é chamada de “identidade de gênero”. São as pessoas cujo sexo biológico corresponde ao gênero – homens cis possuem sexo biológico masculino e se identificam com o gênero masculino; mulheres cis possuem sexo biológico feminino e se identificam com o gênero feminino. São as pessoas que não se identificam com o gênero atribuído ao seu sexo biológico – mulheres trans foram designadas ao nascer como pertencendo ao sexo masculino, mas se identificam com o gênero feminino; homens trans são as pessoas que foram designadas ao nascer como do sexo feminino e se identificam com o gênero masculino. CISGÊNERO TRANSGÊNERO 12 Agora que você já conhece o conceito de identidade de gênero, você estará mais atento(a) à diversidade de gênero presente em seu território de atuação e será um(a) agente de multiplicação deste conhecimento na comunidade. Vamos abordar agora sobre a Sexualidade! Apesar de ser um tema que ainda é um tabu na nossa sociedade, precisamos reconhecer que a sexualidade é uma dimensão importante da vida de todos nós. 13 Isso mesmo, Sebastião! A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância da sexualidade para a saúde e considera que a sexualidade não se reduz ao ato sexual (coito), mas engloba também as expressões de gênero, orientação sexual, prazer, erotismo, intimidade e reprodução. Neste sentido… Fatores biológicos, psicológicos, culturais e sociais (como questões econômicas, jurídicas, religiosas), interferem na vivência e na expressão da sexualidade. Assim, podemos compreender que, quando falamos de sexualidade, estamos tratando de um conjunto de normas, expressões, sentimentos e comportamentos que orientam e, muitas vezes, limitam as experiências no nível individual. 14 Já as meninas são reprimidas quando falam sobre sexo, não são estimuladas a ver e tocar na sua genitália, fazendo com que muitas mulheres não conheçam seu corpo e tenham dificuldades em sentir prazer. Um exemplo é a determinação de gênero na nossa sociedade que atribui aos homens a ideia de “necessidade” sexual, ao passo que as mulheres são tidas apenas sob a perspectiva da reprodução, como se as mulheres não “precisassem” ou mesmo não gostassem de sexo. 15 Esta associação faz com que os meninos sejam estimulados, desde cedo, a falarem sobre sexo, a se masturbarem e a terem experiências sexuais. Tradicionalmente, o termo “orientação sexual” tem sido utilizado para designar a direção do desejo sexual de um indivíduo. 16 Orientação sexual # 17 do mesmo sexo (homossexuais); do sexo oposto (heterossexuais); de ambos os sexos (bissexuais); que não sentem desejo por ninguém (assexuais). que têm atração afetivo-sexual por pessoas – não importando a identidade de gênero ou sexo biológico (pansexuais); Nesta perspectiva, os indivíduos podem se sentir atraídos sexualmente por pessoas: Surgem assim novas terminologiasque buscam distinguir as práticas sexuais, focando nos sexos biológicos: Homens que fazem Sexo com Homens (HSM), Mulheres que fazem Sexo com Mulheres (MSM) e homens e mulheres que fazem sexo com ambos os sexos. Aqui estamos na esfera das práticas sexuais. O termo “orientação sexual” não se limita ao sexo biológico, mas descreve o sentido da atração sexual, afetiva ou emocional do indivíduo, considerando sua identidade de gênero e a identidade de gênero dos(a)s parceiros(as) sexuais. Ele permanece vinculado à esfera do desejo e atração sexual, mas esta forma de compreensão permite entender que há uma maior variabilidade do que as três categorias nas quais as pessoas eram classificadas. A epidemia de HIV/Aids trouxe o questionamento destas classificações, destacando que é necessário separar as práticas sexuais dos indivíduos e sua identidade sexual. A sigla utilizada para designar as identidades sexuais e a orientação sexual é exemplar destas transformações, pois visa incluir as diferentes possibilidades, agregando ao longo do tempo novas identidades sexuais que reivindicam seus direitos. Hoje, para designar a variabilidade das identidades sexuais que divergem da identidade hegemônica, que é a heterossexual, temos a sigla LGBTQIAPN+. Inicialmente composta apenas por três letras GLT, esta sigla foi acrescentando novas letras, a fim de incluir outras identidades sexuais. 18 Você pode estar se perguntando, com razão, o que estas letras LGBTQIAPN+ significam e que grupos elas contemplam. Então vamos lá! Mulheres que se atraem sexualmente por pessoas do mesmo gênero (cis ou trans). Homens que se atraem sexualmente por pessoas do mesmo gênero (cis ou trans). Pessoas que se sentem atraídos por mais de um gênero (feminino e masculino). Inclui as pessoas que se identificam como travestis e transsexuais, ou seja, pessoas cuja identidade de gênero difere do sexo biológico atribuído no nascimento. Pessoas que não se enquadram nas normas tradicionais de gênero e/ou sexualidade, isto é, que transitam entre os gêneros e identidades sexuais. Pessoas que nasceram com características biológicas (como cromossomos, genitália, órgãos reprodutivos, hormônios) tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino. 19 Lésbicas L Gays G Bissexuais B Transexuais T Queer Q Intersexuais I É importante destacar que a visibilidade dos grupos incluídos na sigla que acabamos de conhecer é resultado de um longo processo de luta dos movimentos sociais organizados (movimento gay, movimento feminista, movimento travesti e de pessoas trans) pelo reconhecimento de seus direitos, seja na sociedade como um todo, seja na área da saúde. E para finalizar: Pessoas que se identificam por não sentir atração sexual, ou por se atraírem sexualmente apenas sob condições específicas. Pessoas que se atraem sexualmente por indivíduos de todos os gêneros e identidades de gênero. +: a inclusão do "+" busca contemplar outras possíveis identidades e orientações sexuais que não se identificam com as situações definidas pelas outras letras da sigla. Reconhece a diversidade das identidades e experiências sexuais. 20 Assexuais A Pansexuais P Não-Binárie N Engloba as identidades e expressões de gênero que fogem ao binarismo, como por exemplo agênero, gênero fluido, entre outros. O conceito de saúde sexual destaca a expressão da sexualidade como uma fonte de bem-estar físico, emocional e social. Isso significa que a sexualidade é considerada uma dimensão importante da saúde e da qualidade de vida das pessoas. Cabe à sociedade proporcionar e garantir que as experiências e práticas sexuais possam ser realizadas de forma segura e prazerosa, evitando doenças, disfunções, violência e discriminação. Saúde sexual 21 Destaca-se aqui que o exercício da sexualidade deve ser tratado na sua dimensão positiva, de proporcionar bem-estar e qualidade de vida às pessoas, isto é, na perspectiva da promoção da saúde. As políticas e os(as) profissionais de saúde devem trabalhar no sentido de orientar e fornecer insumos para que a sexualidade seja vivenciada sem os riscos de infecções sexualmente transmissíveis, gestações não desejadas, coerção, violência e discriminação. Trazendo este conceito para o cotidiano, o Caderno de Atenção Básica sobre Saúde Sexual e Reprodutiva do Ministério da Saúde destaca que: “A saúde sexual requer abordagem positiva e respeitosa da sexualidade, das relações sexuais, tanto quanto a possibilidade de ter experiências prazerosas e sexo seguro, livre de coerção, discriminação e violência. Para se alcançar e manter a saúde sexual, os direitos sexuais de todas as pessoas devem ser respeitados, protegidos e satisfeitos (Brasil, 2013, p. 49)”. Assim, quando falamos de saúde sexual, também estamos falando de direitos e, mais diretamente, dos direitos sexuais e reprodutivos, como veremos a seguir. 22 Direitos sexuais e reprodutivos Além da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, marcos importantes para os direitos sexuais e reprodutivos são a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo, em 1994, e a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Pequim, em 1995. A Conferência de Pequim reafirmou os acordos estabelecidos no Cairo e ainda avançou na definição dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como Direitos Humanos. A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, do Cairo, foi fundamental para colocar as desigualdades de gênero como elemento central das políticas de saúde e a relação entre saúde e direitos humanos. É a partir desta Conferência que se considera que é um direito das pessoas a tomada de decisões relativas à reprodução, cabendo aos Estados promover o acesso às informações, insumos e serviços para a garantia da saúde reprodutiva. Na Conferência do Cairo, foi incluído no documento final o conceito de “saúde sexual” como parte integrante da saúde reprodutiva. Assim, a partir da articulação entre movimento social (especialmente o movimento feminista), especialistas e representantes governamentais de diferentes países, consolida-se em tratados internacionais que se entende que a sexualidade e a reprodução integram o direito básico à saúde. Como direito, as pessoas têm autonomia para o exercício e a expressão da sexualidade e para a tomada de decisões reprodutivas, livres de qualquer forma de coerção, sanção ou discriminação. Aos Estados compete garantir, através de leis e políticas públicas, os direitos sexuais e reprodutivos. O que hoje conhecemos como direitos sexuais e reprodutivos são o resultado de uma série de tratados internacionais, isto é, de documentos através dos quais os países que assinam se comprometem a implementar leis e políticas para garantir estes direitos. 23 A partir dos princípios de saúde sexual e reprodutiva, bem como de autonomia na tomada de decisões, podemos citar, entre os direitos reprodutivos: o direito ao acompanhamento pré-natal e assistência obstétrica no parto e puerpério de qualidade. o direito de decidir, de forma livre e responsável, se quer ou não ter filhos, quantos deseja ter, o espaçamento entre os filhos e em que momento da vida deseja tê-los; o direito de acesso a informações, meios, métodos e técnicas de contracepção que sejam adequadas a cada pessoa e fase de vida; o direito a ter sua autonomia pessoal, privacidade e integridade corporal respeitada; o direito de ter relação sexual independente da reprodução; 24 Entre os direitos sexuais, podemos citar: 25 ● o direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições; ● o direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual; ● o direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças; ●o direito de viver a sexualidade, independentemente de estado civil, idade ou condição física; ● o direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual. ● o direito de expressar livremente sua orientação sexual; ● o direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis; ● o direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e um atendimento de qualidade, sem discriminação; ● o direito à informação e à educação sexual e reprodutiva; ● o direito de decidir se quer ter uma vida sexual ativa e quando quer dar início. Ao ler esses direitos, você, com certeza, identifica alguns deles que não são, ou não foram, respeitados entre as pessoas que você conhece ou que ainda são sistematicamente violados no território em que você atua. São exemplos frequentes de violações dos direitos sexuais e reprodutivos a discriminação em relação às pessoas transexuais na família ou na comunidade, a falta de informações de qualidade sobre a saúde sexual e reprodutiva, a não disponibilização de métodos contraceptivos adequados às adolescentes, entre outros. Como você pode constatar, não estamos falando aqui só de coisas teóricas, mas sim de políticas e de comportamentos que afetam diretamente a vida de todos(as) nós. Estes direitos, apesar de estarem definidos nos tratados internacionais que mencionamos e em políticas de saúde, como veremos ao longo desta disciplina, precisam também estar presentes e garantidos nos diferentes espaços e instituições nos quais as pessoas convivem, como a família, a escola, o trabalho, o serviço de saúde e os locais de lazer e sociabilidade. É hora de refletir! Pensando nestes exemplos, reflita sobre quais outras violações dos direitos sexuais e reprodutivos você identifica na sua comunidade. O serviço de saúde no qual você atua como profissional promove os direitos sexuais e reprodutivos? Se sim, de que forma? 26 Confira aqui a Cartilha elaborada pela Defensoria Pública da União sobre os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, ou escaneie o QR CODE ao lado. 27 Amplie seu conhecimento! https://direitoshumanos.dpu.def.br/wp-content/uploads/2021/07/cartilha_defesa_direitos_sexuais_reprodutivos-2021.pdf https://direitoshumanos.dpu.def.br/wp-content/uploads/2021/07/cartilha_defesa_direitos_sexuais_reprodutivos-2021.pdf https://direitoshumanos.dpu.def.br/wp-content/uploads/2021/07/cartilha_defesa_direitos_sexuais_reprodutivos-2021.pdf Interseccionalidade Para completar esta nossa incursão pelos conceitos, vamos falar um pouco sobre um outro termo que nos ajuda a compreender como que, na vida real, gênero, identidade de gênero e orientação sexual agem em conjunto com outras características dos indivíduos. Trata-se do conceito de interseccionalidade, que destaca que as diferentes identidades e pertencimentos sociais dos indivíduos não podem ser vistos de forma separada, pois é justamente a interação destes fatores que colocam os indivíduos em diferentes posições na sociedade. A combinação de características e identidades socialmente desvalorizadas agem no sentido de aumentar as desigualdades sociais. Por exemplo, se o gênero coloca as mulheres em uma posição de desvantagem social, as mulheres negras estão em posição de maior desvantagem, e se esta for uma mulher transsexual negra estará, possivelmente, em uma posição de maior vulnerabilidade social. O conceito de interseccionalidade é, como destaca a pesquisadora Carla Akotirene (2019), um instrumento que nos auxilia a perceber que o racismo, a misoginia (discriminação contra mulheres), a homofobia (aversão a homossexuais), a transfobia (aversão a pessoas transexuais) são inseparáveis e agem no sentido de colocar em posição de desigualdade social pessoas negras, mulheres, homossexuais, transexuais, entre outras identidades discriminadas socialmente. 28 Podemos identificar a interseccionalidade, por exemplo, nos dados divulgados pelo IBGE que revelam que as mulheres pretas e pardas, quando comparadas às mulheres brancas, gastam 1,6 hora a mais por semana em tarefas domésticas, são metade a completar o ensino superior e representam o dobro na situação abaixo da linha de pobreza. Como vemos, as mulheres negras (pretas e pardas) estão em situação de maior desvantagem quando comparadas às mulheres brancas. Esta desvantagem tende aumentar se estas mulheres se identificarem como pessoas LGBTQIAPN+. Clique aqui para saber mais sobre os dados de desigualdade de gênero e raça, ou aponte a câmera do seu celular para o QR CODE ao lado. E, no seu território de atuação, você consegue identificar a interseccionalidade? 29 https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39358-mulheres-pretas-ou-pardas-gastam-mais-tempo-em-tarefas-domesticas-participam-menos-do-mercado-de-trabalho-e-sao-mais-afetadas-pela-pobreza#:~:text=Em%202022%2C%20enquanto%20as%20mulheres,tarefas%20do%20que%20as%20brancas. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39358-mulheres-pretas-ou-pardas-gastam-mais-tempo-em-tarefas-domesticas-participam-menos-do-mercado-de-trabalho-e-sao-mais-afetadas-pela-pobreza#:~:text=Em%202022%2C%20enquanto%20as%20mulheres,tarefas%20do%20que%20as%20brancas. capa capítulo 02 GÊNERO, SEXUALIDADE E SAÚDE Se você refletir, irá perceber que os padrões de gênero e sexualidade nos quais nós somos socializados(as) e que são reafirmados pelas instituições sociais (escola, religião, família, serviços de saúde etc.), orientam em grande parte nosso comportamento. Assim, podemos pensar que o gênero e a sexualidade podem agir tanto no sentido de proteção, quanto no sentido de fatores de risco para determinadas doenças e agravos de saúde. Podemos identificar a influência dos padrões de gênero sobre a saúde e a doença a partir dos comportamentos, da oferta de serviços e cuidados em saúde e da distribuição das doenças na população. 31 Você deve estar se perguntando: mas afinal, o que todos estes conceitos que acabamos de estudar têm a ver com a saúde? Vejamos como o gênero se manifesta nestas diferentes situações: Os padrões de gênero interferem diretamente na forma como percebemos e interpretamos o corpo e suas alterações. Por exemplo, a dor, bem como sua expressão e publicização, é distinta para homens e mulheres. Na nossa cultura, os homens são, em geral, socializados para serem mais resistentes à dor, bem como a não manifestá-la publicamente. Já as mulheres podem expressar mais livremente a dor, bem como buscar ajuda para resolver este problema. Por outro lado, existem tipos de dor que são consideradas como naturais ao feminino e que, portanto, não requerem maiores cuidados, como a dor de cólica menstrual ou a dor do parto. 1- Na percepção e expressão de sintomas e sensações corporais 32 A percepção dos sinais corporais e de sua associação à doença também é determinada pelo gênero. Os homens tendem a negligenciar por maior tempo um conjunto de sintomas, antes de buscar auxílio. Só o fazem quando estes sintomas os impedem de trabalhar. Já as mulheres tendem a buscar algum recurso de forma mais precoce, quando da identificação dos primeiros sintomas. Há ainda a associação de algumas doenças com o gênero, como a Ansiedade e Depressão, associadas mais ao feminino, e o Alcoolismo ou as doenças cardiovasculares, ao masculino. As mulheres, na nossa sociedade, acabam tendo uma maior familiaridade com os serviços de saúde, pois são responsabilizadas pelo cuidado da família. Frequentam mais os serviços de saúde, especialmente os da Atenção Básica, levando os filhos, realizando pré-natal, fazendo exames preventivos. Já os homens tendem a adiar a procura de serviços de saúde, o que faz com que, muitas vezes, tenham que recorrer a serviços de pronto atendimento ou emergência. Estes comportamentos têm relação diretacom o diagnóstico oportuno ou tardio de determinada doença, por exemplo, a Aids. 2- Na busca de serviços de saúde Uma parcela importante das mulheres vivendo com HIV/Aids conhece seu diagnóstico no pré-natal e fazem o tratamento adequado, enquanto que os homens têm o diagnóstico mais tardiamente, quando muitas vezes já estão com o seu sistema imunológico bastante comprometido pela doença e com manifestações de doenças oportunistas, dificultando o tratamento. 33 Os padrões de gênero, por orientarem os comportamentos apropriados a cada gênero, podem expor as pessoas a determinadas situações que interferem na saúde. Por exemplo, a vinculação da masculinidade com a violência faz com esta seja uma das principais causas de morte de homens. O estímulo social de que os homens tenham várias parceiras(os) sexuais os expõe a uma maior prevalência de infecções sexualmente transmissíveis. No caso das mulheres, a cobrança de ideais de beleza faz com que adotem dietas de perda de peso que fazem mal para a saúde, desenvolvam transtornos alimentares (como a Bulimia e a Anorexia) e se submetam a procedimentos invasivos (cirurgias, como lipoaspiração) em busca do corpo desejável. 33- Na associação de alguns comportamentos e valores a um determinado gênero 4- No acesso a serviços e políticas públicas. Não podemos também nos esquecer de que o próprio sistema de saúde privilegia o gênero feminino e em uma perspectiva que associa a mulher à maternidade. As unidades de saúde são organizadas para acolher especialmente as mães e seus filhos. A saúde sexual das mulheres, dos homens e dos jovens tem pouco espaço nos serviços de saúde. Da mesma forma, as pessoas transexuais e as que se identificam no grupo LGBTQIAPN+ não se sentem acolhidas nos serviços. O horário de funcionamento das unidades de saúde é um outro fator que limita a participação masculina, visto que estes, muitas vezes, têm horários de trabalhos menos flexíveis que as mulheres, tendo dificuldade em comparecer aos atendimentos. 34 Uma parte importante dos agravos e doenças que acometem diferentemente homens e mulheres podem ser explicadas pelos papéis e expectativas de gênero que recaem sobre estes em cada contexto social. Tomemos o exemplo da mortalidade por causas externas (onde se incluem as mortes decorrentes de violência e acidentes de trânsito), que tradicionalmente são maiores nos homens do que nas mulheres. Não são mortes relacionadas ao sexo, mas sim aos padrões de gênero, pois os homens, na nossa sociedade, são mais estimulados a resolverem os conflitos pelo uso da violência, dirigirem em maior velocidade e se exporem mais ao risco. Por outro lado, se pensarmos em distúrbios do comportamento alimentar, como a Anorexia e a Bulimia, vemos que estes acometem especialmente mulheres adolescentes, que são as que socialmente são mais cobradas em relação aos padrões corporais. 35 5- Na distribuição epidemiológica das doenças O estigma e a discriminação direcionado especialmente às pessoas transexuais têm consequências importantes sobre a saúde mental, que se manifesta em altas taxas de depressão e suicídio. Outro importante agravo de saúde diretamente relacionado aos padrões de gênero e à identidade sexual é a violência doméstica e a violência sexual. As mulheres, assim como as pessoas transexuais, homossexuais e lésbicas, são as maiores vítimas. Clique no link, ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE e leia na íntegra o documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) intitulado Saúde Sexual, Direitos Humanos e a Lei. O material contempla temas como violência sexual, abuso sexual de crianças, LGBTfobia e discriminação em serviços de saúde que afetam a saúde sexual e a sexualidade. A forma diferente de tratar meninos e meninas pode também estar na raiz de uma série de situações e problemas de saúde. Por exemplo, a falta de diálogo sobre sexualidade com as jovens mulheres pode expor estas à gravidez precoce e a infecções sexualmente transmissíveis. Da mesma forma que a cobrança, em termos da heterossexualidade, pode gerar sofrimento mental em jovens gays, lésbicas ou transexuais. 36 https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/175556/9786586232363-por.pdf?sequence=8&isAllowed=y https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/175556/9786586232363-por.pdf?sequence=8&isAllowed=y https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/175556/9786586232363-por.pdf?sequence=8&isAllowed=y capa capítulo 03 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS INIQUIDADES DE GÊNERO E SEXUALIDADE Todos os agravos e problemas de saúde gerados pelos padrões de gênero e sexualidade são evitáveis, ou seja, podem ser evitados se nossa sociedade respeitar os direitos de todos(as), independente do gênero e da orientação sexual. Assim, não estamos tratando de um problema apenas biológico, mas essencialmente de um problema social, político e cultural. Para enfrentar este problema, faz-se necessário que ocorra a implementação de políticas públicas visando à garantia de tratamento respeitoso, adequado às necessidades e de qualidade a todas as pessoas, sejam estas cis ou transgênero, homens ou mulheres, heterossexual, bissexual, homossexual, lésbica, transexual, pansexual ou pertencente a qualquer outra identidade sexual. As principais políticas vigentes no país são as voltadas para a saúde integral das mulheres, dos homens e de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Primeiro é preciso reconhecer que nossa sociedade trata de forma desigual as mulheres, as pessoas transexuais e grupos com prática sexual que diverge da heterossexual. Neste sentido, políticas que visem promover a equidade de gênero e de sexualidade são fundamentais. Na área da saúde, estas políticas orientam o tratamento que deve ser dispensado, buscando contemplar as especificidades de cada grupo no sentido da promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos e assistência dispensadas. 38 A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), elaborada em 2004, e que é a consolidação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher de 1984, tem por objetivos promover a melhoria das condições de saúde, reduzir a morbidade e a mortalidade e ampliar, qualificar e prestar atenção humanizada e integral à saúde das mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta política busca promover e garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, oferecendo atenção pré-natal e obstétrica humanizada e de qualidade, planejamento reprodutivo, atenção aos casos de violência doméstica e sexual. Vamos agora falar sobre as políticas públicas? De acordo com as orientações da PNAISM, os serviços de saúde devem considerar as diferenças de fase de vida das mulheres, bem como suas especificidades culturais. Assim, devem incluir ações direcionadas para as adolescentes, mulheres adultas e idosas; contemplar as especificidades das mulheres negras, indígenas, quilombolas, do campo e também em situação de encarceramento. Ou seja, os serviços de saúde não devem se dedicar apenas às gestantes, mas atender também às necessidades das outras fases da vida das mulheres, como o climatério, ou ainda, incluir mulheres que não desejam ter filhos ou que já estão fora do período reprodutivo. Além da reprodução, os serviços de saúde, em seus diferentes níveis de atenção (primária, secundária e terciária), devem oferecer atenção às situações de violência doméstica e sexual, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, câncer, doenças crônicas e saúde mental. 39 Claro, Gerusa. Vamos lá! Você também, por conhecer bem as instituições de ensino, associações comunitárias, ONGs, praças, centros culturais e esportivos e instituições religiosas, pode propor parcerias, pois a promoção da equidade de gênero e dos direitos sexuais e reprodutivos não é uma tarefa apenas da saúde, mas deve envolver os diferentes segmentosda comunidade. Os serviços e profissionais da Atenção Básica à Saúde são fundamentais na implementação da política, pois estão mais habilitados a identificar as demandas específicas das mulheres de seu território. Como Agente de Saúde, você, com certeza, conhece as adolescentes de sua região de atuação, sabe quem são as gestantes e puérperas, tem contato com as mulheres mais velhas. Você pode ajudar o serviço de saúde a identificar as principais demandas destas diferentes mulheres e contribuir para o desenvolvimento de estratégias para promover a informação e o acesso aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva. O Caderno de Atenção Básica sobre Saúde Sexual e Reprodutiva traz uma série de orientações sobre atividades que podem ser desenvolvidas pelos serviços e profissionais da saúde no território. Leia e pense em como você, como Agente de Saúde, e o serviço no qual você atua, podem ser agentes promotores(as) da saúde integral das mulheres! 40 Para acessar o Caderno de Atenção Básica sobre Saúde Sexual e Reprodutiva, você pode clicar aqui ou apontar a câmera do seu celular para o QR CODE abaixo. Aproveite a leitura! Você também pode ler na íntegra a proposta da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE e se informe! 41 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_saude_reprodutiva.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_saude_reprodutiva.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf Um dos pontos importantes desta política é chamar a atenção dos serviços de saúde para a necessidade de se adaptarem às demandas masculinas, inclusive aquelas relacionadas ao horário de funcionamento, de forma a possibilitar o acesso ao público masculino, particularmente aos homens que trabalham. Destaca ainda a importância de engajar os homens no cuidado com a sua saúde e com a saúde de sua família. Como vimos, gênero não se refere apenas às mulheres. Os comportamentos masculinos também são determinados pelos padrões de gênero da nossa sociedade. Pensando nos homens, que na saúde tendem a serem vistos apenas sob a perspectiva das doenças associadas ao trabalho, o Ministério da Saúde elaborou uma política voltada às especificidades da saúde, doenças e agravos da população masculina. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), lançada em 2008, tem por objetivo promover ações com a perspectiva da humanização e da integralidade, voltadas à saúde dos homens. 42 A partir de dados científicos, a política destaca algumas situações que merecem atenção em relação à saúde masculina: a violência onde o homem é mais vulnerável, seja como ator ou como vítima; o uso abusivo de álcool, tabaco e drogas ilícitas; infecções sexualmente transmissíveis; alguns tipos de tumores que acometem mais a população masculina, como o do aparelho digestivo, do pulmão e da próstata. A fim de garantir a integralidade e humanização do cuidado, a política preconiza o acesso a serviços de diferentes níveis de atenção, buscando a resolutividade e o acompanhamento do usuário; atuação junto aos diferentes setores da sociedade visando à promoção da saúde e qualidade de vida; acesso à informação sobre prevenção, ao diagnóstico oportuno e ao tratamento de agravos e doenças. O texto da política ressalta os diferentes públicos masculinos que devem ser contemplados nas ações, como os jovens e adolescentes, as pessoas privadas de liberdade, com deficiência, idosos, entre outros. Abordar a saúde masculina em uma perspectiva de gênero implica em um trabalho multisetorial, onde a família, a escola, o trabalho e demais instituições devem atuar no sentido de promover a equidade de gênero e, ao mesmo tempo, coibir atitudes e comportamentos discriminatórios contra mulheres, transexuais, homossexuais ou qualquer outro grupo. Implica ainda em promover ambientes não violentos, onde todas as pessoas, independente do sexo, gênero ou orientação sexual, possam se expressar e serem respeitadas. 43 A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT), foi lançada em 2011 e é um importante marco na promoção da equidade de gênero e de identidade sexual no setor saúde. Busca contemplar as especificidades da população LGBTQIAPN+, bem como promover ações, a fim de evitar o preconceito e discriminação nos serviços de saúde. Através da Política Nacional de Saúde Integral LGBT, o Estado brasileiro pretende ampliar e qualificar o acesso deste grupo populacional nos diferentes níveis de assistência. Intenta ainda contemplar as necessidades específicas deste grupo, como é o caso, por exemplo, do uso de hormônios e das cirurgias de transgenitalização para as pessoas transexuais, de forma a garantir os direitos sexuais e reprodutivos da população LGBTQIAPN+ no âmbito do SUS. Para conhecer melhor a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, acesse o link ou aponte a câmera do seu celular para o QR CODE, ao lado, e faça o download. 44 E você, Agente de Saúde, tem dificuldade em abordar os homens? Você consegue identificar as demandas específicas dos jovens, dos homens adultos e idosos de sua comunidade? Estes homens frequentam o serviço de saúde? E quanto à saúde sexual e reprodutiva, há espaço para atividades educativas e de prevenção? Quais os espaços da comunidade que você considera adequados para abordar os adolescentes e jovens, os homens que trabalham durante o dia, os idosos? https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_saude_homem.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_saude_homem.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_saude_homem.pdf A implementação desta política nos estados e municípios implica em ações intersetoriais visando reduzir o preconceito e a discriminação de que este grupo é alvo na nossa sociedade. Portanto, é fundamental a articulação dos serviços de saúde com outras instituições sociais na promoção de ações educativas e de prevenção. O estigma e a discriminação estão diretamente relacionados aos altos índices de problemas de saúde mental, uso de álcool e drogas deste segmento da população. Os serviços de saúde têm sido, frequentemente, espaços de discriminação em relação às pessoas LGBTQIAPN+. Além de não terem suas demandas específicas acolhidas, as pessoas identificadas enquanto LGBTQIAPN+ são expostas a uma série de violências dentro dos serviços. Podemos citar, como exemplo, os olhares recebidos pelos profissionais ou ainda a referência ao nome civil, que muitas vezes não correspondem mais à identidade de gênero da pessoa. Chamar um homem transexual pelo nome civil feminino, ou uma mulher transexual pelo nome civil masculino, é uma grande violência. Para evitar isso, precisamos saber que a Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009, do Ministério da Saúde, que trata dos direitos e deveres dos usuários da Saúde no art. 4º, em seu parágrafo único, afirma que: “É direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou deficiência”. Implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT 45 Este simples gesto já é uma forma de acolhimento e sinaliza para a pessoa que você está sensível às questões de gênero e identidade sexual. E, ao contrário do que você poderia pensar, a maioria das pessoas não se sente ofendida quando questionada sobre a forma como prefere ser chamada.Leia a Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009, em sua íntegra, clicando aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE. A mesma Portaria orienta que os documentos utilizados nos serviços de saúde devem ter um espaço destinado ao registro do nome social, “independente do registro civil sendo assegurado o uso do nome de preferência, não podendo ser identificado por número, nome ou código da doença ou outras formas desrespeitosas ou preconceituosas”. Sim, Gerusa! Assim, a atitude mais correta e simples é sempre perguntar para a pessoa como ela prefere ser chamada, ou seja, que nome ela gostaria que fosse utilizado e quais os pronomes que devem ser utilizados: o/a, ele/ela. Para conhecer mais profundamente as especificidades e necessidades de saúde das pessoas transexuais, leia a publicação elaborada pelo Ministério da Saúde voltada a estas questões na esfera da Atenção Básica à Saúde. Clique aqui ou aponte a câmera do seu celular para o QR CODE ao lado. Você sabia que o cartão SUS pode ser feito com o nome social do(a) usuário(a)? 46 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/transexualidade_travestilidade_saude.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/transexualidade_travestilidade_saude.pdf Agora que você conhece mais sobre a política voltada à população LGBTQIAPN+, ou seja, que você já tem instrumentos para identificar as situações de preconceito e discriminação, reflita: Você já se deparou com situações de preconceito e discriminação de usuários(as) do serviço em função de sua identidade de gênero e/ou orientação sexual? Se sim, pense em como você pode contribuir para que estas situações não se repitam. Se não, identifique como o serviço acolhe os(as) usuários(as) deste grupo, de forma a garantir seus direitos. Por que devemos pensar em políticas de saúde em uma perspectiva de gênero? Clique aqui para assistir ao vídeo e aprender mais sobre o assunto ou aponte a câmera do seu celular para o QR CODE ao lado. 47 https://youtu.be/PoFcit60XR4?si=HahxpTLpUAZiwzLL https://youtu.be/PoFcit60XR4?si=HahxpTLpUAZiwzLL RETROSPECTIVA Como você pôde ver, grande parte dos problemas de saúde relacionados ao gênero e à sexualidade podem ser evitados, pois são produzidos pela forma como nossa sociedade atribui padrões e papéis sociais para homens e mulheres e para os relacionamentos afetivo e sexuais. Desta forma, a melhora da qualidade de vida e de saúde de homens, mulheres, sejam estes cisgênero ou transgênero, e das pessoas LGBTQIAPN+, implica em ações entre diferentes setores da sociedade, como saúde, educação, trabalho, justiça, entre outros. E é justamente aí que você, Agente de Saúde, tem um papel importante! Você, pela proximidade que tem com sua comunidade, pode articular estes diferentes setores no sentido da promoção de ações educativas continuadas, visando combater o preconceito e a discriminação, bem como promover a equidade de gênero. E não se esqueça do conceito de interseccionalidade, que nos orienta a olhar para as diferentes identidades que, juntas, podem colocar determinados grupos em situação de maior vulnerabilidade. Assim, quando pensar nestas ações, não deixe de considerar as pessoas negras, os(as) jovens, os(as) idosos(as), os(as) portadoras de deficiência e qualquer outro atributo que, na sua comunidade, seja um fator de exclusão social. Nesta disciplina, visitamos vários conceitos com o objetivo de identificar, compreender e desenvolver estratégias para promover a equidade de gênero e combater o estigma, o preconceito e a discriminação relacionados à orientação sexual, identidade de gênero e sexual. Conhecer estes conceitos e entender como eles afetam a saúde física e mental das pessoas é um passo importante para você ser não apenas um(a) Agente de Saúde, mas um(a) agente de mudança! 49 Pode ser você que, em uma visita domiciliar, ou nas andanças pelo território, identifique e acolha as necessidades das adolescentes, das mulheres, das pessoas LGBTQIAPN+. Se você estiver sensível a estas questões, será um elo importante para o acesso qualificado e humanizado de gênero e sexualidade em sua unidade de saúde e fará toda a diferença na vida das pessoas. Lembre-se das políticas públicas que estudamos, pois elas são o guia para orientar o caminho a ser adotado nos serviços de saúde. Aproprie-se destas políticas e seja um(a) agente que irá ajudar na implementação delas no seu território! Seja o protagonista da mudança que você quer ver! Até a próxima! 50 REFERÊNCIAS AKOTIRENE, C. Interseccionalidades. São Paulo: Sueli Carneiro: Pólen, 2019. BARATA, R. B. Relações de gênero e saúde: Desigualdade ou Discriminação? In: BARATA, R. B. Como e por que as desigualdades fazem mal à saúde. 2. reimpr. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2016. ISBN: 978-85-7541-184-1. Disponível em: http://www.livrosinterativoseditora.fiocruz.br/desigualdades/. Acesso em: 11 dez. 2024. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. 1. ed. 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 300 p. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26). ISBN: 978-85-334-1698-7. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. KIPNIS, B. Direitos LGBT+: a evolução do movimento e os debates na sociedade. Fundação FHC, 14 out. 2021. Disponível em: https://fundacaofhc.org.br/linhasdotempo/direitos-lgbtqia/?gad_source=1&gcli d=CjwKCAjwqMO0BhA8EiwAFTLgIAwSRKppg14u-i8_y7DzJUhoC7HHOBPJHqM9EG6v CHX7M2IX2PmzBxoC1fcQAvD_BwE. Acesso em: 11 dez. 2024. 52 http://www.livrosinterativoseditora.fiocruz.br/desigualdades/ https://fundacaofhc.org.br/linhasdotempo/direitos-lgbtqia/?gad_source=1&gclid=CjwKCAjwqMO0BhA8EiwAFTLgIAwSRKppg14u-i8_y7DzJUhoC7HHOBPJHqM9EG6vCHX7M2IX2PmzBxoC1fcQAvD_BwE https://fundacaofhc.org.br/linhasdotempo/direitos-lgbtqia/?gad_source=1&gclid=CjwKCAjwqMO0BhA8EiwAFTLgIAwSRKppg14u-i8_y7DzJUhoC7HHOBPJHqM9EG6vCHX7M2IX2PmzBxoC1fcQAvD_BwE https://fundacaofhc.org.br/linhasdotempo/direitos-lgbtqia/?gad_source=1&gclid=CjwKCAjwqMO0BhA8EiwAFTLgIAwSRKppg14u-i8_y7DzJUhoC7HHOBPJHqM9EG6vCHX7M2IX2PmzBxoC1fcQAvD_BwE Material Complementar DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos das Mulheres. Brasília: DPU, 2021. Disponível em: https://direitoshumanos.dpu.def.br/wp-content/uploads/2021/07/cartilha_defes a_direitos_sexuais_reprodutivos-2021.pdf. Acesso em: 21 jan. 2025. Gênero e Saúde, 2017. 1 vídeo (2 min 59 seg). Publicado pelo canal PAHO TV. Disponível em: https://youtu.be/PoFcit60XR4?si=HahxpTLpUAZiwzLL. Acesso em: 21 jan. 2025. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE; OLIVEIRA, D. C. de; POLIDORO, M. (coords.). Saúde Sexual, Direitos Humanos e a Lei. Tradução realizada por projeto interinstitucional entre Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal do Paraná. Porto Alegre: UFRGS, 2020. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/175556/9786586232363-por.pdf?sequ ence=8&isAllowed=y. Acesso em: 21 jan. 2025. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Gestão do Cuidado Integral. Guia de Saúde do Homem para os ACS. Brasília: Ministério da Saúde, 2024.Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_saude_homem_agentes_co munitarios_saude.pdf. Acesso em: 10 fev. 2025. Conte-nos o que pensa sobre esta publicação. Clique aqui e responda a pesquisa. 53 https://direitoshumanos.dpu.def.br/wp-content/uploads/2021/07/cartilha_defesa_direitos_sexuais_reprodutivos-2021.pdf https://direitoshumanos.dpu.def.br/wp-content/uploads/2021/07/cartilha_defesa_direitos_sexuais_reprodutivos-2021.pdf https://youtu.be/PoFcit60XR4?si=HahxpTLpUAZiwzLL https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/175556/9786586232363-por.pdf?sequence=8&isAllowed=y https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/175556/9786586232363-por.pdf?sequence=8&isAllowed=y https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_saude_homem_agentes_comunitarios_saude.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_saude_homem_agentes_comunitarios_saude.pdf https://customervoice.microsoft.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=00pVmiu1Ykijb4TYkeXHBcuyUSjBpEtCq8T0cY9k8jBUN0NRS0FYWVhDWjBKT1FUUUM5OFRLOVNPMS4u Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde bvsms.saude.gov.br