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LIVRO DO PROFESSOR VOLUME 4 1.a edição Curitiba - 2019 CLAUDIA REGINA KLUCK GISELE MAZZAROLLO SONIA DE ITOZ Presidente Ruben Formighieri Diretor-Geral Emerson Walter dos Santos Diretor Editorial Joseph Razouk Junior Gerente Editorial Júlio Röcker Neto Gerente de Produção Editorial Cláudio Espósito Godoy Coordenação Editorial Jeferson Freitas Coordenação de Arte Elvira Fogaça Cilka Coordenação de Iconografia Janine Perucci Autoria Gisele Mazzarollo Reformulação dos originais de Claudia Regina Kluck e Sonia de Itoz Edição de conteúdo Lysvania Villela Cordeiro (Coord.) e Michele Czaikoski Silva Edição de texto Giorgio Calixto de Andrade e Mariana Bordignon Strachulski de Souza Revisão João Rodrigues Consultoria Sérgio Rogerio Azevedo Junqueira Capa Doma.ag Imagens: ©Shutterstock Projeto Gráfico Evandro Pissaia Imagens: ©Shutterstock/ KanokpolTokumhnerd/Zaie Ícones: Patrícia Tiyemi Edição de Arte e Editoração Debora Scarante e Evandro Pissaia Pesquisa iconográfica Junior Guilherme Madalosso Ilustrações Dayane Raven e Danilo Dourado Santos Engenharia de Produto Solange Szabelski Druszcz Todos os direitos reservados à Editora Piá Ltda. Rua Senador Accioly Filho, 431 81310-000 – Curitiba – PR Site: www.editorapia.com.br Fale com a gente: 0800 41 3435 Impressão e acabamento Gráfica e Editora Posigraf Ltda. Rua Senador Accioly Filho, 500 81310-000 – Curitiba – PR E-mail: posigraf@positivo.com.br Impresso no Brasil 2020 Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil) © 2019 Editora Piá Ltda. K66 Kluck, Claudia Regina. Ensino Religioso : passado, presente e fé / Claudia Regina Kluck, Gisele Mazzarollo, Sonia de Itoz ilustrações Dayane Raven, Danilo Dourado Santos. – Curitiba : Piá, 2019. v. 4 : il. ISBN 978-85-64474-88-8 (Livro do aluno) ISBN 978-85-64474-89-5 (Livro do professor) 1. Educação. 2. Estudo religioso – Estudo e ensino. 3. Ensino fundamental. I. Mazzarollo, Gisele. II. Itoz, Sonia de. III. Raven, Dayane. IV. Santos, Danilo Dourado. V. Título. CDD 370 SUMÁRIO 1 Proposta pedagógica ______________ 4 Concepção de ensino _______________________ 4 Objetivos __________________________________ 8 Avaliação __________________________________ 8 Organização didática _______________________ 9 Referências ________________________________ 12 2 Orientações metodológicas ________ 13 Ritos para cada momento ___________________ 13 Ritos para além da vida _____________________ 20 Encontrando o sagrado na arte ______________ 29 Descobrindo a divindade ____________________ 36 D ay an e Ra ve n. 2 01 6. D ig ita l. PROPOSTA PEDAGÓGICA ENSINO RELIGIOSO CONCEPÇÃO DE ENSINO A coleção Passado, presente e fé para o Ensino Religioso tem por princípios a valorização e o respeito à diversidade cultural, com vistas à promoção dos direitos humanos e da cultura da paz. De acordo com a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (UNESCO, 2002), a cultura adquire formas diversificadas no tempo e no espaço, o que se manifesta na originalidade e na pluralidade dos grupos humanos, atuando como fonte de intercâmbios, de inovação e de criativi- dade. Assim, a diversidade cultural constitui patrimônio comum da humanidade e deve, portanto, ser reconhecida e respeitada em benefício das gerações presentes e futuras. A pluralidade religiosa é um aspecto da diversidade cultural presente no mundo e também no Brasil. Sua abordagem nos nove anos do Ensino Fundamental pode favorecer o aprimoramento da pessoa humana e da convivência social. Nesse intuito, a escola mostra-se um espaço privilegiado para a construção do conhecimento religioso e da tolerância por meio do diálogo, da reflexão e do respeito mútuo. Historicamente, o conhecimento religioso tem sido objeto de estudo de teologias e ciências, como História, Sociologia, Psicologia, Antropologia, Geografia e, mais recentemente, Ciência da Religião. O Ensino Religioso, por sua vez, permeia o espaço escolar desde o momento em que o Estado passou a ocupar-se da educação dos cidadãos. Assim, na Europa do século XVIII, organizou-se um sistema educacional em que o ensino da religião era visto como meio de educar os cidadãos para valores como humildade, generosidade, paciência, equilíbrio e piedade. O instrumento básico para tanto era o catecismo católico, por meio do qual se realizavam a instrução religiosa e também a alfabetização. No Brasil, a introdução oficial do Ensino Religioso no currículo escolar ocorreu em 1827, sendo, então, conferida à escola a função de ensinar leitura, escrita, as quatro operações, os números decimais, proporção, introdução à geometria, gramática da língua portuguesa, princípios da moral, doutrina católica e História do Brasil, além de favorecer a leitura da Constituição do Império. Com a Proclamação da República, em 1889, o Ensino Religioso foi retirado do currículo das escolas públicas brasileiras e retornou apenas em 1931. Nas Constituições posteriores, permaneceu como componente obrigatório para as escolas e optativo para os estudantes, condição confirmada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/96) e, mais recentemente, pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que lhe concede o status de área do conhecimento, juntamente com Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Além disso, a BNCC afirma que o fenômeno religioso constitui “um dos bens simbólicos resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da vida e da morte” (BRASIL, 2017, p. 434). 4 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Esses documentos demonstram a relevância do Ensino Religioso para os currículos escolares do Ensino Fundamental, uma vez que se favorecem a compreensão e o respeito às diversidades cultural e religiosa do povo brasileiro. O artigo 32 da LDB estabelece como objetivo para o Ensino Fundamental a formação básica do cidadão com base nos seguintes aspectos: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno do- mínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de co- nhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. (BRASIL, 1996) A BNCC, por sua vez, defende para o Ensino Fundamental o desenvolvimento de competências e habilidades que possibilitem concretizar os direitos de aprendizagem das crianças e dos jovens. Esse documento propõe a organização dos componentes curriculares por meio das categorias: competências, unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades. Assim, orienta um processo de ensino e aprendizagem do conhecimento histórico-cultural para o desenvolvimento de valores humanos, ou seja, propõe o desenvolvimento da sensibilidade, do diálogo, da tolerância e da convivência pacífica, respeitando as pluralidades cultural e religiosa brasileira. Também reconhece a relação do conhecimento religioso com a busca humana de respostas para questões existenciais básicas: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Qual é o sentido da existência? Como principal referência para a abordagem do conhecimento religioso no Ensino Fundamental, a BNCC elege a Ciência da Religião, uma vez que esta, como disciplina autônoma, “possibilita a análise diacrônica e sincrônica do fenômeno religioso, a saber, o aprofundamento das questões de fundo da experiência e das expressões religiosas, a exposição panorâmica das tradições religiosas e as suas correlações socioculturais” (SOARES, 2009, p. 3). Ao compreender o ser humano como um ser complexo,quando há transformação, desejo de vida, de dignidade, e assim por diante. O símbolo pode ficar exposto para que alunos de outras turmas também coloquem suas flores. Página 58 8 Convide o professor de Arte, de História ou mesmo um artista plástico para explicar sobre arte em vitrais, mosaicos, ícones de diferentes religiões. Se alguns alunos frequentarem espaços que tenham essas expressões artísticas, peça fotos ou convide alguém dessa comunidade religiosa para explicá-las. Se possível, visite algum espaço que contemple esse tipo de arte na cidade em que eles vivem. Página 60 Atividades 9 Reproduza uma música suave para que os alunos pintem a mandala e elaborem uma imagem artística. Isso auxilia na concentração e na expressão de sentimentos. Sugestão de atividades Uma alternativa é propor a cada aluno que, em uma folha A3, crie sua mandala e enfeite-a com papéis coloridos, formando um mosaico. As mandalas produzidas podem ficar expostas para toda a turma apreciar. Página 61 10 A dança e a música fazem parte das religiões. A dança religiosa pode ser coletiva ou individual, mas essencialmente proporciona a conexão com o sagrado, a fé e a divindade. Pergunte aos alunos se recordam de cenas de filmes que tenham a dança como tema e em que momentos ela acontecia. Explique que, na Antiguidade, o ser humano utilizava a dança para expressar gratidão, pedir proteção, etc. 31LIVRO DO PROFESSOR Página 62 Brincar e aprender 11 Atividade a Providencie a música escolhida pela turma para a dança circular. Oriente os alunos a formar uma roda e solicite a eles concentração. No início, eles podem fazer os gestos individualmente, nos próprios lugares; por exemplo: um passo para frente, juntar os pés, um passo para trás, dois passos para a direita e um passo para a esquerda, juntar os pés e iniciar novamente. Em um segundo momento, os gestos devem ser feitos por todos juntos, de mãos dadas. Incentive os alunos a se manterem concentrados. Quando todos estiverem alinhados e em sintonia, peça a eles que fechem os olhos. Depois, eles podem repetir os movimentos sem as mãos dadas. Se for possível gravar a atividade, o vídeo pode ser apresentado à turma durante o diálogo proposto na atividade 2. Atividade b Durante a exposição das opiniões dos alunos, organize uma roda de conversa. Nela, comente a sintonia coletiva e a capacidade de não repreender quem teve dificuldades, mas continuar a dança até que essa pessoa se sentisse bem. Depois, questione os alunos: O que sentiram ao realizar essa dança? É possível dançar sem pensar no outro? Quando vocês conseguiram dançar tendo confiança nos outros? Como sabiam que podiam dançar com as mãos soltas e, ao mesmo tempo, em sintonia com o grupo? Sugestão de atividades Aprofunde a experiência da dança em roda propondo uma dança circular propriamente dita. Dê aos alunos os seguintes comandos: Fechem os olhos. Ouçam os sons e a música que vêm de fora. Vamos dançar para nos movimentarmos. Circulem para a direita. Deixem o corpo leve e girem em sintonia, com vocês mesmos, com os outros e com o Universo. Se alguém errar o gesto, mantenham os olhos fechados, prossigam e logo o passo será acertado. Crie passos para ensinar aos alunos. A dança pode ser simples, como um passo à direita, outro à esquerda e um para frente, e assim sucessivamente. Depois que todos estiverem dançando em sintonia, podem soltar as mãos e continuar fazendo o mesmo movimento. À medida que os alunos se sentirem mais seguros, é possível colocar outra música e criar outros passos com o auxílio deles. Atividades 12 Organize a turma em quatro grupos. Para cada grupo, distribua uma das seguintes tarefas: Grupo 1 Perguntar em casa, em um clube ou em uma associação: • Que danças culturais são feitas em nossa cidade ou região? • Quem ou o que as danças homenageiam? • Que tipos de roupa os integrantes usam? 32 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Grupo 2 Perguntar em casa, na igreja ou na escola: • Que danças religiosas existem em nossa cultura local? • Quem mantém a cultura dessas danças? • Que tipos de roupa os integrantes usam? Grupo 3 Pesquisar, em livros ou na internet, informações a respeito dos diferentes povos indígenas que vivem no Brasil e responder: • Qual é a função da dança para os povos indígenas? • Como os povos indígenas se preparam para as danças? • Em que local ocorrem as danças de uma comunidade indígena? Grupo 4 Procurar, na internet, um vídeo que exiba duas ou mais crianças dançando, uma delas com alguma restrição a movimentos que a maioria das crianças está acostumada a fazer. Depois de assistir ao vídeo, discutir sobre o que ele apresenta e responder às questões: • Como se apresentam as crianças do vídeo? • O que a dança é capaz de mostrar nesse vídeo? • Por que a dança pode ser sagrada? Explique aos alunos que as perguntas que farão precisam ter o acompanhamento de um adulto. Também é possível que cada integrante do grupo faça a pesquisa em casa e, na aula, as respostas obtidas sejam reunidas. O registro no caderno é importante para que as informações não se percam e os alunos possam consultar as informações quando necessário. Após a pesquisa, eles devem mostrar aos colegas as informações obtidas. Auxilie os grupos a resumir as informações para a apresentação oral. Dê um tempo para que possam ensaiar oralmente e fiquem seguros em sua demonstração. Combine uma forma de apresentação dinâmica e interativa. Use mídias digitais, cartazes, danças, roupas caracterizadas e o que mais a criatividade dos alunos propor. Seguem algumas informações a respeito das danças sagradas e das danças rituais indígenas. • A dança pode ser sagrada quando praticada como um rito voltado para o transcendente. É um rito que acontece em lugares sagrados ou em momentos de busca para estar próximo da(s) divindade(s). • As danças sagradas são praticadas para invocar o auxílio dos deuses ou para lhes agradecer. Eles são invocados com danças nas mais diversas situações: nascimentos, casamentos, ritos de pas- sagem, morte, guerra, colheita, etc. 33LIVRO DO PROFESSOR • Os ritos dos povos indígenas nunca estão separados da vida cotidiana. Para esses povos, a dinâmica da vida e do Universo, em permanente movimento cíclico, torna-se o movimento ritualístico da natureza. Sendo assim, celebram as épocas de colheitas, caça e pesca, entre outros momentos importantes da vida. Em seus ritos, há diferentes elementos simbólicos, como danças, cantos, pinturas corporais, adornos e vestimentas de materiais diversos, extraídos da natureza, todos de grande relevância. As cores mais usadas são o vermelho, o preto e o branco, cujas tintas são extraídas do urucum, do jenipapo, do carvão, do barro e do calcário. Conforme a tradição de cada etnia, a música é executada por meio de cantos e de instrumentos construídos com madeira, casca de frutas, bambu e outros materiais disponíveis. • Os povos indígenas valorizam suas tradições e sentem a necessidade de cultuar suas crenças por meio de ritos sagrados, em que o canto e a dança constituem os principais elementos. Além disso, a dança tem grande influência na vida social desses povos, simbolizando tudo o que acontece, as situações que ameaçam a saúde, as vitórias nas guerras e nas caçadas, o triunfo no amor, etc. A dança indígena constitui uma “dança dramática” para agradecer a colheita, marcar a passagem do jovem à idade adulta, saudar aqueles que chegam à aldeia, entre outros motivos especiais e sagra- dos. Ressalte aos alunos que, apesar de algumas semelhanças nos gestos de diferentes grupos (como bater mais forte um dos pés no chão, em um compasso binário, para marcar o ritmo da dança e da música), o significado muda de uma dança indígena para outra, em decorrência da história que se está representando. Página 63 Fazer o bem 13 Antes de ler o texto, busque e reproduza o vídeo que mostra as duas crianças dançando. Em seguida, converse com os alunos acerca dos sentimentosque tiveram e os de quem estava dançan- do. Depois, leia a história e a relacione com o vídeo. Sugira também a eles que pesquisem outras danças realizadas por pessoas com deficiência. Depois, discutam e reflitam sobre estas questões: • O que mais chamou a atenção nas danças? • O que pode impedir uma pessoa de dançar? • O que motiva as pessoas com deficiência a dançar? Sugestão de atividades Organize os alunos em quatro grupos. Cada grupo escolhe uma música para dançar. Verifique se a música escolhida é adequada para a idade deles e se traz valores construtivos. Proponha o seguinte desafio: um componente de cada grupo deverá simular algum tipo de deficiência (vendar os olhos, amarrar um braço ou dois para que não possa utilizá-lo(s), usar fone de ouvido, estar em uma cadeira de rodas, etc.). Os grupos deverão criar uma coreografia e executá-la com todos os componentes dançando. Em seguida, conversem sobre a experiência. É possível que essa atividade precise de um tempo maior em razão dos ensaios. Além disso, é im- portante organizar uma data para a apresentação de todos os grupos, se possível, perante outras 34 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 turmas. Registre a apresentação em fotos e/ou vídeos para ser apreciada pelas crianças. Avalie com os alunos as facilidades e as dificuldades em realizar a coreografia. Peça a eles que registrem no caderno as dificuldades e as facilidades que experimentaram nos ensaios e na apresentação, bem como a conclusão que tiraram da atividade. Revisite o capítulo com os alunos. A cada página, questione a turma sobre as lembranças e indague o que de significativo se construiu com o estudo. Relembrem juntos a identidade religiosa de cada um deles e o conhecimento ampliado de outras tradições religiosas que tiveram ao longo do capítulo. Finalize destacando a importância de que mantenham sua própria crença, sempre respeitando as outras religiões. Sugestões para o professor Leitura • BRITO, Daiane. Os cemitérios mais turísticos do mundo. Disponível em: . Acesso em: 24 fev. 2019. O artigo traz imagens e revela as principais características de cemitérios considerados pontos turísticos em diferentes lugares do mundo. Pode servir como recurso para a atividade (1) sugerida na página 29 das orientações didáticas, item 2. Áudio • BRITTO, Sérgio de; AFFONSO, Álvares; SILVER, Eric. Epitáfio. Intérprete: Titãs. In: TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001. 1 CD, digital, estéreo. Faixa 6. A faixa Epitáfio propõe uma reflexão sobre a vida e a necessidade de aproveitá-la. A respeito dessa letra, foi sugerida uma atividade (2) na página 30 das orientações didáticas, item 2. 35LIVRO DO PROFESSOR A unidade temática estabelecida pela BNCC que norteará o quarto capítulo é Crenças religio- sas e filosofias de vida e o objeto de conhecimento abordado será Ideia(s) de divindade(s). Na abertura do capítulo, os personagens são representados realizando gestos que simbolizam a busca de conexão com a divindade. Em seguida, serão abordados os conceitos de “transcendência”, “transcendente” e “divindade”, bem como os nomes dados às divindades nas diferentes religiões e a especificidade do Budismo, que não apresenta a crença em Deus ou deuses. Cada aluno parte de sua crença individual e de sua ideia de transcendente de modo que, ao conhecer outros conceitos de divino, tem a possibilidade de compreender melhor o conceito de di- vindade presente em sua religião. Além disso, o capítulo possibilita aos alunos compreenderem como a transcendência se manifesta na realidade da vida, na história humana e nas expressões culturais. Sugestão de número de aulas: 8 Orientações didáticas Página 65 1 Convide os alunos a observar as páginas de abertura do capítulo e questione-os: Que gesto os personagens estão fazendo? O que esses gestos representam? Você costuma realizar algum gesto como esses? Página 66 Ponto de partida 2 Indague os alunos com as perguntas propostas e aproveite as respostas deles para construir novas problematizações. Incentive-os a desenhar detalhes sobre a ideia de divindade que têm. Peça a cada um deles que justifique e relacione o seu desenho com o dos colegas. Crie com eles cate- gorias para agrupar os desenhos, tais como: imagens de Deus como rei, velhinho ou que tenham elementos de fábulas e histórias infantis; representação da divindade com símbolos do seu grupo religioso; representação de Deus ou da divindade na natureza ou nas pessoas. Analise os desenhos dos alunos de acordo com os estágios da fé descritos por James Fowler. Ele menciona seis estágios e um pré-estágio, identificados com um modelo em espiral, pois cada etapa impulsiona a seguinte. As crianças pequenas costumam relacionar a divindade à ideia de rei ou velhinho por associarem as histórias infantis ao conceito de autoridade que estão construindo. Para crianças maiores, tais características estão ligadas à simbologia do grupo religioso a que pertencem. Já os jovens e os adultos costumam representar formas de abstração, como Deus em tudo, na natureza, no coração das pessoas, etc. Não há certo ou errado, apenas o desenvolvimento que o indivíduo realiza de acordo com as problematizações de sua própria família, comunidade religiosa e escola. Identifique, a seguir, as características de cada estágio de fé e qual deles contempla a faixa etária dos alunos. CAPÍTULO DESCOBRINDO A DIVINDADE4 36 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 O pré-estágio inicia com o nascimento e vai até os dois anos. A confiança e a desconfiança desenvolvida nos primeiros anos de vida são importantes para que se possa sustentar a passagem para outros estágios. Aqui surgem as primeiras imagens de Deus. O primeiro estágio chama-se fé intuitivo-projetiva, que ocorre dos 3 aos 7 anos. Esta fase é fantasiosa e imitativa, pois a criança é influenciada pelos exemplos, histórias e ações. A criança começa a perceber a existência da morte. As imagens de fé são transmitidas pelas figuras de socialização. Deus é imaginado de forma antropomórfica. Os perigos deste estágio surgem quando a imaginação da criança cria imagens de terror e de destrutividade, conscientemente ou não. A transição desta fase para outro estágio acontece quando a criança se preocupa com a diferenciação do que é real e do que é imaginário. O segundo estágio é chamado de fé mítico-literal, ocorrendo em média dos 7 aos 11/12 anos. É a partir deste estágio que a criança começa a contar suas próprias histórias, porém ainda não consegue produzir conclusões a respeito do sentido da vida. Porém, a criança já consegue discernir o que é real e o que é fantasia. Neste estágio a criança começa a compreender o significado de um grupo religioso e assumir esta identidade, dando um significado mais elaborado a sua experiência espiritual. O Deus mágico, o velhinho com barbas, não existe mais, pois a criança passa a encontrar estas projeções no pai, avô, no idoso. A transição para o próximo estágio acontece quando a criança percebe contradições entre o conflito nas histórias e o conflito na vida adulta. O terceiro estágio é a fé sintético-convencional, que acontece dos 12 aos 18 anos. É muito importante a presença dos adultos e do tipo de ambiente para a formação do adolescente neste período. Pois é através da construção das relações e da definição de papéis que o adolescente poderá encontrar o caminho da sua real essência. A autoridade está externa à própria pessoa. O quarto estágio, chamado fé individuativo-reflexiva, acontece aproximadamente dos 19 aos 25 anos. Neste estágio, o jovem continua com a desmitologização da fé, procurando racionalizá- -la, distanciando-se criticamente dos valores a que antes aderia e desenvolvendo um estilo próprio de vida. Neste estágio, o jovem decide sozinho, não mais utilizando as escolhas do grupo.Algumas dúvidas são frequentes nos processos de decisão (ou/ou), num aparente dilema entre fé individualista ou fé comunitária, ocorrendo um duplo desenvolvimento. Neste estágio, o jovem inicia a estruturação do ego. Apenas mais tarde, com trinta ou quarenta anos, é que se finaliza essa estrutura. O estágio três, evoluindo para o estágio quatro, tem como objetivo a estruturação das responsabilidades, do estilo de vida, das atitudes, das crenças. Nessa perspectiva, a fé é uma qualidade intrínseca do ser humano, ajudando-o a sentir-se integrado com o universo e dando sentido para sua vida. A fé não tem necessariamente um cunho religioso; porém, a crença em uma religião pode ser um dos meios pelos qual a fé se expressa. O quinto estágio é a fé conjuntiva. Neste estágio, as pessoas já conseguiram vencer suas grandes dúvidas e dilemas. A vida está repleta e voltada para o sentido, ainda com capacidade crítica, porém só confia em si mesmo. Por fim, o estágio da fé universalizante. As pessoas, neste estágio, perguntam-se ao extremo sobre o sentido da vida, podendo ter dois desfechos: buscar sentido e não encontrar, desesperando-se, assim; ou basear-se em um sentido último, produzindo, então, a integridade. FOWLER, James. Os estágios da fé: psicologia do desenvolvimento humano e busca de sentido. São Leopoldo: Sinodal, 1992. 37LIVRO DO PROFESSOR O ser humano procura transcender o seu cotidiano. Conforme afirma Leonardo Boff, transcendente é o que vai além, que supera. Para Fowler, transcendência é a possibilidade de ultrapassar limites físicos, materiais e simbólicos. No aspecto religioso, transcender relaciona-se com o que vai além da realidade concreta e visível. Assim, a busca da transcendência está relacionada com aproximar- -se do sagrado, ou de Deus, e isso pode ser feito de diversos modos, como por meio da oração, da meditação, do trabalho solidário, das boas obras, etc. Sugestão de atividades Providencie balas diferentes para todos os alunos da turma, preferencialmente balas que eles não conheçam. Primeira etapa: 1. Entregue balas somente a alguns alunos. Instrua aqueles que ganharam a bala para que a colo- quem na boca com o intuito de degustá-la, mas sem mastigá-la. 2. Proponha os seguintes questionamentos aos alunos que receberam a bala: • A bala é macia ou dura? • Ela é gostosa? • Que sabor ela tem? • É parecido com o sabor descrito na embalagem da bala? Em seguida, pergunte aos alunos que não receberem a bala: • Conseguem imaginar o sabor que a bala tem? • Conseguem imaginar se ela é gostosa? • Estão com vontade de comer a bala? Por quê? Página 68 Conversar e fazer juntos 3 Auxilie os alunos nas atividades para definir, associar e diferenciar os termos “Deus”, “divindade”, “divino”, “transcendência”, “transcender” e “transcendente”. Peça a eles que desenhem o que seria cada definição e construam juntos uma definição própria por meio de mapa conceitual. Em segui- da, oriente-os a organizar os desenhos em forma de diagrama, utilizando flechas para relacioná-los, como no exemplo a seguir. Transcender Divino Transcendência Divindade Transcendente Deus 38 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 3. Solicite aos alunos que estão com a bala que a comam. Deixe um minuto para que a saboreiem e observe as reações deles para utilizá-las na problematização. 4. Para os alunos que comeram a bala, pergunte: • Gostaram da bala? • Ela é melhor do que estavam imaginando? • Será que é melhor imaginar apenas ou saborear? Segunda etapa: 1. Entregue balas aos alunos que não as comeram anteriormente. Eles poderão comê-las. 2. Questione-os: • A bala é como imaginavam? • Se tivessem recebido a bala por primeiro e logo a saboreassem, será que ela teria o mesmo sabor que tem agora? O intuito é que os alunos percebam que experimentar a bala é muito bom. Às vezes, há pessoas que não querem a bala; outras vezes, há pessoas que a querem muito, mas não a conseguem por algum motivo. Nesse sentido, somente experimentando a bala é possível saber se ela é boa ou não. 3. Como relacionar a dinâmica das balas com a ideia do transcendente, de acreditar em alguma divindade? • As balas eram iguais ou diferentes? Existem diferentes transcendentes? • O que é preciso para conhecer e sentir a divindade no coração? • Como vocês relacionam isso com a bala? Página 69 Você sabia? 4 Ressalte que a ideia de divindade já era representada em pinturas rupestres. Nesse contexto, os xamãs exerciam o papel de aproximação dos primeiros povos com as divindades em questão. O importante é que os alunos compreendam que, em diferentes épocas e lugares, os seres humanos sentiram a necessidade do divino. Sugestão de atividades Prepare uma tinta natural para a atividade (barro, beterraba, etc.). Entregue a cada aluno um palito sem ponta e um pouco de tinta – a medida de uma tampinha de garrafa de PET é o suficiente. Diga aos alunos que serão os “moradores das cavernas” e peça a eles que registrem em um papel algum símbolo que possa representar um tipo de poder da natureza ou uma divindade. 39LIVRO DO PROFESSOR Página 70 Atividades 5 Atividades 1 e 2 As atividades podem ser realizadas em dupla ou individualmente para que sejam observados os conhecimentos prévios dos alunos. Ao conversar sobre transcendência e divindade com eles, faz-se necessário considerar as seguintes variações entre as religiões: • Cristianismo – Para os católicos e a maioria dos evangélicos, Deus é o criador de todas as coisas e é, ao mesmo tempo, Pai (Deus), Filho (Jesus) e Espírito Santo. • Espiritismo – Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, conceito presente no Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec. Não se crê que Jesus seja Deus, mas um espírito que passou por várias encarnações até se tornar um espírito puro. • Judaísmo – Deus é o criador e legislador que propôs as leis civis e religiosas da Torá, por meio do profeta Moisés. Seu nome não deve ser pronunciado, por que é sagrado, mas aparece nas escrituras como Yhwh. • Islamismo – Allah é absoluto e recebe no Corão 99 nomes ou atributos que enfatizam que Ele é a origem de todas as qualidades positivas do Universo. Alguns desses nomes são: Al-Gahani (rico e infinito), Al-Muhyi (doador da vida) e Al-Alim (conhecedor de tudo). • Hinduísmo – Há milhares de divindades. Os deuses reencarnam e são representados sob diferentes formas. Os mais importantes compõem uma tríade, formada por Brahma (deus da criação), Vishnu (o que preserva) e Shiva (destruidor e recriador). • Budismo – Não concebe a figura de uma divindade. O caminho para alcançar o sagrado depende das ações do indivíduo. A ideia de deus é substituída pelas forças que regem o Universo. • Candomblé – Olorum é o deus supremo e criador dos Orixás (entidades africanas responsáveis pela ligação entre o mundo espiritual e o terreno). Ele não interfere no funcionamento do Universo, que fica a cargo dos Orixás. Olorum incumbiu Oxalá, o mais sábio deles, de criar todas as coisas, mas a Terra acabou sendo criada por Oduduá. Oxalá criou as pessoas e outros seres vivos. • Umbanda – Tem os mesmos Orixás do Candomblé, mas eles não se manifestam no culto. Nestes, quem se apresenta aos médiuns são os Guias, que se dividem em Índios, Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças. REVISTA das Religiões. 7. ed. São Paulo, mar./abr. 2004. Atividade 3 Observe atentamente se os alunos mantiveram sua opção religiosa e se desenvolveram a imagem de transcendente. Esse tipo de atividade se repete, pois é necessário continuar reforçando a iden- tidade religiosa dos alunos, respeitando a família e as crenças particulares. 40 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Página 72 6 Divida a turma em grupos de acordo com o número de frases citadas no Livro do aluno. As frases são das três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo (por ordem crono- lógica de surgimento). Cada grupo receberá uma frasepara realizar a compreensão e apresentá-la à turma. Interaja com os grupos para auxiliá-los com exemplos. Na apresentação, os alunos podem fazer perguntas e dar exemplos. O intuito é que eles compreendam que, embora haja diferentes visões do transcendente, Deus é único para as três religiões. Essa conclusão e outras que surgirem podem ser registradas no caderno. Página 73 7 Explore os significados da palavra “mistério” e utilize os exemplos que os alunos citarem sobre filmes e livros para a problematização. Em seguida, organize a turma em círculo de modo que todos estejam em pé e proponha uma atividade lúdica. Explique a atividade dizendo que todos vão contar uma história. Esta deverá conter um mistério, que poderá ser desvendado ou não. Ressalte que não vale pular a vez de falar. A história deve ser iniciada pelo professor. Por exemplo: “Era uma vez em uma pacata cidade do interior de Lindanópolis, uma...”. Com isso, passe a palavra a um aluno, que deve continuar a história e, em seguida, passá-la para o próximo colega continuá-la até chegar ao último aluno. Depois da brincadeira, converse com os alunos sobre o sentido da palavra “mistério”. Ela deriva do grego mýein, que significa “fechar especialmente os olhos”, para manter segredo no que é visto. Atualmente, embora o significado dessa palavra tenha mudado, a ideia de “segredo” ainda se mantém. 8 Realize a leitura de A história do “Grande Espírito” procurando mudar o tom de voz nas diferentes partes do texto para que a narração tenha emoção. Depois, faça uma breve retomada com os alunos a fim de que relembrem tudo o que foi relatado nele. Questione-os sobre em que parte da história existe mistério e por que eles pensam assim. O objetivo é ampliar a compreensão do conceito de mistério por meio de um exemplo. Atividades 9 A história sugere que a conexão com a divindade ocorre com o reconhecimento do outro e da partilha com ele. Converse com os alunos, indagando se a crença deles em seus transcendentes também evoca esses gestos. Discutam a segunda pergunta, buscando exemplos do cotidiano. 41LIVRO DO PROFESSOR Página 74 Fazer o bem 10 Investigue uma instituição que necessite de materiais, alimentos, etc. Organize um período para esta campanha, avise os pais ou responsáveis sobre ela e prepare os alunos para divulgá-la nos se- tores da escola e nas turmas. Escolha um espaço para guardar as doações e contabilize com eles o que foi recebido. Se possível, realizem a doação in loco ou convidem representantes da instituição para receber os donativos na escola, possibilitando a participação dos alunos até o final da atividade. Registre as diversas etapas desta por meio de fotos. Ao final, proponha uma avaliação individual, perguntando aos alunos: • Você se envolveu na campanha? Conseguiu trazer doações? • Você conseguiu imaginar as pessoas que estão precisando de sua ajuda? • O passo a passo da atividade foi organizado? Qual foi a sua contribuição em relação a isso? • O que você aprendeu com essa atividade? • Se a atividade fosse realizada novamente, você gostaria de modificar algo? O quê? Solicite a eles que registrem, no caderno, uma breve conclusão da atividade em dois parágrafos. Atividades 11 Após a busca no dicionário, discuta e reflita com os alunos sobre o significado da palavra “trino”. Explore a imagem para que eles compreendam a ideia de um Deus que é um e três concomitantemente. Página 75 Brincar e aprender 12 Com antecedência, solicite aos alunos que tragam massa de modelar e um jornal para cobrir a mesa e evitar sujá-la. Proponha essa atividade de acordo com as orientações do Livro do aluno, a fim de tornar concreta a compreensão deste Deus que é “um” e, ao mesmo tempo, “três”. Página 77 13 Relembre os alunos dos conceitos de “divindade”, “transcendente” e “deus”. Em filmes, desenhos e novelas, há a presença de diferentes divindades e inclusive a crença nelas. Com isso, aproveite o conhecimento prévio dos alunos para que consigam estabelecer relações concretas sobre o assunto. No Hinduísmo, há também uma ideia de divindade trina. Brahma realiza o equilíbrio entre Vishnu e Shiva, criando assim Brahman. Mas como existem muitos deuses na Índia, as pessoas se identificam mais com alguns deles, dependendo da região. 42 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Sugestão de atividades 1. Caso os alunos se interessem por mitos, explore essa temática relacionando-a com o assunto estudado. Nesse sentido, podem ser utilizados diferentes recursos para contar e explorar os mitos. Assim, escolha alguns com elementos que possam interessar a eles; por exemplo, mitos gregos, romanos, egípcios, persas, nórdicos, africanos ou indígenas. Conte a história um pouco por dia e/ou leia trechos de mitos para que eles se interessem sobre o que acontecerá no decorrer dela. 2. Outra possibilidade de atividade é levar mitos resumidos aos alunos. Divida-os em grupos para que façam a leitura deles. Depois, devem transformar o resumo em uma apresentação de teatro (com falas, indicação de cenário e música, figurino, etc.). Auxilie-os na produção da escrita e no ensaio teatral. Se possível, leve-os para ensaiar em um palco ou auditório. Dessa maneira, essa atividade pode ser apresentada aos pais e responsáveis e/ou a outras turmas. 3. Aproveite a contação de história do mito ou o resumo para que os alunos, em duplas, produzam uma história em quadrinhos a fim de representá-lo. Organize com eles um rascunho e, depois, solicite uma versão definitiva da representação em quadrinhos da história. Essa representação pode ser feita em forma de desenho, colagem ou, ainda, de imagens produzidas com o auxílio de programas de computador que os alunos saibam utilizar (como Paint, CorelDRAW, etc.). Se possível, exponha na escola as histórias criadas por eles. 4. Caso haja, na região ou na própria escola, mitos locais, é possível explorá-los por meio de narra- tivas. Assim, os alunos podem entrevistar pessoas mais velhas sobre os mitos da região, buscar detalhes acerca das histórias e remontá-las em sala de aula com os elementos trazidos pelas pessoas por meio da criação de um texto coletivo. Dessa ideia, pode-se criar um flyer relatando resumidamente os mitos locais. A escrita pode ser desenvolvida no computador, impressa e, depois, divulgada em outras turmas para ser objeto de leitura e, quem sabe, estudo orientado pelos professores. Página 79 Você sabia? 14 No hinduísmo, a vaca não é uma divindade, mas é considerada sagrada. Reflita com os alunos sobre o papel desse animal, para que não haja distorções. Em duplas, eles devem realizar uma pes- quisa na internet buscando manchetes e/ou reportagens a respeito do assunto. Página 80 Brincar e aprender 15 O objetivo do jogo é sistematizar o conhecimento dos alunos sobre os nomes das divindades das diferentes religiões estudadas. Divida a turma em duplas, organize com elas um pequeno en- velope para que possam guardar as peças depois de finalizar o jogo. Auxilie-as nas nomenclaturas. 16 Ao finalizar o ano, é importante revisar com os alunos o livro desde as páginas iniciais. Relembre com eles todas as tarefas e as leituras que fizeram. Solicite a eles que resumam o que aprenderam. Depois, faça a leitura da página e confirme o que apresentaram sobre esse aprendizado. 43LIVRO DO PROFESSOR Sugestões para o professor Leitura • AGUIAR, Luiz A. Monstros mitológicos. São Paulo: Quinteto Editorial, 2007. Essa coletânea de mitos pode ser usada como recurso para a realização da atividade proposta na orientação didática. • BOFF, Leonardo. Crise: oportunidade de crescimento. São Paulo: Verus, 2002. Nessa obra, o autor defende a tese de que, para o enfrentamento das crises contemporâneas, é necessária uma nova experiência espiritual com o intuito de se estabelecerem novos valores para o ser humano e também para o planeta. • FOWLER, James. Os estágios da fé: psicologia do desenvolvimento humano e busca de sentido. SãoLeopoldo: Sinodal, 1992. Fowler evidencia a ideia da fé como sentido da vida e a analisa em paralelo com os teóricos Erik Erikson e Jean Piaget, apresentando seis estágios da fé com exemplos. • CALDAS, Roberto. A menina das borboletas. São Paulo: Paulus, 1990. Uma história contada apenas com imagens em que uma menina cultiva uma flor, enfrentando dificuldades para mantê-la viva. A riqueza simbólica dos personagens pode ser interpretada como a presença de Deus na vida das pessoas. • RISKE-KOCH, Simone; OLIVEIRA, Lílian B.; POZZER, Adecir (Org.). Ensino Religioso e o fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz ocidental. In: ______. Ensino Religioso: capacitação para um novo milênio. Florianópolis: Saberes em Diálogo/Fonaper, 2017. v. 6. Esse caderno foi desenvolvido para uma capacitação de professores do componente de Ensino Religioso. Ele aborda como deve ser apresentado o fenômeno religioso na escola, com enfoque na matriz ocidental, nos seguintes aspectos: Cristianismo oriental e ocidental, o pensamento cristão, modelos culturais, Cristianismo no Brasil e um olhar sobre a religiosidade atual. Esse material pode ser solicitado no site do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper). 44 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Filme Importante: Professor, recomendamos que você assista aos filmes e avalie a adequação deles antes de exibi-los aos alunos. • TODO-PODEROSO. Direção de Tom Shadyac. EUA: Universal Pictures/Buena Vista International, 2003. 1 DVD (101 min), son., color. Bruce tem uma vida perfeita até o momento em que as coisas começam a dar errado. Ele passa a questionar Deus, problematizando seu jeito de comandar a Terra. Então, Deus resolve dar todos os seus poderes a Bruce. O filme é do gênero comédia, porém instiga os alunos a pensar sobre as verdades religiosas que são passadas de geração em geração. 45LIVRO DO PROFESSOR Referências AGUIAR, Luiz A. Monstros mitológicos. São Paulo: Quinteto Editorial, 2007. BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. BOYES-WATSON, Carolyn; PRANIS, Kay. Círculos em Movimento. Tradução de Fátima Debastiani. Porto Alegre: Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, 2015. BRANCHER, Leoberto (Coord.). Programa de formação voluntários da paz: material instrucional. Caxias do Sul: Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Versão final. Brasília: MEC/SEB, 2017. ______. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: . Acesso em: 23 fev. 2019. ______. Lei nº. 9.475, de 22 de julho de 1997. Dá nova redação ao art. 33 da Lei n°. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: . Acesso em: 23 fev. 2019. FERREIRA, Aurélio B. de H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010. FOWLER, James. Os estágios da fé: psicologia do desenvolvimento humano e busca de sentido. São Leopoldo: Sinodal, 1992. GILBERT, Monique. Amigos de fé: para responder às perguntas das crianças sobre as religiões. São Paulo: SM, 2006. GONÇALVES, Ana M.; PERPÉTUO, Susan C. Dinâmica de grupos na formação de lideranças. 6. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. LAMM, Rabi M. A maneira judaica de morrer. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2019. MAYER, Canésio S. J. Viver e conviver: dinâmicas e textos para diferentes momentos. São Paulo: Paulus, 1997. MENEZES, Rachel A.; GOMES, Edlaine de C. Seu funeral, sua escolha: rituais fúnebres na contemporaneidade. Revista de Antropologia, v. 54, n. 1, São Paulo: USP, 2011. 46 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 MIRANDA, Bruce-Mitford. O livro ilustrado dos símbolos: o universo das imagens que representam as ideias e os fenômenos da realidade. São Paulo: Publifolha, 2005. NOVA Bíblia Viva. São Paulo: Mundo Cristão, 2010. PELIKAN, Jaroslav. A imagem de Jesus ao longo dos séculos. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2000. RISKE-KOCH, Simone; OLIVEIRA, Lílian B.; POZZER, Adecir (Org.). Ensino Religioso e o fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz ocidental. In: ______. Ensino Religioso: capacitação para um novo milênio. Florianópolis: Saberes em Diálogo/Fonaper, 2017. v. 6. ROSHI, Monja C. Arte de morrer – Budismo – Zen Budismo. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2019. STACEY, Aisha. Ritos funerários no Islã: toda a alma provará o sabor da morte. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2019. YOZO, Ronaldo Y. K. 100 Jogos para grupos: uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clínicas. São Paulo: Ágora, 1996. 47LIVRO DO PROFESSOR M AP A CU RR IC UL AR IN TE GR AD O – EN SI NO R EL IG IO SO – 4° . A NO Ca pí tu lo Co nt eú do s p riv ile gi ad os Un id ad es te m át ica s Ob je to s d e co nh ec im en to Ha bi lid ad es Liv ro d id át ico 1. RITOS PARA CADA MOMENTO • C ad a u m te m os se us rit os • N as cim en to e ini cia çã o r eli gio sa • C as am en to : d ois qu e s e t or na m um M an ife sta çõ es re lig ios as Ri to s r eli gio so s EF 04 ER 01 – Id en tif ica r r ito s p re se nt es no co tid ian o p es so al, fa m i- lia r, e sco lar e co m un itá rio . Po nt o d e p ar tid a, p. 8; At ivi da de s, p. 9; Co nv er sa r e fa ze r j un to s, p. 19 ; At ivi da de s, p. 21 EF 04 ER 02 – Id en tif ica r r ito s e su as fu nç õe s e m di fer en te s m an ife s- ta çõ es e tra diç õe s r eli gio sa s. At ivi da de s, p. 11 ; C on ve rsa r e fa ze r jun to s, p. 15 ; A tiv ida de s, p. 16 ; At ivi da de s, p. 23 2. PARA ALÉM DA VIDA: RITOS DE PASSAGEM • E ta pa s d a v ida • C er im ôn ia fin al • E de po is? D ife re nt es re sp os ta s pa ra o pó s-m or te M an ife sta çõ es re lig ios as Ri to s r eli gio so s EF 04 ER 03 – Ca ra cte riz ar rit os de in ici aç ão e de pa ssa ge m em di ve r- so s g ru po s r eli gio so s ( na sci m en to , c as am en to e m or te ). Co nv er sa r e fa ze r j un to s, p. 32 ; At ivi da de s, p. 35 ; A tiv ida de s, p. 37 3. ENCONTRANDO O SAGRADO NA ARTE • O s m ist ér ios da vi da e da m or te na s c ult ur as • A ar te e as re lig iõe s • A da nç a e o sa gr ad o M an ife sta çõ es re lig ios as Ri to s r eli gio so s EF 04 ER 04 – Id en tif ica r a s d ive rsa s f or m as de ex pr es sã o d a e sp iri - tu ali da de (o ra çõ es , c ult os , g es to s, ca nt os , d an ça , m ed ita çã o) na s dif er en te s t ra diç õe s r eli gio sa s. Br inc ar e ap re nd er, p. 51 ; A tiv ida de s, p. 54 e 55 Re pr es en ta çõ es re lig ios as na ar te EF 04 ER 05 – Id en tif ica r r ep re se nt aç õe s r eli gi os as em di fe re nt es ex pr es sõ es ar tís tic as (p in tu ra s, ar qu ite tu ra , e sc ul tu ra s, íco ne s, sím bo lo s, im ag en s), re co nh ec en do -a s c om o p ar te da id en tid ad e de di fe re nt es cu ltu ra s e tr ad içõ es re lig io sa s. Po nt o d e p ar tid a, p. 48 e 49 ; At ivi da de s, p. 57 ; A tiv ida de s, p. 60 ; Br inc ar e ap re nd er, p. 62 ; A tiv ida de s, p. 62 4. DESCOBRINDOA DIVINDADE • O qu e é tr an sce nd ên cia ? • D eu s u no -tr ino • D eu s n o p lur al Cr en ça s r eli gio sa s e fil os of ias de vi da Id eia (s) de div ind ad e( s) EF 04 ER 06 – Id en tif ica r n om es , s ign ifi ca do s e re pr es en ta çõ es de div ind ad es no s c on te xt os fa m ilia r e co m un itá rio . Po nt o d e p ar tid a, p. 66 ; C on ve rsa r e faz er ju nt os , p . 6 8; At ivi da de s, p. 70 e 71 EF 04 ER 07 – Re co nh ec er e re sp eit ar as id eia s d e d ivi nd ad es de dif er en te s m an ife sta çõ es e tra diç õe s r eli gio sa s. At ivi da de s, p. 72 ; A tiv ida de s, p. 73 ; At ivi da de s, p. 74 ; B rin ca r e ap re nd er, p. 80 48 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4integrado, a BNCC define o indiví- duo como ente constituído de “imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (dimensão subjetiva, simbólica)” (BRASIL, 2017, p. 436). Ambas as dimensões, de forma associada, propiciam a cada um relacionar-se com os demais, com a natureza e com o transcendente. Essas relações, múltiplas e dialógicas, possibilitam ao indivíduo compreender-se como igual aos outros, em sua humanidade, e como diferente deles, em sua singularidade. 5LIVRO DO PROFESSOR Portanto, as unidades temáticas previstas na BNCC e descritas a seguir contemplam uma cosmovisão que favorece a compreensão da estrutura das religiões e de conceitos fundamentais nelas presentes, bem como das formas de expressão que influenciam as relações sociais por meio dos costumes, das tradições e da linguagem. • A unidade temática Identidades e alteridades, especialmente contemplada nos Anos Iniciais, promove o reconhecimento da singularidade e da importância de cada indivíduo (subjetivi- dade). Ao mesmo tempo, é reforçada a compreensão de suas conexões com os outros seres humanos (alteridade), identificando as semelhanças e as diferenças em uma perspectiva de coexistência. Logo, essa unidade temática proporciona os primeiros reconhecimentos das dimensões imanente e transcendente que integram o patrimônio cultural humano, o que se realiza por meio da identificação de diversos costumes, crenças, formas de viver e símbolos. • A unidade temática Manifestações religiosas possibilita a abordagem de informações acerca de componentes do fenômeno religioso, como: espaços sagrados, símbolos, ritos, representações religiosas, formas de expressão da espiritualidade (orações, cultos, gestos, cantos, danças, meditações), práticas celebrativas, indumentárias, alimentos e objetos con- siderados sagrados, bem como líderes religiosos e suas formas de atuação. • A unidade temática Crenças religiosas e filosofias de vida, cuja abordagem se intensifica nos Anos Finais, fomenta a compreensão, a valorização e o respeito em relação às diversas experiências religiosas, possibilitando identificar, reconhecer, analisar e discutir o fenômeno religioso com base em seus elementos estruturantes: os mitos (que estabelecem relações entre a imanência e a transcendência), as crenças, as narrativas religiosas (orais e escritas), as doutrinas religiosas (princípios e valores das diversas tradições), os códigos ético e moral (balizadores de comportamento dos adeptos) e as ideias de imortalidade (como ancestrali- dade, reencarnação, ressurreição e transmigração). Também integram essa unidade temática as relações possíveis das tradições religiosas com a esfera pública (política, saúde, economia, educação), as mídias e a tecnologia. Os quadros a seguir destacam as unidades temáticas e os objetos de conhecimento previstos pela BNCC para os nove anos do Ensino Fundamental. Além disso, ao final de cada volume anual, as orientações didáticas trazem um mapa curricular integrado, que explicita os conteúdos e as atividades propostos para a abordagem desses elementos, bem como as habilidades da BNCC contempladas em relação a eles. 6 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Anos Unidades temáticas Objetos de conhecimento 1.º ano Identidades e alteridades O eu, o outro e o nós Imanência e transcendência Manifestações religiosas Sentimentos, lembranças, memórias e saberes 2.º ano Identidades e alteridades O eu, a família e o ambiente de convivência Memórias e símbolos Símbolos religiosos Manifestações religiosas Alimentos sagrados 3.º ano Identidades e alteridades Espaços e territórios religiosos Manifestações religiosas Práticas celebrativas Indumentária religiosa 4.º ano Manifestações religiosas Ritos religiosos Representações religiosas na Arte Crenças religiosas e filosofias de vida Ideia(s) de divindade(s) 5.º ano Crenças religiosas e filosofias de vida Narrativas religiosas Mitos nas tradições religiosas Ancestralidade e tradição oral 6.º ano Crenças religiosas e filosofias de vida Tradição escrita: registro dos ensinamentos sagrados Ensinamentos da tradição escrita Símbolos, ritos e mitos religiosos 7.º ano Manifestações religiosas Místicas e espiritualidades Lideranças religiosas Crenças religiosas e filosofias de vida Princípios éticos e valores religiosos Liderança e direitos humanos 8.º ano Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, convicções e atitudes Doutrinas religiosas Crenças, filosofias de vida e esfera pública Tradições religiosas, mídias e tecnologias 9.º ano Crenças religiosas e filosofias de vida Imanência e transcendência Vida e morte Princípios e valores éticos 7LIVRO DO PROFESSOR OBJETIVOS No artigo 33, a LDB determina o “respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil”. Nessa pers- pectiva, a coleção Passado, presente e fé tem como objetivo central promover o conhecimento e a reflexão acerca do fenômeno religioso em âmbito mundial e, especialmente, em suas manifestações no Brasil. Para isso, contempla os objetivos de ensino e aprendizagem indicados pela BNCC: a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos; b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito de promoção dos direitos humanos; c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal; d) Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da cidadania. (BRASIL, 2017, p. 436) Cabe ressaltar, ainda, a importância de respeitar e fortalecer a identidade religiosa de cada educando, uma vez que o direcionamento religioso de crianças e jovens é prerrogativa das famílias e das instituições religiosas. A escola, por sua vez, pode contribuir para a formação cidadã das novas gerações por meio do estímulo às compreensões reflexiva e analítica das manifestações religiosas, promovendo a cultura da paz e a valorização dos direitos humanos, conforme o princípio constitucional da liberdade de crenças, ideias e consciência. Nesse sentido, Aragão e Souza (2017, p. 19) apontam que o Ensino Religioso: “[...] está assumindo essa responsabilidade de oportunizar o acesso aos saberes e conhecimentos produzidos pelas diferentes tradições espirituais e cosmovisões religiosas enquanto patrimônios da história humana.” “ AVALIAÇÃO O conhecimento religioso é bastante complexo, pois, além das especificidades do seu objeto (o transcendente), envolve elementos histórico-culturais e ainda a dimensão psíquico-afetiva de in- divíduos e grupos identitários. Esse conhecimento demonstra que a experiência religiosa humana, em sua diversidade, constitui um dos caminhos percorridos por diferentes grupos e sociedades em busca de respostas para os problemas fundamentais da existência. Ao defrontar-se com a finitude e com a possibilidade de conduzir a vida por variadas direções, apresenta-se aos seres humanos a necessidade de encontrar uma explicação para a morte e um sentido para a vida. Nesse contexto, as religiões despertam a esperança de superação da morte e indicam valores para orientar a vida, conferindo-lhe uma finalidade e um significado. Além disso, a experiência religiosa pode ser considerada “humanizante”, ou seja, capaz de tornar cada um mais sensível aos outros e mais consciente da condição humana compartilhada com eles. Uma experiência dessa natureza é, portanto, indissociável de uma consciência ética. 8 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Dayane Raven. 2016. Digital. Logo, os processos de ensino e aprendizagem do conhecimento religioso requerem metodologias e estratégias capazes de ampliar a consciência e a valorização da identidade dos educandos, assim comoo respeito aos diversos grupos identitários que compõem o seu contexto sociocultural. Em todas as etapas desse processo, inclusive na avaliação, deve-se ter presente o desenvolvimento das seguintes competências, estabelecidas pela BNCC para o Ensino Religioso: 1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos. 2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas expe- riências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios. 3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida. 4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver. 5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da eco- nomia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente. 6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discri- minação e violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz. ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA A observação do(s) fenômeno(s) religioso(s) faz parte da realidade do educando antes mesmo de seu ingresso no sistema escolar, seja por uma opção familiar, seja pelo contexto social que o circunda. A coleção Passado, presente e fé parte desse pressuposto para oportunizar a compreensão reflexiva e analítica de diferentes manifestações. Com esse propósito, os con- teúdos são explorados por meio de textos e atividades, que, por sua vez, organizam-se didati- camente em seções e ícones, considerando as especificidades de cada nível de ensino. 9LIVRO DO PROFESSOR Para o Ensino Fundamental – Anos Iniciais Ícones Pesquisa Caderno Você sabia? Atividade coletiva Atividade oral P Apresenta diferentes recursos e atividades com o propósito de fazer um levantamento dos co- nhecimentos prévios dos alunos acerca dos conteúdos que serão trabalhados no capítulo. Por meio de propostas lúdicas, busca a interação entre os alunos, além de oportunizar reflexões significativas e contextualizadas a respeito dos conteúdos desenvolvidos. Incentiva os alunos a construir suas concepções, elaborar e sistematizar, de maneira individual e coletiva, o conteúdo. É o momento da sistematização do conhecimento e de novas indagações. Oportuniza a interação entre os alunos e com outras pessoas da convivência deles. Traz atividades como rodas de conversa, entrevistas e diferentes propostas de trabalho em equipe. Envolve os alunos em atividades voltadas ao desenvolvimento de valores, como empatia, soli- dariedade, respeito e tolerância. 10 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Para o Ensino Fundamental – Anos Finais Ícones Caderno Glossário Texto informativo Atividade coletiva Propõe atividades com o ob- jetivo de exercitar a tolerância, a compreensão e a harmonia nas relações em família, na comuni- dade escolar e nas demais esfe- ras de convivência dos alunos. Traz atividades, objetivas e discursivas, com a finalidade de sistematizar os conhecimentos adquiridos ao longo do estudo do capítulo. Propõe o debate em sala de aula, sempre mediado pelo professor. Os temas sugeridos são relacionados aos conteúdos estudados e ao cotidiano dos alunos, que serão estimulados a compartilhar suas ideias e seus posicionamentos, sempre respeitando as opiniões dos colegas. Sugere atividades, indivi- duais ou coletivas, de investiga- ção e estudo acompanhadas de orientação e roteiro para alunos e professores com o objetivo desenvolver a capacidade de selecionar fontes, coletar dados e produzir sínteses. Apresenta atividades diversi- ficadas que sistematizam e am- pliam os conteúdos trabalhados no capítulo. Apresenta diversos gêneros textuais e verbo-visuais para que os alunos realizem atividades de análise de documentos, re- lacionando-os aos conteúdos estudados. Possibilita diferentes olhares sobre os temas tratados no ca- pítulo com o objetivo de am- pliar os assuntos abordados e o contato com outras opiniões e modos de viver e de pensar. Aborda temas de grande relevância para a convivência harmônica em sociedade. São incentivadas reflexões a respeito de documentos importantes, além de pronunciamentos ofi- ciais de líderes religiosos e secu- lares, que tratam de temas como igualdade, direitos humanos e liberdade. 11LIVRO DO PROFESSOR REFERÊNCIAS ARAGÃO, Gilbraz S. Apresentação. In: JUNQUEIRA, Sérgio R. A.; BRANDENBURG, Laure E.; KLEIN, Remí (Org.). Compêndio do Ensino Religioso. São Leopoldo: Sinodal; Vozes, 2017. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (de 24 de fevereiro de 1891). Disponível em: . Acesso em: 16 ago. 2018. ______. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (de 16 de julho de 1934). Disponível em: . Acesso em: 16 ago. 2018. ______. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996: estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 dez. 1996. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Versão final. Brasília: MEC/SEB, 2017. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. HOCK, Klaus. Introdução à Ciência da Religião. São Paulo: Loyola, 2017. IMPÉRIO DO BRASIL. Documentos complementares do Império do Brasil (15 outubro 1827). artig. 6. In: BONAVIDES, Paulo.; AMARAL, Roberto A. Textos políticos da História do Brasil. Brasília, Senado Federal, 1996. v. I. JUNQUEIRA, Sérgio B. A. O processo de escolarização do Ensino Religioso no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002. PASSOS, João D.; USARSKI, Frank. (Org.). Compêndio de Ciência da Religião. São Paulo: Paulus, 2013. REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL. Coleção de Leis. Rio de Janeiro: Senado Federal, 1931. v. I. SILVA, Eliane M. Religião, diversidade e valores culturais: conceitos teóricos e a educação para a Cidadania. Disponível em: . Acesso em: 17 ago. 2018. SOARES, Afonso M. L. Ciência da Religião, Ensino Religioso e formação docente. Disponível em: . Acesso em: 16 ago. 2018. UNESCO. Cultura de paz: da reflexão à ação; balanço da década internacional da promoção da cultura de paz e não violência em benefício das crianças do mundo. Brasília: UNESCO; São Paulo: Associação Palas Athena, 2010. ______. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Paris: Unesco, 1948. ______. Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural. Paris: Unesco, 2002. USARSKI, Frank. Interações entre Ciência e Religião. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 02, n. 17, 2002. ______. Os enganos sobre o sagrado: uma síntese da crítica ao ramo “clássico” da Fenomenologia da Religião e seus conceitos-chave. Disponível em: . Acesso em: 16 ago. 2018. 12 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Este é o quarto volume da Coleção Ensino Religioso para o Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Em consonância com as orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para esta etapa de estudos, são aprofundados os conhecimentos sobre os ritos e a ideia de transcendente, com abordagem de conhecimentos acerca do fenômeno religioso e também das filosofias de vida (BRASIL, 2017). O conceito de “fenômeno religioso” pode ser compreendido como as expressões cultural e social da religiosidade por meio de gestos, palavras, atitudes, símbolos e ritos – elementos reveladores da busca do ser humano por algum tipo de relacionamento com algo ou alguém que o transcenda. Já as “filosofias de vida”são conjuntos de ideias e valores que orientam a conduta individual com base em princípios éticos. Estes podem até apresentar semelhanças com alguns princípios religiosos; todavia diferem deles por não dependerem da crença em uma esfera transcendente. Ao proporcionar a compreensão dos fenômenos religiosos, cujas “múltiplas manifestações são parte integrante do substrato da cultura humana” (BRASIL, 2017, p. 434), bem como dos valores que norteiam as diferentes filosofias de vida, pretendemos favorecer a aprendizagem do diálogo e da tolerância, fundamentais para a boa convivência social. Assim, na construção do presente volume, foram privilegiados os objetos de conhecimento e as habilidades indicados pela BNCC para o quarto ano escolar dessa etapa de estudos. Além disso, é importante atentar-se para a apresentação dos personagens da coleção, realizada nas páginas iniciais do volume, pois a classe escolar representada por eles passará por mudanças no novo ano letivo. Nesse contexto, Leza diz que sua avó está muito doente – essa informação está relacionada aos conteúdos do capítulo 2, que inicia com os personagens conversando sobre a viagem da amiga para visitar a avó; em seguida, informam que esta faleceu e que Leza vai morar com o avô, em ou- tra cidade. Por outro lado, uma nova personagem se apresenta aos alunos. Chama-se Estela e está mudando de escola após a separação dos pais. A menina revela que é espírita – doutrina que terá alguns aspectos abordados no capítulo 2 com a chegada de Estela à classe. A unidade temática estabelecida pela BNCC que norteará o primeiro capítulo é Manifestações religiosas e o objeto de conhecimento abordado será Ritos religiosos. As páginas de abertura do capítulo trazem imagens de diversos ritos religiosos. Nas páginas seguintes, é apresentado o conceito de rito, com destaque para a sua presença no cotidiano, em situações religiosas e não religiosas. Ao compreender o conceito de rito, os alunos poderão perceber que há ritos em várias fases da vida. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS CAPÍTULO RITOS PARA CADA MOMENTO1 Veja o Mapa curri- cular integrado no final das Orientações metodológicas. 13LIVRO DO PROFESSOR No nascimento de uma criança, o rito religioso pode ser o batismo ou a apresentação dela à comunidade religiosa. Na adolescência, há ritos de batismo, confirmação ou passagem para a matu- ridade religiosa. Na vida adulta, apresentam-se os ritos de casamento. Nesse estudo, os alunos terão a oportunidade de resgatar a própria identidade religiosa e a de seus familiares, além de perceber semelhanças entre os ritos de religiões distintas. Sugestão de número de aulas: 8 Orientações didáticas Página 5 1 Ao iniciar o ano letivo, quando os alunos participam das primeiras aulas de Ensino Religioso, é comum a apreensão de suas famílias quanto ao modo como o fenômeno religioso será tratado na escola. Muitos pais sentem receio de que os conteúdos abordados em sala possam interferir na identidade religiosa de seus filhos. Nesse sentido, é importante esclarecer à comunidade escolar o objetivo do Ensino Religioso, que é promover o conhecimento sem privilegiar nenhuma religião e, ainda, sem realizar experiências religiosas de qualquer natureza com os alunos. Trata-se de olhar para as manifestações religiosas que acontecem na sociedade, nas comunidades e nas diversas culturas e de tentar entendê-las. Trata-se, ainda, de identificar as crenças e os significados das diferentes expressões religiosas a fim de melhorar as relações interpessoais e sociais. O respeito à identidade religiosa de cada aluno começa pela atitude do professor, que deve abordar as várias temáticas sem privilegiar ou desprezar qualquer religião. Além disso, deve ser reservada especial atenção à abordagem dos conteúdos diante da identidade dos alunos cujas famílias profes- sam uma religião e concordam com alguns pontos de determinada crença, porém não participam de todas as atividades religiosas prescritas. O número de pessoas que pertencem a esse grupo é expressivo no Brasil. Ademais, há um percentual elevado de pessoas que, mesmo sem se vincular a uma religião, se apoiam em diversos sistemas de crenças, segundo convicções pessoais. Por outro lado, há alunos cujas famílias se declaram “sem religião” ou que se reconhecem como ateias. É impor- tante que estes não se sintam pressionados nem excluídos nas atividades realizadas em sala. Ainda que não tenham crenças religiosas nem realizem práticas dessa natureza, eles podem, e devem, ser estimulados a compartilhar valores, experiências e princípios aprendidos em família. Ao abordar o conteúdo das páginas 4 e 5, pergunte aos alunos se recordam o nome e as características dos personagens, bem como a religião de cada um. Observe a presença de uma nova personagem, Estela, que é espírita. Mais detalhes sobre a menina e sua religião serão mostrados no segundo capítulo. Destaque o fato de que alguns personagens representam denominações religiosas que se ramificam em diversos grupos. Felipe é evangélico, denominação que inclui inúmeras igrejas. Potira representa as religiões indígenas, mas há distinções relevantes nas crenças e nas práticas de cada povo. Leza e Sikulume representam as religiões afro-brasileiras, na condição de seguidores do Candomblé e da Umbanda, ainda que existam outras religiões ligadas à mesma denominação. Ressalte ainda, na fala de Manjari, as explicações de que no Budismo não há uma divindade e Buda é um grande mestre espiri- tual. Essa religião é a única, entre as citadas, que não crê em um deus, mas no autodesenvolvimento. 14 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Aproveite o diálogo sobre as religiões dos personagens a fim de identificar os nomes das religiões e das igrejas às quais os alunos pertencem, pois isso pode contribuir para a afirmação da identidade religiosa de cada um deles. Página 7 2 Neste capítulo, os alunos estudarão o conceito de rito, verificando sua presença em situações do cotidiano e no contexto das religiões. Serão enfatizados os ritos de diferentes religiões ligados ao nascimento, à iniciação religiosa e ao casamento. O conceito de rito é norteador para a compreensão das práticas das religiões. Os alunos terão a possibilidade de identificar semelhanças entre alguns ritos religiosos. No final do capítulo, há uma sistematização do que foi desenvolvido, retomando o conceito de rito. Explore as imagens de abertura do capítulo. Pergunte aos alunos: • Que religião cada imagem representa? • O que as pessoas estão fazendo em cada situação? • Alguém já vivenciou alguma dessas cenas? • O que sentiu? Isso costuma acontecer sempre nessa religião? Se os alunos tiverem fotos de algum rito do qual participaram, poderão trazer cópias à escola a fim de socializá-las com os colegas. Página 8 Ponto de partida 3 A análise das imagens contribuirá, a seguir, para a compreensão do conceito de rito. Ao ob- servá-las, os alunos poderão comentar que as atividades exibidas são rotineiras e que as crianças sempre as realizam. Diferencie com eles atividades que ocorrem com e sem periodicidade, uma vez que o rito é definido quando há periodicidade e repetição. Com base nas respostas apresentadas à questão proposta, aprofunde o diálogo direcionando-o para novas questões. Converse com a turma sobre os gestos e as atitudes das pessoas. Indague, por exemplo: Quais são os gestos e as atitudes mais comuns das crianças e dos adultos? Quais são os gestos mais comuns dos jovens e dos idosos? 4 Após a leitura do texto, esclareça aos alunos que gestos repetidos diariamente, a ponto de se tornarem costumes ou regras, podem ser considerados ritos. Em seguida, crie uma tabela com todos os dias da semana, oriente-os a copiá-la no caderno e a preenchê-la com ações e atividades que realizam em cada um deles. No final da semana, retome essa tabela para que os alunos percebam as atividades que se repetem no dia a dia. Então, nomeie tais atividades como ritos nãoreligiosos. Faça um levantamento das atividades que mais se repetiram e explique a eles que um rito pode ser coletivo e exercido em diferentes lugares e tempos. 15LIVRO DO PROFESSOR Página 9 Atividades 5 Explore esses momentos do cotidiano com outros exemplos dos alunos: Como você se prepara quando um amigo especial vai à sua casa? Quando o ano letivo se inicia, como você se prepara? O objetivo da seção é que, na própria conversa, eles percebam que repetimos ações e que existem acontecimentos importantes em diferentes fases da vida. O conteúdo também contribui para a percepção de que os ritos, religiosos ou não, ocorrem em distintas etapas e situações da vida. Página 10 6 Converse com os alunos a respeito dos ritos presentes no cotidiano em sala de aula, no contexto da escola e no âmbito da família. Destaque os ritos ligados à religiosidade deles. Explore as imagens e pergunte a eles se frequentam escolas dominicais, catequese ou outros estudos preparatórios para os ritos de iniciação das religiões às quais pertencem. Solicite a eles que descrevam como acontecem esses momentos: Quem os orienta? O que estudam e aprendem? Por que os ritos de iniciação existem? Relacione as fases da vida do ser humano aos ritos que os alunos conhecem e/ou que já viveram. Pergunte a eles sobre a importância do rito em cada fase; neste caso, o rito religioso. Mas e quanto àqueles que não praticam ritos religiosos, que outros ritos poderão realizar? Página 11 Atividades 7 Por meio do quadro preenchido na atividade, os alunos poderão visualizar algumas semelhan- ças e diferenças entre os ritos de religiões distintas. Explore esse aspecto com eles e oportunize um momento para que exponham conhecimentos que porventura já tenham acerca dos ritos citados. Página 12 8 Demonstre aos alunos que não participam de rituais de iniciação religiosa que estes existem, são muitos e variados. Trabalhe a liberdade de culto e de expressão enfatizando a dimensão do respeito às pessoas nas suas opções e práticas. Explore com eles a iniciação dos bebês nas diferentes reli- giões. O estranhamento em relação aos ritos pode causar distintos comentários na sala de aula. Daí a importância da mediação do professor, expondo as diversas possibilidades culturais e destacando que o respeito é fundamental no processo de conhecer novos ritos. Lembre-os de que cada povo indígena tem uma forma própria de iniciar suas crianças na comunidade. Página 13 9 Sikulume faz um comentário acerca da personagem Leza. Converse com os alunos sobre a visita dela à avó doente. Essa é apenas uma introdução do que está acontecendo com a personagem. Comente o assunto, mas sem enfatizá-lo, pois será retomado e aprofundado no capítulo seguinte. Leia para eles a passagem bíblica de Mateus capítulo 3, versículos 13 a 15, que menciona o batismo de Jesus. Em seguida, faça perguntas orais sobre a compreensão desse texto e discuta o gesto de Jesus, que pediu para ser batizado por João Batista, e a atitude deste diante do pedido do mestre. 16 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Destaque semelhanças e diferenças entre os batismos católico e evangélicos. Relembre os alunos de que ambas as vertentes fazem parte do Cristianismo. A Religião Evangélica se fraciona em várias igrejas, com nomes distintos e que podem, inclusive, ter ritos diversos. Observe ainda que, embora a Umbanda seja classificada como religião afro-brasileira, em vez de ser incluída no grupo do Cristianismo, alguns de seus símbolos e ritos se parecem com os de religiões cristãs, em especial o Catolicismo. Um exemplo é o batismo. Isso se dá pelo sincretismo religioso. Sincretismo é a mistura de crenças e ritos próprios de diferentes religiões em uma nova. A Umbanda é uma religião sincrética, formada por elementos do Catolicismo, do Espiritismo, bem como de religiosidades africanas e indígenas. Página 15 Conversar e fazer juntos 10 A realização das atividades propostas requer mais de uma aula e pode ser interdisciplinar. No dia da exposição, explore a riqueza e a diversidade de elementos e, se possível, registre falas dos visitantes, grave vídeos e fotografe o evento. Atividades 1 e 2 O intuito é que os alunos sejam protagonistas em todas as etapas da organização e da realização da exposição. Aqueles que não passaram pelo batismo ou por outro tipo de iniciação religiosa podem trazer material resultante de pesquisa ou emprestado de um amigo ou familiar. Divida a turma em grupos com diferentes atribuições na organização do evento: Grupo dos convites • conversar com a coordenação para eleger o melhor espaço e a data em que a exposição será feita; • divulgar essa informação à turma a fim de que os colegas possam se organizar no período indicado; • elaborar uma lista de convidados; • procurar modelos de convite na internet ou até mesmo trazê-los de casa; • ensaiar como realizar os convites oralmente e depois distribuir o modelo escrito aos convidados; • recepcioná-los no dia da exposição. Grupo da organização dos materiais • conversar com a coordenação para alocar os materiais da exposição até o dia de ela acontecer; • receber os materiais dos colegas; • estabelecer critérios para a classificação desses elementos (com a ajuda do professor); • criar cartazes de identificação da classificação, o nome da exposição e seu objetivo. Grupo da organização da exposição • buscar mesas de acordo com a necessidade; • prover toalhas iguais ou de material TNT para cobrir as mesas; • organizar os materiais a serem expostos, conforme os critérios do grupo; • depois do período estipulado pela coordenação, retirar os materiais do espaço e entregá-los ao grupo da organização dos materiais para que este os devolva aos respectivos donos. 17LIVRO DO PROFESSOR Grupo do varal de fotos • providenciar barbante e prendedores para colocar no varal as fotos e as lembranças de batismo; • conversar com os grupos de organização dos materiais e da exposição sobre o melhor local para a montagem do varal; • escrever um cartaz sobre o significado do varal; • montar o varal e, depois do período estipulado pela coordenação, desmontá-lo, entregando fotos e lembranças ao grupo da organização dos materiais para que este os devolva aos respectivos donos. Atividade 3 Momento de retrospectiva e avaliação coletiva da aprendizagem, mas também do passo a passo da organização e do dia da exposição, para que todos compreendam a importância do trabalho coletivo e colaborativo. Caso tenha registrado momentos da exposição, compartilhe os registros com os alunos. Atividade 4 Retome com os alunos o passo a passo da organização da exposição para que possam relatar o que aprenderam de maneira coerente. No final da escrita, é importante que cada aluno cite suas aprendizagens e apresente sua opinião pessoal sobre o evento realizado. Página 16 Atividades 11 O intuito das atividades é que os alunos utilizem os conhecimentos adquiridos para diferenciar uma religião da outra com base no rito do batismo ou da iniciação na comunidade, assim iden- tificando as características solicitadas na questão 1. Antes de construir o parágrafo requisitado na atividade 2, retome com eles o significado de cada palavra relacionando-o com o rito estudado. Página 18 12 Assim como foi feito com os ritos de batismo ou de iniciação em uma comunidade religiosa, destaque semelhanças e diferenças entre os ritos de casamento em culturas e religiões distintas. Antes de iniciar a leitura do texto, peça aos alunos que observem as imagens de casamentos para citar diferenças e semelhanças encontradas. Solicite a eles que tragam imagens de casamentos de distintos períodos da história e de lugares diversos. Em uma roda de conversa, passe as imagens de mão em mão para observação dos detalhes. Classifique as fotos por períodos, identifique as religiões nelas presentes e retome o significado de casamento comum entre as culturas e as religiões. Página 19 Conversare fazer juntos 13 Combine antecipadamente com os alunos para trazer à sala de aula convites de casamento que tenham em casa. Quem não os tiver pode pesquisar modelos na internet ou emprestá-los de amigos ou familiares. Assim, de forma lúdica, é possível explorar os convites conversando com a turma sobre as tradições religiosas. 18 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Página 20 14 Retome com os alunos o respeito à diversidade, antes de iniciar a leitura do texto. A cultura e a sociedade influenciam nos ritos religiosos. Converse com a turma sobre os costumes culturais da região e também como foram mudando ao longo do tempo, inclusive influenciando no rito do casamento. Página 21 Atividades 15 Relembre os alunos dos passos da confecção de um convite. O local deve fazer referência à religião escolhida por eles. No caderno, os alunos podem detalhar a vestimenta do casal e como seria o casamento conforme o rito religioso. Página 23 Atividades 16 O intuito das atividades é avaliar nas frases a associação das palavras encontradas no caça-pala- vras. As frases deverão expressar a relação entre as palavras e os elementos abordados sobre o rito do casamento. Sugestões para o professor Leitura • FRAAS, Hans-Jürgen. A religiosidade humana: compêndio de psicologia da religião. São Paulo: Sinodal, 1997. O livro trata de um diálogo entre teologia e psicologia dividido em duas partes: primeiro, com a história da psicologia da religião; depois, com a relação entre a religiosidade e o ser humano. Filme Importante: Professor, recomendamos que você assista aos filmes e avalie a adequação deles antes de exibi-los aos alunos. • CASAMENTO grego. Direção de Joel Zwick. Canadá: Europa Filmes, 2002. 1 DVD (95 min), son., color. O sonho do pai da personagem principal, Toula, é vê-la casada com um grego. No entanto, ao realizar um curso de informática, ela se apaixona por um inglês. Assim, o namoro é mantido em se- gredo. Mas quando ele é descoberto pela família dela, o noivo procura se adaptar às tradições gregas. 19LIVRO DO PROFESSOR A unidade temática estabelecida pela BNCC que norteará o segundo capítulo é Manifestações religiosas e o objeto de conhecimento considerado será Ritos religiosos. Nesse contexto, a morte será abordada, possibilitando aos alunos que reflitam e conversem a respeito dela. Para isso, o capí- tulo inicia com os personagens lembrando da amiga Leza (Lelê), que está visitando a avó em outra cidade por motivo de doença. Em seguida, os personagens informam que a avó da amiga faleceu e, por isso, ela e a família vão morar com o avô. Adiante, a personagem Estela é apresentada à turma e traz informações da visão espírita acerca dos temas abordados. No início do capítulo, os alunos deverão se lembrar de pessoas das quais gostam muito e que faz tempo que não veem. Eles poderão expor seus sentimentos e conversar sobre isso. O momento deve ser de muito respeito e empatia. Em seguida, terão a oportunidade de expor os sentimentos que têm com relação à morte. Proporcionar momentos assim é importante, pois, socialmente, não há muitas oportunidades de diálogo acerca desse tema que, por vezes, é considerado um tabu. No entanto, ao tratar da morte, é preciso falar a respeito do sentido da vida, que se constrói todos os dias. Por isso, o capítulo aborda as etapas já vividas pelos alunos, celebra o presente e faz pensar no futuro que eles desejam. Além disso, aborda o questionamento sobre o pós-morte e apresenta três respostas em que as religiões sustentam sua fé: a ressurreição, a reencarnação e a ancestralida- de. Também menciona a crença de alguns grupos não religiosos, segundo a qual nada existe após a morte. Após a explicação dessas concepções do pós-morte, a identidade religiosa dos alunos é resgatada para que eles tenham clareza acerca das próprias crenças. Sugestão de número de aulas: 8 Orientações didáticas Página 25 1 O capítulo aborda a morte e os sentimentos dos alunos em relação a ela, propiciando que com- partilhem vivências pessoais ligadas ao tema e à visão deste em seus grupos familiares e/ou religiosos. Na sequência, traz exemplos de cerimônias e ritos fúnebres de diferentes religiões. Por fim, trata das visões do pós-morte conforme as diversas religiões e para quem não crê em nada transcendente a esta vida. Explore a imagem de abertura do capítulo questionando: O que as pessoas costumam dizer para as crianças quando uma pessoa querida falece? Qual é a relação das estrelas com pessoas que faleceram? Nesse diálogo, é válido esclarecer aos alunos que as pessoas podem utilizar linguagem figurada a fim de explicar acontecimentos tristes, para atenuar a dor e o sofrimento decorrentes deles. Página 26 Ponto de partida 2 Após a leitura do diálogo dos personagens sobre a saudade que sentem de Leza e acerca da doença da avó da menina, pergunte aos alunos: O que será que Leza está sentindo ao ver sua avó doente? Quando alguém está nessa situação, o que é possível fazer? CAPÍTULO RITOS PARA ALÉM DA VIDA2 20 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Pergunte ainda: O que significa “saudade”? Então, propicie aos alunos a oportunidade de contar, em uma roda de conversa, de quem sentem saudade e o que fazem para acalmar esse sentimento. Página 27 3 Na ilustração dessa página, os personagens falam sobre a morte da avó de Leza e sobre a mu- dança da menina para outra cidade. Ressalte, nesse diálogo, as formas encontradas por eles para lidar com a saudade da amiga. Converse com os alunos indagando se já viveram a experiência de ter um amigo que se mudou para longe. Em caso afirmativo, pergunte como se sentiram e se conseguiram manter contato com quem se mudou. Destaque ainda a afirmação de Yurem, de que, mesmo longe, Leza continuará sendo amiga dos personagens. Converse também acerca da morte da avó da menina. Assim como na atividade da seção Ponto de partida, da página anterior, pergunte aos alunos quais sentimentos imaginam que Leza experimentou nessa situação. Peça exemplos de atitudes dos amigos que poderiam ajudá-la a enfrentar os sentimen- tos gerados pela morte de uma pessoa querida e pela mudança inesperada de cidade. Ao responder a essas questões, é possível que algum aluno mencione sentimentos já vividos por ele, diante da morte dos avós ou de uma pessoa querida. Sendo assim, é essencial lembrar que a abordagem de assuntos dolorosos e, por vezes, pouco discutidos na família ou na sociedade pode evocar nos alunos sentimentos difíceis de gerenciar. Portanto, eles precisam contar com a sensibilidade e o acolhimento do professor. Um modo positivo de lidar com o tema é mostrar que, mesmo não estando perto, as pessoas falecidas continuam sendo queridas. É válido também falar da importância de relembrar as qualidades dessas pessoas e os bons momentos vividos ao lado delas. Página 28 Fazer o bem 4 Atividade 1 Esta atividade proporcionará aos alunos a organização dos seus sentimentos e o desenvolvimento de empatia em relação aos colegas. Distribua a cada aluno o nome de um colega, escrito em um papel (como na brincadeira amigo-secreto). Ao sentar em círculo com eles, oriente-os dizendo que, no momento em que cada colega fizer um comentário, é necessário olhar para ele e ouvi-lo aten- tamente. Ressalte que, cada aluno deve ouvir com atenção ainda maior a fala do colega cujo nome consta no papel recebido por ele. Circule pela sala a fim de verificar as percepções dos alunos e, na atividade seguinte, ter a sensibilidade necessária para a condução do tema. Fique atento aos comentários relacionados à morte de animais de estimação e os acolha, pois a dor e o sofrimento decorrem da morte de qualquer ser querido. Ressaltamos ainda a possibilidade de alguns alunos se emocionarem na atividade, uma vez que a temática pode tocar seus medos ou re- lembrar situações de perda que lhes causam tristeza. Por isso, aja com muita empatia, mas também com naturalidade, pois a morte é um assunto da vida e precisa serabordado para que não se torne um tabu. Seja afetivo e incentive-os a se colocarem no lugar dos colegas para que compreendam os sentimentos deles. Participe do diálogo e fale de seus próprios sentimentos sobre a morte. Ao final, retome com os alunos a importância de se respeitar a dor e a saudade de todas as pessoas. Afinal, em uma atividade como essa, surgem revelações que devem ser acolhidas com carinho. 21LIVRO DO PROFESSOR Atividades 2 e 3 Com os alunos ainda reunidos em círculo, pergunte a eles como responderiam às questões propostas e ofereça a palavra a alguns voluntários. Em seguida, cada aluno deve registrar individualmente as suas respostas, podendo inspirar-se no que ouviu dos colegas. Sugestão de atividades Para o diálogo proposto na atividade 1 da seção Fazer o bem, pode ser aplicada a metodologia dos Círculos de Construção de Paz, estruturada para facilitar o diálogo e também para a aplicação como metodologia restaurativa. Quando empregada de maneira sistematizada, essa metodologia pode proporcionar o ganho de autoestima, de confiança e de segurança no trabalho em grupo. Lembre-se: tenha sempre um objetivo para realizar a Prática do Círculo, faça um roteiro e prepare o ambiente. E se algum aluno não quiser falar do assunto em questão, ele deve ser respeitado. Os Círculos vêm da tradição oral, quando as pessoas em diferentes culturas se reuniam ao redor da fogueira ou, mais recentemente, de uma mesa ou em uma roda de cadeiras. Em 2014, o ministro da Educação dos Estados Unidos validou, com base em evidências, que os Círculos fazem parte de prá- ticas de justiça restaurativa. Desde então, os Círculos de Construção de Paz são utilizados em diversas escolas de vários países. A Prática do Círculo é ensinada pela vivência; por isso, é possível aplicá-la na escola, em vez dos Círculos no seu processo como um todo. A diferença entre eles é que a Prática é apenas uma parte dos Círculos de Construção de Paz. Estes têm mais etapas (PRANIS; WATSON, 2015, p. 21). Os Círculos e a Prática do Círculo podem ser utilizados para: • construir um vínculo positivo; • construir normas comunitárias; • construir relacionamentos; • construir aprendizagem social e emocional; • conversas difíceis; • construir uma equipe de trabalho; • construir envolvimento com os pais. E para situações difíceis, são empregados os Círculos de Conflitos (PRANYS; WATSON, 2015, p. 21). Para realizar essa prática, é necessário que o professor prepare o ambiente com um círculo de cadeiras, com o número exato de participantes, e uma peça no centro, como inspiração, que pode ser um objeto significativo para o grupo. Sugerimos algo que faça referência a um dos quatro elementos da natureza, como água, uma planta (representando a terra e o ar) ou uma vela (representando o fogo). Para indicar quem está com a palavra, pode ser usado um objeto de tamanho razoável, que as pessoas gostem de manipular e que as deixe tranquilas; por exemplo: um boneco de pelúcia, uma bolinha de borracha, um pequeno bastão com fitas, etc. 22 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Planejamento da prática: 1. Cerimônia de abertura: pode ser uma leitura significativa, uma música, palmas, um agradecimento e até mesmo um relaxamento. 2. Check-in: é a expressão do sentimento dos participantes; deve ser realizado com perguntas nor- teadoras, tais como: • Como você se sente no momento? • Quem é você? etc. O facilitador (professor) deve estar com o objeto indicativo de quem está com a palavra. Quando faz a pergunta norteadora, ele inicia respondendo-a; depois, passa tal objeto para o seu lado direito ou esquerdo. Esse objeto deve circular e passar por todas as mãos, em ordem. Não é possível que passe de forma aleatória ou por alguém que queira interromper a fala. É preciso esperar a vez de falar, até ele chegar ao facilitador novamente, que vai repassá-lo em ordem. Atividade principal: dependerá de seu objetivo. Por exemplo: • Como o seu melhor amigo o descreveria? • Se você pudesse ser um super-herói, que superpoderes teria e por quê? • O que você mais valoriza em um amigo? • Quem você é de verdade? etc. O objeto da palavra na atividade pode circular mais de uma vez com perguntas diferentes. Se observar que é necessário passá-lo outra vez pelos alunos, sem pergunta alguma, por perceber que eles querem acrescentar algo, isso pode ser feito. 3. Check-out: pode ser uma leitura significativa, uma música, palmas, um agradecimento e até mesmo um relaxamento (BRANCHER, s.d.). Página 29 Atividades 5 Falar da morte também significa falar da vida, que conduzimos todos os dias por meio de ações e gestos. Auxilie os alunos a pensar sobre os atos cotidianos e que falas surgem socialmente em relação ao castigo ou à premiação que teremos na vida após a morte de acordo com os nossos atos. A música pode proporcionar tal reflexão. Assim, reproduza a música “O que é, o que é?”, de Gonzaguinha, em sala de aula para que os alunos a ouçam na íntegra. Em seguida, faça a correlação da letra com a opção de cada pessoa, comunidade e religião pelas celebrações que consideram relevantes. Destaque ainda a importância de também olhar para si mesmo com carinho, permitir-se ser feliz, ser leve e praticar atos de bondade consigo mesmo. Atividade 1 Prepare a sala com a execução de uma música instrumental, mantendo as luzes apagadas, para que haja um momento de introspecção. Faça algumas perguntas e, entre uma e outra, dê tempo para a reflexão dos alunos. Sugerimos que sejam feitas perguntas como as seguintes: 23LIVRO DO PROFESSOR • O que lhe deixa mais feliz? • O que você mais gosta de fazer e o que lhe agrada muito? • Qual é a parte do corpo de que você mais gosta? Por quê? • Se você pudesse oferecer um carinho a si próprio, qual seria? • Se você pudesse fazer um elogio a si próprio, qual seria? Depois dessas reflexões, forre as paredes da sala com papel-pardo de forma contínua, isto é, sem cortá-lo. Deixe um espaço para cada aluno desenhar e pintar. Essa tarefa será realizada com tinta guache e pincel. O objetivo é que os alunos desenhem e pintem tudo que há de bom dentro deles e o que imaginaram nas perguntas realizadas no momento de reflexão. Em círculo, sentados, e com a possibilidade de ver a obra que cada um fez, convide-os a contar o que desenharam e a apresentar aos colegas o que tem de bom. Complemente a atividade com um texto escrito. Sugira o roteiro aos alunos para que possam ter uma lógica de escrita: 1. Explique o momento de reflexão na aula. 2. Escreva resumidamente o que respondeu nas perguntas: • O que lhe deixa mais feliz? • O que você mais gosta de fazer e o que lhe agrada muito? • Qual é a parte do corpo de que você mais gosta? Por quê? • Se você pudesse oferecer um carinho a si próprio, qual seria? • Se você pudesse fazer um elogio a si próprio, qual seria? 3. Escreva o que você desenhou, que cores utilizou e se gostou do desenho. 4. Descreva dois colegas e comente o que você conheceu de bom sobre eles na conversa no círculo. 5. Dê a sua opinião a respeito da atividade. Recolha e analise os textos dos alunos. Esses tipos de texto dão a oportunidade de conhecer mais os estudantes. Inclusive, com essa análise, é possível criar estratégias para recuperar a autoestima de algum aluno. Atividade 2 Faça um levantamento prévio a respeito das datas significativas para a turma: da vida dos alunos, do bairro, da cidade e da escola, dando destaque às principais festas religiosas que marcam a cultura local. Após a conclusão dessa “estrada da vida”, o caminho simbólico de cada um, leve a turma para um es- paço aberto, se possível em contato com a natureza. Cada aluno deve procurar um colega, mostrar a ele sua produção e explicar a história de vida representada por ele. Na sequência, deve ouvir a história do colega. Depois, as duplas devem ser trocadas e a dinâmica, repetida, até que os alunos conheçam a história de todos. Em seguida, solicite a elesque formem uma grande roda e que, um por vez, falem das descobertas que fizeram acerca de alguns colegas e o que é importante saber sobre eles. Ao final, proponha a todos que coloquem os livros, com suas histórias de vida, abertos no meio da roda. Sugira que seja feito por todos, durante um minuto, um gesto de reverência às histórias de vida de cada colega. 24 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Solicite aos alunos que pensem nas histórias de vida e nas diferentes situações que viveram até o momento atual e como cada pessoa reage diante dos fatos. Ao realizar a atividade, incentive-os a se lembrarem de suas memórias afetivas. Sugestão de atividades 1. Bandeira pessoal Explique à turma que a bandeira geralmente representa um país e retrata algo da história dele. Nesta atividade, cada aluno vai construir sua própria bandeira com base nestas perguntas: • O que lhe deixa mais feliz? • O que você mais gosta de fazer e que lhe agrada muito? • Qual é a parte do corpo de que você mais gosta? Por quê? • Se você pudesse oferecer um carinho a si próprio, qual seria? • Se você pudesse fazer um elogio a si próprio, qual seria? Peça aos alunos que respondam às perguntas por intermédio de um desenho ou de um símbolo. Quando todos tiverem terminado, coloque-os em pequenos grupos para que compartilhem suas bandeiras. Exponha na sala de aula as bandeiras pessoais (GONÇALVES; PERPÉTUO, 2001). 2. Onde está o meu colega? Divida a turma em duas equipes, se possível com igual número de participantes. Escolha um adivi- nhador de cada equipe. Ele deverá sair da sala. Quando o adivinhador estiver fora dela, escolha um participante do grupo adversário. Este deverá ser encontrado pelo adivinhador. Quando o adivinhador entrar novamente na sala, deverá realizar perguntas, tais como: Sua cor de cabelo é castanha? Está de tênis branco? Quem responderá a estas questões será a equipe adver- sária. Ele deve adivinhar o nome do colega com até no máximo oito perguntas. Se não adivinhar, a equipe adversária ganha um ponto; se conseguir, a sua equipe é que ganha o ponto. Podem ser trocados os papéis enquanto a turma estiver motivada. O objetivo da realização da atividade é estar mais atento aos colegas da turma, percebê-los e, prin- cipalmente, estar com eles, aproveitando os momentos que passam juntos. Da mesma forma como fizeram os personagens com a amiga Leza. Registre no caderno a atividade, com o passo a passo e as conclusões obtidas com a brincadeira. Peça aos alunos que escolham cinco colegas com os quais não convivem muito para que escrevam características físicas e emocionais deles (YOZO, 1996). Página 30 6 O texto introduz a definição de cerimônias e ritos fúnebres. Em algumas famílias, as crianças não podem frequentar tais cerimônias por acreditarem que elas são muito jovens para conhecer esse tema de modo mais aprofundado. Se alguns alunos não puderem participar de funerais, peça a eles que perguntem os motivos aos responsáveis e os relatem aos colegas, a fim de valorizar a opinião da família. 25LIVRO DO PROFESSOR Explore o conteúdo com os alunos observando as imagens com as diferenças dos ritos fúnebres nas religiões. Questione-os se já participaram de algum rito fúnebre diferente e peça a eles que o relatem à turma. Explore também perguntas sobre o sentido da vida. Demonstre que há infinitas possibilidades de respostas para elas. As religiões ajudam a expressar de forma organizada e siste- matizada tais respostas, auxiliando o ser humano a ver caminhos que considere coerentes. Página 32 Conversar e fazer juntos 7 É possível resgatar falas e exemplos dos alunos em aulas anteriores a fim de ilustrar as respos- tas ou criar novas problematizações. Se possível, leia para a turma o livro O que acontece quando alguém morre? (ver referências no item Sugestões para o professor). Depois, indague-os se suas famílias permitem que participem de funerais. Para quem participa deles, pergunte: • Qual sentimento lhe provoca? Como é participar desse rito? • Para quem não toma parte deles, pergunte: Você tem curiosidade em saber como é um funeral? Como imagina que ele seja? Página 33 8 Os povos indígenas acreditam na ancestralidade. Para compreender melhor a cerimônia deles, os alunos vão desenhar partes da informação. Explore a cerimônia com dramatização ou perguntas orais para que todos consigam compreendê-la. Página 35 Atividades 9 Auxilie os alunos a encontrar as palavras-chave do texto. Releia-o iniciando a leitura de frase por frase para que eles possam sublinhar as palavras importantes. Quando estas são retiradas do contexto, podem gerar dúvidas. Anote-as no quadro e redefina-as com os alunos, para que não tenham dúvidas no momento de criar o diálogo. Sugestão de atividades Escolha um espaço amplo para que os alunos possam se movimentar. Divida a turma em grupos de cinco. Eles precisarão montar uma única flor de lótus, com o corpo. Para isso, deverão pensar em como realizar coletivamente a tarefa. Depois, deverão apresentar o resultado aos colegas. Repita a atividade juntando dois grupos e, na sequência, a turma toda. Incentive-os a montar a flor fechada e, depois, ela deve se abrir lentamente. Questione-os acerca da percepção que tiveram sobre a brincadeira, as dificuldades e as facilidades. Comente com eles suas observações. Pergunte: O que é possível compreender com a atividade? E qual é a relação desta com o significado da flor de lótus? A ideia é que percebam que muitas vezes o lodo ou a lama se parece com as dificuldades da turma em interagir em busca de um mesmo objetivo. Mas quando há superação disso, surge a união da turma, a conquista de objetivos e a linda flor de lótus. 26 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Página 37 Atividades 10 As atividades retomam os sentimentos dos alunos sobre o tema “morte”, que agora passa a ter outro sentido, pois eles já aprenderam mais informações a respeito desse conteúdo, ampliando seus conhecimentos. A intenção é que consigam alinhar o conhecimento religioso à sua prática religiosa, reforçando a própria identidade. Além disso, devem se colocar no lugar do outro e pensar na postura mais adequada em momentos de luto. Página 38 11 A nova personagem, Estela, pode gerar algumas dúvidas nos alunos em relação à sua deficiên- cia. Converse com eles sobre esse assunto e também a respeito da crença religiosa dela, que é o Espiritismo. Página 40 Atividades 12 Observe atentamente os detalhes dos desenhos dos alunos para compreender o universo simbó- lico representado por eles. Explore por meio de questionamentos as ideias que tiveram ao desenhar. Página 41 13 Tendo por base o diálogo dos personagens, realize uma enquete com os alunos sobre a crença que eles têm acerca da vida pós-morte. Geralmente, eles descrevem o que creem, mas não sabem nomear tal crença. Há períodos em que os meios de comunicação influenciam essa visão, fazendo com que o aluno confunda a crença de vida pós-morte da sua religião com a crença apresentada em novelas, filmes, séries e outros. Registre a opinião deles e verifique se há relação entre a religião indicada por eles e a explicação de vida pós-morte. É possível que não haja coerência. Assim, mais adiante você terá elementos para discutir o assunto com a turma. Página 45 Brincar e aprender 14 O objetivo da trilha da vida é revisar os temas desenvolvidos no primeiro e no segundo capítulos. As questões presentes nela podem ser copiadas no caderno e respondidas individualmente, após a realização do jogo. 27LIVRO DO PROFESSOR Sugestões para o professor Leitura • PRANIS, Kay. Guia de Práticas Circulares no Coração da Esperança. Disponível em: . Acesso em: 16 mar. 2019. Esse guia, baseado nos Círculos de Construção de Paz, auxilia no respeito aos relacionamentos positivos e tem como pergunta inicial:Como nós promovemos esses relacionamentos? O intuito é aumentar a consciência emocional e a compreensão de relações saudáveis dos jovens para o desenvolvimento da autonomia. • SILVA, Andréia V. da. Rituais interacionais: o enterro evangélico. Revista Intratextos, Rio de Janeiro, n. especial 2, p. 1-16, 2011. O artigo traz resumidamente o ritual fúnebre dos evangélicos e caracteriza alguns ritos nas igrejas mais populares. • MUNDY, Michaelene. O que acontece quando alguém morre? um guia para as crianças lidarem com a morte e os funerais. São Paulo: Paulus, 2004. Você consegue se lembrar da primeira vez em que esteve presente em um funeral? Quais lem- branças são mais vívidas? Essas mesmas questões, sem dúvida, farão parte algum dia da vida de uma criança. O livro é repleto de ilustrações e conselhos para ajudá-la na compreensão desse delicado assunto. Filme Importante: Professor, recomendamos que você assista aos filmes e avalie a adequação deles antes de exibi-los aos alunos. • A PARTIDA. Direção de Yojiro Takita. Japão: Shochiku Company, 2008. 1 DVD (131 min), son., color. Daigo Kobayashi é um violoncelista que fica desempregado, pois a orquestra em que trabalha é dissolvida. Seu próximo emprego é como agente funerário e terá que preparar os corpos de pessoas mortas. Os cuidados de Daigo com os mortos é o aspecto relevante no filme. 28 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 A unidade temática estabelecida pela BNCC que norteará o terceiro capítulo é Manifestações religiosas e o objeto de conhecimento abordado será Representações religiosas na arte. Nesse contexto, os alunos poderão estudar como o sagrado se revela na arte e perceber que é possível transmutar a dor e a saudade por meio de diferentes manifestações artísticas. Serão apresentadas obras de diferentes linguagens e técnicas artísticas, tais como: escultura, pintura, gravura, entalhe, vitral, mosaico, dança. Elas serão tratadas como expressões artísticas pre- sentes em diversas culturas do mundo e também nas religiões. A crença e a explicação da vida após a morte igualmente podem ser demonstradas por meio da arte. Um exemplo disso é a cruz vazia, expressão de muitos artistas. Além de ser uma simbologia viva, ela lembra aos cristãos que devem transformar a vida diária em uma constante ressurreição. Sugestão de número de aulas: 8 Orientações didáticas Página 47 1 Explore com os alunos a imagem de abertura do capítulo. Pergunte a eles de que formas a arte pode se revelar; se a imagem das páginas de abertura é considerada arte; se esta expressa senti- mentos, momentos vividos em determinada época; e de que forma, com ela, é possível representar o sagrado ou a morte. Página 48 Ponto de partida 2 O capítulo apresenta as expressões de arte em diversas religiões e culturas. Inicia com a expressão da morte na arte, resgatando a temática do capítulo anterior. Ao mesmo tempo, insere a estética e a sensibilidade, introduzindo a arte com temas religiosos ou não. A representação da morte em diferentes expressões artísticas reforça a ideia de que esse é um tema comum a todas as sociedades. Com a turma, analise as imagens do livro e proponha algumas questões para serem discutidas: Em que elas se parecem? Em que se diferenciam? Comente que são representações de várias partes do mundo. Explore com os alunos o sentimento e a percepção que têm ao observar a morte retratada em uma obra de arte. Utilize as respostas para problematizar e questionar sobre a leveza da repre- sentação artística da morte em algumas obras e o impacto de outras. Sugestão de atividades 1. Muitos cemitérios são considerados obras de arte. Apresente à turma alguns cemitérios famosos e proponha uma análise da arte que neles aparece (ver referências no item Sugestões para o professor). Discuta com os alunos as expressões artísticas e seus detalhes. CAPÍTULO ENCONTRANDO O SAGRADO NA ARTE3 29LIVRO DO PROFESSOR 2. Verifique se os alunos conhecem o significado da palavra “epitáfio” (inscrição sobre lápides tumula- res ou monumentos funerários). Pergunte ainda: Alguém já leu um epitáfio? O que costuma estar escrito nele? Então, reproduza a música Epitáfio, da banda Titãs, que fala a respeito de aproveitar o tempo de vida (ver referências no item Sugestões para o professor). Depois, discutam: Por que a letra da música está no passado? Na música, há certo lamento. Do que ele trata? Quem ou o que é o acaso sugerido na música? Qual é a ideia central da canção? Qual é a relação entre a letra e o título da música? Reflita com a turma sobre a importância de viver bem a vida, aproveitando cada momento, para que não haja arrependimentos posteriores. Página 51 Brincar e aprender 3 Comente com os alunos que as igrejas cristãs focam na ressurreição de Jesus para enfatizar a esperança e a renovação da vida. A imagem do quebra-cabeça trará essa reflexão. Relacione a maneira como Cristo foi representado no período de vida do pintor com a maneira como é na atualidade. Página 52 4 O objetivo da apresentação das imagens é esclarecer que muitos ritos foram retratados por meio da arte, pois esta é, há muito tempo, uma forma de expressão de crenças e costumes. Os po- vos indígenas celebram a ancestralidade de um falecido que continua a viver em espírito. Para os povos africanos, uma mesma divindade pode apresentar a dualidade entre doença/morte e cura, dependendo das circunstâncias. Explore as imagens que representam diferentes culturas. Página 54 Atividades 5 Atividades 1 e 2 Incentive os alunos a conversar com diferentes pessoas ou até mesmo buscar livros na biblioteca ou pesquisar na internet para responder às questões. O objetivo das atividades é aproximar dos alunos a ideia da vida após a morte, buscando respostas na comunidade em que vivem. Atividade 3 A questão pretende contribuir para que os alunos percebam que a arte também pode ser uma ma- neira de transmutar a dor e homenagear o ente querido. As religiões que acreditam na ancestralidade transmitem seus conhecimentos religiosos de geração em geração e, por meio das representações artísticas, têm a possibilidade de resgatar sua história. Atividade 4 A atividade pode ser realizada em casa com o acompanhamento dos familiares, a fim de que haja tempo de secagem de materiais eventualmente utilizados, como tinta e cola. Na aula seguinte, promova uma roda de conversa em que os alunos possam apresentar suas produções e explicá-las. 30 PASSADO, PRESENTE E FÉ | VOLUME 4 Página 57 Atividades 6 Os alunos podem colar imagens de vitrais, azulejos, etc. A pesquisa pode ser feita na internet ou em revistas. É importante que eles saibam o significado e o nome da religião representada na imagem que vão selecionar. Uma proposta interessante é fazer agrupamentos das mesmas tradições religiosas para que sejam identificados os vários elementos artísticos a elas relacionados. Eles podem registrar no caderno as religiões e o tipo de arte que encontraram. Fazer o bem 7 Organize um período para a realização da atividade. Traga para a sala um crucifixo de madeira para representar a cruz. Cubra-o com folhagem verde, qualquer que seja a disponível na sua região. O crucifixo ficará totalmente coberto pelo verde. Providencie flores (uma para cada aluno) com cabos pequenos e as coloque em uma cesta. Deixe o crucifixo em um lugar silencioso da escola; disponha as cadeiras em círculo; coloque a cesta de flores no meio do círculo e reproduza uma música am- biente para receber os alunos. Proponha a eles um momento de reflexão sobre os atos cotidianos e sobre tudo aquilo que gostariam de transformar em seu dia a dia. Peça a eles que imaginem todos os gestos bons ou a gratidão que gostariam de manifestar por motivos diversos. Lembre-os do que é belo, bom e de todos os desejos de transformação. Cada aluno, então, pega uma flor no centro do círculo e a coloca na cruz. Esta ficará coberta de flores. Relembre-os de que a ressurreição (cruz vazia) só acontece