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A TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO 
 
Benigno Núñez Novo 08/02/2020 
 
 A tridimensionalidade no direito é uma teoria 
que ganhou visibilidade por Miguel Reale que defende a 
existência de três etapas que devem ser levadas em conta e 
estudadas em um caso jurídico: o fato, o valor e a norma. 
 1) fático (o Direito como fato, ou em sua 
efetividade social e histórica. Ideia do sociologismo 
jurídico); 
 2) axiológico/valorativo (o Direito como valor 
de justiça. Ideia do moralismo jurídico/jusnaturalismo); 
 3) normativo (o Direito como ordenamento e sua 
respectiva ciência. Ideia do formalismo-
normativista/positivismo). 
 O Direito: definição de Miguel Reale. Segundo 
Miguel Reale, o direito é a ordenação ética coercível, 
heterônoma e bilateral atributiva das relações sociais, na 
medida do bem comum. O direito, assim, é um conjunto de 
normas éticas (uma “ordenação ética”). 
 O Direito é sempre um fenômeno verificável na 
realidade social; é um fato social, portanto. O direito, 
como objeto científico, pode ser estudado sob três dimensões: 
através da filosofia do direito, da ciência dogmática-
normativista do direito e da sociologia jurídica. 
 A partir da teoria criada 1968 por Miguel Reale 
que pressupõe que fato, valor e norma estão sempre presentes 
e correlacionados em qualquer expressão da vida jurídica, é 
possível dizer que os sociólogos, filósofos e juristas não 
devem estudar o Direito e os seus fatores isoladamente, mas 
sim de modo conjunto, onde estejam todos relacionados à 
realidade da vida, ou seja, as análises dos três ramos passam 
a ter um sentido dialético, uma sentença judicial deve ser 
apreendida segundo uma experiência axiológica concreta e não 
apenas como um ato lógico que é resultado de um silogismo. 
https://emporiododireito.com.br/perfil/benigno-nunez-novo
 Nesse contexto, Reale ensina que: “onde quer que 
haja um fenômeno jurídico, há, sempre e necessariamente, um 
FATO subjacente (fato econômico, geográfico, demográfico, de 
ordem técnica, etc); um VALOR, que confere determinada 
significação a esse fato, inclinando ou determinando a ação 
dos homens no sentido de atingir ou preservar certa 
finalidade ou objetivo; e, finalmente, uma regra ou NORMA, 
que representa a relação ou medida que integra um daqueles 
elementos ao outro, o fato ao valor;”. 
 Direito é a junção do fato social (que, a título 
de exemplo, pode ser a violência doméstica contra a mulher), 
do valor percebido na sociedade de forma mediana (a 
repugnância e a necessidade de proteção reforçada contra 
essa violência) e da norma (Lei Maria da Penha). 
 Tome-se como exemplo a Lei 13.290/2016, vulgo 
"Lei do Farol Baixo". Como se poderia defendê-la mediante a 
teoria tridimensional de Reale? Segundo a norma, a lei 
cumpriu com todos os procedimentos requeridos para sua 
promulgação e foi aprovada por todas as autoridades 
competentes em todas as suas etapas de análise. Segundo os 
fatos, argumenta-se que ela é necessária e eficiente para o 
aumento da segurança do transporte rodoviário, uma questão 
que muito concerne a sociedade brasileira. Segundo a valor, 
a medida é justa por considerar o bem-estar dos motoristas 
e a proteção do coletivo, fins cuja moralidade é auto-
evidente. 
 Segundo o Reale, há uma relação de implicação 
entre os elementos do Direito (fato, valor e norma), já que 
eles se correlacionam entre si sem haver sobreposição de um 
em desfavor do outro. Para que se perceba o Direito, 
portanto, deve haver a previsão de uma norma baseada em um 
fato social, do qual se extrai um valor moral. Sobre a visão 
realeana do Direito, pode-se afirmar que “Direito é a 
ordenação heterônoma, coercitível e bilateral atributiva das 
relações de convivência, segundo uma integração normativa de 
fatos segundo valores.” E, sobretudo, é um fenômeno 
histórico-cultural. 
 A Teoria Tridimensional do Direito trouxe uma 
visão inovadora e integrada do Direito proporcionando uma 
maior proximidade das leis com os ideais de justiça e uma 
sequência de normas que visam realmente servir e guiar o 
homem em seu desenvolvimento. O Direito como uma interação 
dinâmica e dialética dos três elementos que o integram, sendo 
dinâmico e esta característica só pode ser compreendida se 
levarmos em consideração não só a dimensão norma, mas também 
as dimensões fato e valor. 
 O fenômeno jurídico acontece simultaneamente nos 
âmbitos da norma, do fato e do valor, sendo incorreto 
interpretá-lo com a exclusão de qualquer outro. 
 Argumentos contrários também podem ser feitos, 
mas o fundamental é notar que, para a teoria tridimensional 
do direito, estes devem considerar cada base do tripé norma-
fato-valor, não apenas uma ou duas, e ver como elas interagem 
entre si. Por essa consideração complementar, e não 
excludente, dos três elementos, a abordagem de Reale é 
formalmente conhecida como "dialética da 
complementariedade", gerando maior flexibilidade 
interpretativa no estudo das leis. A grande contribuição da 
Teoria tridimensional do Direito e a sapiência do jurista 
brasileiro ao desenvolve-la, com a consequente evolução do 
ordenamento jurídico como um todo. 
 
 
Notas e Referências 
COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, moral e religião no 
mundo moderno. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. 
CUNHA, Paulo Ferreira da; et al. História do direito: do 
direito romano à constituição europeia. Coimbra: Edições 
Almedina, 2010. 
CZERNA, Renato Cirell. "O Pensamento Filosófico e Jurídico 
de Miguel Reale", 1a edição. São Paulo: Editora Saraiva, 
1994. Versão digitalizada. 
RADBRUCH, Gustav. "Filosofia do Direito", 2a edição. São 
Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. 
REALE, Miguel. Filosofia do direito. 20. ed. São Paulo: 
Editora Saraiva, 2002. 
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito, Editora 
Saraiva Jus, 27ª edição, 20ª tiragem, 2017, pgs. 64/68.

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