Buscar

Relações comerciais entre Brasil e China

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1
9
FACULDADES INTEGRADAS ASSESC
CURSO: Ciências contábeis 
DISCIPLINA: Economia internacional
PROFESSOR: Marcelo Oliveira
ACADÊMICOS: Brunna Franzoni	
 Fernanda Franzoni
RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E CHINA
FLORIANÓPOLIS
9
JUNHO/ 2014
Introdução
Neste trabalho apresentaremos de forma sucinta, diferenças e semelhanças entre Brasil e China, realizando uma análise comparativa do comércio bilateral entre ambos. Procurando dar um formato mais didático, o trabalho está dividido em três seções e uma pequena conclusão.
Iniciaremos a abordagem apresentando um breve históricoda economia brasileira e chinesa, além de apresentar os desafios dos dois países no que diz respeito às desigualdades sociais.
A seção seguinte tratará especificamente das relações comerciais entre os dois países.
Na sequência será a abordagem do comércio exteriordos dois países, Brasil e China na OMC e os acordos bilaterais sino-brasileiros.
O estudo foi baseado em informações descritivas e o resultado apresentado não demonstrará números, mas apenas evidências recolhidas e tratadas de forma textual.
2- Brasil e China – desafios semelhantes
Pode parecer difícil comparar Brasil com a China, porém alguns autores defendem a ideia de que esses países são mais parecidos do que diferentes.
É fato que a distância geográfica é enorme e as diferenças histórico-culturais são evidentes. Entretanto, Brasil e China possuem desafios semelhantes que envolvem a redução de desigualdades sociais, algo que deve acontecer através da elevação da capacidade de consumo e do nível de qualidade de vida de suas populações.
Ambos seguem a trajetória de país de terceiro mundo para economia emergente, inclusive fazendo parte do mesmo grupo o Brics, que é uma sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países que se destacaram no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento. A sigla não se refere a um Bloco econômico, sendoapenas um grupo de países que compartilham de uma situação com índices econômicos e de desenvolvimento parecidas. 
2.1 - Histórico da economia brasileira
Tendo tornado-se uma nação independente em 1822, e uma República em 1889, o Brasil pode ser considerado ainda como um país jovem e consequentemente com uma economia ainda engatinhando.
Entre 1969 e 1973, a economia brasileira foi impulsionada pala exportação de soja, fazendo com que o PIB crescesse a taxas elevadas de até 14% aa.
Com a crise do petróleo na década de 70, o Brasil passou um grande período de instabilidade monetária e de recessão com altos índices de inflação.
A partir de 1990 a economia iniciou um processo de abertura e de lá para cá, o Brasil tem atuado de forma mais madura e intensiva na política econômica, buscando seu espaço junto ao mercado e a grandes economias mundiais.
Após estar colocada como a sexta economia mundial, perdeu uma posição e hoje está na sétima, a frente de países de primeiro mundo, com economias estáveis e com altos padrões de vida.
2.2 - Histórico da economia chinesa
No século XIX e início do XX, a China passou por uma guerra civil, que ocasionou perdas de militares, ocupação estrangeira, escassez de alimentos e má condição de vida da sua população. No final dos anos 70, sua economia mudou de um sistema central para uma economia aberta e voltada para ao comércio internacional. 
Isso resultou em um rápido crescimento do setor privado e sua inserção na economia global, com liberação dos preços, descentralização fiscal, maior autonomia para as empresas estatais, criação de um sistema bancário diversificado, bem como um rápido crescimento do setor não estatal, abertura do comércio externo e investimentos.
Em 2008, aumentou seu poder de compra e mostrou-se como a segunda maior economia do mundo atrás dos Estados Unidos. 
Os investimentos diretos de capital estrangeiro subiram muito, cerca de 7.000 empresas domésticas chinesas atingiram uma elevada soma e passaram a atuar em mais de 173 países e regiões ao redor do mundo. As províncias costeiras têm seu desenvolvimento econômico mais acelerado que as do interior, mais de 200 milhões de trabalhadores rurais e seus dependentes foram redistribuídos em zonas urbanas para estimular o emprego. 
O Governo chinês intensificou seus esforços para melhorar as condições ambientais, criar de uma política nacional para alterações climáticas, pretendendo ainda adicionar a capacidade de produção energética a partir de outras fontes de energia. No final de 2008, a China comemorou o 30° aniversário de reformas econômicas, com a procura de acordos e novos parceiros, para a exportação de seus produtos.
3- As relações comerciais entre Brasil e China
Até o final do século XIX não existia qualquer tipo de relacionamento entre Brasil e China. Os primeiros contatos do governo brasileiro com o governo chinês aconteceram nessa época. O Brasil tinha interesse em trazer mão-de-obra chinesa, principalmente para trabalhar nas lavouras cafeeiras do Estado de São Paulo. Entretanto, esse projeto de imigração não obteve sucesso, devido à recusa do governo chinês, que argumentava o receio que tinha quanto à questão da escravidão.
A razão da não permissão de vinda dessa mão-de-obra ao Brasil decorreu dos problemas que as primeiras correntes migratórias para o continente americano sofreram. Mesmo com a não concretização, pela proibição formal da China, os dois países assinaram o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação em 1881, com o Brasil abrindo um consulado em Shangai em 1883.
Entre o período do Tratado citado acima até 1949, ano em que Mao-TseTung, líder comunista chinês fundou a República Popular da China (RPC), as relações entre os países não progrediram e foram apenas diplomáticas, muito por causa da sucessão de conflitos externos e internos que os chineses enfrentaram no período, além das duas Guerras Mundiais. 
Com a vitória de Mao em 1949, a China tornou-se um país socialista, mantendo relações com a União Soviética, super potência do bloco socialista. Já o Brasil era aliado dos Estados Unidos, super potência do bloco capitalista. Devido a esses acontecimentos, o Brasil rompeu suas relações com a China continental de Mao (RPC) e reconheceu a China nacionalista (Taipei) como representante do povo chinês. 
Em 1961 o Brasil iniciou uma aproximação com a China, com uma missão comercial brasileira em Pequim, liderada por João Goulart. Porém com o golpe militar de 1964, uma missão comercial chinesa que estava no Brasil foi presa, causando danos a recém iniciada reaproximação.
Somente no governo de Ernesto Geisel em 1974, já nos últimos anos de Mao no poder, pois o mesmo perdia popularidade e morrera em 1976, o Brasil voltou a se reaproximar da China. Através de uma parceria com intuito de alinhar os interesses comuns no que dizia respeito ao desenvolvimento de ambos os países. Nessa época na China, Deng Xiaoping crescia dentro da política chinesa e defendia um aumento das relações chinesas com o resto do mundo. 
Os brasileiros adotavam a estratégia de atuar no cenário dos países de Terceiro Mundo, e a China fazia parte desse projeto, pois seria um importante parceiro dando credibilidade e legitimidade para a ação brasileira.
Após o restabelecimento das relações diplomáticas em 15 de agosto de 1974, a parceria sino-brasileira objetivou uma ação conjunta em tópicos de interesses comuns de desenvolvimento na agenda internacional. Apesar das diferenças em relação aos sistemas políticos, ambos demonstraram similaridades em alguns princípios de política externa, principalmente a determinação em assegurar a autonomia internacional, soberania nacional e integridade territorial. 
Desde então, até os dias de hoje, o relacionamento entre os dois países passou por altos e baixos, sendo que daquele período até o começo da década de 1990, o estreitamento entre os países aconteceu de forma modesta e cautelosa. 
Entretanto, o comércio bilateral
entre os países evoluíram de forma mais intensa com o fim da Guerra Fria e especialmente pelas mudanças políticas e econômicas implementadas pelo Brasil, como a abertura econômica nacional.
A partir de 1993, no governo de Itamar Franco se definiu a Ásia como prioridade da diplomacia brasileira em função do seu potencial cooperativo nos campos cientifico e tecnológico e também como mercado para exportação e importação. 
Enquanto isso na China, Deng Xiaoping conseguia depois de muitos anos enfraquecer seus opositores socialistas extremos, que dificultavam suas ideias desenvolvimentistas e a manutenção de suas reformas econômicas, conseguindo assim inserir seus sucessores no poder, com a ajuda do Exército de Libertação do Povo - ELP. 
A partir do último ano de governo do presidente Itamar Franco, o intercâmbio comercial sino-brasileiro entrou em uma fase de rápido crescimento que dura até o presente. O início dessa fase de crescimento acelerado se deve à abertura econômica do Brasil, mas também ao avanço das reformas econômicas na China que abriu espaço para uma melhor e maior inserção e adaptação desse país na economia internacional. 
Ainda que apresentando crescimento significativo na década de 1990, havia dificuldades que amarravam as relações sino-brasileiras, como as crises brasileiras e asiáticas, que geraram dificuldades no relacionamento por motivos de priorização de compromissos internos e até regionais. Mesmo havendo interesse mútuo na ampliação dos negócioscomerciais e de laços políticos ainda não foi nessa década que as relações deslancharam de vez. 
Toda a oscilação que até então envolvia as relações entre os dois países começou a mudar a partir do século XXI, iniciando uma trajetória sólida de intenso crescimento. As exportações brasileiras à China aumentaram significativamente em alguns anos, sendo que no mesmo período as importações chinesas também tiveram evolução. 
Em 1999 foi criado o Fórum de Cooperação Ásia do Leste – América Latina, aproximando ambas as regiões, com intuito de implementar planos e programas que ampliem os laços econômicos, políticos e culturais. 
Isso comprova o interesse mútuo em busca de complementar o comércio e as alianças políticas e mostra a disposição de estreitar as relações através de parcerias. 
Em novembro de 2004 o Brasil concedeu à China o status de economia de mercado. No entanto, como protocolo de entrada na Organização Mundial do Comércio, a China concordou em não ser reconhecida como economia de mercado por um período de 15 anos (Dezembro 2016). Mesmo assim, os chineses buscam antecipar sua situação, apesar da posição contrária dos Estados Unidos e da União Europeia. O objetivo é reduzir a arbitrariedade europeia e norte-americana em ações antidumping contra seu país. 
Com esse reconhecimento o Brasil busca parcerias e trocas de benefícios para ambos. A vantagem dessa concessão é que em 2016 perante todas as economias, a China terá o status de economia de mercado. Logo, as nações que reconhecem mais cedo, ganham moral com os chineses e conseguem negociar e colocar em prática excelentes negócios com o gigante e promissor mercado chinês.
Fica evidente a evolução das relações bilaterais entre Brasil e China desde o restabelecimento das relações diplomáticas em 1974. Nos tempos atuais é necessário ser destacado o recente desenvolvimento do Conselho Empresarial Brasil-China, que reúne diversas empresas brasileiras e chinesas e a vontade não somente dos governos, mais também dos empresários de ambos os países em estabelecer cada vez mais uma satisfação mútua.
4 - O Brasil e a China no comércio exterior
O comércio exterior é a troca de bens e serviços realizada entre fronteiras territoriais ou internacionais. Conforme dados do Consulado Geral da República Popular da China no Rio de Janeiro, no final da década de 70, a política estatal da China concentrou-se na abertura ao comércio exterior, estabeleceu zonas econômicas e áreas litorâneas. Nos anos 80, abriu 14 cidades litorâneas com o intuito de captar investimentos e recursos externos, para um maior desenvolvimento tecnológico e econômico. Nos anos 90, abriu mais de 13 cidades e estabeleceu mais de 20 pontos estratégicos de base tecnológica.
Atualmente exporta produtos primários, combustíveis, manufaturados, aparelhos, aparelhos elétricos e eletrônicos, bebidas, etc. Seus principais parceiros econômicos são: União Européia, Estados Unidos, Japão, Austrália, Rússia, Índia e Brasil.
Até 1960, o Brasil exportava apenas produtos primários como algodão, cacau, fumo, açúcar, madeira, carne e café, o que representava 70% de suas exportações.
O comércio exterior brasileiro despontou a partir de 2003, com fases de altos e baixos no agro-negócio, porém o minério de ferro e o petróleo cresciam em vendas. O Brasil buscou então fortalecer seus laços de amizades com países que poderiam impulsionar sua economia, bem como acordos bilaterais ou multilaterais com a China, Índia, Ásia, países do oriente médio entre outros.
Hoje o Brasil exporta produtos industrializados e semi-manufaturados como calçados, suco de laranja, têxteis, óleos, bebidas, alimentos industrializados, produtos químicos, aparelhos mecânicos, e outros, tendo como principais parceiros comerciais: União Europeia, Estados Unidos, Argentina, Japão, Paraguai, Uruguai, México, Chile, China, Taiwan, Coreia do Sul e Arábia Saudita.
4.1 Os dois países na Organização Mundial do Comércio – OMC
A OMC foi fundada em 1995 com intuito de levar aos países uma nova cooperação na economia mundial com grandes inovações. É o principal órgão internacional de regulamentação comercial e através de negociações multilaterais, espera-se uma evolução no comércio internacional com a finalidade da liberação do comércio mundial.
É na OMC, que os países membros apontam suas questões e preocupações em relação às políticas comerciais de seus parceiros econômicos, bem como regula as relações comerciais por meio de cumprimento de seus acordos, que podem ser multilaterais e plurilaterais. Os multilaterais são diretamente vinculados a OMC e os países membros da organização devem aceitar os termos sem exceção, já os acordos plurilaterais são facultativos, os países podem aderir a eles ou não. 
Com 159 países membros, tem sua estrutura dividida em três grupos conforme o nível de desenvolvimento econômico: países desenvolvidos, países em desenvolvimento e países menos desenvolvidos. Os países menos desenvolvidos e em desenvolvimento têm vantagens e garantias maiores, pois o desenvolvimento global é também um dos objetivos da organização.
Em de dezembro de 2001, o ingresso da China na organização, após uma longa negociação, fez com que ela se tornasse membro efetivo. 
O primeiro acordo entre Brasil e China foi a Convenção de Arbitramento, seguida por outros acordos como os de cooperação científica, tecnológica, educacional, transportes marítimos, e, atualmente o que merece destaque é o protocolo de cooperação em energia e mineração.
4.2 O comércio bilateral sino-brasileiro
No ano de 2008 a China passou a ser o segundo maior parceiro comercial do Brasil. O comércio sino-brasileiro apontou recordes, ultrapassando negociações com outros grandes parceiros econômicos do Brasil.
	Nesse mesmo período, as exportações brasileiras para a China chegaram a valores correspondentes a 8% das vendas do Brasil para o mundo.
As importações brasileiras procedentes da China aumentaram 58,8%, totalizando aproximadamente 11,5% de tudo o que o Brasil comprou do exterior.
	Apesar de momentos de oscilação, como o sentido no final de 2008, devido ao desaquecimento da demanda chinesa, a queima de estoque de algumas empresas, a desvalorização de commodities e crise de liquidez internacional, a relação comercial entre China e Brasil é forte e crescente.
	Os principais produtos brasileiros exportados para a China são óleo de soja, petróleo e seus derivados, minério de ferro, carnes e laticínios, carne de frango, etc.
	Já, com relação às importações, os principais produtos
são máquinas, aparelhos elétricos e mecânicos, com destaque para equipamentos para a construção civil.
	Com o impacto da crise financeira internacional e seus efeitos sobre a economia brasileira, as importações desaceleraram, permanecendo os bens de capital como os principais produtos importados.
	Apesar de variações no que se refere ao comércio entre os dois países, os números apurados esboçam boas perspectivas, surgindo novas tendências de exportações do Brasil para a China como softwares, equipamentos agrícolas, cosméticos e bens de capital em geral.
5. Conclusão
A análise de dados e opiniões de entendidos no assunto nos faz concluir que apesar de diferentes, o comércio entre os dois países está se estabelecendo como uma parceria sólida e provavelmente duradoura. 
A tendência consumista que está se estabelecendo na China traz boas perspectivas para o mercado brasileiro que poderá ofertar novidades aos consumidores chineses e fazer com que isso se reflita nos negócios entre os dois países.
Outras possibilidades que merecem destaque no comércio sino-brasileiro são a Companhia Vale do Rio Doce e a BaoSteel, uma das maiores siderúrgicas chinesas e importadora individual de minério do Brasil; a Embraer e a Avic II, o setor têxtil e de vestuário e ainda no setor da construção civil, onde o Brasil é muito competitivo e experiente.
As relações comerciais devem se estreitar e superar barreiras como a idiomática, de transporte, desconhecimento mútuo, dentre outras que existem por se tratar de dois países com culturas tão diferentes e de certa forma tão desconhecidas uma da outra.
6. Bibliografia
BRASIL. Secretaria Executiva do Conselho Empresarial China-Brasil. Macro China. Disponível em: <http://www.cebc.org.br> Acesso em 23 de junho de 2014.
REVISTA DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Disponível em <http://www.bu.ufsc.br>. Acesso em: 23 jun. 2014

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando