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Exames Parasitológicos Diagnóstico de Protozoários Intestinais > Amebíase - Doença infecciosa causada pela Entamoeba histolytica com ou sem sintomatologia clínica. - A Entamoeba histolytica é a única espécie patogênica que habita o intestino humano. E ela é idêntica a Entamoeba dispar. - É comensal. ➔ Dados epidemiológicos - É uma parasitose cosmopolita. - 500 milhões de pessoas parasitadas. - 10% desenvolvem sintomas clínicos. Neste contexto, também estão os portadores da E. dispar. - 1% sofrem complicações. - 100 mil mortes / ano (3a causadora de mortes entre as doenças parasitárias). ➔ E. histolytica - Patogênica invasiva - Shaudinn, 1903. - Diferentes graus de virulência. - Infecção subclínica - 10 a 40% dos indivíduos infectados. - Presença de antígeno no soro. - Desenvolvem anticorpos antiamébicos. - Amebíase invasiva. ➔ E. dispar - Não patogênica ou comensal - Brumpt, 1925; Sargeunt, 1978; Diamond e Clarck, 1993. - Não patogênica. - Não desenvolve amebíase invasiva. - Não apresenta antígenos amébicos detectáveis. - Não induzem produção de anticorpos. ➔ Espécies de Amebas - Trofozoíto ou forma vegetativa: fase que se nutre, se movem e se reproduzem, que emitem pseudópodes globosos, volumosos, sarcodinas. - A característica da E. histolytica/dispar e hartmanni, no que diz respeito ao pseudópodes, é que elas promovem a diferenciação do citoplasma, em ecto e endoplasma. Portanto, o pseudópode globoso, volumoso, com diferenciação de ectoplasma e endoplasma (granuloso), é sugestivo dessas três espécies. - Entamoeba hartmanni é a menor das amebas. - A Entamoeba coli, que é muito frequentemente visto no material fecal, ela não tem o mesmo tipo de pseudópodes das outras três faladas e a produção carrega tanto ecto e endoplasma, assim como a Endolimax nana e a Iodamoeba também. - Em quanto ao núcleo da E. histolytica e dispar, os trofozoítos possuem apenas um único núcleo, que se encontra a cromatina, membrana nuclear (mais fina, delicada), só que ela se junta a cromatina e fica mais espessa, então quando se cora a lâmina, se vê a cromatina uniformemente distribuída ao longo de toda a membrana nuclear, além disso, ela também esta despesa formando as “rodas de bicicletas”, que convergem ao cariossoma, que é o corpúsculo central, onde ele é puntiforme, delimitado. Isso também é característico da E. hartmanni. - A E. coli, também tem cromatina nuclear, só que não é uniformemente distribuída no núcleo, existem falhas, áreas que não tem cromatina e em outras, existe condensação. Elas também têm raios que convergem para o cariossoma, mas estes são excêntricos. - A Endolimax nana e a Iodameba bustchii não tem cromatina e o cariossoma é bem volumoso. kelyv Máquina de escrever Kellen Araujo Biomedicina - UFPE - Uma característica importante a ser observada na E. histolytica/dispar é a presença de hemácias, embora seja uma característica mais própria da E. histolytica, que invade a mucosa intestinal, a dispar também tem sido vista ingerindo hemácias. - Os trofozoítos não tem formas, o que dá forma a eles são os movimentos. - De uma forma geral, os cistos são esféricos, mas tem-se no caso da Endolimax um cisto meio eliptico, uns mais do que outros e a Iodamoeba com um formato triangular, que se comporta diferente das outras. - Uma característica importante da Iodamoeba é que elas possuem um grande vacúolo, volumoso, que é tão grande que os autores fizeram uma analogia com o anel de bacharel, já que ele tem um único núcleo (o único cisto que carrega somente 1 núcleo), o vacúolo quando corado, se apresenta com uma cor mais salmão, rosinha. - A Endolimax nana tende a ser esférico, só que meio troncha, contém até 4 núcleos. - A E. coli é a que possui um cisto maior, que possui até 8 núcleos. - A E. histolytica/dispar e hatmanni contém 4 núcleos, sendo o da hatmanni núcleos pequenos e meio refringentes, que se comporta perante a luz diferente, tem um certo brilho. ➔ Morfologia da E. histolytica/E. dispar - Trofozoíto ou forma vegetativa (intestino, úlceras e fezes diarreicas, cultura). - Cisto ou forma de resistência (fezes normais) = possuem corpos cromatoides, mas nem sempre são bem visualizados, tem um formato de charuto, tudo grosso. ➔ E. coli - É um comensal. - Os corpos cromatoides da E. coli, são muito delicados, sendo muito difícil de visualizar na microscopia. - Não há diferenciação do pseudópodes em ecto e endoplasma. ➔ Iodamoeba butschlii ➔ Endolimax nana - Não tem cromatina, a membrana nuclear é delicada e o cariossoma bastante volumoso. ➔ Ciclo evolutivo - Monoxênico - apenas 1 hospedeiro. - A forma infectante são os cistos maduros. - A forma de transmissão é através da ingestão de alimentos, verduras, frutas, água, objetos sujos, aperto de mão contendo os cistos maduros. - Os cistos atravessam o estômago, e chegam na porção final do intestino delgado, na porção final do íleo, sofre ação de enzimas do pH local, proteínas, sais biliares, que vai haver o início do desencistamento, vai perder a membrana cística, a membrana cística se abre e escapa o citoplasma e o núcleo, essa célula passa a ser chamada de metacistica. - O metacisto vai sofrer a plasmogamia, cada núcleo vai ficar com um fragmento de citoplasma, então uma célula que terá um cisto com 4 núcleos, terá 4 metacisto. - Após isso, ele vai habitar a mucosa intestino grosso e vira o trofozoíto. - Após, ele se desprende da mucosa e desidrata, virando um pré-cisto. - Depois, ele vai amadurecer, secretando a membrana cística e ocorrendo a nucleotomia, divisão do nuclear, até se tornar com 4 núcleos. - Se invade a mucosa intestinal, ele não forma mais cisto. - Os trofozoítos que invadem a mucosa intestinal saem destruindo elas e se estabelecem na submucosa, mas isso dá margem para que eles alcancem os vasos sanguíneos e ganhem outros órgãos. OBS: O trofozoíto não é considerado uma forma evolutiva infectante, porque ele vai ter um tempo de meia vida curto. ➔ Mecanismo fisiopatogênico da Amebíase - A E. histolytica é capaz de invadir a mucosa intestinal por causa de suas moléculas, dos PAMP, um deles é a lectina, que são proteínas que têm afinidade por carboidratos, e no caso da E. histolytica, a sua lectina vai ter afinidade pela galactose e pela N-acetil-galactosamina. Ela estabelece um foco de adesão na superfície dos enterócitos. - Esse foco quando é estabelecido, ele dispara sinais, cascatas, que vão promover a liberação de outros fatores envolvidos no processo de invasão, um deles é os amebaporos. Os amebaporos são peptídeos sintetizados no citoplasma do trofozoíto, que são liberados e começa a se unir por ligações peptídicas, se polimerizando e formando canais que vão ser inseridos na mucosa dos enterócitos e com isso haverá a possibilidade de passagem de água e as células começam a ficar entumecidas, e isso contribui para a morte das células. - Ao mesmo tempo, há a liberação de uma enzima líquida, que é a cisteína proteinase, que é liberada pelos trofozoítos e ela vai lisar as células, o tecido entérico, causando a proteólise da matriz extracelular, então ela começa a clivar o colágeno, e fibronectina, desmonta o tecido, ele colapsa, é o inicio do processo de ulceração. - Todo esse mecanismo é regulado pela proteína quinase C, que estimula mais produção de amebaporos e mais liberação de cisteínas proteinases. ➔ Manifestações clínicas da Amebíase - Infecção sintomática - Colites não disentéricas (sintomas intermitentes), fezes moles ou pastosas (3 a 4x dia), desconforto abdominal. - Forma disentérica - colites amebianas: Cólicas intestinais intensas - pois está havendo perda tecidual; Diarreia mucossanguinolenta (8 a 20x dia); Febre moderada. Complicações: Perfuração do intestino - por causa da ulceração, peritonite, ameboma - reação granulomatosa, apendicite, hemorragia - porque as lesões ocorrem também a nível de tecido vascular. - Amebíase extra-intestinal: Amebíase hepática; há uma liquefação dos hepatócitos. - Complicações torácicas: Amebíase pleuropulmonar; Pericardites. - Abscesso cerebral (raro). - Abscesso cutâneo.> Giardíase - G. duodenalis, G. intestinalis e Lamblia intestinalis - todas elas são iguais, é a mesma coisa, são sinônimos. - É a giárdia que acomete o homem, os animais também. ➔ Dados epidemiológicos - Cosmopolita. - Infecção por protozoário mais comum no mundo. - Crianças mais afetadas. - Agente etiológico da diarreia dos “Viajantes” - aquela diarreia que ocorre geralmente em população de países desenvolvidos, que nunca entraram em contato com o parasito e quando chegam em um país que é frequente, tem uma baita diarreia. ➔ Trofozoíto - Formato piriforme, que lembra uma “pera”. - Ele é excêntrico, a sua porção ventral é côncava e o dorso convexo. - Na sua porção ventral, tem o disco suctorial, no qual este estabelece a adesão na superfície da mucosa intestinal. - Por trás do disco, se encontram dois 2 núcleos. - Possui o axóstilo, que é como se fosse um citoesqueleto, formado por microtúbulos, que se estende desde a base de formação dos flagelos até a extremidade do corpo. - Possuem também 4 pares de flagelos e corpos parabasais. ➔ Cistos - Cistos tem um formato ovalado, elípticos. - A membrana cística destacada com o citoplasma. - 4 núcleos quando ele está maduro, normalmente, se vê 2. - E contém os axonemas com flagelos. - E também tem-se corpos escuros. ➔ Ciclo biológico - Monoxênico - A forma de transmissão é através de ingestão de água, frutas, verduras, alimentos contaminados com o cisto maduro. - O cisto maduro é a forma infectante. - Quando se ingere o cisto de giardia, já no estômago se dá início ao desencistamento. E quando chega no duodeno, jejuno, o desencistamento se completa, então enzimas do pH do meio favorece o desencistamento, liberando dois trofozoítos. - Quando ele libera os dois trofozoítos, eles já estão no ambiente que irão habitar, que é o intestino delgado, se alimentam e se reproduzem. - Posteriormente, sob ação das enzimas do pH do meio, o trofozoíto sofre encistamento, ocorre a formação dos cistos e eles são liberados juntamente as fezes. ➔ Patogenia - Adesão do disco suctorial ao epitélio intestinal - o disco vai ser um elemento irritativo para a mucosa, então quanto mais tempo o trofozoíto permanecer no local, mais lesões são formadas, lesões superficiais, pois ele não invade a mucosa. - Obstrução mecânica - ocorre quando o número de populações de trofozoíto é grande, ele começa a formar o tapete da mucosa intestinal, impedindo a absorção de nutrientes. - Liberação de substâncias citopáticas - são substâncias que lesam as células, como as proteases, e elas estabelecem a camada superficial das células, causando irritação. - Liberação de toxinas que desencadeiam uma resposta inflamatória - quando o sistema imune atua, a lesão fica mais evidente, é justamente quando o trofozoíto entra em contato com os macrofsgors e esses acionam através dos linfócitos, a produção de imunoglobulinas, estas interagem com os mastócitos na superfície dos enterócitos e degranula as células com a liberação de histamina, que é um potente alérgeno, que causa edema, aumenta o peristaltismo intestinal, arrastando os trofozoítos, causando processo diarreico. - Renovação das células do epitélio intestinal - quando provocam o aumento do peristaltismo e provoca a diarreia, os enterócitos não têm tempo de se reconstituir, não amadurecem, ficam sempre imaturos, sem as enzimas necessárias para o processo digestivos, causando a esteatorreia, não degradando a lactose. ➔ Manifestações clínicas da giardíase - Cepa + carga parasitária + susceptibilidade do hospedeiro. - Diarreia. - Má absorção (lactose, B12, vitamina lipossolúvel e ferro) - Perda de peso. - Esteatorreia. > Diagnóstico ➔ Diagnóstico Clínico - Não possuem muito suporte, pois as características clínicas não são próprias de cada uma dessas parasitoses, a não ser da E. histolytica. - Então ele não é conclusivo, precisa ir para o diagnóstico laboratorial. ➔ Diagnóstico Laboratorial 1- Demonstração microscópica do protozoário nas fezes ou em aspirados de lesões necróticas no fígado e outras localizações; 2- Detecção de anticorpos séricos específicos; 3- Detecção de antígenos do parasito presentes nas fezes e em aspirados de lesões tissulares; 4- Detecção do material genético (DNA) do parasito em diferentes amostras biológicas. ➔ Diagnóstico Parasitológico - Exame de fezes. - Fatores que podem influenciar na eficiência de um determinado método produzindo resultados falso-positivos e falso-negativos: • Treinamento técnico do laboratorista 1. Diferenciar as espécies, como a presença de pseudópodes, vacúolo, por exemplo. 2. Distinguir as formas evolutivas de E. histolytica/E. dispar de artefatos e células. • Características físicas das fezes e coleta 1. Fezes formadas são encontrados os cistos e em fezes diarreicas os trofozoítos. 2. Coleta do material fecal (recipientes contendo fixadores como, formol a 10%, MIF - mertiolato-iodo-formol, ou SAF - acetato de sódio-ácido acético-formaldeído. • Presença de muco e sangue - Sugere um quadro de disenteria amebiana na amebíase, mas requer distinguir da disenteria bacteriana. • Intermitência na eliminação de cistos na amebíase e giardíase - Períodos parasitológicos e períodos de sintomas. - Tem-se o período patente, que é onde diagnóstica e o parasito está presente, mas é característica dos protozoários de ficar entre o período patente e sub-patente, que entram em processo de exaustão metabólica e param de se multiplicar, de se reproduzir, tendo escassez da espécie, então pensa-se que o paciente está curado, e para saber se está mesmo, faz o seriado de fezes. ➔ Diagnóstico laboratorial • Testes coproparasitológicos - Métodos adotados para a pesquisa do parasito nas fezes: 1. Exame direto a fresco - o exame direto é feito quando se pega uma porção pequena de material fecal e colocar na lâmina, cobrir com lamínula e analisar, sem corar. Ele é útil diante da disenteria, porque na amebíase e na giardia se vê o trofozoíto, com o pseudópode característico. - A coloração das lâminas é fundamental, para diferenciar cada espécie e diagnosticar de forma correta. 2. Métodos de concentração - método de Faust e colaboradores (centrífugo-flutuação em sulfato de zinco a 33% e densidade 1,18); é um método barato. Limpa o material, onde quando usa o sulfato de zinco a 33%, ele altera a densidade do líquido de lavagem, então após várias lavagens de material fecal para tirar a coloração, artefatos e etc., o sulfato de zinco impede que os cisto decantem, ficam todos na superfície. 3. Método de Ritchie (sedimentação por centrifugação com formol-éter) - deixam três camadas, forma limpa, resíduos e gordura, e o que se deseja fica no sedimento. Decanta o material, limpa a parede do tubo, e aspira o sedimento. 4. Método de sedimentação espontânea (Hoffman, Pons e Jane) - usado mais para helmintos ➔ Pesquisa de Trofozoítos nos tecidos - Retossigmoidoscopia - é possível realizar uma biópsia. - Punção das lesões com coleta de líquidos e exsudatos. Cuidados: ruptura do abscesso, hemorragia e infecção secundária. Indicação: possibilidade de ruptura espontânea do abcesso, diferenciação de abscesso amebiano (tende-se dificuldade encontrar cistos nas fezes) e piogênico e ausência de resposta a medicação adotada. ➔ Testes imunológicos - Importante na distinção das espécies (patogênica e não patogênica). - Anticorpos IgG podem ser detectados em cerca de 70% dos indivíduos com amebíase intestinal e em 95% nos pacientes com abscesso hepático. - Muito útil em pacientes com necrose coliquativa do fígado. ➔ Testes sorológicos - Anticorpos monoclonais IgM e IgG anti-lectinas podem ser detectados em amostras de fezes, saliva, soro e fluido de abscesso hepático. - Enzima imunoensaio - ELISA (Enzyme immunosorbent Assay) PRINCÍPIO DO TESTE: O antígeno purificado fica aderido aos poços da microplaca de poliestireno (fase sólida). Em seguida, adiciona-se o soro do paciente e, caso a amostra seja positiva, anticorpos específicos se ligam aos antígenos da fase sólida. ➔ Testes imunocoprológicos - Testes para detecção deantígenos nas fezes (kits) mostram resultados satisfatórios no diagnóstico das infecções intestinais assintomática e sintomática. - O ELISA que detecta a presença da lectina de aderência GAL/GALNAC é uma das técnicas mais utilizadas . - Giardia II, RIDASCREEN® Giardia (ELISA). - Giárdia ECO Teste (Imuno Cromatografia). ➔ Testes genéticos - PCR (Polymerase Chain Reaction): 1. Amplificação de fragmentos de DNA (1 milhão de vezes) 2. DNA proveniente de trofozoítos ou cistos 3. Há diferença de 5% na sequência de nucleotídeos entre as cepas patogênicas e não patogênicas, observados através de Primers. 4. Alta Sensibilidade e especificidade ➔ Métodos imunológicos - Detecção de antígenos nas fezes apresentam elevada sensibilidade e especificidade - Giardia II, RIDASCREEN® Giardia (ELISA) - Giárdia ECO Teste (Imuno Cromatografia)