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AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 180413 - RJ (2023/0146980-4) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : D V C B ADVOGADO : RICARDO PIERI NUNES - RJ112444 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EMENTA PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. 1. INDICAÇÃO DE FATOS SUPERVENIENTES. DEMONSTRAÇÃO DA PLAUSIBILIDADE DA TESE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 2. IMPEDIMENTO DO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PROMOTORA DIRETAMENTE INTERESSADA NO FEITO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. SITUAÇÃO DIVERSA DO HC 406.025/MG. 3. ALEGADA SUSPEIÇÃO. INIMIZADE CAPITAL. CIRCUNSTÂNCIA NÃO COMPROVADA. 4. CONCLUSÕES DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. IMPOSSIBILIDADE DE DESCONSTITUIÇÃO NA VIA ELEITA. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. NÃO CABIMENTO EM HABES CORPUS. 5. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO EM PARTE E IMPROVIDO. 1. Não é possível a análise direta pelo Superior Tribunal de Justiça do tópico referente a "fatos supervenientes relevantes que reforçam a plausibilidade da pretensão defensiva", sob pena de indevida supressão de instância, uma vez que não foram previamente submetidos ao crivo da Corte local. 2. Quanto ao mérito recursal propriamente dito, a defesa afirma que a promotora é impedida, por ser diretamente interessada no feito, uma vez que colheu depoimento no qual se afirmou que o recorrente pretendia atentar contra sua vida. No entanto, diversamente do precedente indicado pela defesa, "inexiste qualquer relato de investigação ou procedimento para apurar questão relativa a atentado contra a vida da Promotora”. - Não figurando a promotora como vítima da apuração em curso, que deu ensejo à ação penal por tentativa de homicídio qualificado contra terceiro, não há se falar que se trata de parte diretamente interessada, razão pela qual não se configura a hipótese do art. 252, inciso IV, do Código de Processo Penal, inexistindo, dessa forma, o alegado impedimento. 3. No que diz respeito à alegada suspeição, em razão de suposta inimizade capital, a Corte local destacou que "não há qualquer irregularidade na conduta da Promotora de Justiça, a qual demonstra que ARQUIVO 01 atua com a isenção necessária no exercício de suas atribuições, sem qualquer interesse pessoal, não havendo qualquer indicativo de que possui interesse escuso, em eventual condenação do acusado, tendo como único interesse apontar os verdadeiros culpados pela prática de tão grave crime e não incriminar gratuitamente alguém". - Conforme bem destacado pelo Ministério Público Federal em seu parecer, "os fatos nanados pela defesa não destoam daqueles normalmente praticados no exercício da função ministerial, ainda mais em uma cidade pequena, em que os promotores de justiça atuam em diversas frentes e, frequentemente, mantém contatos nem sempre muito amistosos com políticos locais". 4. Para desconstituir a conclusão alcançada pela Corte local, a fim de acolher pretensão defensiva nos moldes pretendidos na inicial, seria necessária não mera análise jurídica de fatos incontroversos, mas verdadeiro o revolvimento de conteúdo fático-probatório, providência sabidamente inviável em habeas corpus. 5. Agravo regimental conhecido em parte e improvido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 05/09/2023 a 11/09/2023, por unanimidade, conhecer parcialmente do recurso, mas lhe negar provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca. Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, Messod Azulay Neto e João Batista Moreira (Desembargador convocado do TRF1) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Messod Azulay Neto. Brasília, 11 de setembro de 2023. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 180413 - RJ (2023/0146980-4) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : D V C B ADVOGADO : RICARDO PIERI NUNES - RJ112444 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EMENTA PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. 1. INDICAÇÃO DE FATOS SUPERVENIENTES. DEMONSTRAÇÃO DA PLAUSIBILIDADE DA TESE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 2. IMPEDIMENTO DO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PROMOTORA DIRETAMENTE INTERESSADA NO FEITO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. SITUAÇÃO DIVERSA DO HC 406.025/MG. 3. ALEGADA SUSPEIÇÃO. INIMIZADE CAPITAL. CIRCUNSTÂNCIA NÃO COMPROVADA. 4. CONCLUSÕES DAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. IMPOSSIBILIDADE DE DESCONSTITUIÇÃO NA VIA ELEITA. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. NÃO CABIMENTO EM HABES CORPUS. 5. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO EM PARTE E IMPROVIDO. 1. Não é possível a análise direta pelo Superior Tribunal de Justiça do tópico referente a "fatos supervenientes relevantes que reforçam a plausibilidade da pretensão defensiva", sob pena de indevida supressão de instância, uma vez que não foram previamente submetidos ao crivo da Corte local. 2. Quanto ao mérito recursal propriamente dito, a defesa afirma que a promotora é impedida, por ser diretamente interessada no feito, uma vez que colheu depoimento no qual se afirmou que o recorrente pretendia atentar contra sua vida. No entanto, diversamente do precedente indicado pela defesa, "inexiste qualquer relato de investigação ou procedimento para apurar questão relativa a atentado contra a vida da Promotora”. - Não figurando a promotora como vítima da apuração em curso, que deu ensejo à ação penal por tentativa de homicídio qualificado contra terceiro, não há se falar que se trata de parte diretamente interessada, razão pela qual não se configura a hipótese do art. 252, inciso IV, do Código de Processo Penal, inexistindo, dessa forma, o alegado impedimento. 3. No que diz respeito à alegada suspeição, em razão de suposta inimizade capital, a Corte local destacou que "não há qualquer irregularidade na conduta da Promotora de Justiça, a qual demonstra que atua com a isenção necessária no exercício de suas atribuições, sem qualquer interesse pessoal, não havendo qualquer indicativo de que possui interesse escuso, em eventual condenação do acusado, tendo como único interesse apontar os verdadeiros culpados pela prática de tão grave crime e não incriminar gratuitamente alguém". - Conforme bem destacado pelo Ministério Público Federal em seu parecer, "os fatos nanados pela defesa não destoam daqueles normalmente praticados no exercício da função ministerial, ainda mais em uma cidade pequena, em que os promotores de justiça atuam em diversas frentes e, frequentemente, mantém contatos nem sempre muito amistosos com políticos locais". 4. Para desconstituir a conclusão alcançada pela Corte local, a fim de acolher pretensão defensiva nos moldes pretendidos na inicial, seria necessária não mera análise jurídica de fatos incontroversos, mas verdadeiro o revolvimento de conteúdo fático-probatório, providência sabidamente inviável em habeas corpus. 5. Agravo regimental conhecido em parte e improvido. RELATÓRIO Trata-se de agravo regimental interposto por D. V. C. B. contra decisão monocrática, da minha lavra, que negou provimento ao recurso em habeas corpus. O agravante aduz, em um primeiro momento, que há fato novo superveniente, consistente na absolvição do paciente em três outras ações penais elaboradas pela promotora ora considerada impedida e suspeita. Narra, no mais, acontecimentos posteriores que, a seu ver, confirmam as alegações trazidas no presente recurso. Por fim, reitera a argumentação trazida na petição recursal. Pugna, assim, pelo provimento do agravo regimental. É o relatório. VOTO A insurgência não merece prosperar. Primeiramente, no que concerne ao tópico referente a "fatos supervenientes relevantes que reforçam a plausibilidade da pretensão defensiva", tem-se que não é possível a análise direta pelo Superior[...] (AgRg no HC n. 651.515/SP, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, 5ª T., DJe 15/8/2023, destaquei)". Desse modo, observo que o acórdão objeto de impugnação está em consonância com a jurisprudência uniformizada da tese trazida pela defesa, razão pela qual atrai a incidência da Súmula n. 83 do STJ. [...] II. Malferimento ao art. 619 do Código de Processo Penal Opostos embargos declaratórios, esses foram rejeitados (fls.1.161- 1.163). Pela atenta leitura dos acórdãos proferidos pela Corte local, não verifico os vícios apontados pela defesa, pois o Tribunal de origem, indicou, nitidamente, os motivos de fato e de direito nos quais se fundou a rejeição dos aclaratórios que visava à desconstituição do não arquivamento da arguição de suspeição . Ao ser constatada a intenção de caráter infringente do pleito, os embargos foram rejeitados. À vista, portanto, da análise da questão controvertida pelo acórdão Documento eletrônico VDA40802375 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Rogerio Schietti Cruz Assinado em: 22/03/2024 15:52:50 Código de Controle do Documento: 71f0fa46-0b84-46b6-a9cc-3ae45ee8053e recorrido, não há falar em contrariedade ao art. 619 do CPP. III. Dissídio jurisprudencial O dissídio jurisprudencial viabilizador do recurso especial pela alínea “c” do permissivo constitucional não foi demonstrado nos moldes legais, pois, além de a defesa não ter feito o devido cotejo analítico e de não ter apontado qual dispositivo legal recebeu tratamento diverso na jurisprudência pátria, não ficou evidenciada a similitude fática e jurídica entre os casos colacionados que teriam recebido interpretação divergente pela jurisprudência pátria". Observo que o agravante visa a rediscutir matéria já apreciada no âmbito do recurso constitucional. Todavia, em consonância com o entendimento jurisprudencial desta Corte Superior: “o agravo regimental deve trazer novos argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos” (AgRg no HC n. 749.888/RS, Rel. Ministro Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT), 5ª T., DJe 26/8/2022). À vista do exposto, nego provimento ao agravo regimental. Documento eletrônico VDA40802375 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Rogerio Schietti Cruz Assinado em: 22/03/2024 15:52:50 Código de Controle do Documento: 71f0fa46-0b84-46b6-a9cc-3ae45ee8053e Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEXTA TURMA AgRg no Número Registro: 2021/0161387-7 AREsp 1.896.218 / SP MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 0003083-70.2011.8.26.0541 00030837020118260541 21692021420188260000 30837020118260541 5410120110030832 EM MESA JULGADO: 19/03/2024 SEGREDO DE JUSTIÇA Relator Exmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. ALEXANDRE CAMANHO DE ASSIS Secretário Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA AUTUAÇÃO AGRAVANTE : E M V M ADVOGADOS : FRANCISCO APPARECIDO BORGES JUNIOR - SP111508 EURO BENTO MACIEL FILHO - SP153714 DOUGLAS RICARDO FAZZIO - SP238264 AGRAVADO : ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a Dignidade Sexual - Estupro de vulnerável AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : E M V M ADVOGADOS : FRANCISCO APPARECIDO BORGES JUNIOR - SP111508 EURO BENTO MACIEL FILHO - SP153714 DOUGLAS RICARDO FAZZIO - SP238264 AGRAVADO : ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT) e Sebastião Reis Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator. C5421645155provimento ao recurso ordinário em habeas corpus interposto contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que denegou a ordem postulada no HC n. 5248455-82.2021.8.21.7000. Depreende-se dos autos que o recorrente, ora agravante, foi denunciado, juntamente com L. S. D. A., pela prática, em tese, de dois delitos de receptação qualificada (art. 180, §§ 1º e 2º, c/c o art. 61, inciso II, alínea “j”, ambos do Código Penal), ocorridos entre os dias 29 de maio e 1º de junho de 2021 (e-STJ fls. 3/9). Citado, o ora agravante, assistido pela Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, apresentou resposta à acusação, postulando a apresentação intempestiva do rol de testemunhas, após o restabelecimento da normalidade das atividades institucionais, sem, contudo, noticiar eventual dificuldade de contato com o réu, familiares ou eventuais testemunhas. Ao analisar as respostas à acusação, o Juízo da 8ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de Porto Alegre/RS indeferiu ao pedido defensivo apresentação de rol extemporâneo de testemunhas, designando audiência de instrução e julgamento para o dia 6/7/2022 (e-STJ fls. 97/98) Irresignada, a Defensoria Pública impetrou habeas corpus perante a Corte local contra a decisão do Juízo de primeiro grau que indeferiu a apresentação de rol de Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 3 de 4 Superior Tribunal de Justiça testemunhas de forma extemporânea, após a juntada da defesa prévia. No entanto, em sessão de julgamento realizada no dia 3/2/2022, a 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, por unanimidade, denegou a ordem postulada, em acórdão assim ementado (e-STJ fl. 37): HABEAS CORPUS. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DO ROL DE TESTEMUNHAS. CIRCUNSTÂNCIAS QUE IMPEDEM A CONCESSÃO. A tolerância com a apresentação tardia do rol de testemunhas, que já foi referendada por este Colegiado em outras oportunidades, não se confunde com um pedido genérico de apresentação do referido rol a qualquer prazo. O processo tem algumas regras que precisam ser observadas por todos os operadores. Acolher a pretensão da defesa não pode significar o retardo infinito da instrução processual. ORDEM DENEGADA. No recurso ordinário em habeas corpus, a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul renovou a alegação de cerceamento de defesa pelo indeferimento do pedido de apresentação extemporânea de rol de testemunhas. Ao final, pugnou, liminarmente, pela suspensão do acórdão de segundo grau até o julgamento do mérito do recurso ordinário. No mérito, pleiteou pelo provimento do recurso para garantir a possibilidade de apresentação de rol de testemunhas de forma extemporânea, preferencialmente, após o primeiro contato da Defensoria Pública com o réu, que segundo alegado, ocorrerá na audiência de instrução. Em decisão monocrática proferida no dia 5/3/2022, esta relatoria negou provimento ao recurso ordinário (e-STJ fls. 70/80). Daí o presente agravo regimental (e-STJ fls. 86/89), no qual a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul insiste na mesma tese que foi afastada na decisão impugnada, consistente na nulidade do feito, por cerceamento de defesa, em razão do indeferimento do pedido de apresentação extemporânea de rol de testemunhas. Ao final, requer seja a decisão reconsiderada ou o presente agravo provido, de modo que se proveja o recurso ordinário de habeas corpus interposto em Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 4 de 4 Superior Tribunal de Justiça favor de C. I. E., “garantindo-se a ele a possibilidade de apresentar o rol de testemunhas de forma extemporânea, preferencialmente após o primeiro contato dele com a Defensoria Pública – que ocorrerá na audiência de instrução” (e-STJ fl. 89). É o relatório. Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 5 de 4 Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 161.330 - RS (2022/0057709-1) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA (Relator): De plano, observa-se que a irresignação defensiva não merece prosperar, uma vez que não foram apresentados argumentos novos, aptos a infirmar os fundamentos da decisão agravada, a qual está em consonância com o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema. Conforme foi dito na decisão agravada, busca-se, no caso, o reconhecimento da nulidade da decisão que indeferiu o pedido de apresentação extemporânea de rol de testemunhas de defesa, porquanto não arroladas tempestivamente, quando da apresentação da resposta à acusação. Rememorando o caso dos autos, observa-se que o Juízo de primeiro grau, ao examinar a resposta à acusação da Defensoria Pública, indeferiu o pedido de apresentação do rol extemporâneo de testemunhas, em síntese, sob a seguinte fundamentação (e-STJ fls. 97/98): Apresentadas respostas à acusação (evento 20, DOC1 e evento 27, DOC1), estas não aduzem nenhuma das hipóteses de absolvição sumária do artigo 397 e incisos do Código de Processo Penal, tampouco restou delineada, por ora, qualquer excludente do crime ou razão a desclassificá-lo, ratifico, pois, o recebimento da denúncia. Considerando a necessidade de dar andamento ao feito designo o dia 06 de julho de 2022, às 15h30min, para realização de audiência de instrução e julgamento. Quanto ao pedido da Defesa Pública para apresentação do rol extemporâneo de testemunhas sopesando a jurisprudência atualizada do Egrégio TJRS, que abaixo colaciono, resta indeferida. Sobre o tema: CORREIÇÃO PARCIAL. ACOLHIMENTO DE PEDIDO EXTEMPORÂNEO DEARROLAMENTO DE TESTEMUNHAS. DECISÃO CASSADA. O deferimento de pedido extemporâneo Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 6 de 4 Superior Tribunal de Justiça de arrolamento de testemunhas ocasionou um tumultuo no regular andamento do procedimento. Aceitou-se, o que não é possível, um tratamento desigual entre as partes. Em situação similar a deste processo, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: "O acórdão impugnado está em consonância com a jurisprudência desta Corte, segundo a qual o rol de testemunhas da defesa deve ser apresentado na resposta à acusação, sob pena de preclusão, nos termos do art. 396-A do Código de Processo Penal. Assim, não se verifica cerceamento de defesa em virtude do indeferimento do pedido extemporâneo de testemunha, apresentado após a defesa prévia. (HC 637520)." Correição parcial procedente.(Correição Parcial Criminal, Nº 51673611520218217000, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiçado RS, Relator: Sylvio Baptista Neto, Julgado em: 30-09-2021)CORREIÇÃO PARCIAL. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBOMAJORADO. ROL TESTEMUNHAL. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. INVERSÃO TUMULTUÁRIA. A apresentação extemporânea de rol de testemunhas não encontra embasamento legal. Resposta à acusação que configura o momento adequado à indicação da prova a ser produzida, nos termos preconizados pelo art.396-A do CPP. Possibilidade, em casos excepcionalíssimos, de que o arrolamento seja oferecido em ocasião diversa da legalmente prevista, mediante avaliação das peculiaridades do caso e justificação acerca de sua necessidade, o que não se amolda ao caso em concreto. CORREIÇÃOPARCIAL JULGADA PROCEDENTE.(CorreiçãoParcialCriminal,Nº 51541778920218217000, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Naele Ochoa Piazzeta, Julgado em: 29-09-2021) CORREIÇÃO PARCIAL. APRESENTAÇÃO DE ROL DE TESTEMUNHAS A DESTEMPO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA RAZOÁVEL PARA O ARROLAMENTO TARDIO.INEXISTÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE NO RECEBIMENTO DA PEÇA PELOMAGISTRADO. INOCORRÊNCIA DE ERRO OU ABUSO QUE IMPORTE EM INVERSÃOTUMULTUÁRIA DE ATOS E FÓRMULAS LEGAIS. ART. 396-A DO CPP. O momento de arrolar testemunhas de defesa, conforme determinado no art. 396-A do Código de Processo Penal, é o da apresentação de resposta à acusação. Inexistência de qualquer situação excepcional que autorize o arrolamento intempestivo, pois não há demonstração de justificativa razoável para o arrolamento tardio, tampouco, especificamente, de sua utilidade para a Defesa do requerente. Tratando-se de juntada extemporânea do rol de testemunhas, circunstância excepcional, é necessário o pronunciamento expresso do juízo, não se podendo atribuir ao magistrado o deferimento tácito. Ademais, eventual recebimento do rol de testemunhas intempestivo constitui uma faculdade do juiz e não um dever. Ausente erro ou abuso que Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 7 de 4 Superior Tribunal de Justiça importe na inversão tumultuária de atos e fórmulas legais, uma vez que observados pelo magistrado o princípio do devido processo legal e a própria redação do art. 396-A do Código de Processo Penal. CORREIÇÃO IMPROCEDENTE. (Correição Parcial Criminal, Nº51457743420218217000, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luciano André Losekann, Julgado em: 23-09-2021) - negritei. Por sua vez, o Tribunal de origem refutou a nulidade ora arguida, destacando que, além da ausência do protocolo do rol de testemunhas pela Defensoria Pública, o que reflete em um pedido genérico para apresentar o rol de testemunhas de forma extemporânea, são vários meses até a data da audiência de instrução e julgamento que foi designada pelo Juízo de primeiro grau, havendo tempo e sendo ônus da defesa fazer contato com o assistido ou seus familiares. Veja-se (e-STJ fls. 34/36): Cabe lembrar o teor do inciso LXVIII do artigo 5º da Constituição Federal: - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; A pretensão deduzida na inicial foi: a concessão de ordem de HABEAS CORPUS em favor do paciente, acima qualificado, garantindo-se a ele a possibilidade de apresentar o rol de testemunhas de forma extemporânea, preferencialmente após o primeiro contato dele com a Defensoria Pública – que ocorrerá na audiência de instrução. A liminar foi indeferida com os seguintes argumentos: "[...] O réu foi denunciado como incurso nas sanções do artigo 180, § 1º e § 2º, combinado com o artigo 61, inciso II, alínea “j”, ambos do Código Penal, por fato ocorrido em maio de 2021. Citado, o réu, através da Defensoria Pública, apresentou resposta à acusação, postulando a apresentação intempestiva do rol de testemunhas, após o restabelecimento da normalidade das atividades institucionais, que foi indeferido pelo juízo singular, sendo designada a audiência de instrução e julgamento para o dia 06-07-2022 (29.1). Com efeito, a medida liminar habeas corpus reveste-se de excepcionalidade, a ser deferida em situações especiais, em Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 8 de 4 Superior Tribunal de Justiça que há flagrante ilegalidade ou prejuízo irreparável, o que não se verifica nesse caso. A defesa fez um pedido genérico para apresentar o rol de testemunhas de forma extemporânea, sem levar em consideração que a audiência foi designada para data distante, havendo, portanto, tempo disponível a que tenha acesso ao paciente, mesmo com todas as dificuldades e limitações decorrentes da pandemia, e que, então, apresente suas testemunhas. A tolerância com a apresentação tardia do rol de testemunhas, que já foi referendada por este Colegiado em outras oportunidades, não se confunde com um pedido genérico de apresentação do referido rol a qualquer prazo. O processo tem algumas regras que precisam ser observadas por todos os operadores. Acolher a pretensão da defesa não pode significar o retardo infinito da instrução processual. Do ponto de vista prático, são vários meses até a data da audiência, havendo tempo e sendo ônus da defesa fazer contato com o assistido ou seus familiares. No caso, frise-se, sequer o protocolo do referido rol chegou a acontecer, estando, portanto, a princípio, a decisão que indeferiu o pedido de apresentação extemporânea devidamente fundamentada e amparada no contexto fático delineado. Cabe transcrever o pedido deduzido: "Ante ao exposto, considerando os termos da fundamentação, postula-se a Vossas Excelências, liminarmente, a concessão de ordem de HABEAS CORPUS em favor do paciente, acima qualificado, garantindo-se a ele a possibilidade de apresentar o rol de testemunhas de forma extemporânea, preferencialmente após o primeiro contato dele com a Defensoria Pública – que ocorrerá na audiência de instrução. No julgamento do mérito do habeas, a ratificação da presente liminar." Veja-se que o acolhimento da pretensão significaria suspender o curso do prazo para a apresentação do rol até a data da audiência e, além disso, conceder o prazo somente a partir daquela longínqua data. Nessas condições, o pedido foge do razoável, não encontrando apoio na lei processual e criando um privilégio ou uma distorção no sistema e no andamento do feito criminal." Não há muito para acrescentar. O prazo para a apresentação do rol de testemunhas está previsto na legislação processual e a situação específica dos autos é bastante diversa daquelas já enfrentadas por este Colegiado, diferenciando-se dos precedentes transcritos. Conforme se percebe, o pedido é excessivamente genérico, não ponderando as circunstâncias do caso concreto, especialmente o Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 9 de 4 Superior Tribunal de Justiça fato de a audiência estar designada somente para julho de 2022. Não bastasse, a impetrante busca que o prazo passe a correr somente após a realização da referida solenidade. Assim, não havendo razoabilidade no pedido reduzido na inicial desta ação constitucional, nem mesmo flagrante ilegalidade no ato impugnado, deve ser rejeitado. Pelo exposto, voto por denegar a ordem. - negritei. Em resumo, extrai-se da ementa do referido acórdão que (e-STJ fl. 37): A tolerância com a apresentação tardia do rol de testemunhas, que já foi referendada por este Colegiado em outras oportunidades, não se confunde com um pedido genérico de apresentação do referido rol a qualquer prazo. Ademais, conforme foi dito pelo representante do Ministério Público Estadual em segundo grau (e-STJ fl. 28): em que pese a alegação defensiva, a pandemia vivenciada não serve de justificativa para o atraso verificado, situação que sequer foi mencionada na resposta à acusação. Na ocasião, a Defesa Pública não noticiou qualquer dificuldade para contato com o réu e seus familiares ou na identificação de testemunhas. Nesse panorama, a solução adotada pelas instâncias ordinárias no caso em concreto encontra-se em harmonia com o entendimento jurisprudencial do Superior no sentido de que o momento adequado para o arrolamento de testemunhas pela defesa é o da resposta à acusação, sob pena de preclusão, nos termos do art. 396-A do Código de Processo Penal. A propósito, destaco os recentes julgados do STJ: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE LESÃO CORPORAL CONTRA DESCENDENTE, NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES DOMÉSTICAS. APRESENTAÇÃO INTEMPESTIVA DO ROL DE TESTEMUNHAS PELA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGALINEXISTENTE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Como é de conhecimento, nos moldes do art. 396-A do Código de Processo Penal, o rol de testemunhas deve ser apresentado no momento processual adequado, ou seja, quando da apresentação da resposta preliminar, sob pena de Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 10 de 4 Superior Tribunal de Justiça preclusão. Em respeito à ordem dos atos processuais não configura cerceamento de defesa o indeferimento da apresentação extemporânea do rol de testemunhas. 2. A teor dos precedentes desta Corte, inexiste nulidade na desconsideração do rol de testemunhas quando apresentado fora da fase estabelecida no art. 396-A do CPP (REsp 1.828.483/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 3/12/2019, DJe de 6/12/2019). 3. Na hipótese, não há falar em manifesto prejuízo para a defesa do réu, em razão do indeferimento da apresentação do rol de testemunhas em momento posterior. Ainda que se considere a falta de estrutura da Defensoria Pública para entrar em contato com o agravante, este já tinha ciência de que tramitava uma ação penal em seu desfavor, pois, antes do ingresso da Defensoria, fora acompanhado por advogado do Município. No ponto, destaca-se do acórdão impugnado que: "Ressalvo que entendo possível a apresentação extemporânea de rol de testemunhas quando o acusado for preso e patrocinado pela Defensoria Pública, diante das dificuldades estruturais daquela instituição. Não obstante, o caso dos autos não permite a aplicação de tal orientação, uma vez que o acusado estava sendo acompanhado por outro patrono e chegou a ter consciência de que havia uma acusação em seu desfavor". 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no RHC 139.127/SE, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Quinta Turma, julgado em 9/3/2021, DJe de 15/3/2021) PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PRETENSÃO DE RECONHECIMENTO DE NULIDADE. INDEFERIMENTO DO ROL DE TESTEMUNHAS APRESENTADO PELA DEFESA EXTEMPORANEAMENTE. DEBATE DO TEMA PELO TRIBUNAL A QUO. AUSÊNCIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DECISÃO DO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DESTE SUPERIOR TRIBUNAL, MANIFESTADO EM CASOS ANÁLOGOS. INDEFERIMENTO LIMINAR DA IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA PELO TRIBUNAL. WRIT SUBSTITUTIVO DE REVISÃO CRIMINAL. PROSSEGUIMENTO. INVIABILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. AUSÊNCIA. 1. Evidenciado, do atento exame dos autos, que, nem na ocasião da análise da apelação defensiva nem quando da manutenção do indeferimento liminar da impetração originária, o Tribunal de origem debateu a questão suscitada na impetração, não há como Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 11 de 4 Superior Tribunal de Justiça conhecer da alegação por supressão de instância. 2. Ainda que assim não fosse, esta Corte, ao se deparar com questões semelhantes à suscitada no presente recurso ordinário, tem entendido que não configura nulidade a decisão que indefere o rol de testemunhas apresentado extemporaneamente, com supedâneo no art. 396-A do Código de Processo Penal. Precedente. 3. Ademais, não se verifica coação ilegal na conduta do Tribunal de origem em indeferir liminarmente a impetração, substitutiva de revisão criminal, uma vez que a condenação já transitou em julgado e o tema aventado não é afeto ao habeas corpus, demandando amplo exame dos fatos ocorridos durante a tramitação da ação penal. 4. Prejudicado o pedido de reconsideração da decisão que indeferiu o pedido liminar. 5. Recurso ordinário não conhecido. (RHC 129.531/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta Turma, julgado em 2/3/2021, DJe de 24/3/2021) PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. LICITUDE DA PROVA. ALEGADA VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. CRIME PERMANENTE. JUSTA CAUSA CONFIGURADA. PROVA TESTEMUNHAL APRESENTADA FORA DO PRAZO. PRECLUSÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Segundo jurisprudência firmada nesta Corte, o crime de tráfico de drogas de natureza permanente, assim compreendido aquele cuja a consumação se protrai no tempo, não se exige a apresentação de mandado de busca e apreensão ou autorização judicial para o ingresso dos policiais na residência do acusado, quando se tem por objetivo cessar a atividade criminosa, dada a situação de flagrância, conforme ressalva o art. 5º, XI, da Constituição Federal. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 603.616, reafirmou o referido entendimento, com o alerta de que para a adoção da medida de busca e apreensão sem mandado judicial, faz-se necessária a caracterização de justa causa, consubstanciada em razões as quais indiquem a situação de flagrante delito. 3. No caso, "os policiais militares foram uníssonos ao relatarem que os acusados, assim que avistaram os agentes estatais, tentaram se evadir do local, fugindo em direção a uma residência, sendo abordados, contudo, na entrada do pátio, Documento: 2157118 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/04/2022 Página 12 de 4 Superior Tribunal de Justiça oportunidade em que foram encontradas as drogas e demais materiais em poder dos acusados". De sorte que eram fundadas as razões para a atuação policial. Desse modo, na presença de elementos suficientes a autorizar a medida estatal, não há como acolher a alegada ilicitude da prova para absolver os pacientes pela prática do delito do art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. 4. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que "O direito à prova não é absoluto, limitando-se por regras de natureza endoprocessual e extraprocessual. Assim é que, na proposição de prova oral, prevê o Código de Processo Penal que o rol de testemunhas deve ser apresentado, sob pena de preclusão, na própria denúncia, para o Ministério Público, e na resposta à acusação, para a defesa. No caso vertente, não há ilegalidade na desconsideração do rol de testemunhas da defesa, apresentado fora do prazo legalmente estabelecido, ante a preclusão temporal desta faculdade processual" (HC 202.928/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, DJe 8/9/2014). 5. Havendo a preclusão temporal, a indicação de testemunhas do juízo, prevista no art. 209 do Código de Processo Penal, não constitui direito subjetivo da parte, mas sim uma faculdade do magistrado, na qual determinará, se entender necessário à busca da verdade real, a oitiva de testemunhas distintas daquelas arroladas inicialmente. 6. Agravo regimental não provido. (AgRg no HC 549.157/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado em 27/10/2020, REPDJe 12/11/2020, DJe de 3/11/2020) - negritei. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CRIMES DE LESÃO CORPORAL QUALIFICADA PELA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E DE AMEAÇA. NULIDADE. INDEFERIMENTO DE INCLUSÃO DE TESTEMUNHA FORA DO PRAZO LEGAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. O habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo de recurso próprio, a fim de que não se desvirtue a finalidade dessa garantia constitucional, com a exceção de quando a ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em que se concede a ordem de ofício. Precedentes: STF, HC 147.210-AgR, Rel. Ministro EDSON FACHIN, DJe de 20/2/2020; HC 180.365AgR, Relatora Ministra ROSA WEBER, DJe de 27/3/2020; HC 170.180-AgR, Relatora Ministra CARMEM LÚCIA, DJe de 03/06/2020; HC 169174AgR, Relatora Ministra ROSA WEBER, DJe de 11/11/2019;DA PARIDADE DE ARMAS. NÃO OCORRÊNCIA. TESTEMUNHAS DO JUÍZO. POSSIBILIDADE DE OITIVA. ARTS. 209 E 497, XI, AMBOS DO CPP. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Em que pese o rol apresentado pelo Parquet extrapolar o limite previsto no art. 422 do CPP, não houve ilegalidade, pois as excedentes serão ouvidas por prerrogativa do Juízo. 2. Sob uma ótica que busca a realização do processo justo e tendo em vista as peculiaridades do Tribunal do Júri, em que o juiz-presidente apenas prepara e regula a realização do julgamento pelos juízes populares, deve ser prestigiada a atividade probatória deflagrada pelo Juiz que determina, de ofício, a oitiva em plenário de testemunhas arroladas extemporaneamente na fase do art. 422 do CPP, mas já ouvidas em juízo na primeira fase do procedimento escalonado do Tribunal do Júri, de forma residual e em consonância com os arts. 209 e 497, XI, ambos do CPP, para a correta compreensão de importantes fatos relatados durante a produção da prova oral. 3. Ademais, caberia à parte arrolar, na fase do art. 422 do CPP, pessoas cujas oitivas reputa imprescindíveis à busca da verdade, que poderiam ARQUIVO 06 ser ouvidas como testemunhas do Juízo, o que não ocorreu na hipótese. 4. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 27 de setembro de 2022. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ Relator AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 61231 - SP (2015/0158353-3) RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ AGRAVANTE : QUINTINO ANTÔNIO FACCI ADVOGADO : QUINTINO ANTONIO FACCI FILHO E OUTRO(S) - SP297400 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. NULIDADE. VIOLAÇÃO DA PARIDADE DE ARMAS. NÃO OCORRÊNCIA. TESTEMUNHAS DO JUÍZO. POSSIBILIDADE DE OITIVA. ARTS. 209 E 497, XI, AMBOS DO CPP. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Em que pese o rol apresentado pelo Parquet extrapolar o limite previsto no art. 422 do CPP, não houve ilegalidade, pois as excedentes serão ouvidas por prerrogativa do Juízo. 2. Sob uma ótica que busca a realização do processo justo e tendo em vista as peculiaridades do Tribunal do Júri, em que o juiz-presidente apenas prepara e regula a realização do julgamento pelos juízes populares, deve ser prestigiada a atividade probatória deflagrada pelo Juiz que determina, de ofício, a oitiva em plenário de testemunhas arroladas extemporaneamente na fase do art. 422 do CPP, mas já ouvidas em juízo na primeira fase do procedimento escalonado do Tribunal do Júri, de forma residual e em consonância com os arts. 209 e 497, XI, ambos do CPP, para a correta compreensão de importantes fatos relatados durante a produção da prova oral. 3. Ademais, caberia à parte arrolar, na fase do art. 422 do CPP, pessoas cujas oitivas reputa imprescindíveis à busca da verdade, que poderiam ser ouvidas como testemunhas do Juízo, o que não ocorreu na hipótese. 4. Agravo regimental não provido. RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ: QUINTINO ANTÔNIO FACCI interpõe agravo regimental contra decisão de fls. 213-217, por meio da qual neguei provimento ao recurso ordinário em habeas corpus. Em suas razões, o agravante sustenta que haveria disparidade de armas na hipótese em que somente as pessoas arroladas pela acusação serão ouvidas como testemunhas do juízo. Afirma que teria pleiteado ao Magistrado de origem a ampliação do rol da defesa, nos moldes em que deferido ao Ministério Público, "mas indeferido sobre (sic) a falácia de que a acusação estaria com cinco testemunhas, não sendo permitido exceder o rol legal" (fl. 222). Enumera as pessoas que gostaria de arrolar como testemunhas a serem inquiridas no Plenário do Júri e as razões pelas quais possuiria interesse na oitiva. Defende: "se não há prejuízo para a defesa que o rol excedente da acusação seja tomado pelo juízo em observância a busca da verdade real, acreditamos que também não há prejuízo para acusação que o rol excedente apresentado pela defesa seja acolhido pelo juízo também em observância ao valoroso princípio da busca da verdade real" (fl. 225). Requer a reconsideração do decisum impugnado e, subsidiariamente, o provimento do regimental a fim de que seja deferido "o pedido para que a defesa possa exceder o número de testemunhas previsto na legislação penal ao máximo de dez" (fl. 226). VOTO O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ (Relator): I. Contextualização Infere-se dos autos que o recorrente foi pronunciado como incurso nos arts. 121, § 2º, II e IV, 155, § 4º, IV, 211 e 288, parágrafo único, c/c os arts. 29 e 69, todos do Código Penal, pois teria encomendado a morte de seu irmão, Quintino Francisco Facci, "por questões de divisão de herança da tradicional e abastada família Facci" (fl. 86). Segundo narrou a acusação, Eduardo Borges, Jose Geraldo Francisco Guimaraes, João Batista dos Reis Filho e Arlei Rocha da Silva, a mando do ora insurgente, mediante promessa de pagamento de R$ 15.000,00, mataram a vítima, por meio de disparos de arma de fogo. Pela defesa do recorrente foi formulado pedido para que lhe fosse permitido aditar seu rol de testemunhas e igualar a quantidade arrolada pela acusação. Em 29/4/2014, o Juiz de origem indeferiu a pretensão defensiva, nos seguintes termos (fl. 91): Trata-se de pedido formulado pela defesa do corréu QUINTINO ANTÔNIO FACCI, para que lhe seja permitido aditar seu rol de testemunhas para igualar a quantidade arrolada pela acusação e que foram deferidas como testemunhas do juízo, em homenagem ao princípio da isonomia. Não há falar em aditamento do rol de testemunhas da defesa do precitado corréu porque, como exposto na própria peça, as testemunhas foram admitidas como sendo do juízo, ou seja, não pertencem a qualquer das partes. Desta feita, tanto acusação como defesa possuem igual número de testemunhas próprias nos autos, de sorte que a isonomia está mantida. Ante o exposto, indefiro o pedido em apreço. Inconformada, a defesa impetrou prévio writ, cuja ordem foi denegada, sob os seguintes fundamentos (fls. 132-133): Quanto ao pedido de adequação do rol de testemunhas para o mesmo número arrolado pela acusação razão não assiste ao impetrante. Conforme constou da r. decisão que indeferiu o pleito, dentre as testemunhas arroladas pela acusação há testemunhas que foram admitidas como sendo do juízo, de modo que estão fora do número do rol a ser ofertado pelas partes. Assim, verificado está que tanto a acusação como a defesa possuem igual número de testemunhas nos autos, inexistindo qualquer cerceamento de defesa quanto a essa questão. Em consulta à página eletrônica do Tribunal estadual, colheu-se a informação de que ainda não foi designada sessão de julgamento perante a Corte Popular, tendo em vista a ausência de trânsito em julgado de pedido de desaforamento formulado pelo órgão de acusação. II. Violação do princípio da isonomia - não ocorrência Em que pesem os argumentos expostos pela defesa, deve ser mantida a decisão agravada por seus próprios fundamentos. O processo penal brasileiro permite que o juiz colabore na produção de provas que possam auxiliá-lo na prestação jurisdicional, com vistas ao restabelecimento, o mais próximo possível, da verdade dos fatos que constituem a causa de pedir da ação penal. Na hipótese, Ministério Público, na fase do art. 422 do CPP, arrolou "para que sejam ouvidas em plenário, em caráter de imprescindibilidade, as mesmas testemunhas arroladas na denúncia" (fl. 47), ou seja, 10 testemunhas (fl. 77). Emque pese o rol apresentado pelo Parquet extrapolar o limite previsto no art. 422 do CPP, não houve ilegalidade, pois as excedentes serão ouvidas por prerrogativa do Juízo, conforme decisão acima reproduzida. Sob uma ótica que busca a realização do processo justo e tendo em vista as peculiaridades do Tribunal do Júri, em que o juiz-presidente apenas prepara e regula a realização do julgamento pelos juízes populares, deve ser prestigiada a atividade probatória deflagrada pelo Juiz que determina, de ofício, a oitiva em plenário de testemunhas excedentes arroladas na fase do art. 422 do CPP, mas já ouvidas em juízo na primeira fase do procedimento escalonado do Tribunal do Júri, de forma residual e em consonância com os arts. 209 e 497, XI, ambos do CPP, para a correta compreensão de importantes fatos relatados durante a produção da prova oral. Assim, o acórdão recorrido não destoa da jurisprudência desta Corte Superior, que "possui o entendimento consolidado de que não configura nulidade a ouvida de testemunha indicada extemporaneamente pela acusação, como testemunha do Juízo, conforme estabelece o art. 209 do Código de Processo Penal, em observância ao princípio da busca da verdade real" (HC n. 229.019/SE, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, 5ª T., DJe 28/6/2018, grifei). Ilustrativamente: [...] 1. A estrutura acusatória do processo penal pátrio impede que se sobreponham em um mesmo sujeito processual as funções de defender, acusar e julgar, mas não elimina, dada a natureza publicista do processo, a possibilidade de o juiz determinar, mediante fundamentação e sob contraditório, a realização de diligências ou a produção de meios de prova para a melhor reconstrução histórica dos fatos, desde que assim proceda de modo residual e complementar às partes e com o cuidado de preservar sua imparcialidade. 2. Não fora assim, restaria ao juiz, a quem se outorga o poder soberano de dizer o direito, lavar as mãos e reconhecer sua incapacidade de outorgar, com justeza e justiça, a tutela jurisdicional postulada, seja para condenar, seja para absolver o acusado. Uma postura de tal jaez ilidiria o compromisso judicial com a verdade e com a justiça, sujeitando-o, sem qualquer reserva, ao resultado da atividade instrutória das partes, nem sempre suficiente para esclarecer, satisfatoriamente, os fatos sobre os quais se assenta a pretensão punitiva. 3. O uso, pelo magistrado, de seus poderes instrutórios, presentes em inúmeros dispositivos do Código de Processo Penal, não autoriza, porém, posturas de vanguarda ou de protagonismo judicial. 4. Entretanto, sob uma ótica que busca a realização do processo justo e tendo em vista as peculiaridades do Tribunal do Júri, em que o juiz-presidente apenas prepara e regula a realização do julgamento pelos juízes populares, deve ser prestigiada a atividade probatória deflagrada pelo Juiz que determina, de ofício, a oitiva em plenário de testemunhas arroladas extemporaneamente na fase do art. 422 do CPP, mas já ouvidas em juízo na primeira fase do procedimento escalonado do Tribunal do Júri, porque de forma residual e em consonância com os arts. 209 e 497, XI, ambos do CPP, para a correta compreensão de importantes fatos relatados durante a produção da prova oral. 5. Recurso ordinário não provido. (RHC n. 87.764/DF, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, relator para acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 3/10/2017, DJe de 6/11/2017) [...] 1. De acordo com o artigo 271 do Código de Processo Penal, como auxiliar do Ministério Público, o assistente de acusação tem o direito de produzir provas, inclusive de arrolar testemunhas, pois, caso contrário, não teria como exercer o seu papel na ação penal pública. Doutrina. Precedentes do STJ e do STF. 2. Na hipótese dos autos, no curso da ação penal e antes da audiência de instrução e julgamento, o assistente de acusação pleiteou a oitiva de testemunhas, com o que concordou o Ministério Público, tendo o magistrado deferido o pedido, decisão que foi mantida após a impugnação da defesa. 3. Ainda que se possa considerar o rol de testemunhas do assistente intempestivo, visto que apresentado após a resposta à acusação ofertada pelo réu, o certo é que a simples possibilidade de tais pessoas serem ouvidas como testemunhas do juízo afasta a ilegalidade suscitada na impetração, uma vez que, ao deferir a produção da prova oral, o togado de origem reputou- a necessária para o deslinde da controvérsia, motivo pelo qual pode ser colhida, nos termos dos artigos 156 e 209 da Lei Penal Adjetiva. Precedentes do STJ. [...] 5. Agravo regimental desprovido. (AgRg no RHC n. 89.886/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, 5ª T., DJe 27/11/2017, grifei) Na mesma direção já decidiu o Supremo Tribunal Federal: [...] Considerados os princípios da busca da verdade real e do livre convencimento, admite-se a iniciativa probatória, de maneira subsidiária, por parte do órgão julgador – artigo 209 do Código de Processo Penal (RHC n 154.680-PE, STF, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em sessão virtual de 25.9.2020 a 2.10.2020, publicado no DJ em 14.10.2020). Ademais, caberia à parte arrolar, na fase do art. 422 do CPP, pessoas cujas oitivas reputa imprescindíveis à busca da verdade, que poderiam ser ouvidas como testemunhas do Juízo, o que não ocorreu na hipótese. A propósito, transcrevo trecho do parecer do Ministério Público Federal, que bem examina a questão (fl. 192, ressaltei): Como bem anotado pelo Ministério Público estadual, o procedimento adotado pelo juiz é perfeitamente possível, pois atende ao princípio da busca da verdade real, não havendo nenhuma nulidade. Assim, perfilhamos, in totum, com a devida venia, tudo o que ficou dito nas contrarrazões do Parquet estadual, em especial o seguinte: "(...) o pedido de aditamento do rol de testemunhas de defesa apenas para se igualar ao número de testemunhas da acusação, carece de amparo legal. Isso porque, em primeiro lugar, há um momento processual para se arrolar testemunhas, e a defesa já se utilizou dele. Aliás, como bem explicitado na r. decisão a fls. 91, o número de testemunhas de acusação e de defesa é o mesmo. O que existem são testemunhas de juízo, o que atende ao princípio da verdade real. Isso porque as testemunhas são dos fatos, não havendo qualquer irregularidade em se buscar a verdade real por meio de testemunhas do juízo. Caso existissem outras testemunhas que fossem de fato relevantes para o processo, caberia à defesa, pleitear junto ao Juízo 'a quo' a inclusão delas como testemunhas de juízo, demonstrando a relevância de seus depoimentos” (fl. 106/107). Assim, ausentes fatos novos ou teses jurídicas diversas que permitam a análise do caso sob outro enfoque, deve ser mantida a decisão agravada. III. Dispositivo À vista do exposto, nego provimento ao agravo regimental. Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEXTA TURMA AgRg n o Número Registro: 2015/0158353-3 RHC 61.231 / SP MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 00066186620028260300 0028440000 20658577120148260000 28440000 4542073 4542073200 7442002 91427408620048260000 92012 993040203244 RI00284H40000 EM MESA JULGADO: 27/09/2022 Relator Exmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ Presidente da Sessão Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. LUIZA CRISTINA FONSECA FRISCHEISEN Secretária Bela. GISLAYNE LUSTOSA RODRIGUES AUTUAÇÃO RECORRENTE : QUINTINO ANTÔNIO FACCI ADVOGADO : QUINTINO ANTONIO FACCI FILHO E OUTRO(S) - SP297400 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO CORRÉU : EDUARDO BORGES CORRÉU : JOÃO BATISTA DOS REIS FILHO CORRÉU : ARLEI ROCHA DA SILVA CORRÉU : JOSÉ GERALDO FRANCISCO GUIMARÃES ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a vida - Homicídio Qualificado AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : QUINTINO ANTÔNIO FACCI ADVOGADO : QUINTINO ANTONIO FACCI FILHO E OUTRO(S) -SP297400 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator. C54206551529088108901:@ 2015/0158353-3 - RHC 61231 Petição : 2022/0042654-7 (AgRg) AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1993885 - PE (2022/0090310-8) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA PROCESSUAL PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTELIONATO MAJORADO. ART. 171, §3º, DO CÓDIGO PENAL. CLASSIFICAÇÃO DE DEPOENTE COMO INFORMANTE OU TESTEMUNHA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE RECONHECIDAS PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. PROVIDÊNCIA VEDADA PELA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido de que "A diferença de valor da prova colhida, como informante ou testemunha, com ou sem compromisso de dizer a verdade, é matéria de ponderação judicial e não de classificação em uma ou outra categoria de prova oral" (AgRg no AREsp n. 378.353/PR, Relator Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 20/2/2018, DJe de 26/2/2018). 2. No caso dos autos, o Tribunal de origem assentou que, a despeito das alegações da defesa, é certo que os fatos ilícitos estão inequivocamente documentados nos autos. Assim sendo, importante esclarecer que a classificação do depoente como testemunha ou informante, sem reflexos determinantes no resultado do julgamento, como asseverado pela Corte a quo, não induz ao reconhecimento de nulidade. 3. Como é de conhecimento, não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo concreto à parte, sob pena de a forma superar a essência. Vigora o princípio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal: "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". E não se pode olvidar que "a condenação, por si só, não pode ser considerada como prejuízo, pois, para tanto, caberia ao recorrente demonstrar que a nulidade apontada, acaso não tivesse ocorrido, ensejaria sua absolvição, situação que não se verifica os autos". (AgRg no AREsp n. 1.637.411/RS, Relator Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 26/5/2020, DJe 3/ 6/2020). 4. A pretensão de infirmar o pronunciamento das instâncias ordinárias que concluíram pela comprovação da autoria e materialidade, com respaldo nas provas obtidas a partir da instrução criminal, sob o pálio do ARQUIVO 07 devido processo legal e com respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, demandaria, necessariamente, o reexame de matéria fático-probatória, o que, em sede de recurso especial, constitui medida vedada pelo óbice da Súmula 7/STJ. 5. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik, Messod Azulay Neto e João Batista Moreira (Desembargador convocado do TRF1) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ribeiro Dantas. Brasília, 28 de fevereiro de 2023. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1993885 - PE (2022/0090310-8) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA PROCESSUAL PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTELIONATO MAJORADO. ART. 171, §3º, DO CÓDIGO PENAL. CLASSIFICAÇÃO DE DEPOENTE COMO INFORMANTE OU TESTEMUNHA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE RECONHECIDAS PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. PROVIDÊNCIA VEDADA PELA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido de que "A diferença de valor da prova colhida, como informante ou testemunha, com ou sem compromisso de dizer a verdade, é matéria de ponderação judicial e não de classificação em uma ou outra categoria de prova oral" (AgRg no AREsp n. 378.353/PR, Relator Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 20/2/2018, DJe de 26/2/2018). 2. No caso dos autos, o Tribunal de origem assentou que, a despeito das alegações da defesa, é certo que os fatos ilícitos estão inequivocamente documentados nos autos. Assim sendo, importante esclarecer que a classificação do depoente como testemunha ou informante, sem reflexos determinantes no resultado do julgamento, como asseverado pela Corte a quo, não induz ao reconhecimento de nulidade. 3. Como é de conhecimento, não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo concreto à parte, sob pena de a forma superar a essência. Vigora o princípio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal: "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". E não se pode olvidar que "a condenação, por si só, não pode ser considerada como prejuízo, pois, para tanto, caberia ao recorrente demonstrar que a nulidade apontada, acaso não tivesse ocorrido, ensejaria sua absolvição, situação que não se verifica os autos". (AgRg no AREsp n. 1.637.411/RS, Relator Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 26/5/2020, DJe 3/ 6/2020). 4. A pretensão de infirmar o pronunciamento das instâncias ordinárias que concluíram pela comprovação da autoria e materialidade, com respaldo nas provas obtidas a partir da instrução criminal, sob o pálio do devido processo legal e com respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, demandaria, necessariamente, o reexame de matéria fático-probatória, o que, em sede de recurso especial, constitui medida vedada pelo óbice da Súmula 7/STJ. 5. Agravo regimental não provido. RELATÓRIO Trata-se de agravo regimental interposto por MICHELON MARQUES FERREIRA contra decisão pela qual se deu parcial provimento ao recurso especial para fixar a pena do recorrente em 1 ano e 4 meses de reclusão, mais o pagamento de 40 dias- multa, mantido, no mais o aresto recorrido (e-STJ fls. 450/455). Nas razões do regimental, a defesa reafirma a nulidade do feito diante da oitiva da acusada, beneficiada com acordo de não persecução penal, como testemunha compromissada. Aponta, ainda, a necessidade de alteração do regime inicial de cumprimento de pena para o menos gravoso. Pede, assim, a reconsideração da decisão agravada ou a apreciação do recurso pela Quinta Turma, a fim de que seja provido o recurso especial. É o relatório. VOTO O agravo regimental não merece prosperar. Com efeito, dessume-se das razões recursais que a parte agravante não trouxe elementos suficientes para infirmar a decisão agravada. A jurisprudência desta Corte Superior orienta que "A despeito de um corréu não ter sido denunciado, por ter feito Acordo de Não Persecução Penal, inexiste impedimento para sua oitiva como informante, mas não como testemunha" (AgRg no RHC n. 144.641/PR, Relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Quinta Turma, julgado em 28/11/2022, DJe de 1/12/2022). No entanto, conforme consignado na decisão recorrida, cumpre esclarecer que "A diferença de valor da prova colhida, como informante ou testemunha, com ou sem compromisso de dizer a verdade, é matéria de ponderação judicial e não de classificação em uma ou outra categoriade prova oral" (AgRg no AREsp n. 378.353/PR, Relator Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 20/2/2018, DJe de 26/2/2018). No caso dos autos, o Tribunal de origem assentou que os fatos ilícitos estão inequivocamente documentados nos autos, de modo que a classificação do depoente como testemunha ou informante, sem reflexos determinantes no resultado do julgamento, não induz ao reconhecimento de nulidade. Como é de conhecimento, não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo concreto à parte, sob pena de a forma superar a essência. Vigora o princípio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal: "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". E não se pode olvidar que "a condenação, por si só, não pode ser considerada como prejuízo, pois, para tanto, caberia ao recorrente demonstrar que a nulidade apontada, acaso não tivesse ocorrido, ensejaria sua absolvição, situação que não se verifica os autos". (AgRg no AREsp n. 1.637.411/RS, Relator Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 26/5/2020, DJe 3/ 6/2020). No contexto, entender de modo diverso do estabelecido pelas instâncias ordinárias para reconhecer possível prejuízo, como pretende a parte recorrente, demandaria, necessariamente, o revolvimento do acervo fático-probatório delineado nos autos, providência inviável nesta instância, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte. Do mesmo modo, a pretensão de infirmar o pronunciamento das instâncias ordinárias que concluíram pela comprovação da autoria e materialidade, com respaldo nas provas obtidas a partir da instrução criminal, sob o pálio do devido processo legal e com respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. Por oportuno, vale pontuar que o Tribunal de origem fixou o regime aberto para o resgate da pena, com a substituição a pena privativa de liberdade por duas sanções restritivas de direitos, a serem fixadas pelo douto juiz da execução, pelo que se revela descabido, no caso, o pedido de fixação de regime prisional mais brando. Assim, não tendo o agravante apresentado argumentos aptos a reverter o entendimento assentado na decisão monocrática, esta se mantém por seus próprios fundamentos. Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto. Superior Tribunal de Justiça S.T.J Fl.__________ CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA AgRg no Número Registro: 2022/0090310-8 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.993.885 / PE MATÉRIA CRIMINAL EM MESA JULGADO: 28/02/2023 Relator Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. ELIZETA MARIA DE PAIVA RAMOS Secretário Bel. MARCELO FREITAS DIAS AUTUAÇÃO RECORRENTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CORRÉU : GESSICA ALAIDE ARAUJO DO NASCIMENTO ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Estelionato Majorado AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental." Os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik, Messod Azulay Neto e João Batista Moreira (Desembargador convocado do TRF1) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ribeiro Dantas. C542524155131191854944@ 2022/0090310-8 - REsp 1993885 Petição : 2023/0009172-0 (AgRg) TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 1ª CÂMARA CRIMINAL Autos nº. 0066045-96.2022.8.16.0000 Correição Parcial Criminal n° 0066045-96.2022.8.16.0000 Vara Plenário do Tribunal do Júri de Quedas do Iguaçu Corrigente(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ Corrigido(s): JUÍZO DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE QUEDAS DO IGUAÇU-PR Relator: Juiz de Direito Substituto em 2º Grau Sergio Luiz Patitucci CORREIÇÃO PARCIAL – HOMICÍDIO QUALIFICADO –ROL DE TESTEMUNHAS A SEREM OUVIDAS EM PLENÁRIO – RITO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI – NÃO EXCLUSÃO DA CONTAGEM DO LIMITE LEGAL PREVISTO NO ART. 422, CPP DAS TESTEMUNHAS QUE NÃO PRESTAM COMPROMISSO LEGAL – IMPERATIVIDADE DA LEI – EXTRAPOLAÇÃO QUE VIOLARIA OS POSTULADOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – CRIMES OCORRIDOS NO EM CONTEXTO FÁTICO ÚNICO – CORREIÇÃO PARCIAL – IMPROCEDENTE. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Correição Parcial nº 0066045- 96.2022.8.16.0000, da Comarca de Quedas do Iguaçu – Vara Plenário do Tribunal do Júri, em que é corrigente e corrigido Ministério Público do Estado do Paraná Juízo de Direito da Vara Plenário do .Tribunal do Júri da Comarca de Quedas do Iguaçu I – RELATÓRIO Ministério Público do Estado do Paraná interpõe recurso de Correição Parcial em face de decisão proferida pelo , nos autosJuízo de Direito da Vara Criminal da Comarca de Quedas do Iguaçu de Ação Penal nº 0000164-87.2015.8.16.0140, que limitou ao número máximo de cinco o rol de testemunhas para serem ouvidas em plenário, no julgamento do réu pelos crimes de homicídio simples com dolo eventual (2x) e lesão corporal grave (3x) (mov. 1.8). Nas suas razões recursais (mov. 1.1)o ilustre Promotor de Justiça sustenta a existência de na decisão do magistrado que indeferiu o rol de testemunhas/informanteserror in procedendo apresentado. Ao apresentar o rol de testemunhas e informantes a serem ouvidas em sede de sessão de julgamento, sustentou o entendimento firmado pelos Tribunais, no sentido de que os informantes não ARQUIVO 08 contabilizam o número limite de 5 (cinco), pois a imposição de tal limite se refere apenas às testemunhas. Assim, de acordo com a jurisprudência e o direcionamento do processo penal pela busca pela “verdade real”, os informantes devem compor rol das “testemunhas extranumerárias”, sendo seus depoimentos prova imprescindível à reconstrução histórica de fatos pretendida pelo processo. Afirma que apesar de os crimes terem sido tratados em apenas um fato, a conduta de Elizeu se voltou contra cinco vítimas, sendo duas fatais e três sobreviventes e a oitiva das testemunhas e informantes arrolados não acarretará violação à razoável duração do processo, sequer causará tumulto processual. Nesses termos, pede a concessão liminar de tutela antecipada para deferir liminarmente o pedido e cassar a r. Decisão que indeferiu o rol de testemunhas/informantes apresentado pelo Ministério Público no mov. 569 da Ação Penal, e determinar ao Juízo a confecção do relatório do processo e a inclusão em pauta da reunião doa quo Tribunal do Júri. Ao final, pede que seja julgado procedente o pedido a fim de tornar definitiva a liminar pleiteada. A liminar postulada não foi concedida (mov. 11.1/TJ). A d. Procuradoria Geral de Justiça, em parecer do ilustre Procurador de Justiça Alfredo Nelson da Silva Baki, manifestou-se pelo conhecimento e improcedência da presente Correição Parcial (mov. 18.1/TJ). É o relatório II – O VOTO E SEUS FUNDAMENTOS O recurso merece ser conhecido, posto que presentes os requisitos de admissibilidade. A presente Correição Parcial refere-se à decisão proferida pelo Juízo de Direito da Vara Plenário do Tribunal do Júri da Comarca de Quedas do Iguaçu, que indeferiu o requerimento do Ministério Público para oitiva de testemunhas além do número legal previsto no art. 422 do CPP, fundamentando que “[...] a inquirição de testemunhas em número superior a mencionada é uma excepcionalidade admitida apenas quando particularidades do caso concreto - complexidade e .multiplicidade - indicarem tal necessidade” Conforme disposto no artigo 335 do Regimento Internodeste Tribunal de Justiça, a Correição Parcial é medida subsidiária, pois cabível na inexistência de recurso específico previsto em lei, tendo por finalidade sanar erros ou abusos cometidos pelo julgador no transcorrer do processo, causando inversão tumultuária de atos e fórmulas legais: “Art. 335. A correição parcial visa à emenda de erros ou abusos que importem na inversão tumultuária de atos e fórmulas legais, na paralisação injustificada dos feitos ou na dilação abusiva de prazos, quando, para o caso, não haja recurso previsto em lei”. In casu,a questão pela qual se insurge a parte corrigente, cinge-se na alegação de prejuízo à produção probatória pelo indeferimento do rol de testemunhas indicados referente às pessoas a serem ouvidas em sessão plenária. Pois bem. A decisão da autoridade coatora que indeferiu a oitiva do total de testemunhas/informantes apresentados pela acusação apresenta judiciosa fundamentação, em observância ao postulado da excepcionalidade da admissão de oitiva em número superior ao indicado no art. 422, CPP, o qual pode ser previsto apenas para circunstâncias onde as particulares do caso concreto evidenciam a necessidade, tendo fundamentado sua decisão na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Com efeito, no rito especial do Tribunal do Júri, previsto no art. 422 e seguintes do CPP, não consta qualquer ressalva quanto à exclusão dos informantes na contagem do total de testemunhas a serem inquiridas, pelo fato de não prestarem compromisso, como ocorre no rito comum (art. 401 do CPP). Sobre o assunto, já decidiu o Supremo Tribunal Federal: “HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. SUBSTITUTIVO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DESCABIMENTO. CASO BOATE KISS. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO CONSUMADO E TENTADO PRATICADO CONTRA CENTENAS DE PESSOAS. OITIVA DE TODAS AS VÍTIMAS. PRESCINDIBILIDADE. ALTERAÇÃO DO ROL DE VÍTIMAS. ADITAMENTO. RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI. NÚMERO DE TESTEMUNHAS. ESPECIALIDADE. DENÚNCIA APRESENTADA FORA DO PRAZO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA NEUTRA QUANTO À OPORTUNIDADE DE INDICAÇÃO DE TESTEMUNHAS. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. [...]. 4. O rito especial do Tribunal do Júri limita o número de testemunhas a serem inquiridas e, ao contrário do procedimento comum, não exclui dessa contagem as testemunhas que não prestam compromisso legal Ausência de lacuna a ensejar a aplicação de [...]norma geral, preservando-se, bem por isso, a imperatividade da regra especial. ” (HC 131158, Relator Ministro Edson Fachin, 1ª Turma, julgado em 26/04/2016, DJe-196, DIVULG 13-09-2016, PUBLIC 14-09- 2016). (Destaquei) Não há como deixar de observar que os informantes arrolados fazem parte do rol de testemunhas, consoante jurisprudência dominante a respeito da matéria. Ademais, embora se trate de crimes diferentes (lesão corporal e homicídio), verifica-se que ocorreram num mesmo contexto fático, não tendo o Corrigente demonstrado a relevância da oitiva de todas as testemunhas indicadas. Em casos que tais, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que “O art. 422 do Código de Processo Penal estabelece rol de 5 (cinco) como limite para inquirição das testemunhas de defesa. Na hipótese, apesar de ser imputado ao Recorrente a prática de três delitos, verificou-se a ocorrência de apenas um contexto fático,não havendo justificativa para a pretendida extrapolação do número de testemunhas, razão pela qual a limitação impugnada está, em verdade, em conformidade com o disposto no mencionado art. 422 do Código de Processo Penal e não ofende a ampla defesa do Acusado”(STJ, 6ª Turma, RHC nº 101.708/PR, Relª Minª Laurita Vaz, j. em 25.06.2019) (Destaquei). No mesmo sentido: “III – O art. 422 do Código de Processo Penal estabelece que as partes têm a faculdade de indicar 5 (cinco) testemunhas, salvo demonstrada a real necessidade de extensão desse rol. IV – Na hipótese, a pretendida extrapolação do número legal de testemunhas violaria os postulados da razoabilidade e proporcionalidade, causando possível tumulto processual, em desrespeito ao princípio constitucional da razoável duração do processo, uma vez que o eg. Tribunal de origem consignou que, ‘Resta evidente, assim, tratar-se de contexto fático único, em que pese o resultado múltiplo de três homicídios qualificados’, razão pela qual ‘não há nos autos fatos que justifiquem a necessidade de extrapolação desse número’ (precedentes)” (STJ, 5ª Turma, AgRg no RHC nº 65.252/PR, Rel. Min. Felix Fischer, j. em 14.03.2017) (destaquei) Com isso, não há justificativa plausível para a extrapolação do número de testemunhas, razão pela qual a decisão do Juízo singular está em conformidade com o disposto no mencionado art. 422, do CPP. A decisão emanada pelo MM. Juiz, objeto deste recurso, não merece reparos, estando suficientemente fundamentada, não havendo que se falar em erro ou abuso no .decisum Diante do exposto, não verificando o erro no procedimento alegado, é de se julgar a presente correição parcialimprocedente III – DISPOSITIVO Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 1ª Câmara Criminal do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO o recurso de MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Gamaliel Seme Scaff, com voto, e dele participaram Juiz Subst. 2ºgrau Sergio Luiz Patitucci (relator) e Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira. Curitiba, 31 de março de 2023 SERGIO LUIZ PATITUCCI RelatorTribunal de Justiça, sob pena de indevida supressão de instância, uma vez que não foram previamente submetidos ao crivo da Corte local. Quanto ao mérito recursal propriamente dito, tem-se que, conforme explicitado na decisão monocrática, o recorrente aponta, em síntese, a suspeição e o impedimento do membro do Ministério Público, em virtude de ter colhido depoimentos que noticiavam possível atentado contra si, falsamente imputado ao paciente. Sustenta, ainda, a imparcialidade da promotora, em virtude de suposto histórico de atritos e desentendimentos. Conclui, assim, estar demonstrado seu interesse no feito (art. 252, IV, do CPP) bem como a existência de inimizade capital com o recorrente (art. 254, I, do CPP). A Corte local, no entanto, consignou que "nada do que foi alegado encontra amparo suficiente para indicar uma possível ou remota suspeição e muito menos, impedimento, não se extraindo qualquer indício, que tenha a representante do Ministério Público, ânimo de prejudicar o paciente" (e-STJ fl. 107). Registrou-se, ademais, que (e-STJ fls. 107/108): Em que, pese as alegações trazidas pela nobre Defesa, ante a documentação acostada aos autos eletrônicos, inexiste qualquer comprovação ou desconfiança de que a Promotora de Justiça Dra. Geisa Lannes da Silva e o paciente nestes autos, tenham qualquer conflito de ordem pessoal. Nesse contexto, por ora, é inviável conceder a presente ordem de habeas corpus para reconhecer a suspeição e o impedimento da Promotora de Justiça, Dra. Geisa Lannes da Silva, em relação ao paciente, para atuar na ação penal processo nº. 0000682-61.2022.8.19.0039. Como é cediço, "a consolidada jurisprudência dos Tribunais Superiores sustenta que as hipóteses causadoras de impedimento/suspeição, constantes nos arts. 252, 253 e 258 do Código de Processo Penal, são taxativas, não sendo viável interpretação extensiva e analógica, sob pena de se criar judicialmente nova causa de impedimento não prevista em lei, o que vulneraria a separação dos poderes e, por consequência, cercearia inconstitucionalmente a atuação válida do magistrado ou mesmo do promotor". (HC n. 478.645/RJ, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 28/5/2019, DJe de 4/6/2019.) Na hipótese dos autos, a defesa afirma que a promotora é impedida, por ser diretamente interessada no feito, uma vez que colheu depoimento no qual se afirmou que o recorrente pretendia atentar contra sua vida. No entanto, reafirmo que, diversamente do precedente indicado pela defesa, "inexiste qualquer relato de investigação ou procedimento para apurar questão relativa a atentado contra a vida da Promotora de Justiça Geisa Lannes da Silva" (e-STJ fl. 161). No Habeas Corpus n. 406.025/MG, ficou consignado que "o promotor de justiça que figurava como uma das vítimas em procedimento investigatório que apurava crime de ameaça praticado pelo Prefeito e seu pai, não pode oferecer a denúncia, por ser parte interessada no feito (art. 258, c/c art. 252, IV, ambos do CPP)". Apesar de o agravante considerar que "as circunstâncias de ambos os casos, na realidade, são bastante semelhantes", destacou que, de fato, não se tem notícia de um "procedimento investigatório formal" no caso concreto. Portanto, reitero que o precedente trazido pela defesa não se aplica à hipótese dos autos. Reafirmo que, não figurando a promotora como vítima da apuração em curso, que deu ensejo à ação penal por tentativa de homicídio qualificado contra terceiro, não há se falar que se trata de parte diretamente interessada, razão pela qual não se configura a hipótese do art. 252, inciso IV, do Código de Processo Penal, inexistindo, dessa forma, o alegado impedimento. A propósito: HABEAS CORPUS. CRIME DE USURA. NULIDADE. SUSPEIÇÃO DE MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO LOCAL. NÃO OCORRÊNCIA. REVISÃO PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. O art. 258 do CPP obsta ao membro do Ministério Público oficiar em processo em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, estendendo-lhe, no que for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes dos arts. 252 e 254 da mesma lei processual. 2. O fato de constar a promotora de Justiça como vítima em investigação já arquivada não representa sequer causa pendente entre as partes, além de não ser possível a pretendida eternização da hipótese e não estar incluída no rol dos casos taxativos do CPP. 3. O paciente, então acusado, não demonstrou de que modo deu-se respectiva suspeição, de foro íntimo e subjetivo, extraindo-se da decisão de 1º grau que a defesa não juntou qualquer prova dando conta da existência de ação em curso, em que a representante do Ministério Público seja vítima de atos supostamente praticados pelo réu, acrescentado que não se desincumbiu a defesa de demonstrar requisitos suficientes para que haja o acolhimento do pedido de suspeição/impedimento da representante do Ministério Público. 4. Destacou o Tribunal estadual, ainda, que não houve prejuízo à defesa, uma vez que inexistiu decisão negando o acesso aos autos ou qualquer empecilho relativo à produção probatória. 5. Como bem observado pelo Parquet, nesta sede, para infirmar o que restou decidido pelo Tribunal de origem, seria necessária ampla dilação probatória, providência que não encontra campo nos estreitos limites do writ, por demandar cotejo minucioso de matéria fático probatória. 6. Habeas corpus denegado. (HC n. 607.356/PR, relator Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 15/12/2020, DJe de 18/12/2020.) Destaco, outrossim, que, não obstante o agravante afirmar o precedente citado acima não se aplica ao presente caso, uma vez que, a seu ver, “há inúmeros elementos que corroboram a suspeição e impedimento da insigne Promotora de Justiça, inclusive novos”, a Corte local consignou que "nada do que foi alegado encontra amparo suficiente para indicar uma possível ou remota suspeição e muito menos, impedimento, não se extraindo qualquer indício, que tenha a representante do Ministério Público, ânimo de prejudicar o paciente" (e-STJ fl. 107). De igual sorte, no que diz respeito à alegada suspeição, em razão de suposta inimizade capital, a Corte local destacou que "não há qualquer irregularidade na conduta da Promotora de Justiça, a qual demonstra que atua com a isenção necessária no exercício de suas atribuições, sem qualquer interesse pessoal, não havendo qualquer indicativo de que possui interesse escuso, em eventual condenação do acusado, tendo como único interesse apontar os verdadeiros culpados pela prática de tão grave crime e não incriminar gratuitamente alguém" (e-STJ fl. 161). Ademais, conforme bem destacado pelo Ministério Público Federal em seu parecer, "os fatos nanados pela defesa não destoam daqueles normalmente praticados no exercício da função ministerial, ainda mais em uma cidade pequena, em que os promotores de justiça atuam em diversas frentes e, frequentemente, mantém contatos nem sempre muito amistosos com políticos locais". (e-STJ fl. 430). Nessa linha de intelecção, reafirmo que, para desconstituir a conclusão alcançada pela Corte local, a fim de acolher pretensão defensiva nos moldes pretendidos na inicial, seria necessária não mera análise jurídica de fatos incontroversos, mas verdadeiro o revolvimento de conteúdo fático-probatório, providência sabidamente inviável em habeas corpus. Ao ensejo: [...] quanto às hipóteses configuradoras de suspeição, ainda que consideradas como rol exemplificativo, tendo a Corte de origem asseverado, in casu, que "inexiste nos autos qualquer elemento que permita concluir haver parcialidade do juiz do processo na condução das ações penais autuadas sob n.ºs 0000590-31.2016.8.16.0119 e 0001585-10.2017.8.16.0119, porquanto os atos processuais por ele praticados não refogemprestará declarações, sob pena de indeferimento do rol. Decisão de parcial concessão do pedido liminar (item 00024). Embargos de Declaração oposto pelos impetrantes (item 00044), rejeitados na sessão de julgamento do dia 06/09/2022 (item 00057). Parecer da Procuradoria de Justiça opinando pelo conhecimento do writ e, no mérito, pela CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM, apenas para que seja ouvido o número máximo de 16 (dezesseis) testemunhas de acusação, oito para cada fato. (Item 00095). É O RELATÓRIO. Entendo que assiste parcial razão aos impetrantes. Trata-se de Habeas Corpus onde alegam os impetrantes a inépcia da denúncia; excesso acusatório por ausência de justa causa; ausência de justa causa com relação ao acusado Fernando Meister, em razão de prova técnica que afasta sua autoria; improcedência das qualificadoras articuladas na denúncia; utilização de prova ilícita, violação às garantias de notificação/citação e defesa obrigatória no inquérito e excesso do número de testemunhas arroladas pelo Parquet. Aduzem, ainda, que a autoridade coatora designou o início da instrução processual para o dia 05/09/2022, às 13h30, ocasião na * Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Sexta Câmara Criminal 5 HC Nº 0067144-20.2022.8.19.0000 APS qual serão ouvidas todas as testemunhas arroladas pela acusação. Afirmam que a realização da audiência designada causará manifesto tumulto processual. Em consulta ao sistema informatizado do Tribunal de Justiça, verifica-se que em 14/06/2022 foi proferida a seguinte decisão: “1) A preliminar arguida pela Defesa de falta de justa causa para deflagração da ação penal não deve prosperar. A materialidade delitiva está indiretamente demonstrada, assim como a autoria se encontra plenamente indiciada. Em relação à alegada inépcia da inicial, da mesma forma, tal alegação não é verdadeira, pois a denúncia descreve e individualiza detalhadamente a conduta imputada aos réus, de modo a permitir o livre exercício da ampla defesa. O órgão ministerial logrou expor os fatos criminosos, bem como as qualificadoras imputadas a partir dos indícios mínimos colhidos em sede policial, de forma circunstanciada, de modo que permite aos acusados o exercício de seu direito constitucional à ampla defesa, previsto no artigo 5º, LV, da Constituição da República. Foram cumpridas, assim, as normas do artigo 41 do Código de Processo Penal. Por outro lado, constituem crimes os fato imputados aos réus e não se verifica presente causa de extinção da punibilidade. Foram preenchidos todos os requisitos indispensáveis ao regular exercício do direito de ação. Logo, ausentes todas as hipóteses do artigo 395 do diploma processual legal. 2) De outro turno, não se vislumbra nulidade quanto à suposta inobservância do disposto no artigo 14-A, do Código de Processo Penal, na medida em que não demonstrado o prejuízo a qualquer dos acusados, que se veem acompanhados de defesa técnica nesta ação penal, bem como pelo fato de que, como bem salientado pelo membro do Ministério Público, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que eventual ilegalidade na fase inquisitorial não contamina a ação penal dela decorrente. 3) Por fim, assiste razão ao membro do Ministério Público no que diz respeito à natureza de prova documental do Relatório Técnico de Reprodução Simulada em Realidade Virtual, sendo ônus da defesa eventual impugnação da mesma por meio da * Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Sexta Câmara Criminal 6 HC Nº 0067144-20.2022.8.19.0000 APS juntada de outra prova documental ou da requisição de realização de prova pericial. 4) Diante do exposto, REJEITO as preliminares suscitadas pela Defesa. 5) Designo Audiência de Instrução e Julgamento para o dia 05/09/2022, às 13:30h. Requisitem-se os acusados e intimem-se as partes, inclusive a assistência à acusação. 6) Intimem-se/requisitem-se as testemunhas arroladas na denúncia (fls. 07/10), ficando a defesa ciente de que a oitiva das testemunhas arroladas somente pelos réus será realizada em data futura a ser designada após a oitiva das testemunhas de acusação.” Pela defesa dos pacientes foi interposto embargos de declaração, tendo sido proferida decisão, em 09/08/2022, acolhendo parcialmente os embargos, nos seguintes termos: “1) Acolho parcialmente os embargos de declaração opostos pela defesa técnica dos acusados no que diz respeito ao pertinente apontamento feito acerca da omissão do Juízo em se pronunciar sobre o pedido de readequação do rol de testemunhas por parte do órgão ministerial. Nesse sentido, INDEFIRO o requerido pela defesa na medida em que a denúncia trata de dois delitos que são imputados a três acusados distintos, estando o rol apresentado pelo órgão ministerial em consonância com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça sobre a questão: ´PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. CORRUPÇÃO PASSIVA E ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. NÚMERO MÁXIMO DE TESTEMUNHAS. REGRA. ART. 401 DO CPP. FEITO COMPLEXO: ELEVADO NÚMEROS DE RÉUS E PROLONGADO PERÍODO DA ATIVIDADE CRIMINOSA. CERCEAMENTO DE DEFESA. LIMITAÇÃO DO ROL DE TESTEMUNHAS. EXCEÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A legislação processual penal dispõe que o número máximo de testemunhas que podem ser arroladas pelas partes varia conforme o procedimento adotado. Quanto ao procedimento comum ordinário, o art. 401, caput, do CPP fixa esse número máximo em 8 testemunhas. 2. O número máximo de testemunhas as quais poderão ser arroladas pela defesa deve, em regra, variar não só de acordo com o número de réus, mas * Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Sexta Câmara Criminal 7 HC Nº 0067144-20.2022.8.19.0000 APS também conforme o número de fatos supostamente delituosos imputados a cada réu.[...] (RHC n. 92874/SP, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, 5a T., DJe 14/11/2018)´ 2) Deixo de acolher, no mais, os embargos de declaração haja vista que a decisão constante às fls. 3425/3426 contemplou as preliminares arguidas na sua íntegra, sendo certo que o juízo circunstanciado das alegações feitas pelo embargante confunde-se com o próprio mérito da causa, na medida em que deverão ser enfrentadas no momento oportuno, à luz dos elementos de prova a serem colhidos em sede judicial, sob o contraditório e a ampla defesa, e, dada a característica bifásica do Tribunal do Júri, ao fim da primeira fase processual. 3) Diante do exposto, ACOLHO PARCIALMENTE OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela defesa, INDEFERINDO o pedido de que seja determinada a readequação do rol de testemunhas apresentado na denúncia pelos fatos e fundamentos já expostos, mantenho os demais termos da decisão. 4) Intimem-se as partes.” Foi parcialmente concedida por este Relator a liminar (item 00024) para que na audiência designada para 05/09/2022, fosse ouvido o número máximo de 16 (dezesseis) testemunhas, aguardando a oitiva das demais, após o julgamento do mérito do presente writ. (itens 00018). Quanto aos demais requerimentos, entendo que não assiste razão aos impetrantes. A alegação de nulidade, uma vez teria sido utilizada prova ilícita, com violação às garantias de notificação/citação e defesa obrigatória no inquérito, conforme disposto no artigo 14-A, do Código de Processo Penal1, deve ser afastada. 1 Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144previstos no art. 41 do Código de Processo Penal. Vê-se (item 0001 do anexo 1): No dia 18 de maio de 2020, por volta das 15:00h, no interior do imóvel localizado na Rua Geraldo da Silveira, bairro de Itaoca, Complexo do Salgueiro, nesta comarca, os denunciados MAURO, MAXWELL e MEISTER, no exercício de suas funções, com vontade livre e consciente, em comunhão de ações e desígnios, e assumindo o risco de produzir o resultado, efetuaram disparos de arma de fogo contra as pessoas que se encontravam no interior da casa, vindo a atingir JOÃO PEDRO MATOS PINTO, na ocasião com 14 anos de idade, e causando-lhe as lesões descritas no Auto de Exame Cadavérico presente no IP nº 9951- 00310/2020, que por sua natureza, sede e extensão foram a causa eficiente da morte da vítima. * Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Sexta Câmara Criminal 12 HC Nº 0067144-20.2022.8.19.0000 APS O crime foi cometido por motivo torpe, qual seja, o fato dos denunciados, na pressuposição de que existiam criminosos no interior do imóvel, terem agido ofensivamente, querendo matá-los, mesmo sem que tivessem visão de quem se encontrava no interior da casa e nem enfrentassem qualquer reação armada ou resistência partindo dali. O crime foi cometido com o emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que, os denunciados, além de haverem ingressado de inopino no terreno da casa onde se encontrava a vítima, gozavam de ampla e irrestrita superioridade de meios e recursos. Nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar, Policiais Civis ainda não identificados, no exercício de suas funções, com vontade livre e consciente, em comunhão de ações e desígnios com os denunciados MAURO, MAXWELL e MEISTER, inovaram artificiosamente no curso de diligência, consubstanciada na Operação Policial da qual faziam parte, o estado de lugar, ao plantarem no local do Homicídio da vítima JOÃO PEDRO diversos artefatos explosivos, uma pistola GLOCK, calibre 9mm, ao posicionarem uma escada junto ao muro dos fundos do imóvel em questão e ao produzirem marcas de disparos de arma de fogo junto ao portão da garagem do mesmo imóvel; tudo isso com o fim de eximir-se de responsabilidade criminal. Os denunciados MAURO, MAXWELL e MEISTER, com vontade livre e consciente, concorreram eficazmente para o crime acima descrito, ajustando-o previamente com os demais Policiais Civis, estando presente de forma encorajadora durante sua execução e acompanhando, posteriormente, a perícia realizada pela Delegacia de Homicídios (DH-NIT/SG). Na ocasião, os denunciados MAURO, MAXWELL e MEISTER, lotados na Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (CORE), participavam de operação conjunta com a Polícia Federal, tendo como objetivo o cumprimento de mandados de Prisão e de Busca e Apreensão contra os elementos alcunhados “FAUSTÃO”, “HELLO KITTY” e “VINTE ANOS”, notoriamente integrantes da organização criminosa conhecida como “COMANDO VERMELHO”, atuante na localidade do complexo do Salgueiro. * Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Sexta Câmara Criminal 13 HC Nº 0067144-20.2022.8.19.0000 APS Ao serem aerotransportados pelo Serviço Aeropolicial da CORE (SAER) até o bairro de Itaoca, os denunciados desembarcaram num campo de futebol próximo à Rua Geraldo da Silveira, juntamente com o Delegado de Polícia, então Coordenador da CORE, SÉRGIO SAHIONE FERREIRA e com o policial civil JAIR CORREA RIBEIRO, alegadamente com a intenção de interceptar homens armados que teriam sido observados, durante o sobrevoo, se evadindo da residência atribuída ao elemento alcunhado “FAUSTÃO”, localizada na Avenida Ivan dos Santos, esquina com a Rua Geraldo da Silveira. Já no terreno, ao progredirem em conduta de patrulha, o denunciado MAURO assumiu a função de ponta 1, seguido, respectivamente, pelos denunciados MAXWELL e MEISTER, tendo o Delegado SÉRGIO SAHIONE e o policial civil JAIR CORREA, permanecido mais atrás, como responsáveis pela segurança da retaguarda do grupo. Após, alegadamente, terem observado supostos criminosos na Rua Geraldo da Silveira, ingressando na residência onde se encontravam MATHEUS DE AZEVEDO ALVARES, de dezenove anos, e os adolescentes MARIA EDUARDA BARCELLOS DOS SANTOS, de 17 anos, VÍTOR GABRIEL SOUZA DA SILVA, de 14 anos, NATAN MATOS PINTO, de 14 anos, RAPHAELA PONTES MANDRANI, de 15 anos, e a vítima fatal JOÃO PEDRO MATTOS PINTO, de 14 anos; os denunciados MAURO, MAXWELL e MEISTER, sem que houvesse qualquer resistência proveniente do interior do imóvel, efetuaram vários disparos de arma de fogo contra o grupo de jovens vindo um dos disparos efetuados a atingir – e causar a morte – da vítima JOÃO PEDRO. Ato contínuo, enquanto guardavam o local do Homicídio, e aguardavam a chegada da equipe de peritos da DH-NIT/SG, policiais civis não identificados, mas ajustados com os denunciados MAURO, MAXWELL e MEISTER, o alteraram fraudulentamente, realizando as condutas acima descritas, com a intenção de criar vestígios de suposto confronto com criminosos. Estão os denunciados MAURO JOSÉ GONÇALVES, MAXWELL GOMES PEREIRA e FERNANDO DE BRITO * Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Sexta Câmara Criminal 14 HC Nº 0067144-20.2022.8.19.0000 APS MEISTER incursos nas penas do artigo 121, § 2º, incisos I e II, c/c artigo 61, inciso II, alínea (g), todos do Código Penal, e artigo 23 da Lei 13.869/2019; n/f do artigo 69 do Código Penal.” Logo, como bem exposto pela douta Procuradora de Justiça CELMA P. D. DE CARVALHO ALVES, “No caso em tela, verifica-se que a decisão acostada às fls. 45/46 do Anexo 1 restou bem fundamentada, em atenção ao disposto no artigo 93, inciso IX da CRFB/88, uma vez que sua motivação acerca das teses defensivas apresentadas por ocasião da defesa prévia deve ser sucinta, limitando-se à admissibilidade da acusação formulada pelo órgão ministerial, evitando-se, assim, o prejulgamento da demanda. Por outro lado, na esteira do adiantado pelo d. Des. Relator, deve ser concedida a ordem para que seja ouvido o número máximo de 16 (dezesseis) testemunhas de acusação, oito para cada fato, uma vez que está sendo apurada a prática de dois delitos.” Assim, sabe-se que o número de testemunhas varia de acordo com o procedimento a ser seguido. Embora haja certa controvérsia na doutrina e na jurisprudência em relação ao número de testemunhas quando o processo versa sobre mais de um delito ou quando há mais de um corréu, prevalece o entendimento de que para a acusação, o número é estabelecido de acordo com a quantidade de fatos imputados, independente do número de acusados (Lima, Renato Brasileiro – Manual de processo penal: volume único – 8.ed.rev.ampl.e.atual, 2020). Por tais motivos, voto pela PROCEDÊNCIA PARCIAL DO PEDIDO, apenas para confirmar a liminar deferida, devendo serem ouvidas o número máximo de 16 (dezesseis) testemunhas de acusação, oito para cada fato. Rio de Janeiro, na data da sessão. MARCELO CASTRO ANÁTOCLES DA SILVA FERREIRA DESEMBARGADOR RELATOR Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 170.058 - MT (2022/0270985-0) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : RODRIGO NOGUEIRA BARROSO ADVOGADOS : DELCIO GOMES DE ALMEIDA - DF016841 DANILO VILAS-BOAS DIAS - DF053140 EDUARDA DE PAULA VENANCIO - DF066878 AGRAVADO : MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO EMENTA PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. 1. PEDIDO DE OITIVA DE CORRÉU. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. 2. VÍDEO DO CORRÉU GRAVADO UNILATERALMENTE PELA DEFESA. PEDIDO DE INCLUSÃO NO PROCESSO.IMPOSSIBILIDADE. 3. PEDIDO DE PRODUÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO TEMPORAL E CONSUMATIVA. 4. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Nos termos da jurisprudência do STF, "por força do que dispõe o art. 5º, LXIII, da Constituição, é pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que não constitui cerceamento de defesa o indeferimento do pedido de oitiva de corréu na qualidade de testemunha". (RHC 99768, Relator(a): TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 14/10/2014, DJe 29/10/2014 P. 30/10/2014). - A jurisprudência do STJ também é no sentido de que "o corréu, por não ter o dever de falar a verdade e por não prestar compromisso, não pode servir como testemunha, o que afasta o constrangimento ilegal de que estaria sendo vítima a recorrente" (RHC 40257, Relator Ministro Jorge Mussi, 5ª Turma DJe de 1º/10/2013). (RHC n. 65.835/DF, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 12/4/2016, DJe de 20/4/2016.) 2. Sendo vedada a oitiva do corréu na qualidade de testemunha, revela-se correta a conclusão da Corte local no sentido de que "a inclusão de vídeo gravado unilateralmente pela defesa do paciente, em que o corréu admite a autoria exclusiva do crime, implicaria no colhimento de sua oitiva na função de testemunha/informante, sem compromisso ou dever de dizer a verdade, subvertendo a orientação pacificada pelos Tribunais pátrios". - Conforme destacado no acórdão recorrido, "o caso retratado nos autos não se refere à exibição do interrogatório do corréu Rogério, colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, durante o tramitar processual, mas na apresentação da oitiva do coacusado Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 1 de 4 ARQUIVO 03 Superior Tribunal de Justiça condenado pelo Tribunal do Júri por sentença transitada em julgado, gravada pela defesa do paciente, de forma unilateral". 3. Constatando-se que o pedido da defesa foi formulado não apenas fora do prazo legal, mas também depois de já exercida referida faculdade processual, verifica-se a ocorrência da preclusão temporal bem como da consumativa, o que revela o exaurimento do momento processual. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. ACÓRDÃO Visto, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, João Otávio de Noronha e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 13 de setembro de 2022(Data do Julgamento) Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 2 de 4 Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 170.058 - MT (2022/0270985-0) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : RODRIGO NOGUEIRA BARROSO ADVOGADOS : DELCIO GOMES DE ALMEIDA - DF016841 DANILO VILAS-BOAS DIAS - DF053140 EDUARDA DE PAULA VENANCIO - DF066878 AGRAVADO : MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA (Relator): Trata-se de agravo regimental interposto por RODRIGO NOGUEIRA BARROSO contra decisão monocrática, da minha lavra, que negou provimento ao recurso em habeas corpus. O agravante reitera, em síntese, os pedidos formulados no recurso, asseverando que "o corréu comprovará de plano a inocência do Paciente, pois este sequer estava no local dos fatos". Pugna, assim, pelo provimento do agravo regimental. É o relatório. Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 3 de 4 Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 170.058 - MT (2022/0270985-0) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA (Relator): A insurgência não merece prosperar. Com efeito, conforme explicitado na decisão monocrática, a Corte local, ao manter o indeferimento de juntada do vídeo com o depoimento do corréu, destacou que, "como bem ressaltado na decisão impugnada, os corréus não podem ser ouvidos em juízo na qualidade de testemunha ou informante, já que não prestam compromisso e nem tem o dever de dizer a verdade, possuindo interesse direto na causa". De fato, nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, "por força do que dispõe o art. 5º, LXIII, da Constituição, é pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que não constitui cerceamento de defesa o indeferimento do pedido de oitiva de corréu na qualidade de testemunha". (RHC 99768, Relator(a): TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 14/10/2014, DJe 29/10/2014 P. 30/10/2014). Da mesma forma, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que "o corréu, por não ter o dever de falar a verdade e por não prestar compromisso, não pode servir como testemunha, o que afasta o constrangimento ilegal de que estaria sendo vítima a recorrente" (RHC 40257, Relator Ministro Jorge Mussi, 5ª Turma DJe de 1º/10/2013). (RHC n. 65.835/DF, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 12/4/2016, DJe de 20/4/2016.) No mesmo sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. DECISÃO DO RELATOR SEM ESGOTAMENTO DA JURISDIÇÃO. TERATOLOGIA NÃO CONFIGURADA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte é firme na compreensão de que não tem cabimento habeas corpus para desafiar decisão monocrática de desembargador relator, sob pena de indevida supressão de instância em razão do não exaurimento da jurisdição do Tribunal a quo. 2. "É vedada a oitiva Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 4 de 4 Superior Tribunal de Justiça de corréu na condição de testemunha ou informante, salvo no caso de corréu colaborador ou delator" (RHC n. 76.951/RJ, relatora Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 9/3/2017, DJe 16/3/2017). 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC n. 473.653/MG, relator Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, julgado em 6/12/2018, DJe de 19/12/2018.) Dessa forma, sendo vedada a oitiva do corréu na qualidade de testemunha, revela-se correta a conclusão da Corte local no sentido de que "a inclusão de vídeo gravado unilateralmente pela defesa do paciente, em que o corréu admite a autoria exclusiva do crime, implicaria no colhimento de sua oitiva na função de testemunha/informante, sem compromisso ou dever de dizer a verdade, subvertendo a orientação pacificada pelos Tribunais pátrios". Reitero, ademais, que, conforme destacado no acórdão recorrido, "o caso retratado nos autos não se refere à exibição do interrogatório do corréu Rogério, colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, durante o tramitar processual, mas na apresentação da oitiva do coacusado condenado pelo Tribunal do Júri por sentença transitada em julgado, gravada pela defesa do paciente, de forma unilateral". Nesse contexto, reafirmo que "é imperioso reconhecer que a negativa de juntada da documentação em questão não fere a garantia constitucional da plenitude de defesa, mas atende a orientação pacificada pelos Tribunais Superiores que veda a oitiva de corréu na qualidade de testemunha". Não se verifica, portanto, constrangimento ilegal no ponto. Quanto ao pedido de apresentação do histórico de chamadas e mensagens de texto SMS, originadas e recebidas pelo corréu Rogério Francisco Gomes, bem como informação acerca dos ramais e cadastro dos interlocutores que mantiveram contato com referido terminal telefônico a partir das referidas datas, a Corte local considerou precluso o pleito. A propósito: Conforme ressaltado pela autoridade apontada como coatora, na decisão proferida no dia 27.4.2020: “(...) em sede de 422 do CPP a Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão- Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 5 de 4 Superior Tribunal de Justiça defesa técnica se manifestou apresentando o rol de testemunhas em 11.05.2022 (ID 82114765) e posteriormente peticionou requerendo diligências em 20.05.2022 (ID 82860134). Os comportamentos processuais descritos no art. 422, CPP, são submetidos à disciplina da preclusão (lógica, temporal e consumativa). Nesse sentido, mutatis mutandis: “II - Consolidou-se na jurisprudência desta Corte Superior de Justiça o entendimento de que se opera a preclusão quando o requerimento do art. 422, do CPP não for apresentado no quinquídio legal. (Precedentes).” (STJ, RHC64.465/PR, d. j. 25/10/2016, DJe 14/11/2016) "O processo é um caminhar para frente, daí existindo o sistema da preclusão (lógica, consumativa e temporal), às vezes até mesmo dirigida ao magistrado (pro judicato), a fim de que a marcha processual não reste tumultuada." (STJ, REsp 802416/SP, d. j. 01/03/2007). Deste modo, não assiste razão à defesa quanto ao pleito de juntada de extratos telefônicos neste momento, pois operou-se a preclusão consumativa para diligências”. Reitero que a preclusão é a perda de uma faculdade referente à prática de determinado ato processual, a perda da capacidade de praticar os atos processuais por não tê-lo feito na oportunidade devida (preclusão temporal), por incompatibilidade com outro ato anteriormente praticado (preclusão lógica) ou pelo exercício anterior do mesmo direito (preclusão consumativa), sendo este fenômeno imprescindível à marcha do procedimento. A propósito: PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DEFESA PRELIMINAR INTEMPESTIVA. PEDIDO DE OITIVA DE TESTEMUNHAS. PRECLUSÃO. RECURSO DESPROVIDO. I - Não se constata o alegado direito líquido e certo quanto ao recebimento da defesa preliminar, considerada intempestiva, uma vez que o réu, na presença de seu advogado, compareceu em cartório e foi devidamente citado aos 6/12/2013. Não tendo apresentado resposta à acusação no prazo legal (art. 396 do CPP), foi ainda intimado pela imprensa oficial em duas oportunidades, quais sejam, em 4/8/2014 e 17/10/2014. Contudo, permaneceu silente e somente após 1 (um) ano e meio apresentou a defesa, quando já havia sido certificado o transcurso do prazo para resposta e intimado o réu para constituir novo advogado, em 1º/6/2015. II - "No caso vertente, não há ilegalidade na desconsideração do rol de Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 6 de 4 Superior Tribunal de Justiça testemunhas da defesa, apresentado fora do prazo legalmente estabelecido, ante a preclusão temporal desta faculdade processual" (HC n. 202.928/PR, Sexta Turma, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/5/2014, DJe de 8/9/2014). III - Por outro lado, o deferimento de provas (v.g., prova testemunhal) é ato que se inclui na esfera de discricionariedade regrada do magistrado processante, que poderá indeferi-las de forma fundamentada, quando as julgar protelatórias ou desnecessárias e sem pertinência com a instrução do processo (precedentes do STF e do STJ). Recurso ordinário desprovido. (RMS 52.413/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 02/05/2017, DJe 31/05/2017) PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ART. 396-A, DO CPP. RESPOSTA À ACUSAÇÃO INTEMPESTIVA. DIREITO DE ARROLAR TESTEMUNHAS. PRECLUSÃO TEMPORAL. AUSÊNCIA DE EFETIVO PREJUÍZO. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. AFRONTA AO ART. 229 DO CPP. PEDIDO DE ACAREAÇÃO. INDEFERIMENTO FUNDAMENTADO PELO MAGISTRADO DE ORIGEM. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA 83/STJ. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 381, III, E 386, VII, AMBOS DO CPP. ABSOLVIÇÃO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. VEDAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. PLEITO DE DESCLASSIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL VIOLADO. APELO ESPECIAL COM FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. "O direito à prova não é absoluto, limitando-se por regras de natureza endoprocessual e extraprocessual. Assim é que, na proposição de prova oral, prevê o Código de Processo Penal que o rol de testemunhas deve ser apresentado, sob pena de preclusão, na própria denúncia, para o Ministério Público, e na resposta à acusação, para a defesa. No caso vertente, não há ilegalidade na desconsideração do rol de testemunhas da defesa, apresentado fora do prazo legalmente estabelecido, ante a preclusão temporal desta faculdade processual". (HC 202.928/PR, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, DJe 08/09/2014) 2. Segundo a legislação penal em vigor, é imprescindível quando se trata de alegação de nulidade de ato processual a demonstração do prejuízo sofrido, em consonância com o princípio pas de nullité sans grief, consagrado pelo legislador no artigo 563 do Código de Processo Penal, o que não ocorreu, in casu. 3. A teor do entendimento desta Corte, o juiz pode indeferir, em decisão devidamente fundamentada, como ocorreu na espécie, as diligências que entenda ser protelatórias ou Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 7 de 4 Superior Tribunal de Justiça desnecessárias, dentro de um juízo de conveniência, que é próprio do seu regular poder discricionário, não havendo nulidade alguma em tal proceder. 4. É assente que cabe ao aplicador da lei, em instância ordinária, fazer um cotejo fático e probatório a fim de analisar a existência de provas suficientes a embasar o decreto condenatório, ou a ensejar a absolvição. Óbice do enunciado nº 7 da Súmula desta Corte. 5. A ausência de indicação do dispositivo ofendido enseja a aplicação do enunciado nº 284 da Súmula do Pretório Excelso, pois caracteriza deficiência na fundamentação, o que dificulta a compreensão da controvérsia. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 713.847/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 22/10/2015) Dessa forma, constatando-se que o pedido da defesa foi formulado não apenas fora do prazo legal, mas também depois de já exercida referida faculdade processual, verifica-se a ocorrência da preclusão temporal bem como da consumativa, o que revela o exaurimento do momento processual. Portanto, também não se verifica constrangimento ilegal no ponto. Assim, em que pese o esforço argumentativo da combativa defesa, não foram apresentados argumentos aptos a reverter as conclusões trazidas na decisão agravada, motivo pelo qual esta se mantém por seus próprios e jurídicos fundamentos. Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto. Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 8 de 4 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA AgRg no Número Registro: 2022/0270985-0 RHC 170.058 / MT MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 10133959320228110000 125622220188110004 284051 9501562018 95015620188110004 EM MESA JULGADO: 13/09/2022 Relator Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. LUCIANO MARIZ MAIA Secretário Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL AUTUAÇÃO RECORRENTE : RODRIGO NOGUEIRA BARROSO ADVOGADOS : DELCIO GOMES DE ALMEIDA - DF016841 DANILO VILAS-BOAS DIAS - DF053140 EDUARDA DE PAULA VENANCIO - DF066878 RECORRIDO : MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO CORRÉU : CLEITON DA SILVA TOMAZ CORRÉU : WESLEY FERREIRA DE PAULA ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a vida - Homicídio Qualificado AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : RODRIGO NOGUEIRA BARROSO ADVOGADOS : DELCIO GOMES DE ALMEIDA - DF016841 DANILO VILAS-BOAS DIAS - DF053140 EDUARDA DE PAULA VENANCIO- DF066878 AGRAVADO : MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental." Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, João Otávio de Noronha e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: 2212846 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/09/2022 Página 9 de 4 AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1896218 - SP (2021/0161387-7) RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ AGRAVANTE : E M V M ADVOGADOS : FRANCISCO APPARECIDO BORGES JUNIOR - SP111508 EURO BENTO MACIEL FILHO - SP153714 DOUGLAS RICARDO FAZZIO - SP238264 AGRAVADO : ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ ANALISADA. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Ao recurso especial interposto foi negado seguimento pelo óbice sumular n. 83 do STJ. 2. As hipóteses causadoras de impedimento ou suspeição, elencadas nos arts. 252, 253 e 258 do Código de Processo Penal, são taxativas, razão pela qual não se pode dar interpretação extensiva e analógica, sob pena de se criar judicialmente nova causa de impedimento não prevista em lei, o que vulneraria a separação dos poderes e, por consequência, cercearia inconstitucionalmente a atuação válida do magistrado ou mesmo do promotor. 3. Mantém-se a decisão guerreada quando o agravante não traz, no âmbito do regimental, novos fundamentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado. 4. Agravo regimental não provido. Documento eletrônico VDA40802327 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Rogerio Schietti Cruz Assinado em: 22/03/2024 15:52:50 Publicação no DJe/STJ nº 3836 de 02/04/2024. Código de Controle do Documento: 8ad20140-d755-463e-9c91-1f963fbabaac ARQUIVO 04 ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT) e Sebastião Reis Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 19 de março de 2024. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ Relator Documento eletrônico VDA40802327 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Rogerio Schietti Cruz Assinado em: 22/03/2024 15:52:50 Publicação no DJe/STJ nº 3836 de 02/04/2024. Código de Controle do Documento: 8ad20140-d755-463e-9c91-1f963fbabaac AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1896218 - SP (2021/0161387-7) RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ AGRAVANTE : E M V M ADVOGADOS : FRANCISCO APPARECIDO BORGES JUNIOR - SP111508 EURO BENTO MACIEL FILHO - SP153714 DOUGLAS RICARDO FAZZIO - SP238264 AGRAVADO : ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ ANALISADA. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Ao recurso especial interposto foi negado seguimento pelo óbice sumular n. 83 do STJ. 2. As hipóteses causadoras de impedimento ou suspeição, elencadas nos arts. 252, 253 e 258 do Código de Processo Penal, são taxativas, razão pela qual não se pode dar interpretação extensiva e analógica, sob pena de se criar judicialmente nova causa de impedimento não prevista em lei, o que vulneraria a separação dos poderes e, por consequência, cercearia inconstitucionalmente a atuação válida do magistrado ou mesmo do promotor. 3. Mantém-se a decisão guerreada quando o agravante não traz, no âmbito do regimental, novos fundamentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado. 4. Agravo regimental não provido. Documento eletrônico VDA40802375 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Rogerio Schietti Cruz Assinado em: 22/03/2024 15:52:50 Código de Controle do Documento: 71f0fa46-0b84-46b6-a9cc-3ae45ee8053e RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ: E. M. V. M. interpõe agravo regimental contra decisão de minha relatoria, acostada às fls. 1.209-1.217 dos autos, ocasião em que conheci do agravo para conhecer parcialmente do recurso especial e, na extensão, negar- lhe provimento em virtude do óbice sumular n. 83 do STJ. Nas presentes razões, a defesa, em suma, argumenta que “os temas postos naqueles aclaratórios, os quais não foram devidamente analisados pelo TJSP, não tinham por escopo apenas “promover” a alteração do decisum, vez que, em real verdade, atinavam com a própria essência da exceção de impedimento oposta pelo Agravante” (fl. 1.231). Aduz, ainda: “a interpretação restritiva dada pela decisão recorrida aos artigos 144 e 145, do C.P.C., bem como aos arts. 252, inc. III, e 254, do Código de Processo Penal, positivamente, não se coaduna com a mens legis daquele dispositivo legal. Até porque, como bem se sabe, as hipóteses previstas no artigo 252, do C.P.P., não formam um rol taxativo, mas, sim, meramente exemplificativo” (fls. 1.236-1.237). Por fim, assinala que “a pretensão do Agravante não é desvirtuar a jurisprudência dessa augusta Corte, nem “criar” uma nova causa de impedimento, mas sim, e apenas, alargar a interpretação à palavra “instância”, à luz do espírito que norteia a regra do inciso III, do artigo 252, do C.P.P” (fl. 1.237). Requer, assim, a reconsideração do decisum anteriormente proferido ou a submissão do feito a julgamento pelo órgão colegiado, para que seja provido o recurso. VOTO O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ (Relator): Documento eletrônico VDA40802375 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Rogerio Schietti Cruz Assinado em: 22/03/2024 15:52:50 Código de Controle do Documento: 71f0fa46-0b84-46b6-a9cc-3ae45ee8053e Em que pesem os argumentos despendidos pela defesa, entendo que não lhe assiste razão. Mantenho, assim, a decisão agravada por seus próprios fundamentos. Na ocasião em que neguei provimento ao recurso especial, consignei o seguinte (fls. 1.216-1.218, destaquei): "[...] I. Exceção de suspeição ou impedimento In casu, observo que os magistrados integrantes da 12ª Câmara Criminal, em momento pregresso, participaram do julgamento do apelo defensivo que foi anulado por este Tribunal Superior, ao entender que a condenação do réu, na origem, haveria se amparado em algumas provas nulas. Ocorre que, depois de nova condenação procedida pelo juízo natural, contra a qual a defesa interpôs nova apelação, não se pode presumir, por si só, favorecimento para qualquer uma das partes ou constituir motivo para a suspeição dos magistrados por terem participado do julgamento de apelo anterior. Ademais, tal situação não está expressamente prevista em lei, bem como a anulação decorreu de fato estranho à alegação de imparcialidade dos julgadores e não foi comprovada pela defesa. A propósito, a jurisprudência desta Corte Superior afirma que: [...] as hipóteses causadoras de impedimento/suspeição, constantes nos arts. 252, 253 e 258 do Código de Processo Penal, são taxativas, não sendo viável interpretação extensiva e analógica, sob pena de se criar judicialmente nova causa de impedimento não prevista em lei, o que vulneraria a separação dos poderes e, por consequência, cercearia inconstitucionalmente a atuação válida do magistrado ou mesmo do promotor" (HC n. 478.645/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe de 4/6/2019)SP297400 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator. C54206551529088108901:@ 2015/0158353-3 - RHC 61231 Petição : 2022/0042654-7 (AgRg) AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1993885 - PE (2022/0090310-8) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA PROCESSUAL PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTELIONATO MAJORADO. ART. 171, §3º, DO CÓDIGO PENAL. CLASSIFICAÇÃO DE DEPOENTE COMO INFORMANTE OU TESTEMUNHA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE RECONHECIDAS PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. PROVIDÊNCIA VEDADA PELA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido de que "A diferença de valor da prova colhida, como informante ou testemunha, com ou sem compromisso de dizer a verdade, é matéria de ponderação judicial e não de classificação em uma ou outra categoria de prova oral" (AgRg no AREsp n. 378.353/PR, Relator Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 20/2/2018, DJe de 26/2/2018). 2. No caso dos autos, o Tribunal de origem assentou que, a despeito das alegações da defesa, é certo que os fatos ilícitos estão inequivocamente documentados nos autos. Assim sendo, importante esclarecer que a classificação do depoente como testemunha ou informante, sem reflexos determinantes no resultado do julgamento, como asseverado pela Corte a quo, não induz ao reconhecimento de nulidade. 3. Como é de conhecimento, não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo concreto à parte, sob pena de a forma superar a essência. Vigora o princípio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal: "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". E não se pode olvidar que "a condenação, por si só, não pode ser considerada como prejuízo, pois, para tanto, caberia ao recorrente demonstrar que a nulidade apontada, acaso não tivesse ocorrido, ensejaria sua absolvição, situação que não se verifica os autos". (AgRg no AREsp n. 1.637.411/RS, Relator Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 26/5/2020, DJe 3/ 6/2020). 4. A pretensão de infirmar o pronunciamento das instâncias ordinárias que concluíram pela comprovação da autoria e materialidade, com respaldo nas provas obtidas a partir da instrução criminal, sob o pálio do ARQUIVO 07 devido processo legal e com respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, demandaria, necessariamente, o reexame de matéria fático-probatória, o que, em sede de recurso especial, constitui medida vedada pelo óbice da Súmula 7/STJ. 5. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik, Messod Azulay Neto e João Batista Moreira (Desembargador convocado do TRF1) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ribeiro Dantas. Brasília, 28 de fevereiro de 2023. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1993885 - PE (2022/0090310-8) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA PROCESSUAL PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTELIONATO MAJORADO. ART. 171, §3º, DO CÓDIGO PENAL. CLASSIFICAÇÃO DE DEPOENTE COMO INFORMANTE OU TESTEMUNHA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. AUTORIA E MATERIALIDADE RECONHECIDAS PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. PROVIDÊNCIA VEDADA PELA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Esta Corte Superior já se manifestou no sentido de que "A diferença de valor da prova colhida, como informante ou testemunha, com ou sem compromisso de dizer a verdade, é matéria de ponderação judicial e não de classificação em uma ou outra categoria de prova oral" (AgRg no AREsp n. 378.353/PR, Relator Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 20/2/2018, DJe de 26/2/2018). 2. No caso dos autos, o Tribunal de origem assentou que, a despeito das alegações da defesa, é certo que os fatos ilícitos estão inequivocamente documentados nos autos. Assim sendo, importante esclarecer que a classificação do depoente como testemunha ou informante, sem reflexos determinantes no resultado do julgamento, como asseverado pela Corte a quo, não induz ao reconhecimento de nulidade. 3. Como é de conhecimento, não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo concreto à parte, sob pena de a forma superar a essência. Vigora o princípio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal: "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". E não se pode olvidar que "a condenação, por si só, não pode ser considerada como prejuízo, pois, para tanto, caberia ao recorrente demonstrar que a nulidade apontada, acaso não tivesse ocorrido, ensejaria sua absolvição, situação que não se verifica os autos". (AgRg no AREsp n. 1.637.411/RS, Relator Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 26/5/2020, DJe 3/ 6/2020). 4. A pretensão de infirmar o pronunciamento das instâncias ordinárias que concluíram pela comprovação da autoria e materialidade, com respaldo nas provas obtidas a partir da instrução criminal, sob o pálio do devido processo legal e com respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, demandaria, necessariamente, o reexame de matéria fático-probatória, o que, em sede de recurso especial, constitui medida vedada pelo óbice da Súmula 7/STJ. 5. Agravo regimental não provido. RELATÓRIO Trata-se de agravo regimental interposto por MICHELON MARQUES FERREIRA contra decisão pela qual se deu parcial provimento ao recurso especial para fixar a pena do recorrente em 1 ano e 4 meses de reclusão, mais o pagamento de 40 dias- multa, mantido, no mais o aresto recorrido (e-STJ fls. 450/455). Nas razões do regimental, a defesa reafirma a nulidade do feito diante da oitiva da acusada, beneficiada com acordo de não persecução penal, como testemunha compromissada. Aponta, ainda, a necessidade de alteração do regime inicial de cumprimento de pena para o menos gravoso. Pede, assim, a reconsideração da decisão agravada ou a apreciação do recurso pela Quinta Turma, a fim de que seja provido o recurso especial. É o relatório. VOTO O agravo regimental não merece prosperar. Com efeito, dessume-se das razões recursais que a parte agravante não trouxe elementos suficientes para infirmar a decisão agravada. A jurisprudência desta Corte Superior orienta que "A despeito de um corréu não ter sido denunciado, por ter feito Acordo de Não Persecução Penal, inexiste impedimento para sua oitiva como informante, mas não como testemunha" (AgRg no RHC n. 144.641/PR, Relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Quinta Turma, julgado em 28/11/2022, DJe de 1/12/2022). No entanto, conforme consignado na decisão recorrida, cumpre esclarecer que "A diferença de valor da prova colhida, como informante ou testemunha, com ou sem compromisso de dizer a verdade, é matéria de ponderação judicial e não de classificação em uma ou outra categoriade prova oral" (AgRg no AREsp n. 378.353/PR, Relator Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 20/2/2018, DJe de 26/2/2018). No caso dos autos, o Tribunal de origem assentou que os fatos ilícitos estão inequivocamente documentados nos autos, de modo que a classificação do depoente como testemunha ou informante, sem reflexos determinantes no resultado do julgamento, não induz ao reconhecimento de nulidade. Como é de conhecimento, não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo concreto à parte, sob pena de a forma superar a essência. Vigora o princípio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal: "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". E não se pode olvidar que "a condenação, por si só, não pode ser considerada como prejuízo, pois, para tanto, caberia ao recorrente demonstrar que a nulidade apontada, acaso não tivesse ocorrido, ensejaria sua absolvição, situação que não se verifica os autos". (AgRg no AREsp n. 1.637.411/RS, Relator Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 26/5/2020, DJe 3/ 6/2020). No contexto, entender de modo diverso do estabelecido pelas instâncias ordinárias para reconhecer possível prejuízo, como pretende a parte recorrente, demandaria, necessariamente, o revolvimento do acervo fático-probatório delineado nos autos, providência inviável nesta instância, a teor do enunciado sumular n. 7 desta Corte. Do mesmo modo, a pretensão de infirmar o pronunciamento das instâncias ordinárias que concluíram pela comprovação da autoria e materialidade, com respaldo nas provas obtidas a partir da instrução criminal, sob o pálio do devido processo legal e com respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. Por oportuno, vale pontuar que o Tribunal de origem fixou o regime aberto para o resgate da pena, com a substituição a pena privativa de liberdade por duas sanções restritivas de direitos, a serem fixadas pelo douto juiz da execução, pelo que se revela descabido, no caso, o pedido de fixação de regime prisional mais brando. Assim, não tendo o agravante apresentado argumentos aptos a reverter o entendimento assentado na decisão monocrática, esta se mantém por seus próprios fundamentos. Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto. Superior Tribunal de Justiça S.T.J Fl.__________ CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA AgRg no Número Registro: 2022/0090310-8 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.993.885 / PE MATÉRIA CRIMINAL EM MESA JULGADO: 28/02/2023 Relator Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. ELIZETA MARIA DE PAIVA RAMOS Secretário Bel. MARCELO FREITAS DIAS AUTUAÇÃO RECORRENTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CORRÉU : GESSICA ALAIDE ARAUJO DO NASCIMENTO ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Estelionato Majorado AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : MICHELON MARQUES FERREIRA ADVOGADO : EMERSON DAVIS LEÔNIDAS GOMES - PE008385 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental." Os Srs. Ministros Joel Ilan Paciornik, Messod Azulay Neto e João Batista Moreira (Desembargador convocado do TRF1) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Ribeiro Dantas. C542524155131191854944@ 2022/0090310-8 - REsp 1993885 Petição : 2023/0009172-0 (AgRg) TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 1ª CÂMARA CRIMINAL Autos nº. 0066045-96.2022.8.16.0000 Correição Parcial Criminal n° 0066045-96.2022.8.16.0000 Vara Plenário do Tribunal do Júri de Quedas do Iguaçu Corrigente(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ Corrigido(s): JUÍZO DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE QUEDAS DO IGUAÇU-PR Relator: Juiz de Direito Substituto em 2º Grau Sergio Luiz Patitucci CORREIÇÃO PARCIAL – HOMICÍDIO QUALIFICADO –ROL DE TESTEMUNHAS A SEREM OUVIDAS EM PLENÁRIO – RITO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI – NÃO EXCLUSÃO DA CONTAGEM DO LIMITE LEGAL PREVISTO NO ART. 422, CPP DAS TESTEMUNHAS QUE NÃO PRESTAM COMPROMISSO LEGAL – IMPERATIVIDADE DA LEI – EXTRAPOLAÇÃO QUE VIOLARIA OS POSTULADOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – CRIMES OCORRIDOS NO EM CONTEXTO FÁTICO ÚNICO – CORREIÇÃO PARCIAL – IMPROCEDENTE. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Correição Parcial nº 0066045- 96.2022.8.16.0000, da Comarca de Quedas do Iguaçu – Vara Plenário do Tribunal do Júri, em que é corrigente e corrigido Ministério Público do Estado do Paraná Juízo de Direito da Vara Plenário do .Tribunal do Júri da Comarca de Quedas do Iguaçu I – RELATÓRIO Ministério Público do Estado do Paraná interpõe recurso de Correição Parcial em face de decisão proferida pelo , nos autosJuízo de Direito da Vara Criminal da Comarca de Quedas do Iguaçu de Ação Penal nº 0000164-87.2015.8.16.0140, que limitou ao número máximo de cinco o rol de testemunhas para serem ouvidas em plenário, no julgamento do réu pelos crimes de homicídio simples com dolo eventual (2x) e lesão corporal grave (3x) (mov. 1.8). Nas suas razões recursais (mov. 1.1)o ilustre Promotor de Justiça sustenta a existência de na decisão do magistrado que indeferiu o rol de testemunhas/informanteserror in procedendo apresentado. Ao apresentar o rol de testemunhas e informantes a serem ouvidas em sede de sessão de julgamento, sustentou o entendimento firmado pelos Tribunais, no sentido de que os informantes não ARQUIVO 08 contabilizam o número limite de 5 (cinco), pois a imposição de tal limite se refere apenas às testemunhas. Assim, de acordo com a jurisprudência e o direcionamento do processo penal pela busca pela “verdade real”, os informantes devem compor rol das “testemunhas extranumerárias”, sendo seus depoimentos prova imprescindível à reconstrução histórica de fatos pretendida pelo processo. Afirma que apesar de os crimes terem sido tratados em apenas um fato, a conduta de Elizeu se voltou contra cinco vítimas, sendo duas fatais e três sobreviventes e a oitiva das testemunhas e informantes arrolados não acarretará violação à razoável duração do processo, sequer causará tumulto processual. Nesses termos, pede a concessão liminar de tutela antecipada para deferir liminarmente o pedido e cassar a r. Decisão que indeferiu o rol de testemunhas/informantes apresentado pelo Ministério Público no mov. 569 da Ação Penal, e determinar ao Juízo a confecção do relatório do processo e a inclusão em pauta da reunião doa quo Tribunal do Júri. Ao final, pede que seja julgado procedente o pedido a fim de tornar definitiva a liminar pleiteada. A liminar postulada não foi concedida (mov. 11.1/TJ). A d. Procuradoria Geral de Justiça, em parecer do ilustre Procurador de Justiça Alfredo Nelson da Silva Baki, manifestou-se pelo conhecimento e improcedência da presente Correição Parcial (mov. 18.1/TJ). É o relatório II – O VOTO E SEUS FUNDAMENTOS O recurso merece ser conhecido, posto que presentes os requisitos de admissibilidade. A presente Correição Parcial refere-se à decisão proferida pelo Juízo de Direito da Vara Plenário do Tribunal do Júri da Comarca de Quedas do Iguaçu, que indeferiu o requerimento do Ministério Público para oitiva de testemunhas além do número legal previsto no art. 422 do CPP, fundamentando que “[...] a inquirição de testemunhas em número superior a mencionada é uma excepcionalidade admitida apenas quando particularidades do caso concreto - complexidade e .multiplicidade - indicarem tal necessidade” Conforme disposto no artigo 335 do Regimento Internodeste Tribunal de Justiça, a Correição Parcial é medida subsidiária, pois cabível na inexistência de recurso específico previsto em lei, tendo por finalidade sanar erros ou abusos cometidos pelo julgador no transcorrer do processo, causando inversão tumultuária de atos e fórmulas legais: “Art. 335. A correição parcial visa à emenda de erros ou abusos que importem na inversão tumultuária de atos e fórmulas legais, na paralisação injustificada dos feitos ou na dilação abusiva de prazos, quando, para o caso, não haja recurso previsto em lei”. In casu,a questão pela qual se insurge a parte corrigente, cinge-se na alegação de prejuízo à produção probatória pelo indeferimento do rol de testemunhas indicados referente às pessoas a serem ouvidas em sessão plenária. Pois bem. A decisão da autoridade coatora que indeferiu a oitiva do total de testemunhas/informantes apresentados pela acusação apresenta judiciosa fundamentação, em observância ao postulado da excepcionalidade da admissão de oitiva em número superior ao indicado no art. 422, CPP, o qual pode ser previsto apenas para circunstâncias onde as particulares do caso concreto evidenciam a necessidade, tendo fundamentado sua decisão na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Com efeito, no rito especial do Tribunal do Júri, previsto no art. 422 e seguintes do CPP, não consta qualquer ressalva quanto à exclusão dos informantes na contagem do total de testemunhas a serem inquiridas, pelo fato de não prestarem compromisso, como ocorre no rito comum (art. 401 do CPP). Sobre o assunto, já decidiu o Supremo Tribunal Federal: “HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. SUBSTITUTIVO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DESCABIMENTO. CASO BOATE KISS. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO CONSUMADO E TENTADO PRATICADO CONTRA CENTENAS DE PESSOAS. OITIVA DE TODAS AS VÍTIMAS. PRESCINDIBILIDADE. ALTERAÇÃO DO ROL DE VÍTIMAS. ADITAMENTO. RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI. NÚMERO DE TESTEMUNHAS. ESPECIALIDADE. DENÚNCIA APRESENTADA FORA DO PRAZO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA NEUTRA QUANTO À OPORTUNIDADE DE INDICAÇÃO DE TESTEMUNHAS. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. [...]. 4. O rito especial do Tribunal do Júri limita o número de testemunhas a serem inquiridas e, ao contrário do procedimento comum, não exclui dessa contagem as testemunhas que não prestam compromisso legal Ausência de lacuna a ensejar a aplicação de [...]norma geral, preservando-se, bem por isso, a imperatividade da regra especial. ” (HC 131158, Relator Ministro Edson Fachin, 1ª Turma, julgado em 26/04/2016, DJe-196, DIVULG 13-09-2016, PUBLIC 14-09- 2016). (Destaquei) Não há como deixar de observar que os informantes arrolados fazem parte do rol de testemunhas, consoante jurisprudência dominante a respeito da matéria. Ademais, embora se trate de crimes diferentes (lesão corporal e homicídio), verifica-se que ocorreram num mesmo contexto fático, não tendo o Corrigente demonstrado a relevância da oitiva de todas as testemunhas indicadas. Em casos que tais, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que “O art. 422 do Código de Processo Penal estabelece rol de 5 (cinco) como limite para inquirição das testemunhas de defesa. Na hipótese, apesar de ser imputado ao Recorrente a prática de três delitos, verificou-se a ocorrência de apenas um contexto fático,não havendo justificativa para a pretendida extrapolação do número de testemunhas, razão pela qual a limitação impugnada está, em verdade, em conformidade com o disposto no mencionado art. 422 do Código de Processo Penal e não ofende a ampla defesa do Acusado”(STJ, 6ª Turma, RHC nº 101.708/PR, Relª Minª Laurita Vaz, j. em 25.06.2019) (Destaquei). No mesmo sentido: “III – O art. 422 do Código de Processo Penal estabelece que as partes têm a faculdade de indicar 5 (cinco) testemunhas, salvo demonstrada a real necessidade de extensão desse rol. IV – Na hipótese, a pretendida extrapolação do número legal de testemunhas violaria os postulados da razoabilidade e proporcionalidade, causando possível tumulto processual, em desrespeito ao princípio constitucional da razoável duração do processo, uma vez que o eg. Tribunal de origem consignou que, ‘Resta evidente, assim, tratar-se de contexto fático único, em que pese o resultado múltiplo de três homicídios qualificados’, razão pela qual ‘não há nos autos fatos que justifiquem a necessidade de extrapolação desse número’ (precedentes)” (STJ, 5ª Turma, AgRg no RHC nº 65.252/PR, Rel. Min. Felix Fischer, j. em 14.03.2017) (destaquei) Com isso, não há justificativa plausível para a extrapolação do número de testemunhas, razão pela qual a decisão do Juízo singular está em conformidade com o disposto no mencionado art. 422, do CPP. A decisão emanada pelo MM. Juiz, objeto deste recurso, não merece reparos, estando suficientemente fundamentada, não havendo que se falar em erro ou abuso no .decisum Diante do exposto, não verificando o erro no procedimento alegado, é de se julgar a presente correição parcialimprocedente III – DISPOSITIVO Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 1ª Câmara Criminal do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO o recurso de MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Gamaliel Seme Scaff, com voto, e dele participaram Juiz Subst. 2ºgrau Sergio Luiz Patitucci (relator) e Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira. Curitiba, 31 de março de 2023 SERGIO LUIZ PATITUCCI Relator